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MÓDULO 4 12UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE ensino a distância® 4ª EDIÇÃO A Educação Brasileira Hoje Eloísa Vidal Es te fa sc íc ul o é pa rt e in te gr an te d o Cu rs o Té cn ic o em S ec re ta ria E sc ol ar da F un da çã o De m óc rit o Ro ch a | U ni ve rs id ad e A be rt a do N or de st e | I SB N - 97 8- 85 -7 52 9- 84 8- 0 FASCICULO-12.indd 309 27/02/2018 15:07:57 Objetivos do módulo O módulo Planejamento, Gestão e Legislação Edu-cacional procura apresentar aspectos da política educacional relevantes para quem está cursando Secretaria Escolar. Os conteúdos estão organizados em seis fascículos, que são: F11 – Breve História da Educação Brasileira F12 – A Educação Brasileira Hoje F13 – A Organização Escolar, o Currículo e a Gestão F14 – Sistemas Informatizados de Monitoramento e Controle F15 – Serviços Educacionais no Ambiente Escolar F16 – O Processo Ensino e Aprendizagem No fascículo 11, o cursista percorrerá de forma sucinta a his- tória da educação brasileira desde a chegada dos portugueses até a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) de 1996, com destaque para as rupturas e percalços vivenciados ao longo de mais de 400 anos. O fascículo 12 é dedicado à apresentação da educação brasileira no período que compreende a publicação da LDB n° 9.394/96 até os dias atuais. O fascículo 13 discute o sistema de organização escolar, observando os marcos legais e a estrutura básica de uma instituição escolar, tendo o currículo como eixo norteador e fundamento para o desenvolvimento do trabalho escolar. A gestão escolar, envolvendo suas múltiplas dimensões, é tema que interessa aos que trabalham na Secretaria Escolar. O fascículo 14 apresenta de forma sucinta os sistemas in- formatizados de monitoramento e controle criados e imple- mentados pelo Ministério da Educação para coleta de dados nas unidades escolares e secretarias municipais de Educação. O fascículo 15 descreve os serviços educacionais existentes no ambiente escolar e que atendem alunos, professores e gestores. O fascículo 16 é dedicado a descrever aspectos relativos ao processo ensino-aprendizagem, enfatizando algumas te- orias e orientações metodológicas advindas dos campos da Pedagogia e da Psicologia. Objetivos do fascículo Ao concluir este fascículo o aluno deverá ser capaz de: • Identificar as principais conquistas da LDB de 1996; • Descrever a organização da educação brasileira a partir da LDB de 1996; • Compreender o que é o Fundef e o Fundeb; • Entender o que é um sistema de ensino e como ele se organiza; • Conhecer o sistema de ensino do Estado do Ceará. Sumário 1. Uma Breve Síntese da LDB de 1996 .....................................312 2. Educação na LDB: Regime de Colaboração e Funcionamento ..................313 3. Educação Básica: Modalidades e Organização Escolar.........315 4. A Criação do Fundef .............318 5. O Fundeb ..................................321 6. O Que é e Como se Organiza o Sistema de Ensino .............322 7. O Conselho Estadual de Educação do Ceará (CEE) ...324 8. A Secretaria da Educação do Estado do Ceará (Seduc) .....326 9. O(A) Secretário(a) Escolar e a LDB ......................................327 FASCICULO-12.indd 310 27/02/2018 15:07:57 311Curso Técnico em Secretaria Escolar Introdução Com o final da ditadura militar, também chega ao fim o período de repressão às ideias, e, com isso, o Brasil começa a viver um novo momento em torno das questões relativas à educação. O retorno à normalidade democrática inicia-se em 1986, com a saída dos militares do poder e a eleição de uma Assembleia Nacional Constituinte. Em 1988, é promulgada a "Constituição Cidadã", que põe fim às regras de exceção criadas no período 1964 – 1985 e passa a ser a Carta Magna do país, recuperando os direitos civis e sociais dos brasileiros. As discussões sobre uma necessária reforma na educação brasileira nunca saíram de cena, no entanto, só com a Constituição Federal de 1988 é que se encontra a sustentação legal para dar curso aos grandes desafios que a educação representa, como resposta aos problemas sociais e econô- micos do Brasil. Essa mesma Constituição instituiu entre outras conquistas: • A gratuidade e a obrigatoriedade para o ensino fundamental, inclusi- ve para os que a ele não tiveram acesso na idade própria, e a progressiva extensão para o Ensino Médio (Art. 208, incisos I e II). • O regime de colaboração entre as esferas de Governo – União, Distrito Federal, estados, municípios – que terão responsabilidades específicas e se organizarão para coordenar e financiar os diversos níveis e modali- dades do ensino (Art. 211, parágrafos 1º e 2º). • A gestão democrática do ensino público (Art. 206, inciso VI). • O financiamento da educação pela aplicação anual dos recursos ar- recadados da receita resultante de impostos, ficando estabelecidos os percentuais mínimos de 18% para a União e 25% para Distrito Federal, estados e municípios para ser gastos na manutenção e no desenvolvi- mento do ensino (Art. 69 da LDB). A educação básica terá como fonte adicional de recursos a contribui- ção social recolhida pelas empresas que compõem o Salário-Educação. A contribuição social do Salário-Educação está prevista no artigo 212, §5º da Constituição Federal, regulamentada pelas Leis N°s 9.424/96 e 9.766/98, pelo Decreto N° 6003/2006 e pela Lei N° 11.457/2007. É calculada com base na alíquota de 2,5% sobre o valor total das remunerações pagas ou creditadas pelas empresas, a qualquer título, aos segurados empregados, ressalvadas as exceções legais. É arrecadada, fiscalizada e cobrada pela Se- cretaria da Receita Federal do Brasil, do Ministério da Fazenda (RFB/MF). O restante é distribuído em cotas pelo FNDE, observada em 90% (no- venta por cento) de seu valor a arrecadação realizada em cada estado e no Distrito Federal, da seguinte forma: • Cota federal: correspondente a 1/3 do montante dos recursos, é des- tinada ao FNDE e aplicada no financiamento de programas e projetos voltados para a educação básica, de forma a propiciar a redução dos des- níveis socioeducacionais entre os municípios e os estados brasileiros. FASCICULO-12.indd 311 27/02/2018 15:07:57 312 Fundação Demócrito Rocha - Universidade Aberta do Nordeste • Cota estadual e municipal: correspondente a 2/3 do montante dos recursos, é creditada mensal e automaticamente em favor das Secre- tarias de Educação dos estados, do Distrito Federal e dos municípios para o financiamento de programas, projetos e ações voltados para a educação básica. A cota estadual e municipal