Extrativos da madeira

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EXTRATIVOS 
 São componentes da madeira não pertencentes à parede celular ou lamela média. 
 Extraíveis em água, em solventes orgânicos neutros ou volatizados a vapor. 
 Faixa normal: 
o 1-4% das madeiras de angiospermas temperadas. 
o 4-10% das madeiras de gimnospermas. 
 Baixo e médio peso molecular (exceto taninos condensáveis e politerpenos-borracha natural). 
 Influenciam nas propriedades da madeira: 
o Cheiro. 
o Cor. 
o Gosto. 
 Grande variabilidade. 
 Originada de resíduos metabólicos das células: 
o Açúcares. 
o Parte do polímero estrutural. 
 Resultado do metabolismo secundário. 
 Substâncias acidentais: não são universais, não são necessários p/ todas as plantas. 
 Extrativos podem ser utilizados para caracterizar grupos taxonômicos. 
o Tanino 
o Terpenos 
 
FUNÇÃO 
 Material de proteção (polifenóis, terpenos). 
 FATORES BIÓTICOS: 
o Contra herbivoria, ataque de patógenos. 
o Competição entre plantas. 
o Atração de polinizadores, dispersores de sementes e microrganismos simbiontes. 
 FATORES ABIÓTICOS: 
o Mudança de temperatura 
o Conteúdo de água 
o Níveis de luz, exposição à UV. 
o Deficiência de nutrientes minerais. 
 Material de reserva. 
 Hormônios vegetais (terpenóides: fitosterol e sistosterol). 
SUB-PRODUTOS VALIOSOS DOS EXTRATIVOS 
 Produtos florestais não madeireiros: todo material biológico de origem vegetal não lenhoso, 
ou seja, exceto madeira. 
 Gorduras/graxas, óleos. 
 Ceras 
 Cortiça (suberina=ác. alifático+ác.ferúlico) 
 Breu (ác. graxos + ác. resinosos) 
 Terebentina 
 Borracha natural 
o Resistência à microorganismos. 
o Higroscopicidade. 
o Estabilidade dimensional. 
 
 Taninos 
 Inseticidas 
 Pigmentos 
 Óleos essenciais 
 
LOCALIZAÇÃO 
 CÉLULAS DE PARÊNQUIMA DOS RAIOS: 
o Extrativos alifáticos: alcanos, álcoois graxos, ácidos graxos (principalmente na forma 
de éster), ésteres (gorduras/graxas/óleos e ceras), amido. 
o Hormônios (terpenos) e esteróis, principalmente na forma de éster com ác. graxos. 
 CERNE E CASCA: 
o Polifenóis (taninos, flavanóides, estilbenos, lignanas, tropolôneos). 
o Maior concentração na folha e casca do que na madeira. 
o Na madeira, maior concentração no cerne. 
 CASCA: 
o Monoterpenos (canela) e fenilpropanóides (cortiça). 
 CANAIS DE RESINA (GIMNOSPERMAS): 
o Células epiteliais (parênquimas) secretam extrativos para a cavidade: 
 Resinas oleosas: terpenos (50% diterpeno e 20-30% monoterpeno), 
terpenóides, ésteres de ác. graxo (terpeno+ác. graxo). 
 CANAIS DE GOMA (ANGIOSPERMAS): 
o Politerpeno: borracha natural. 
o Monoterpenos e diterpeno: breu branco. 
 
CLASSIFICAÇÃO POR COMPOSIÇÃO QUÍMICA 
CLASSIFICADOS DE ACORDO COM A ROTA BIOSSINTÉTICA: 
o Compostos alifáticos. 
o Terpenos. 
o Compostos fenólicos e similares. 
o Outros. 
COMPOSTOS ALIFÁTICOS 
 Compostos de cadeia aberta: 
o ALCANOS. 
o ÁLCOOIS GRAXOS. 
o ÁCIDOS GRAXOS. 
o ÉSTERES DE GLICEROL. 
o ÉSTER DE OUTROS ÁLCOOIS. 
Função 
- Evita a perda excessiva de água pela transpiração do vegetal. 
- Material de reserva, fonte de energia para vegetal. 
- Componente da membrana celular 
ALCANOS 
 Hidrocarbonetos alifáticos, com ligações simples entre os carbonos. 
 Pequenas quantidades nas madeiras. 
 Presente em todas as ceras vegetais. 
ÁLCOOIS GRAXOS 
 Álcoois primários. 
 Pequenas quantidades na madeira. 
 
ÁCIDOS GRAXOS 
 São ácidos monocarboxilícos saturados ou insaturados (+ encontrado nos vegetais). 
 Mais abundantes nas madeiras. 
 
