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Epistemologia Arqueológica, Racionalista, 
Crítica e Cognitiva
Atuação 
Interdisciplinar e 
Neuroeducação
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
FRANCINE HEIDEN RIOS
AUTORIA
Franciane Heiden Rios
Olá! Sou formada em Pedagogia, Mestre em Educação, Especialista 
em Educação Especial e Inclusiva e Tecnologias Educacionais. Estou 
nesta área desde o início da minha vida profissional, cursei Magistério, 
ingressei como estagiária e da escola nunca mais sai. Esse espaço rico 
de aprendizagens humanas me oportunizou pensar sobre diferentes 
questões e perceber as pessoas em suas diferentes necessidades. Durante 
dez anos fui servidora concursada, professora, do Município de São José 
dos Pinhais, também atuei como educadora pela Prefeitura Municipal 
de Curitiba e, atualmente, sou supervisora do curso de Pedagogia da 
UNIVESP – Universidade Virtual do Estado de São Paulo - e diretora 
pedagógica da CuriosaIdade, instituição que atua em parceria com redes 
de ensino para desenvolvimento de boas práticas educativas tendo 
como subsídio a perspectiva do Desenho Universal para a Aprendizagem. 
Acredito no princípio básico da inclusão e no respeito pela diversidade, 
portanto, escrever, palestrar, capacitar ou qualquer outra ação ou prática 
profissional relacionada ao tema são hoje meu foco de atuação. 
Desejo que tenhamos juntos um caminho rico de aprendizagens 
significativas, que o material aqui proposto em suas ideias, reflexões e 
discussões permitam a você construir-se enquanto um profissional 
interdisciplinar, que navega entre as mais diversas áreas do conhecimento 
em prol de uma melhor prática educativa, avançando para a qualidade na 
educação e consequente transformação social. 
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
OBJETIVO:
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova compe-
tência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA:
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou dis-
cutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das últi-
mas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO:
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Epistemologia Arqueológica de Foucault ........................................ 12
Foucault: Uma Breve Biografia .............................................................................................. 12
Conceitos-chave da Epistemologia Arqueológica de Foucault ................... 14
Epistemologia Racionalista Crítica de Popper ..............................20
Popper: Uma Breve Biografia ................................................................................................ 20
Conceitos-chave da Epistemologia Racionalista Crítica de Popper ......... 22
Epistemologia Crítica de Habermas ...................................................28
Habermas: Uma Breve Biografia ..........................................................................................28
Conceitos-chave da Epistemologia Crítica ................................................................. 30
Psicologia Cognitiva .................................................................................. 35
História e Fundamentos da Psicologia Cognitiva ....................................................35
Conceitos-chave da Psicologia Cognitiva ................................................................... 38
9
UNIDADE
03
Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
10
INTRODUÇÃO
Nesta unidade continuaremos em busca de respostas para as questões: 
O que é ciência? Será que a ciência necessita de verificações sistematizadas e 
comprovações a partir de princípios científicos? Será ciência uma organização 
do conhecimento empírico? Será ciência uma “roupagem” para o senso 
comum? Será ciência aquele conhecimento produzido em laboratório? 
Transitaremos por quatro outras Teorias do Conhecimento que, nesse 
momento, você já sabe que são sinônimos de Epistemologia. Dentre essas 
discussões, veremos que, por exemplo, é possível compreender o processo 
de construção do saber a partir da “falseação”, ou seja, que a boa teoria é 
aquela que permite ser contestada e, a partir dessas contestações, apresenta 
respostas coerentes. 
É fato que estamos em um “local” que parece distante da neuroeducação, 
porém, não é. Afinal, a crítica, reflexão e análise são habilidades indispensáveis 
em uma área que ganha projeção na atualidade e que, estando em destaque, 
acaba por trazer diversas “verdades” que, quando confrontadas, não passam 
de mera especulação e acabam por desacreditar os profissionais que buscam 
uma prática séria, coerente com os princípios éticos. Portanto, nessa unidade 
buscamos não apenas definições, buscamos que você ao final possa ser ativo 
e consciente das próprias escolhas que orientam suas ações. 
Seguimos com o objetivo de desvelar as possíveis concepções de 
como se produz o conhecimento em áreas que não “são duras”, que permitem 
e necessitam de interpretações e narrativas. Assim, esperamos que você 
estudante e entusiasta da área, mantenha sua curiosidade para que juntos, 
possamos ampliar a concepção que temos de ciência e, consequentemente, 
da produção do conhecimento. Vamos lá?
 Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
11
OBJETIVOS
Olá, seja muito bem-vindo à Unidade 3. Nosso objetivo é auxiliar 
você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o 
término desta etapa de estudos:
1. Identificar, conceituar e discutir a Epistemologia Arqueológica 
de Foucault, uma das principais linhas epistemológicas 
contemporâneas.
2. Identificar, conceituar e discutir a Epistemologia Racionalista 
Crítica de Popper, uma das principais linhas epistemológicas 
contemporâneas.
3. Identificar, conceituar e discutir a Epistemologia Crítica 
de Habermas, uma das principais linhas epistemológicas 
contemporâneas.
4. Identificar, conceituar e discutir a Psicologia Cognitivista, uma das 
principais linhas epistemológicas contemporâneas.
Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? 
Ao trabalho!
Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
12
Epistemologia Arqueológica de Foucault
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo você será capaz de entender 
os principais conceitos da Epistemologia Arqueológica 
de Foucault. Esses conhecimentos são essenciais para 
a ampliação de seu campo teórico, permitindo a você 
uma visão ampla e geral das epistemologi as/teorias 
do conhecimento que habitam o campo da educação e, 
consequentemente, da neuroeducação. E então? Motivado 
para desenvolver esta competência? Então vamos lá. 
Avante!
Foucault: Uma Breve Biografia
Paul-Michel Foucault nasceu em 15 de outubro de 1926 e faleceu 
no dia 25 de junho de 1984. Em 1946, iniciou seus estudos na École 
Normale da rue d’Ulm. Licenciado em Filosofia pela Sorbone em 1948 e 
em Psicologia, em 1949. No ano de 1952 cursou o Instituto de Psychologie 
e obteve diploma de Psicologia Patológica. 