da contribuição social do salário-educação é integralmente redistribuída entre os estados e seus municípios, de forma proporcional ao número de alunos matriculados na educação básica das respectivas redes de ensino apurado no Censo Escolar do exercício anterior ao da distribuição. Os 10% restantes do montante da arrecadação do salário-educação são aplicados pelo FNDE em programas, projetos e ações voltados para a educação básica: (http:// www.fnde.gov.br/home/index.jsp?arquivo=salario_educacao.html) Ao longo dos oito anos seguintes (1988 – 1996), os movimentos em tor- no de uma nova Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Brasileira se amplificam, com a participação de todos os segmentos sociais. Em 23 de dezembro de 1996, é promulgada a última e atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) também conhecida como Lei Darcy Ribeiro. Embora as discussões acerca de uma escola pública de qualidade te- nham tido forte presença nos pleitos apresentados na nova LDB, o Brasil, no limiar do século XXI, ainda se deparava com desafios do século XIX, como as questões relacionadas ao acesso escolar por parte da população com baixo poder aquisitivo. É nesse contexto, que em 1998, é criado o Fundo de Manutenção e Valorização dos Profissionais de Educação (Fun- def) que vai dar nova organização no financiamentoda educação brasileira. 1. Uma Breve Síntese da LDB de 1996 A seguir, apresentamos uma breve síntese dos principais destaques da política educacional presentes na LDB. Em Título I - Da Educa-ção, o Art. 1º da citada lei estabelece que a educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas institu- ições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. Já o Título II - Dos Princípios e Fins da Educação Nacional determi- na no Art. 2º que a educação é dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finali- dade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o ex- ercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. O Art. 3º estabelece como princípios norteadores do ensino: I. Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola. II. Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber. III. Pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas. IV. Respeito à liberdade e apreço à tolerância. V.Coexistência de instituições públicas e privadas de ensino. Darcy Ribeiro (1922 - 1997), antropólogo e educador brasileiro que acreditava na infinita possibilidade do ser humano. A Lei n° 9394/96 reflete seus sonhos e crenças e introduz mudanças relevantes na vida educacional brasileira. Posterior à ditadura militar procura romper definitivamente com posturas autoritárias estabelecendo, na sua essência, princípios democráticos que estão presentes na gestão e na autonomia escolar. FASCICULO-12.indd 312 27/02/2018 15:07:58 313Curso Técnico em Secretaria Escolar VI. Gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais. VII. Valorização do profissional da educação escolar. VIII. Gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino. IX. Garantia de padrão de qualidade. X. Valorização da experiência extraescolar. XI. Vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. Este artigo permite vislumbrar um horizonte promissor para a educação brasileira, embasada nos mais nobres princípios democráticos, respeitando o pluralismo de ideias e concepções, assegurando a gratuidade do ensino publico e defendendo um padrão de qualidade. Importante destacar também as preocupações com a vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais, o que vai impactar de forma profunda nas novas propostas curriculares. 2. Educação na LDB: Regime de Colaboração e Funcionamento A LDB prevê em seu artigo 8° que a União, os estados, o Distrito Fe-deral e os municípios organizarão, em regime de colaboração, os respectivos sistemas de ensino, sendo que §1º. Caberá à União a coordenação da política nacional de educa- ção, articulando os diferentes níveis e sistemas e exercendo função normativa, redistributiva e supletiva em relação às demais instân- cias educacionais e § 2º. Os sistemas de ensino terão liberdade de organização nos termos desta Lei. A Lei organiza a educação em níveis – educação básica e educação supe- rior (Artigo 21) – e modalidades: educação especial, educação a distância, educação de jovens e adultos, educação indígena, educação profissional de nível técnico e educação no campo. A educação básica é formada pela Educação Infantil, pelo Ensino Fun- damental e pelo Ensino Médio. A Educação Infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até 5 anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade(...) e será ofertada em creches ou entidades equivalentes, para crianças de até 3 anos de idade; e pré- escolas, para as crianças de 4 a 5 anos de idade. Na Educação Infantil, não haverá reprovação, devendo a avaliação ser realizada mediante acompanhamento contínuo e registro do desenvolvi- mento da criança. Os legisladores definem o Ensino Fundamental como direito subjetivo e o tornam obrigatório, inclusive para os que nele não ingressaram na idade própria. O ensino fundamental regular, com duração mínima de 9 anos, tem como objetivo a formação básica do cidadão mediante: Em 2006, a redação do artigo 32 da LDB foi alterada pela Lei Federal nº 11.274/2006, passando a ter a seguinte forma: “O ensino fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do cidadão”. Isso faz com que a Educação Infantil se atenha à faixa etária de 0 a 5 anos. A Emenda nº 59/2009 prevê a obrigatoriedade do ensino para a população entre 4 e 17 anos e amplia a abragência dos programas suplementares para todas as etapasda educação básica. FASCICULO-12.indd 313 27/02/2018 15:07:58 314 Fundação Demócrito Rocha - Universidade Aberta do Nordeste I. O desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo. II. A compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade. III. O desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores. IV. O fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social. O Ensino Médio, etapa final da educação básica, com duração mínima de 3 anos, tem como finalidades: I.A consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos ad- quiridos no Ensino Fundamental, possibilitando o prossegui- mento de estudos. II.A preparação básica para o trabalho e a cidadania do edu- cando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posterior. III.O aprimoramento do educando como pessoa humana, in- cluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico. IV.A compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a práti- ca no ensino de cada disciplina. Importante destacar que, com o Decreto nº 5.154 de 2004, foi permiti- da a possibilidade de ofertar a educação profissional, de forma integrada, concomitante com o Ensino Médio ou subsequente. A educação superior abrange os cursos de extensão, graduação (bacha- relado e licenciatura), pós-graduação (strito sensu: mestrado, doutorado e latu sensu: especialização e aperfeiçoamento) e sequenciais. Em 2004, o MEC criou a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD). Nela estão reunidos temas antes distribuídos em outras secretarias como alfabetização e educação de jovens e adultos, educação do campo, educação ambiental, educação escolar indígena, e diversidade étnico-racial. (http://portal.mec.gov.br/ index.php?option=com _con tent&view=article&id=290& Itemid=816) Em 2011 foi incorporada às politicas educacionais de inclusão e a denominação passou a ser Secadi. Hora da prática 1. Em que contexto surge a LDB de 1996? 