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UNIDADEIII CERTIFICAÇÃO, GESTÃO E CADASTRO CAPÍTULO 1 A governança e o georreferenciamento Georreferenciamento de imóveis rurais As novas fronteiras alcançadas pela tecnologia aplicada à informação geográfica tornaram a localização espacial uma operação relativamente simples para os profissionais da topografia. Na descrição dos imóveis rurais, a coleta de dados georreferenciados pelos sistemas GNSS, que operam basicamente com a capacidade de medição das distâncias entre os receptores em solo e os satélites em órbita, possibilita a determinação precisa de um ponto na superfície terrestre. O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA possui norma específica para o georreferenciamento de imóveis rurais, em sua terceira edição, que exara as condições mínimas exigíveis para a execução de serviços correlatos ao georreferenciamento em propriedades rurais públicas ou privadas. “O imóvel rural a ser considerado nos serviços de georreferenciamento é aquele objeto do título de domínio, bem como aquele passível de titulação.” (INCRA, 2013:2). CAPÍTULO 1 A governança e o georreferenciamento Georreferenciamento de imóveis rurais Segundo a norma técnica para georreferenciamento de imóveis rurais (2013), a identificação de um imóvel rural público ou privado acontece pela correta descrição dos seus limites, sendo que esses são segmentos de retas interligados por vértices codificados e georreferenciados. Hoje, as coordenadas dos vértices limítrofes dos imóveis rurais são referenciadas pelo sistema de referência geocêntrico para as Américas (SIRGAS2000). “A correta aplicação desta norma está condicionada às especificações dos seguintes documentos: a) Manual Técnico de Limites e Confrontações [...] b) Manual técnico de Posicionamento [...]”. (INCRA, 2013:1). Todo o profissional que desenvolver trabalhos de georreferenciamento de imóveis rurais deverá ser credenciado pelo INCRA, após envio de certidão específica expedida pelo CREA que tenha registro ou visto, assumindo a responsabilidade técnica pelos serviços prestados, comprovado pela ART (anotação de responsabilidade técnica) de execução. “[...] Somente está apto a ser credenciado o profissional habilitado pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA), para execução de serviços de georreferenciamento de imóveis rurais.” (INCRA, 2013:4). As coordenadas dos vértices definidores dos limites do imóvel devem ser referenciadas ao SGB, vigente na época da submissão do trabalho. Atualmente adota-se o Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas (SIRGAS), em sua realização do ano 2000 (SIRGAS2000), conforme especificações constantes na resolução no 01, de 25 de fevereiro de 2005, do Presidente da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). [...] A determinação dos valores de coordenadas deve ser realizada em consonância com o Manual Técnico de Posicionamento. (INCRA, 2013:3) Leis, Normas e Manuais de interesse para georreferenciamento e certificação de imóveis rurais Lei no 6.015/1973 Dispõe sobre os registros públicos, e dá outras providências. Lei no 10.267/2001 Altera dispositivos das leis 4.497/1966; 5.868/1972; 6.015/1973; 6.739/1979; 9.393/1996. Decreto no 4.449/2002 Regulamenta a lei 10.267/2001, que altera dispositivos das leis 4.947/1966; 5.868/1972; 6.015/1973; 6.739/1979; e 9.393/1966. NTGIR/2003 Norma técnica para georreferenciamento de imóveis rurais 1a edição – INCRA. Decreto no 5.570/2005 Dá nova redação a dispositivo do Decreto no 4.449/2002. NEI no 80 Norma de execução INCRA n o 80 – estabelece diretrizes e procedimentos referentes a certificação e atualização cadastral de imóveis rurais. Lei no 11.952/2009 Dispõe sobre a regularização fundiária das ocupações incidentes em terras situadas em áreas da União, no âmbito da Amazônia Legal. NTGIR/2010 Norma técnica para georreferenciamento de imóveis rurais 2a edição – INCRA. NEI no 92 Norma de execução INCRA n o 92 – estabelece as diretrizes e procedimentos referentes à certificação e atualização de imóveis rurais no INCRA. NEI no 96 Norma de execução INCRA n o 96 – estabelece as diretrizes e procedimentos referentes à certificação de imóveis rurais no INCRA. NTGIR revisada Norma técnica para georreferenciamento de imóveis rurais 2a edição revisada – INCRA. Decreto no 7.620/2011 Altera o art. 10 do decreto no 4.449/2002, que regulamenta a lei no 10.267/2001. NEI no 105 Norma de execução INCRA n o 105 – regulamenta o procedimento de certificação da poligonal objeto de memorial descritivo de imóveis rurais. MTP/2013 Manual técnico de posicionamento: