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ENFERMAGEM-EM-TERAPIA-INTENSIVA-NEONATAL-1

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1 
 
 
ENFERMAGEM EM TERAPIA INTENSIVA NEONATAL 
1 
 
 
 
Sumário 
 
NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 6 
INTRODUÇÃO ......................................................................................... 7 
NEONATOLOGIA .................................................................................... 9 
CARACTERÍSTICAS FISIOLÓGICAS DO RECÉM-NATO .................... 10 
SISTEMA CARDIOVASCULAR ............................................................. 10 
SISTEMA RESPIRATÓRIO ................................................................... 12 
SISTEMA HEMATOPOIÉTICO .............................................................. 12 
SISTEMA HEPÁTICO ............................................................................ 13 
SISTEMA RENAL .................................................................................. 15 
SISTEMA DIGESTÓRIO ........................................................................ 15 
SISTEMA IMUNOLÓGICO .................................................................... 17 
SISTEMA NEUROLÓGICO ................................................................... 18 
ADAPTAÇÃO TÉRMICA ........................................................................ 20 
SISTEMA TEGUMENTAR ..................................................................... 24 
SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO ................................................... 24 
SISTEMA REPRODUTOR ..................................................................... 25 
INTERAÇÕES ENTRE O NEONATO E O AMBIENTE.......................... 25 
PADRÕES CARACTERÍSTICOS DE SONO E ATIVIDADE .................. 28 
ANAMNESE E EXAME FÍSICO DO RECÉM-NASCIDO ....................... 33 
MODELO DE ANAMNESE DE ENFERMAGEM .................................... 34 
EXAME FÍSICO DO RN ......................................................................... 36 
MODELO DE EXAME FÍSICO DE ENFERMAGEM .............................. 46 
AVALIAÇÃO DO PESO E IDADE GESTACIONAL ............................... 51 
RECÉM-NASCIDOS PREMATUROS (RNPT) ....................................... 55 
2 
 
 
APNEIA DA PREMATURIDADE ............................................................ 58 
IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DO RECÉM-NASCIDO COM APNEIA
 ......................................................................................................................... 61 
TAQUIPNEIA TRANSITÓRIA DE RECÉM-NASCIDO ........................... 64 
PNEUMONIA NEONATAL ..................................................................... 66 
SÍNDROME DE ASPIRAÇÃO MECONIAL ............................................ 67 
HIPERTENSÃO PULMONAR ................................................................ 70 
SÍNDROME DO DESCONFORTO RESPIRATÓRIO (SDR) - DOENÇA DE 
MEMBRANA HIALINA ...................................................................................... 73 
DISPLASIA BRONCOPULMONAR ....................................................... 80 
ANEMIA DA PREMATURIDADE ........................................................... 82 
POLICITEMIA ........................................................................................ 84 
HEMORRAGIA NO PERÍODO NEONATAL .......................................... 85 
HIPOGLICEMIA ..................................................................................... 86 
HIPERGLICEMIA ................................................................................... 88 
HIPOCALCEMIA .................................................................................... 89 
HIPOMAGNESEMIA .............................................................................. 90 
OSTEOPENIA DA PREMATURIDADE.................................................. 91 
ICTERÍCIA ............................................................................................. 92 
CUIDADOS COM O RECÉM-NASCIDO DURANTE A FOTOTERAPIA:
 ......................................................................................................................... 95 
INFECÇÃO NO RECÉM-NASCIDO....................................................... 97 
SEPSE NEONATAL............................................................................... 98 
CHOQUE SÉPTICO ............................................................................ 104 
ENCEFALOPATIA HIPOXIA-ISQUÊMICA .......................................... 106 
CONVULSÕES NO PERÍODO NEONATAL ........................................ 112 
HEMORRAGIA INTRACRANIANA ...................................................... 114 
ENTEROCOLITE NECROSANTE ....................................................... 116 
3 
 
 
INSUFICIÊNCIA RENAL ...................................................................... 121 
ATRESIA DE ESÔFAGO ..................................................................... 124 
MENINGOMIELOCELE ....................................................................... 126 
HÉRNIA DIAFRAGMÁTICA ................................................................. 129 
GASTROQUISE .................................................................................. 131 
ONFALOCELE ..................................................................................... 134 
CARDIOPATIAS CONGÊNITAS ......................................................... 135 
PERSISTÊNCIA DO CANAL ARTERIAL ............................................. 139 
ATENDIMENTO AO RN NA SALA DE PARTO ................................... 141 
OXIGENOTERAPIA ............................................................................. 147 
VENTILAÇÃO COM PRESSÃO POSITIVA (VPP) .............................. 148 
MASSAGEM CARDÍACA ..................................................................... 149 
TRANSPORTE DO RECÉM-NASCIDO ............................................... 150 
ASSISTÊNCIA AO RECÉM-NASCIDO SADIO NO BERÇÁRIO ......... 157 
NASCIMENTOS MÚLTIPLOS ............................................................. 158 
TERMORREGULAÇÃO NO RECÉM-NASCIDO ................................. 160 
ALEITAMENTO MATERMO ................................................................ 161 
ATRIBUIÇÕES DO AUXILIAR OU TÉCNICO DE ENFERMAGEM ..... 162 
MONTAGEM DO LEITO NEONATAL .................................................. 164 
ADMISSÃO DO RN EM UTI NEONATAL ............................................ 166 
LAVAGEM DAS MÃOS........................................................................ 168 
REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR.................................................. 169 
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO CATETERISMO VENOSO 
CENTRAL....................................................................................................... 172 
CATETER CENTRAL DE INSERÇÃO PERIFÉRICA (PICC) .............. 173 
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA CATETERIZAÇÃO UMBILICAL
 ....................................................................................................................... 180 
CURATIVO DO CATETER UMBILICAL .............................................. 182 
4 
 
 
CURATIVO OCLUSIVO DE CATETER VENOSO CENTRAL ............. 183 
SONDAGEM VESICAL NO RN ........................................................... 184 
FOTOTERAPIA ................................................................................... 187 
EXSANGUINOTRANSFUSÃO ............................................................ 188 
SURFACTANTE .................................................................................. 191 
COLHEITA DE SANGUE CAPILAR .................................................... 193 
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA TERAPÊUTICA TRANSFUSIONAL
 ....................................................................................................................... 194 
ISOLAMENTO ..................................................................................... 195 
PRECAUÇÕES PADRÃO OU UNIVERSAL ........................................196 
PRECAUÇÕES CONFORME ROTA DE TRANSMISSÃO PRECAUÇÕES 
DE CONTATO: ............................................................................................... 197 
PRECAUÇÕES COM PARTÍCULAS (GOTÍCULAS) ........................... 198 
PRECAUÇÕES EMPÍRICAS ............................................................... 198 
PROTOCOLO DE INTERVENÇÃO MÍNIMA ....................................... 199 
PROTOCOLO MÉTODO CANGURU .................................................. 202 
BANHO ................................................................................................ 205 
BANHO DE IMERSÃO/ASPERSÃO .................................................... 205 
BANHO NA INCUBADORA ................................................................. 207 
HIGIENIZAÇÃO COM ÓLEO DE GIRASSOL ...................................... 209 
LIMPEZA CONCORRENTE DA INCUBADORA .................................. 210 
ALTA DO PACIENTE NEONATAL ...................................................... 212 
DESINFECÇÃO TERMINAL DA UNIDADE ......................................... 214 
TRATAMENTO DA DOR EM UNIDADE NEONATAL.......................... 215 
HUMANIZAÇÃO EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL
 ....................................................................................................................... 216 
BIOÉTICA NA PRÁTICA NEONATAL ................................................. 221 
MANEJO DA MORTE EM UNIDADE NEONATAL .............................. 223 
5 
 
 
SISTEMATIZAÇÃO DA ASSITÊNCIA DE ENFERMAGEM ................. 224 
REFERÊNCIAS ................................................................................... 227 
 
 
 
6 
 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como 
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua 
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, 
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o 
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
A Unidade de Terapia Intensiva é um lugar que precisa de uma atenção 
especial por ser cheia de fortes sentimentos e conflitos, que envolvem o 
ambiente e os indivíduos, o recém-nascido (RN) internado, os familiares e os 
profissionais. Cada um apresenta grau de vulnerabilidade, necessidades 
específicas que podem ser adequadamente atendidas. 
De acordo com o Guia de Cuidados para o Profissional de Saúde, o 
cuidado com a saúde do recém-nascido (RN) tem grande importância para a 
redução da mortalidade infantil, de acordo com a Organização Mundial da Saúde 
(OMS) define como pré-termo toda criança nascida antes de 37 semanas, em 
geral, a criança que nasceu muito prematura fica na Unidade de Terapia 
Intensiva, em uso de aparelhos que permitam acompanhar o desenvolvimento 
de sua saúde. Os profissionais da saúde envolvidos avaliam individualmente 
cada criança para determinar cuidados específicos, e para isso os profissionais 
devem se atentar aos riscos que deve ter aos prematuros. 
A evolução no cuidado neonatal proporcionou inúmeras potencialidades 
que surgem questões preocupantes, como a qualidade do serviço e a segurança 
do paciente nesse cenário, complexo e crítico do cuidado hospitalar, frente a 
esse novo panorama de cuidado em saúde, a segurança do paciente reporta a 
importância de cuidados seguros, buscando a diminuição dos erros e danos 
ocorridos durante o cuidado ao paciente 
O objetivo da realização deste assunto 
é desvelar os cuidados que enfermeiro deve 
ter na unidade de terapia intensiva em 
relação aos prematuros, diante desta 
problemática, iremos apresentar alguns 
procedimentos que a equipe de saúde deve 
acometer aos prematuros. 
 
 
8 
 
 
UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA 
A terapia intensiva experimenta grande desenvolvimento nas últimas 
décadas o que resulta na necessidade cada vez maior do preparo dos 
profissionais de saúde, incluindo o Enfermeiro, aprofundando e completando 
seus conhecimentos, habilidades e atitudes nesta área específica. Tem como 
objetivo aprimorar os conhecimentos qualificando os enfermeiros para atuarem 
na assistência de pacientes internados nas unidades de terapia intensiva 
neonatal e pediátrica, acometidos nas mais diversas situações críticas. 
A Unidade de Terapia Intensiva Neonatal é um lugar onde uma equipe 
fica 24 horas por dia de plantão para o tratamento de recém-nascidos que 
apresentam algum risco de vida e bebês nascidos prematuramente. Nem 
sempre os bebês internados nas Unidades de Terapias Intensivas neonatais 
estão doentes, algumas vezes eles estão apenas crescendo e se tornando aptos 
para respirar e deglutir, este fato necessita de um amadurecimento e muitas 
pessoas estão envolvidas neste processo para oferecer o melhor tratamento. 
O momento tão esperado de toda a família e quando o bebe já estar hábito 
para condicionar o mundo sem ajuda de aparelhos, e para isso ele precisa ter 
um peso em torno de 2 kg a 2,2 kg, idade gestacional maior que 34 semanas, 
conseguir sugar toda a dieta e não ser dependente de oxigênio, estar respirando 
sem dificuldade, entre outras (MOREIRA; BRAGA; MORSCH, 2003). 
O tratamento intensivo é, na maioria das vezes, indicado para bebês 
prematuros nascidos antes de nove meses de gestação ou de baixo peso. 
Qualquer recém-nascido pode precisar da UTI Neonatal. Os maiores 
casos são de bebês que nascem com algumas patologias, ou após uma cirurgia 
que podem exigir cuidados intensivos.(CELESTE; MONTEIRO; PEDRESCHI, 
2019) 
 
 
 
9 
 
 
NEONATOLOGIA 
É a área da saúde que presta assistência ao recém-nato até 28 dias. 
HISTÓRICO 
No século XIX as crianças eram ignoradas pelos médicos, não existiam 
hospitais infantis e eram muito altas as taxas de mortalidade infantil, 
especialmente entre os prematuros. Havia um sentimento de que a seleção 
natural se encarregaria das crianças “menos adaptadas”. Pela alta mortalidade 
e baixa natalidade, criou-se então um receio de despovoamento e 
vulnerabilidade da defesa nacional europeia, surgindo então um movimento pela 
saúde da criança, passando-se a praticar o cuidado preventivo e a ampliação 
das maternidades. 
Em 1978 foi criada por um funcionário do zoológico de Paris uma 
incubadora a pedido do professor e obstetra Stephane Etiemme Tarnier, que a 
instalou na maternidade de Paris diminuindo a taxa de mortalidade entre os 
bebês menores de 200gr de 66 para 38%. 
A Neonatologia, porém, teve seu início concreto com o obstetra francês 
Pierre Budin que estendeu sua preocupação com os recém-nascidos além das 
salas de parto, criando um ambulatório de Puericultura em 1892. 
Na primeira década do século XX observa-se um aumento da contribuição 
dos pediatras para a medicina neonatal, especialmente com o estudo sobre 
alimentação e prematuridade. Os avanços na Neonatologia reduziram a taxa de 
mortalidade e a infecção hospitalar foi controlada com o isolamento do recém-
nascido na maternidade, porém tais medidas ocasionaram a separação entre 
mãe e filho, prejudicando o vínculo afetivo e o aleitamento materno.A enfermagem exerceu papel fundamental no início da Neonatologia, Júlio 
Hess (autoridade americana em prematuridade) trouxe em um de seus artigos a 
informação que os melhores resultados obtidos nos cuidados aos recém-
nascidos prematuros eram alcançados quando enfermeiros bem treinados 
estavam à frente do serviço como supervisores. Crescendo desta forma o 
incentivo para a especialização da enfermagem para o cuidado com recém-
nascidos prematuros. 
10 
 
 
ADAPTAÇÃO DO NEONATO 
Imediatamente após o nascimento, o neonato 
precisa assumir as funções vitais realizadas pela 
placenta, período denominado de período de transição 
que engloba as primeiras 24 horas. 
O processo de transição da vida intra para a vida 
extrauterina é muito complexo, pois envolve alterações 
anatômicas e funcionais que, se não forem 
devidamente compreendidas, avaliadas e 
acompanhadas poderão aumentar o risco de 
morbidade neonatal. 
CARACTERÍSTICAS FISIOLÓGICAS DO RECÉM-NATO 
SISTEMA CARDIOVASCULAR 
A conversão da circulação fetal para neonatal ocorre quando há o 
clampeamento o cordão umbilical e o neonato tem sua primeira respiração. O 
volume sanguíneo do RN a termo 7 varia de 80 a 90 ml/Kg de peso corporal, em 
contraste com o volume do RN prematuro, que varia de 90 a 105ml/Kg. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 
FIGURA : SISTEMA CARDIOVASCULAR DO RN 
 
12 
 
 
SISTEMA RESPIRATÓRIO 
Durante a gestação, características respiratórias bioquímicas se 
desenvolvem progressivamente, preparando o feto para as alterações 
respiratórias abrutas trazidas pelo nascimento. Entre as 24 e 30 semanas de 
gestação, os pneumócitos do tipo II começam a secretar surfactante. O 
surfactante é um fosfolipídio, que diminui a tensão superficial e evita o colapso 
alveolar ao final da expiração, essa redução facilita as trocas gasosas e diminui 
o trabalho respiratório. 
Com as primeiras respirações desencadeia-se uma série de eventos 
simultâneos: a conversão da circulação fetal para o tipo adulto, esvaziamento do 
líquido pulmonar, estabelecimento do volume pulmonar e das características da 
circulação pulmonar. Os movimentos respiratórios passam de um padrão 
intermitente (fetal) para um processo contínuo. 
A frequência respiratória nos primeiros dez minutos de vida pode variar 
de 25 a 105 movimentos respiratórios por minuto, com média de 60 movimentos 
respiratórios por minuto, permanecendo assim nas primeiras 6 horas de vida, 
caindo gradativamente para 40 movimentos respiratórios por minuto depois do 
primeiro dia de vida. Nos primeiros três dias de vida podem ocorrer algumas 
pausas respiratórias que não devem ultrapassar 18 segundos. 
 
SISTEMA HEMATOPOIÉTICO 
Tal como os outros sistemas corporais, o sistema 
hematopoiético não está totalmente desenvolvido após o 
nascimento e as características hematológicas que garantiram a 
oxigenação tissular adequada intraútero precisam ser 
substituídas por alguns elementos mais maduros após o 
nascimento. 
A principal determinante do volume sanguíneo nos 
primeiros dias de vida é a transfusão placentária, que depende das contrações 
uterinas, da posição do recém-nascido em relação à placenta e do momento do 
clampeamento umbilical. 
13 
 
 
Um importante aspecto da adaptação hematológica diz respeito aos 
fatores de coagulação. O recém-nascido possui uma deficiência de vitamina K e 
dos fatores vitamina – K 9 dependentes (II, VII, IX,X), e se tal deficiência não for 
corrigida logo após o nascimento com a administração de tal vitamina pode levar 
ao aparecimento da Doença Hemorrágica do Recém– nascido. 
HEMÁCEAS: 
A eritropoiese (produção de eritrócitos, ou hemácias) é estimulada pelo 
hormônio renal eritropoietina, no feto a baixa saturação de oxigênio causa 
aumento da liberação de eritropoietina, garantindo a oxigenação tissular 
adequada e a produção de hemácias. A saturação aumentada que segue o início 
da respiração, inibe a liberação de eritropoietina reduzindo a produção de 
hemácias. As hemácias fetais têm uma vida útil de cerca de 90 dias, comparadas 
com 120 dias em hemácias normais do adulto isso geralmente pode causar uma 
anemia fisiológica. 
Hemoglobinas: a hemoglobina é o componente transportador do 
oxigênio no sangue e é produzida pelas hemácias em desenvolvimento, a 
hemoglobina fetal possui maior afinidade com o oxigênio do que a hemoglobina 
do adulto, esse mecanismo compensatório ajuda a garantir uma oxigenação 
adequada intraútero. O nível normal de hemoglobina para um neonato a termo 
é de 17,5g/dl com um hematócrito médio de 53,5%, já no recém-nascido 
prematuro com 26 a 30 semanas o nível normal de hemoglobina é de 13,4g/dl e 
do hematócrito é de 41,5%. 
SISTEMA HEPÁTICO 
O sistema hepático no neonato é imaturo, a bilirrubina é pigmento biliar 
amarelo e subproduto da degradação das hemácias. À medida que envelhecem, 
as hemácias tornam-se frágeis e eventualmente são eliminadas da circulação 
pelo sistema fagocitário mononuclear que removem as porções de ferro e 
proteínas e as reciclam para uso posterior. Após deixar o sistema fagocitário 
mononuclear, a bilirrubina se liga à albumina plasmática e é chamada de 
bilirrubina indireta (não conjugada). 
14 
 
 
A bilirrubina indireta precisa ser conjugada (convertida em bilirrubina 
direta) para ser excretada, a conjugação ocorre no fígado quando a bilirrubina 
se junta ao ácido glicurônico. Com a assistência da enzima glicuronil transferase 
o resultado é uma bilirrubina hidrossolúvel. 
O urobilinogênio e o estercobilinogênio são compostos bilirrubínicos que 
resultam da degradação e podem ser excretados na urina e nas fezes. 
Se a bilirrubina não conjugada (indireta) se acumular mais rapidamente 
do que o fígado pode eliminar, o recém-nascido pode desenvolver uma coloração 
amarela conhecida como icterícia. 
Alguns fatores podem aumentar o risco de 
hiperbilirrubinemia no recém-nascido como: asfixia e 
estresse por frio e hipoglicemia. 
TIPOS DE ICTERÍCIA: 
• Icterícia fisiológica: manifesta-se 48 a 72 
horas pós o nascimento e o nível sérico de bilirrubina 
atingem o pico de 4 a 12mg/dl, as causas são: circulação hepática diminuída, 
carga de bilirrubina aumentada, captação hepática de bilirrubina plasmática 
reduzida, conjugação da bilirrubina diminuída e excreção de bilirrubina 
diminuída. 
• Icterícia patológica: manifesta nas primeiras 24 horas após nascimento 
e o nível de bilirrubina sérica se eleva acima de 13mg/dl, e as causas são: 
incompatibilidade sanguínea ABO ou RH, anormalidades hepáticas, biliares, 
metabólicas ou infecção. 
• Encefalopatia bilirrubínica: (Kernicterus ou icterícia nuclear) níveis de 
bilirrubina sérica (medida no sangue) não conjugada (indireta) de 
aproximadamente 20mg/dl ou mais podem levar a encefalopatia por bilirrubina, 
uma condição potencialmente fatal caracterizada por depósitos de bilirrubina nos 
gânglios basais do cérebro. A condição de hiperbilirrubinemia pode ser tratada 
com fototerapia ou nos casos mais graves exsanguineotransfusões. 
 