Figura 1 - Paul-Michel Foucault
Fonte: Wikipedia 
 Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
13
Sua obra era profundamente influenciada por Heidegger e, também, 
por Nietzsche e Bachelard.Seu pensamento é localizado no debate 
sobre a modernidade, com destaque para a razão iluminista. Foucault 
aprofundou-se nos estudos de Kant, considerando que sua perspectiva 
consistia como uma crítica a esse autor principalmente à noção do sujeito 
como mediador e referência de todas as coisas. Para Foucault, o homem 
é produto das práticas discursivas, sendo resultado de uma produção de 
sentido, da prática discursiva e das relações de poder. Sendo assim, em 
suas discussões o homem é sujeito e objeto do conhecimento em três 
procedimentos, em domínios diferentes: a arqueologia, a genealogia e a 
ética. 
Desses procedimentos, por meio do método arqueológico, 
Foucault aborda os saberes que falam sobre o homem, as práticas 
discursivas, não tendo como objetivo discutir as verdades em relação 
a este homem. Portanto, busca estabelecer inter-relações conceituais 
dos diferentes saberes e não, apenas, de uma ciência. Em sua obra “As 
palavras e as Coisas”, define episteme que consiste na possibilidade de 
se explicar as condições para a construção dos conhecimentos, esses 
que se localizam em uma determinada época e se estabelecem em uma 
forma determinada. 
Figura 2 - Síntese da Epistemologia Arqueológica de Foucault 
Fonte: Elaborada pela autora (2019).
Conforme a figura, podemos concluir que a Arqueologia do 
conhecimento, busca-se saber como se “sabe”, já a genealogia indica 
como as relações de poder interferem nesse “fazer saber” e a Ética, como 
o sujeito lida com o “saber” em sua esfera pessoal diante das práticas 
sociais.
Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
14
Figura 3 - Saber, poder e indivíduo 
Fonte: Elaborada pela autora (2019).
Para Foucault, o método é constituído diante do objeto e não ao 
contrário, ainda afirma não ser possível compreender a epistemologia das 
Ciências Humanas por critérios de positividade e cientificidade. Para ele 
é necessário compreender a relação que a epistemologia estrutura com 
o conhecimento e a cultura do saber pré-científico, opinião ou episteme. 
Portanto, Foucault pretende definir uma teoria do conhecimento da 
formação das Ciências Humanas com base na razão e no método 
científico. 
Conceitos-chave da Epistemologia 
Arqueológica de Foucault
O primeiro conceito que se destaca na obra de Foucault é o que 
ele denomina “Triedro dos saberes”, que consiste em sua perspectiva o 
sistema das ciências humanas. Esse triedro, por definição, consiste em um 
espaço epistemológico de três dimensões, definido a partir de três eixos 
principais da racionalidade que as organiza. 
 Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
15
Figura 4 - Triedro dos Saberes 
Fonte: Elaborada pela autora com base em Foucault (1995).
Conforme vimos, a composição do Triedro dos Saberes segue:
 • Eixo da Matemática e Física - que abarca as Ciências exatas e os 
protótipos da cientificidade.
 • Eixo da Economia, Biologia e Linguística - que abarca as Ciências 
da Vida, da Produção e da Linguagem.
 • Eixo da Filosofia - que abarca as reflexões filosóficas, desenvolvendo-
se como pensamento e análise da finitude do conhecimento.
Esses eixos do saber, na realidade, estão inter-relacionados e, 
nessa dinâmica, resultam os campos epistemológicos que permitem a 
Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
16
epistemologia das Ciências Humanas. Dessa relação, dois a dois, conforme 
é possível identificar na figura, os eixos estabelecem três planos.
Entretanto, as ciências humanas não se enquadram em nenhum 
desses planos, mas, para Foucault, isso não quer dizer que elas não 
estejam no Triedro dos Saberes, para ele, as ciências humanas participam 
do intervalo dessas dimensões, em seu “volume”, definindo três regiões 
de saberes: 
Figura 5 - Regiões de saberes 
Fonte: Elaborada pela autora (2019).
Portanto, podemos afirmar que para Foucault as ciências humanas 
são disciplinas que participam de variadas formas e com diversificadas 
funções nos três planos, com determinadas características comuns e 
modelos de organização do saber, que são, portanto, as três grandes 
regiões compreendidas na relação histórica na qual se estabelecem.
 Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
17
SAIBA MAIS:
Para saber mais assista ao vídeo “Conhecimento, verdade 
e discurso em Foucault”, produzido pelo canal Colunas 
Tortas, que discute: O que é o conhecimento e como ele se 
relaciona com o discurso e com o conceito de verdade, em 
Foucault? Disponível aqui.
Na perspectiva de como se dá a construção do conhecimento, há 
outros conceitos importantes na perspectiva foucaultiana. São eles: 
Episteme - consiste no paradigma que estrutura os múltiplos 
saberes, em determinado período, na relação como diferentes tipos 
de discursos, podem ser: filosóficos, técnicos, institucionais, sociais, 
econômicos, políticos, entre outros. 
Dispositivo - ampliação do conceito de episte inicial adota por 
Foucault, configurando-se como: episteme e o todo social não discursivo 
(discursos, práticas, instituições e táticas).
IMPORTANTE:
Discursivo se refere aos documentos literários e 
não-literários que registram, descrevem, analisam e 
documentam determinada época. Não-discursivo, está 
relacionado às práticas: modos de ser, de comportar-se, de 
avaliar, de agir. 
Saber/Conhecimento - em sua perspectiva, o saber inclui os 
conhecimentos formais e sua trajetória de construção racional, as 
instituições e práticas das atividades do conhecimento não-formal, que 
são as percepções e saberes não científicos.
Decifração - é a premissa de que, para a compreensão da 
historicidade, é necessário revelar e descobrir e não estabelecer verdades. 
Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
https://www.youtube.com/watch?v=zSwCYDM8Dh8
18
Enunciado - consiste no conjunto de signos, é o que permite o 
saber. 
