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PRIVAÇÃO DE LIBERDADE NO BRASIL: modelo institucional e jurídico MÓDULO 1 Questões históricas e introdutórias sobre a prisão EXPEDIENTE BY NC ND GOVERNO FEDERAL Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva Vice-Presidente da República Geraldo José Rodrigues Alckmin Filho Ministro da Justiça e Segurança Pública Flávio Dino de Castro e Costa Secretário da Secretaria Nacional de Políticas Penais – SENAPPEN Rafael Velasco Brandani Diretora da Escola Nacional de Serviços Penais – ESPEN Stephane Silva de Araújo Equipe ESPEN Haynara Jocely Lima de Almeida Italo Rodrigues dos Santos UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA Coordenação Geral Luciano Patrício Souza de Castro Financeiro Fernando Machado Wolf Consultoria Técnica EaD Giovana Schuelter Coordenação de Produção Caroline Daufemback Henrique Francielli Schuelter Coordenação de AVEA Andreia Mara Fiala Revisão Textual Supervisão: Evillyn Kjellin Victor Rocha Freire Silva Vivianne Oliveira Rodrigues Design Instrucional Supervisão: Milene Silva de Castro Joyce Regina Borges Design Gráfico Supervisão: Mary Vonni Meürer de Lima Airton Jordani Jardim Filho Cleber da Luz Monteiro Giovana Aparecida dos Santos Guilherme Comerão Stecca Almeida Julia Morato Leite Lucas Renata Cristina Gonçalves Sonia Trois Tiago Augusto Paiva Programação Supervisão: Alexandre Dal Fabbro Luan Rodrigo Silva Costa Luiz Eduardo Pizzinatto Audiovisual Supervisão: Rafael Poletto Dutra Angie Luiza Moreira de Oliveira Arthur Pereira Neves Dilney Carvalho da Silva Eduardo Corrêa Machado Kimberly Araujo Lazzarin Marcelo Vinícius Netto Spillere Marília Gabriela Salomao Dauer Maycon Douglas da Silva Apresentação Áureo Mafra de Moraes Conteúdo Carlos André dos Santos Pereira Todo o conteúdo do curso Privação de liberdade no Brasil: modelo institucional e jurídico, da Secretaria Nacional de Políticas Penais do Ministério da Justiça e Segurança Pública do governo federal — 2022, está licenciado sob a Licença Pública Creative Commons Atribuição — Não Comercial — Sem Derivações 4.0 Internacional. Para visualizar uma cópia desta licença, acesse: https://creativecommons.org/licenses/ by-nc-nd/4.0/deed. https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed ESCLARECIMENTO A partir de 1º de janeiro de 2023, o Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN) passou a ser denominado Secretaria Nacional de Políticas Penais (SENAPPEN), instituída pelo Art. 59 da Medida Provisória nº 1.154; porém, devido ao fato de o material deste curso ter sido produzido antes da vigência da referida medida provisória, há conteúdos em que a atual SENAPPEN é mencionada como DEPEN. É possível, ainda, que outros órgãos gover- namentais federais citados nos materiais, como ministérios, secretarias e departamentos, disponham de uma nova estrutura regimental e uma nova nomenclatura e sejam mencionados de maneira diferente da atual. SUMÁRIO Apresentação ................................................................................................................................................5 Objetivos do módulo 5 Unidade 1: Questões introdutórias sobre a prisão ..................................8 Unidade 2: Elementos históricos da prisão .....................................................11 2.1 Antiguidade 11 2.2 Idade Média 12 2.3 Idade Moderna 14 Unidade 3: Evolução da prisão no Brasil .............................................................19 Unidade 4: Crítica às prisões ..............................................................................................24 Síntese do Módulo .............................................................................................................................. 29 Referências ...................................................................................................................................................30 PRIVAÇÃO DE LIBERDADE NO BRASIL: MODELO INSTITUCIONAL E JURÍDICO MÓDULO 1 | Questões históricas e introdutórias sobre a prisão 5 APRESENTAÇÃO Olá, cursista! Seja bem-vindo(a) ao primeiro módulo do curso Privação de Liberdade no Brasil: modelo institucional e jurídico! Neste módulo, iremos identificar o modelo de pena aplicada em cada período histórico, isto é, nas eras antiga, medieval e moderna, bem como caracterizar os aspectos históricos relacionados à evolução desses mo- delos em cada uma dessas