2. Constituição Federal de 1988 deu as bases para a nova LDB. Cite pelo menos três aspectos apontados na Constituição que se fize- ram presentes na LDB. 3. Em que níveis está organizada a educação brasileira? Descreva cada um deles. FASCICULO-12.indd 314 27/02/2018 15:07:58 315Curso Técnico em Secretaria Escolar 3. Educação Básica: Modalidades e Organização Escolar A educação básica poderá organizar-se em séries anuais, períodos se-mestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não seriados, com base na idade, na competência e em outros crité- rios, ou por outras formas de organização. A escola poderá, ainda,organizar classes ou turmas, com alunos de séries distintas, com níveis equivalentes de adiantamento na matéria, para o ensino de línguas estrangeiras, artes ou outros componentes curriculares. Além dos níveis de ensino previstos na LDB, são propostas algumas moda- lidades que podem se fazer presentes em qualquer um dos níveis de ensino. A educação especial destina-se a todos que necessitam de atendi- mento especial, seja por deficiência ou por genialidade. A educação es- pecial é um direito, cabendo ao poder público proporcionar a inclusão do aluno com necessidades educativas especiais no sistema de ensino. Os portadores de necessidades especiais são classificados em: • Portadores de deficiências visual, auditiva, mental, física ou múltipla. • Portadores de condutas típicas: problemas de condutas decorrentes de síndromes e de quadros psicológicos ou neurológicos. • Portadores de altas habilidades. A LDB trata a educação especial como modalidade de educação es- colar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, seja básica ou superior. FASCICULO-12.indd 315 27/02/2018 15:07:58 316 Fundação Demócrito Rocha - Universidade Aberta do Nordeste A educação indígena é tratada na LDB como educação diferenciada, com normas e ordenamento jurídico próprios e visa à valorização plena das culturas dos povos e comunidades indígenas, à afirmação e à manutenção de sua diversidade étnica. A educação de jovens e adultos destina-se àqueles que não tiveram acesso à escola regular, fundamental ou médio, na idade própria. Essa mo- dalidade de ensino prevê cursos e exames. A educação do campo tem características e necessidades próprias, respeitando o espaço cultural dos alunos sem abrir mão de sua pluralidade como fonte de conhecimento em diversas áreas. Entre seus objetivos, está a valorização do campo com a inclusão social dos moradores – pescadores, caiçaras, ribeirinhos, extrativistas e o respeito ao espaço ambiental da flo- resta, da pecuária, das minas e da agricultura. A educação profissional de nível técnico visa preparar o educando para o mundo do trabalho e tem como objetivo a garantia de permanente desenvolvimento de aptidões para a vida social e produtiva. A educação a distância consiste em uma forma de ensino que possi- bilita a auto aprendizagem com a mediação de recursos didáticos sistemati- camente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação. 3.1 Instituições de Ensino A LDB, no seu artigo 12, estabelece as atribuições legais da escola, quais sejam: I. Elaborar e executar sua proposta pedagógica. II. Administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros. III. Assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula. IV.Velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente. V. Prover meios para a recuperação dos alunos de menos rendimento. VI. Articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola. VII. Informar os pais e responsáveis sobre a frequência e o rendimento dos alunos, bem como sobre a execução de sua proposta pedagógica. A Lei também especifica as atribuições legais do docente no artigo 13, que são: I. Participar da elaboração da proposta pedagógica do estabeleci- mento de ensino. II. Elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta ped- agógica. III. Zelar pela aprendizagem dos alunos. IV.Estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento. V. Ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de par- ticipar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional. VI. Colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade. Para a conclusão do Ensino Fundamental na modalidade jovens e adultos, o aluno terá, obrigatoriamente, 15 anos, e, para a conclusão do Ensino Médio, a idade mínima é de 18 anos. Para conhecer mais sobre educação de jovens e adultos, consulte o Parecer nº 11/2000, a Resolução nº 01/2000, do CNE, a Resolução nº 363/2000 do CEE. É vedada a recusa de matrícula de concludente de curso de educação de jovens e adultos em instituição de ensino regular. Caso a norma não seja cumprida pela escola, caberá ao CEE efetuar matrícula ex officio. É vedada a recusa de matrícula de aluno oriundo de curso regular com insucesso em disciplina isolada em curso ou exame supletivo, devendo a escola que receber o aluno proceder aos exames solicitados e, se aprovado, expedir o certificado, respeitando o limite de idade de 15 anos para o Ensino Fundamental e de 18 para o Ensino Médio. Para conhecer mais sobre educação profissional de nível técnico, consulte o Parecer nº 16/1999 a Resolução nº 04/1999, do CNE e a Resolução nº 389/2004 do CEE, e, de formação inicial a Resolução N° 390/2004 do CEE. FASCICULO-12.indd 316 27/02/2018 15:07:58 317Curso Técnico em Secretaria Escolar Por fim, também na LDB, está previsto que a escola é responsável pela universalização do acesso, assim como pela democratização do saber, ca- bendo-lhe o dever de organizar-se para atingir os objetivos da educação, quais sejam: “desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum para o pleno exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores” (Art. 22). Para que a educação cumpra sua finalidade, é necessário que todos os atos normativos do sistema de ensino e toda ação educativa da escola se- jam norteados pelos princípios que regem a educação brasileira. Por isso, é muito importante que esses princípios sejam conhecidos e internalizados por todos os atores que fazem a escola. 