15 
 
 
METABOLISMO 
A asfixia relativa do trabalho de parto, o choque térmico do nascimento e 
a necessidade de fontes de energia independentes, bem como de oxigênio, 
levam aos principais distúrbios metabólicos do nascimento: hipóxia, hipoglicemia 
e hipotermia. O feto depende integralmente de sua mãe para o fornecimento de 
glicose para o metabolismo energético e para síntese metabólica. Com o 
nascimento há uma brusca interrupção do fornecimento de glicose, fazendo com 
que durante as primeiras horas de vida o recém-nascido atinja os menores níveis 
de glicemia. 
SISTEMA RENAL 
O Rim desempenha um importante papel na transição da vida fetal para 
a vida pós-natal, uma vez que o fluxo sanguíneo renal corresponde a cerca de 
6% do débito cardíaco. Ao fim da primeira semana de vida e a 15% ao final do 
primeiro mês de vida. A urina é formada pelofeto a partir da décima semana de 
gestação, contribuindo para a formação do líquido amniótico. Em média 12% dos 
recém-nascidos eliminam sua primeira urina na sala de parto e com 24 horas de 
vida 97% já tiveram sua primeira eliminação. 
 Nos dias subsequentes ao nascimento ocorre um aumento do débito 
urinário com perda de 5 a 10% do peso 
corpóreo, ocasionado pela perda de 
líquido, a função renal estabiliza-se em 
poucos dias, mas somente durante o 
primeiro ano de vida é que o rim da criança 
iguala-se ao do adulto. 
SISTEMA DIGESTÓRIO 
Embora o feto possa deglutir o 
líquido amniótico, a coordenação entre sucção e deglutição ocorre em torno da 
34ª - 35ª semanas de idade gestacional, de modo que o recém-nascido a termo 
consegue sugar e deglutir o leite adequadamente para suprir suas necessidades 
nutricionais. 
16 
 
 
A capacidade gástrica é de 40 a 60 ml no primeiro dia após o nascimento, 
assim as alimentações são mais frequentes e o tempo de esvaziamento gástrico 
leva em média 2 a 4 horas variando conforme o tipo de alimentação, a idade do 
neonato e a peristalse. Muitos recém-nascidos regurgitam pequenas 
quantidades (1 a 2 ml) de matéria ingerida por uma frouxidão do esfíncter 
esofagiano (um anel muscular que contrai o esôfago), porém esse refluxo 
gastresofágico é transitório e resolve-se com a idade. A regurgitação persistente, 
forçada ou de grandes volumes é anormal e indica necessidade de investigação. 
Comparado com o intestino de um adulto, o intestino do recém-nascido é 
mais longo, possui mais glândulas secretórias e maior superfície de absorção. A 
capacidade do recém nascido de digerir nutrientes depende da atividade 
enzimática e da acidez gástrica, sendo que a digestão do leite começa no 
estômago e continua no intestino delgado. 
A síntese da vitamina K por meio da atividade bacteriana é outra função 
gastrintestinal importante embora de início seja estéril. O trato gastrintestinal 
estabelece uma colônia bacteriana normal dentro da primeira semana após o 
nascimento, permitindo uma síntese adequada da vitamina K. 
A alimentação deve ser iniciada logo que o recém-nascido esteja 
fisicamente estável e exiba coordenação adequada dos reflexos de sucção e 
deglutição. Uma longa demora para iniciar a alimentação pode esgotar as 
reservas limitadas de glicogênio do neonato, já bastante exigidas pelo aumento 
da demanda energética do período de transição, isso pode resultar em 
hipoglicemia (refletida por um nível de glicose sérica abaixo de 35mg/dl), 
colocando em risco o cérebro altamente dependente de glicose. 
Inicialmente o intestino do recém-nascido contém mecônio, uma 
substância fecal espessa, verde-escura e inodora que consiste em líquido 
amniótico, bile, células epiteliais e cabelo (da queda de lanugem no útero os 
pelos finos e macios que recobrem os ombros e as costas do recém-nascido). 
Geralmente, o recém-nascido elimina o primeiro mecônio dentro de 24 horas 
após o nascimento. 
Depois da presença de alimento no intestino, a cor, o odor e a consistência 
das fezes se alteram, para marrom-esverdeado e o teor de água é maior do que 
17 
 
 
no mecônio. O tipo de alimentação determina as características das fezes 
subsequentes, o neonato alimentado com fórmulas lácteas, às fezes são 
pastosas, amareladas e de odor forte já o neonato alimentado com leite materno 
às fezes são amarelo-vivo, mais liquefeitas e de odor adocicado. 
SISTEMA IMUNOLÓGICO 
É deficiente ao nascer, com o parto vem à exposição a substâncias como 
bactérias e vírus que não estão presentes comumente no útero. Tal exposição 
ativa componentes da resposta imunológica, geralmente o primeiro ano é o 
período de maior vulnerabilidade às infecções graves. Às vezes as barreiras de 
proteção (pele e membranas mucosas) não impedem a invasão antigênica e o 
sistema imunológico inicia sua resposta humoral ou celular. 
Imunidade humoral é mediada por anticorpos humorais, também 
chamadas de imunoglobulinas que são proteínas sintetizadas pelas células B, 
as imunoglobulinas específicas reagem com o antígeno ativando o sistema 
complemento e uma série de reações químicas que remove o antígeno do corpo. 
A imunidade humoral é mais importante contra reinfecções bacterianas e virais. 
Imoglobulina G (IgG) é a imunoglobulina mais abundante e é sintetizada 
em resposta as bactérias, vírus e fungos. A IgG materna, transferida para o feto 
por meio da placenta, confere imunidade passiva adquirida (uma imunidade de 
curta duração na qual não há produção de anticorpos), já a IgG fetal apareça em 
torno da 12º semana de gestação e os níveis crescem significativamente no 
último trimestre. A IgG é ativa contra cocos Gram-positivos (pneumococos e 
estreptococos). 
O recém-nascido tem proteção contra a maioria das doenças infantis 
desde que a mãe tenha anticorpos contra essas doenças, como a IgG não age 
contra bacilos Gram-negativos (Escherichia coli e Enterobacter), o neonato é 
mais suscetível a infecções por esses agentes. E em torno de três meses, a IgG 
da mãe se esgota. Imunoglobulina IgM) é a primeira imunoglobulina produzida 
pela estimulação antigênica, a IgM é o principal anticorpo na incompatibilidade 
do tipo sanguíneo e em infecções por bactérias Gram-negativas. A IgM materna 
não atravessa a placenta e em torno da 20ª semana de gestação o feto produz 
IgM em resposta à exposição ao antígeno ela também provê uma imunidade 
18 
 
 
ativa ou seja uma imunidade permanente resultante da estimulação antigênica 
por meio de inoculação ou da imunidade natural, níveis elevados de IgM no 
neonato podem indicar infecção perinatal. 
Imunoglobulina A (IgA) é o principal anticorpo do revestimento mucoso 
dos intestinos e brônquios, IgA aparece nas secreções corpóreas, não atravessa 
a placenta e comumente está ausente no recém-nascido. Combinada com uma 
proteína mucosa, a IgA é secretada sobre as superfícies mucosas como um 
anticorpo secretório, além do que está presente no leite materno conferindo uma 
imunidade passiva ao lactente. A IgA secretória também limita o crescimento 
bacteriano no trato gastrointestinal. 
Imunidade celular indireta é mais aparente nas inflamações e é realizada 
pelas células T, essas reconhecem o antígeno, mobilizam os macrófagos 
tissulares e na presença de fator de inibição migratória desencadeia reações 
químicas que converte os macrófagos em fagócitos que irão destruir os 
antígenos. A imunidade celular indireta também é adquirida passivamente ao 
neonato pelo aleitamento materno. As infecções congênitas são aquelas 
adquiridas ainda no útero e resultam da exposição a vírus como citomegalovírus, 
rubéola, hepatite B, herpes simples, herpes-zoester, varicela e Epstein-Barr ou 
agentes nas virais como: toxoplasmose, sífilis, tuberculose, tripanossomíase e 
malária, coletivamente esses agentes são denominados de TORCH. As 
infecções por TORCH podem causar uma ampla faixa de sequelas, desde aborto 
espontâneo e morte fetal até infecções explícitas 
ou assintomáticas ao nascer. 
O feto pode ser infectado por organismo 
que chegam à bolsa amniótica por meio da cérvice 
materna ou pela placenta. Um neonato infectado 
pode estar gravemente enfermo ao nascer. 
SISTEMA NEUROLÓGICO 
Embora não totalmente desenvolvido, o 
sistema neurológico do recém-nascido pode 
realizar funções complexas necessárias para regular a adaptação do neonato 
como: estimular as respirações iniciais, manter o equilíbrio acidobásico e regular 
19 
 
 
a temperatura corporal. A função neurológica do recém-nascido é controlada 
principalmente pelo tronco cerebral e pela medula espinhal, o sistema autônomo 
e o tronco cerebral coordenam as funções respiratórias e cardíacas. Todos os 
nervos cranianos estão presentes ao nascimento; contudo, os nervos não são 
totalmente recobertos com mielina, substância essencial para uma transmissão 
suave do impulso nervoso. 
O neonatotem um córtex cerebral funcionante, embora o grau que ele é 
usado permaneça desconhecido. Ao nascer, o cérebro mede cerca de ¼ do 
tamanho do cérebro adulto, o cérebro cresce e amadurece na direção 
cefalocaudal. O cérebro necessita de um suprimento constante de glicose como 
fonte de energia e de um nível relativamente alto de oxigênio para manter um 
metabolismo celular adequado. 
Por esse motivo, o estado de oxigenação do neonato e os níveis de 
glicose sérica devem ser avaliados e monitorados cuidadosamente, a fim de se 
detectarem o comprometimento das trocas gasosas e sinais de hipoglicemia. No 
desenvolvimento do trato nervoso as vias nervosas sensorial, cerebelar e 
extrapiramidal são as primeiras a se desenvolverem, isto responde pelo forte 
senso de audição, paladar e olfato do neonato. O cerebelo governa os 
movimentos voluntários e ajuda a manter o equilíbrio, o trato extrapiramidal 
controla os movimentos reflexos grosseiros e o ajuste postural pela regulação da 
flexão e extensão recíproca de grupos musculares, desse modo mantendo um 
movimento coordenado suave. 
Os reflexos neonatais classificados como alimentares, protetores, 
posturais e sociais incluem reflexos primitivos como a sucção e o reflexo de 
procura (que leva o recém nascido a se virar em direção ao mamilo e procurá-
lo). 
Cruciais para a sobrevivência, esses reflexos servem de base ao exame 
neurológico do recém-nascido, a persistência de reflexos neonatais, além da 
idade em que eles comumente desaparecem pode indicar anormalidades 
neurológicas. 
20 
 
 
 
ADAPTAÇÃO TÉRMICA 
A manutenção da temperatura corporal é essencial para uma adaptação 
extrauterina bem-sucedida; ela é regulada por interações complexas entre a 
temperatura ambiental e a perda e produção de calor corporal. A compreensão 
e o uso adequado da termorregulação foram um dos primeiros avanços da 
neonatologia, prevenindo e diminuindo a morbidade e a mortalidade neonatal. O 
neonato tem uma capacidade termorreguladora limitada, obtida por mecanismos 
de aquecimento e esfriamento corporal, quando o recém-nascido não pode mais 
manter a temperatura corporal ocorre o resfriamento ou superaquecimento e a 
exaustão do mecanismo de termorregulação leva à morte. 
A prevenção da hipotermia está entre os objetivos mais importantes nos 
cuidados de enfermagem neonatal, tal como apresenta a figura, a hipotermia não 
tratada pode ter sérias consequências culminando em morte. 
 
21 
 
 
 
HIPORTEMIA 
 
O ambiente térmico neutro (ATN) engloba uma estreita faixa de 
temperaturas ambientais, o ambiente térmico neutro requer a menor quantidade 
de energia para manter uma temperatura central estável para um recém-nascido 
a termo, despido no primeiro dia após o nascimento, o ambiente térmico neutro 
varia de 32 a 34ºC. 
Dentro dessa faixa de temperatura, o consumo de oxigênio e a produção 
de dióxido de carbono são menores e a temperatura central é normal. Para 
manter a temperatura dentro do ambiente térmico neutro, o recém-nascido faz 
ajustes vasomotores, vasoconstrição para conservar o calor e vasodilatação 
22 
 
 
para liberar calor. Temperaturas ambientais acima ou abaixo do ambiente 
térmico neutro aumentam o consumo de oxigênio e a taxa de metabolismo. 
Algumas características colocam o recém-nascido em desvantagem 
fisiológica para a termorregulação, aumentando o risco de hipotermia: 
• Uma grande superfície corporal em relação à massa; 
• Deposição limitada de gordura subcutânea para 
prover isolamento; 
• Instabilidade vasomotora; 
• Capacidade metabólica limitada. 
 
A perda de calor, que começa no parto, pode ocorrer por quatro 
mecanismos – evaporação, condução, radiação e convecção. 
Evaporação: a perda de calor por evaporação ocorre quando fluidos 
(água insensível, perspiração visíveis e fluidos pulmonares) tornam-se vapor no 
ar seco. Quanto mais seco o ambiente, maior a perda de calor por evaporação 
a perda acentuada de calor por evaporação que ocorre com o parto pode ser 
minimizada secando-se imediatamente o recém-nascido e removendo-se os 
campos molhados. 
Condução: esta forma de perda de calor ocorre quando a pele entra em 
contato direto com um objeto mais frio, por exemplo, uma bancada ou balanças 
frias, portanto qualquer superfície sobre a qual o recém-nascido será colocado 
deve ser forrada. 
Radiação: uma superfície sólida mais fria sem contato direto com o 
neonato pode causar perda de calor através de radiação. Fontes comuns de 
perda de calor radiante incluem as paredes e janelas da incubadora, ocorrendo 
mesmo a temperaturas quentes, a perda de calor radiante pode ser minimizada 
pelo uso de uma cobertura de calor termoplástica. 
Convecção: a perda de calor da superfície corporal para o ar 
circunjacente mais frio ocorre pela convecção, ela é maior em ambientes 
23 
 
 
resfriados assim a sala de parto resfriada para o conforto da equipe de saúde 
pode causar perda significativa de calor convectivo no recém nascido. 
Em um ambiente frio ou em outras circunstâncias estressantes o recém-
nascido se defende contra a perda de calor por meio de controle vasomotor, do 
isolamento térmico, da atividade muscular e da termogênese sem tremor de frio. 
O estímulo nervoso periférico ativa o controle vasomotor e os processos 
metabólicos para regular o controle térmico. O recém-nascido conserva o calor 
por meio de vasoconstrição periférica e dissipa calor pela vasodilatação 
periférica. O isolamento térmico fornecido pela gordura subcutânea (branca), o 
isolamento térmico protege contra a perda rápida de calor. 
A quantidade de gordura subcutânea determina o grau de isolamento 
térmico (a gordura subcutânea é responsável por 11 a 17% do peso recém 
nascido a termo), e ela não se desenvolve até a 26ª à 30ª semana gestacional, 
comprometendo assim a capacidade do neonato prematuro de manter ou 
estabilizar a temperatura. A atividade muscular aumenta a produção de calor 
inicialmente, o recém-nascido reage ao ambiente frio com um aumento dos 
movimentos (frequentemente percebidos como irritabilidade). 
A termogênese não espasmogênica é definida como a produção de calor 
pela lipólise da gordura marrom, trata-se do mecanismo de produção de calor 
mais eficaz do recém-nascido porque aumenta minimamente a taxa metabólica. 
Um tipo de tecido adiposo, a gordura marrom responde por até 1,5% do peso 
total do recém-nascido a termo, assim chamada devido sua cor marrom. Como 
resultado do seu rico suprimento vascular, do conteúdo vascular denso e das 
inúmeras terminações nervosas, a gordura marrom é depositada em torno do 
pescoço, da cabeça, do coração, dos grandes vasos, dos rins, das glândulas 
suprarrenais, entre as escápulas, atrás do esterno e nas axilas. 
O cérebro, o fígado e os músculos esqueléticos tomam parte na 
termogênese não espasmogênica em resposta à perda de calor, os nervos 
simpáticos estimulam a liberação de norepinefrina, o principal mediador da 
termogênese levando a um aumento da produção de calor. A produção de calor 
pela oxidação da gordura marrom é distribuída no corpo pelo sangue, que 
absorve o calor ao passar pelo tecido gorduroso. 
24 
 
 
SISTEMA TEGUMENTAR 
O recém-nascido saudável é úmido e quente ao toque, lanugem, um 
cabelo fino e felpudo pode existir sobre as costas e os ombros, a pele do recém-
nascido serve também como a primeira linha de defesa contra infecções e a 
camada mais externa. O estrato córneo é fundido com o verniz caseoso 
(substância gordurosa branca produzida pelas glândulas sebáceas e que 
protege a pele fetal do fluido amniótico), que devido as suas propriedades 
protetoras não deve ser retirado. 
A pele do recém-nascido a termo pode parecer eritematosa 
(avermelhada) por várias horas após o nascimento, mas logo assume a sua cor 
normal, em muitos neonatos a instabilidade vasomotora, a estase capilar e os 
níveis elevados de hemoglobinalevam à acrocianose, caracterizada pela 
coloração azulada das mãos e dos pés. A cor da pele e a circulação em geral 
melhoram com o aquecimento das mãos e dos pés (acrocianose é uma condição 
comum e não deve ser confundida com cianose central, que reflete troca gasosa 
comprometida). 
Ao contrário, a pele do recém-nascido prematuro é frágil, transparente, 
com veias visíveis e sem lanugem e o verniz caseoso também está ausente. 
SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO 
A ossificação (desenvolvimento ósseo) é incompleta ao nascer. O crânio 
é composto por seis ossos finos e desunidos. Separando os ossos estão às 
suturas que são articulações fibrosas. As fontanelas são áreas de tecidos moles 
cobertos com membranas rígidas que separam as suturas e geralmente o parto 
normal causa uma sobreposição das suturas, uma condição que se resolve 
espontaneamente. Os músculos são anatomicamente completos no nascimento 
a termo, com a idade a massa, a força e o tamanho muscular aumentam e isto 
é crucial para o desenvolvimento do controle postural e da mobilidade. 
 
25 
 
 
SISTEMA REPRODUTOR 
O sistema reprodutor é anatomicamente e funcionalmente imaturo ao 
nascer, porém devido aos elevados níveis de estrogênio materno podem causar 
efeitos adversos transitórios e sem importância clínica como: hipertrofia mamária 
com ou sem leite da bruxa (uma secreção aquosa, fina, semelhante ao colostro) 
pode aparecer tanto no recém-nascido do sexo feminino e do masculino. 
Já as meninas podem ter pseudomenstruação uma secreção vaginal 
mucoide ou manchada de sangue, causada pela queda brusca de hormônio após 
o nascimento, tais situações se resolvem espontaneamente. 
 
INTERAÇÕES ENTRE O NEONATO E O AMBIENTE 
 
O recém-nascido a termo não só percebe o ambiente como também tenta 
controlá-lo pelo comportamento. Capaz de ver, ouvir e distinguir entre gostos e 
cheiros, o recém-nascido responde ao toque e aos movimentos se defende de 
estímulos e dá sinais que quando interpretados por um cuidador atento, podem 
satisfazer às suas necessidades. 
 