eras. Juntamente a isso, vamos caracterizar o surgimento e a evolução da pena de privação de liberdade por meio das prisões. Como será relatado a seguir, veremos que nem sempre a prisão era, em si, um fim, pois tratava-se de um meio para que se chegasse à punição real, ligada principalmente ao castigo aplicado ao corpo. Também veremos que o processo de punição evoluiu, e o que era meio passou a ser fim, ou seja, alcançamos a era da privação da liberdade do indivíduo como punição pelo cometimento de crimes. Ao longo do módulo, também iremos identificar aspectos históricos e legislações relacionadas à evolução das prisões no Brasil, de modo a compreender a construção de presídios como temos hoje. Por fim, vamos avaliar criticamente a pertinência das prisões como forma de reduzir a violência. É importante destacar desde já que não há intenção de esgotar, por meio deste módulo, os aspectos históricos da prisão, pois a literatura sobre o tema é vasta, assim como o entendimento sobre os acontecimentos que justificam a pena de prisão como conhecemos nos dias de hoje. Bons estudos! Objetivos do módulo • Demonstrar o modelo de pena aplicada em cada período histórico. • Caracterizar os aspectos históricos relacionados à evolução do modelo de pena aplicada em cada período histórico. • Caracterizar o surgimento e evolução da pena de privação de liberdade por meio das prisões. PRIVAÇÃO DE LIBERDADE NO BRASIL: MODELO INSTITUCIONAL E JURÍDICO MÓDULO 1 | Questões históricas e introdutórias sobre a prisão 6 • Apresentar aspectos históricos e legislações relacionadas à evolução das prisões no Brasil. • Demonstrar a justificativa do modelo de prisão adotado pelo Brasil. UNIDADE 1 Questões introdutórias sobre a prisão PRIVAÇÃO DE LIBERDADE NO BRASIL: MODELO INSTITUCIONAL E JURÍDICO MÓDULO 1 | Questões históricas e introdutórias sobre a prisão 8 1. QUESTÕES INTRODUTÓRIAS SOBRE A PRISÃO A prisão surge como subterfúgio em meio ao processo de demonstração de poder do soberano sobre o indivíduo, sem quase nenhuma justifi- cativa teórica. Assim, o surgimento da prisão procede ao momento histórico em que os meios punitivos e coercitivos existentes avançavam sobre o castigo do corpo sob a forma de demonstração do poder do soberano, que via na prática do crime uma ofensa à sociedade e à sua figura de poder. Relatos de Foucault (1999) apontam que o castigo não pode ser iden- tificado nem medido como reparação do dano; deve haver sempre na punição pelo menos uma parte, que é a do príncipe, ou seja, implica de um lado na reparação do prejuízo que foi trazido ao reino, mas de outro, na vingança de uma afronta a pessoa do rei. Vejamos a seguir um exemplo de punição nessa época, descrito por Foucault (1999). “[Damiens fora condenado, a 2 de março de 1757], a pedir perdão publicamente diante da poria principal da Igreja de Paris [aonde devia ser] levado e acompanhado numa carroça, nu, de camisola, carregando uma tocha de cera acesa de duas libras; [em seguida], na dita carroça, na praça de Greve, e sobre um patíbulo que aí será erguido, atenazado nos mamilos, braços, coxas e barrigas das pernas, sua mão direita segurando a faca com que cometeu o dito parricídio, queimada com fogo de enxofre, e às partes em que será atenazado se aplicarão chumbo derretido, óleo fervente, piche em fogo, cera e enxofre derretidos conjuntamente, e a seguir seu corpo será puxado e desmembrado por quatro cavalos e seus membros e corpo consu- midos ao fogo, reduzidos a cinzas, e suas cinzas lançadas aovento.” (FOUCAULT, 1999, p. 8). PRIVAÇÃO DE LIBERDADE NO BRASIL: MODELO INSTITUCIONAL E JURÍDICO MÓDULO 1 | Questões históricas e introdutórias sobre a prisão 9 Depois de mais de dois séculos, houve mudanças no estilo de pena, com o desaparecimento dos suplícios e a aplicação da prisão como resposta social. Dessa maneira, a prática punitiva que descarregava a fúria e vingança do soberano no corpo do condenado como forma de punição deixa de existir. Assim, desaparece o corpo supliciado, esquartejado, amputado, dado como espetáculo nas praças públicas. Esse movimento significou uma nova redistribuição da maneira de punir, devido aos escândalos da justiça tradicional e às exigências sociais aos projetos de reforma, pois o suplício passou a ter cunho negativo. PODCAST A função da prisão à época consistia em um instrumento através do qual administrava-se a moralidade da vida social cotidiana e obti- nha-se