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1 PATOLOGIA NAS EDIFICAÇÕES 1 Sumário PATOLOGIA NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2 PATOLOGIAS NA CONSTRUÇÃO – CONCEITO .................................. 3 PATOLOGIAS EM EDIFICAÇÕES HISTÓRICAS ................................... 5 TIPOLOGIA DAS EDIFICAÇÕES ............................................................ 6 MAPA DE DANOS ................................................................................. 12 INSPEÇÃO, DIAGNÓSTICO E PROGNÓSTICO .................................. 18 PRINCIPAIS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ................................ 21 MEDIDAS DE PROFILAXIA .................................................................. 24 ENGENHARIA DIAGNÓSTICA ............................................................. 26 FERRAMENTAS DA ENGENHARIA DIAGNÓSTICA ........................... 29 PERÍCIA ................................................................................................ 31 BIBLIOGRAFIA ......................................... Erro! Indicador não definido. 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 PATOLOGIAS NA CONSTRUÇÃO – CONCEITO O termo ‘patologia’, é da palavra derivada da língua grega e pode ser traduzida como o estudo (lógos) das doenças (páthos). As chamadas patologias na construção civil: tratam-se de problemas que ocorrem na estrutura das edificações. Uma verdadeira dor de cabeça tanto para quem trabalha no segmento, quanto para os clientes. Assim como ocorre na área médica, as patologias na construção civil também chamadas de patologias construtivas apresentam sintomas específicos. Características que, quando identificadas em estágios iniciais, podem ser contornadas antes que se tornem graves demais. Preparamos este estudo para que você nunca mais precise se preocupar com esse tipo de problema que pode tirar o sono de qualquer um! Continue a leitura para descobrir o que são, de fato, patologias na construção civil e como evitá-las. Patologias na construção civil são doenças que acometem as matérias- primas da estrutura das construções. Da mesma forma como ocorre conosco, as patologias podem se manifestar por uma série de razões. Do armazenamento inadequado e falta de atenção, até questões que envolvem o não cumprimento de leis e normas. As consequências são diversas. A lista envolve, entre outros: Prejuízos financeiros; 4 Atrasos de cronograma; Insatisfação de clientes; Nos casos mais graves, acidentes sérios como desabamentos ou evacuação devido ao comprometimento da estrutura predial. Assim sendo, verdade é que estes são problemas que podem surgir a qualquer momento, em qualquer etapa da construção. Inclusive, anos após a entrega de uma obra. No entanto, quando estamos atentos a certos detalhes, torna-se muito mais fácil prever as patologias construtivas que podem ocorrer em alguns casos. E, consequentemente, evitá-las! 5 PATOLOGIAS EM EDIFICAÇÕES HISTÓRICAS Muitos imóveis históricos, quando vistoriados, já se encontram num estado adiantado de deterioração e necessitam ser restaurados. Esse adiantado grau de deterioração se dá, normalmente, pela total falta de manutenção e de obras de conservação. Em vários casos de perícias e avaliações pode-se observar que o imóvel histórico se localizava em uma área já degradada da Cidade, o que não gera um incentivo a sua manutenção e conservação. Tal fato propicia um maior índice de problemas patológicos, tais como: sinais de corrosão, esquadrias danificadas, fiação exposta, tubulação aparente, presença de pontos de infiltração, que acabam ocasionando presença de musgo e vegetação nas edificações, o que acelera sua deterioração. As edificações antigas possuíam um sistema construtivo simples. Muitas construções utilizavam pedras em larga escala, como o gnaisse, o granito e o basalto, materiais existentes no Brasil. Outro material de grande utilização é a madeira, que aparece nas estruturas das coberturas, no revestimento de pisos, nas esquadrias e nas lajes de pavimentos elevados. As pedras eram utilizadas, também, em cantarias. Os problemas de falta de conservação geram a deficiência de sistemas, principalmente do sistema de instalações hidráulicas e do sistema de cobertura, onde as telhas cerâmicas não são substituídas e começam a ocasionar infiltrações. A umidade existente gera a presença de pragas urbanas, principalmente o cupim, sempre presente em imóveis históricos sem conservação. A grande quantidade de madeira utilizada no passado, a falta de manutenção e a umidade são fatores que geram a presença de fungos e pragas, que aumentam ainda mais a velocidade de degradação dos imóveis históricos. 6 TIPOLOGIA DAS EDIFICAÇÕES Os bens edificados suscetíveis a passar por um processo de reabilitação estão localizados, geralmente em maior número, nas cidades mais antigas. Este processo envolve diversos agentes, cada um motivado por seus próprios interesses, de tal modo que a reabilitação não se aplica apenas aos edifícios antigos e degradados. (CROITOR, 2008) Figura 1: Reabilitação de Edifícios As intervenções urbanas realizadas no passado na cidade do Rio de Janeiro incentivavam a remoção de habitações do centro da cidade, mas tal política provocou a desocupação e abandono de edificações. Hoje, a habitação é encarada como uma forma de recuperar regiões degradadas, pois garante presença de pessoas durante todo o dia. Assim, a existência de edifícios degradados em áreas valorizadas e o interesse na ocupação dessas áreas transformam a reabilitação em uma nova oportunidade para o setor da construção civil. (CROITOR, 2008) O mercado de reabilitações pode ser aplicado a edificações em quatro condições diferentes: edificações antigas e degradadas; edificações inacabadas 7 e abandonadas; edificações com sistemas prediais ineficientes ou inadequados; reabilitação com mudança do uso. (CROITOR, 2008) Figura 2: Edificações antigas e degradadas Edifícios antigos são aqueles que foram construídos antes da invenção do cimento Portland e das estruturas de concreto armado, através da utilização das técnicas edificantes herdadas da tradição romana e da aplicação de materiais tradicionais. (APPLETON, 2003) Os edifícios classificados como patrimônio humanidade ou tombados por instituições de governo de nível municipal, estadual ou federal, quando têm a madeira, a pedra, o vidro e a cal como seus principais de construção, também são considerados antigos. Nestes casos, as intervenções seguem as regras impostas pelas entidades que as regulam. (FREITAS, 2012) As edificações sofrem um processo de degradação natural devido à ação de agentes climáticose ao uso da edificação. A deterioração natural de benfeitorias pode ser retardada através de ações de manutenção preventiva, mas não pode ser interrompida. Portanto, eventualmente toda e qualquer construção precisará de passar por ações de reabilitação. (CROITOR, 2008) Em geral, as operações de manutenção em edifícios antigos são insuficientes ou até mesmo inexistentes porque os proprietários não sabem 8 avaliar o impacto que uma manutenção adequada proporcionará no valor do imóvel. Além disso, em muitos casos as taxas condominiais não abrangem os custos de uma manutenção apropriada. Edifícios que investem na manutenção preventiva, geralmente administrados por pessoas ou empresas especializadas, conseguem retardar sua degradação natural. A desocupação de imóveis favorece a redução de ações de manutenção e consequente degradação de imóveis. Em São Paulo, as obras de infraestrutura executadas pelo poder público em regiões não centrais atraíram o interesse para estas áreas e provocaram a desvalorização e a desocupação de áreas centrais. (CROITOR, 2008) A reabilitação de edificações degradadas pode ter diversas motivações: (CROITOR, 2008) a) necessidade de adequação da edificação às normas e legislações atuais; b) necessidade de se flexibilizar o layout dos andares para tornar o imóvel mais atraente comercialmente; c) intenção de se reduzir o custo de operação e manutenção dos edifícios; d) necessidade de adequação das instalações para uma nova demanda de energia do edifício; e) necessidade de serem realizados serviços de recuperação estrutural e/ou de fachadas; f) necessidade de adaptação do imóvel