3.2 Exigências legais para o exercício profissional na escola No que tange à formação dos professores, o artigo 62 da LDB afirma que a formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em cursos de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida como formação mínima para o exercício do magistério na Educação Infan- til e nas quatro primeiras séries do Ensino Fundamental, a oferecida em Nível Médio, na modalidade Normal. Os artigos 63 e 64 da LDB são dedicados às agências formadoras e afir- mam que os institutos superiores de educação manterão: cursos formadores de profissionais para a educação básica, inclu- sive o curso normal superior, destinado à formação de docentes para a Educação Infantil e para as primeiras séries do Ensino Fundamen- tal, programas de formação pedagógica para portadores de diplo- mas de educação superior que queiram se dedicar à educação básica e programas de educação continuada para os profissionais de edu- cação dos diversos níveis (Art. 63 da LDB). A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica será feita em cursos de graduação em Pedago- gia ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nessa formação, a base comum nacional (Art. 64 da LDB). Para conhecer mais sobre educação a distância, consulte o Decreto nº 2494/1998 da Presidência da República e a Resolução nº 360/2000, do CEE. Caso o profissional não possua a habilitação específica para assumir o cargo de diretor, deverá solicitar ao CEE autorização para o exercício da função, nos termos da Resolução nº 374/2003. Caso a carência seja de professor habilitado, caberá à respectiva Crede expedir autorização temporária, conforme Parecer n° 658/2003, do CEE. Para conhecer mais sobre educação no campo, consulte a Resolução nº 01/2002 do CNE/CEB. Hora da prática 1. Enumere os níveis e as modalidades de ensino previstos na LDB de 1996. 2. Quais as competências das instituições de ensino, segundo a LDB? 3. Quaisas atribuições dos professores na mesma lei? 4. Que exigências legais recaem sobre os professores para atuarem na educação básica? Anísio Teixeira (1900 - 1971) foi um baiano que teve papel de destaque na educação brasileira desde a década de 1920, sendo um dos signatários do movimento dos Pioneiros da Educação, em defesa do ensino público. FASCICULO-12.indd 317 27/02/2018 15:07:58 318 Fundação Demócrito Rocha - Universidade Aberta do Nordeste 4. A Criação do Fundef No fim de 1996, após longas discussões, algumas delas motivadas desde o movimento dos Pioneiros, o Congresso Nacional instituiu o Fundo de Manu- tenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Ma- gistério (Fundef), por meio da Lei nº 9424 de 24 de dezembro, na forma pre- vista no artigo 60, §7º, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Produto da Emenda Constitucional n° 14, o Fundef, a partir de janeiro de 1998, pode contribuir, de forma marcante, para uma significativa trans- formação do cenário da educação básica nacional. O Fundef é uma conta bancária especial, utilizada exclusivamente para depositarem-se os recursos financeiros que vão garantir a manutenção e o desenvolvimento do Ensino Fundamental. Os recursos do Fundef são pro- venientes do Fundo de Participação do Estado (FPE) e Fundo de Partici- pação dos Municípios (FPM), do Imposto de Circulação sobre Mercadorias (ICMS) e do IPI – exportação. Àquela época, as estatísticas relativas à educação básica brasileira eram vergonhosas, revelando que uma significativa parcela de crianças e jovens na idade escolar não frequentavam a escola, em especial nas menores con- centrações populacionais rurais, com ênfase para as regiões norte e nor- deste do país. Ou seja, o país, no limiar do século XXI, ainda enfrentava problemas de atendimento escolar, fato que as nações desenvolvidas ti- nham resolvido no século XIX. Tecnicamente, o Fundo era um instrumento de natureza contábil. Po- liticamente, representou um avanço, já que desconcentrava poder e com- partilhava responsabilidades. Para cumprir sua finalidade sem desvio de rumo, foi criado um mecanismo de vigilância da sociedade sobre a utiliza- ção desses recursos, o Conselho de Controle Social do Fundef. Embora a Lei do Fundef seja de 1996, ele só foi de fato implantado em 1998, em virtude de problemas financeiros no estado do Rio de Janeiro. FASCICULO-12.indd 318 27/02/2018 15:07:58 319Curso Técnico em Secretaria Escolar Agravando o quadro de crianças fora da escola, em razão de diversos fatores, dentre os quais se destacava a limitada disponibilidade financei- ra, contribuía para os baixos desempenhos das redes públicas de ensino, em especial as redes municipais, a elevada participação de professores não habilitados – professores leigos – compondo o quadro dos profissio- nais do magistério. Àquela época, também, poucos professores da educação básica dispu- nham da formação superior em licenciatura plena, registrandose grande predominância de docentes com formação de nível médio, na modalidade magistério, não atendendo a demanda de professores habilitados por área, para as últimas séries do Ensino Fundamental, conforme previa a LDB. A criação do Fundef tinha como objetivos promover a: • Inclusão das crianças e jovens fora da escola. • Universalização das matrículas no ensino fundamental. • Qualificação e valorização dos profissionais do magistério. • Adequação e melhoria da rede física das unidades escolares. • Capacitação continuada dos profissionais da educação. • Adequação dos recursos – humanos, materiais e equipamentos – para manutenção e desenvolvimento do Ensino Fundamental. O desafio de avançar na inclusão das crianças fora da escola, em sua grande maioria, habitantes das mais distantes concentrações rurais, am- pliar a municipalização do Ensino Fundamental, já que, aos estados, seria impossível atender as matrículas dispersas, e assegurar a necessária habili- tação de professores leigos só seria exequível com o aumento significativo de recursos financeiros nesses municípios. O Fundef representa a resposta política e financeira a estas questões. Atenção Despesas com Manutenção e Desenvolvimento do Ensino São consideradas, pela LDB, despesas com manutenção