o controle de grupos para a garantia da ordem na sociedade. Nesse contexto, surge a pena de prisão e o indivíduo passa a ser submetido a punições cujo castigo não é oferecido ao corpo, a relação castigo-corpo deixa de existir, e com isso desaparece a punição à carne. A dor que se almeja a partir de então está relacionada com o castigo que alcança a alma do condenado. A interioridade do ser humano através de sua “alma” é o que precisa ser atingido na prisão para que o sistema punitivo seja eficaz. Foucault (1999) analisa o surgimento da prisão como parte de uma trans- formação das relações de poder do final do século XVIII, estendendo-se até o século XIX, relacionando-a como uma nova configuração da sociedade baseada em disciplina, que age sobre as pessoas. A prisão é a representação mais pura da perda da liberdade do indivíduo, como resposta do poder do soberano. Suplício Castigo corporal infligido a alguém, ou o tormento, ou a tortura, aplicada a uma pessoa. Pena de morte, ou cumprimento da pena de morte (SILVA, 2007). UNIDADE 2 Elementos históricos da prisão PRIVAÇÃO DE LIBERDADE NO BRASIL: MODELO INSTITUCIONAL E JURÍDICO MÓDULO 1 | Questões históricas e introdutórias sobre a prisão 11 2. ELEMENTOS HISTÓRICOS DA PRISÃO Nesta unidade, vamos caracterizar os elementos da prisão consubstan- ciando os episódios em que essa aparece no tempo a partir da divisão dos períodos históricos da antiguidade, da idade média e moderna. Diferente da gênese da prisão, na evolução dos períodos históricos a prisão vai ganhando relevância e lentamente vai ganhando protagonismo como modelo de punição, superando a fase do castigo sobre o corpo, de sua utilização como ferramenta de privação subsidiária a punição final para constituir-se no modelo de punição institucional. 2.1 Antiguidade Cárcere, prisão, calabouço, masmorra, enxovia, ergástulo são sinônimos de estruturas utilizadas na Idade Antiga para o aprisionamento e tinham como objetivo manter o sujeito sob o domínio físico para que então a pena fosse aplicada. Masmorra medieval. Foto: © [ArtMari] / Shutterstock. Nessa época, o aprisionamento não carrega característica da pena, mas de meio para qual a punição viesse a ser executada. As estruturas serviram como encarceramento para a aplicação de medidas como os suplícios. PRIVAÇÃO DE LIBERDADE NO BRASIL: MODELO INSTITUCIONAL E JURÍDICO MÓDULO 1 | Questões históricas e introdutórias sobre a prisão 12 De acordo com Carvalho Filho (2002), a descrição que se tem daqueles locais revela sempre lugares insalubres, sem iluminação, sem condições de higiene, “inexpurgáveis”. As masmorras são exemplos desses mode- los de cárcere infectos nos quais os presos adoeciam e podiam morrer antes mesmo de seu julgamento e condenação, isso porque as prisões, na época do seu surgimento, se caracterizavam apenas como um aces- sório de um processo punitivo, que se baseava no tormento físico. A palavra-chave sobre prisão na antiguidade, portanto, é o castigo do corpo, em ambientes insalubres e austeros que precediam a condenação final à pena de morte, à pena corporal e infamante. 2.2 Idade Média Na Idade Média, de acordo com Bitencourt (2020), a ideia de pena privativa de liberdade não aparece. Há, nesse período, um claro predo- mínio do direito germânico. A privação da liberdade continua a ter uma finalidade custodial aplicável àqueles que seriam submetidos aos mais terríveis tormentos exigidos por um povo ávido de distrações bárbaras e sangrentas. Ainda nessa época a prisão continua a ser um meio ao processo de punição em espetáculos públicos marcados por sofrimento do corpo e morte. Carvalho Filho (2002) apresenta algumas punições utilizadas no período medieval. A função da prisão como contenção para posterior suplício Segundo Bitencourt (2020), até fins do século XVIII, a prisão serviu somente à contenção e guarda de réus para preservá-los fisicamente até o momento de serem julgados. Recorria-se, durante esse longo período histórico, fundamentalmente, à pena de morte, às penas corporais (mutilações e açoites) e às infamantes. A prisão foi sempre uma situação de grande perigo, um incremento ao desamparo e, na verdade, uma antecipação da extinção física do indivíduo. Por isso, a prisão era uma espécie de “antessala” de suplícios, pois se usava a tortura, frequentemente, para descobrir a verdade. PRIVAÇÃO DE LIBERDADE NO BRASIL: MODELO INSTITUCIONAL E JURÍDICO MÓDULO 1 | Questões