para acessibilidade universal; g) interesse na adaptação das áreas comuns às demandas contemporâneas; h) necessidade de recuperação dos sistemas de impermeabilização; e i) interesse na revalorização de preço de mercado do imóvel etc. 2.2.2 Edificações inacabadas e abandonadas Nas principais cidades do país, podemos encontrar vários edifícios abandonados antes do termino da sua execução, tanto empreendimentos 9 públicos quanto privados. Vários fatores podem levar ao abandono de uma obra: falta de recursos financeiros, problemas técnicos durante a execução, mudança da política de investimento do investidor, falência da incorporadora, interdição judicial, etc. (CROITOR, 2008) O abandono destas edificações provoca a degradação tanto do prédio em si, como das áreas de entorno. Quando o projeto original admite alterações e adaptações a técnicas mais modernas, quando a localização do empreendimento está em uma região valorizada, e se os proprietários ou investidores se interessarem, o processo de reabilitação pode agregar valor a estes edifícios. Nestes casos, a reabilitação apresenta particularidades no estudo de viabilidade e no desenvolvimento dos projetos. Além disto, o volume de recursos necessários está ligado à dimensão das degradações e, muitas vezes, é o motivo do abandono destes edifícios. (CROITOR, 2008) 2.2.3 Edificações com sistemas prediais ineficientes ou inadequados A reabilitação pode ser feita com intuito de atualizar os sistemas prediais porque perderam sua eficiência devido ao uso, por existiram tecnologias mais 10 eficientes ou para atender novas necessidades. A edificação passa pelo processo do retrofit quando o maior objetivo é a modernização dos seus sistemas prediais. (CROITOR, 2008) O retrofit é mais empregado em edifícios comerciais por empresas que buscam readequar espaços e diminuir os custos com operação e manutenção através da modernização de instalações. Então, sistemas elétricos que não atendem à demanda, sistemas de refrigeração ineficientes e sistemas hidrossanitários que não reutilizam as águas pluviais são substituídos por projetos mais modernos e eficientes. (CROITOR, 2008) 2.2.4 Edificações com mudança de uso Os projetos originais são desenvolvidos para atender a uma demanda específica. No entanto, ao longo do tempo as atividades se diversificam e podem alterar o cenário de uma região. Esse tipo de reabilitação possibilita que novas demandas sejam atendidas através da alteração do uso dos espaços. (CROITOR, 2008) A mudança de uso pode ocorrer entre tipos de utilização diferentes (residencial e comercial, por exemplo), no adensamento de unidades habitacionais e nos padrões das edificações (médio padrão para HIS, por exemplo). Como exemplo de mudança no uso, temos: transformação de edifício residencial em escritórios, adaptação de antigas fábricas em supermercados, hotéis transformados em edifícios residenciais. (CROITOR, 2008) Como exemplo abaixo, prédio que abrigava um colégio transformado em hotel na Lapa, Rio de Janeiro. 11 As mudanças de uso são impulsionadas pela localização da edificação e pelo modelo de expansão urbanística da cidade. Atualmente, empresas buscando menores custos de locação e infraestrutura pública migram para região central. Para atender esta demanda, edifícios residenciais podem ser transformados em comerciais e as remodelações de layout são essenciais para adaptar os ambientes a novos usos. Entretanto, deve-se levar em consideração que as possibilidades de alterações são limitadas pela sua utilização original. (CROITOR, 2008) 12 MAPA DE DANOS Mapas de danos são documentos gráficos que sintetizam informações a respeito do estado de conservação geral de um edifício, por meio da representação das alterações sofridas por seus materiais e estruturas ao longo do tempo, buscando caracterizá-las e quantificá-las. A identificação das patologias em edifícios históricos é feita através de um estudo preliminar, basicamente visual, e estudos mais aprofundados, utilizando- se de equipamentos de sondagem, humidímetro, boroscópio, macacos planos, equipamentos de laboratório, etc. Como resultado da identificação das patologias temos o mapa de danos. O mapa de danos objetiva a representação gráfica do levantamento de todos os danos existentes e identificados na edificação, relacionando-os aos seus agentes e causas. São considerados danos todos os tipos de lesões e perdas materiais e estruturais, tais como: fissuras, degradações por umidade e ataque de xilófagos, abatimentos, deformações, destacamento de argamassas, corrosão e outros. Não existe uma normativa para se proceder um mapa de danos, existem inúmeros modelos, e cada profissional executa do seu modo. Para a preparação das bases dos Mapas de Danos recomenda-se a utilização do método de levantamento métrico direto, se possível, associado aos sistemas de fotogrametria terrestre. 13 PATOLOGIAS DE FACHADA Fissuras na união parede - piso externo Essas fissuras, comumente encontradas em edifícios históricos são oriundas de movimentações higrotérmicas entre componentes distintos. Em alguns lugares, deve-se considerar inclusive, o declive inadequado do pavimento que propicia o acúmulo de água nessas regiões, bem como o desenvolvimento de fungos e bolores e favorece o acesso da água para o interior da edificação. Recalques Os recalques podem acontecer tanto na estrutura da edificação, como na do passeio/calçada. As origens podem ser estruturais, como sobrepeso na estrutura - aumento de paredes na edificação, troca de telhado, fundação desgastada, acomodação do terreno. Ou ainda por movimentação intensa de veículos na proximidade, grande acúmulo de água, entre outros. Degradação da marquise e guarda-corpo Devido à inexistência de pingadeira, a presença de umidade constante no guarda corpo propicia o desenvolvimento de microorganismos (fungos e bolores) 14 resultando na degradação da pintura e da argamassa de revestimento, comprometendo, assim a vida útil dos materiais. Fissuras nas paredes externas Paredes que são expostas diariamente a uma grande variação de temperaturaapresentam fissuras, assim como o emprego de materiais inadequados, que ocasionam tensões diferentes. Colônias de microorganismos e desprendimento de tinta Estes problemas patológicos desenvolvem-se com maior ocorrência na parte superior das paredes, próximo ao telhado. Pode-se atribuir a predominância destas patologias à umidade de precipitação decorrente de falhas no sistema de escoamento da água da chuva. Deslocamento de revestimento Os deslocamentos de revestimento ocorrem tanto em pequenas áreas como na totalidade da alvenaria. Entre os principais fatores que ocasionam essa patologia estão as falhas na hidratação da cal extinta, a má qualidade da cal ou ainda a má execução da pasta de cal. Fissuras no revestimento Apresentam a forma de rupturas curtas e sem ordem aparente, estando relacionadas com uma má dosagem do reboco, excesso de espessura de aplicação ou secagem demasiada rápida, por exposição a muito calor ou vento. Acontecem durante a fase de presa e endurecimento das argamassas e revestimentos. Vegetação superior 15 Estes problemas patológicos desenvolvem-se com maior ocorrência na parte superior das paredes e também no telhado. Essa patologia pode estar associada a presença de árvores muito próximas, que acabam lançando sementes na edificação, ou também a presença de pássaros, que transportam sementes de outros lugares para o edifício. Devido à presença de umidade na edificação, a planta consegue se desenvolver. Eflorescência e as manchas de umidade por presença de sais Alguns sais têm capacidade higroscópica, ou seja, são capazes de extrair umidade da atmosfera. Em regiões com alta umidade relativa do ar, os sais podem, portanto, aparecer como manchas no reboco. Desprendimento e/ou estufamento de tinta e desagregação de argamassa junto ao piso. Essa patologia ocorre devido à umidade ascendente, causada na maioria das vezes por falta de impermeabilização das fundações. 