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Manual de Antropologia Jurídica São Paulo Saraiva, 2011. Capítulos 8, 9. Autores Olney Queiroz Assis, Vitor Frederico Kümpel.

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS
CÂMPUS PIRES DO RIO
CURSO DE DIREITO
Pesquisa Bibliografia Orientada – PBO
Aluna: Juliana Macêdo Mota
Bibliografia: 
Manual de Antropologia Jurídica 
São Paulo: Saraiva, 2011. Capítulos: 8, 9. 
Autores: Olney Queiroz Assis, Vitor Frederico Kümpel.
Questão a:
 Lewis Morgan fundou a antropologia social e os estudos de parentesco, sendo a antropologia a que deve mostrar a importância dos segundos, para isso a antropologia traz como objeto de estudo a evolução, levando em consideração as relações sociais, políticas e jurídicas (dessas relações que se extrai o Direito). Morgan foi um dos primeiros a utilizar pesquisa de campo o que embasou ainda mais os seus estudos e formulações, podendo analisar os estágios da evolução humana: selvageria, barbárie e civilização. A partir disso pode-se analisar os processos de evolução de cada período sempre levando em consideração as relações no âmbito social, político e jurídico. 
 As conclusões de Morgan sobre a análise materialista da história foram muito importantes, pois investiga as sociedades arcaicas a partir dessa materialidade histórica. Para Morgan o fator deliberativo é a produção e reprodução da vida imediata. Sendo assim a ordem social de uma época é determinada por duas espécies de produção: pelo grau de desenvolvimento do trabalho e pelo grau de influência familiar. Percebe-se facilmente que Morgan se referia ao menor desenvolvimento do trabalho como fator que gera menos desenvolvimento social, pois a divisão do trabalho seria pouca, a produção ficaria restrita a poucos produtos restringindo também o número de riquezas da sociedade. Já numa sociedade baseada nos laços de parentesco (influência familiar), a produtividade do trabalho aumenta sem parar, e sobre essas sociedades aumenta o número de propriedades privadas e as trocas, o desenvolvimento dessas necessita do emprego do trabalho alheio. A partir desse e de qualquer desenvolvimento a sociedade antiga deve tentar se adequar as mudanças, caso isso não ocorra o que acaba gerando é uma revolução. 
 Morgan afirma que a família é o elemento ativo, na medida que a sociedade evolui ela também evolui. Já os sistemas de parentesco são elementos passivos, precisando se adequar as mudanças da família que se modificou juntamente com a sociedade, como por exemplo: só se modificam radicalmente depois que a família tenha se modificado assim também. Da mesma forma que ocorre com os sistemas de parentesco, ocorre também com os sistemas políticos, jurídicos e filosóficos. 
 É mister ressaltar que a antropologia tem como objeto de estudo a evolução, até este momento fica evidente que os estudos de Morgan são pautados na evolução e nos processos evolutivos dos três períodos estudados por ele. Dessa forma, observa-se que cada sociedade necessitou de se adequar as mudanças geradas pela evolução de cada período e não se adequando ocasionava uma revolta total. Além do problema da revolta caso a sociedade não se adaptasse as mudanças, ainda existia a discrepância no tempo de adequação às modificações por parte da família (se adequava juntamente com a sociedade) e dos sistemas de parentesco (se adequavam somente depois de analisar as mudanças que ocorreram nas famílias). Tanto pela revolta, qaunto pela passividade dos laços de parentesco em se adequar com as mudanças e os sistemas políticos, jurídicos e filosóficos nessa mesma situação, é necessário um órgão que abrangendo todos esses sistemas esteja presente para regulamentar toda essa situação, para isso temos o Direito.
 Segundo Morgan o primeiro fato histórico é a duração da vida material, não podendo o indivíduo viver sozinho, necessitando de uma unidade (grupo familiar) para juntos sobreviver garantindo pelo menos suas necessidades básicas. Garantidas as necessidades vitais vão aparecendo novas necessidades para serem supridas e assim sucessivamente, gerando sociedades cada vez mais complexas, isso também é evolução (objeto de estudo da antropologia). Nesse contexto, Morgan também trata da comunidade gentílica, que segundo ele nada mais é que um sistema que mantem os laços de solidariedade e assim se mantem a ordem social, sem essa comunidade esses laços de solidariedade vão se enfraquecendo causando assim uma desordem da sociedade e na organização humana (semelhante à função do Direito). 
 Com o surgimento das cidades é necessário uma organização social e de dominação diferente da dos grupos familiares. Tudo se torna mais complexo, cheio de diferenças e que devem ser regulamentas, aplicadas e impostas a todos da mesma forma. Com o desenvolvimento de técnicas e inovações em toda e qualquer área gera uma sociedade cada vez mais complexa e que de todas as formas necessita ser organizada. O homem nas comunidades gentílicas era governado por regras costumeiras e os meios coercitivos eram a opinião pública. Já a nova sociedade, complexa, mais desenvolvidas, fortes relações econômicas, entre outras características, necessita de ser comanda por e estar sobre o domínio de um classe que resolvesse os conflitos, ouvisse todas as outras classes, comandasse as relações econômicas, tudo isso de forma legal. Nascendo assim por todo esse processo evolutivo o Direito. 
 