históricas e introdutórias sobre a prisão 13 Bitencourt (2020) discorre acerca do surgimento da prisão de Estado, com o recolhimento apenas dos inimigos do poder, real ou senhorial, que tivessem cometido delitos de traição, ou, ainda, aplicada aos ad- versários políticos dos governantes. A prisão desse período apresentava duas modalidades, veja mais de- talhes a seguir. Formas de punição no período medieval A amputação dos braços A degola A forca O suplício na fogueira As queimaduras a ferro em brasa A roda A guilhotina PRIVAÇÃO DE LIBERDADE NO BRASIL: MODELO INSTITUCIONAL E JURÍDICO MÓDULO 1 | Questões históricas e introdutórias sobre a prisão 14 Também constitui espécie de prisão a eclesiástica, destinada aos clérigos rebeldes, e respondia às ideias de caridade, redenção e fraternidade da Igreja, dando ao internamento um sentido de penitência e meditação. O sistema de punição medieval guardava grande influência do poder da Igreja Católica, cujo modelo de punição continha aspectos que ser- viam de base para justificar e inspirar o que conhecemos como prisão nos dias de hoje. Nada obstante, o sentido de penitência, como propósito da pri- são eclesiástica, exceção da prisão-custódia, visou substituir as penas cruéis de castigo ao corpo pela reclusão do infrator como cumprimento de uma penitência. Aliás, o termo “penitenciária” tem precedentes desse período, constituindo-se como fonte primária das prisões para o modelo que se conhece hoje. QR CODE Aponte a câmera do seu dispositivo móvel (smartphone ou ta- blet) no QR Code ao lado para assistir à animação sobre a prisão na Idade Média, ou acesse o link: https://youtu.be/WirLAKxOY4I. 2.3 Idade Moderna A constituição do Estado com o desenvolvimento dos modelos político, econômico e social organizado sob a lógica do capitalismo reflete a posição da Idade Moderna da pena, marcada, por exemplo, pelas dificuldades econômicas que afetaram a população. Modalidades de prisão Período medieval Prisão-custódia Detenção temporal Onde o réu aguarda pela pena a ser aplicada. Até segunda ordem, podendo ser perpétua. https://youtu.be/WirLAKxOY4I PRIVAÇÃO DE LIBERDADE NO BRASIL: MODELO INSTITUCIONAL E JURÍDICO MÓDULO 1 | Questões históricas e introdutórias sobre a prisão 15 Foto: © [AkulininaOlga] / Shutterstock. A miséria predominava e culminava no aumento significativo da pobre- za, o que gerava o cometimento de delitos cada vez mais acentuados, principalmente os patrimoniais. Na segunda metade do século XVI, iniciou-se um movimentode grande transcendência no desenvolvimento das penas privativas de liberdade: a criação e construção de prisões organizadas para a correção dos apena- dos. Segundo Bitencourt (2020), a finalidade da instituição, supostamente, consistia na reforma dos delinquentes por meio do trabalho e disciplina. Assim, a pena privativa de liberdade surgia como meio mais eficaz de controle social, em substituição à pena de morte e ao suplício, que já não respondiam aos anseios de visão de justiça. Foucault (1989), no livro intitulado “Vigiar e Punir”, descreve a nova con- sideração da época sobre pena-castigo: “Pode-se compreender o caráter de obviedade que a prisão-cas- tigo muito cedo assumiu. Desde os primeiros anos do século XIX, ter-se-á ainda consciência de sua novidade; e, entretanto, ela sur- giu tão ligada, e em profundidade, com o próprio funcionamento da sociedade, que relegou ao esquecimento todas as outras pu- nições que os reformadores do século XVIII haviam imaginado.” (FOUCAULT, 1989, p. 261). Transcendência Aquilo que ultrapassa os limites do considerado normal ou aceitável. PRIVAÇÃO DE LIBERDADE NO BRASIL: MODELO INSTITUCIONAL E JURÍDICO MÓDULO 1 | Questões históricas e introdutórias sobre a prisão 16 A natureza da prisão assumiu caráter de estabelecimento público de privação de liberdade a partir do século XVIII. Carvalho Filho (2002) vincula o surgimento da pena de privação de li- berdade ao surgimento do capitalismo, concomitante a um conjunto de situações que levaram ao aumento dos índices de pobreza em diversos países e ao consequente aumento da criminalidade, distúrbios religio- sos, guerras, expedições militares, devastações de países, extensão dos núcleos urbanos, crise das formas feudais e da economia agrícola etc. Vejamos a seguir o comentário de Foucault (1989) acerca da relação entre as novas formas de acumulação de capital e de relações de produção e o sistema de punição