 
 
 
 
 
26 
 
 
Visão 
Embora o recém-nascido possa ver, a acuidade visual é limitada a uma 
distância de aproximadamente 23 a 30,5 cm. O neonato tem uma preferência 
por formas geométricas como quadrados, retângulos ou círculos. Imagens em 
preto e branco prendem o olhar do neonato por mais tempo do que as imagens 
coloridas, o controle muscular incompleto dos movimentos oculares, às vezes, 
causa estrabismo transitório. O recém-nascido parece achar a face humana 
curiosa, e normalmente fixa o olhar intencionalmente em uma face próxima, 
como durante a amamentação e o acariciamento, tal comportamento reforça 
intensamente a ligação entre pais e filho. A acuidade visual melhora rapidamente 
e em torno dos seis meses o bebê alcança a acuidade visual do nível do adulto, 
no neonato exposto a vários objetos agradáveis em uma gama de cores, formas 
e contrastes, a acuidade visual pode melhorar até mais rapidamente. A 
colocação de brinquedos, móbiles e figuras no berço, dentro do seu campo de 
visão, pode ajudar a estimular o desenvolvimento visual. 
O recém-nascido é sensível à luz e reage fazendo caretas ou franze as 
sobrancelhas e vira a cabeça para longe do brilho da luz dirigida aos seus olhos 
e abre os olhos prontamente em um quarto na penumbra. Assim, reduzindo a 
luz, os pais podem melhorar o contato visual com o recém-nascido, facilitando a 
interação. 
Audição 
O recém-nascido pode ouvir ao nascer, de fato a audição começa até mais 
cedo, o feto pode ouvir sons extrauterinos (por exemplos, vozes ou música), bem 
como ruídos que se originam nos sistemas corporais maternos, inclusive sons 
variáveis de baixa frequência do sistema cardiovascular materno e do sistema 
digestório. A audição é bem estabelecida após a aeração das trompas de 
Eustáquio e drenagem de sangue, verniz caseoso, fluido amniótico e muco do 
ouvido externo. 
Logo após o nascimento, o recém-nascido se vira em direção a sons e se 
assusta com ruídos altos como: campainha do telefone, a queda de objetos e o 
bater de uma porta. Capaz de distinguir sons com base na frequência, na 
intensidade e no padrão, o recém nascido responde mais rapidamente a sons 
27 
 
 
abaixo de 4.000Hz. (A fala humana em geral está entre 500 e 900 Hz). O neonato 
responde de maneira variada a diferentes tons de vozes. A maioria das mulheres 
tem voz de maior frequência quando fala com um bebê, uma voz de alta 
frequência atrai a atenção do recém-nascido, que se vira em direção ao som com 
maior agilidade em contraste, a voz masculina de baixa frequência parece ter um 
efeito mais calmante. 
Toque 
O recém-nascido tem uma percepção tátil bem desenvolvida, que serve 
como um estímulo para a primeira respiração às áreas corporais mais sensíveis 
inclui: a face (especialmente em torno da boca), as mãos e as plantas dos pés. 
As vias da dor e os centros corticais e subcorticais cruciais à percepção da dor 
são bem desenvolvidos e os sistemas neuroquímicos à transmissão da dor estão 
intactos e funcionais. As alterações fisiológicas associadas à dor no neonato 
incluem aumento da pressão arterial e frequência cardíaca durante e após os 
procedimentos dolorosos. 
Durante os procedimentos dolorosos o nível de PaCO2 do neonato flutua 
amplamente e a sudorese palmar aumenta, pesquisadores também 
documentam acentuadas alterações hormonais, incluindo aumento dos níveis de 
renina plasmática logo após punção venosa e níveis de cortisol plasmático. 
Estímulos dolorosos produzem respostas motoras simples (flexão e adução das 
extremidades), expressões faciais distintas (dor, tristeza e surpresa) e choro 
característico. Alguns estudos preliminares sugerem que os recém-nascidos têm 
memória para a dor, bem como para a percepção da dor. 
O estímulo cutâneo agradável por outro lado, induz o relaxamento 
muscular e é outro fator importante na ligação entre pais e filhos à medida que a 
mãe se familiariza com o neonato. Tocando-lhe levemente a face às 
extremidades e o tronco, o tônus muscular, os movimentos do neonato diminuem 
e o choro para ou reduz de intensidade reforçando o elo materno. 
O manuseio do recém-nascido proporciona estimulação sensorial a partir 
de movimentos e do toque, produzindo vigilância e respostas de atenção e de 
orientação, que por sua vez influenciam o desenvolvimento neonatal e a 
interação entre pais e o recém-nascido; contudo o recém-nascido pode ficar 
28 
 
 
cansado se for muito manuseado. Com o bebê prematuro o contato pele a pele 
proporciona uma oportunidade para o toque, as pesquisas têm mostrado que o 
uso do toque resulta em estabilidade dos sinais vitais, padrões de crescimento 
positivo e termorregulação. 
Paladar 
O neonato distingue os sabores em torno do 1º ou 2º dia após o 
nascimento em resposta a uma solução insalubre (como água esterilizada), a 
expressão facial do recém-nascido permanece inalterada, uma solução doce, 
por ouro lado, produz uma sucção satisfeita, uma solução azeda induz uma 
careta e a cessação da sucção já uma solução amarga provoca uma expressão 
facial zangada, cessação da sucção e em muitos casos o distanciamento da 
cabeça. 
Olfato 
Embora tenham sido feitas poucas pesquisas a respeito da olfação 
neonatal, sabe-se que o neonato reage a odores fortes ou nocivos, afastando a 
cabeça do odor e a sensibilidade aos estímulos olfatórios aumenta nos primeiros 
quatro dias após o nascimento. 
PADRÕES CARACTERÍSTICOS DE SONO E 
ATIVIDADE 
Durante o período transicional, o recém-nascido 
experimenta uma série de alterações que englobam o estado 
de consciência, a resposta comportamental aos estímulos e 
parâmetros fisiológicos, além disso, vários estados neonatais 
de sono e vigília também foram identificados. 
Períodos de Reatividade Neonatal 
As primeiras horas do neonato são marcadas por uma 
série de características comportamentaise fisiológicas 
identificáveis e previsíveis, descritas coletivamente como 
períodos de reatividade neonatal, todos os recém-nascidos 
experimentam a mesma sequência de períodos, contudo o 
29 
 
 
início de cada período e o tempo de duração varia de um recém-nascido para 
outro. 
Medicações maternas, anestesia, duração do trabalho de parto e qualquer 
estresse que afetam o recém-nascido podem influenciar a duração de um dado 
período. 
Primeiro Período de Reatividade 
Começando logo após o nascimento, esse período dura grosso modo 60 
minutos, nessa fase de intensa atividade e consciência de estímulos externos, o 
neonato está alerta e atento ao ambiente e pode exibir atividade vigorosa, choro 
e frequência cardíaca e respiratória rápidas. O recém-nascido tem um forte 
desejo de sugar nesse período, de modo que a amamentação pode ser iniciada 
e aos poucos o recém-nascido torna-se menos alerta e menos ativo e dorme. 
As adaptações neonatais durante esse período inicial são reguladas, 
sobretudo pelo sistema simpático, respirações irregulares, taquipneia e abertura 
nasal sem relação com estresse podem ocorrer. Outras características visíveis 
nesse período incluem sustos espontâneos, o reflexo de Moro (no qual o neonato 
se estende e move os membros para longe do corpo quando a cabeça cai 
subitamente para trás). Caretas, movimentos de sucção, choro súbito que cessa 
abruptamente, tremores finos do queixo ou das extremidades, piscar dos olhos 
e movimentos oculares. Nesse primeiro período de reatividade é o momento 
ideal para promover a interação entre os pais e o recém-nascido, a enfermeira 
pode melhorar o vínculo, permitindo que a mãe e o neonato permaneçam juntos 
nesse período (desde que o recém-nascido seja saudável). A temperatura 
precisa ser monitorada e mantida cuidadosamente durante esse período para 
prevenir o estresse por frio. 
Estágio de Sono 
O recém-nascido geralmente dorme cerca de 2 a 3 horas após o 
nascimento e permanecem adormecidos de alguns minutos até 4 horas, alguns 
especialistas classificam o sono como um período de reatividade autocontido 
distinto, outros o consideram uma fase transicional ligando o primeiro e o 
segundo período. Enquanto adormecido, a frequência respiratória do recém-
30 
 
 
nascido aumenta, enquanto a frequência cardíaca varia de 120 a 140 batimentos 
por minuto, a cor da pele melhora embora persista alguma acrocianose. Como o 
recém-nascido tem pouca resposta a estímulos externos durante o período de 
sono, tentativas de amamentá-lo não irão produzir respostas. 
Segundo Período de Reatividade 
Iniciado com o despertar do recém-nascido caracteriza-se por uma 
resposta exagerada a estímulos externos e internos, a frequência cardíaca é lábil 
e ocorrem episódios de bradicardia e taquicardia. A pele do recém-nascido em 
geral parece rosada ou avermelhada, secreções orais espessas costumam 
causar engasgos e vômitos, a frequência respiratória varia de 30 a 60 
respirações por minuto, sendo irregular e pode incluir breves pausas, apneias e 
taquipneia periódica. O recém-nascido em geral expele mecônio do trato 
gastrintestinal nesse período, o segundo período pode durar 4 a 6 horas quando 
ele termina o recém-nascido torna-se mais estável e as frequências cardíacas e 
respiratórias se normalizam. E um equilíbrio dinâmico emerge com o recém-
nascido alternando entre atividade alerta e o sono, estabelecendo um padrão de 
sono, choro, atividade e alimentação. 
Estados de Sono e Vigília do Recém-Nascido 
Brazelton (1979) classificou o estado de consciência do recém-nascido 
em seis estados: dois estados de sono e quatro de vigília, a capacidade que o 
neonato tem de regular o estado de consciência reflete a integridade do sistema 
nervoso central. O estado de consciência pode ser afetado por medicações, pela 
fome, pelos ciclos diurnos, por estresse (como ruído, dor, luz forte), e qualquer 
outro desconforto físico. 
Comumente o recém-nascido em um estado de sono responde a 
estímulos com atividade aumentada, enquanto um recém-nascido no estado de 
choro responde com atividade diminuída. De acordo com Brazelton, quando 
confrontado com interferências externas como uma picada no calcanhar ou outro 
estímulo doloroso, o recém-nascido, tenta controlar o estado de consciência 
utilizando as seguintes maneiras: 
 
31 
 
 
• Tentando retirá-lo fisicamente; 
• Tentando afastar o estímulo com as mãos ou com os pés; 
• Tentando retirar-se emocionalmente (por exemplo, desviando-se do 
estímulo ou dormindo); 
• Chorando ou fazendo ruídos, em um esforço de interromper o estímulo. 
 
Usando essa informação a enfermeira pode avaliar mais habilidosamente 
o neonato, planejar os cuidados neonatais e ajudar a promover a interação entre 
pais e recém-nascido. 
Sono Profundo 
No estado de sono profundo, os olhos do recém-nascido ficam fechados 
e não aparecem movimentos oculares rápidos (REMs), exceto por reflexos de 
susto ocasionais não ocorre qualquer atividade espontânea. As respirações são 
iguais e regulares, o recém-nascido em sono profundo em geral não pode ser 
acordado por estímulos externos nem ser amamentado, qualquer tentativa da 
mãe de alimentar o recém-nascido será frustrada. 
Sono Leve 
Durante o período de sono leve os olhos do neonato estão fechados e 
ocorrem REMs, padrões respiratórios variáveis movimentos aleatórios e 
movimentos de sucção caracterizam o sono leve e estímulos externos podem 
acordar o recém-nascido nesse estado. 
Estado de Sonolência 
No estado de sonolência transicional, o recém-nascido tenta se tornar 
completamente alerta, os olhos podem estar abertos ou fechados e as pálpebras 
podem agitar-se frequentemente. Os movimentos musculares são suaves com 
atividades espontâneas e sustos intermitentes, os estímulos táteis ou auditivos 
podem estimular uma resposta, mas a resposta pode ser lenta até que o recém-
nascido se aproxime do próximo estágio. 
 
32 
 
 
Estado de Vigília 
No estado de vigília ou alerta os olhos estão abertos, brilhantes e o recém-
nascido focaliza a fonte de estímulos consciente, é responsivo ao ambiente, faz 
movimentos propositais e mostra uma boa coordenação dos olhos com as mãos. 
O recém-nascido tenta atingir e manter esse estado. É um ótimo momento para 
iniciar a amamentação. 
Estado Ativo 
Nesse estado os movimentos neonatais aumentam devido aos estímulos 
externos causando movimentos oculares e corporais. 
Estado de choro 
No estado de choro o neonato responde a estímulos internos e externos 
em geral começando com choramingos leves e mínima atividade motora 
aumentada, com movimentos de empurrar as extremidades e sustos 
espontâneos. 
As chances de alimentação ou interação bem-sucedida podem aumentar 
se os pais ou a enfermeira puderem acalmar o recém-nascido com movimentos 
de embalo. 
 
33 
 
 
ANAMNESE E EXAME FÍSICO DO RECÉM-NASCIDO 
 
ANAMNESE 
A história pregressa materna, pré-natal e intraparto são informações 
importantes para uma avaliação adequada do recém-nascido, de modo que a 
equipe possa dessa forma antecipar mais precisamente problemas perinatais 
potenciais e tomar condutas mais adequadas obtendo assim, resultados mais 
satisfatórios. Tais tópicos são descritos no quadro abaixo: 
 
QUADRO 1 –ANAMNESE 
 
 
34 
 
 
 
MODELO DE ANAMNESE DE ENFERMAGEM 
 
35 
 
 
 
 
 
36 
 
 
EXAME FÍSICO DO RN 
 
Deve ser realizado após 2 – 6 horas do nascimento. 
Sinais vitais: 
Temperatura: geralmente é aferida a temperatura axilar e a faixa de 
normalidade está entre 36,5ºC e 37,5ºC e considera-se hipotermia quando a 
temperatura está abaixo de 36,5ºC, podendo ser: 
• Leve: 36ºC a 36,4ºC. 
• Moderada: 32ºC a 35,9ºC. 
• Grave: abaixo de 32ºC. 
 
Frequência respiratória: depende do período de reatividade do recém-
nascido, mas varia de 40 a 80 respirações por minuto, uma frequência 
anormalmenteelevada indica taquipneia e pode ser um sinal de problema 
perinatal já um lapso de 15 segundos ou mais, um ciclo respiratório completo 
(uma expiração e uma inspiração) indica apneia. Um padrão irregular como 
respiração forçada, expansão torácica assimétrica, batimento de asas do nariz, 
retração torácicas visíveis, gemidos expiratórios e estridor podem indicar 
disfunção respiratória. 
Frequência cardíaca: colocando o estetoscópio sobre o impulso apical 
do quarto ou quinto espaço intercostal na linha hemiclavicular esquerda, sobre o 
ápice cardíaco, será avaliado o ritmo, frequência (120 a 160 bpm) e sons 
anormais como sopro cardíaco. 
Pressão arterial: instalar o manguito diretamente sobre a artéria braquial 
ou poplítea para garantir uma leitura acurada se for aferido pelo biomonitor. A 
largura do manguito deve ser metade da circunferência no braço do recém-
nascido, um manguito muito grande ou muito pequeno pode causar uma leitura 
enganosa. 
 
 
37 
 
 
Medidas Antropométricas 
Peso: realize a pesagem antes e não após a alimentação, com o recém-
nascido despido. Antes de pesar coloque uma ou duas folhas de papel 
descartável sobre a balança para prevenir estresse por frio, quando estiver 
realizando a pesagem mantenha uma das mãos diretamente acima do recém-
nascido, contudo evite tocar o recém-nascido o que poderia afetar a exatidão da 
pesagem. O peso ao nascer de um recém-nascido a termo varia de 2.500 A 
4.000 KG. 
PESAGEM 
 
Material: 
• Papel toalha (2 folhas); 
• Balança; 
• Luva de procedimento (1 
par). 
 
Procedimento: 
1. Lavar as mãos; 
2. Tarar a balança com o 
papel toalha; 
3. Calçar as luvas; 
4. Colocar o RN sobre a balança (sem roupa); 
5. Aferir e anotar o peso em impresso próprio. 
 
Estatura: coloque o recém-nascido em posição de supina, com as pernas 
estendidas, e meça da cabeça ao calcanhar, o comprimento varia de 45 a 53 cm. 
38 
 
 
 
Material: 
• Régua móvel; 
• Mesa (superfície plana e rígida); 
• Lençol; 
• Luva de procedimento. 
 
Procedimento: 
1. Lavar as mãos; 
2. Calçar as luvas; 
3. Deslocar o cursor da régua até os pés do RN; 
4. Deixar O RN em ângulo reto; 
5. Fazer leve pressão sobre os joelhos; 
6. Ler a cifra situada sobre a régua; 
7. Aferir e anotar a medida em impresso próprio. 
39 
 
 
Perímetro cefálico: observe que se o parto causou moldagem ou edema 
da cabeça à medida obtida pode ser enganosa. 
Material: 
• Luva de procedimento; 
• Fita métrica. 
 
Procedimento: 
1. Lavar as mãos; 
2. Calçar as luvas; 
3. Envolver a fita métrica em torno do crânio, passando os três polos 
proeminentes: occipital, parietal e frontal; 
4. Ler a cifra no ponto de encontro das duas partes da fita; 
5. Aferir e anotar a medida em impresso próprio. 
 
Perímetro torácico: faça a medida após o recém-nascido ter inspirado, 
antes do início da expiração, o perímetro torácico em geral mede cerca de 2 cm 
menos que o perímetro cefálico, em média 30 a 33 cm. 
 
Material: 
• Luva de procedimento; 
• Fita métrica. 
 
Procedimento: 
1. Lavar as mãos; 
2. Calçar as luvas; 
40 
 
 
3. Envolver a fita em torno do tórax, passando sob as axilas no nível dos 
mamilos; 
4. Ler a cifra situada no ponto de encontro das duas partes da fita métrica; 
5. Aferir e anotar o valor em impresso próprio. 
• Luva de procedimento; 
• Fita métrica. 
PERÍMETRO ABDOMINAL: 
Material: 
• Luva de procedimento; 
• Fita métrica. 
 
Procedimento: 
1. Lavar as mãos; 
2. Calçar as luvas; 
3. Envolver a fita em torno do abdômen, acima do coto umbilical; 
4. Ler a cifra situada no ponto de encontro das duas partes da fita métrica; 
5. Aferir e anotar o valor em impresso próprio. 
Obs.: realizar limpeza da balança, régua e fita métrica a cada 24h com 
água e sabão, e após cada procedimento com álcool a 70%. 
Altura ombro-umbigo: tem objetivo para avaliar o comprimento da 
inserção dos cateteres umbilical venoso e arterial. Tal valor é colocado em uma 
tabela em que teremos em valores numéricos o comprimento exato dos cateteres 
umbilical. 
Material: 
• Luva de procedimento; 
• Fita métrica. 
41 
 
 
 
Procedimento: 
1. Lavar as mãos; 
2. Calçar as luvas; 
3. Posicionar uma das pontas da fita métrica em cima da clavícula, 
seguindo sentido transversal até o coto umbilical; 
4. Ler a cifra e anotar o valor em impresso próprio. 
Observação geral 
 
Avaliar postura, atividade espontânea, reatividade, tônus 
muscular, tipo de respiratório, fácies, estado de hidratação 
e estado de consciência. 
 
PELE 
Coloração 
 
RN de raça branca são rosados e os de raça negra são 
avermelhados. 
Pletora pode ocorrer em RN com poliglobulina( RN de mãe 
diabética, cardiopatia cianótica ligadura tardia de cordão e 
gemelaridade). 
Palidez 
 
Anemia, pré-choque, hipóxia grave ou RN edemasiado. 
Alteração vasomotora (pele de alerquim): quando há 
palidez em um hemicorpo e vermelho no lado oposto. 
Cianose 
 
Generalizada: geralmente por problemas 
cardiorrespiratórios. 
 
Localizada: Cianose de extremidades (acrocianose) pode 
ser devido à hipotermia; 
Cianose peribucal associada à palidez pode ocorrer em 
infecção. 
Icterícia 
 
Coloração amarelada da pele que pode ou não estar 
associada à patologia de hiperbilirrubinemia. 
 
Eritema tóxico São pequenas lesões eritemato-papulosas observadas 
nos primeiros dias de vida, que regridem em poucos dias 
e não têm valor clínico. 
Milium sebáceo Pequenos pontos branco-amarelados localizados no nariz, 
na face, na testa e no queixo. 
42 
 
 
Hemangioma capilar Comum, principalmente em fronte, pálpebra superior e 
nuca e desaparece em alguns meses. 
Edema Principalmente no prematuro e localiza-se em região 
palpebral, pré-tibial, dorso dos pés e sacral e desaparece 
em 24 a 48 horas. A anasarca aparece em RN com 
hidropisia fetal, insuficiência cardíaca congestiva, nefrose 
congênita, anemia intensa, hipoproteinemia, insuficiência 
renal e hipernatremia. 
Outras alterações Hematomas, petéquias e equimoses podem ser 
encontrados no polo de apresentação. Quando 
localizados na face, a denominação é de máscara 
cianótica, petéquias e púrpuras quando não localizadas 
podem ocorrer devido à plaquetopenia secundária à 
hipóxia, infecção, doenças hemolíticas graves e drogas 
administradas à mãe (anticonvulsivantes e diuréticos). 
CABEÇA 
Forma Pode apresentar deformidades transitórias dependentes 
da apresentação e do próprio parto. 
Perímetro Deve ser medido por fita métrica, geralmente é 2 a 3 cm 
maior que o perímetro torácico. Avaliar a presença de 
macrocefalia ou microcefalia. 
7Fontanelas O tamanho é variável, a fontanela anterior tem forma de 
losango e mede 2 cm nos dois sentidos (variação de 1 a 5 
cm), a posterior é triangular e puntiforme. 
Suturas Podem estar afastadas ou com cavalgamento, e deve ser 
diferenciado da cranioestenose, responsável por 
deformidades do crânio com hipertensão intracraniana já 
o afastamento grande de suturas está associado a 
perímetro cefálico aumentado e ocorre em hidrocefalia. 
Bossa serossanguínea É uma massa mole, mal limitada, edemaciada e 
equimótica localizada ao nível da apresentação que 
desaparece nos primeiros dias de vida. 
Céfalo-hematoma É um derrame sanguíneo subperióstico que apareça como 
uma coleção de consistência cística, volume variável, 
limitando-se ao osso atingido. Pode-se calcificar e a 
regressão é espontânea, podendo demorar semanas ou 
meses para ser reabsorvido e ainda pode ser causa de 
hiperbilirrubinemia. 
Alterações ósseas A craniotables é uma zona de tábua óssea depressível, com 
consistência diminuída, comparada à de uma bola de 
pinguepongue, encontrada em RN normais, principalmente 
no prematuro. 
43 
 
 
Olhos Observar: sobrancelhas, cílios, movimentos palpebrais, 
edema, direção da comissura palpebral (oblíqua e 
transversal), afastamentode pálpebras e epicanto. 
Pesquisar microftalmia (microcórnea), catarata (reflexo 
esbranquiçado da pupila), coloboma iridiano (persistência de 
uma fenda inferior da íris), tamanho da pupila (midríase e 
miose), igualdade (isocoria ou anisocoria), glaucoma 
congênito e reação à luz. 
Hemorragias conjuntivais são comuns. 
Presença de estrabismo não tem significado nesta idade e 
pode persistir por 3 a 6 meses. 
Nistagmo lateral é frequente. 
Sinal do sol poente é encontrado em RN com hidrocefalia 
encefalopatia bilirrubínica e em lesões do tronco encefálico. 
Orelhas Pesquisar apêndice e fístula pré-auricular. 
Anomalias do pavilhão podem estar associadas à 
malformação. 
Nariz Forma. 
Permeabilidades de coanas. 
Presença de secreção (coriza intensa – uso de reserpina 
pela mãe e mucossanguinolenta - sífilis congênita). 
Boca Pérolas de Epstein: pequenas formações esbranquiçadas 
no palato e, às vezes, na gengiva. 
Aftas de Bednar: lesões erosivas com halo avermelhado 
no palato. 
Salivação: excesso de saliva leva a pensar em atresia de 
esôfago. 
Presença de dentes. 
Conformação do palato (ogival). 
Presença de fenda palatina. 
Fissura labial (lábio leporino). 
Desvio da comissura labial (paralisia facial). 
Hipoplasia (micrognatia). 
Posição da mandíbula (retrognatia). 
Visualizar a úvula e avaliar tamanho da língua e do freio 
lingual. 
PESCOÇO Detectar a presença de bócio, fístulas, cistos, restos de 
arcos branquiais, hematoma do esternocleidomastoídeo. 
Palpar as clavículas (fraturas). 
Explorar a mobilidade e o tônus. 
TÓRAX Assimetria pode ocorrer por malformações de coração, 
pulmões, coluna ou arcabouço costal. 
Tamanho da aréola e tecido mamário e/ou presença de 
leite, podem ocorrer em ambos os sexos, e a presença 
de glândulas supranumerárias. 
Pulmões Frequência respiratória normal: varia de 40 a 60 
movimentos por minuto. 
Verificar a presença de simetria torácica, retração, 
estertores, estridor, roncos, crepitação e diminuição do 
murmúrio vesicular. 
44 
 
 
Cardiovascular Frequência cardíaca normal: varia entre 100 a 160 
batimentos por minuto. 
Batimentos cardíacos são melhor audíveis no bordo 
esquerdo do esterno. 
Presença de sopro nos primeiros dias é comum, porém, 
se persistirem por algumas semanas é provável 
manifestação de cardiopatia congênita. 
Palpação dos pulsos nos quatro membros é obrigatório: 
já que ausência dos pulsos femorais deve-se pensar em 
coartação da aorta e pulso amplo sugere Permanência do 
Canal Arterial (PCA). 
Verificar a pressão arterial. 
 