Descrições enunciativas - é o enunciado que estabelece a 
pesquisa, apontando seus caminhos e percursos. 
Regras - consiste na prática social que significa os signos. Estão 
pautadas na condição de existência e de permanência de elementos 
discursivos. 
É inegável a contribuição de Foucault para as ciências humanas, 
porém, vários outros teóricos discutem as limitações e insatisfações de 
suas análises, principalmente no que tange à limitação de sua abordagem 
ao propor uma representação reduzida do campo epistemológico há 
três positividades: vida, trabalho e linguagem. Afinal, será que a física e a 
matemática não exprimiriam também a experiência ordenativa?
Outra questão pertinente é que para ele as ciências humanas não 
falam “do homem”, mas propõe a análise das normas, regras e conjuntos 
de significados que esse estabelece ou possui, sendo considerado esse 
“homem estudado pela ciência” um fenômeno humano preso à uma 
linguagem. Para Foucault “o homem é uma invenção cuja arqueologia 
de nosso pensamento” tão antigo e inconstante quanto os problemas do 
saber humano, sendo alienados pela cultura e por seus resultados.
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo 
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você 
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, 
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido 
que para Foucault o homem é tão antigo e inconstante 
quanto os problemas do saber humano, sendo alienados 
pela cultura e por seus resultados. Que suas obras são 
profundamente influenciadas por Heidegger e, também, 
por Nietzsche e Bachelard. Que seu pensamento é 
localizado no debate sobre a modernidade, com destaque 
para a razão iluminista.
 Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
19
Que em suas discussões, Foucault aprofundou-se nos estudos que 
tecem críticas à Kant, principalmente à noção do sujeito como mediador e 
referência de todas as coisas. Afinal, ele considera o homem como produto 
das práticas discursivas, sendo resultado de uma produção de sentido, da 
prática discursiva e das relações de poder, é, portanto, sujeito e objeto 
do conhecimento em trêsprocedimentos, em domínios diferentes: a 
arqueologia, a genealogia e a ética. Utiliza-se do método arqueológico 
para abordar os saberes que falam sobre o homem, as práticas discursivas 
e não tem como objetivo discutir as verdades em relação a esse. Portanto, 
busca estabelecer inter-relações conceituais dos diferentes saberes e 
não, apenas, de uma ciência. Foi possível concluir que a Arqueologia do 
conhecimento proposta por Foucault busca saber como se “sabe”, já a 
genealogia, as relações de poder interferem nesse “fazer saber” e, por fim, 
a Ética, representa como o sujeito lida com o “saber” em sua esfera pessoal 
diante das práticas sociais. Ainda, afirma que o método é constituído diante 
do objeto e não ao contrário, mesmo não sendo possível compreender 
a epistemologia das Ciências Humanas por critérios de positividade 
e cientificidade. Para ele é necessário compreender a relação que a 
epistemologia estrutura com o conhecimento e a cultura do saber pré-
científico, opinião ou episteme. Portanto, Foucault pretende definir uma 
teoria do conhecimento da formação das Ciências Humanas com base 
na razão e no método científico, essas que são disciplinas que participam 
de variadas formas e com diversificadas funções nos três planos, 
congregando em um grupo de ciências humanas com determinadas 
características comuns e modelos de organização do saber, que são, 
portanto, as três grandes regiões compreendidas na relação histórica na 
qual se estabelecem.
Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
20
Epistemologia Racionalista Crítica de 
Popper 
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo você será capaz de entender os 
principais conceitos da Epistemologia Racionalista Crítica 
de Popper. Esses conhecimentos são essenciais para a 
ampliação de seu campo teórico, permitindo a você uma visão 
ampla e geral das epistemologias/teorias do conhecimento 
que habitam o campo da educação e, consequentemente, 
da neuroeducação. E então? Motivado para desenvolver 
esta competência? Então vamos lá. Avante!.
Popper: Uma Breve Biografia
Karl Raimund Popper nasceu em Viena, em 28 de Julho de 1902 e 
faleceu em  Londres, em 17 de Setembro  de  1994. Filósofo e professor, 
concluiu seu doutorado em Psicologia em  1928, atuando em escolas 
secundárias entre 1930 e 1936. Em decorrência da ameaça nazista, mudou-
se para Nova Zelândia, passando a lecionar Filosofia na Universidade de 
Canterbury, em Christchurch. Em 1946, quando já residente da Inglaterra, 
ministrou aulas na London School of Economics. 
Figura 6 - Karl Popper 
Fonte: Wikipedia
 Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
https://pt.wikipedia.org/wiki/Viena
https://pt.wikipedia.org/wiki/28_de_Julho
https://pt.wikipedia.org/wiki/1902
https://pt.wikipedia.org/wiki/Londres
https://pt.wikipedia.org/wiki/17_de_Setembro
https://pt.wikipedia.org/wiki/1994
21
Sua obra resultou no racionalismo crítico, concebido como um 
sistema filosófico para o conhecimento científico. Essa teoria tem como 
conceito central a necessidade da falseabilidade dos sistemas teóricos, 
pois afirma que todo o conhecimento é provisório, refutável e corrigível. 
Para ele, torna-se mais assertivo verificar se a teoria é falsa do que provar 
que ela é legítima e correta. Sendo assim, cada teoria deveria passar 
por testes rígidos para comprovar sua validade ou não. Porém, como 
todo processo filosófico, cabe lembrar que, mesmo que durante essa 
verificação não seja possível refutar a teoria, isso não significaria que ela é 
uma verdade absoluta. 
IMPORTANTE:
A epistemologia racional crítica tem como mote a seguinte 
questão: Como os problemas, sejam eles metódicos, 
racionais, sociais, políticos ou científicos, podem ser 
investigados e resolvidos? Pressupõe que a crença do 
senso comum consiste na capacidade humana na busca 
pelo conhecimento e é, portanto, limitada, sendo que 
qualquer ação na resolução desses problemas pode 
estar equivocada. Essa é a premissa da “consciência da 
falibilidade”, que permite uma análise crítica de crenças 
e suposições, mas também, permite uma abordagem 
metódica e racional para a resolução dos problemas postos. 