Questão b:
 Franz Boas trouxe várias contribuições à antropologia: ele critica as noções de origem e tenta reconstruir as noções de estágios, visto que para ele cada sociedade adquiriu autonomia, então cada costume tem que ser analisado particularmente e não de forma geral; é necessário unir os fundamentos teóricos com os observados, sendo papel indispensável do antropólogo em seus estudos. 
 Em determinadas épocas da história ouvisse um medo de se esquecer as sociedades primitivas, sendo objeto de estudo da antropologia a evolução ela deve estudar todas as sociedades para se entender a evolução, sendo assim é papel do antropólogo recolher o máximo de informações possíveis para não se chegar no esquecimento nenhuma sociedade. Franz Boas forneceu os princípios da pesquisa etnológica: difusionismo e configuracionismo (importantíssimo para a antropologia segundo ele). 
 Na pesquisa de campo, segundo ele, tudo se anota minuciosamente e detalhadamente, tudo deve ser tomado como objeto, o que pode gerar diversas reconstruções, chegando assim a reconstrução da cultura. Boas dizia que nesse contexto o problema era as relações entre o mundo objetivo e o mundo subjetivo do homem como se configura nas diferentes sociedades. Sendo assim o estudo antropológico só consegue alcançar a história de cada grupo, pois estuda determinado grupo, num determinado espaço e tempo. Dessa forma, em suas investigações Boas adquiri todo sentido sem levar em consideração o conhecimento do desenvolvimento histórico que resultou nas formas atuais. 
 Em tese, Boas buscou afirmar que raça e cultura não são a mesma coisa, que a raça não determina a cultura e o que modela os homens não é a biologia (conceito de raça) e sim a cultura. Pode-se observar então que para Franz Boas a evolução (objeto de estudo da Antropologia) se dá pela cultura e que a raça não traz condições naturais imutáveis e que o homem pode-se modificar pelo ambiente cultural em que vive. Nesse sentido a antropologia (no âmbito cultural) poderia justificar na ordem jurídica (onde entra o Direito) a segregação racial (modo no qual as pessoas são impedidas se usufruir de seus direitos e são delimitadas em uma região sendo restringidas de muita coisa). 
 Para aumentar o conhecimento sobre os principais conceitos e formulações de Franz Boas no que se refere à antropologia e ao direito, pode-se citar o difusionismo que procura entender o processo em que ocorre a transmissão de elementos de uma cultura para outra podendo ocorrer até empréstimos, onde a sociedade mais desenvolvida representa as primitivas e traços de sua cultura foi absorvida por outras culturas (por exemplo: período das imigrações, colonialismo, entre outros). O difusionismo se aproxima ainda mais da antropologia pela reação que tem sobre o evolucionismo,por ter interesses comuns na dinâmica e desenvolvimento da sociedade nos âmbitos sociais e culturais, sempre se preocupando em tornar os métodos antropológicos bem rigorosos e desenvolver técnicas de pesquisa, bem como o interesse pelas culturas particulares e não somente a cultura universal. Mas também existem críticas sobre o difusionismo, como por exemplo: deixa de lado a cultura universal por tratar excessivamente da cultura unitária; mecanizando as distribuições culturais e por consequência também os seus os seus traços; a crítica mais relevante gira em torno do modo de pesquisa, utilizando demasiado da pesquisa de campo pode tirar a autonomia da antropologia, pois esse modo de pesquisa faz se assemelhar a etnografia; outra crítica ao modo de pesquisa é o fato de que se deve buscar o máximo de documentação possível, pois segundo os críticos é melhor ter muita informação sem teorizar, do que teorizar sem informações ou dados que sejam realmente relevantes à mão; entre outras críticas. 
 Analisando a teoria difusionista pode-se perceber que os grupos sociais entram em contato com outros grupos por necessidades econômicas ou culturais que não podem suprir. Quando esses grupos entram em contato ocorre a difusão social, que pode ocorrer de modo passiva ou ativa. Sendo o direito um dos aspectos da cultura de um grupo social, também acaba se envolvendo neste processo e com papel muito importante, sempre regulamentando e representando todo o envolvimento que se tem de um determinado grupo social com outros. Nesse sentido, temos o direito romano como um dos influenciadores do direito moderno, ou seja, a cultura jurídica moderna tem grandes empréstimos no direito romano. A cultura jurídica europeia que recebeu grande e forte influência do direito romano foi transmitida para as colônias, assim fica notório a interferência do difusionismo no direito, tendo por este fato que deve-se levar em consideração a relação entre eles.

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