16 PATOLOGIAS INTERNAS Infiltração no teto Infiltrações no teto podem ser oriundas de uma má impermeabilização da laje superior, por falha no sistema de calhas, ou ainda por falta ou quebra de telhas. Fissuras em 45 graus próximas a aberturas Essa patologia ocorre devido a falta de verga e contraverga, ou ainda pela deterioração das mesmas (madeira). Tal fato é oriundo da atuação de sobrecargas, ocasionando a entrada de água (umidade) e a danificação da tinta e argamassa de revestimento. Umidade com deterioração de argamassa e pintura abaixo de janelas Esse problema ocorre devido a inclinação inadequada dos peitoris das janelas (com inclinação para região interna da edificação) e muitas vezes pela ausência de pingadeira tem-se o retorno da água de chuva e consequentemente a deterioração da argamassa de revestimento e da pintura. Deterioração de portas e janelas de madeira Essa patologia acorre pela atuação de agentes xilófagos na aberturas; pela falta de manutenção, propiciando a entrada e permanência de umidade. Fissura sub-vertical no material de acabamento. 17 Essas fissuras que apresentam esse tipo de inclinação possuem várias origens, sendo as mais comuns, a carga elevada nos pavimentos, compressão excessiva da alvenaria devido a cargas pontuais, e movimentações estruturais. Deformação de pavimento A deformação de pavimento, causando a folga entre o rodapé e o piso/assoalho, também é acarretada pela carga elevada nos pavimentos, compressão excessiva da alvenaria devido a cargas pontuais, e movimentações estruturais. Desgaste, fissura e quebra em pisos. A patologia de desgaste superficial, fissura e quebra acontece pelo uso excessivo e prolongado sem manutenção/conservação e também pela ação das intempéries. 18 INSPEÇÃO, DIAGNÓSTICO E PROGNÓSTICO A análise e o estudo de um processo patológico deve permitir ao investigador a determinação, com rigor, da origem, do mecanismo e dos danos subsequentes, de forma que possa avaliar e concluir sobre as técnicas de recomendações mais eficazes. A denominação mais comum, para caracterizar este tipo de estudo, é a inspeção ou avaliação da estrutura. Em termos gerais, as seguintes etapas correspondem a uma inspeção: a) elaboração de uma ficha de antecedentes, da estrutura e do ambiente, baseado em documentação existente e visita a obra; b) exame visual geral da estrutura; c) levantamento dos danos; d) seleção de regiões para a realização de ensaios, medições, análises fisioquímicas no concreto, nas armaduras e no ambiente circundante; e) seleção das técnicas de ensaio, medições, análise mais acurada, etc; f) execução de medições, ensaios e análises físicoquímico. Dependendo do tipo de estrutura e dos problemas avaliados inicialmente, é importante que se realize uma averiguação mais detalhada na estrutura, afim de poder realizar um diagnóstico preciso. Diagnóstico: Dá-se o nome de diagnóstico do problema patológico, todo o processo de entendimento e explicação científica dos fenômenos ocorridos e 19 seus respectivos desenvolvimentos de uma construção onde ocorrem manifestações patológicas. Os sintomas possuem dinamismo, isto é, o diagnóstico de um problema patológico não pode ser algo imediatista, mas sim, uma análise que entenda e leve em consideração todo o processo de evolução do caso, pois, assim como o aspecto de uma manifestação pode ser de uma maneira durante uma fase, em outro período pode encontrar-se completamente diferente. Salienta-se que os dados devem ser colhidos ordenadamente, até que seja possível realizar o diagnóstico. A colheita desordenada e excessiva de dados pode criar dificuldades e, até mesmo, desviar o patologista do caminho certo. A etapa de inspeção é crucial para a formulação de um bom parecer técnico da estrutura. Prognóstico: Depois de estabelecido o diagnóstico da enfermidade em questão, passa-se para a definição da conduta a ser seguida, isto é, a escolha da medida adotada para o caso. Porém, antes que se tome qualquer atitude, é necessário que seja feito um levantamento das hipóteses de evolução do problema, isto é, o prognóstico do caso. Para a elaboração do prognóstico, o técnico irá analisar e estudar o problema, baseando-se em determinados parâmetros, ao longo do tempo, para a obtenção de possíveis alternativas de desenvolvimento da falha. Alguns parâmetros a serem considerados são: • quadro de evolução natural do problema; • condições de exposição a que a edificação se encontra; • tipo de terreno em que esta localizada; • tipologia do problema. Este estudo é importante, não só para casos simples de diagnósticos e reparos evidentes, mas, principalmente, para problemas complexos, difíceis de serem solucionados, pois, em diversos casos, percebe-se que a possibilidade de resolução é praticamente remota, devendo-se desenvolver medidas apenas de controle da situação, isto é, para que não venha a piorar. 20 Em algumas situações, através do prognóstico, percebe-se que a intervenção não será um procedimento satisfatório e/ou com custo benefício considerável, pois a evolução desfavorável do caso é um fator inevitável, , constituindo-se um prognóstico pessimista. Estabelecido o prognóstico, parte-se para a tomada de decisão sobre o que fazer, analisando-se as possíveis alternativas de intervenção frente aos problemas patológicos. Esta fase exigirá do profissional tamanha sensibilidade e criatividade, além de vasto conhecimento no assunto. Em função do prognóstico, o especialista define o objetivo da intervenção, que poderá ser: • erradicar a enfermidade; • impedir ou controlar sua evolução; • não intervir. E, no caso da não intervenção, por algum motivo, o patologista deve estimar o tempo de vida da estrutura, limitar sua utilização e, quando necessário, indicar a demolição, sendoque esta é deve ser a última alternativa. 21 PRINCIPAIS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS Quando falamos em sintomas, estamos citando, na verdade, manifestações patológicas. Em outras palavras, a apresentação de alguma característica que possa se mostrar prejudicial ao afetar materiais ou estruturas da construção. Por manifestações patológicas se entendem as degradações identificadas na edificação, as quais podem ser geradas durante o período de execução da obra (quer por emprego de métodos construtivos ou materiais inapropriados), ou na própria elaboração do projeto ou ainda adquiridas ao longo do tempo pela utilização da edificação. Neste caso, as manifestações patológicas simples se remetem àquelas que podem ser analisadas e resolvidas através de uma padronização, sendo mais evidentes tanto o diagnóstico quanto o tratamento das mesmas e não demandando que o profissional responsável obrigatoriamente possua conhecimentos elevados sobre o tema. Os problemas patológicos complexos seriam aqueles que demandam análise muito mais criteriosa e detalhada, cujos mecanismos de diagnóstico, inspeção e consequentemente de tratamento se distanciam daqueles mais convencionais e de rotina. Tais manifestações aparecem de diversas formas e podem incluir de patologias do concreto como fissuras, rachaduras e infiltrações até patologias de revestimento, como de pintura e alvenaria, desbotamento, bolhas e destacamento. Vejamos as características principais de 9 delas: 1. Trincas e fissuras Aparentemente inofensivas, as trincas e fissuras são sinal de que houve, principalmente, algum tipo de falha na uniformidade da mistura do concreto. A medida preventiva começa na contratação do profissional, que deve considerar todas as indicações ambientais antes de preparar a mistura. Além disso, evitar o problema tem a ver, principalmente, com a dosagem correta durante a elaboração. 2. Porosidade 22 Problema que compromete a resistência do concreto e está diretamente relacionado a um processo de preparação que não foi realizado de acordo com parâmetros de qualidade e boas práticas da construção. Para evitar a porosidade, certifique-se que o concreto seja lançado sempre próximo do local definitivo e que a ação ocorra antes do início do ponto de pega. Utilize calhas, funis ou trombas para lançamentos de alturas superiores a dois metros. 3. Infiltração Possivelmente um dos piores vilões da construção civil, a infiltração consiste em estragos causados por água e umidade em excesso. Em geral, é uma patologia que pode ser evitada com medidas básicas de impermeabilização. Lembrando que existem impermeabilizantes adequados para cada espaço e essa é uma classificação que deve ser respeitada. 