e desenvol- vimento do ensino: • A remuneração e o aperfeiçoamento de pessoal docente e outros profissionais da educação. • A aquisição, a manutenção, a construção e a conservação de ins- talações e equipamentos necessários ao ensino. • A aquisição de material e a contratação de serviços necessários ao ensino. • Os levantamentos estatísticos, os estudos e as pesquisas visando à qualidade e à expansão do ensino. • A realização de atividades-meio necessárias ao funcionamento dos sistemas de ensino. • A concessão de bolsas de estudos para alunos em escolas privadas. • A amortização e o custeio de crédito destinados a atender exclu- sivamente o Ensino Fundamental (Art. 70 da LDB). FASCICULO-12.indd 319 27/02/2018 15:07:58 320 Fundação Demócrito Rocha - Universidade Aberta do Nordeste 4.1 As contribuições do Fundef Em primeiro lugar, reconhecendo que os desafios a cumprir iam muito além das disponibilidades do momento, foi estabelecido que, na primeira década, o Ensino Fundamental, para a população de 7 a 14 anos, definido como obrigatório na Constituição Federal, seria selecionado como a prio- ridade a ser atendida. Com idêntica preocupação, buscando assegurar paridade de acesso aos recursos disponíveis, ficou estabelecido que as transferências para estados e municípios seriam proporcionais às matrículas atendidas por cada uni- dade federada; prevendo-se uma distribuição ponderada à participação de matrículas nas zonas rural e urbana e segundo as séries iniciais e finais do Ensino Fundamental. Ao mesmo tempo, concluindo que pouco se poderia avançar na busca de qualidade na educação pública sem rever a qualificação dos principais atores do processo de ensino-aprendizagem, o Fundef, corretamente, esta- beleceu que 60% dos recursos deveriam ser aplicados, exclusivamente, na valorização dos profissionais do magistério. Como se pode concluir, após a criação do Fundef, a partir de janeiro de 1998, muitas e marcantes transformações foram vivenciadas no desenvol- vimento e na manutenção do Ensino Fundamental brasileiro e, em espe- cial, nos mais pobres estados da Federação, como o Ceará. Os dez anos de vigência do Fundef propiciaram a universalização do aces- so ao Ensino Fundamental; uma significativa elevação no nível de formação dos professores dessa etapa de ensino; a melhoria da rede física escolar, especialmente nos municípios; e a oferta de programas de formação conti- nuada para os profissionais da educação. Pode-se afirmar que o Fundef é o grande responsável pela inclusão da educação brasileira no século XXI. FASCICULO-12.indd 320 27/02/2018 15:07:58 321Curso Técnico em Secretaria Escolar 5. O Fundeb Desde a criação do Fundef, algumas questões relativas ao financiamento da educação básica persistiam na pauta das políticas do setor. Se o Ensino Fundamental tinha um fundo contábil com um custo-aluno definido ano a ano, que, embora insuficiente, representava uma conquista na busca de assegurar o acesso da população de 7 a 14 anos, as duas etapas que se colo- cam nos extremos da educação básica – Educação Infantil e Ensino Médio – permaneciam sem amparo financeiro claramente definido. A vigência do Fundef pelo período de 10 anos tem seu prazo concluído em 2006, e, durante este período, foram muitas as discussões acerca de um novo Fundo que contemplasse todos os níveis e modalidades da educação básica. Assim, em 19 de dezembro de 2006 por meio da Emenda Constitu- cional n° 53, o Governo criou o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fun- deb), passando a vigorar a partir de 2007. O Fundeb é um fundo de natureza contábil, regulamenta-do pela Medida Provisória nº 339, posteriormente convertida na Lei nº 11.494/2007. Sua implantação se deu em 1º de janeiro de 2007, de forma gradual, com previsão de ser concluída em 2009, quando atingiu todo o universo de alunos da educação básica pública presencial, e os percentuais de receitas que o compõem alcançaram o patamar de 20% de contribuição. O Fundeb é hoje o principal mecanismo de financiamento da educação básica, compreendendo a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o En- sino Médio, bem como todas as modalidades de ensino. Os recursos do Fundo destinam-se a financiar a educação básica (cre- che, pré-escola, Ensino Fundamental, Ensino Médio e educação de jovens e adultos). Sua vigência é até 2020, atendendo, a partir do terceiro ano de funcionamento, 47 milhões de alunos. O Conselho de Acompanhamento e Controle Social do Fundeb é um colegiado que tem como função principal acompanhar e controlar a distri- buição, a transferência e a aplicação dos recursos do Fundo, no âmbito das esferas municipal, estadual e federal. O Conselho do Fundeb no município deverá ser composto por, no míni- mo, nove membros, sendo: 2 (dois) representantes do Poder Executivo Mu- nicipal, dos quais pelo menos 1 (um) da Secretaria Municipal de Educação ou órgão educacional equivalente; 1 (um) representante dos professores da educação básica pública; 1 (um) representante dos diretores das esco- las básicas públicas; 1 (um) representante dos servidores técnico-adminis- trativos das escolas básicas públicas; 2 (dois) representantes dos pais de alunos da educação básica pública; 2 (dois) representantes dos estudantes da educação básica pública, sendo um deles indicado pela entidade de es- tudantes secundaristas. A escolha dos representantes dos professores, diretores, pais de alunos e servidores das escolas deve ser realizada pelos grupos organizados ou or- ganizações de classe que representam esses segmentos e comunicada ao chefe do Poder Executivo para que este, por ato oficial, nomeie-os para o exercício das funções de conselheiros. Se, no município, houver um Conselho Municipal de Educação e/ou Conselho Tutelar, um de seus membros também deverá integrar o Conselho do Fundeb. Embora exista o número mínimo de nove membros para a composição do Conselho do Fundeb, na legislação, não existe limite máximo, devendo, no entanto, ser observada a parídade/ equilíbrio na distribuição das representações. Sempre que um conselheiro deixar de integrar o segmento que representa, deverá ser substituído pelo seu suplente ou por um novo representante indicado/ eleito por sua categoria. Após a substituição de membros do conselho, as novas nomeações devem ser incluídas no sistema informatizado de Cadastro dos Conselhos do Fundeb (http://www.fnde.gov.br/ home/index.jsp?arquivo= fundeb.html). No sistema de ensino federal, o órgão executivo é o Ministério de Educação (MEC), e o normativo é o Conselho Nacional de Educação (CNE). FASCICULO-12.indd 321 27/02/2018 15:07:59 322 Fundação Demócrito Rocha - Universidade Aberta do Nordeste Hora da prática 1. Por que foi criado o Fundef? 