Buscar

Artigo Educar para o trânsito - O uso de veículos automotores sem habilitação

Prévia do material em texto

FETRAN 
 
 
 
MARIA APARECIDA BARBOSA FARIA 
ROSEMEIRE FERNANDES PAIVA MAGALHÃES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EDUCAR PARA O TRÂNSITO 
O Uso de Veículos Automotores Sem Habilitação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pouso Alegre - MG 
2016 
 MARIA APARECIDA BARBOSA FARIA 
ROSEMEIRE FERNANDES PAIVA MAGALHÃES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EDUCAR PARA O TRÂNSITO 
O Uso de Veículos Automotores Sem Habilitação 
 
 
 
Artigo de relato de experiências, 
apresentado ao FETRAN, como parte das 
atividades para a conclusão do projeto na 
Escola Municipal Professora Maria 
Barbosa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pouso Alegre - MG 
2016 
RELATO DA EXPERIÊNCIA SOBRE O PROJETO EDUCAR PARA O TRANSITO 
Maria Aparecida Barbosa Faria1 
Rosemeire Fernandes Paiva Magalhães² 
RESUMO 
A participação de adolescentes e jovens no Trânsito brasileiro com idade inferior a 18 
anos e sem a carteira nacional de habilitação é um problema sério que, mesmo com tantas 
punições ainda acontece. No entanto, sabemos que esses adolescentes e jovens são sim 
condutores de veículos automotores. Desta forma o intuito deste artigo é analisar como é a 
participação dos adolescentes menores de idade, estudantes da Escola Municipal “Professora 
Maria Barbosa”, situada às margens da Rodovia Fernão Dias na zona rural do município de 
Pouso Alegre, o que, de certa forma, facilita e também impulsiona o uso dos veículos 
automotores sem habilitação. Realizamos uma pesquisa com adolescentes e jovens com idade 
entre 12 e 18 anos, que estudam no período matutino cursando o ensino fundamental II e no 
noturno com o Ensino Médio. A maior parte de nossos alunos reside em área rural e o uso de 
veículos automotivos, principalmente moto, para eles é normal. Foi realizado um questionário 
que possuía questões de múltiplas escolhas, aplicado individualmente, sem identificação dos 
colaboradores, houve também palestras de conscientização da importância da habilitação, 
exposição de trabalho, entrevistas, roda de conversa e gincana sobre o assunto. 
Palavras-chave: adolescentes, jovens, habilitação, trânsito. 
Educar para o Trânsito 
O trabalho relatado nesse artigo tem como objetivo contribuir com o processo ensino-
aprendizagem através de ações que estimulem a leitura, a expressão oral e a escrita em 
consonância com a realidade social e também sensibilizar os educandos quanto à importância 
de agir com consciência e responsabilidade. 
Educar para o Trânsito possibilita intervir em determinadas situações, procurando 
desenvolver ações para melhorar a qualidade de vida e tentar garantir mais segurança, com 
atitudes cooperativas e conscientes no trânsito. Um ambiente educacional deve propiciar a 
confrontação de pontos de vista divergentes, de concepções diferentes a respeito de uma 
mesma situação. 
Segundo PIAGET, assim é possível produzir conflito sócio cognitivos, mobilizando e 
forçando reestruturações intelectuais e, com isso, o progresso intelectual e emocional, pois a 
confrontação de ideias não significa uma competição, mas a exposição de pontos de vista 
divergentes - multidiversidade. 
Quando o ambiente educacional é do tipo cooperativo, melhoram o rendimento e a 
produtividade dos alunos. Os que trabalham em grupo são levados a refletir sobre o 
pensamento dos outros, respeitando e trocando informações, desta forma, as estratégias e os 
materiais da Educação para o Trânsito na nossa escola foram elaborados pensando no trabalho 
em grupo e na troca de informações e pontos de vista que são a base da cooperação. 
De acordo com o Art. 74, do CTB: “A educação para o trânsito é direito de todos e 
constitui dever prioritário para os componentes do Sistema Nacional de Trânsito”. 
Luckesi (1993) considera que: 
 
O educador democrático não pode negar-se o dever de, na sua prática 
docente, reforçar a capacidade crítica do educando, sua curiosidade, sua 
insubmissão. Essas condições implicam ou exigem a presença de educadores 
e educandos criadores, intrigadores, inquietos, rigorosamente curiosos, 
humildes, persistentes. (p. 29) 
 
O trânsito é um direito de todos, englobando o direito de ir e vir com segurança, de 
acordo com o Código de Trânsito Brasileiro – CTB (1997). Podemos entender o sistema de 
trânsito como o deslocamento das pessoas nas vias, utilizando algum veículo motorizado ou 
não, incluindo as questões relativas à acessibilidade e deslocamentos. Desse ponto de vista, o 
trânsito se amplia ao conceito de mobilidade humana, cujo bem maior é o ser humano 
(Moretzsohn & Macedo, 2005). 
A Educação, portanto, deve criar condições para que o aluno construa seu 
conhecimento, crie, questione e coloque em prática o que aprendeu no dia a dia, levando em 
conta cultura, sentimentos e valores. 
 