4. Rachaduras Mais graves que as fissuras e trincas, as rachaduras são facilmente identificadas uma vez que ultrapassam o diâmetro de um milímetro. Costumam aparecer devido a micro-movimentos de acomodação da edificação sobre o solo. Quando surgem em lajes, marquises, pilares e vigas, merecem atenção especial, pois comprometem a sustentação estrutural das construções. 5. Carbonatação É a corrosão de estruturas metálicas, também chamadas de armaduras de concreto. O problema ocorre quando a cobertura de cimento não é suficiente para proteger o aço de processos corrosivos. É uma degradação contínua que, se não for resolvida com agilidade, pode comprometer as estruturas da edificação. 6. Destacamento Manifestação patológica caracterizada pela perda de aderência entre peças cerâmicas e substrato ou argamassa. É o descolamento parcial ou total de ladrilhos, pisos e porcelanatos da superfície. 7. Gretamento 23 Representa o comprometimento estético de placas cerâmicas. É caracterizado por defeitos superficiais em azulejos e materiais similares, como riscos e marcas, que eventualmente podem evoluir para um descolamento. 8. Desbotamento É a descoloração de pigmentos presentes em tintas pouco resistentes, especialmente quando aplicadas em áreas externas – como fachadas, muros e varandas. Ocorre quando a incidência de luz solar é muito frequente sobre a superfície. Pode ser evitado com a utilização de produtos com alta resistência aos raios ultravioleta. 9. Bolhas São representadas pela presença de água ou ar sob uma película de tinta, gesso ou textura. A umidade é a grande vilã nesses casos e pode ser evitada com impermeabilizantes de boa resistência, acabamento de qualidade e aditivos antiespumantes. Na maioria dos casos, as patologias na construção civil são decorrentes de fatores como: Falhas de execução; Qualidade baixa dos materiais ou serviços prestados; Manutenções inadequadas ou inexistentes; Mau acondicionamento de matérias-primas; Não cumprimento de normas técnicas; Erros de manipulação ou utilização; Falta de atenção ou comprometimento. A boa notícia é que todas elas podem ser evitadas! A iniciar pelo processo de gestão, ideal para garantir resultados de qualidade e comunicação transparente durante todas as etapas de um projeto. 24 MEDIDAS DE PROFILAXIA As medidas de profilaxia são muito importantes para se evitar que as estruturas entrem em colapso causando prejuízos financeiros ou até mesmo vítimas fatais. As principais medidas de profilaxia para se evitar patologias nas edificações são: Projetos bem elaborados Um projeto bem elaborado deve levar em conta todos os fatores, estar de acordo com as normas vigentes (NBR’s), ser de fácil compreensão e estar com todos os detalhes necessários para sua execução. Segundo Silva e Jonov (2011)14, projetos mal elaborados correspondem a 18% das origens das manifestações patológicas no Brasil. Controle tecnológico dos materiais De acordo com a NBR 12655 (2015), é preciso fazer não somente o controle do concreto, mas também dos agregados, água e aditivos. Segundo a NBR 12654 (2000) o controle tecnológico deve ser elaborado em função do grau de responsabilidade da estrutura, das condições agressivas existentes no local da obra e do conhecimento prévio das características dos materiais disponíveis para a execução das obras. Segundo Silva e Jonov (2011)15, a falta de controle tecnológico dos materiais corresponde a 7% das origens das manifestações patológicas no Brasil. 25 Fiscalização e equipe bem preparada A falha na etapa de construção é um dos grandes problemas na construção civil pode gerar muitos custos adicionais. Está relacionado à quando não se tem uma equipe preparada e quando gestores e / ou responsáveis técnicos não visitam e nem acompanham suas obras periodicamente. Uma equipe mal preparada vai estar relacionada diretamente à principal causa de patologia no Brasil a de erros de execução. De nada adianta um projeto bem elaborado se a equipe não conseguir entender e executa-lo devido as suas limitações. Segundo Silva e Jonov (2011)15, uma equipe mal preparada e a falta de fiscalização estão ligadas às patologias com origens na execução que correspondem a 51%. Manutenções preventivas As manutenções preventivas são muito importantes à medida em que a edificação vai ficando mais velha. A garantia de maior vida útil e de satisfatório desempenho estrutural e funcional só poderá ser obtida através de uma manutenção adequada, a qual deverá fazer parte de uma gestão eficiente, pois os inconvenientes resultantes da inexistência de atividades de manutenção preventivas e periódicas tornam-se mais frequentes e ameaçam o sentimento de segurança de seus usuários. Segundo Silva e Jonov (2011)15, as faltas de manutenções preventivas correspondem a 3% das origens das patologias no Brasil. Utilização adequada da edificação Segundo Silva e Jonov (2011)15, a utilização inadequada de uma edificação corresponde a 13% das patologias no Brasil. Ocorre, principalmente, quando edificações passampara a mão de terceiros como é o caso de quando se aluga uma casa para ser utilizada para outros fins que não seja para moradia (o peso próprio é dado de acordo com a finalidade da edificação). 26 ENGENHARIA DIAGNÓSTICA A Engenharia Diagnóstica em Edificações é a disciplina das investigações técnicas nos diversos componentes, sistemas construtivos, suas conexões e conjunto geral da edificação, visando qualidade total, sustentabilidade e responsabilidade social. Essas investigações técnicas podem ser desenvolvidas com diversos focos e graus de amplitude, dependendo do objetivo técnico pretendido no diagnóstico. Tradicionalmente, todas as investigações técnicas se desenvolvem através de método dedutivo que ao final bem demonstra o diagnóstico, com conclusão e fundamentação. Iniciando-se de premissas gerais, colhidas através de observações, o Engenheiro Diagnóstico parte para posteriores análises e comparações, para então finalizar o diagnóstico técnico com sua conclusão e fundamentação. Em geral, as principais atividades intelectuais do investigador são aquelas decorrentes da percepção, intuição, comparação e dedução. Outras atividades práticas contribuem para o êxito da investigação técnica, tais quais as indagações, inquirições, pesquisas, ensaios, exames laboratoriais, etc. No entanto, as quatro ações diretas do intelecto são fundamentais e indispensáveis no processo investigativo. 27 E o que é a percepção? De maneira simplista pode-se definir a percepção como sendo a obtenção do conhecimento pelos sentidos e, no caso específico da engenharia diagnóstica, a visão é o sentido predominante, redundante da constatação que se faz na vistoria, primeira ferramenta diagnóstica. As vistorias de vizinhança para a constatação das condições físicas gerais dos imóveis confrontantes ao terreno da obra é o exemplo mais típico dessa investigação diagnóstica preliminar. E a intuição diagnóstica, o que seria ? É o discernimento instantâneo, a análise decorrente da experiência, que denominamos de inspeção, segunda ferramenta diagnóstica. A inspeção predial para se analisar as condições técnicas dos prédios em uso é exemplo marcante dessa segunda ferramenta diagnóstica, pois contém as análises gerais da qualidade predial quanto à técnica, manutenção e uso da edificação. E a comparação, como se processa? A comparação se processa entre dois polos, a realidade e o ideal técnico. O ideal técnico é uma norma ou outro diploma, e a comparação visa apurar conformidades, ou não, da realidade em relação ao documento, ou seja, a auditoria técnica é a terceira ferramenta. Essa ferramenta diagnóstica é muito utilizada nas auditorias de projeto, para se atestar o atendimento, ou não, da legislação e normas, ou mesmo nas obras novas, para se atestar a execução correta, ou não, em cumprimento aos projetos e normas técnicas. A dedução diagnóstica, por sua vez, é a determinação da origem, do mecanismo de ação e da causa do fato em estudo, ferramenta tradicionalmente denominada perícia, ou ainda, a rainha das provas. Quando é necessário se conhecer a causa de uma anomalia construtiva, como um vazamento ou trinca estrutural, por exemplo, o diagnóstico técnico há de ser completo, passando pela percepção, intuição, comparação e dedução. Nesses casos, a perícia é a ferramenta que redundará na conclusão e fundamentação, a explicar o mecanismo de ação da anomalia, sua origem e também a sua causa. No mundo prático, após o diagnóstico técnico vem a prescrição do tratamento, que denominamos consultoria, sendo essa a última das ferramentas da Engenharia Diagnóstica em Edificações. 