2. Quais os principais objetivos do Fundef? 3. Que contribuições o Fundef deu nos dez anos de sua existência? 4. Em que ano e por que foi criado o Fundeb? 5. Como é administrado o Fundeb? 6. Com a criação do Fundeb, os recursos para a educação básica au- mentaram ou diminuiram? Explique sua resposta. Na esfera estadual, a Seduc é o órgão da administração do sistema de educação básica, e a Secretaria de Ciência e Tecnologia (Secitece), do sistema de Ensino Superior e ensino profissional. O Conselho Estadual de Educação é o órgão normativo, deliberativo e consultivo do sistema educacional do Ceará. Na esfera municipal, as Secretarias de Educação assumem a administração das respectivas redes de escolas, e, onde houver Conselho Municipal de Educação, do seu sistema de ensino. 6. O Que é e Como se Organiza o Sistema de Ensino A palavra "sistema" significa conjunto de elementos, concretos ou abstratos, intelectualmente organizado. Um sistema é constituído de vários elementos que se interrelacionam de forma dinâmica e possuem objetivo comum. Todo sistema pressupõe uma cadeia de subsistemas e, ao mesmo tempo, se insere em um sistema hierarquicamente superior. No caso do sistema de ensino, têm-se os sistemas federal, estaduais e municipais. Tal organização está prevista na Constituição Brasileira de 1988 no artigo 211, conforme texto a seguir. a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino. A União organizará e financiará o sistema federal de ensino e prestará assistência técnica e financeira aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios. A partir da LDB (nº 9394/96), a concepção de descentralização dos ser- viços educacionais tem sido fortalecida. O sistema federal de ensino age de forma supletiva nos estados e municípios e avalia e normatiza o Ensino Superior das instituições federais e privadas. As competências e obrigações da União em relação ao sistema educa- cional brasileiro estão expressas nos artigos 8º e 9º da LDB, como se pode ver a seguir. Art. 8º. A União, os estados, o Distrito Federal e os municípios orga- nizarão, em regime de colaboração, os respectivos sistemas de ensino. §1º. Caberá à União a coordenação da política nacional de educa- ção, articulando os diferentes níveis e sistemas e exercendo função normativa, redistributiva e supletiva em relação às demais instân- cias educacionais. §2º. Os sistemas de ensino terão liberdade de organização nos ter- mos desta Lei. Art. 9º. A União incumbir-se-á de: I. Elaborar o Plano Nacional de Educação, em colaboração com os estados, o Distrito Federal e os Municípios. II. Organizar, manter e desenvolver os órgãos e as instituições ofici- ais do sistema federal de ensino e o dos territórios. FASCICULO-12.indd 322 27/02/2018 15:07:59 323Curso Técnico em Secretaria Escolar III. Prestar assistência técnica e financeira aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios para o desenvolvimento de seus sistemas de ensino e o atendimento prioritário à escolaridade obrigatória, ex- ercendo sua função redistributiva e supletiva. IV. Estabelecer, em colaboração com os estados, o Distrito Federal e os municípios, competências e diretrizes para a Educação Infantil, o En- sino Fundamental e o Ensino Médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação básica comum. V. Coletar, analisar e disseminar informações sobre a educação. VI. Assegurar processo nacional de avaliação do rendimento escolar nos Ensinos Fundamental, Médio e Superior, em colaboração com os sistemas de ensino, objetivando a definição de prioridades e a mel- horia da qualidade do ensino. VII. Baixar normas gerais sobre cursos de graduação e pós-graduação. VIII. Assegurar processo nacional de avaliação das instituições de educação superior, com a cooperação dos sistemas que tiverem re- sponsabilidade sobre este nível de ensino. IX. Autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, re- spectivamente, os cursos das instituições de educação superior e os estabelecimentos do seu sistema de ensino. §1º. Na estrutura educacional, haverá um Conselho Nacional de Educação, com funções normativas e de supervisão e atividade per- manente, criado por lei. §2°. Para o cumprimento do disposto nos incisos V a IX, a União terá acesso a todos os dados e as informações necessários de todos os estabelecimentos e órgãos educacionais. §3º. As atribuições constantes do inciso IX poderão ser delegadas aos estados e ao Distrito Federal, desde que mantenham instituições de Educação Superior. Cumprindo o princípio da descentralização, os estados atuam de forma autônoma, organizando e normatizando as instituições de Ensino Superior, estaduais e municipais,e ainda as escolas públicas e privadas de educação básica e profissional. Já os municípios organizam e normatizam, de forma autônoma ou em parceria com o sistema estadual de ensino, as suas escolas de Educação Infantil e Ensino Fundamental. Essa descentralização é imprescindível em um país de dimensões conti- nentais como o Brasil e com especificidades regionais e locais tão acentuadas. 6.1 Sistema Estadual de Educação: competências e obrigações As obrigações do estado com a educação estão estabelecidas no artigo 10 da LDB, como mostra o texto a seguir. Os estados incumbir-se-ão de: I. Organizar, manter e desenvolver os órgãos e as instituições oficiais do seu sistema de ensino. II. Definir, com os municípios, formas de colaboração na oferta do Ensino Fundamental, as quais devem assegurar a distribuição proporcional das responsabilidades, de acordo com a população a ser atendida e os recur- sos financeiros disponíveis em cada uma dessas esferas do poder público. A Lei nº 9.394/96 estabelece que os municípios poderão criar o seu sistema de ensino, optar, ainda, por se integrar ao sistema estadual de ensino ou compor com ele um sistema único de educação básica. A formação do secretário escolar se fará em curso de formação inicial ou técnico, nos termos da Resolução n° 388/2004 e n° 389/2004, ambas do CEE. Conheça mais sobre a Seduc. Visite o site: www.seduc.ce.gov.br FASCICULO-12.indd 323 27/02/2018 15:07:59 324 Fundação Demócrito Rocha - Universidade Aberta do Nordeste III. Elaborar e executar políticas e os planos educacionais, em con- sonância com as diretrizes e planos nacionais de educação, integ- rando e coordenando as suas ações e as dos municípios. IV. Autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, respec- tivamente, os cursos das instituições de educação superior e os