georreferenciamento de imóveis rurais. MTLC/2013 Manual técnico de limites e confrontações: georreferenciamento de imóveis rurais, 1a edição. MSIGEF Manual eletrônico do sistema de gestão fundiária: governança fundiária do território nacional. Decreto – lei no 243/1967 Fixa as diretrizes e bases para a cartografia brasileira. Quadro 4. Leis, Normas e Manuais. A seguir (quadro 5), uma adaptação de uma série de questionamentos encontrados no site do Conselho Federal Colégio Notarial do Brasil, disponível em: <http://www.notariado.org.br/index.php?pG=X19leGliZV9ub3RpY2lhcw==&in=MzQ0Mg==&filtro=9&Dat a=>, sobre o georreferenciamento de imóveis rurais. Acessado em: 30/3/2016 Quais imóveis devem ser georreferenciados? Todos os imóveis rurais do Brasil sejam públicos ou privados. Qual a obrigatoriedade do georreferenciamento? O decreto no 4.449/2002 definiu o cronograma de enquadramento anual em relação à área do imóvel rural. A partir de 31/10/2004 foram enquadrados todos os imóveis com mais de 500 ha e, a partir de 31/10/2005 foram enquadrados todos os imóveis rurais do Brasil. A partir do enquadramento, a exigência do prévio georreferenciamento será manifestada pelo Oficial do Registro de Imóveis, quando o proprietário solicitar o registro de desmembramento, fracionamento, remembramento ou qualquer caso de transmissão do imóvel na respectiva matrícula do imóvel (art. 3o, lei no 10.267/2001). A escrituração de um imóvel rural depende do georreferenciamento? As escriturações são realizadas nos cartórios e tabelionatos, sendo que a lei não cria qualquer exigência para sua formalização. Quem pode executar o georreferenciamento de imóveis rurais? Profissionais com registro/visto nos CREAs e credenciados no INCRA, esses profissionais devem fazer a anotação de responsabilidade técnica – ART do serviço prestado. Como posso verificar se o profissional é habilitado? O INCRA divulga publicamente em seu site a relação de todos os profissionais credenciados pelo órgão para o georreferenciamento de imóveis rurais. Quando uma propriedade é cortada por uma estrada como é a demarcação? Se esse elemento for um bem público (municipal, estadual ou federal) a matrícula do imóvel será obrigatoriamente georreferenciada em duas partes descontínuas, cada parte com um polígono. Quais serviços estão envolvidos em um georreferenciamento de um imóvel rural? a)planejamento: análise da documentação e da legislação, consultas aos órgãos envolvidos e a definição do que e como georreferenciar. a)demarcação: reconhecimento dos limites, a monumentação e codificação dos vértices e a formalização do termo de concordância dos limites confrontantes. a)medição: efetivo transporte das coordenadas dos marcos do IBGE até cada vértice, seguindo os métodos e precisões estabelecidos em norma. a)relatório: descrição dos trabalhos, resultados alcançados, geração dos produtos (planta, memorial descritivo e arquivos de controle) e requerimento de certificação. a)certificação: devido acompanhamento junto ao INCRA e atendimento das eventuais diligências. O que o INCRA certifica? As conformidades dos trabalhos técnicos executados pelo profissional habilitado e certificado, com referência a Norma Técnica para o Georreferenciamento de imóveis Rurais. Tendo como produto final a planta e o memorial descritivo da propriedade, com a descrição das medidas e confrontações decada lado do perímetro e os pares de coordenadas de todos os vértices. O que acontece após a certificação pelo INCRA? A planta e o memorial descritivo certificado, juntamente com as declarações de concordância dos confrontantes com os limites demarcados são apresentados ao Oficial de Registro de Imóveis que tenha solicitado o georreferenciamento. Após a verificação e confirmação pelo Oficial cartorário, esse transcreverá o memorial descritivo para a matrícula do imóvel ou abrirá nova matrícula conforme o caso. Como é georreferenciada uma propriedade composta por diversas matrículas? Em registro de imóvel cada propriedade corresponde a uma matrícula, ou a somatória dessas quando do desmembramento. Cada matrícula deve ser demarcada individualmente e georreferenciada individualmente. Caso essas propriedades sejam contínuas entre si, o proprietário poderá optar pelo remembramento, ou seja, a unificação total da propriedade em uma matrícula, ou em uma nova matrícula. Criada pela lei 10.267/2001, a certificação de imóveis rurais é um processo feito com exclusividade pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA. Trata-se de um documento exigido para as alterações de área ou de titularidade nos cartórios de registro de imóveis. Compõe a certificação a planta georreferenciada do imóvel rural. “O INCRA comunicará, mensalmente, aos serviços de registros de imóveis os códigos dos imóveis rurais decorrentes de mudança de titularidade, parcelamento, desmembramento, loteamento e unificação [...]”