 
 
 
 
 ABDÔMEN 
Inspeção Distensão abdominal indica presença de visceromegalia, 
obstrução ou perfuração intestinal. 
Abdômen escavado indica hérnia diafragmática. 
Diástase de reto abdominal. 
Agenesia de musculatura abdominal. 
Extrofia de bexiga. 
Hérnia inguinal e umbilical. 
Onfalocele. 
Cisto e hemorragia de cordão. 
Visualizar o orifício anal. 
Secreção, edema e hiperemia periumbilical indicam 
onfalite. 
Palpação Fígado é palpável até 2 cm do rebordo costal. 
Uma ponta de baço pode ser palpável na primeira 
semana sendo que o aumento deve ser investigado. 
Detectar a presença de massas abdominais. 
GENITÁLIA 
Masculina Palpação da bolsa escrotal: verificar a presença dos 
testículos que podem encontrar-se também nos canais 
inguinais (comum em RN prematuro extremo). 
Distopia testicular é a ausência de testículos na bolsa 
escrotal ou no canal inguinal. 
Presença de hidrocele não comumente é frequente e 
reabsorverá com o tempo. 
Fimose é fisiológica ao nascimento. 
Observar a localização do meato urinário: terminal 
(normal), ventral (hipopádia) ou dorsal (epispádia). 
Presença de hipospádia associada à criptorquia 
pesquisar cromatina sexual e cariótipo. 
45 
 
 
Equimose e edema traumático do escroto podem ocorrer 
em alguns partos vaginais 
Feminina Os pequenos lábios e clitóris estão proeminentes. 
Pode aparecer nos primeiros dias uma secreção 
esbranquiçada mais ou menos abundante e às vezes 
hemorrágica. 
Edema traumático de vulva pode ocorrer no parto vaginal 
distócico. 
Pesquisar: imperfuração himenal, hidrocolpos, aderência 
de pequenos lábios. 
Fusão posterior dos grandes lábios e hipertrofia clitoriana 
indicam a pesquisa de cromatina sexual e cariótipo. 
EXTREMIDADES Dedos: polidactilia, sindactila, malformações ungueais. 
Articulações coxofemurais: realizar manobras de Ortolani 
pela abdução das coxas, tendo as pernas fletidas quando 
positiva indica displasia coxofemural. 
Pesquisar simetria das pregas da face das coxas e 
subglúteas. Presença de fraturas ou lesão nervosa 
(paralisia) será avaliada pela atividade espontânea ou 
provocada dos membros. 
Observar as pregas de flexão palmares e as localizadas 
no 5º dedo prega palmar única e falta de uma prega no 
dedo presença de S. de Down. 
COLUNA VERTEBRAL Examinar especialmente a área sacrolombar, 
percorrendo com os dedos a linha média em busca de 
espinha bífida, mielomeningacele e outros defeitos (sinus 
sacral acima do promontório). 
Presença de hipertricose lombossacra sugere espinha 
bífida oculta. 
EXAME NEUROLÓGICO Observar atitude, reatividade, choro, tônus, movimentos e 
reflexos. 
Pesquisar os reflexos de Moro, sucção, busca, preensão 
palmar e plantar, tônus do pescoço, extensão cruzada 
dos membros inferiores, endireitamento do tronco e 
marcha automática. 
 
 
46 
 
 
MODELO DE EXAME FÍSICO DE ENFERMAGEM 
 
SINAIS VITAIS 
T: Fc: Fr: P.A: Spo2: 
 
MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS 
Peso: Estatura: PC: PT: PA: 
 
SISTEMA NERVOSO 
Fontanelas: Suturas: 
Tono: Cabeça: 
( ) normotensa ( ) tensa ( ) normal ( ) separadas ( ) normal ( ) hipotônico 
( ) bossa 
( ) abaulada ( ) deprimida ( ) sobrepostas ( ) flácido ( ) hipertônico 
Fraturas: 
Anormalidades: 
 
Atividade predominante: Choro: Atividade Motora: 
( ) alerta ( ) chorando ( ) sono ativo ( ) normal ( ) simétrico ( ) assimétrico 
( ) sono aprofundo ( ) fraco ( ) convulsões ( ) letargia ( ) irritabilidade 
( ) tremores 
 
Resposta ao estímulo: Reflexos: 
CÓDIGO: Normal = N; fraco = F Não avaliado = NA 
47 
 
 
( ) vocal ( ) toque sucção: Ausente = A ( ) dor ( ) luz 
apreensão: Moro: 
 
PELE 
Condições: Turgor: 
( ) fria ( ) quente ( ) úmida ( ) bom ( ) regular ( ) ruim 
( ) gelatinosa ( ) descamada ( ) estrias de mecônio ( ) lanugem 
( ) vérnix caseoso ( ) petéquias 
( ) equimoses 
Local: 
OLHOS BOCA FOSSAS NASAIS 
Geral: Reflexo de náuseas: Permeáveis: 
( ) abertura espontânea ( ) normal ( ) ausente ( ) sim ( ) não 
( ) fechados ( ) edema ( ) hipoativo ( ) hiperativo 
( ) secreção ( ) fixo ( ) sialorreia excessiva 
 
ORELHAS 
( ) implantação baixa 
Esclera: Palato: 
Pupilas: ( ) completo ( ) incompleto Malformação: 
( ) isocóricas ( ) anisocóricas Lábio Leporino: 
Reflexo à luz: ( ) presente ( ) ausente 
( ) presente ( ) ausente 
 
48 
 
 
SISTEMA RESPIRATÓRIO 
Respiração: Retração: Ausculta Pulmonar: 
( ) regular ( ) irregular ( ) esternal ( ) intercostal ( ) bilat. limpos 
( ) roncos bolhosos 
( ) apneia ( ) superficial ( ) subcostal ( ) diminuídos ( ) roncos 
( ) batimento de asa de nariz 
 
Configuração do tórax: ( ) estertores ( ) sibilos ( ) gemente ( ) taquipneia ( 
) simétrico ( ) assimétrico 
Secreção vias 
( ) bradipneia 
aéreas 
( ) sim () não 
Necessidade de oxigênio: 
 ( ) ar ambiente ( ) ventilador 
( ) caixa de hood ( ) CPAP nasal 
( ) CPAP endotraqueal 
( ) tubo endotraqueal nº 
Fixado nº 
SISTEMA CARDIOVASCULAR 
Pulso apical: Sopro: 
( ) ritmo regular ( ) arritmia ( ) ausente ( ) presente 
Cor: Perfusão capilar: 
( ) corado ( ) pletórico ( ) hipocorado ( ) normal ( 1 a 3 s) 
( ) moteado ( ) ictérico ( ) lento ( < 3 s ) 
49 
 
 
( ) acrocianose ( ) cianose circoral 
Edema: 
( ) cianose central ( ) ausente ( ) pés ( ) mãos ( ) olhos ( ) generalizado 
Pulso: 
Braquial: ( ) presente ( ) igual ( ) ausente ( ) cheio/amplo ( ) filiforme 
Femoral: ( ) presente ( ) igual ( ) ausente ( ) cheio/amplo ( ) filiforme 
Radial: ( ) presente ( ) igual ( ) ausente ( ) cheio/amplo ( ) filiforme ( ) ausente 
Pedial: ( ) presente ( ) igual ( ) ausente ( ) cheio/amplo ( ) filiforme ( ) ausente 
 
SISTEMA GASTROINTESTINAL 
 ( ) evacuou ( ) não observado 
 
Ausculta intestinal: Abdome: 
( ) não evacuou ( ) RHA diminuído ( ) RHA ativos ( ) flácido ( ) tenso 
( ) RHA aumentado ( ) RHA ausentes ( ) semigloboso ( ) globoso 
( ) distendido ( ) escavado 
Anormalidades: 
( ) hiperemia e/ou sensível ao toque 
( ) hepatomgalia 
( ) esplenomegalia 
Deglutição / sucção: Resíduo Gástrico: Cordão umbilical: 
( ) coordenada ( ) insuficiente ( ) claro ( ) amarelo ( ) verde aspecto: 
( ) ausente ( ) não avaliado ( ) sanguinolento ( ) líquido de estase 
 
50 
 
 
SISTEMA GENITURINÁRIO 
Urina: Genitais: 
( ) espontânea ( ) sonda vesical ( ) normal ( ) edemasiada 
( ) claro ( ) turva ( ) genitália ambígua ( ) hidrocele ( ) hematúria 
( ) concentrada ( ) outros 
 
EXTREMIDADES 
( ) distocia de ombro ( ) lesão de plexo braquial 
( ) luxação 
ANORMALIDADES: 
ACESSO VASCULAR 
( ) AVP: local: aspecto 
( ) AVC: local: aspecto 
( ) cateter umbilical venoso aspecto 
( ) cateter umbilical arterial aspecto 
COLUNA VERTEBRAL 
Anormalidades: 
Data: Hora: Enf ª: 
 
51 
 
 
AVALIAÇÃO DO PESO E IDADE GESTACIONAL 
A avaliação do peso e da idade gestacional é de suma importância para 
que possamos planejar uma assistência adequada e que traga uma recuperação 
rápida e sem sequelas. 
Peso ao nascimento (PN): é o primeiro peso obtido após o nascimento, 
se este não for determinado à pesagem mais tardia e mesmo o peso posterior à 
morte deverá ser considerado como peso ao nascimento. 
• Baixo peso: peso ao nascimento menor de 2.500g; Muito baixo peso: 
peso ao nascimento menor de 1.500g; 
• Extremo baixo peso: peso ao nascimento menor de 1000g. 
A idade gestacional: compreende o período entre o primeiro dia do último 
período menstrual e a data do nascimento, e que deve ser expressas em dias ou 
semanas completas. 
• RN pré-termo: é o concepto com idade gestacional menor que 37 
semanas (259 dias); 
• RN termo: é o concepto com idade gestacional de 37 semanas a 41 
semanas e seis dias (259 a 293 dias); 
• RN pós-termo: é o concepto com idade gestacional igual ou maior do 
que 42 semanas (294 dias ou mais). 
No RN, a idade gestacional pode ser verificada clinicamente pelos 
métodos de New Ballard e Capurro. Esses métodos utilizam a avaliação de 
combinações de características somáticas e neurológicas que permitem estimar 
a idade gestacional do RN com erro de uma ou duas semanas. 
MÉTODO DE CAPURRO 
Capurro e cols. Utilizam apenas cinco parâmetros somáticos e dois 
neurológicos, porém a verificação desses parâmetros em crianças deprimidas, 
doentes ou de difícil acesso fica limitada às variáveis somáticas. 
 
 
52 
 
 
TEXTURA DA PELE 
0 = muito fina, gelatinosa. 
5 = fina e lisa. 
10 = algo mais grossa, discreta descamação superficial. 
15 = grossa, rugas superficiais, descamação nas mãos e pés. 
20 = grossa, apergaminhada, com rugas profundas. 
 
FORMA DA ORELHA 
0 = chata, disforme, pavilhão não encurvado. 
8 = pavilhão parcialmente encurvado na borda. 
16 = pavilhão parcialmente encurvado em toda parte superior. 
24 = pavilhão totalmente encurvado. 
 
GLÂNDULA MAMÁRIA 
0 = não palpável. 
5 = palpável, menor de 5 mm. 
10 = entre 5 e 10 mm. 
15 = maior de 10 mm. 
 
PREGAS PLANTARES 
0 = sem pregas. 
5 = marcas mal definidas sobre a parte anterior. 
10 = marcas bem definidas sobre a metade anterior e sulcos no terço 
anterior. 
15 = sulcos na metade anterior da planta. 
53 
 
 
20 sulcos em mais da metade anterior da planta. 
 
SINAL DO XALE 
0 = o cotovelo alcança a linha axilar anterior do lado oposto. 
6 = o cotovelo situado entre a linha anterior do lado oposto e a linha média. 
12 = o cotovelo situado ao nível da linha média. 
16 o cotovelo situado entre a linha média e a linha axilar anterior do 
mesmo lado. 
 
POSIÇÃO DA CABEÇA AO LEVANTAR O RN 
0 = cabeça totalmente deflexionada, ângulo torácico 270º. 
4 = ângulo cervicotorácico entre 180 e 270º. 
8 = ângulo cervicotorácico igual 180º. 
12 = ângulo cervicotorácico menor que 180º. 
 
FORMAÇÃO DO MAMILO 
0 = apenas visível. 
5 = aréola pigmentada, diâmetro menor que 75 mm. 
10 = aréola pigmentada, pontiaguda, diâmetro menor que 75 mm, borda 
não elevada. 
15 = borda elevada, diâmetro maior que 75 mm. 
 
Capurro somático: soma dos itens A+B+C+D+G+204 = idade 
gestacional em dias. 
Capurro somático – neurológico: soma dos itens A+B+C+D+E+F+200 
= IDADE GESTACIONAL EM DIAS desvio padrão de 8,4 dias. 
54 
 
 
MÉTODO DE NEW BALLARD 
Ballard e cols. propuseram um método derivado do Dubowitz, em que 
utilizam seis parâmetros somáticos e seis neurológicos. Este método é mais 
simples, consome menos tempo na sua execução e é aplicável em todos os RNs, 
inclusive os que estão em terapia intensiva. Em 1993 sofreu uma modificação, 
para poder ser aplicado em prematuros com menos de 29 semanas de gestação. 
 
Um dos parâmetros utilizados para classificação do risco ao nascer é a 
idade gestacional do RN. O cálculo utilizando a data da última menstruação 
(DUM) muitas vezes não é possível, por falta dessa informação. O profissional 
pode estimar a idade gestacional utilizando-se da avaliação de sinais físicos e 
neurológicos. O método de Capurro é prático e baseia-se na observação de 
cinco características físicas e duas neurológicas para estimar a idade 
gestacional do RN. É bastante adequado para bebês com 29 semanas de 
gestação ou mais. Na determinação da idade gestacional para classificar o risco 
ao nascer, caso a DUM não seja conhecida, utiliza-se o método de Capurro 
somático, avaliando-se somente as cinco características físicas do método 
(Quadro 11). 
55 
 
 
 
RECÉM-NASCIDOS PREMATUROS (RNPT) 
 
A sobrevida de recém-nascidos prematuros (RNPT), definidos como os 
nascidos vivos com idade gestacional <37 semanas, reflete a estrutura e a 
qualidade do cuidado antenatal, da assistência ao trabalho de parto e parto e do 
atendimento neonatal. Segundo a Organização Mundial de Saúde em 2012, no 
relatório “Born Too Soon: The Global Action Report on Preterm Birth”, o Brasil é 
o 10º país do mundo em número de nascidos vivos prematuros e o 16º em 
número de óbitos decorrentes de complicações da prematuridade. 
Dados de 2013 indicam que, no Brasil, nascem cerca de três milhões de 
crianças ao ano, das quais 350.000 apresentam idade gestacional <37 semanas, 
sendo 45.000 entre 22-31 semanas e 40.000 com peso ao nascer <1.500g. 
56 
 
 
A maioria dos RNPT precisa de ajuda para iniciar a transição 
cardiorrespiratória, necessária para a adequada adaptação à vida extrauterina. 
Dados da Rede Brasileira de PesquisasNeonatais, composta por 20 centros 
universitários públicos, indicam que, nos anos de 2012-14, dos 4.352 nascidos 
vivos de muito baixo peso, com idade gestacional entre 230/7-336/7 semanas, 
sem malformações, 62% foram ventilados com máscara facial ou cânula traqueal 
e 6% receberam ventilação acompanhada de massagem cardíaca e/ou 
medicações na sala de parto. 
Estudo da NICHD Neonatal Research Network, com dados referentes a 
9.565 neonatos com idade gestacional entre 22-28 semanas e peso de 401-
1.500g, nascidos entre 2003-07, mostra que 67% deles receberam ventilação 
com pressão positiva (VPP), 8% necessitaram de massagem cardíaca e 5% de 
medicações na sala de parto. 
Observa-se, portanto, que a necessidade de VPP e a de manobras 
avançadas de reanimação na sala de parto é bastante frequente em RNPT, 
especialmente naqueles de muito baixo peso. A elevada necessidade de ajuda 
para iniciar a respiração efetiva em sala de parto, ou seja, efetuar a transição 
para o ambiente extrauterino, e de reanimação propriamente dita nos RNPT se 
deve, de modo geral, à sua imaturidade global do ponto de vista anatômico e 
fisiológico. Tais pacientes têm propensão à perda de calor por apresentarem pele 
fina, pouco queratinizada, com tecido adiposo subcutâneo escasso e peso 
relativamente baixo em relação à grande superfície corporal, existindo ainda a 
perda de calor central do sistema venoso a partir do seio cavernoso, localizado 
logo abaixo da fontanela bregmática não ossificada. A respiração logo após o 
nascimento é pouco efetiva, uma vez que há imaturidade estrutural dos pulmões, 
do sistema surfactante, da musculatura e da caixa torácica, acompanhada de 
imaturidade do sistema nervoso central responsável pelo controle do ritmo 
respiratório. 
A transição cardiocirculatória tem como obstáculos a dificuldade de 
adaptação volêmica, com propensão à hipotensão, e a fragilidade capilar, que 
facilita o extravasamento sanguíneo. As diversas dificuldades adaptativas do 
RNPT facilitam o aparecimento de morbidades que contribuem para a 
mortalidade neonatal. No Brasil, série temporal de 2005-10 demonstra que, de 
57 
 
 
cada mil nascidos vivos de muito baixo peso sem malformações congênitas, 30-
40 morrem com asfixia perinatal na 1ª semana após o nascimento. Dentre os 
25.033 óbitos neonatais precoces associados à asfixia perinatal e sem 
malformações congênitas ocorridos no período do estudo, 7.082 eram de muito 
baixo peso ao nascer. 
Para ajudar na transição de RNPT do ambiente intrauterino para o 
extrauterino, período no qual a chance de morte ou morbidade é elevada, é 
fundamental contar com material adequado e uma equipe qualificada e 
capacitada a realizar de forma rápida e efetiva os procedimentos de estabilização 
e reanimação, de acordo com o estado da arte no que tange aos conhecimentos 
existentes. Desse modo, a participação do pediatra capacitado a estabilizar e/ou 
reanimar o prematuro em sala de parto é fundamental. 
As condutas relativas à estabilização e reanimação do RNPT em sala de 
parto no texto a seguir dão ênfase aos nascidos com idade gestacional <34 
semanas e baseiam-se nos documentos publicados pelo International Liaison 
Committee on Resuscitation (ILCOR) a cada cinco anos, sendo o último 
publicado em 2015. 
 A Força Tarefa Neonatal, responsável pela publicação mais recente, 
incluiu 38 membros de 13 países dos cinco continentes, com representantes 
brasileiros. Tais especialistas realizaram revisão sistemática de 26 temas 
relacionados à reanimação na sala de parto com a abordagem metodológica 
proposta pelo “Grading of Recommendations, Assessment, Development and 
Evaluation (GRADE) Working Group”. Conforme orientação do ILCOR, as 
recomendações publicadas servem de guia para a construção das diretrizes 
adaptadas à realidade de cada nação ou grupo de nações. Nesse contexto, já 
foram divulgadas as diretrizes em reanimação neonatal para a América do Norte 
e Europa.(RUTH GUINSBURG & MARIA FERNANDA BRANCO DE ALMEIDA, 
2016) 
O resumo das diretrizes propostas pelo Programa de Reanimação 
Neonatal da Sociedade Brasileira de Pediatria pode ser visualizado no 
fluxograma a seguir: 
58 
 