estabe- lecimentos do seu sistema de ensino. V. Baixar normas complementares para o seu sistema de ensino. VI. Assegurar o Ensino Fundamental e oferecer, com prioridade o En- sino Médio. No que tange às obrigações do município com a educação, é o artigo 11 da LDB que explicita. Os municípios incumbir-se-ão de: I. Organizar, manter e desenvolver os órgãos e as instituições oficiais do seu sistema de ensino, integrando-se às políticas e aos planos educa- cionais da União e do Estado. II. Exercer função redistributiva em relação às suas escolas. III. Baixar normas complementares para o seu sistema de ensino. IV. Autorizar, credenciar e supervisionar os estabelecimentos do seu sistema de ensino. V. Oferecer a Educação Infantil em creches e pré-escolas e, com prio- ridade, o Ensino Fundamental, permitida a atuação em outros níveis de ensino somente quando estiverem atendidas plenamente as ne- cessidades de sua área de competência e com recursos acima dos percentuais mínimos vinculados pela Constituição Federal. VI. A manutenção e o desenvolvimento do ensino. Há que se considerar a necessária colaboração entre os sistemas estadu- al e municipal em busca da qualidade da educação, especialmente no que tange à oferta pública. 7. O Conselho Estadual de Educação do Ceará (CEE) A Lei Federal nº 4.024/61 – LDB adotou a descentralização do ensino como um de seus princípios, instituindo, para isso, os sistemas de ensino, cada Estado e o Distrito Federal deveriam, a partir de então, organizar seus respectivos sistemas. No caso do Ceará, foi promulgada a Lei nº 6.322/63, dois anos após a LDB, definindo as finalidades, organização e competências do Conselho. No Ceará o Conselho foi criado em 04 de junho de 1963 e publicou em 1965 a relação dos primeiros conselheiros, dando inicio ao seu funcionamento oficial. O Art. 230 da Constituição do Estado do Ceará atribui ao Conselho Es- tadual de Educação os papéis de órgão “normativo, consultivo e deliberati- vo”, cabendo-lhe a regulamentação do Sistema Estadual de Ensino. Como órgão normativo, deliberativo e consultivo do Sistema de Ensino do Estado (art. 230 da Constituição do Estado), o Conselho Estadual de Edu- cação apresenta ações que abrangem a Educação Básica, à qual se integram: 1 - A educação infantil (creches e pré-escola) 2 - O ensino fundamental (de 1ª à 9ª séries) Conheça mais sobre o CEE. Visite o site: www.cee.ce.gov.br. FASCICULO-12.indd 324 27/02/2018 15:07:59 325Curso Técnico em Secretaria Escolar 3 - O ensino médio (de 1ª à 3ª séries) 4 - A educação de jovens e adultos 5 - A educação profissional, a nível técnico 6 - A educação a distância (ensino fundamental e médio) 7 - A educação especial O Conselho apresenta ações também para a Educação Superior, no caso das Instituições de Ensino Superior mantidas pelo Governo do Estado. Suas competências básicas consistem em: • Autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, respec- tivamente, os cursos das instituições de Educação Superior criados e mantidos pelo Governo do Estado do Ceará, e da educação básica pública e privada. • Baixar normas complementares para o seu sistema de ensino. • Interpretar a legislação de ensino. • Desconcentrar suas atribuições por meio de comissões de âmbito municipal (www.cee.ce.gov.br). A partir da Lei nº 9.394/96, sua ação é também de acompanhamento, avaliação e controle da qualidade da educação, o que o torna de extrema importância para a melhoria do sistema e, em especial, da escola. Segundo a Lei Estadual nº 13.875/2007, o CEE possui as seguintes com- petências: • Normatizar a área educacional do Estado. • Interpretar a legislação de ensino. • Aplicar sanções. • Aprovar o Plano Estadual de Educação e Planos de Aplicação de recur- sos destinados à educação. • Autorizar o funcionamento do ensino nas escolas e avaliar a qualidade. • Outras competências: • Pesquisar a realidade educacional, condição cientifica para promover mudanças significativas, construtoras da qualidade. • Acompanhar a execução curricular, com o propósito de ajudar cada sala de aula a desempenhar com eficácia a sua tarefa. • Contribuir para o poder público e a iniciativa privada para atualizar os processos educacionais simultaneamente as inovações do desenvolvi- mento tecnológico. • Contribuir para que a família, a escola e a sociedade caminhem juntos a serviço de cada aluno. • Dentre suas rotinas, as mais frequentes são: • Credenciamento de Instituições de ensino/nucleação • Autorização e reconhecimento de cursos • Autorização para direção de escola • Aprovação de cursos • Mudança de mantenedor, nome, endereço. O CEE é organizado em duas Câmaras: uma de educação básica (Educa- ção Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio); e outra, de educação su- perior e profissional. Cada Câmara é coordenada por um presidente eleito entre seus pares, e as duas formam o Conselho Pleno. FASCICULO-12.indd 325 27/02/2018 15:07:59 326 Fundação Demócrito Rocha - Universidade Aberta do Nordeste O colegiado é composto por 18 conselheiros com mandato de quatro anos e uma recondução consecutiva. Os membros são escolhidos entre educadores de grande experiência e destaque na área educacional e são nomeados pelo governador do estado. A presidência do CEE é exercida por um dos conselheiros, nomeado pelo governador para o exercício da função. O CEE é órgão vinculado à Seduc, com autonomia orçamentária e admi- nistrativa e, no cumprimento de suas funções normativas, emite Pareceres de caráter subjetivo e genérico, Resoluções e Indicações. 8. A Secretaria da Educação do Estado do Ceará (Seduc) Inicialmente chamada de Inspetoria Geral da Instrução Pública, a SE-DUC foi criada em 1916 com o objetivo de a inspeção do ensino pri-mário do Estado da execução das deliberações do Governo para esse mesmo ensino. No decorrer de seu processo histórico foi ainda Secretaria de Educação e Saúde, além de Secretaria de Educação e Cultura, foi somen- te em 1996 que a Secretaria de Educação do Estadual do Ceará é assim in- titulada e se organiza da forma como conhecemos hoje. Seusobjetivos são: 1 - Fortalecer o regime de colaboração, com foco na alfabetização na idade certa e na melhoria da aprendizagem dos alunos até o 5º ano; 2 - Garantir o acesso e a melhoria dos indicadores de permanência, fluxo e desempenho dos alunos no Ensino Médio. 3 - Diversificar a oferta do Ensino Médio, articulando-o com a educa- ção profissional, com o mundo do trabalho e com o ensino superior. 4 - Promover o protagonismo e empreendedorismo estudantil como premissa da ação educativa. 