. (Art. 5o, decreto 5570/2005). Certificação de imóveis rurais Figura 16. Print Scrn da tela do INCRA / Certificação. Fonte: <certificacao.incra.gov.br/certificação>. Em <incra.gov.br/estrutura-fundiaria/regularizacao-fundiaria/certificacao> pode-se consultar as relações de imóveis rurais certificados pelo órgão, por suas regionais ou por agentes cadastrados e autorizados pela autarquia. Nesse mesmo caminho “URL” é possível acessar diversos arquivos em extensão “PDF”, a saber, os principais manuais e normas técnicas para o georreferenciamento de imóveis rurais, como exemplo, a terceira edição da norma para o georreferenciamento de imóveis rurais; o manual técnico de posicionamento; o manual técnico de limites e confrontações; entre outros. Na certificação do imóvel rural é emitido documento que valida e comprova o cadastramento, o CCIR – certificado de cadastro de imóvel rural. De acordo com a autarquia, esse é indispensável para o desmembramento de terra, para o arrendamento da propriedade, para hipotecar, vender ou prometer em venda. É também indispensável para a homologação de partilha amigável ou judicial (sucessão causa mortis), e para a concessão de crédito agrícola por bancos e agentes financeiros. Importante salientar que os dados constantes nesse certificado são apenas cadastrais, esses não legitimam direitos de domínio e de posse. Figura 17. Imóveis certificados – INCRA. Fonte: Adaptado de: <certificacao.incra.gov.br>. SIGEF – Sistema de Gestão Fundiária Trata-se de um sistema desenvolvido pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA e Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA. Por meio desse programa que são realizados os recebimentos, as validações, as organizações, as regularizações e as disponibilizações dos georreferenciamentos dos limites e poligonais dos imóveis rurais. O Sistema de Gestão Fundiária (SIGEF) é uma ferramenta eletrônica desenvolvida pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) para subsidiar a governança fundiária do território nacional. Por ele são efetuadas a recepção, validação, organização, regularização e disponibilização das informações georreferenciadas de limites de imóveis rurais, públicos e privados. O projeto SIGEF foi apresentado pela Câmara Técnica de Ordenamento Territorial, Regularização Fundiária e Gestão Ambiental do Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Xingu (PDRS Xingu). O desenvolvimento do projeto é coordenado pela SERFAL/MDA, com especificação em parceria com o INCRA, que contribuiu com o conhecimento previamente acumulado para o projeto de certificação automatizada e- Certifica. Por meio do SIGEF são realizadas a certificação de dados referentes a limites de imóveis rurais (§ 5o do art. 176 da Lei no 6.015, de 31 de dezembro de 1973) e a gestão de contratos de serviços de georreferenciamento com a administração pública, compreendendo: a) Credenciamento de profissional apto a requerer certificação; b) Autenticidade de usuários do sistema com certificação digital, seguindo padrões da Infraestrutura de Chaves Públicas (ICP-Brasil); c) Recepção de dados georreferenciados padronizados, via internet; d) Validação rápida, impessoal, automatizada e precisa, de acordo com os parâmetros técnicos vigentes; e) Geração automática de peças técnicas (planta e memorial descritivo), com a possibilidade de verificação de autenticidade online; f) Gerência eletrônica de requerimento relativos a parcelas: certificação, registro, desmembramento, remembramento, retificação e cancelamento; g) Possibilidade de inclusão de informações atualizadas do registro de imóveis... (matrícula e proprietário) via internet, permitindo a efetiva sincronização entre os dados cadastrais e registrais; h) Gestão de contratos de serviços de georreferenciamento com a administração pública, com acesso para órgãos públicos, empresas, responsáveis técnicos e fiscais; i) Pesquisa pública de parcelas certificadas, requerimento e credenciados. (SIGEF.INCRA.GOV.BR). Figura 18. Entendendo o processo. Fonte: <sigef.incra.gov.br>. Outro aspecto importante a ser observado nos levantamentos de controle diz respeito às janelas de observação, que é a determinação dos satélites que estarão visíveis (vide: www.trimble.com/GNSSPlanningOnline) no período de captação de informações do levantamento. Essas janelas de observações de satélites podem ser determinadas usando-se almanaques dos sistemas GNSS. Figura 13. Janela de observação GNSS. Fonte: <http://freegeographytools.com/2007/determining-local-gps-satellite-geometry-effects-on-position-accuracy>. A Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo dos sistemas GNSS - RBMC é necessária para se alcançar a mais alta ordem de precisão no posicionamento dos levantamentos por satélites. Com isso, os trabalhos topográficos e geodésicos possuem maior acurácia, agilidade e economicidade. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (ibge.gov.br), para as aplicações em trabalhos geodésicos e topográficos está implícito o método relativo de levantamento, ou seja, ao menos uma estação de coordenadas conhecidas é ocupada de forma simultânea com os pontos aferidos. Dessa maneira, as estações que compõem a RBMC fazem o papel do ponto de coordenada conhecido pertencentes ao Sistema Geodésico Brasileiro – SGB. Com isso, não é necessária a imobilização de um receptor GNSS, pois as estações da rede brasileira de monitoramento contínuo dos sistemas GNSS são de altíssimo desempenho, proporcionando observações de grande acurácia e confiabilidade. Estações de referência As estações da RBMC são materializadas através de pinos de centragem forçada, especialmente projetados, e cravados em pilares estáveis. A maioria dos receptores da rede possui a capacidade de rastrear satélites GPS e GLONASS, enquanto alguns rastreiam apenas GPS. Esses receptores coletam e armazenam continuamente as observações do código e da fase das ondas portadoras transmitidos pelos satélites das constelações GPS ou GLONASS. Cada estação possui um receptor e antena geodésica, conexão de Internet e fornecimento constante de energia elétrica que possibilita a operação contínua da estação. As coordenadas das estações da RBMC são outro componente importante na composição dos resultados finais dos levantamentos a ela referenciados. Nesse aspecto, a grande vantagem da RBMC é que todas as suas estaçõesfazem parte da Rede de Referência SIRGAS (Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas), cujas coordenadas finais têm precisão da ordem de ± 5 mm, configurando-se como uma das redes mais precisas do mundo. Outro papel importante da RBMC é que suas observações vêm contribuindo, desde 1997, para a densificação regional da rede do IGS (International GPS Service for Geodynamics), garantindo uma melhor precisão dos produtos do IGS – tais como órbitas precisas – sobre o território brasileiro. (IBGE.GOV.BR) Figura 14. RBMC – Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo. Fonte: <ibge.gov.br>. O marco geodésico é a materialização física para os trabalhos geodésicos, permitindo a perenidade das informações, subsidiando os profissionais nos levantamentos posteriores. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, uma das suas ações desenvolvidas é o estabelecimento de um conjunto homogêneo de marcos geodésico com altitudes de alta precisão para todo o território nacional, formalmente conhecido como Rede Altimétrica de Alta Precisão (RAAP) do Sistema Geodésico Brasileiro (SGB). De acordo com o IBGE, a maior parte das altitudes da Rede Altimétrica de Alta Precisão– RAAP refere-se ao Datum de Imbituba (ao nível médio do mar no Porto de Imbituba em SC) entre os anos de 1949 e1957. Arede Maregráfica Permanente para Geodésica – RMPG tem a finalidade de determinação e acompanhamento da evolução temporal e espacial dos dados altimétricos do Sistema Geodésico Brasileiro. Em operação (Quadro 3), com observações convencionais e digitais, uma sexta estação maregráfica será instalada no porto de Belém, região Norte do Brasil, permitindo que o nível médio do mar seja determinado em toda a costa brasileira. ESTAÇÃO CÓDIGO SANTANA – AMAPÁ EMSAN FORTALEZA – CEARÁ EMFOR SALVADOR – BAHIA EMSAL MACAÉ – RIO DE JANEIRO EMMAC IMBITUBA – SANTA CATARINA EMIMB Quadro 3. Estações Estabelecidas – RMPG. Fonte: Adaptado de: <ibge.gov.br>. Figura 15. RMPG – Rede Maregráfica Permanente para Geodésia. Fonte: <ibge.gov.br>. Estamos à disposição! Número do slide 1 Número do slide 2 Número do slide 3 Número do slide 4 Número do slide 5 Número do slide 6 Número do slide 7 Número do slide 8 Número do slide 9 Número do slide 10 Número do slide 11 Número do slide 12 Número do slide 13 Número do slide 14 Número do slide 15 Número do slide 16 Número do slide 17 Número do slide 18 Número do slide 19 Número do slide 20 Número do slide 21 Número do slide 22 Número do slide 23 Número do slide 24 Número do slide 25
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