28 Em suma, a Engenharia Diagnóstica é a investigação técnica das causas das patologias prediais, através de seus sintomas, ou seja, as anomalias construtivas, falhas de manutenção e irregularidades de uso. Na prática laboral, porém, o método dedutivo diagnóstico nem sempre requer o ciclo completo, pois as informações diagnósticas no decorrer do processo construtivo são de diversas amplitudes. Assim sendo, como exposto nos exemplos acima, a Engenharia Diagnóstica em Edificações, através das suas ferramentas, - responde a todos os questionamentos para o bom planejamento da execução obra, sua plena utilização e até mesmo na sua desconstrução, atividades fundamentais no moderno foco da boa qualidade, sustentabilidade e responsabilidade social da construção civil atual, além de servir à Justiça, na produção de provas técnicas fundamentadas. Percebe-se, portanto, que qualquer semelhança do engenheiro diagnóstico com o clínico geral, não é mera coincidência. O engenheiro deverá se valer de ensaios tecnológicos, realizados em campo ou em laboratório, para validar ou rejeitar as hipóteses formuladas na proposição do diagnóstico, portanto, deverá lançar mão de profissionais especializados, até mesmo para interpretação dos resultados, aprofundamento das análises, visando, após a determinação do diagnóstico, a proposta de soluções fundamentadas. 29 FERRAMENTAS DA ENGENHARIA DIAGNÓSTICA Auditoria: Atividade que envolve a obtenção de evidências (registros, fatos ou outras informações) que avalia o atendimento a determinados critérios: políticas, procedimentos, normas técnicas, ou requisitos usados como referência. Atestamento ou não de conformidade de um fato, condição ou direito relativo a uma edificação. Esta é uma grande aliada do controle de qualidade, onde podemos citar exemplos de auditoria de desempenho, gestão ambiental, operacional, projetos, manutenções e vários outros. Basicamente é a ferramenta para verificar se determinado item ou processo está de acordo com o que é esperado para o mesmo. Avaliação: Atividade que envolve a determinação técnica do valor qualitativo ou monetário de um bem, de um direito ou de um empreendimento (ABNT NBR 13752, 1996). Inspeção Predial: Diversas atividades (processo) de avaliação das condições técnicas da edificação. Fundamenta-se em atividade de anamnese e de vistoria sensorial, podendo ter o apoio de testes e verificações expeditas, apurando as causas da situação, classificação da importância das falhas, anomalias e manifestações patológicas mais significativas, assim como indicação das ações necessárias para assegurar a conservação da edificação (adaptado ABNT NBR Projeto Norma Inspeção Predial, 2016). Inspeção Predial Especializada: A Inspeção Predial Especializada é um processo de menor abrangência e mais aprofundado de inspeção, que visa avaliar as condições técnicas de um sistema ou subsistema específico. Normalmente é desencadeada pela Inspeção Predial, de forma a complementar ou aprofundar o diagnóstico (adaptado ABNT NBR Projeto Norma Inspeção Predial, 2016). Perícia: Atividade que envolve apuração das causas que motivaram determinado evento, tais como, anomalias, falhas etc. (adaptado ABNT NBR 13752, 1996). 30 Determinação de origem, causa, mecanismo de ação de um fato, condição ou direito relativo de uma edificação. Muitos clientes entram em contato conosco solicitando uma inspeção, quando na verdade o que precisam é de uma perícia. É nessa ferramenta que fazemos toda a investigação das causas e origens das não conformidades, realizamos ensaios comprobatórios e investigativos, avaliamos de forma mais profunda as suas consequências e elaboramos laudos que muitas vezes serão usados na justiça para obter soluções, receber por danos materiais e morais. Vistoria: Atividade de constatação de um fato, mediante exame circunstanciado e descrição minuciosa dos elementos que o constituem (ABNT NBR 13752, 1996). É a constatação técnica de determinado fato, condição ou direito relativo a uma edificação, mediante a verificação in loco. Podemos destacar a vistoria de material e acompanhamento de obra, de conclusão de obra, locativa (paraalugar um local ou até mesmo para entrega-lo ao proprietário) e vistoria de vizinhança (aonde obtém-se o famoso laudo de vizinhança) 31 PERÍCIA A perícia por certo é desenvolvida por profissionais habilitados, eminentemente especializados na busca pelo esclarecimento de aspectos associados ao estabelecimento fundamentado de causa, origem e mecanismo de ação, no estudo das demandas técnicas que demandam e prescindem dessas explicações. Nesse caso, a multidisciplinaridade também se apresenta, recomendando, inclusive, a participação do consultor especialista, se necessário. Tradicionalmente, segundo os dicionaristas, perícia é o exame técnico de caráter especializado, ou seja, é a observação, investigação, análise, inspeção ou pesquisa minuciosa de um fato, condição ou direito, realizado pelo especialista. E a definição de perícia de Engenharia pela resolução 345 do Confea, de 27 de julho de 1990, segue no foco da especialidade, determinando que é a atividade que envolve a apuração das causas que motivaram determinado evento ou da asserção de direitos. Nessa perícia de Engenharia na Construção Civil o exame especializado incide no planejamento, projeto, obra em execução ou concluída, visando apurar, principalmente, a causa do evento em estudo. Destacam-se como as mais usuais atividades desse exame de engenharia, as seguintes: 32 a) Coleta de informes gerais (extrínsecos) – geográficas, climáticas, ambientais, região, vizinhança, urbanização,melhoramentos públicos, usos, costumes e outros; b) Coleta de informes específicos (intrínsecos) – projetos, especificações, manuais técnicos, normas técnicas e legislações pertinentes, e outros; c) Vistoria – constatações gerais e específicas doevento em estudo; d) Inspeção – análises gerais e específicas do evento em estudo; e) Auditoria - atestamentos das conformidades e não-conformidades do evento em estudo; f) Ensaio – pesquisas das especificações dos materiais relativas ao evento; g) Protótipo – para testes do modelo. Evidentemente, o resultado desse exame, ou seja, a determinaçãoda causa do evento em questão permitirá se adotaruma série de medidas corretivas, ou de avaliação, posteriores, podendo-se destacar as seguintes: a) Corrigir ou aprimorar a Qualidade; b) Apurar responsabilidade; c) Avaliar qualitativamente ou monetariamente; d) Apurar eventuais desequilíbrios contratuais; e) Indicar procedimentos de reparo ou reabilitação. O quadro ilustrativo das principais atividades de investigação técnica e medidas posteriores da perícia de engenharia pode ser o seguinte: Sabendo-se que os resultados das perícias são muito utilizados no meio judicial, para apurar responsabilidades e corrigir problemas, é usual o chamamento dos peritos, não só para apurar as causas, como também para darem seus pareceres sobre as medidas técnicas corretivas ou de avaliação posterioresao diagnóstico.Essas medidas, no entanto, não se confundem com 33 as perícias de engenharia, pois são consultorias posteriores, como se pode observar no quadro anterior. Os leigos e neófitos, entretanto, costumam denominar todas as ferramentas de investigação e essas medidas posteriores de “perícia”, confundindo diagnóstico com ferramentas de investigação técnica, avaliação ou medidas de correção técnica. No foco da Engenharia Diagnóstica, numa visão mais detalhada e precisa, tudo se esclarece, pois a diferença entre vistoria, perícia, avaliação, apuração de responsabilidade, recomendações técnicas, etc, é nítida.