5 - Valorizar os profissionais da educação, assegurando a melhoria das condições de trabalho e oportunidades de desenvolvimento pessoal e profissional. 6 - Consolidar modelos de gestão focados na autonomia escolar e nos resultados de aprendizagem. 7 - Fortalecer a escola como espaço de inclusão, de respeito à diver- sidade e da promoção da cultura da paz. Pela lei Estadual n° 13.875, de 07 de fevereiro de 2007, Capítulo IV, arti- go 43, compete à Secretaria de Educação: • definir e coordenar políticas e diretrizes educacionais para o siste- ma de ensino médio, comprometidas com o desenvolvimento social inclusivo e a formação cidadã; • garantir, em estreita colaboração com os municípios, a oferta da educação básica de qualidade para crianças jovens e adultos resi- dentes no território cearense; • estimular a parceria institucional na formulação e implementação de programas de educação profissional para os jovens cearenses; • assegurar o fortalecimento da política de gestão democrática, na rede pública de ensino do Estado; • promover o desenvolvimento de pessoas para o sistema de ensino, garantindo qualidade na formação e valorização profissional; FASCICULO-12.indd 326 27/02/2018 15:07:59 327Curso Técnico em Secretaria Escolar • estimular o diálogo com a sociedade civil e outras instâncias gover- namentais como instrumento de controle social e de integração das políticas educacionais; • assegurar a manutenção e o funcionamento da rede pública estadual de acordo com padrões básicos de qualidade; • desenvolver mecanismos de acompanhamento e avaliação do sistema de ensino público, com foco na melhoria de resultados edu- cacionais; • promover a realização de estudos e pesquisas para o aperfeiçoamento do sistema educacional, estabelecendo parcerias com outros órgãos e instituições públicas e privadas, nacionais e internacionais; • exercer outras atribuições correlatas, nos termos do Regulamento. A Seduc tem sua estrutura descentralizada, cabendo às Coordenadorias Regionais de Desenvolvimento da Educação (Crede) desenvolver ativida- des administrativas, de ensino e de gestão escolar. As 20 Crede funcionam como braços operacionais da Seduc nas regiões onde se inserem, articulan- do-se com as Secretarias Municipais de Educação e com as instituições de ensino, públicas e privadas da educação básica. 9. O(A) Secretário(a) Escolar e a LDB Com a publicação da LDB em 1996, o sistema educacional brasileiro vive um primeiro momento de adaptação às novas exigências legais e precisa se organizar para enfrentar os novos desafios propostos pela Lei Darcy Ribeiro. Se, por um lado, as questões relacionadas ao acesso estão quase com- pletamente resolvidas, a permanência e o sucesso escolar ainda represen- tam um desafio para a educação pública no país. Enquanto o acesso está intimamente associado à quantidade, a permanência e o sucesso estão re- lacionados à qualidade da educação, aspecto que ainda se coloca como um desafio para o Brasil. Nesses 20 anos de vigência da LDB, grandes esforços têm sido despen- didos no sentido de melhorar os indicadores educacionais do país, e várias conquistas podem ser registradas. Mas, é no interior de cada escola que, de fato, as mudanças podem começar a acontecer e tornarem-se sustentáveis em busca da construção de padrões de qualidade que possibilitem a per- manência e o sucesso de todas as crianças. Uma escola pública de qualidade para todos os brasileiros representa uma conquista de gerações, iniciada com o Movimento dos Pioneiros da Educação Nova e que permanece como desafio para as gerações atuais. Para que alcancemos a tão desejada qualidade, um dos requisitos fun- damentais é a adequada formação profissional de todos os que atuam no ambiente escolar, incluindo a equipe que trabalha na secretaria escolar. Como já vimos em fascículos anteriores, o(a) secretário(a) escolar deve possuir um conjunto de competências e habilidades que o(a) torne capaz de realizar seu trabalho de forma eficiente e eficaz, colaborando para o su- cesso escolar de todas as crianças. FASCICULO-12.indd 327 27/02/2018 15:07:59 328 Fundação Demócrito Rocha - Universidade Aberta do Nordeste Resumo Neste fascículo, foram apresentados o contexto de democratização do país, o momento de conquista das liberdades civis e dos direitos sociais e uma breve síntese da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996. Entre os destaques da LDB de 1996, está o artigo 1º que estabe- lece que “a educação abrange os processos formativos que se desen- volvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e nas or- ganizações da sociedade civil e nas manifestações culturais”. Importante frisar a forma explícita com que a Lei trata o regime de colaboração (União, Distrito Federal, estados e municípios) e o funcionamento da educação em níveis e modalidades. No que tange ao financiamento da educação básica, a criação do Fundef (1996 – 2006) e do Fundeb (2007 – 2020) representa mudanças significativas nos indicadores da educação nacional, especialmente no atendimento, com o crescimento de matrículas, na formação inicial de professores, na melhoria da rede física escolar e na formação continuada. Finalmente, procura-se explicar o que é um sistema de ensino e como ele se organiza, dando especial destaque ao sistema de ensino do Estado do Ceará, ao Conselho de Educação do Ceará (CEE) e a Se- cretaria de Educação do Ceará (Seduc). Referências BARRETO, Elba Sá et alii. Municipalização do Ensino: Implicações Político- -administrativas. In: CBE - IV Conferência Brasileira de Educação (Anais - Tomo 1). São Paulo, Cortez, 1988, pp.245-283. BRASIL/MEC. A Educação no Brasil na Década de 80. Brasília, 1990. BRASIL, Senado Federal. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília. Centro Gráfico, 1988. CEARÁ, Constituição do Estado do Ceará. Fortaleza, 1989. http://www.fnde.gov.br http://www.portal.mec.gov.br http://www.cee.ce.gov.br Expediente Fundação Demócrito Rocha (FDR) Presidente João Dummar Neto Diretor Geral Marcos Tardin Universidade Aberta do Nordeste (Uane) Coordenadora Geral Ana Paula Costa Salmin Secretário Escolar Joel Bruno de Lima Silva Núcleo de Design Editorial (NDE) Editor de Design Amaurício Cortez Projeto Gráfico Amaurício Cortez Giselle Fernandes Karlson Gracie Miqueias Mesquita Editoração Eletrônica Giselle Fernandes Miqueias Mesquita Ilustrações Karlson Gracie Catalogação na Fonte Kelly Pereira Este fascículo é parte integrante do Módulo 4 do Curso Técnico em Secretaria Escolar da Fundação Demócrito Rocha (FDR) /Universidade Aberta do Nordeste (Uane). ISBN 978-85-7529-820-6 978-85-7529-848-0 FASCICULO-12.indd 328 27/02/2018 15:07:59