 
 
 
APNEIA DA PREMATURIDADE 
 
Definição: é a parada respiratória por mais de 20 segundos, 
acompanhada ou não de alterações de cor (palidez e/ou cianose), bradicardia 
(frequência cardíaca menor que 100 bpm) e insaturação (diminuição da 
59 
 
 
saturação de oxigênio abaixo de 80%, por um período superior a quatro 
segundos). 
Incidência: metades dos prematuros menores de 32 semanas terão pelo 
menos um episódio de apneia e 80% dos prematuros com idade gestacional 
entre 26 e 32 semanas terão três ou mais episódios de apneia. Quando 
relacionada apenas com a prematuridade o problema tende a se desaparecer 
por volta da 35ª a 36ª semanas de idade gestacional corrigida. 
A apneia pode ser primária (idiopática, típica do prematuro, relacionada à 
imaturidade) ou secundária (por causas diversas). 
Fisiopatologia da Apneia Primária: decorre principalmente da 
imaturidade do centro respiratório, localizado no Sistema Nervoso Central, que 
estimula os músculos responsáveis pelos movimentos respiratórios. A apneia da 
prematuridade pode refletir a resposta final comum de organização e 
interconexão incompleta dos neurônios diante dos múltiplos estímulos aferentes, 
atualmente acredita-se que vários mecanismos fisiopatológicos estejam 
envolvidos, além da imaturidade do centro respiratório, são eles: 
➢ Imaturidade do Desenvolvimento: pode estar relacionada com a 
imaturidade da função do tronco cerebral e com a irregularidade da frequência 
respiratória durante o período do sono. 
➢ Resposta dos Quimiorreceptores: o recém-nascido prematuro pode em 
situação de hipóxia não responder ao aumento da concentração de CO², 
sugerindo que a prematuridade predisporia ao controle anormal da respiração 
pelos quimiorreceptores. Diferentemente do neonato a termo que apresenta 
hiperventilação em situações de diminuição de oxigênio tecidual. 
➢ Atividade Reflexa: o recém-nascido prematuro tem facilmente 
contração da faringe posterior causada por estímulos mecânicos, como por 
exemplo, a passagem da sonda gástrica. Essa contração causaria obstrução do 
fluxo de ar para os pulmões, levando à hipoxemia e consequentemente à apneia. 
➢ Músculos Respiratórios: os músculos responsáveis pela inspiração 
(intercostais e diafragmático) e os músculos que contraem a entrada de ar 
60 
 
 
(músculo da laringe e faringe) podem apresentar atividade irregular devido à 
imaturidade, consequentemente levar à incoordenação da frequência 
respiratória. 
Em função desses mecanismos fisiopatológicos atualmente classifica-se 
os episódios de apneia também pela presença ou ausência de obstrução de fluxo 
de ar durante os episódios de pausa respiratória, essa classificação acontece da 
seguinte forma: 
➢ Apneia Central: o esforço respiratório cessa totalmente, sem 
associação com causas obstrutivas de fluxo aéreo. 
➢ Apneia Obstrutiva: caracterizada pela presença de esforço inspiratório, 
porém, devido a mecanismos obstrutivos como a flexão do pescoço, a queda da 
língua e a obstrução de coanas por sonda, não ocorre entrada de ar. 
➢ Apneia Mista: pausa no centro respiratório, precedida ou seguida de 
obstrução de fluxo de ar. 
 
CAUSAS DA APNEIA SECUNDÁRIA DO RECÉM-NASCIDO 
➢ Geral: hipoxemia, anemia, hipotermia, hipovolemia, choque, pós-
operatório. 
➢ Infecciosas: sepse, meningite, enterocolite necrotizante, outras 
infecções, infecções congênitas (TORCHS), vírus sincicial respiratório. 
➢ Respiratórias: hipóxia, DMH grave, pneumonia, pneumotórax, 
atelectasia, displasia broncopulmonar. 
➢ Neurológicas: imaturidade da prematuridade, asfixia perinatal, 
convulsão, meningite, anomalias do SNC, hemorragia intracraniana, doenças 
neuromusculares, herniação, malformações, depressãopor drogas. 
➢ Metabólicas: acidose metabólica, hipoglicemia, hipocalcemia, 
hiponatremia e hipernatremia, erros inatos do metabolismo, hiperamoniemia. 
61 
 
 
➢ Obstrutivas Respiratórias: refluxo gastroesofágico, reflexo à aspiração 
da faringe, reflexo por líquido na faringe, instabilidade (colapso) da faringe, 
posicional (flexão do pescoço), secreção nas vias respiratórias, queda da língua, 
traqueomalácia, obstrução nasal (no paciente em CPAP a obstrução nasal 
significa uma queda brusca da FiO² para 21%). 
➢ Cardiológicas: persistência do canal arterial, outras cardiopatias 
congênitas, arritmias por reflexo vagal. 
IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DO RECÉM-
NASCIDO COM APNEIA 
 
Quando suspeitar: prematuros com menos de 1800g ou de 34 semanas 
de gestação que, entre o segundo e sétimo dia de vida, apresenta episódio de 
queda de saturação ou bradicardia acompanhados ou precedidos de apneia. 
Quando não ocorre até o sétimo dia de vida a apneia primária raramente ocorre 
depois. Deve-se pensar em apneia em todo recém-nascido com períodos de 
bradicardia inexplicada, pois 95% desses casos estão associados à apneia. As 
crises tendem a desaparecer até a 36ª semana de IG corrigida. Como o primeiro 
episódio pode resultar em parada cardíaca, aconselha-se que todo prematuro 
com menos de 1800g ou de 34 semanas de idade gestacional corrigida seja 
monitorizado por pelo menos 10 a 14 dias. 
Como confirmar: o diagnóstico é feito pela observação clínica e pela 
monitorização da FC e da saturimetria. Pode-se também monitorizar a respiração 
por impedantimetria torácica e, mais raramente, por sensor de fluxo nasal, a 
apneia deve ser distinguida da respiração periódica do recém-nascido. Quando 
típica, a respiração periódica é a intercalação de 10 a 15 segundos de respiração 
normal com pausas de 5 a 10 segundos, e ocorre principalmente durante o sono 
e geralmente é seguida de 10 a 15 de taquipneia, sem bradicardia associada. 
Geralmente não há alteração de cor ou queda significativa da frequência 
cardíaca, alguns prematuros apresentam queda da frequência sem apneia, 
geralmente por estímulo vagal, com recuperação espontânea. 
62 
 
 
Conduta na crise: iniciar com estímulos táteis enquanto se posiciona a 
criança e se observa se existe esforço respiratório (apneia obstrutiva). A 
estimulação tátil e um aumento transitório da FIO2 podem ser suficientes nos 
casos leves e intermitentes, enquanto se providencia a correção de eventuais 
fatores agravantes ou precipitantes. Se não há resposta com a estimulação, 
oxigenação e posicionamento adequado iniciam-se a ventilação com ambú e 
máscara (FIO2 de 40% ou igual à anterior). Se o paciente não se recupera com 
a ventilação com ambu e máscara e não se encontra uma causa que possa ser 
imediatamente contornável, deve-se entubá-lo e colocá-lo em ventilação 
assistida. 
Exames: superada a crise, considerar todas as alternativas etiológicas 
listadas acima, uma revisão da evolução clínica recente, dos dados vitais e de 
enfermagem e um exame clínico detalhado ajudam a determinar as principais 
hipóteses e direcionar os pedidos de exame subsidiários. Geralmente pede-se 
hemograma, plaquetas, proteína C, hemocultura, glicemia, íons, cálcio e 
magnésio, gasometria e raio X de tórax e dependendo do caso pode ser indicado 
ultrassom transfontanela ou TC crânio. 
TRATAMENTO 
Medidas Gerais: 
➢ Aquecer e melhorar o controle de temperatura; 
➢ Posicionar em decúbito ventral com o pescoço em posição de leve 
extensão. 
Aspirações cuidadosas da faringe. 
➢ Corrigir anemia, mantendo a hemoglobina acima de 12g/dl. 
➢ Nos prematuros < 750g de peso de nascimento, não forçar a retirada 
de todo o oxigênio enquanto houver episódios de apneia: manter fluxo mínimo 
na incubadora suficiente para saturimetria em torno de 92-94% (e menor que 
95%). 
 
63 
 
 
Prioridade absoluta: Tratar qualquer causa ou fator agravante 
identificado. Corrigir os fatores precipitantes mais comuns: desidratação, 
hipoglicemia, hipóxia, acidose, distúrbios de sódio, cálcio ou magnésio, infecção, 
anemia e convulsões. 
Drogas estimulantes: estão indicadas nos casos sem causa detectável, 
em prematuros abaixo de 35-36 semanas de idade gestacional, e não está 
indicado o uso profilático dessas drogas. 
▪ Aminofilina EV: é usada com uma dose de manutenção de 1,0 mg/Kg/ 
dose cada 8 horas a 2,0 g/Kg/dose a cada 12 horas. Nos casos mais graves 
iniciar o tratamento com uma dose de ataque de 4-7 mg/Kg. Ajustar a dose para 
obter níveis séricos entre 5 e 12 mg/ ml, ficar atento para os sinais de toxicidade 
como: distensão abdominal, estase, taquicardia, tremores, convulsões, 
irritabilidade, hiperpneia. 
▪ Cafeína: é a droga de primeira escolha a via oral é tolerada e deve ser 
preferida à aminofilina em qualquer circunstância. É mais eficaz e tem maior 
efeito estimulante sobre o centro respiratório e uma meia vida longa (mais de 
100 horas) Também é mais bem tolerada com melhor margem terapêutica, além 
de maior diferença entre os níveis terapêuticos e tóxicos. 
Assistência Ventilatória 
▪ CPAP nasal: com pressão de 3-6 cm H2O e uma FIO2 inicial de 30 a 
40%, ajustada depois pela saturimetria. O CPAP reduz a frequência de apneia 
nos casos associados à dificuldade respiratória, na apneia obstrutiva ou mista. 
▪ Ventilação mecânica: indicada na apneia persistente quando mesmo 
com uso de CPAP, drogas estimulantes ou com apneias que se apresentam em 
um período curto de tempo. E geralmente toleram ventilação com parâmetro 
baixo: PPI= 10 A 15, PEEP= 3-4, TI= 0,35-0,4; FR= 0-30; fluxo=6L/min. 
 
 
 
64 
 
 
TAQUIPNEIA TRANSITÓRIA DE RECÉM-NASCIDO 
 
Definição: desconforto respiratório de início precoce, em geral brando e 
de evolução benigna. 
Incidência: é de 1 a 3 % a doença é mais comum nos recém-nascidos a 
termo ou nos prematuros próximos ao termo. 
Fisiopatologia: a taquipneia transitória do recém-nascido representa um 
edema pulmonar transitório que resulta da reabsorção retardada do líquido 
pulmonar fetal pelo sistema linfático. Quando não ocorre a eliminação rápida do 
líquido pulmonar fetal, há acúmulo nos vasos linfáticos peribrônquicos e nos 
espaços broncovasculares, resultando em colapso bronquiolar, seguido do 
aprisionamento de ar no pulmão e hiperinsuflação pulmonar, tendo como 
principal efeito desse excesso de líquido a diminuição da complacência 
pulmonar. 
Fatores de risco: 
➢ Cesárea eletiva; 
➢ Nascimento prematuro; 
➢ Sedação materna excessiva; 
➢ Sobrecarga hídrica materna; 
➢ Clampeamento tardio do cordão umbilical > 45 segundos; 
➢ Asfixia perinatal; 
➢ Filho de mãe diabética; 
➢ Macrossomia. 
 
Manifestações Clínicas: desconforto respiratório leve a moderado, logo 
após o nascimento, em um RN a termo ou próximo ao termo. Caracterizada pela 
taquipneia com FR de até 120/minuto, batimento de asas nasais, respiração 
65 
 
 
gemente, tiragem intercostal e cianose em graus variáveis. Frequentemente, o 
diâmetro anteroposterior do tórax se encontra aumentado. A ausculta pulmonar 
é normal, evidenciando boas trocas gasosas, sem estertores ou roncos. 
Diagnóstico radiológico: 
➢ Hiperinsuflação pulmonar com rebaixamento diafragmático; 
➢ Aumento da área cardíaca, leve a moderada. 
➢ Aumento da trama vascular pulmonar. 
Manejo Terapêutico: 
➢ Ambiente aquecido, mantendo temperatura corpórea em torno de 
36,5°C. 
➢ Monitorização cardíaca. 
➢ Alimentação: iniciar preferencialmente após a melhora da taquipneia. 
➢ Controle laboratorial: gasometria para controlar o equilíbrio acidobásico 
e se necessária glicemia, calcemia, magnesemia e potassemia. 
➢ Oxigenoterapia para manter a PaO2 entre 50 e 70 mmHg e/ou 
saturação arterial da hemoglobina entre 90 e 95%; 
➢ Oferecer o oxigênio suplementar em casos leves; 
➢ Casos moderados – pode ser necessário o CPAP nasal; 
➢ Casos graves que necessitamintubação traqueal e ventilação 
mecânica são pouco frequentes e requerem a exclusão de 
complicações ou da presença de outros processos 
patológicos. 
 
 
 
66 
 
 
PNEUMONIA NEONATAL 
 
Fisiopatologia: o pulmão é foco comum de sepse neonatal, as 
pneumonias do RN podem ser adquiridas antes do nascimento, durante o parto 
ou após, no período neonatal. Na pneumonia congênita, o feto pode ser infectado 
por via transplacentária ou, mais frequentemente, por via ascendente a partir do 
trato genital materno, antes ou durante o parto. 
Etiologia: as bactérias que comumente causam pneumonia são; 
Streptococcus agalactiae, Escherichia coli, Klebsiella, Listeria, Estreptococcus 
do grupo D e Pneumococcus. 
Fatores de risco: febre materna, asfixia perinatal, prematuridade, baixo 
peso de nascimento, ventilação mecânica e amniorrexe prematura. 
Clínica: as manifestações clínicas incluem em instabilidade térmica, 
hipotonia, hipoatividade, crises de apneia, distenção abdominal, cianose, 
taquipneia e esforço respiratório progressivo. 
Diagnóstico Radiológico: 
➢ Infiltrados pulmonares assimétricos com hiperinsuflação pulmonar. 
Manejo terapêutico: 
➢ Manter temperatura ambiental em média em 34° C. 
➢ Iniciar dieta apenas após melhora do desconforto respiratório. 
➢ Antibioticoterapia: os antibióticos de primeira escolha são ampicilina e 
gentamicina por via endovenosa por um tempo de 10 a 14 dias, caso haja piora 
do quadro clínico será necessário uma avaliação clínica e laboratorial e também 
a troca de terapia antimicrobiana; 
➢ Oxigenoterapia e suporte ventilatório; 
➢ Uso de drogas inotrópicas é indicado caso haja sinais de baixo débito 
e má perfusão periférica associada. 
 
67 
 
 
SÍNDROME DE ASPIRAÇÃO MECONIAL 
 
A síndrome da aspiração meconial é uma das doenças respiratórias mais 
frequentes em recém-nascidos de termo e pós-termo, resultando da aspiração 
de líquido amniótico tingido por mecônio, e associa-se às altas taxas de 
morbidade e mortalidade neonatal. 
A eliminação intraútero de mecônio ocorre em 8 a 20% dos nascimentos, 
geralmente ocasionada por sofrimento fetal, com hipóxia e acidose. Desses 
recém-nascidos, cerca de 5% aspiram ao mecônio. A aspiração leva à obstrução 
das vias aéreas superiores com asfixia aguda, e de vias aéreas inferiores com 
hiperinsuflação e atelectasia. 
A infecção bacteriana secundária e pneumonite química acrescentam ao 
quadro obstrutivo um componente inflamatório mais tardio, de gravidade 
variável. Quando não ocorrem complicações a doença tende a melhorar a partir 
de 72 horas, entretanto nos casos graves, que exigem ventilação assistida, as 
repercussões se prolongam e a mortalidade é alta. A hipertensão pulmonar 
persistente é a complicação mais frequente e ocorre em metade dos casos. 
Fatores de Risco: 
➢ Pós-maturidade e oligo-hidrâmnio. 
➢ Exames pré-natais sugerindo sofrimento fetal. 
➢ Bebês acima de 36-37 semanas gestacionais em que o líquido 
amniótico está tinto de mecônio. 
➢ Volume meconial grande ou mecônio espesso em crianças com 
dificuldade respiratória precoce, com taquipneia importante, esforço, gemido 
expiratório e hipoxemia. 
➢ Crescimento intrauterino retardado. 
➢ Gestação de alto risco, diabetes, DHEG. 
➢ Apresentação pélvica e macrossomia. 
68 
 
 
➢ Apgar < 6 no primeiro minuto. 
 
Quadro Clínico: 
 
➢ Hiperinsuflação com abaulamento e aumento do diâmetro torácico. 
➢ Cianose. 
➢ Gemido expiratório. 
➢ Taquidispneia; 
➢ Estertoração difusa grosseira e média na ausculta pulmonar; 
➢ Pele, unhas e cordão umbilical impregnadas de mecônio. 
➢ Raio X com opacificações irregulares e grosseiras e áreas com 
atelectasia. 
➢ Pode ocorrer pneumotórax e pneumomediastino. 
➢ A gasometria mostra hipóxia, hipercapnia e acidose, proporcionais à 
gravidade da doença. 
 
Manejo terapêutico: 
 
➢ Na sala de parto deve se realizar a aspiração rápida das narinas e 
orofaringe na presença de líquido amniótico meconial, assim que houver o 
desprendimento do polo cefálico e antes de ocorrer o desprendimento do tórax, 
essa manobra visa prevenir a aspiração do mecônio por ocasião da primeira 
respiração; 
➢ Realizar laringoscopia e aspiração do mecônio antes de serem 
ventilados ou estimulados; 
69 
 
 
 
CRIANÇAS ESTÁVEIS COM HISTÓRIA DE LÍQUIDO MECONIAL E 
SOB SUSPEITA DE TER ASPIRADO MECÔNIO: 
➢ Observar evolução do esforço respiratório, saturimetria e monitorizar PA; 
➢ Evitar e corrigir rapidamente hipoxemia, hipercapnia, acidose e 
hipotermia; 
➢ Aquecer e evitar manipulação excessiva; 
➢ Fisioterapia respiratória; 
➢ Aspiração de orofaringe sempre que necessária; 
➢ Realização de raio X torácico; 
➢ Passar sonda gástrica e aspirar ao conteúdo gástrico; 
➢ Coletar gasometria, hemograma, íons, hemocultura, Ca e glicemia; 
➢ Corrigir acidose. 
 
CRIANÇAS COM QUADRO CLÍNICO DE ASPIRAÇÃO DE MECONIO GRAVE: 
➢ Providenciar acesso venoso rápido, geralmente cateterismo umbilical; 
➢ Estabilizar hemodinâmica; 
➢ Restringir líquidos; 
➢ Iniciar antibioticoterapia, pois a aspiração de mecônio favorece a 
pneumonia neonatal; 
➢ Corrigir a hipóxia, pois a mesma leva a hipertensão pulmonar que 
agrava a hipoxemia e a acidose; 
➢ Se necessário instalar CPAP ou iniciar Ventilação Assistida; 
➢ Pode-se tentar o uso de surfactante nos casos graves; 
70 
 
 
➢ Utilizar nitroprussiato inalatório nos casos de hipertensão pulmonar 
grave; 
➢ Quando disponível a ECMO (Oxigenação Extracorpórea de Membrana) 
pode ser útil. 
 
 
 
HIPERTENSÃO PULMONAR 
É uma complicação grave que ocorre em um de cada 500 a 1500 nascidos 
vivos e que se caracteriza pela persistência da hiper-resistência pulmonar 
normal na vida intrauterina (que é dez vezes maior que a pós-natal), com 
manutenção do shunt direita→esquerda pelo forame oval ou por um canal 
arterial persistente, levando a hipoxemia grave e de difícil tratamento. 
A hipoxemia e a acidose resultante produzem mais vasoconstrição e 
pioram a hipoxemia. A mortalidade varia de 20 a 50% e as sequelas são 
frequentes. 
A hipertensão pulmonar pode ser secundária a um evento agudo (asfixia, 
hipóxia e sepse), a um evento crônico intraútero (insuficiência placentária, 
71 
 
 
hiperplasia muscular lisa pulmonar) ou a uma anomalia do desenvolvimento do 
pulmão ou vasculatura pulmonar. 
 