É sabido que a perícia resulta exclusivamente no diagnóstico final e completo do evento, podendo ser conceituada como a investigação técnica que determina a origem, o mecanismo de ação e causa de um fato, condição ou direito relativo a uma construção. A origem pode ser endógena (projeto, execução e materiais), exógena (fatores externos), natural (clima) e funcional (degradação e uso intenso), cabendo ressaltar que a determinação da origem precede aos diagnósticos do mecanismo de ação e causa. A causa, por óbvio, é o diagnóstico técnico resultante da investigação procedida. O mecanismo de ação é a descrição dos fatores de ação e suas influências no evento em estudo, ou seja, é a fundamentação da causa. A perícia requer estudos aprofundados e reiterados, muitas vezes requerendo ensaios tecnológicos ou mesmo a construção de um protótipo. As perícias de engenharia na construção civil podem ser diretas ou indiretas. São diretas quando os exames técnicos recaem diretamente no objeto, fato ou condição em estudo, ou indiretas, quando os exames se desenvolvem à distância, por meios digitais ou através da análise de documentos retrospectivos do caso em estudo. As Diretrizes Técnicas de Engenharia Diagnóstica em Edificações elaboradas pelo Instituto de Engenharia apresentam os conceitos, classificações, metodologia e demais procedimentos das Perícias, cabendo destacar a sequência recomendada desses trabalhos técnicos: Planejamento e coleta de informações; 34 Estudo da documentação; Vistoria técnica; Inspeções e Auditorias Técnicas; Recursos Técnicos Adicionais – levantamentos topográficos, ensaios, protótipos e outros; Exames intrínsecos do objeto, fato, condição ou direito; Exames extrínsecos; Conclusão e fundamentação; Elaboração do laudo. Perícia de Engenharia na Construção Civil se distingue, sutilmente, das provas periciais preconizadas pelos juristas, e não se confunde com Avaliação ou Medidas de Reparação. Norma Técnica não se confunde com norma jurídica. 35 ARTIGO (Fragmentos) MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS: FATORES QUE INFLUENCIAM NO SEU APARECIMENTO EM PRÉDIOS RESIDENCIAIS Publicado no Congresso Brasileiro de Patologias das Construções Fotaleza/2020 Autores: RODRIGUES, ESAÚ DANIEL COSTAS FERREIRA, Professor Doutor em Engenharia Civil UNIFACEMA Maranhão/Brasil esau.rodrigues@outlook.com CLÁUDIO VIDRIH Graduando de Engenharia Civil; UNIFACEMA Brasil Maranhão; vidrih@vidrih.com.br SANTOS, MIKHAEL FERREIRA DA SILVA Mestrando em Engenharia Civil UFPE Maranhão; Brasil mikhael@ferreiraeng.com SANTOS, PAULO RICARDO ALVES REIS Mestrando Engenharia de Materiais IFPI Maranhão; Brasil pauloricardo.ars@gmail.com mailto:vidrih@vidrih.com.br 36 RESUMO Desde o estopim da civilização humana, o homem tem se preocupado em construir estruturas adaptadas às suas necessidades individuais e coletivas, sejam elas habitacionais, laborais ou de infraestrutura. O desenvolvimento tecnológico na construção civil se deu justamente através dessas necessidades, abrangendo concepção, projeto e execução. Apesar disso, diversas estruturas estão apresentando desempenho insatisfatório. Diante desse cenário, o presente trabalho apresenta o objetivo de avaliar os principais fatores que influenciam no aparecimento de manifestações patológicas em prédios residenciais no município de Caxias, estado do Maranhão. Para isso, foi catalogado grupos construtivos nas edificações levando em consideração a incidência dos principais problemas construtivos na região: instalações hidráulicas, alvenaria, impermeabilização, pisos e forro de gesso. Foram realizadas inspeções prediais, diagnóstico, prognóstico e terapia, seguindo os normativos brasileiro, tendo como a base a NBR 15575/2013, também conhecida como norma de desempenho. As manifestações patológicas encontratadas, por muitas vezes, não são tratadas com a devida solução, principalmente devido a falta de conhecimento dos usuários. Além das soluções indicadas, foi possível conscientizar a importância de profissionais capacitados, evitando problemas de concepção, projeto, execução ou pósocupação. Dentre os principais problemas encontrados, destaca-se ruptura em tubulações hidráulicas, acúmulo de ar nastubulações, trincas, fissuras horizontais devido a variação térmica, fissuras verticais em paredes devido retração, fissuras por falta de verga e contraverga, problemas de umidade, entre outros. Palavras-chave: patologia, manifestações patológicas, inspeção predial, desempenho, vida útil. RESULTADOS E DISCUSSÃO Alinhados os resultados obtidos na pesquisa de campo e bibliográfico foi possível detalhar cada manifestação obedecendo os grupos previamente 37 escolhidos: 1- Instalações hidráulicas; 2- Alvenaria; 3- Impermeabilização; 4- Pisos; 5- Forro de gesso Instalações hidráulicas Segundo Vieira (2016), 75% das patologias da construção são decorrentes de problemas relacionados com as instalações hidráulicas prediais. Isso é uma demonstração de que os sistemas hidráulicos prediais não estão merecendo a atenção necessária e indispensável para que tenham o seu desempenho de acordo com a vida útil da edificação. Essa condição é decorrente de algumas evidências, tais como: a) Instalações hidráulicas e sanitárias estão ocultas; b) Execução de obras sem os projetos de instalações; c) Preocupação em reduzir custos nas instalações; d) Aplicações de componentes / materiais de baixa qualidade; e) Baixa qualificação na mão de obra utilizada; Neste trabalho serão abordados três tipos dos quais tiveram mais ocorrências, são eles: 1) Rupturas em engates flexíveis; 2) Acúmulo de ar na tubulação; 3) Trincas em conexões. 38 Rupturas em engates flexíveis Os engates flexíveis são destinados a fazer a ligação de materiais sanitários ao ponto de fornecimento de agua. As rupturas em engastes flexíveis foram encontradas na coleta realizada. Há disponível no mercado brasileiro engates flexíveis fabricados em material plástico ou material metálico, conforme mostra a Figura 01. A diferença entre um e outro, além do material de fabricação, é a capacidade de suportar pressões e temperaturas. As rupturas desse material ocorrem normalmente no corpo do flexível ou nas porcas de engates plásticos, as quais eventualmente são submetidas ao excesso de aperto, procedimento que vai contra ao que recomenda o fabricante. A Figura 02 mostra o engate plástico contendo ruptura por excesso de aperto com o uso de ferramenta tipo chave de grifo, fato ocorrido em uma das casas visitadas. As medidas de correção sugeridas são: 1- Utilização de engates metálicos, pois proporcionará maior resistência ao aperto; 2- Se for utilizar engates plásticos deve-se atentar ao manual de utilização do material, para não ocorrer a má utilização e nem uma montagem incorreta do mesmo. 3.1.2. Acúmulo de ar na tubulação A formação de bolsões de ar na canalização de água fria foi observada em três residências visitadas, o acontecimento dessa anomalia ocorre com frequência, ocasionando a falta de água. A falta de água decorrente do esvaziamento do reservatório, voluntariamente ou não, é um fator que gera a possibilidade de formação de bolsas de ar na tubulação e a consequente obstrução da passagem da água para os pontos de consumo diversos. Se há 39 formação de bolsas de ar nas tubulações de água, é um indicativo de que os tubos ventiladores não estão cumprindo a finalidade para a qual se destinam, ou seja, expulsar as bolhas de ar presas nos barriletes, fato que ocorre sempre que o reservatório superior fica esvaziado e volta a ser cheio. Esse fato ocorre principalmente por erros na execução da montagem dos tubos ventiladores do reservatório de agua. Trincas em conexões As tubulações estão sujeitas às trincas por causas diversas. Entre elas, o tensionamento sendo considerado um grande fator que leva ao colapso de uma tubulação, pois trata-se de um esforço mecânico externo que força a conexão por desalinhamento na tubulação, golpe de aríete, vibrações transmitidas por equipamentos (moto bombas, etc.), dilatação e contração térmica da tubulação e até o recalque em terrenos (VIEIRA, 2016). Trincas em conexões hidráulicas são sinistros que podem causar danos materiais de grande proporção, foi utilizado como exemplo um caso vivenciado na pesquisa: uma casa com apenas 3 meses de uso, a trinca ocorreu no joelho que faz conexão da água proveniente da caixa d’água com a alimentação para à casa (figura 03) da qual se localiza na cobertura entre o quarto e banheiro, esse acontecimento danificou parte dos móveis, acabamento em pintura, placas de gesso, fora o incomodo que trousse aos moradores como mostra a figura 04 e figura 05. Nesse caso especifico, foi