da época. “Com as novas formas de acumulação de capital, de relações de produ- ção e de estatuto jurídico da propriedade, todas as práticas populares que se classificavam, seja numa forma silenciosa, cotidiana, tolerada, seja numa forma violenta, na ilegalidade dos direitos, são desviadas à força para a ilegalidade dos bens.” (FOUCAULT, 1989, p. 107). A concepção trazida por Foucault no trecho mencionado assevera a trans- formação do sistema de punição para o que temos hoje na atualidade, momento em que se deu a criação e construção de prisões organizadas com o fim da correção dos apenados. O suplício, portanto, passou a ser intolerável, visto da perspectiva do povo, onde ele revela o excesso e a sede de vingança, e o castigo passa a ter a função da humanidade como medida, onde a justiça criminal puna ao invés de se vingar. A partir de então, a disciplina passa a constituir o objeto da punição, sem reflexos da humilhação moral e física do sujeito, em busca da rea- daptação do indivíduo delituoso, considerando a busca do atingimento da alma do infrator. A prisão passa, portanto, a fundamentar-se na pri- vação da liberdade do indivíduo para que ele possa refletir, através do isolamento, acerca de seu ato delitivo. PRIVAÇÃO DE LIBERDADE NO BRASIL: MODELO INSTITUCIONAL E JURÍDICO MÓDULO 1 | Questões históricas e introdutórias sobre a prisão 17 QR CODE Aponte a câmera do seu dispositivo móvel (smartphone ou tablet) no QR Code ao lado para assistir ao vídeo sobre a transformação da pena na Idade Moderna, ou acesse o link: https://youtu.be/ygW2lJjo08k. https://youtu.be/ygW2lJjo08k UNIDADE 3 Evolução da prisão no Brasil PRIVAÇÃO DE LIBERDADE NO BRASIL: MODELO INSTITUCIONAL E JURÍDICO MÓDULO 1 | Questões históricas e introdutórias sobre a prisão 19 3. EVOLUÇÃO DA PRISÃO NO BRASIL De modo a tornar o estudo mais efetivo e com isso atingir diretamente o momento do nascimento da prisão no Brasil, a análise a seguir busca a compreensão a partir do primeiro marco do aprisionamento como modelo de punição do Estado, tendo em vista que os períodos anteriores tinham relação direta com o castigo do corpo, com a aplicação de penas cruéis, como: açoite, amputação de membros, as galés e o degredo até a morte. Nesse período já é possível identificar as primeiras casas de cumprimento de pena de privação da liberdade, assim como elucida Aguirre (2009. p. 38), durante o período colonial, as prisões e cárceres não constituíam em espaços organizados, seguros, higienizados ou que promovesse efeitos positivos sobre os presos. Para o autor, as cadeias não eram instituições importantes dentro dos esquemas punitivos para as autoridades colo- niais, servindo apenas como mero lugares de detenção para suspeitos que estavam sendo julgados ou para delinquentes já condenados que aguardavam a execução da sentença. Degredo Exílio; punição. Os primórdios da penalização no Brasil Antes do domínio português, na primitiva civilização brasileira, adotava-se a vingança privada, sem qualquer uniformidade nas reações penais. Os primórdios da penalização no Brasil antes e depois do domínio português No Brasil Colônia, em 1500, passou a vigorar em nossas terras o direito lusitano. Nesse período, vigoravam em Portugal as Ordenações Afonsinas, publicadas em 1446, sob o reinado de D. Afonso V, consideradas como primeiro código europeu completo. Em 1521, foram substituídas pelas Ordenações Manuelinas, por determinação de D. Manuel I, que vigoraram até o advento da Compilação de Duarte Nunes de Leão, em 1569, realizada por determinação do rei D. Sebastião, conforme leciona Bitencourt (2020). PRIVAÇÃO DE LIBERDADE NO BRASIL: MODELO INSTITUCIONAL E JURÍDICO MÓDULO 1 | Questões históricas e introdutórias sobre a prisão 20 Feitas essas considerações, somente em 1824 foi outorgada a primeira Constituição brasileira, com a previsão da necessidade de elaboração de um Código Criminal. Em 1830, o imperador D. Pedro I sancionou o Código Criminal, primeiro código autônomo da América Latina. Esse Código Criminal contemplava a pena de morte, a pena de galés e a pena de degredo, que eram mais direcionadas para os escravos, porém a pena predominante do novo sistema penal passa a ser o de prisão. Ainda, em que pese a prisão ter sido adotada com o Código Criminal de 1830, a efetividade de sua aplicação só viria a ocorrer a partir de 1850 com a inauguração da Casa de Correção da Corte do Rio de Janeiro, baseada no