Fatores de Risco: 
➢ Asfixia perinatal aguda; 
➢ Miocardiopatia isquêmica por asfixia; 
➢ Aspiração de mecônio; 
➢ Pneumonia congêntia e sepse; 
➢ Hipoglicemia; 
➢ Policitemia; 
➢ Sofrimento fetal crônico por insuficiência placentária, hipertensão 
materna, DHEG, droga adição, pós-maturidade, diabetes materna; 
➢ Doença da membrana hialina em prematuros grandes; 
➢ Taquipneia transitória do recém-nascido com outros fatores 
predisponentes; 
➢ Hipoplasia pulmonar parenquimatosa primária ou associada à hérnia 
diafragmática ou derrame pleural; 
➢ Cardiopatias ou miocardias congênitas; 
➢ Oligo-hidrâminio: por anomalias renais ou urológicas graves, perda 
crônica de líquido amniótico; 
➢ Formas obstrutivas de drenagem anômala de veias pulmonares; 
➢ Displasia capilar alveolar familiar. 
Fatores Agravantes: 
➢ A hipóxia e a acidose são dois principais determinantes de 
vasoconstrição pulmonar; 
72 
 
 
➢ Hipoglicemia e hipocalcemia devem ser rastreadas prontamente; 
➢ Disfunção miocárdica é frequente, sobretudo nos casos secundários a 
asfixia perinatal; 
➢ A hiperviscosidade pode ser um fator importante; 
➢ Plaquetopenia é um marcador de evolução insatisfatória. 
Manifestações Clínicas: 
➢ Cianose persistente que se assemelha à cianose encontrada nas 
cardiopatias congênitas, labilidade da oxigenação principalmente ao manuseio, 
com quedas de saturação de oxigênio; 
➢ Taquidispneia com retrações subcostais e à ausculta pulmonar 
encontra-se a segunda bulha desdobrada e, às vezes,um sopro contínuo; 
➢ O fenômeno “flip-flop” é bastante sugestivo da hipertensão pulmonar, 
em que pequenas alterações na FIO2 ou na PPI causam grandes alterações de 
saturimetria; 
➢ Teste de hiperventilação: com o paciente intubado, no ventilador ou 
com ambu com oxigênio a 100%, o paciente é hiperventilado até que a PCO2 
atinja 25mmhg, o quadro é sugestivo de hipertensão pulmonar, a saturimatria 
melhora à medida que a hipocapnia aumenta. Muito cuidado para não provocar 
barotrauma em cardiopatias cianozantes, a oxigenação não melhora com a 
hipocapnia e a PO2 não ultrapassa 100mmhg em nenhuma das fases. 
Tratamento: 
➢ Instalar ventilação mecânica para corrigir a hipóxia e a acidose, 
geralmente mantém a PO2 mais alta entre 80 a 150 mmHg nos RN a termo e 
nos prematuros entre 80 a 85mmHg; 
➢ Manter o RN aquecido e evitar manuseio e dor; 
➢ Corrigir distúrbios hidroeletrolítico e hipoglicemia; 
73 
 
 
➢ Uso de drogas inotrópicas se necessário como: dopamina e 
dobutamina; 
➢ O pH deve ser mantido entre 7,45 e 7,55 com hiperventilação (PCO2 
em torno de 35 mmHg) e administrar bicarbonato para corrigir a acidose; 
➢ O hematócrito deve ser mantido acima de 40%; 
➢ Manter o RN sedado para evitar a competição com o respirador; 
➢ Já os RN que não respondem ao tratamento convencional e persistem 
com um índice de oxigenação > 25 são candidatos ao tratamento com óxido 
nítrico, porém ainda é tratamento experimental. 
 
SÍNDROME DO DESCONFORTO RESPIRATÓRIO 
(SDR) - DOENÇA DE MEMBRANA HIALINA 
 
A síndrome do desconforto respiratório (SDR) ou doença pulmonar de 
membrana hialina (DPMH) é uma das causas mais frequentes de insuficiência 
respiratória e de morte em recém-nascidos pré-termo, e sua causa primária 
reside na produção inadequada de surfactante pulmonar. 
74 
 
 
 
 
Fatores de Risco: 
➢ Intensidade da prematuridade; 
➢ Parto cesárea antes do início do trabalho de parto; 
➢ Asfixia perinatal; 
➢ Diabetes materno; 
➢ Gestação múltipla; 
➢ DMH em irmão; 
➢ Sexo masculino; 
➢ Choque, hipotensão; 
➢ Hipovolemia, hipotermia; 
➢ Corioaminionite. 
Fatores de Proteção: 
 
75 
 
 
➢ Uso de corticoide antenal na mãe; 
➢ Hipertensão e DHEG; 
➢ Rutura precoce da membrana; 
➢ Sofrimento intrauterino crônico. 
FISIOPATOLOGIA: 
A síndrome do desconforto respiratório (SDR) é basicamente causada por 
imaturidade pulmonar evidenciada pela deficiência quantitativa ou funcional do 
surfactante natural, cuja síntese se inicia entre 24 e 28 semanas de gestação, e 
daí em diante aumenta diretamente proporcional a idade gestacional. As células 
responsáveis pela síntese e secreção do surfactante pulmonar natural, que é 
uma combinação complexa de fosfolipídeos, lipídeos neutros e proteínas, são os 
pneumócitos do tipo II, constituindo um verdadeiro “sistema surfactante”. 
No alvéolo normal, o surfactante natural baixa a tensão superficial, à 
medida que seu raio diminui durante a expiração, impedindo assim o colapso 
alveolar, progressivamente vão sendo necessárias pressões cada vez maiores 
para manter os alvéolos patentes, cuja tradução é um aumento de esforço 
respiratório. 
Complicações: 
➢ Pneumotórax; 
➢ Pneumomediastino; 
➢ Enfisema intersticial; 
➢ Sequelas de intubação prolongada; 
➢ Hemorragia pulmonar; 
➢ Obstrução ou deslocamento do tubo traqueal. 
 
 
76 
 
 
Complicações Associadas: 
➢ Displasia broncopulmonar; 
➢ Infecção (sepse, pneumonia); 
➢ Hemorragia intracraniana; 
➢ PCA; 
➢ Enterocolite; 
➢ Anemia. 
Quadro Clínico: 
➢ Insuficiência respiratória nas primeiras horas de vida; 
➢ Dispneia; 
➢ Taquipneia acentuada com FR até 120 rpm; 
➢ Retração esternal importante; 
➢ Tiragem intercostal; 
➢ Cianose central; 
➢ Gemido expiratório; 
➢ Crises de apneia; 
➢ Hipotermia; 
➢ Palidez cutânea; 
➢ Má perfusão capilar; 
➢ Oligúria; 
➢ Hipotensão; 
➢ Hipotonia; 
➢ Hipoatividade; 
77 
 
 
➢ Acidose, de início respiratório, progredindo para metabólica ou mista. 
 
Tratamento: 
➢ Correção da hipotermia; 
➢ Correção da hipóxia, pela oxigenoterapia adequada; 
➢ Correção da hipoglicemia; 
➢ Correção da hipotensão e hipoperfusão; 69 
➢ Prevenção de infecções; 
➢ Uso de surfactante exógeno; 
➢ Aporte hidroeletrolítico; 
➢ Aporte nutricional; 
➢ Manipulação mínima. 
 
O surfactante pode ser indicado profilático ou com uso terapêutico para a 
SDR já instalada (resgate). 
 
INDICAÇÕES DE SURFACTANTE PARA USO TERAPÊUTICO OU DE 
RESGATE: 
➢ Peso de nascimento menor ou igual a 2200gr; 
➢ Idade gestacional menor que 34 semanas; 
➢ Diagnóstico clínico e radiológico de SDR; 
➢ Necessidade de FiO² maior ou igual a 0,6 para manter PaO² entre 55 
e 60 mmHg; 
➢ Ausência de malformações; 
78 
 
 
➢ Momento de uso: entre 2 e 15 horas de vida; 
➢ Dosagem inicial: 100mg/kg de peso; 
➢ Número de doses: duas, com intervalo de 12 horas. 
 
INDICAÇÕES DE SURFACTANTE PARA USO PROFILÁTICO: 
➢ Idade gestacional inferior a 27 semanas; 
➢ Momento de uso: logo após o nascimento, ainda na sala de parto; 
➢ Dose inicial: 100mg/ quilo de peso; 
➢ Repetir a dose se necessário em 12 horas. 
 
Complicações da SDR: 
➢ Pneumotórax; 
➢ Enfisema intersticial; 
➢ Atelectasia; 
➢ Hemorragia intracraniana; 
➢ Hemorragia pulmonar; 70 
➢ Hiperbilirrubinemia; 
➢ Distúrbios metabólicos; 
➢ Persistência do canal arterial. 
 
Complicações Iatrogênicas: 
➢ Pneumotórax; 
➢ Pneumomediastino; 
79 
 
 
➢ Pneumopericárdio; 
➢ Enfisema intersticial; 
➢ Retinopatia da prematuridade; 
➢ Displasia broncopulmonar; 
➢ Infecção; 
➢ Desidratação ou hiper-hidratação; 
➢ Complicações advindas do uso de cateter umbilical. 
 
Prevenção: 
➢ Prevenção do parto prematuro; 
➢ Aceleração da maturidade pulmonar fetal; 
➢ Uso de corticoide antenatal utilizado em todas as gestantes com idade 
gestacional entre 26 e 34 semanas, em risco de parto prematuro; 
➢ Usar betametasona ou dexametasona, pelo menos 24 horas antes do 
nascimento. 
 
Prognóstico 
O trabalho de equipe (obstetra, neonatologista e equipe de enfermagem) 
é essencial ao tratamento e ao prognóstico satisfatório na SDR. 
O prognóstico em longo prazo deve ser avaliado em relação às sequelas 
neurológicas, cardiopulmonares e oftalmológicas. O peso de nascimento e a 
idade gestacional têm influência muito maior sobre o desenvolvimento do 
prematuro do que a presença ou gravidade da SDR. 
 
80 
 
 
DISPLASIA BRONCOPULMONAR 
É uma doença pulmonar típica do prematuro, secundária a múltiplos 
fatores principalmente aos efeitos nocivos da oxigenação e da ventilação sobre 
o pulmão imaturo e se caracteriza por uma interrupção do desenvolvimento 
pulmonar (alveolização e vascularização), associado a um processo inflamatório 
obstrutivo crônico. E isso leva a uma dependência prolongada ou crescente de 
oxigenoterapia e/ou ventilação mecânica. 
 
Fatores de risco: 
 
➢ Intensidade da prematuridade; 
➢ Toxicidade pelo oxigênio; 
➢ Ventilação assistida com PPI (pressão inspiratória) elevada, tempo 
inspiratório prolongado e fluxo alto, podendo causar barotrauma e volutrauma; 
➢ Uma PEEP moderada tem um papel protetor, PCO2 baixa é um 
marcador de risco aumentado: documenta que os parâmetros estão 
desnecessariamente elevados; 
➢ Manutenção de ventilação por tempo prolongado, independente dos 
níveis de pressão e FiO² usados; 
81 
 
 
➢ Infecção pré ou pós-natal, que direta ou indiretamente produza 
inflamação do tecido pulmonar; 
➢ Pneumotórax e enfisema intersticial; 
➢ PCA com sinais de ICC; 
➢ Nutrição insuficiente ou progressão muita lenta; 
➢ Hiper-hidratação nos primeiros cinco dias ou ausência de perda de 
peso fisiológico nos primeiros dias pode ser considerada um sinal de hiper-
hidratação. 
➢ História familiar de asma; 
➢ Deficiência de vitamina A e E; 
➢ Gravidadeda pneumopatia de base. 
 
Tratamento: 
 
➢ Instalar oxigenoterapia ou ventilação assistida o menos “lesiva” 
possível. 
➢ Evitar flutuações de saturação diminuindo esses eventos como: 
manipulação excessiva, dor, acúmulo de secreção, desconforto posicional, 
distensão abdominal pela dieta ou broncoespasmo; 
Nebulização com beta adrenérgicos como fenoterol; 
Uso de algumas medicações como: aminofilina, diuréticos; 
➢ Aumentar o aporte calórico e restringir o volume; 
➢ Fisioterapia respiratória; 
➢ Manipulação mínima; 
➢ Tratamento clínico ou cirúrgico precoce para corrigir o PCA; 
82 
 
 
➢ Corrigir a anemia; 
➢ Vigilância e tratamento das infecções; 
➢ Corrigir distúrbios hidroeletrolíticos. 
ANEMIA DA PREMATURIDADE 
Os recém-nascidos de muito baixo peso são predispostos a desenvolver 
anemia durante os primeiros meses de vida, principalmente pela menor taxa de 
hemoglobina ao nascimento. A deficiência de fatores hormonais que estimulam 
a eritropoiese, a produção inadequada de fatores nutricionais e a espoliação 
sanguínea a que são submetidos durante a internação em unidades neonatais. 
Na anemia da prematuridade, o recém-nascido apresenta em geral sinais 
clínicos de anemia em torno da 3ª a 12ª semanas de vida, antes de completar 
40 semanas de idade pós-conceptual, ou seja, durante o período de estabilidade 
clínica, em que ocorre o crescimento rápido do prematuro. 
 
Fisiopatologia: 
➢ Espoliação sanguínea; 
➢ Hemodiluição que ocorre na fase de crescimento rápido do prematuro; 
➢ Menor sobrevida das hemáceas; 
➢ Produção inadequada de eritropoietina. 
A quantidade de ferro não tem relação com a anemia da prematuridade, 
ou seja, a reserva de ferro durante este tipo de anemia pode estar normal, 
diminuída ou aumentada. 
A reserva diminuída de ferro na prematuridade indica apenas o estado 
natural do prematuro e mostra que há necessidade de melhorar suas reservas, 
porém a administração de ferro não corrige a anemia da prematuridade. 
 
Manifestações Clínicas: 
83 
 
 
➢ Palidez mucosa-cutânea; 
➢ Apneia; 
➢ Taquipneia; 
➢ Taquicardia; 
➢ Bradicardia; 
➢ Baixo ganho ponderal; 
➢ Letargia; 
➢ Hipoatividade; 
Aparecimento de sopro cardíaco; Sucção débil. 
 
Tratamento: 
É necessário planejar a assistência ao recém-nascido prematuro desde o 
nascimento com o objetivo de prevenir a anemia e evitar transfusão sanguínea, 
nesse sentido algumas medidas podem ser tomadas, tais como: 
➢ Minimizar espoliação de sangue; 
➢ Garantir suporte nutricional adequado; 
➢ Uso de eritropoietina recombinante; 
➢ Indicação criteriosa de transfusão sanguínea; 
➢ Manutenção de reserva de ferro para garantir a eritropoiese após o 
período de “anemia da prematuridade”. 
 
 
 
 
84 
 
 
POLICITEMIA 
É o aumento do número de eritrócitos circulantes e geralmente esse 
achado é acompanhado de hiperviscosidade e diminuição do fluxo sanguíneo. 
A hiperviscosidade diminui a oxigenação tecidual, a hipoxemia e acidose 
aumentam a viscosidade e a má perfusão aumenta a possibilidade de trombos. 
 
Manifestações Clínicas: 
A maioria dos RN são assintomáticos, e quando sintomáticos, podem 
apresentar: 
➢ Pletora; 
➢ Acrocianose; 
➢ Insuficiência cardíaca; 
➢ Dificuldade respiratória; 
➢ Letargia; 
➢ Irritabilidade; 
➢ Convulsões; 
➢ Hematúria; 
➢ Priapismo; 
➢ Tremores; 
➢ Icterícia. 
 
Exames laboratoriais: 
➢ Hiperviscosidade; 
➢ Trombocitopenia; 
➢ Reticulocitose; 
85 
 
 
➢ Hipoglicemia e hipocalcemia. 
 
Tratamento: 
➢ Hidratação; 
➢ Monitorização da glicemia; 
➢ Monitorização de bilirrubina; 
Observação de aparecimento de sintomas; 
Realizar sangria preferencialmente pela veia umbilical e infundir 
concomitantemente o mesmo de soro fisiológico por veia periférica. 
 
HEMORRAGIA NO PERÍODO NEONATAL 
 
 O período neonatal apresenta particular suscetibilidade a hemorragias 
por algumas condições como: 
➢ Deficiência fisiológica dos fatores de coagulação; 
➢ Imaturidade dos vasos sanguíneos; 
➢ Exposição a trauma durante o parto; 
➢ Sepse, asfixia e plaquetopenia. 
 
Quadros mais frequentes: 
➢ Doença hemorrágica; 
➢ Coagulação intravascular disseminada; 
➢ Plaquetopenias; 
➢ Hemorragia digestiva Aguda. 
 
86 
 
 
Tratamento: 
➢ Evitar o uso injeções IM e punções venosas e arteriais, assim como a 
realização de outros procedimentos invasivos; 
➢ Nos casos de sangramento gástrico, fazer lavagens gástricas com SF 
a 0,9% (temperatura ambiente), até o retorno de líquido claro; 
➢ Administrar vitamina K; 
➢ Se o sangramento for intenso deve ser administrado plasma fresco ou/e 
plaquetas para repor os fatores de coagulação e concentrado de hemácias, 
quando hemoglobina for menor que 12g/dl; 
➢ Vigilância do débito urinário; 
➢ Monitorizar os sinais vitais; 
➢ Oxigenoterapia; 
➢ Aquecimento; 
➢ Suporte nutritivo e hidroeletrolítico. 
 
HIPOGLICEMIA 
Definida como duas dosagens no sangue total inferiores a 20 mg/dl no 
neonato pré-termo e duas dosagens inferiores a 30mg/dl no sangue total de 
neonatos a termo, dentro de 72 horas de vida. 
Porém a conduta mais prudente deve ser a de considerar as dosagens de 
glicose menores de 40 mg/dl independente do peso e idade pós-natal, como 
suspeitas merecedoras de investigação mais profunda. 
 
Etiologia: 
➢ Reservas de glicogênio insuficientes; 
➢ Aumento de insulina circulante; 
87 
 
 
➢ Situações de estresse como: policitemia, hipotermia, infecções, asfixia, 
suspensão brusca do aporte venoso de glicose; 
➢ Desordens endócrinas. 
Manifestações Clínicas: 
➢ Hipotonia; 
➢ Sucção débil; 
➢ Gemência; 
➢ Choro fraco; 
➢ Irritabilidade; 
➢ Cianose; 
➢ Instabilidade térmica; 
➢ Hipotonia; 
➢ Taquipneia; 
➢ Taquicardia; 
➢ Letargia; 
➢ Sudorese; 
➢ Tremores de extremidades; 
➢ Apneia; 
➢ Convulsões. 
 
Tratamento: 
➢ Iniciar dieta precoce (leite materno); 
➢ Realizar glicemia capilar conforme a necessidade; 
88 
 
 
➢ Realizar reposição de glicose via EV; 
➢ E em casos graves administrar “push” de glicose; 
➢ Manter os níveis de glicose entre 40 a 100mg/dl. 
 
HIPERGLICEMIA 
 
A hiperglicemia é definida quando os níveis de glicose sanguíneos estão 
acima de 125mg/dl, ou níveis plasmáticos estão acima de 145mg/dl, 
independentemente da idade gestacional, peso ou idade pós-natal. 
 
Etiologia: 
➢ Oferta excessiva de glicose exógena; 
➢ Drogas como teofilina, cafeína, corticoide e fenitoína; 
➢ Prematuro extremo; 
➢ Infecção; 
➢ Hipóxia grave. 
 
Tratamento: 
➢ Diminuir a taxa de administração da glicose; 
➢ Monitorizar os níveis de glicose; 
➢ O uso de insulina deve ser muito criterioso, já que os recém-nascidos 
são muito sensíveis a está medicação; 
➢ Peso a cada 12 horas para controlar a hidratação. 
89 
 
 
HIPOCALCEMIA 
 
Quando o cálcio total é inferior a 8mg/dl no RN a termo e 7mg/dl no RN 
prematuro. 
Fatores de risco: 
➢ Prematuridade; 
➢ Filho de mãe diabética. Estresse perinatal; 82 
➢ Após exsanguinitrasfusão; 
➢ Uso de bicarbonato; 
➢ Ingesta insuficiente; 
➢ Uso de diuréticos. 
 
Manifestações Clínicas: 
➢ Tremores finos; 
➢ Abalos musculares; 
➢ Hipertonia; 
➢ Apneia; 
➢ Arritmias cardíacas; 
➢ Convulsões. 
Tratamento: 
➢ Iniciar dieta o mais precoce; 
➢ Administrar plano com gluconato de cálcio em caso de RN enfermos. 
 
90 
 
 
HIPOMAGNESEMIA 
 
Quando apresentar o magnésio sérico menor que 1,5mg/dl. 
 
Fatores de risco: 
➢ Hipocalcemia; 
➢ Ingesta inadequada de magnésio; 
➢ Uso de sangue citratado, asfixia e uso de furosemida. 
 
Manifestações Clínicas: 
➢ Tremores; 
➢ Hipertonia; 
➢ Hiper-reflexia; 
➢ Convulsões generalizadas ou focais. 
 
Tratamento: 
➢ Nos casos leves utilizam manutenção com magnésio via EV ou IM; 
➢ Nos casos graves administrar reposições de magnésio. 
 