O Uso de Veículos Automotores sem Habilitação 
O trabalho que se propôs com a inclusão da educação para o trânsito aconteceu 
utilizando temáticas que se inter-relacionem nos diversos momentos do processo ensino 
aprendizagem, pois o trânsito, como outras situações do cotidiano, é composto por diversos 
elementos que estão inter-relacionados. 
O primeiro momento foi feito para sensibilizar cada aluno a ver-se como parte deste 
processo, através de uma pesquisa onde os alunos trariam para a escola informações de 
parentes falecidos em acidentes com veículos automotivos e o porquê desta fatalidade. 
Descobrimos que uma parte dos acidentes foi causada por pessoas que não possuíam 
habilitação ou que estavam sem os equipamentos de segurança necessários, como por 
exemplo, o capacete. 
Educar para o trânsito é, antes de qualquer coisa, a transformação de posturas 
adquiridas ao longo dos anos, mas para isso é preciso entender o trânsito por completo. 
Mediante essa situação foi elaborada uma pesquisa através de um questionário sem 
identificação para todos os alunos onde pudéssemos descobrir quantos alunos do sexto ao 
nono ano do turno da manhã sabem dirigir, quantos fazem uso de veículos automotivos sem 
habilitação, se na família tem alguém que dirige sem habilitação, se julgam ou não importante 
ter habilitação. 
O resultado foi melhor do que esperávamos. A maioria dos alunos não faz uso de 
veículos automotivos e nem sabe dirigir. Temos alunos e familiares que fazem uso de veículos 
automotivos sem habilitação, mas a maioria quer regularizar essa situação quando tiverem 
idade e estão conscientes de que isso é uma infração grave. Apenas uma minoria não se 
importa em regularizar sua situação. 
Com os alunos do Ensino Médio do turno da noite foi realizada uma pesquisa 
específica sobre o uso de motocicletas sem habilitação que é um problema sério na nossa 
comunidade devido ao baixo custo e a facilidade para aquisição da mesma. Foi perguntado 
aos alunos nessa entrevista que não tinha identificação: Por que os adolescentes começam a 
pilotar motos antes dos dezoito anos e sem habilitação?, Por que mesmo após dezoito anos 
não se preocupam em regularizar essa situação? Por que os pais permitem os filhos dirigirem 
sem habilitação?. As repostas nos mostraram que a maioria dos alunos começa a dirigir por 
necessidade, para ajudar os pais na lavoura e até para chegar ao ponto de ônibus mais próximo 
para poderem vir estudar devido à distância de suas residências da escola mediante essa 
situação acabam se acomodando, mas estão conscientes que isso é uma infração grave. 
Após o resultado desses questionários foram realizadas palestras de conscientização e 
esclarecimentos sobre o assunto onde contamos com a parceria do Auto Pista Fernão Dias, 
SEST SENAT e do departamento de trânsito do nosso município (FIG. 1,ANEXO 1). Foi 
realizada também uma gincana sobre o que foi falado nas palestras para fixação de uma 
maneira lúdica (FIG. 6, ANEXO 3). Tivemos também uma roda de conversa com 
representantes da Polícia Rodoviária Federal para esclarecimento de dúvidas dos alunos, onde 
foi feito umtrabalho prévio em sala de aula para escolha das perguntas e dos representantes 
para essa roda, sendo que posteriormente esses alunos representantes foram multiplicadores 
para seus colegas do que foi falado. A participação dos alunos surpreendeu tanto a equipe 
pedagógica quanto os policiais que participaram desse momento tão rico. Os alunos sugeriram 
uma roda de conversa por sala da próxima vez, pois todos queriam participar dessa roda de 
conversa com os policiais (FIG.2 ANEXO 1. FIG. 3,ANEXO 2). . Os alunos representantes 
participaram ativamente da conversa questionando, ouvindo atentamente e anotando tudo que 
os policiais falavam. No outro dia repassaram com sucesso o resultado para os colegas de sala 
ressaltando a riqueza da roda de conversa. 
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (2001): 
 
Expressar-se oralmente é algo que requer confiança em si mesmo. Isso se 
conquista em ambientes favoráveis à manifestação do que se pensa, do que 
se é, do que se sente. Assim, o desenvolvimento da capacidade de expressão 
oral do aluno depende consideravelmente de a escola constituir-se num 
ambiente que respeite e acolha a vez e a voz, a diferença e a diversidade. (p. 
49) 
 