modelo panóptico. Um panóptico consiste em um edifício circular, em que os prisioneiros ocupavam as celas, todas devidamente separadas, sem qualquer comu- nicação entre elas, sendo que os agentes de segurança ocupavam um espaço no centro, com perfeita visão de cada cela. Pena de Galés e Pena de Degredo Pena de Galés Era a punição na qual os condenados cumpriam a pena de trabalhos forçados. Era uma espécie de antiga sanção criminal. O código criminal de 1830 adotou este tipo de sanção, determinando, no artigo 44, os réus a andarem com calcetas nos pés e correntes de ferro, e a empregarem-se nos trabalhos públicos da província onde ocorrera o delito, ficando assim, à disposição do governo (BITENCOURT, 2020, p. 649-650). Pena de Degredo É a pena que se impõe a alguém à saída de uma pessoa da terra em que reside. Imposto por sentença condenatória (BITENCOURT, 2020, p. 423). 1 2 PRIVAÇÃO DE LIBERDADE NO BRASIL: MODELO INSTITUCIONAL E JURÍDICO MÓDULO 1 | Questões históricas e introdutórias sobre a prisão 21 Exemplo de estrutura conforme o modelo panóptico. Foto: Sabedoria Política. Primeira penitenciária do Brasil, a Casa de Correção do Rio de Janeiro foi fundada em 1850. Ao longo do tempo, se viu transformada no Complexo Penitenciário da Frei Caneca – demolido em 2010. Casa de Correção do Rio de Janeiro. Foto: JOTA. Com o advento da República, foi aprovado o Código Penal de 1890, que apresentou graves defeitos de técnica, revelando-se atrasado em relação à ciência de seu tempo. PRIVAÇÃO DE LIBERDADE NO BRASIL:MODELO INSTITUCIONAL E JURÍDICO MÓDULO 1 | Questões históricas e introdutórias sobre a prisão 22 QR CODE Aponte a câmera do seu dispositivo móvel (smartphone ou tablet) no QR Code ao lado para assistir ao vídeo sobre o Histórico de Códigos Penais, ou acesse o link: https://youtu.be/Qp-Zn_f9fJc. Histórico de Códigos Penais 3 O Código de 1940 ainda está vigente, todavia, sofreu várias modificações ao longo do tempo, principalmente quanto às alterações na parte geral e na pena de prisão, nos termos da Lei n.° 7.209, de 11 de junho de 1984, anotando uma nova política criminal mais aproximada aos direitos humanos, eliminando, por exemplo, a prisão perpétua, a partir da limitação da pena máxima em 30 anos. 2 A elaboração de um novo Código Penal, em projeto apresentado em 1938, foi submetido a uma comissão de revisão composta por Nelson Hungria, Roberto Lyra, Narcélio de Queiroz e Vieira Braga, com promulgação em 1942. 1 Em 1932, foi aprovada a consolidação das Leis Penais de Vicente Piragibe. Mas, somente em 1940, foi aprovado o decreto que vigora até os dias de hoje, com regras de direito penal, conforme ensina Bitencourt (2020). 4 Posteriormente, nasce a Lei n.° 7.210/1984, conhecida como Lei de Execução Penal, marco importante na história das prisões brasileiras, que regula e disciplina o Sistema Penitenciário, consagrando como marco a ressocialização do apenado como principal objetivo. https://youtu.be/Qp-Zn_f9fJc UNIDADE 4 Crítica às prisões PRIVAÇÃO DE LIBERDADE NO BRASIL: MODELO INSTITUCIONAL E JURÍDICO MÓDULO 1 | Questões históricas e introdutórias sobre a prisão 24 4. CRÍTICA ÀS PRISÕES Colocados os marcos históricos da prisão no Brasil, que trazia a pena como instituto de encarceramento com fim em si mesma, ou seja, de caráter meramente retributivo, os dias atuais nos trazem um modelo de privação da liberdade como método de reparação do mal causado ao bem jurídico protegido, adicionado à previsão da necessidade de ressocialização do preso para seu retorno à sociedade. Primeiro, o texto de Thompson, em “A questão penitenciária” (2002), é um importante marco para a “sociologia criminal”. Tanto o é que, ainda na parte introdutória, enfatiza duas importantes vertentes para uma necessária reforma penitenciária. Estudos do direito penal, criminológicos e sociológicos sobre a prisão Baseando-se nos estudos introdutórios, o início da prisão, como fenômeno a ser compreendido, tem efetivamente sua base explicada pela criminologia e direito penal, sob o enfoque da preocupação com a identificação de características que permitissem identificar os indivíduos tendentes a praticar crimes. Como complemento dos estudos penais e criminológicos, a sociologia faz apontamentos importantes sobre as prisões, trazendo relevantes literaturas sobre o tema, agora do ponto de vista crítico, na perspectiva de Thompson (2002) e Ramalho (2002). PRIVAÇÃO DE LIBERDADE NO