detectado o agente que ocasionou esse sinistro, a economia que a construtora fez na escolha do material; constatou-se 40 que a mesma adquiriu materiais de péssima qualidade e ressecados na intenção de obter economia no orçamento final. A tubulação foi bem dimensionada e bem executada porem a má escolha do material ocasionou no surgimento dessa manifestação. Alvenarias Segundo Lima (2015), várias são as patologias que podem ser encontradas em alvenarias, como fissuras, desnivelamento de superfícies, entre outros. No entanto, a manifestação patológica que se dá ênfase é a fissura, devido a aspectos fundamentais, como o comprometimento da obra em serviço (estanqueidade à água, isolamento térmico e acústico, durabilidade, etc.), o constrangimento e preocupação psicológicos que a fissuração do edifício exerce sobre seus usuários devido a um eventual estado de perigo para a estrutura, etc. Os principais mecanismos de formação das fissuras, são: Movimentações provocadas por variações térmicas e de umidade; Atuação de sobrecargas ou concentração de tensões; Deformabilidade excessiva das estruturas; Retração de produtos à base de ligantes hidráulicos. As manifestações patológicas em alvenarias ainda são bem frequentes no Brasil, devido à comunicação precária entre seus envolvidos, como engenheiros que executam a obra, projetistas e os fabricantes de materiais e componentes da construção. Essa pode ser a principal razão do surgimento dessas com tanta frequência. As fissuras em paredes podem ser classificadas com critérios diferentes, como as causas, o tipo a atividade, a abertura, a forma, a direção, as tensões envolvidas, entre outras. Frequentemente, a configuração típica, a dimensão e a magnitude de uma fissura permite que se especule sua causa provável. As figuras 06 a 09, apresentam os quadros resumo das 25 configurações típicas catalogadas, reunidas em seus respectivos grupos (MAGALHÃES, 2004) A partir desses catálogos foi possível identificar os tipos de fissuras encontradas na pesquisa de campo e identificar causas prováveis além de elencar possíveis medidas de terapia e prevenção. 41 Através do comparativo entre catálogo citado anteriormente e a pesquisa de campo foi possível identificar os tipos de fissuras encontradas nas edificações visitadas, em duas residências foram detectadas fissuras causadas por variações de temperaturas, em outras duas fissuras causadas por retração e expansão, em outra fissura vertical induzida por sobrecargas. 3.2.1. Fissuras causadas por variações de temperaturas Os diversos elementos que compõem as construções estão expostos às variações de temperatura sazonais e diárias que provocam movimentos de dilatação e contração que, associados às diversas restrições existentes à sua movimentação, resultam em tensões que podem 42 provocar fissuras de temperatura (MAGALHÃES, 2004). As fissuras causadas por variações de temperatura ainda podem se dividir em 8 tipos distintas, sendo: 1 – Fissuras horizontais por movimentação térmica da laje; 2 - Fissuras inclinadas por movimentação térmica da laje; 3 - Fissuras inclinadas em paredes transversais por movimentação térmica da laje; 4 - Fissuras verticais por movimentação térmica da laje; 5 - Fissuras inclinadas por movimentação térmicada estrutura de concreto armado; 6 - Fissuras de destacamento por movimentação térmica da estrutura de concreto armado; 7 - Fissuras verticais por movimentação térmica da alvenaria; 8 - Fissuras de destacamento de platibandas por movimentação térmica. Na pesquisa realizada detectou-se um tipo de fissuras causadas por variações de temperatura, sendo ela bem fácil de ser encontrada em diversas edificações, as fissuras horizontais por movimentação térmica da laje Fissuras horizontais por movimentação térmica da laje As fissuras horizontais por movimentação térmica da laje ocorrem em paredes de alvenaria que sustentam lajes de concreto armado expostas às variações de temperatura, especialmente as lajes de cobertura. A forma destas fissuras é tipicamente horizontal, na interface entre a parede de alvenaria e a laje de concreto armado, ou mais abaixo, em uma linha paralela à laje. Coberturas rígidas, mesmo que não construídas em concreto armado, também podem provocar fissuras com esta mesma configuração (MAGALHÃES, 2004). As figuras 10 e 11 apresentam os casos encontrados dos quais apresentam as configurações típicas deste tipo de fissuração. 43 Fissuras causadas por retração Segundo Magalhães (2004) são manifestações ocasionadas pela movimentação de elementos construtivos ou de seus constituintes por retração de produtos à base de cimento. Podem ser provocadas em paredes de alvenaria de duas formas: pela retração dos materiais constituintes das alvenarias, ou ainda, pela movimentação por retração de outros elementos construtivos, como as lajes e vigas de concreto armado por exemplo, causando fissuras nas paredes de alvenaria adjacentes a estes elementos. Esse tipo de fissura se divide em 5 tipos distintos, são eles: 1 - Fissuras horizontais em paredes por retração da laje; 2 - Fissuras na base de paredes por retração da laje; 3 - Fissuras verticais em paredes por retração da laje; 4 - Fissuras de destacamento de paredes de alvenaria por retração; 5 - Fissuras verticais em paredes por retração da alvenaria. Na pesquisa foi identificado fissuras de destacamento de paredes de alvenaria por retração e fissuras verticais em paredes por retração da alvenaria. Fissuras de destacamento de paredes de alvenaria por retração As fissuras de destacamento de paredes de alvenaria por retração como mostra a figura 12, são fissuras horizontais e verticais que ocorrem na interface entre a parede e a estrutura de concreto armado. A retração por secagem das argamassas de assentamento pode provocar o abatimento de paredes de alvenaria recém executadas, provocando o seu destacamento. Também a última fiada da alvenaria executada prematuramente poderá sofrer com este abatimento, provocando seu superior ou laje. 44 A retração das argamassas de assentamento pode provocar ainda destacamentos localizados entre a argamassa e o componente da alvenaria, como tijolos ou blocos, gerando fissuras de pequeno porte na interface entre o componente e a argamassa (THOMAZ, 1989). Fissuras verticais em paredes por retração da alvenaria Fissuras verticais em paredes podem ocorrer pela retração da própria alvenaria que, além do destacamento, pode induzir a formação de fissuras no próprio corpo da parede. Em geral ocorrem pela retração de seus elementos constituintes, como tijolos ou blocos e/ou juntas de argamassa (THOMAZ, 1989). Fissuras verticais em paredes por retração da alvenaria (figura 13), podem apresentar variações, mantendo uma orientação predominantemente vertical (MAGALHÃES, 2004). Fissura induzida por sobrecarga Muitos são os fatores que influenciam na fissuração de paredes em alvenaria submetidas a sobrecargas de compressão: a forma, seção transversal e esbeltez; o tipo e forma geométrica dos tijolos ou blocos; a resistência mecânica e os módulos de deformação destes componentes e da junta de argamassa; a rugosidade e porosidade dos componentes; o poder de aderência, elasticidade, retração e retenção de água da argamassa; o tipo de junta de assentamento, sua espessura e regularidade; o tipo de fixação da parede a outras estruturas; e, as técnicas construtivas e qualidade de execução (MASSETO; SABBATINI, 1998). 