Para solidificar a produção do conhecimento realizamos atividades diversificadas, tais 
como: Exposição de Desenho, Frases e Textos; Teatro; Exposição de Painéis, além de outras 
ações que tiveram como base o desenvolvimento da leitura, expressão oral e escrita (FIG. 
4,ANEXO 2. FIG. 5,ANEXO 3). 
Nosso trabalho não termina aqui, de acordo com o inciso 2° do Artigo 1° do Código de 
Trânsito Brasileiro (2001) “O Trânsito em condições seguras é um direito de todos e dever 
dos órgãos componentes do Sistema Nacional de Trânsito, adotar medidas e assegurar este 
direito”. Cabe à escola difundir as principais atitudes a serem adotadas pelos alunos, assim 
como, repassar informações aos pais e aos comunitários enquanto atores que exercem o papel 
de pedestres, motoristas, ciclistas, passageiros e motociclistas. 
Sendo assim, foi feita uma reunião com membros da comunidade, Polícia Rodoviária 
Federal, Autopista Fernão Dias, Escola Municipal Santo Antônio localizada no bairro Cruz 
Alta também localizada às margens da rodovia Fernão Dias e Escola Municipal São Benedito 
localizada no bairro Massaranduba para formarmos parcerias com a finalidade de tirar o 
projeto dos muros da escola e chegar até as famílias (FIG.7 ,ANEXO 4). 
. Ficaram acordadas nessa reunião as seguintes ações: 
1º Faremos uma conscientização através da entrega de panfletos pelos agentes 
comunitários cedidos pela Autopista Fernão Dias no mês de setembro para os pais dos alunos. 
2º Os alunos das escolas que formaram parceria e com a nossa escola farão cartinhas 
para os pais falando o que aprenderam sobre segurança no trânsito e estas serão entregues aos 
pais por eles mesmos em outubro na semana da criança. 
3º Finalizaremos o projeto Educar para o Trânsito desse ano com um evento no 
barracão da comunidade Cruz Alta onde chamaremos os pais para participarem de uma 
palestra de conscientização sobre segurança no trânsito e prestigiarem a apresentação de peças 
teatrais sobre o trabalho realizado na escola, onde nossos alunos serão os atores. No final os 
alunos entregarão mensagens confeccionadas por eles com alertas e lembretes de 
conscientização para um trânsito mais seguro. 
 
Considerações Finais 
Sabemos que a situação atual do trânsito é um problema de educação, tanto do 
motorista quanto do pedestre. Portanto faz-se necessário disseminar as regras de trânsito nas 
escolas, uma vez que os alunos todos são pedestres e em sua maioria, irão conduzir 
automóveis no futuro. O desenvolvimento que vem da tomada de consciência desses 
problemas gera a mudança de comportamento, em que a pessoa torna-se mais compreensiva e 
cooperativa. 
 
A orientação para o trânsito, trabalhada de forma multidisciplinar em nossa escola, 
permitiu uma maior reflexão dos alunos e professores acerca das imprudências cometidas no 
trânsito, por motoristas e pedestres. Relatar essa experiência e levá-la às comunidades 
vizinhas contribuirá não só para a aprendizagem dos nossos alunos, mas também para o 
desenvolvimento de competências e habilidades para a formação do cidadão consciente e 
comprometido. 
Este é um trabalho de formiguinha que não para com o final desse projeto. Nossa 
escola em parceria com o FETRAN continuará desenvolvendo projetos que possam ajudar no 
desenvolvimento e na conscientização dos nossos alunos e consequentemente das famílias dos 
mesmos. 
 
 
Referências 
BRASIL. Código Nacional de Trânsito. Código de Trânsito Brasileiro: instituído pela Lei nº 
9.503, de 23-9-97. Com as alterações na Lei nº 9.792, de 22-01-1998 e 9.792, de 14-04- 1999 
– Brasília: DENATRAN, 2001. 
FREIRE, Paulo. A Importância do Ato de Ler: em três artigos que se complementam. São 
Paulo: Cortez, 1982. 
LUCKESI. Avaliação na Aprendizagem Escolar: Estudos e Proposições. 3. ed. São Paulo: 
Autores Associados, 1993. 
 
 MORETZSOHN, R. F. & Macedo, G. M. (2005). Psicologia e trânsito: compromisso social 
com a mobilidade humana. Acesso em: em 29 de agosto de 2016, de 
http://www.pol.org.br/pol/; 9:35 h. 
 
PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS: Língua Portuguesa / Ministério da Educação. 
Secretaria da Educação fundamental três. ed. Brasília, 2001. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.pol.org.br/pol/
ANEXOS 1 
 
(FIGURA 1, foto da palestra de sensibilização onde os alunos puderam participar de uma simulação de 
sobre primeiros socorros) 
 
 
(FIGURA 2, foto do momento da roda de conversa com os representantes da Policia Rodoviária Federal.) 
 
ANEXO 2 
 
 
(FIGURA 3, Foto do momento da roda de conversa com os representantes da Policia Rodoviária Federal.) 
 
 
(FIGURA 4, Foto do momento da confecção dos trabalhos para exposição) 
 
 
 
ANEXO 3 
 
(FIGURA 5, Foto do momento da organização dos trabalhos para exposição.) 
 
 
(FIGURA 6, foto do momento da gincana sobre assuntos referentes a segurança no trânsito) 
 
ANEXO 4 
 
 
(FIGURA 7, foto da reunião com os membros da comunidade, Fetran e Auto Pista onde ficaram 
acordadas as ações finais que envolverão a família)

Continue navegando