ÉSTERES DE GLICEROL 
 GORDURAS/GRAXAS: 
o Estado sólido em condições ambientais 
o Pelo menos dois radicais R do A.C. forem saturados. 
 ÓLEOS: 
o Estado líquido em condições ambientais 
o Pelo menos dois radicais R do ácido graxo forem insaturados 
o R1, R2 e R3 podem ser H ou ác. graxo: mono, di ou triglicerídeo. 
 
ÉSTERES DE OUTROS ÁLCOOIS 
CERAS 
As mais comuns nas madeiras são ésteres de álcool terpeno. 
(ác. oléico+triacontanol) = Eucalyptus sp 
SUBERINA 
 45% da cortiça (casca de Quescus sp). 
 Polímero misto de monômeros aromáticos e alifáticos. 
SUB-PRODUTOS VALIOSOS DOS ALCANOS 
 Ceras: cosméticos, medicamentos, verniz, sabão, etc. 
 Cortiça: indústria de rolha em Portugal. 
 Óleo de dendê (óleo de palma): alimentação 
 Breu: fabricação de colas especiais, indústria de sabões, tintas. 
o Uma mistura de ác. graxos, ác. abiético e ác. pimárico (diterpenos) 
o Pode ser proveniente da goma-resina, extração da madeira ou do tall oil 
o 40-45% do breu do tall oil são A.G. saturados ou insaturados. 
 
 
 
 
TERPENOS 
 Compostos com fórmula molecular (C5H8 )n , sendo a unidade 
básica o isopreno (2-metil-butadieno). 
 Podem ser acíclicos, cíclicos, como também aromáticos. 
 As ligações duplas podem ser funcionalizadas e diversas 
funções podem surgir como álcool, cetona, aldeído, etc. 
 
 São classificados de acordo com o número de unidades de isopreno (n) em: 
o HEMITERPENOS: C5H8 (N=1). 
o MONOTERPENOS: C10H16(N=2). 
o SESQUITERPENOS: C15H24 (N=3). 
o DITERPENOS: C20H32 (N=4). 
o TRITERPENOS: C30H48 (N=6). 
o TETRATERPENOS: C40H64 (N=8). 
o POLITERPENOS: (N>6). 
Função: 
- Atrair polinizadores. 
- Repelir insetos. 
- Defesa da planta contra pragas e doenças. 
- Cicatrizar feridas nos vegetais. 
- Hormônios vegetais. 
- Lipídeos da membrana das células eucariótica vegetal. 
 
HEMITERPENOS 
 Parte da molécula da citocinina, hormônio vegetal responsável pela divisão celular. 
 Produzidos nas raízes e transportado pelo xilema p/ todas as partes da planta. 
MONOTERPENOS 
 Formados pela condensação de unidades de isopreno, catalizadas por enzimas que 
direcionam o fechamento do anel. 
 Devido ao seu baixo peso molecular são voláteis, sendo chamados óleos essenciais; 
Demais terpenos são formados a partir do isopreno ou via condensação de terpenos. 
Função no vegetal: atrair polinizadores ou repelir insetos. 
 Presente na goma resina de Pinus sp, no óleo de canela, óleo resina da árvore do breu 
(Protium sp) 
 Terebentina resultante da destilação da resina de Pinus é composta por β-pineno, α-pineno 
e limoneno. 
 Tropolônio é caracterizado por anel de 7 átomos de C. 
 Típico de coníferas. 
 Potente agente patológico. 
SESQUITERPENOS 
 São óleos voláteis na sua maioria. 
 Atual na defesa contra doenças e pragas. 
 ABA é um hormônio vegetal que regula o crescimento e desenvolvimento do caule 
 Transportado via xilema e floema 
DITERPENOS 
 Associado à resinas de muitas plantas 
 Giberelina é hormônio vegetal responsável pela germinação de sementes, alongamento 
caulinar e expansão dos frutos. 
 Produzido na zona apical, nos frutos e sementes. 
 Transportado via xilema e floema. 
TRITERPENOS: ESTERÓIDE 
 Hormônio vegetal que regula o crescimento e desenvolvimento de vegetais. 
 Localizados em várias regiões da planta como, por exemplo, nos botões florais, grãos de 
pólen, folhas, sementes, frutos, caules e gemas, porém não nas raízes. 
 
TRITERPENOS: ESTEROL 
 Fitoesteróis: esteróis presentes nas plantas que são componentes dos lipídeos das 
membranas e precursores de hormônios 
 Os mais comuns nos vegetais são sitosterol, o estigmasterol e o campesterol 
 Apresentam-se isolados ou ligados à glicose ou a A.G.(éster). 
POLITERPENOS 
 Exclusivo das angiospermas. 
 Presente na borracha de diversas plantas. 
 