Assim, o racionalismo crítico não busca provar o “acerto” de 
uma teoria, mas sim, permite saber se ela está errada e, 
diante do erro, como proceder. 
Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
https://pt.wikipedia.org/wiki/Falseabilidade
22
Conceitos-chave da Epistemologia 
Racionalista Crítica de Popper
Como vimos, o critério de falseabilidade é eixo estruturante da 
Epistemologia Racionalista crítica de Popper, premissa que propaga a 
ideia de que, como toda teoria precede a experiência, toda explicação 
científica é hipotética. 
EXEMPLO: 
Observe a figura a seguir:
Figura 7 – Bebê chorando
Fonte: Pixabay
A partir dela, seriam possíveis as seguintes falseações: 
1. O bebê está chorando, porém, ele não deseja nada. 
2. O bebê está chorando porque está com fome. 
3. O bebê está chorando porque quer atenção. 
4. O bebê está chorando não porque está com fome, mas sim, 
porque precisa ter sua fralda trocada. 
 Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
23
Foram possíveis, a princípio, quatro hipóteses viáveis. Popper, 
portanto, buscaria validá-las, não pelo que está certo, mas, pelo que não 
está, veja: 
1. O bebê não tem porquê chorar se não deseja nada. Afinal, utiliza o 
choro para demonstrar e comunicar suas necessidades. 
2. O bebê, quando da hipótese de fome, foi alimentado, mas, mesmo 
assim seu choro persiste. 
3. O bebê recebeu colo e aconchego, entretanto, percebeu-se que 
sua fralda precisa ser trocada. Seria, então, o choro por outro 
motivo do que apenas a atenção que recebeu?
4. O bebê recebeu alimento e sua fralda precisa ser trocada, portanto, 
não é possível afirmar qual dos eventos, de fato, originou seu choro. 
Dessa forma, duas ações seriam desenvolvidas para Popper: 
indução e dedução. 
Figura 8 - Indução e dedução 
Fonte: Elaborada pela autora (2019).
Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
24
Nessa perspectiva, a indução partiria do particular para o universal 
e, a dedução, do sentido contrário – do universal para o particular. Por 
meio da dedução seria possível prever e explicar os fatos e, da indução, 
refutar essa previsão e explicação. Veja: 
1. É oferecido alimento ao bebê desde seu nascimento a cada 2 
horas – Esse é o dado. 
2. O bebê criou uma rotina de alimentação: sou alimentado a cada 2 
horas – Essa é a teoria. 
3. O bebê compreende que a cada 2 horas será alimentado – Essa 
é a previsão. 
4. No entanto, na madrugada, o relógio não despertou e o bebê não 
chorou, portanto, a mãe não acordou e o bebê não foi alimentado 
– Essa seria a “falha” da teoria. 
A questão que emerge primeiramente desse sistema filosófico é: 
E o que acontece se a lei e a teoria falharem? Popper afirma que não 
aconteceria nada, pois, a natureza não tem o dever seguir nossas leis 
científicas. Portanto, não é da observação das experiências que emergem 
os conhecimentos, pois, essa observação é diferente de sujeito para 
sujeito. Assim, caberia ao pesquisador investigar as leis da natureza e não 
as submeter ao sistema de análise que estruturou. 
Popper tece críticas ao princípio indutivo, principalmente por ele 
ter como objetivo comprovar teorias mediante a experiência, sendo, 
portanto, conjectural poder resultar de diferentes condições e de várias 
situações. Para ele, o princípio dedutivo hipotético, que permitiria pensar 
sobre o que “direciona” ou “interfere” na observação, seria mais coerente, 
afirmando que a hipótese científica deve anteceder à submissão de 
sua validade. Retornando ao exemplo: para saber o porquê de o bebê 
estar chorando, precisaria, antes, levantar hipóteses do que poderia ter 
ocasionado o choro: alimentação, abandono, troca de fraldas etc. 
 Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
25
Dessa perspectiva, Popper organiza três momentos para o processo 
de pesquisa: 
Figura 9 - Trêsmomentos da pesquisa em Popper 
Fonte: Elaborada pela autora (2019).
Nessa relação, ele afirma que o conhecimento científico não é 
“descoberto” a partir de dados, é sim, criado/construído, sendo falho 
o método indutivo para se obter conhecimentos de dados empíricos, 
afinal, para ele, todo novo conhecimento é a modificação de algum 
Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
26
anterior. Assim, a essência da natureza científica estaria em duvidar dos 
pressupostos teóricos apresentados. 
IMPORTANTE:
Quanto mais uma teoria resiste aos erros do processo de 
falseabilidade, mais consistente ela é. Sendo critérios para 
uma “boa teoria”: 
 • Clareza e precisão, limando espaços para 
interpretações variadas. 
 • Permitir o maior número de falseações possíveis. 
 • Progredir em busca de um conhecimento mais 
aprofundado. 
SAIBA MAIS:
Para saber mais assista ao vídeo “Indutivismo e 
falsificacionismo”, no qual há uma discussão geral sobre as 
possibilidades de comprovação do conhecimento científico. 
Com as discussões e análises propostas por Popper, podemos então, 
considerar que tudo que é produzido como ciência precisa ser “falseado”, 
colocado em prova. No campo da neuroeducação, essa premissa é 
fundamental, principalmente diante da apropriação de saberes de outras 
áreas pela Educação, afinal, o problema deve ser ponto de partida para 
a aprendizagem e só é possível avançar por meio da falseabilidade e da 
tentativa de “eliminar” os erros das propostas que se apresentam.
 Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
27
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo 
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você 
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, 
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido 
que, para Popper, a essência da natureza científica estaria 
em duvidar dos pressupostos teóricos apresentados. Dessa 
premissa resultou no racionalismo crítico, concebido como 
um sistema filosófico para o conhecimento científico. 