91 
 
 
OSTEOPENIA DA PREMATURIDADE 
 
É a submineralização óssea que se desenvolvedurante as primeiras 
semanas do período pós-natal, decorrente da deficiência de cálcio e fósforo. 
Etiologia: 
Ocorre predominantemente em RNs prematuros, pois 80% da aquisição 
intrauterina de cálcio e fósforo ocorrem no terceiro trimestre da gestação, com 
pico entre 34 e 36 semanas de gestação. O rápido crescimento pós-natal desses 
RNs torna a oferta de minerais insuficientes para seu crescimento adequado. 
Fatores de risco: 
➢ Idade gestacional < 32 semanas; 
➢ Demora na recuperação do peso de nascimento; 
➢ NPT uso prolongado; 
➢ Uso de diuréticos; 
➢ Infecções graves. 
Manifestações Clínicas: 
➢ Redução do crescimento; 
➢ Dificuldade em ganho de peso; 
➢ Dor à manipulação; 
➢ Fraturas principalmente em escápulas, costelas e ossos longos. 
Tratamento: 
➢ Administração de fosfato tricálcio. 
 
 
92 
 
 
ICTERÍCIA 
É o aumento dos níveis de bilirrubina. 
Etiologia: 
➢ Doença hemolítica por incompatibilidade sanguínea materno-fetal; 
➢ Deficiência de enzima eritrocitárias (glicose 6-fosfato desidrogenase); 
➢ Defeitos estruturais dos eritrócitos; 
➢ Policitemia; 
➢ Síndrome de Down; 
➢ Atresia de vias biliares; 
➢ Obstrução biliar extrínseca; 
➢ Hepatite; 
➢ Infecções; 
➢ Nutrição parenteral prolongada; 
➢ Retardo na eliminação de mecônio, demora no início da alimentação; 
Íleo paralítico, obstrução intestinal e aporte calórico reduzido. 
 
 
93 
 
 
Icterícia Fisiológica: 
Ocorre quando há uma maior produção de bilirrubina, imaturidade 
enzimática e maior circulação êntero-hepática. 
 
Icterícia e Aleitamento Materno: 
A icterícia relacionada ao aleitamento materno é frequentemente 
associada a uma ingesta inadequada, com aporte calórico deficiente, baixa 
frequência de mamadas e inadequado ganho ponderal, já a icterícia do leite 
materno tem sido atribuída a vários fatores. Porém o aumento da absorção 
intestinal da bilirrubina facilitado pela B-glicuronidase presente no leite materno 
parece ser o mecanismo mais aceito para explicar a icterícia prolongada em RN 
que se apresentam saudáveis, ativos e sem dificuldade de ganho de peso. 
 
Icterícia causada por incompatibilidade materno-fetal: 
Ocorre devido às diferenças antigênicas entre o sangue fetal e materno, 
a isoimunização pode ocorrer pelo sistema ABO ou RH sendo a hemólise mais 
benigna em geral na isoimunização ABO. 
 
A avaliação clínica da icterícia: 
Depende de uma avaliação física, laboratorial, história materna e da idade 
gestacional. 
 
Tratamento: 
A fototerapia é a terapêutica que utiliza a energia luminosa na 
transformação da bilirrubina em produtos hidrossolúveis, por meio de dois 
mecanismos: 
➢ Fotoisomerização: pela ação da luz, a molécula de bilirrubina dá origem 
a dois isômeros que são excretados pela bile e pela urina; 
94 
 
 
➢ Foto-oxidação: pelo processo de oxidação, ocorre a formação de 
complexos pirólicos que são excretados na urina. 
 
Eficácia da fototerapia: 
➢ Concentração sérica inicial de bilirrubina – quanto mais alto é o nível 
sérico inicial de bilirrubina, maior e mais rápida é a queda, já com concentrações 
sérica igual ou inferior a 5 mg%, é mínima a eficácia da fototerapia; 
➢ Superfície corporal exposta à luz – quanto maior a área irradiada, maior 
a eficácia da fototerapia; 
➢ Distância entre a fonte luminosa e o paciente – tem se recomendado 
uma distância de 30 cm entre o paciente e a fototerapia convencional e 50 cm 
entre o paciente e a fototerapia com lâmpadas halógenas (devido o risco de 
queimaduras); 
➢ Dose de irradiância - irradiância é quantidade de energia liberada pelo 
aparelho de fototerapia e isso depende do tipo de aparelho. Os aparelhos 
convencionais usam 4mw/cm/nn, enquanto que os bilispot usam 10mw/cm/nn. E 
de acordo com a irradiância podemos dividir os aparelhos de fototerapia em três 
tipos: 
- Baixa intensidade (menos que 6mw/cm/nn); 
- Média intensidade (entre 6 e 12mw/cm/nn); - Alta intensidade (entre12 e 
40mw/cm/nn). 
 
95 
 
 
Tipo de Luz Utilizada na Fototerapia: 
➢ Luz azul. 
➢ Luz verde. 
 
Tipos de fototerapia: 
➢ Convencional: composta de seis a sete lâmpadas de 20W, de baixa 
irradiância, recomenda-se a substituição de duas lâmpadas centrais brancas por 
azuis; 
➢ Bilispot: a luz é emitida em forma de foco, com diâmetro aproximado 
de 20 cm, e esse tipo de fototerapia é recomendado para os RN com peso inferior 
a 2500g, isso devido ao tamanho do RN x diâmetro do foco de luz; 
➢ Biliblanket: é um colchão de fibra ótica luminosa, com a qual a pele do 
RN fica em contato direto, porém sua eficácia é pequena devido à pequena 
superfície corporal exposta; 
➢ Biliberço: é um aparelho que consiste em um conjunto de sete 
lâmpadas (brancas/azuis) dispostas na base de um berço de acrílico, com 
colchão de silicone, sendo a luz refletida em uma cúpula de acrílico, possui uma 
alta intensidade (22mw/cm/nn), que atinge uma grande área exposta do recém-
nascido. 
CUIDADOS COM O RECÉM-NASCIDO DURANTE A 
FOTOTERAPIA: 
➢ Proteger os olhos com cobertura radiopaca, pois pode causar danos 
irreversíveis à retina; 
➢ Retirar a fralda do RN, pois para aumentar a área de exposição, e 
porque o comprimento de onda da fototerapia penetra apenas 2-3 mm na pele 
não atingindo as gônadas; 
96 
 
 
➢ Utilizar sempre a placa de acrílico próximo às lâmpadas de fototerapia 
para evitar acidentes; 
➢ Medir a irradiação da fototerapia, para evitar subtratamento; 
➢ Nunca utilizar substâncias oleosas em recém-nascidos submetidos à 
fototerapia, pelo risco de queimadura; 
➢ Controle de temperatura; 
Hidratação adequada. 
 
Efeitos colaterais: 
➢ Alteração do equilíbrio hídrico; 
➢ Erupção cutânea nas áreas 
expostas à luz; 
➢ Hipertermia; 
➢ Choque; 
➢ Queimaduras; 
➢ Bronzeamento – observado em criança negra devido à absorção de 
raio ultravioleta com indução da síntese de melanina; 
➢ Efeitos sobre o trânsito intestinal, levando à formação de fezes 
diarreicas. 
 
Encefalopatia Bilirrubínica: 
É o resultado clínico da toxidade da bilirrubina às células dos gânglios da 
base e diversos núcleos do tronco cerebral, e denominado de Kernicterus. 
 
 
97 
 
 
Classificação: 
➢ Estágio inicial – onde as crianças ficam letárgicas, hipotônicas, com 
sucção débil; 
➢ Estágio intermediário - estupor moderado, irritável, tônus um pouco 
aumentado; 
➢ Estágio avançado – estupor profundo à coma, hipertonia, convulsão, 
perda da audição e até paralisia cerebral. 
 
INFECÇÃO NO RECÉM-NASCIDO 
 
Epidemiologia: 
Em UTI neonatal, as infecções continuam sendo a principal causa de 
mortalidade. 
Fatores de risco: 
➢ Trabalho de parto prolongado; 
➢ Ruptura prematura de membranas; 
➢ Asfixia perinatal; 
➢ Infecção materna; 
➢ Coriamnionite; 
➢ Prematuridade. 
 
Manifestações Clínicas: 
➢ Hipoatividade; 
➢ Alterações da perfusão periférica; 
98 
 
 
➢ Alterações respiratórias; 
➢ Intolerância alimentar; 
➢ Hipo ou hipertermia; 
➢ Icterícia; 
➢ Distúrbios metabólicos. 
 
Diagnóstico laboratorial: 
➢ Hemocultura – tem baixa positividade, alta especificidade e é 
considerado o melhor exame para o diagnóstico etiológico. 
➢ PCR (proteína C reativa) – é um reagente de fase aguda do soro, 
produzida pelo fígado após 6-8 horas de um estímulo inflamatório, podendo não 
ser positiva em fases do processo infeccioso. 
➢ Leucograma – tanto a leucopenia quanto a leucocitose podem indicar 
infecção neonatal. 
Outros exames podem ser realizados para indicar, confirmar ou 
especificar o tipo de infecção como: raio X, punção lombar e antibiograma. 
SEPSE NEONATAL 
É uma síndrome clínica, caracterizada por múltiplas manifestações 
sistêmicas e inespecíficas, decorrentes da invasão e multiplicação de micro-
organismo na corrente sanguínea. É sabidamente uma das principais causas de 
doença, complicações e morte no período neonatal e uma das maiores 
preocupações dos neonatologistas, sobretudo nos prematuros.Classificação: 
➢ Sepse precoce: quando o quadro clínico se manifestar até 72 horas de 
vida, em geral ligada a fatores obstétricos e perinatais; 
99 
 
 
➢ Sepse tardia: quando o quadro clínico manifesta-se após 72 horas de 
vida, podendo ser causada por germes de origem materna ou hospitalar; 
➢ Sepse hospitalar: quando o quadro clínico manifestar-se após 72 horas 
de vida, podendo manifestar-se algumas vezes antes, porém relacionando-se 
estreitamente a fatores de risco, como procedimentos invasivos e manuseio 
excessivo do RN. 
 
Fatores de risco: 
 
OBSTÉTRICOS MAIORES: 
➢ Colonização não tratadas por Streptococcus B; 
➢ Ruptura precoce de bolsa; 
➢ Febre materna no trabalho de parto; 
➢ Sinais de coriosmnionite; 
 
OBSTÉTRICOS MENORES: 
➢ Febre materna; 
➢ Gemelaridade; 
➢ Prematuridade; 
➢ PIG, peso menor que 1500gr; 
Apgar menor que 5 no primeiro minuto; 
➢ Distress respiratório durando mais de 12 horas; 
➢ Ruptura de bolsa, com tempo menor que 12 horas. 
 
100 
 
 
SEPSE TARDIA: 
➢ Baixo peso, menor que 750 gr.; 
➢ Longa permanência no berçário ou UTI; 92 
➢ Superlotação das unidades neonatais; 
➢ Qualidade dos procedimentos de vigilância e controle de infecção 
hospitalar, sobretudo lavagem de mãos; 
➢ Utilização de procedimentos e equipamentos invasivos: cateter 
umbilical, cateter venoso central, intubação e ventilação prolongada, nutrição 
parenteral, cirurgia, sondagens diversas. 
 
Diagnóstico: 
O roteiro diagnóstico inclui como avaliação conjunta – história clínica, 
exame físico, exames laboratoriais (bacteriológicos, testes auxiliares) e evolução 
clínica. 
Deve-se suspeitar de sepse neonatal em todo recém-nascido que 
apresente sinais de infecção, não evoluam bem, ou tenha piora súbita de sua 
evolução. A suspeita e a vigilância devem ser maiores se existem fatores de 
risco, entretanto cerca de um terço dos casos de sepse precoce ocorre em 
recém-nascidos que não apresentam nenhum desses fatores. 
 
Manifestações Clínicas: 
SINAIS PRECOCES: 
➢ Instabilidade térmica; 
➢ Piora do estado geral; 
➢ Palidez; 
➢ Pele moteada; 
101 
 
 
➢ Hipoatividade; 
➢ Taquipneia; 
➢ Apneia; 
➢ Crises de insaturação; 
➢ Esforço respiratório; 
➢ Taquicardia; 
➢ Estase gástrica; 
➢ Vômitos; 
➢ Diarreia; 
➢ Intolerância à dieta; ➢ Acidose metabólica. 
 
SINAIS TARDIOS: 
➢ Hipotermia grave; 
➢ Hipoatividade intensa; 
➢ Hipotonia; 
➢ Letargia; 
➢ Escleredema; 
➢ Crises graves de apneia e insaturação; 
➢ Piora acentuada do esforço respiratório; 
➢ Respiração acidótica; 
➢ Hipotensão; 
➢ Choque; 
➢ Bradicardia; 
102 
 
 
➢ Distensão abdominal; 
➢ Hepatomegalia; 
➢ Colestase; 
➢ Aparecimento de petéquias ou púrpura; 
➢ Esplenomegalia; 
➢ Icterícia; 
➢ Hemorragias; 
➢ Acidose grave. 
CARACTERÍSTICAS DA SEPSE PRECOCE: 
➢ Início antes das 72 horas de vida; 
➢ Geralmente as manifestações aparecem já no primeiro dia de vida; 
➢ Complicações maternas 60-80%; 
➢ Progressão rápida ou fulminante; 
➢ Predomínio do quadro respiratório; 
➢ Meningite em 30% dos casos; 
➢ Mortalidade em torno de 55%. 94 
 
CARACTERÍSTICAS DA SEPSE TARDIA 
➢ Aparece entre 8 e 90 dias de vida; 
➢ Complicações maternas em 15 a 20% dos casos; 
➢ Progressão tende a ser mais lenta, insidiosa, mas pode ser fulminante; 
➢ Ocorre febre, letargia, hipoatividade e abaulamento da fontanela; 
➢ Meningite em até 80% dos casos; 
103 
 
 
➢ Convulsão frequente; 
➢ Mortalidade de 15 a 20%. 
 
Tratamento: 
➢ Antibioticoterapia; 
➢ Estabilização hemodinâmica; 
➢ Correção da acidose; 
➢ Correção de distúrbios hidroeletrolíticos; 
➢ Suporte respiratório; 
➢ Correção de distúrbio de coagulação; 
➢ Em casos de sepse tardia com cultura positiva, deve-se remover os 
cateteres centrais; 
➢ Profilaxia de sepse precoce por Streptococcus B. 
104 
 
 
 
CHOQUE SÉPTICO 
É uma síndrome clínica de alta mortalidade, caracterizada por baixo 
débito e insuficiência circulatória, com hipóxia tecidual, isquemia e lesão 
progressiva dos tecidos e órgãos. 
No choque séptico ocorre uma soma de fenômenos que alteram o débito 
cardíaco e a má distribuição deste fluxo sanguíneo, com hipovolemia absoluta, 
por extravasamento de líquido plasmático pelo endotélio lesado ou formação do 
terceiro espaço; e hipovolemia relativa, devido à vasodilatação arterial e venosa. 
Quadro Clínico: 
105 
 
 
Uma das habilidades mais importantes e que precisa ser treinada à 
exaustão, é saber reconhecer o choque em poucos segundos quando chega 
perto de um paciente grave. Os sinais mais importantes são os pulsos finos e de 
difícil palpação, a perfusão periférica diminuída, com tempo de preenchimento 
capilar maior que 3 segundos e extremidades frias. Esses sinais têm intensidade 
proporcional à gravidade do choque. 
 
SINAIS PRECOCES: 
➢ Taquicardia inexplicada; 
➢ Pulso fino, fraco e difícil de palpar; extremidades frias; tempo de 
preenchimento capilar maior que 3 segundos; 
➢ Diurese diminuída e sensação de sede; 
➢ Palidez; 
➢ Cianose; 
➢ Pele moteada; 
➢ Sudorese fria. 
 
SINAIS TARDIOS: 
➢ Taquipneia; 
➢ Taquidispneia; 
Respiração acidótica; 
➢ Alterações do SNC (irritabilidade, agitação, confusão, sonolência, 
torpor e coma); 
➢ Pressão arterial cai tardiamente; 
➢ Diurese muito diminuída ou anúria; 
➢ Isquemia gastrintestinal; 
106 
 
 
➢ Edema pulmonar. 
 
Tratamento: 
➢ A administração de fluidos na 1ª hora é determinante da sobrevida e 
da integridade orgânica do paciente; 
➢ Manter vias aéreas pérvias, oxigenação e ventilação adequadas; 
➢ Estabelecer acesso venoso central; 
➢ Utilizar expansores de volume; solução salina, plasma ou sangue; 
➢ Corrigir a acidose metabólica; 
➢ Sustentação inotrópica e pressora; 
➢ Ajuste secundário da volemia; 
➢ Redução da pós-carga; 
➢ Correção de distúrbio metabólico e hidroeletrolítico; 
➢ Antibioticoterapia; 
➢ Corticoterapia; 
➢ Avaliar e tratar CIVD; 
➢ Mobilização de líquidos acumulados; 
➢ Tratamento de situações associadas específicas. 
➢ Reavaliar continuamente o paciente. 
ENCEFALOPATIA HIPOXIA-ISQUÊMICA 
 
A asfixia perinatal é caracterizada por uma deficiência de oxigênio 
(hipoxia) aos tecidos, acompanhada pela falta de perfusão (isquemia) aos 
diferentes órgãos, cujo protótipo é a síndrome neurológica, a encefalopatia 
107 
 
 
hipoxia-isquêmica (EHI). A asfixia é o fator que mais contribui para as taxas de 
mortalidade infantil neonatal em nosso meio. 
Fisiopatologia: as consequências fisiopatológicas da asfixia perinatal 
frequentemente acometem os seguintes órgãos da seguinte forma: 
➢ Pulmonar – geralmente devido à asfixia perinatal o recém-nascido 
apresenta hipertensão pulmonar como consequência; 
➢ Cardiovascular: devido à injúria frequentemente apresenta uma 
isquemia e infarto do miocárdio ou choque cardiogênico e os sinais e sintomas 
são hipovolemia e a hipotensão; 
➢ Renal: a baixa perfusão renal secundária à asfixia pode evoluir para 
uma insuficiência renal, podendo chegar à necrose tubular aguda e tem como 
sinais e sintomas a oligúria, hiponatremia, hipercalemia e hemáturia; 
➢ Gastrointestinal: hemorragias digestivas secundárias ao estresse da 
asfixia são comuns, a isquemia da circulação mesentérica pode desencadear 
uma temida complicação, que é a enterocolite necrosante; 
➢ Hematológicas: a anemia secundária às hemorragias, tanto digestiva 
como intracraniana, e nos casos mais graves a coagulopatia de consumo pode 
se instalar sendo geralmente fatal; 
➢ Metabólicas: durante a injúria cerebral existe um grande consumo de 
glicose que nem sempre é compensado, levando frequentemente à hipoglicemia 
e outras alterações metabólicas são encontradas como hiponatremia, 
hipomagnesemia e também hiperglicemia; 
➢ Endócrina: o RN que sofreu injúria cerebral pode evoluir com síndrome 
da secreção inapropriada de ADH, nas primeiras 72 horas de vida caracterizadas 
por oligúria,edema e hiponatremia. 
➢ Infecção: devido ao maior manuseio do RN asfixiado e pela maior 
permanência hospitalar, ele se torna mais suscetível a infecções. 
 
108 
 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: 
PRIMEIRAS 12 HORAS DE VIDA: 
Estupor profundo e, nos casos mais graves coma; 
➢ Respiração periódica ou falência respiratória; 
➢ Respostas pupilares à luz presentes, pupilas mióticas presentes nos 
casos mais graves; 
➢ Resposta oculomotoras positiva; 
➢ Hipotonia de membros superiores; 
➢ Presença de convulsões sutis ou mínimas, tais como: piscar de olhos, 
movimentos mastigatórios e bucolinguais, pedalagem, movimentos natatórios, 
tremores de membros, desvio 98 dos olhos; 
➢ Convulsões tônicas, clônicas multifocais e mioclonias presentes em até 
50% dos casos, a presença de convulsões já classifica a EHI como grave 
 12 A 24 HORAS DE VIDA: 
➢ Melhora aparente do nível de consciência; 
➢ Convulsões mais graves, tremores mais frequentes e grosseiros; 
➢ Apneia frequente; 
➢ Hipotonia mais acentuada de membros superiores e inferiores. 
 
 24 a 72 HORAS DE VIDA: 
➢ Nível de consciência deteriora e pode sobrevir coma profundo ou 
morte; 
➢ Parada respiratória; 
➢ Distúrbios oculomotores e pupilares; 
➢ Período em que o óbito é mais frequente; 
109 
 
 
➢ Hemorragia intracraniana e necrose cerebral difusa. 
 
 APÓS 72 HORAS DE VIDA: 
➢ Melhora do nível de consciência; 
➢ Distúrbio de deglutição e sucção; 
➢ Hipotonia acentuada. 
 
Classificação de Sarnat e Sarnat da Severidade da Encefalopatia Hipoxia – 
Isquêmica: 
 ESTÁGIO 1 (LENTO): 
➢ RN hiperalerta; ➢ Irritado; 
Extremamente sensível a estímulos externos; 
➢ Reflexos normais ou um pouco exaltados; 
➢ Apresenta taquicardia; 
➢ Midríase; 
➢ Tremores; 
➢ ECG normal; 
➢ Os sintomas duram menos de 24 horas. 
 