BRASIL: MODELO INSTITUCIONAL E JURÍDICO MÓDULO 1 | Questões históricas e introdutórias sobre a prisão 25 O aprofundamento nas razões da prisão e no fracasso de sua institui- ção como ferramenta de consecução da recuperação do preso ou da necessidade de construir tantas celas quanto necessárias para alocação de pessoas condenadas é a crítica que o autor apresenta. A ideia de Thompson, rompendo com a tradição existente, cuja análise baseava-se em estudos dos elementos biológicos, raciais ou sociais para a prática do crime, propõe identificar na própria instituição, na cultura prisional e no seu sistema de ação as causas para explicar o seu fracasso. Veja que o estudo indica, diferente do que vimos na evolução da prisão quanto ao sentido retributivo da pena, que essa também tem como fundamento a recuperação do criminoso para que não volte a delinquir e seja reintegrado à sociedade. Contudo, é mesmo assim um instituto falho. O autor estabelece uma análise crítica sobre a instituição da prisão, tomando-a a partir de paradoxos inerentes à instituição prisional. A contradição é apontada, sobretudo no contexto de que para ensinar o indivíduo a viver em sociedade, deve-se isolá-lo do convívio social. Portanto, prisionização é, para ele, a condição essencial de possibilidade para que o indivíduo preso cumpra sua pena e, ao mesmo tempo, o principal obstáculo para que ele possa voltar a viver na sociedade livre. Vertentes para uma reforma penitenciária Propiciar à penitenciária condições de realizar a regeneração dos presos. Dotar o conjunto prisional de suficiente número de vagas, de sorte a habilitá-lo a recolher toda clientela que, oficialmente, lhe é destinada. 2 1 PRIVAÇÃO DE LIBERDADE NO BRASIL: MODELO INSTITUCIONAL E JURÍDICO MÓDULO 1 | Questões históricas e introdutórias sobre a prisão 26 No entanto, a dimensão de sua crítica tem relação com os efeitos que a pena causa no individuo, ou seja, o foco dos estudos atuais trazidos por Thompson revela sua preocupação com sujeito preso e a falência do sistema prisional. Outro autor da época, José Ricardo Ramalho (2002), na obra “Mundo do crime: a ordem pelo avesso”, apresenta a descrição das relações sociais estabelecidas na prisão, bem como acerca de críticas desenvolvidas em sua pesquisa empírica, cujo cenário foi a Casa de Detenção de São Paulo. A análise do autor tem como referência a dicotomia mundo do crime/ trabalho, refletida não apenas nos valores e comportamento dos presos e servidores da unidade prisional, mas na divisão do próprio presídio. Fonte: © [sutadimages] / Shutterstock. E maneira que o pavilhão 2, reservado aos presos que trabalhavam, compunha-se de pessoas mais afastadas do crime, de modo que nos pavilhões 8 e 9, o chamado “fundão”, era composto por presos que não estariam interessados na recuperação e dispostos a prosseguir no crime (Ramalho, 2002). De acordo com Ramalho (2002), assim como a diretoria dispunha de regras de funcionamento, também a massa do crime reside em regras próprias, aplicadas por um preso sobre os outros. PRIVAÇÃO DE LIBERDADE NO BRASIL: MODELO INSTITUCIONAL E JURÍDICO MÓDULO 1 | Questões históricas e introdutórias sobre a prisão 27 “As regras da cadeia, assim como as leis da justiça de um país, ti- nham autoridades reconhecidas como tais às quais era atribuído o poder de aplicá-las, poder que pairava acima das partes envolvidas.” (RAMALHO, 2002, p. 35). A massa do crime é o “código da malandragem”, e a expressão integra as formas de organização da população carcerária, com práticas e valores compartilhados entre si. É assim a massa, é assim a prisão. Vejamos a seguir o que diz Ramalho (2002) sobre a cadeia. “Por mais graves que sejam as críticas à cadeia, por mais que se chegue à constatação de que ela não cumpre as finalidades bási- cas pela qual se justifica que ela exista – punição do infrator e sua “recuperação” para a sociedade -, por mais que se conclua que ela pune em excesso e devolve à sociedade um homem marcado para sempre, exatamente por ter passado pela cadeia, ainda assim os autores das críticas, eles mesmos, permanecem irremediavelmente presos à ideia de que cadeia é vital para a existência da sociedade.” (RAMALHO, 2002, p. 115). Na sequência, citando Foucault, Ramalho (2002) aponta as críticas sobre a prisão e seus métodos. Vejamos a seguir quais são essas críticas. “À prisão que se resumiam nos seguintes pontos: - as prisões não diminuem a taxa