Essa teoria tem como conceito central a necessidade da 
falseabilidade dos sistemas teóricos, que afirma que todo o conhecimento 
é provisório, refutável e corrigível. Sendo assim, para ele, torna-se mais 
assertivo verificar se a teoria é falsa do que provar que ela é legítima e 
correta, devendo cada teoria passar por testes rígidos para comprovar 
sua validade ou não. Porém, como todo processo filosófico, cabe lembrar 
que, mesmo que durante essa verificação não seja possível refutar a 
teoria, isso não significaria que ela é uma verdade absoluta. Assim, foi 
possível identificar a questão central da epistemologia racional crítica: 
Como os problemas, sejam eles metódicos, racionais, sociais, políticos 
ou científicos, podem ser investigados e resolvidos? Dessa pergunta, foi 
possível pressupor que a crença do senso comum consiste na capacidade 
humana na busca pelo conhecimento e é, portanto, limitada, sendo que 
qualquer ação na resolução desses problemas pode estar equivocada. 
Essa é a premissa da “consciência da falibilidade”, que permite uma análise 
crítica de crenças e suposições, mas também, permite uma abordagem 
metódica e racional para a resolução dos problemas postos. Assim, o 
racionalismo crítico não busca provar o “acerto” de uma teoria, mas sim, 
permite saber se ela está errada e, diante do erro, como proceder. Por 
fim, foi possível identificar que Popper tece críticas ao princípio indutivo, 
principalmente por ele ter como objetivo comprovar teorias mediante 
a experiência, sendo, portanto, conjectural poder resultar de diferentes 
condições e de várias situações. Para ele, o princípio dedutivo hipotético, 
que permitiria pensar sobre o que “direciona” ou “interfere” na observação, 
seria mais coerente, afirmando que a hipótese científica deve anteceder 
a submissão de sua validade. Ainda que, quanto mais resiste aos erros do 
processo de falseabilidade, mais consistente ela será. 
Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
https://pt.wikipedia.org/wiki/Falseabilidade
28
Epistemologia Crítica de Habermas
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo você será capaz de entender os 
principais conceitos da Epistemologia Crítica de Habermas. 
Esses conhecimentos são essenciais para a ampliação de 
seu campo teórico, permitindo a você uma visão ampla e 
geral das epistemologias/teorias do conhecimento que 
habitam o campo da educação e, consequentemente, da 
neuroeducação. E então? Motivado para desenvolver esta 
competência? Então vamos lá. Avante!.
Habermas: Uma Breve Biografia
Jürgen Habermas, filósofo e sociólogo, nasceu em Düsseldorf, 
em 18 de junho de 1929. Seu pensamento pode ser localizado na tradição 
da teoria crítica e do pragmatismo, inclusive, é um dos membros da 
Escola de Frankfurt. 
SAIBA MAIS:
Para saber o que é a Escola de Frankfurt, leia o artigo 
“Escola de Frankfurt e a psicologia”, de autoria de Antonio 
Gomes Penna, disponível aqui. 
Sua vida foi dedicada ao estudo da democracia, principalmente, ao 
se centrar nas questões da ação comunicativa, da política deliberativa e 
da esfera pública. Faz crítica ao positivismo lógico e desenvolve sua teoria 
na relação ao interesse emancipatório, transitando no campo da categoria 
da interação.
 Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/abp/article/viewFile/19243/17979
29
Figura 10 - Habermas 
Fonte: Wikipedia
Seu trabalho trata dos fundamentos da  teoria social  e 
da  epistemologia, tecendo análises da democracia nas sociedades 
capitalistas, do Estado de direito no contexto de evolução social. Para ele, 
a racionalização do mundo ocorre na relação com a ação comunicativa, 
na qual o “entendimento sobre as coisas” ganha frente às “normas 
sobre as coisas”. Em seu sistema teórico, indica as possibilidades para 
a razão, emancipação e comunicação racional-crítica. Acerca da ciência, 
tece críticas sobre as ciências que se propunham a ser exclusivamente 
instrumentais, avançando na elucidação dos aspectos filosóficos e 
epistemológicos que contribuem para a construção do conhecimento. 
Para ele, faltava ao positivismo a autorreflexão, que impedia o 
desenvolvimento do conhecimento emancipatório, pois, diante da 
ciência normativa e “exata” o sujeito perderia sua referência cognoscente, 
restringindo a possibilidade do conhecimento crítico mediante a reflexão 
de si. Nesse sentido, aponta a Psicanálise como a ciência que rompe com 
esse objetivo, sendo 
[...] relevante como único exemplo disponível de uma 
ciência que reivindica metodicamente o exercício 
autoreflexivo. Com o surgimento da psicanálise abre-
se, através do caminho peculiar à lógica da pesquisa, a 
perspectiva de um acesso metodológico a esta dimensão 
disfarçada pelo positivismo. (HABERMAS, 1998, p. 233-234)
Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
30
Para Habermas, a Psicanálise ao trazer para seu interior a 
racionalidade diverge epistemologicamente e metodologicamente das 
ciências objetivas, mudando o que está “em jogo”: não mais as verdades 
prováveis, mas sim, a oportunidade de desvelar um conhecimento que 
é subjetivo, que é permeado por emoções, aspirações e frustrações de 
um sujeito real e concreto. Nesse sentido, ela se desenvolve no campo 
subjetivo em duas faces: a consciente e a inconsciente. 
IMPORTANTE:
Habermas evidencia a importância da Psicanálise enquanto 
epistemologia, principalmente, pela possibilidade de 
autorreflexão como caminho metodológico, vigorando 
o caráter emancipatório do saber, o qual, permitiria a 
liberdade do homem frente ao problema. Trata-se, portanto, 
da possibilidade de um diálogo analítico que não busca a 
matematização das verdades, mas sim, o rompimento da 
visão fragmentada de “sujeito-objeto do conhecimento”.
Conceitos-chave da Epistemologia Crítica
Como principal contribuição de Habermas, teremos nosso foco de 
análise na “Teoria do Agir Comunicativo”, que está presente nas teorias 
sociais, políticas e democráticas.Derivada de sua obra homônima, essa 
teoria discute o conceito de racionalidade comunicativa; o conceito de 
sociedade em dois níveis: “mundo da vida” e “sistema”; e, por fim, indica 
a eminência de uma teoria da modernidade que “deve possibilitar uma 
conceitualização do contexto social da vida que se revele adequada aos 
paradoxos da modernidade” (HABERMAS, 2012, p. 11).