45 Como em todos os tipos de fissuras, a fissura induzida por sobrecarga é dividida em 5 tipos, sendo eles: 1 - Fissuras verticais induzidas por sobrecargas; 2 - Fissuras horizontais por sobrecargas; 3 - Fissuras por sobrecargas em apoios; 4 - Fissuras por sobrecargas em pilares de alvenaria; 5 - Fissuras por sobrecargas em torno de aberturas. Em nosso estudo identificou-se um dos tipos: fissuras por sobrecargas em torno de aberturas, esse tipo de fissura é fácil de ser encontrada em diversas edificações. Fissuras por sobrecargas em torno de aberturas Ocorrem em paredes descontínuas, com aberturas submetidas a carregamentos de compressão excessivos e têm como característica a formação de fissuras a partir dos vértices das aberturas. Podem apresentar-se com diversas formas, em função de múltiplos fatores como dimensões da parede e das aberturas, materiais constituintes da parede, dimensão e rigidez de vergas e contravergas, deformação e comportamento da alvenaria e de seu suporte (THOMAZ, 1989). Na maioria dos casos essas sobrecargas em torno das aberturas podem ser combatidas apenas com emprego de uma peça estrutural conhecida como verga (quando forem portas e janelas) e contravergas (quando for janelas ou basculantes). Na figura 14 e 15 pode-se observar o comportamento desse tipo de fissura. Impermeabilização Os problemas de umidade podem se manifestar em diversos elementos das edificações: paredes, pisos, fachadas, elementos de concreto armado, etc. Geralmente eles não estão relacionados a uma única causa. Quando surgem 46 nas edificações, sempre trazem um grande desconforto e degradam a construção rapidamente (SOUZA, 2008). De acordo com a NBR 9575 (ABNT, 2010), a impermeabilização é o conjunto de operações e técnicas construtivas (serviço), composto por uma ou mais camadas, que tem por finalidade proteger as construções contra ação deletéria de fluídos, de vapores e da umidade. Para a execução dessa atividade faz-se necessário a existência de um projeto de impermeabilização, pois todos os cuidados serão poucos para que vazamentos não voltem a ocorrer, pois parte dos problemas com os sistemas ocorrem em encontros com ralos, juntas, mudança de planos, passagem de dutos e chubamentos (LIMA, 2015). A umidade é um dos problemas mais difíceis de ser resolvidos na construção civil. Identificamos em uma das residências visitadas uma parede com umidade generalizada, como mostra a figura 16, foi-se possível identificar com facilidade a origem da patologia, os proprietários da edificação ainda indicaram que a patologia se manifestou após uma noite de chuva, também foi verificado que a mesma parede se encontra com tijolos a vista na parte externa. Souza (2008) cita, uma causa poderia ser o reboco poroso, outra o reboco salpicado, que é capaz de reter água, que irá atravessar a parede. Em se tratando de paredes de tijolo à vista, a causa de infiltração é devido às juntas malfeitas Pisos Segundo Rhod (2011) a maioria das ocorrências de manifestações patológicas em revestimento cerâmico pode ser atribuída à falta de compreensão das interfaces entre seus diversos componentes. Essa falta de 47 compreensão está ligada às deficiências no conhecimento técnico de toda a cadeia produtiva, destacando: 1- Assentadores despreparados e sem treinamento; 2- Fabricantes não preocupados com garantia, assistência técnica e informações de uso; 3- Projetistas desconhecedores de suas responsabilidades; 4- Incorporadores não atentos ao real valor atribuído à relação entre custos de recuperação da manifestação patológica e o valor do bem a serrecuperado. Os principais tipos de patologias que ocorrem em revestimentos cerâmicos são: destacamentos de placas, trincas, manchas e deterioração de juntas; nessa pesquisa iremos destacar dois tipos considerados principais, são eles: Trincas e Deterioração de juntas. Trincas Este fenômeno caracteriza-se por perda de integridade da superfície do revestimento cerâmico, podendo até mesmo levar ao seu descolamento do substrato (BARROS; FLAIN; SABBATINI, 1993). A figura 17 caracteriza essa manifestação. Segundo Rhod (2011) as principais causas para os problemas de trincas, são: a) Dilatação e retração das placas cerâmicas: ocorre quando há variação de temperatura ou de umidade; b) Deformação estrutural excessiva: a deformação da estrutura do edifício pode criar tensões que são transmitidas para a alvenaria e desta para os revestimentos. c) retração da argamassa de fixação: ocorre principalmente quando a argamassa de fixação é dosada na obra, causando retração excessiva pela perda da água de amassamento, podendo tornar a superfície da placa convexa e tracionada. Deterioração de juntas Os rejuntes, em geral, não vem sendo considerados como um serviço técnico de importância para o desempenho do conjunto do revestimento. Na realidade, desconhece-se as suas verdadeiras funções, atribuindo-lhes somente à estética do conjunto (BARROS; FLAIN; SABBATINI, 1993). 48 A deterioração das juntas figura 18, apesar de afetar as argamassas de preenchimento das juntas de assentamento e de movimentação, compromete todo o revestimento cerâmico, interferindo na sua capacidade de absorver deformações. Por isso, a escolha correta do material e o controle de execução do rejuntamento são as maneiras de se evitar essa manifestação patológica (LIMA, 2015). Existe duas formas dela se manifestar: pela perda de estanqueidade da junta ou pelo envelhecimento do material de preenchimento. A perda de estanqueidade das juntas, muitas vezes, inicia-se logo após sua execução, pois procedimentos inadequados de limpeza, promovem a deterioração de parte de seu material constituinte que, somada aos ataques agressivos do meio ambiente, ou de solicitações devido a movimentos diferenciais, desencadeiam um estado de vulnerabilidade de sua integridade, podendo originar fissuras ou mesmo trincas ocorrendo, assim, o processo de desenvolvimento de um problema patológico como o descolamento e a eflorescência, por exemplo, pela possibilidade de infiltração de água (BARROS; FLAIN; SABBATINI, 1993) Forro de gesso Dentre as manifestações patológicas que ocorrem em casas residenciais, são comuns o surgimento em placas e revestimento de gesso, os defeitos mais comuns são trincas e fissuras (figura 19), causadas pela interação entre forro e acomodação da estrutura. Para evitar trincas em forros de gesso, é necessário que se permita a livre movimentação do gesso. Para tanto, recomenda que sejam feitas juntas de ligação, que são as que ficam localizadas entre o forro e as paredes ou 49 elementos da estrutura, permitindo a movimentação diferencial. Independentemente das dimensões do forro, as juntas devem ser executadas em todo o perímetro entre o forro e as paredes ou divisórias, bem como entre o forro e os elementos da estrutura em contato com ele (LIMA, 2015). Sintese das manifestações ocorrentes na pesquisa Neste trabalho, foram estudadas diversas casas residenciais em bairros e construtoras diferentes, no intuito de catalogar as manifestações patológicas mais ocorrentes em casas residenciais elencando suas causas, prevenção e manutenção. Para melhor entendimento a tabela 01 apresenta os tipos de manifestações patológicas registradas e analisadas no presente trabalho 50 CONCLUSÕES Foram mostrados, ao longo do trabalho, defeitos que ocorrem no dia a dia e que, por muitas vezes, não são tratados com a solução adequada que necessitam por falta de conhecimento, por isso a importância de se trabalhar com profissionais capacitados, seja na hora do projeto, para detectar possíveis manifestações patológicas futuras, como as fissuras, ou durante a obra para evitar defeitos com causas na execução. Esse trabalho permitiu um maior conhecimento sobre o tema, manifestações patológicas: fatores que influenciam no aparecimento em casas residências, e quais os cuidados e tratamentos devem ser tomados com cada caso, o que traz a certeza da necessidade de lidar sempre com profissionais habilitados para tal e materiais condizentes com a qualidade que deve estar presente em toda e qualquer edificação. 51 REFERÊNCIAS BERTOLINI, L. Materiais de construção. São Paulo: Oficina de texto. 2010. 415p BOTELHO, M. H. C.; MARCHETTI, O. Concreto armado eu te amo. Vol 1. 7. ed. São Paulo: Edgar Blucher, 2013. 525 p. CAPELLO, A. et al. Patologia das fundações. 2010. 115f. Monografia (Bacharel em Engenharia Civil) - Faculdade Anhanguera de Jundiaí, Jundiaí, 2010. CORSINI, R. Trinca ou fissura?. São Paulo: Téchne. 160, p., jul. de 2010. CARMONA FILHO, A. Panorama da Edificação Sob a Ótica da Patologia. Conexão AEC, 2009. FERREIRA, J. A. A. Técnicas de Diagnóstico de Patologias em Edifícios. Mestrado Universidade do Porto, Faculdade de Engenharia- FEUP. Departamento de Engenharia Civil, 2010. KLUPPEL, G. P.; SANTANA, M. C. Manual de conservação preventiva para edificações. IPHAN/Programa Monumenta, 2005. 236 p. INBI SU. Inventário Nacional de Bens Sítios Urbanos Tombados. 2015. LICHTENSTEIN, N. B. Patologia das construções. São Paulo: Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, 1986.
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