SUB-PRODUTOS VALIOSOS DOS TERPENOS 
 Óleos essenciais ou essências: 
o Contêm monoterpenos e seus derivados hidroxilados e quantidades menores de 
sesquiterpenos. 
o Importância p/ as indústrias cosmética, farmacêutica e alimentícia. 
o Breu é uma mistura de ác. graxos e ác. abiético e ác. pimárico (diterpenos). 
o Utilizado na fabricação de colas especiais, indústria de sabões, tintas, 
o Terebentina é uma mistura de -pineno, -pineno e limoneno, proveniente da 
destilação da goma-resina. 
o Utilizadacomo solventes em misturas de tintas, vernizes e polidores. 
o Pinus elliottii, maior produtora de goma resina: 68% de breu, 17% de terebintina, 
10% de umidade e 5% de impurezas sólidas. 
o Brasil 2º maior produtor (China 1º). 
 
COMPOSTOS FENÓLICOS E SIMILARES 
 São substâncias com ao menos uma OH ligada ao anel aromático 
Classificação: 
 FENILPROPANÓIDES: 
o cinamaldeído, ác. ferúlico. 
 LIGNANAS: 
o pinoresinol, conidendrina. 
 TANINOS HIDROLISÁVEIS: 
o tanino gálico e tanino elágico. 
 FLAVONÓIDES: 
o brasilina, crisina, taxofolina. 
 Taninos condensados: 
o catequina. 
 Estilbenos: 
o pinosilvina. 
Função: 
- Atração de animais p/ polinização e dispersão de sementes. 
- Protege as plantas contra fatores ambientais e bióticos diversos. 
- Inibe o crescimento de outras plantas (ação alelopática). 
- Fundamentais pela conquista do ambiente terrestre pelas plantas. 
- Taninos responsáveis pela adstringência de muitos frutos e se ligam as enzimas digestivas dos 
insetos. 
FENILPROPANÓIDES 
 Primeiro grupo de polifenóis formados. 
 Considerados óleos essenciais. 
 Cinamaldeído é atrativo para polinização e dispersão de sementes. 
 Cortiça: 45% de suberina, polímero misto de monômeros aromáticos (ác. Ferúlico) e 
alifáticos (ác. graxos mono e dicarboxílicos de cadeia longa-18-30C). 
 Ác. ferúlico possui ação alelopática: inibe o crescimento de outras plantas competidoras. 
LIGNANAS 
 Acoplamento de 2 unidades de fenilpropano, ligadas pelo carbono β da cadeia lateral C6C3. 
 Alguns destes compostos apresentam estrutura que se encontram na lignina. 
TANINOS HIDROLISÁVEIS: TANINO GÁLICO 
 Tanino gálico são ésteres de glicose e de ác. gálicos. 
 Se fizer hidrólise ácida ou alcalina remove o açúcar, por isso hidrolizável. 
 Função: proteger os tecidos contra a luz ultravioleta, vírus, bactérias e parasitas. 
TANINOS HIDROLISÁVEIS: TANINO ELÁGICO 
 Tanino egálico são ésteres de glicose e de ác. egálicos. 
 Ácido elágico é condensação de 2 ácidos gálicos. 
 Taninos elágicos são mais frequentes que os gálicos. 
 Presente nas folhas de eucalipto, casca de carvalho, etc. 
 Pouco comuns em madeiras. 
FLAVONÓIDES 
 Estrutura com 15C organizado em dois anéis aromáticos ligados por uma cadeia de 3 
carbonos (pirona). 
 Função: proteção raios UV, atração de polinizadores (pigmento), defesa contra ataque de 
insetos. 
 Brasilina, substância encontrada no Pau-Brasil, naturalmente incolor, e que ao ser oxidada 
origina a brasileína de cor vermelha. 
 Corante amarelo das madeiras. 
TANINOS CONDENSÁVEIS 
 Alguns flavonoides se condensam e formam os taninos condensáveis. 
 São polímeros de 2-50 (ou mais) unidades de flavonoides. 
 Unidos por ligações C-C que não são rompidas por hidrólise. 
 Condensação de taninos ocorre em meio ácido, logo madeira mais velha possui maior teor 
de taninos condensados. 
Flavonoides e taninos condensados estão presentes na casca de todas as folhosas e coníferas e 
no cerne de algumas espécies florestais, sendo mais frequente em angiospermas. 
ESTILBENO 
 Estrutura com dupla conjugada entre os anéis aromáticos. 
 São compostos extremamente reativos e presentes no cerne dos Pinus. 
 Principal responsável pelo escurecimento da madeira induzido pela luz solar e protege a 
madeira contra infecções por fungos. 
 
SUB-PRODUTOS VALIOSOS DOS FENÓIS 
 Indústria alimentícia (rolha). 
 Indústria farmacêutica. 
 Inseticidas. 
 Pigmentos. 
 Taninos: 
o Utilizados na curtição de couros. 
o Perfuração de poços de petróleo. 
o Produção de adesivo para madeira.