Como premissa básica, tem-se que os homens são capazes de 
ação e, para isso, utilizam-se da linguagem na qualidade de recurso 
para comunicarem-se entre si, em busca do entendimento. Assim, a 
partir do princípio da razão comunicativa por meio da linguagem, é que 
as interações sociais acontecem no “munda da vida”. A linguagem seria, 
 Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
31
portanto, o “meio” de toda a relação significativa entre sujeito e objeto, 
assim, sem ela, não seria possível o acesso ao conhecimento, tampouco, 
ao mundo. 
Conforme apontam Berger e Luckmann, vivemos em uma teia 
articulada de relações humanas, na qual “[...] a linguagem marca as 
coordenadas de minha vida na sociedade e enche esta vida de objetos 
dotados de significação” (1973, 39). De forma breve, a teoria de Habermas 
afirma que é a partir da linguagem que o conhecimento emerge, não no 
campo individual, mas no consenso do que é coletivo. 
Com essa premissa, deverá haver o rompimento com o paradigma 
monológico, aquele que é fundado no discernimento pessoal, avançando 
para um paradigma de entendimento mútuo, que tem a linguagem e a 
intersubjetividade como meio. Assim, a ação comunicativa na perspectiva 
de Habermas pressupõe uma teoria social que se contrapõe à uma ação 
estratégica regida pela lógica de dominação. Mas, afinal, o que é o “mundo 
da vida” propagado por Habermas?
É o mundo das relações que o sujeito estabelece com a cultura, 
a linguagem, a sociedade, seu mundo externo e interno. Consiste no 
ponto de referência para o estabelecimento de formas comunicativas e 
democráticas. Inclui a totalidade das ações que interpretamos a partir de 
componentes estruturais como a cultura, a sociedade, a linguagem.
Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
32
Nesse sentido, é fundamental compreender o conceito de “agir 
comunicativo” de “agir estratégico” que, apesar ligados entre si, são 
diferentes e distintos. 
Figura 11 - Agir comunicativo versus Agir estratégico 
Fonte: Elaborada pela autora (2019).
Portanto, o agir comunicativo entende o sujeito enquanto agente 
competente por meio da linguagem para agir em busca do consenso. 
Para tanto, faz-se necessário uma comunicação inteligível, pois, 
“[...] entender um ‘ato-de-fala’, significa que, pelo menos, dois sujeitos, 
linguística e interativamente competentes, compreendem identicamente 
uma mesma impressão” (HABERMAS, 1998), ou seja, é deste entendimento 
que um consenso válido para os que participam do discurso torna-se 
possível, tendo como base fundante a ação e a razão comunicativa. 
 Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
33
Observe o quadro 1 para uma sistematização para a validez do ato 
de fala: 
Quadro 1 - Pretensões de validez do ato de fala 
Requisito de 
validez do ato 
de fala
Possibilidade de 
questionamento
Exemplo
Verdade (mundo 
objetivo)
O que se diz é 
verdadeiro?
Esse aluno não avançou 
nesse ano letivo, assim, será 
reprovado. 
Sinceridade 
(mundo 
subjetivo)
O que se diz é 
coerente com o que 
se pensa/sente?
Estou muito triste com o fato 
de você ser reprovado.
Retidão (mundo 
normativo)
O que se diz 
é legítimo ou 
moralmente válido?
Você será reprovado, 
entretanto, receberá todo 
o apoio e atenção para que 
aprenda o que precisa ser 
aprendido. 
Inteligibilidade
O que se diz é 
inteligível a todos?
Todos entenderam o que foi 
dito?
Fonte: Elaborada pela autora com base em Vizeu (2011).
Diante dessas explicações sobre a teoria de Habermas, podemos 
identificar que ele não pretende apenas uma teoria a respeito da 
comunicação, mas, sim, discutir uma proposta de “agir na sociedade”, essa 
que prevê o princípio da universalidade na construção dos conhecimentos 
para a emancipação. 
Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
34
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo 
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você 
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, 
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido 
que a proposta de Habermas trata dos fundamentos 
da  teoria social  e da  epistemologia, tecendo análises 
da democracia nas sociedades capitalistas, do  Estado 
de direito  no contexto de evolução social. Para ele, a 
racionalização do mundo ocorre na relação com a ação 
comunicativa, na qual o “entendimento sobre as coisas” 
ganha frente às “normas sobre as coisas”. Em seu sistema 
teórico, indica as possibilidades para a razão, emancipação 
e comunicação racional-crítica. Acerca da ciência, 
tece críticas sobre as ciências que se propunham a ser 
exclusivamente instrumentais, avançando na elucidação 
dos aspectos filosóficos e epistemológicos que contribuem 
para a construção do conhecimento. 
Ainda, aponta que o que faltava ao positivismo era a autorreflexão, 
impedindo o desenvolvimento do conhecimento emancipatório, pois, 
diante da ciência normativa e “exata” o sujeito perderia sua referência 
cognoscente, restringindo a possibilidade do conhecimento crítico 
mediante a reflexão de si. Nesse sentido, aponta a Psicanálise como a 
ciência que rompe com esse objetivo, sendo “[...] relevante como único 
exemplo disponível de uma ciência que reivindica metodicamente o 
exercício autoreflexivo. Com o surgimento da psicanálise abre-se, através 
do caminho peculiar à lógica da pesquisa, a perspectiva de um acesso 
metodológico a esta dimensão disfarçada pelo positivismo” (HABERMAS, 
1998, p.233-234). Para ele, a Psicanálise ao trazer para seu interior a 
racionalidade diverge epistemologicamente e metodologicamente das 
ciências objetivas, mudando o que está “em jogo”: não mais as verdades 
prováveis, mas sim, a oportunidade de desvelar um conhecimento que 
é subjetivo, que é permeado por emoções, aspirações e frustrações de 
um sujeito real e concreto. Nesse sentido, ela se desenvolve no campo 
subjetivo em duas faces, a consciente e a inconsciente. Portanto, indicava 
a possibilidade de um diálogo analítico que não busca a matematização 
das verdades, mas sim, o rompimento da visão fragmentada de “sujeito-
objeto do conhecimento”.
 Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
35
Psicologia Cognitiva
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo você terá conhecido os 
principais elementos da Psicologia Cognitiva, teoria que 
fundamenta não apenas um, mas vários teóricos que se 
debruçam a pensar como o conhecimento é produzido. 
Esses conceitos-base são essenciais para a ampliação de 
seu campo teórico, permitindo a você uma visão ampla e 
geral das epistemologias/teorias do conhecimento que 
habitam o campo da educação e, consequentemente, da 
neuroeducação. E então? Motivado para desenvolver esta 
competência? Então vamos lá. Avante!.
História e Fundamentos da Psicologia 
Cognitiva
A  Psicologia Cognitiva, como todas as que vimos até essa etapa 
de estudos, consiste em uma área de conhecimento que se propõe em 
estudar como as pessoas percebem, aprendem, lembram e pensam 
sobre as situações da vida. Objetiva estudar, entre outras coisas, a relação 
entre os processos cognitivos e o comportamento humano. Ou seja, essa 
corrente de pensamento tem forte aproximação com a neuroeducação 
ao se debruçar em estudos sobre a mente e sua materialização em 
comportamentos. 
Essa área da psicologia que tem por finalidade estudar as funções 
mentais, tais como: pensamento, percepção, memória, entre outras, a fim 
de analisar como o sujeito percebe o mundo e como se desenvolvem 
suas funções cognitivas, tais como: falar, resolver problemas, memorizar, 
raciocinar, entre outras. 
Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
36
SAIBAMAIS:
Indicamos a leitura do artigo “As contribuições da psicologia 
cognitiva na educação”, de autoria de Maria de Fátima 
Godinho Morando Kalil Patricio e Eunice Maria Godinho 
Morando, disponível aqui.
Tem como base um modelo positivista como método para a 
investigação científica, trabalhando com a perspectiva de que há 
estados mentais internos, como crenças e motivações, que contrariam 
a perspectiva comportamental que se destacava. Tal abordagem teve 
origem, principalmente, pelo fracasso do Behaviorismo em explicar 
os aspectos mais complexos do comportamento humano na relação 
estímulo-resposta, a qual considera ser um modelo linear limitante, 
insuficiente e inadequado, para explicar o comportamento humano, 
propondo sua substituição por um modelo circular da relação organismo-
estímulo. 
O organismo tem papel ativo e, como consequência, é capaz de 
elaborações complexas, tais como: realizar escolhas, utilizar estratégias, 
selecionar informações que armazena, ou seja, é capaz de operar na 
elaboração e não apenas em operações ligadas e determinadas. 
IMPORTANTE:
É fundamental reforçar que a Psicologia Cognitiva não é 
campo de apenas um teórico, mas, sim de vários, entre 
eles: Piaget, Wallon e Vygotsky que, se aproximam pela 
compreensão de que o sujeito é ativo no processo de 
construção do conhecimento. Assim, apesar de suas 
teorias apresentarem diferenças entre si, há convergência 
na busca pela compreensão de como a aprendizagem 
ocorre no que se refere às estruturas mentais do sujeito e 
sobre o que é preciso fazer para aprender.
 Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
http://www.ufjf.br/revistaa3/files/2015/09/A308_WEB.53.pdf
37
Figura 12 - Piaget, Vygotsky e Wallon 
Fonte: Wikipedia
Uma das abordagens mais recentes, o Cognitivismo, se apoia na 
ideia de que o comportamento humano pode ser entendido pelo modo 
de como as pessoas pensam. Tem como destaque a construção de um 
arcabouço teórico que visa especificar os processos mentais do organismo, 
com vistas a indicar as fases e as funções que são desenvolvidas nesse 
processo.
Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
38
SAIBA MAIS:
Assista ao vídeo “Cognitivismo: Teoria dos Esquemas”, 
produzido pelo Didatics. Essa teoria afirma que nosso 
conhecimento sobre o mundo está organizado em nossa 
mente em uma espécie de rede de saberes, uma rede que 
é constituída por aglomerados (esquemas) de informação 
que se interconectam. Disponível aqui. 
Podemos afirmar, portanto, que a Psicologia Cognitivista é 
correspondente ao estudo da capacidade de adquirir, organizar, 
relembrar e usar conhecimentos e informações que guiam e orientam 
os comportamentos humanos. Ainda, apesar de sua crítica, não rejeita 
em sua integralidade o behaviorismo, mas, alteram a ordem de sua 
perspectiva ao estudar como a mente por meio de diversas e variadas 
inferências resulta em uma atividade observável.
Conceitos-chave da Psicologia Cognitiva
Como primeiro conceito a ser destacado na Psicologia Cognitiva, 
temos a proposta de “modelos mentais”, esses que podem ser entendidos 
como a configuração das imagens, das abstrações, dos pressupostos e 
histórias que estruturam nossa mente. Operando no campo individual, tais 
configurações são específicas para cada sujeito e interferem em como ele 
percebe os outros e o mundo a sua volta, inclusive, operam no campo dos 
sentimentos. Tais configurações são denominadas cognições.
DEFINIÇÃO:
Palma (2009) define “cognições” como um conjunto de 
conhecimentos ou crenças a partir do qual as pessoas 
estabelecem estratégias para sua relação com o meio. São, 
portanto, pensamentos de uma pessoa e, também, suas 
percepções, avaliações, atitudes, lembranças, objetivos, 
padrões, valores, expectativas e atribuições. Nesse sentido, 
esses modelos mentais não apenas determinam como 
entendemos o mundo, mas, também, nossas ações. Ainda, 
estabelece a relação entre cérebro e cultura, demonstrando 
que a mente é reflexo da cultura e da história, mesclando 
em sua proposta o biológico, evolutivo, psicológico 
individual e cultural para a compreensão do homem. 
 Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
https://www.youtube.com/watch?v=N2eaGAg_aVI&t=177s
39
Dentre várias discussões, podemos destacar os seguintes conceitos 
para essa abordagem: 
Percepção - relaciona-se com o “recebimento” e o processamento 
da informação. Esse processamento pode ocorrer por diferentes sentidos: 
visual, olfativa, tátil, gustativa, auditiva e cinestésica. A percepção e o 
processamento estão intimamente ligados à cognição, afinal, são a base 
para a compreensão do mundo. 
Memória - é definida como a capacidade de registrar, armazenar 
e recordar as informações recebidas e processadas. Consiste em uma 
função mental e pode ser dividida em três processos: 
1. Codificação - captação e registro da informação.
2. Armazenamento - retenção da informação. 
3. Reprodução - recordar e utilizar a memória armazenada.
Linguagem - é relacionada com a capacidade emitir, receber e 
interpretar as informações. É uma habilidade exclusiva da espécie humana 
e, por meio dela, é possível estabelecer as interações entre sujeito, outros 
sujeitos e o meio. Seu desenvolvimento está relacionado diretamente 
com a cognição: na medida em que as funções mentais se desenvolvem, 
a linguagem se amplia em recursos e complexidade. 
Pensamento - é a capacidade de compreensão, formação e 
organização das ideias. É a ação perante aquilo que é “recebido”. Consiste 
na habilidade de manipular ideias e conceitos, estabelecendo relações, 
conexões e oposições. E que permite resolver problemas e tomar 
decisões. 
Cultura - que consiste no conjunto de ferramentas técnicas para 
entender seu mundo e agir sobre ele.
Narrativa - são estruturas do tempo que decorrência dos eventos 
e ações humanas de maior relevância. Impera no sentido de que não há 
apenas uma única interpretação. É a partir dela que é possível construir 
a realidade psicológica e cultural, que permeia a história real dos 
participantes. 
Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
40
De forma breve, propusemos conhecer a Psicologia Cognitiva e 
como ela objetiva seu estudo em relação à construção do saber. Dentre o 
que foi abordado na Unidade 02 e, agora, na Unidade 03, esperamos que 
você tenha avançado na compreensão do que é epistemologia e como 
as diferentes perspectivas permeiam e agem, direta ou indiretamente, na 
construção dos saberes relacionados à neuroeducação. 
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu 
mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de 
que você realmente entendeu o tema de estudo deste 
capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter 
aprendido que a Psicologia Cognitiva, como todas as que 
vimos até essa etapa de estudos, consiste em uma área 
de conhecimento que se propõe em estudar como as 
pessoas percebem, aprendem, lembram e pensam sobre 
as situações da vida. Que essa teoria objetiva investigar, 
dentre outras coisas, a relação entre os processos 
cognitivos e o comportamento humano. Ou seja, essa 
corrente de pensamento tem forte aproximação com a 
neuroeducação ao se debruçar em estudos sobre a mente 
e sua materialização em comportamentos. 
Ela pode ser entendida como uma área da psicologia que tem por 
finalidade estudar as funções mentais: pensamento, percepção, memória, 
entre outras, a fim de analisar como o sujeito percebe o mundo e como 
se desenvolvem suas funções cognitivas, por exemplo: falar, resolver 
problemas, memorizar, raciocinar, entre outras. Ainda, vimos que tem por 
base o modelo positivista como método para a investigação científica, 
trabalhando com a perspectiva de que há estados mentais internos, como 
crenças e motivações, que contrariam a perspectiva comportamental 
que se destacava. Nesse sentido, vimos que o organismo tem papel 
ativo e, como consequência, é capaz de elaborações complexas, por 
exemplo: realizar escolhas, utilizar estratégias,selecionar informações 
 Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
41
que armazena, ou seja, é capaz de operar na elaboração e não apenas 
em operações ligadas e determinadas. Destacamos que é fundamental 
reforçar que a Psicologia Cognitiva não é campo de apenas um teórico, 
mas, sim de vários, entre eles: Piaget, Wallon e Vygotsky que, se 
aproximam pela compreensão de que o sujeito é ativo no processo de 
construção do conhecimento. Assim, apesar de suas teorias apresentarem 
diferenças entre si, há convergência na busca pela compreensão de como 
a aprendizagem ocorre no que se refere às estruturas mentais do sujeito 
e sobre o que é preciso fazer para aprender. Como principal conceito, 
vimos as “cognições” que, consiste em um conjunto de conhecimentos 
ou crenças a partir do qual as pessoas estabelecem estratégias para 
sua relação com o meio. São, portanto, pensamentos de uma pessoa e, 
também, suas percepções, avaliações, atitudes, lembranças, objetivos, 
padrões, valores, expectativas e atribuições. Nesse sentido, esses 
modelos mentais não apenas determinam como entendemos o mundo, 
mas, também, nossas ações. Ainda, estabelece a relação entre cérebro 
e cultura, demonstrando que a mente é reflexo da cultura e da história, 
mesclando em sua proposta o biológico, evolutivo, psicológico individual 
e cultural para a compreensão do homem. 
Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação
42
REFERÊNCIAS
HABERMAS, J. Comentários à Ética do Discurso. Lisboa: Instituto 
Piaget, 1998.
HABERMAS, J. Más allá del Estado Nacional. México: Fondo de 
Cultura Económica, 2012.
MACEDO, V. M. Definições de prática pedagógica e a didática 
sistêmica: considerações em espiral. Revista Didática Sistêmica, Volume 
1, 1993.
PALMA, M.; PEREIRA, B.; VALENTINI, N. O desenvolvimento motor 
de pré-escolares com diferentes níveis de habilidade. In: RODRIGUES, L. 
et al. (eds.). Estudos em desenvolvimento motor da criança II. Viana do 
Castelo: Escola Superior de Educação, 2009b. p. 207-215.
SENGE, P. M. A Quinta Disciplina: Arte e Prática da Organização de 
Aprendizagem, 2 ed. São Paulo: Editora Best Seller Círculo do Livro, 2002.
 Atuação Interdisciplinar e Neuroeducação

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