de criminalidade; - a detenção provoca a reinci- dência; - a prisão não pode deixar de fabricar delinquentes, - a prisão torna possível, ou melhor, favorece a organização de um meio de delinquentes, solidários entre si, hierarquizados, prontos para todas as cumplicidades futuras; - as condições dadas aos detentos liberados condenam-nos fatalmente à reincidência; - a prisão fabrica indire- tamente delinquentes, ao fazer cair na miséria a família do detento. Na verdade, estas formulações críticas têm se repetido até hoje, e se verificam no Brasil.” (FOUCAULT, 1977apud RAMALHO, 2002, p. 115). PRIVAÇÃO DE LIBERDADE NO BRASIL: MODELO INSTITUCIONAL E JURÍDICO MÓDULO 1 | Questões históricas e introdutórias sobre a prisão 28 Nessa mesma direção, o autor retoma a problemática proposta por Foucault na identificação da função que a prisão exerce na sociedade capitalista, a de demarcação e produção da delinquência. Portanto, há que se pensar em outros meios de responsabilização dife- rentes da prisão, por mais difícil e complexo que isso pareça. Veja a seguir uma retomada dos principais pontos deste módulo. A função que a prisão exerce na sociedade capitalista Na medida em que o próprio sistema – e a própria instituição – define limites e demarca quem se considera que é recuperável e quem não é, instituindo práticas e atividades diferentes para cada um desses grupos, ela própria contribui de forma decisiva para construir a delinquência, separando, distinguindo, delimitando. Diante de tantas críticas que a prisão recebe, precisamente quanto ao modelo de sistema que não funciona, Ramalho apresenta uma consideração importante ao apontar que, mesmo diante de tantas soluções práticas e manifestações de especialistas, que essa (a prisão) continua sendo a solução para o permanente fracasso da prisão (RAMALHO, 2002, p. 119). 2 1 3 O fato é que a privação da liberdade acelera a cultura do aprisionamento como medida de diminuição da violência e de retribuição do mal, mas, na prática, nunca funcionou. Ninguém, assim como na época em que a prisão refletia o castigo sobre o corpo, deixa de cometer delitos em razão da pena instituída. SÍNTESE DO MÓDULO 29 Em suma, identificamos neste módulo que a pena de prisão, desde os tempos antigos, esteve associada ao processo de punição, no entanto, aparecia como meio, através do qual os indivíduos eram mantidos até a execução da pena principal, cruel e fatal, consagrando-se como prisão-custódia. Somente com a aparição do direito canônico, com a prisão eclesiástica, que a concepção da prisão como pena ficou mais perceptível, visto que as prisões eram utilizadas como meio de arrependimento do indivíduo, momento em que ficou conhecida a penitência e o termo penitenciária. Esse período da história apresentava como principal característica da pena a imposição de um sofrimento para aqueles que praticassem algo que fosse considerado como um comportamento mal. Com o desenvolvimento do comércio, após o fim do feudalismo, ocorreu o crescimento de pessoas sem trabalho, o que provocou o empo- brecimento e o aparecimento de pessoas em situação de rua. Esse excesso de pobreza necessitou do estabelecimento de rígido controle social. A sequência do processo de punição advinda do absolutismo enfatizou a pena acometida em espetáculos populares, com a aplicação do suplício, que tinha como objetivo o castigo cruel. Com o passar do tempo, houve menos punição de violência contra o corpo e mais privativa de liberdade, com exploração da mão de obra e o aparecimento das casas de trabalho e correição. A decorrência – resumida, diga-se – dos fatos, ensejou e garantiu a pena privativa de liberdade como meio solução de conflitos sociais. Nos dias de hoje, a privação da liberdade é embasada em um discurso humanitário e apresenta objetivo ressocializador. Você finalizou o Módulo 1! No Módulo 2 apresentaremos uma visão panorâmica da criminologia. REFERÊNCIAS ADORNO, S. A prisão sob a ótica de seus protagonistas: itinerário de uma pesquisa. Tempo Social, São Paulo, v. 3, n. 1-2, 1991b, p. 7-40. Disponível em: https://doi.org/10.1590/ts.v3i1/2.84813. Acesso em: 22 jun. 2022. AGUIRRE, C. Cárcere e sociedade na América Latina 1800-1940. In: MAIA, C. N. et al. História das prisões no Brasil. Rio de Janeiro: Rocco, 2009. v. 1. BECCARIA, C. Dos delitos e das penas. 11. ed. São Paulo: Hemus, 1998. BENELLI, S. J. 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