 ESTÁGIO 2 (MODERADO): 
➢ Letargia; 
➢ Hipotonia; 
➢ Reflexos diminuídos; 
➢ Bradicardia; 
110 
 
 
➢ Miose; 
➢ Apneia ocasional e hipersecreção; 
➢ Nesse estágio 70% dos RN apresentam convulsão; 
➢ ECG é anormal; ➢ A duração dos sintomas pode persistir até 14 dias. 
 ESTÁGIO 3 (GRAVE): 
➢ RN torporoso; 
➢ Comatoso; 
➢ Flácido; 
➢ Reflexos ausentes; 
➢ ECG está sempre anormal com atividade cerebral diminuída e/ou 
suprimida; 
➢ O estado clínico pode durar semanas. 
 
Tratamento: 
O tratamento mais efetivo contra a asfixia perinatal e a EHI é a prevenção 
mediante monitorização adequada anteparto e intraparto para detectar o feto de 
alto risco, como também para possibilitar uma intervenção precoce, em tempo 
hábil, minimizando a asfixia. No que se refere ao tratamento propriamente dito, 
ele é considerado em duas categorias: a terapia de suporte e a terapia 
farmacológica. 
Assistência ventilatória: o RN asfixiado não pode sofrer alterações, 
portanto é importante a assistência ventilatória, devendo manter uma PaO2 DE 
50 - 70 mmhg e uma PCO2 entre 35 e 50 mmhg e um pH > 7,30, já que uma 
acidose respiratória leva à vasodilatação cerebral com risco de hemorragia 
cerebral e, por outro lado a alcalose respiratória leva à vasoconstrição, com risco 
de isquemia; 
111 
 
 
➢ Pressão arterial adequada: a monitorização da PA é de suma 
importância e em casos de hipotensão que não responde a volume, devem-se 
utilizar drogas vasoativas como dopamina ou dobutamina; 
➢ Restrição hídrica: para atenuar o edema cerebral e controlar 
rigorosamente a diurese, porém não permitir que a restrição hídrica agrave a 
isquemia renal; 
➢ Evitar a hiperviscosidade: já que a hiperviscosidade secundária à 
policitemia compromete a perfusão cerebral; 
➢ Prevenir insuficiência renal: a isquemia e a hipoperfusão renal evoluem 
para um quadro de insuficiência renal e neste quadro a restrição hídrica deve ser 
mais rigorosa; 
➢ Aporte nutricional adequado: nos casos de asfixia grave, deve-se 
suspender a dieta e optar por uma alimentação parenteral até que o RN tenha 
condição de utilizar uma dieta enteral; 
➢ Corrigir distúrbios metabólicos e eletrolíticos: rastrear a glicemia já que 
flutuações da glicemia são prejudiciais ao cérebro; 
➢ Manter a temperatura corpórea adequada; 
➢ Manuseio mínimo: evitar manipulação excessiva do RN e o uso de 
sedação, às vezes, faz-se necessário. 
 
Tratamento das convulsões: 
A droga de primeira escolha é o fenobarbital e é necessário que a 
administração seja feita no período denominado de janela terapêutica que de 5 
a 6 horas após a asfixia mesmo que não tenha apresentado episódio de 
convulsões, pois nesse caso o fenobarbital tem a função neuroprotetora. 
 
112 
 
 
CONVULSÕES NO PERÍODO NEONATAL 
Convulsão é uma alteração paroxística de atividade motora, limitada no 
tempo, com ou sem alteração da consciência ou do comportamento, provocadas 
por uma atividade elétrica cerebral anormal. 
As crises convulsivas neonatais têm causas e prognósticos diferentes. 
Sua identificação e tratamento imediato são fundamentais já que se relacionam 
a doenças graves e que frequentemente precisam ser abordadas como 
emergência. 
Etiologia: 
A etiologia das convulsões neonatais está associada com insultos ao 
sistema nervoso central que podem ocorrer no período intraútero, ao nascimento 
ou no pós-parto. 
Classificação: 
As convulsões no período neonatal são identificadas pela observação 
clínica. E o diagnóstico é uma relação com exames laboratoriais para identificar 
a causa e observação clínica e com resultado do EEG. 
Nos recém-nascidos as convulsões são classificadas em: 
➢ Focais: restrita a um grupo muscular da face ou extremidades; 
➢ Multifocais: com movimentos clônicos envolvendo vários grupos 
musculares em série ou simultaneamente; 
➢ Tônicas: apresenta rigidez e hipertonia do tronco e extremidades, 
geralmente com desvio de olhar; 
➢ Mioclônicas: apresenta contrações súbitas como por um choque 
elétrico, geralmente em membros; 
➢ Sutis: apresenta manifestações como olhar fixo, desvios horizontais 
conjugados, tremores finos, desvios rítmicos do olhar ou nistagmo, piscar 
persistente, movimentos mastigatórios ou de sucção, salivação e movimentos de 
pedalar. 
113 
 
 
A apneia pode ser a única manifestação ou se associar às outras. Nos 
casos duvidosos devem-se levar em conta as revulsões oculares e distúrbios 
autonômicos (taquicardia, aumento da pressão arterial, vasoconstrição e 
mudanças de cor). 
Causas: 
➢ Infeccioso: meningite, sepse, infecção congênita, toxo, rubéola e sífilis; 
➢ Neurológico: hemorragia intracraniana, asfixia perinatal, encéfalo-
hipoxia-isquêmica, tocotraumatismo, Kernicterus, malformação do sistema 
nervoso, quadro compulsivo específico (neonatal benigna familiar e neonatal 
idiopática familiar); 
➢ Drogas: abstinência de drogas usadas pela mãe durante a gravidez: 
(narcótico, metadona, propoxifeno, hipnóticos, barbitúricos, antidepressivos, 
heroína, cocaína, álcool, piridoxina); 
➢ Metabólicas e Genéticas: hipoglicemia, hipomagnesemia, hipo e 
hipernatremia, erro inato do metabolismo; 
➢ Cardiorrespiratório: hipoxemia; 
➢ Outras: refluxo gastroesofágico. 
 
Tratamento: 
➢ Garantir vias aéreas pérvias; 
➢ Utilizar medicação específica; 
➢ Monitorizar e corrigir a glicemia; 
➢ Avaliar quadro respiratório e hemodinâmico, sinais vitais, pulso, 
perfusão, PA, temperatura, monitorizar saturimetria; 
➢ Se a crise persiste associar nova medicação específica e na 
permanência de crise iniciar infusão contínua de medicações específicas; 
114 
 
 
➢ No caso de convulsões refratárias com início nas primeiras horas de 
vida considerar a necessidade de abordar o edema cerebral, avaliando o uso de 
Manitol. 
 
HEMORRAGIA INTRACRANIANA 
A hemorragia intracraniana no período neonatal é de grande importância 
pela sua incidência, letalidade e sequelas neurológicas, e estão relacionadas 
essencialmente a três fatores de risco: prematuridade, tocotraumatismo e asfixia 
perinatal. 
Hemorragia pré-intraventricular (HPIV):as hemorragias peri-
intraventriculares são características dos RN pré-termo, pois o local do 
sangramento primário é a matriz germinativa, podendo evoluir com hidrocefalia 
pós-hemorrágica e sequelas neurológicas. A HPIV é uma lesão que ocorre no 
RN pré-termo com menos de 32 semanas de idade gestacional, devido a duas 
alterações: controle do fluxo sanguíneo cerebral e imaturidade da 
microvasculatura da matriz germinal. 
 
Fisiopatologia: 
A ocorrência de HPIV em RN prematuros é explicada pela presença de 
matriz germinativa nestas crianças. Esta estrutura localiza-se no sulco tálamo-
caudado no assoalho dos ventrículos laterais e está muito desenvolvida durante 
o desenvolvimento cerebral, constituindose no sítio de proliferação neuronal e 
origem do tecido de sustentação cerebral. Sua irritação é feita por um rico e frágil 
leito capilar que se rompe facilmente devido, principalmente, as alterações de 
fluxo sanguíneo cerebral. 
➢ Fatores vasculares: estrutura frágil dos vasos e da matriz germinativa, 
sua vulnerabilidade à agressão hipoxia-isquêmica e necessidade de alto 
metabolismo oxidativo; 
➢ Fatores intravasculares: flutuação do fluxo sanguíneo cerebral 
(ventilação mecânica), aumento do fluxo sanguíneo cerebral (hipertensão arterial 
115 
 
 
pneumotórax, convulsões, PCA, infusão de coloides, manipulação do RN), ou da 
pressão venosa central (uso de oxigenação de membrana extracorpórea, 
insuficiência cardíaca, asfixia e trabalho de parto traumático), diminuição do fluxo 
sanguíneo cerebral (hipotensão), distúrbios da coagulação; 
➢ Fatores extravasculares: a matriz germinativa encontra-se em local 
com suporte extravascular deficiente. 
 
Classificação de volpe: 
➢ Grau I: hemorragia da matriz germinativa com sangramento ventricular 
mínimo ou nenhum < 10% da área do ventrículo lateral; 
➢ Grau II: hemorragia que ocupa de 10% a 50% da área do ventrículo 
lateral; 
➢ Grau III: hemorragia que ocupa mais de 50% da área do ventrículo 
lateral geralmente com dilatação (hidrocefalia); 
➢ Grau IV: hemorragia parenquimatosa. 
 
Quadro clínico: 
Os sinais e sintomas dependem da gravidade e rapidez da hemorragia. 
Os casos de gradação I e II geralmente são silenciosos (50%), nos casos mais 
graves graus III e IV, ocorre comprometimento do estado geral do RN, anemia 
aguda com queda do hematócrito, abaulamento da fontanela anterior, alteração 
do nível de consciência associado à hiper ou hipotonia até crises convulsivas, 
apneia com necessidade de suporte ventilatório. 
 
Diagnóstico: 
O diagnóstico clínico da HPIV é difícil, fazendo-se necessária a utilização 
de exames de imagem, como a tomografia computadorizada e a ressonância 
magnética, que possuem alta sensibilidade e especificidade. Porém, muitas 
vezes, não podemos transportar os RNs gravemente enfermos aos centros 
radiológicos para realização de tais exames, considera-se então a 
116 
 
 
ultrassonografia transfontanela como método de escolha na avaliação de 
neonatos com hemorragia, devendo ser realizada de rotina em todo RN com 
idade gestacional menor que 35 semanas ou menos de 1.500g. 
Tratamento: 
É sintomático, manter ventilação efetiva, evitar aspiração e manipulação 
excessiva, administrar sangue caso seja necessário. Tratar crises convulsivas 
se presentes, evitar hipotensão e controlar a pressão intracraniana. 
 
Complicação: 
É a hidrocefalia, que ocorre em 25% dos casos principalmente naqueles 
com hemorragias graus III e IV. 
 
Prognóstico: 
O prognóstico dos recém-nascidos com HPIV está associado ao 
comprometimento parenquimatoso mais do que à hemorragia propriamente dita. 
Quanto maior a extensão da lesão, maiores serão as alterações motoras e 
cognitivas. 
 
Prevenção: 
O uso de corticoide antenatal diminui a incidência de HIV, pois promove a 
maturação da matriz germinal. Vários estudos têm sido realizados, com uso de 
drogas como fenobarbital, vitamina E, bloqueadores de canais, pancurônio, 
porém não se tem dados conclusivos sobre a eficácia deste tratamento. 
ENTEROCOLITE NECROSANTE 
É uma síndrome de etiologia desconhecida, multifatorial e relacionada à 
imaturidade intestinal, fenômeno inflamatório, hipóxicos e isquêmicos do 
intestino, flora e, contudo presente na luz intestinal. Não é uma doença 
infecciosa, mas alguns casos podem ser precipitados por sepse e nos outros 
casos a sepse ocorre por translocação bacteriana no intestino necrosado. 
117 
 
 
A principal característica da Enterolcolite Necrosante (ECN) é a necrose 
da parede do intestino, de variável extensão e profundidade, podendo ocorrer 
perfuração em até um terço das crianças afetadas, geralmente no íleo terminal 
ou no ceco, onde a microcirculação é pobre. 
 
Incidência: 
➢ 0,03 a 0,3 % de todos os recém-nascidos; 
➢ 2 a 5 % dos recém-nascidos tratados em UTI Neonatal; 
➢ 62 a 94% dos casos são de RN prematuros. 
 
Fatores de Risco: 
➢ Prematuridade e baixo peso; 
➢ Desidratação severa; 
➢ Asfixia perinatal; 
➢ Sepse; 
➢ Choque ou hipotensão; 
➢ Apneias repetidas; 
➢ Necessidade de ventilação assistida; 
➢ Hipoxemia; 
➢ Hipotermia; 
➢ DMH grave; 
➢ Uso de cocaína pela mãe; 
➢ Uso de dieta (fórmula); 
➢ Aumento muito rápido da dieta; 
118 
 
 
➢ Uso de indometacina; 
➢ Persistência do canal arterial com sintomas; 
➢ Ruptura precoce de membranas; 
➢ Cateterismo de artéria umbilical; 
➢ Exsanguineotransfusão; 
➢ Policitemia; 
➢ Anomalias gastrointestinais congênitas; 
➢ Cardiopatias ducto-dependentes. 
 
Fisiopatologia: 
A fisiopatologia não é totalmente esclarecida, porém teorias recentes 
sugerem causas multifatoriais e que requeiram a interação de vários eventos 
como: 
➢ Imaturidade; 
➢ Alimentação enteral agressiva; 
➢ Isquemia prévia da mucosa; 
➢ Invasão bacteriana. 
As evidências sugerem que a ECN seja a resposta final do trato 
gastrointestinal imaturo a múltiplos fatores que, atuando isolada ou 
sinergicamente, produzem lesão da mucosa com colonização ou invasão de 
micro-organismos representando parte do processo da doença. 
Manifestações Clínicas: 
SISTÊMICAS: 
➢ Piora do quadro respiratório; 
➢ Apneias com ou sem bradicardia; 
119 
 
 
➢ Alterações da cor, palidez, moteamento; 
➢ Piora da atividade, letargia ou irritabilidade; 
➢ Instabilidade térmica; 
➢ Intolerância à dieta, instabilidade da glicemia; 
➢ Piora da perfusão, choque, hipotensão; 
➢ Oligúria; 
➢ Acidose persistente; 
➢ Distúrbios hemorrágicos, CIVD. 
GASTRINTESTINAIS: 
➢ Estases e vômitos, sobretudo se biliosos hemorrágicos ou escuros; 
➢ Distensão abdominal com ou sem desenho de alças; 
➢ Sensibilidade e calor à palpação do abdômen; 
➢ Redução do peristaltismo; 
➢ Eritema, hiperemia ou enduração da parede abdominal; 
➢ Massas abdominais localizadas e persistentes; 
➢ Ascite clínica ou ao ultrassom; 
➢ Sangue visível ou oculto nas fezes. 
Diagnóstico: 
A suspeita de enterocolite é descartada ou reforçada pela evolução da 
doença, com aparecimento ou não de outros sintomas abdominais e 
deteriorização do estado geral. A grande dificuldade de diagnóstico é diferenciar 
os quadros sépticos ou metabólicos que cursam com íleo para o diagnóstico de 
enterocolite. 
ASPECTOS LABORATORIAIS: 
120 
 
 
Do ponto de vista laboratorial assemelha-se a uma sepse com acidose 
significativa, hiperglicemia, leucocitose ou leucopenia, desvio à esquerda, PCR, 
plaquetopenia. 
ASPECTOS RADIOLÓGICOS: 
Os primeiros achados costumam ser distribuições irregular dos gases 
intestinais, geralmente com menos ar no quadrante inferior direito, um 
borramento ou perda de definição do desenho normal das alças intestinais, 
presença de uma alça distendida e fixa, que pode indicar necrose. 
Tratamento: 
➢ Suspender a dieta por um período que varia de 7 a 14 dias, 
dependendo da evolução clínica e radiológica; 
➢ Manter nutrição parenteral total (NPT) durante todo o período de jejum; 
➢ Retirar cateter umbilical;➢ Instalar sonda gástrica de grosso calibre e mantê-la aberta; 109 
➢ Iniciar antibioticoterapia; 
➢ Manter estabilidade respiratória e hemodinâmica; 
➢ Corrigir acidose e distúrbios hidroeletrolíticos; 
➢ Reavaliar o paciente a cada 6 horas (principalmente os aspectos 
abdominais); 
➢ Repetir raio X a cada 12/24 horas, de acordo com a evolução clínica; 
➢ Repetir exames laboratoriais de acordo com a evolução clínica; 
➢ Solicitar avaliação da cirurgia pediátrica; 
➢ Iniciar alimentação lenta e progressiva após 7 ou 14 dias de jejum e 
NPT. 
 
121 
 
 
INSUFICIÊNCIA RENAL 
A insuficiência renal aguda (IRA) caracteriza-se por uma súbita diminuição 
na taxa de filtração glomerular, determinando distúrbios hidroeletrolíticos, e na 
homeostase acidobásico, assim como acúmulo do produto nitrogenado. 
 
Etiologia: 
As causas de IRA neonatal mais comuns são decorrentes de agressão 
que determinam hipoperfusão renal e diminuição do suprimento de oxigênio; 
entre elas, anóxia/hipóxia, sepse, choque, hemorragia e cirurgia cardíaca. A IRA 
pode ser dividida em prérenal, renal e pós-renal ou obstrutiva. 
Pré-renal: resulta de uma diminuição da perfusão dos rins, do fluxo 
sanguíneo (FSR) e da taxa de filtração glomerular (TFG), com manutenção da 
reabsorção de água e sódio. Suas principais causas são: choque séptico, 
hipóxia-isquêmica severa, ventilação artificial com pressão alta e trombose 
bilateral de veia renal. 
➢ Renal: pode ser causada por dano tubular, vascular ou intersticial, a 
necrose tubular aguda é o dano mais frequente, podendo ocorrer também por 
anomalias congênitas. 
➢ Pós-renal: relacionada a processos obstrutivos do trato urinário, que 
podem afetar os ureteres, bexiga e uretra, sendo as causas mais comuns: 
válvula de uretra posterior, estenose ou obstrução. 
 
Fisiopatologia: 
O fluxo sanguíneo renal (FSR) é autorregulado (sistema renina-
angiotensina-aldosterona/prostaglandinas). Três mecanismos podem estar 
presentes na IRA: 
➢ Hemodinâmico: aumento da resistência vascular secundário à 
diminuição do FSR e liberação de compostos vasoativos; 
122 
 
 
➢ Necrose de células epiteliais: leva a escape retrogrado de líquidos e 
solutos por perda da integridade do túbulo e obstrução tubular por restos 
celulares impactados; 
➢ Mecanismo celular: ocorre à liberação de cálcio, redução de ATP e 
aumento de radicais livres, secundário à isquemia renal. 
 
Diagnóstico: 
A diurese normal da criança é de 1,5 a 4,0 ml/Kg/h, a criança bem 
hidratada tem em média 2,4 ml/Kg/h e densidade urinária entre 1004 e 1008. 
Uma diurese menor que 1ml/Kg/h deve levantar a suspeita de disfunção renal. 
Oligúria é caracterizada como uma diurese menor que 0,6 ml/Kg/h e 
anúria menor que 1ml/Kg/dia. 
Deve-se ter especial atenção às alterações que ajudam no diagnóstico e 
na definição da causa da IRA, como por exemplo: 
➢ Sinais de desidratação, hipovolemia ou choque (taquicardia, pulso fino, 
perfusão diminuída, turgor diminuído, extremidades frias); 
➢ Sinais de congestão e hipervolemia (edema, taquidispneia, 
hepatomegalia, ingurgitamento venoso, crepitações pulmonares, hipertensão); 
➢ Sinais de doença de base (rush, artrite, hematúria, cólica renal, dor 
abdominal, impetigo, dermatite, sinais oftalmológicos, massa abdominal, 
vasculite). 
 
Tratamento: 
➢ Afastar rapidamente as causas pré-renais; 
➢ Afastar causas obstrutivas; 
➢ Realizar balanço hídrico rigoroso; 
➢ Peso corporal a cada 12 horas; 
123 
 
 
➢ Restrição hídrica; 
➢ Adequação da nutrição (oferecer calorias suficientes com o menor 
aporte hídrico); 
➢ Corrigir distúrbios hidroeletrolíticos (hiperpotassemia, hiponatremia, 
hipocalcemia, hiperfosfatemia); 
➢ Corrigir acidose metabólica; 
➢ Corrigir hipertensão. 
INDICAÇÕES PARA DIÁLISE PERITONEAL OU HEMODIÁLISE: 
 
➢ Comprometimento grave do estado geral e piora clínica progressiva; 
➢ Uremia grave; 
➢ Hipervolemia e congestão grave; 
➢ Hiperpotassemia grave; 
➢ Hipercalcemia grave sintomática; 
➢ Hipertensão grave refratária ao tratamento ou relacionado à 
hipervolemia; 
➢ Acidose grave em hipervolemia; 
➢ Hiperuricemia e intoxicação por drogas dialisáveis; 
➢ Remoção de líquidos para permitir aporte nutricional adequado ou 
transfusão de sangue; 
➢ Intoxicações específicas ou erros inatos do metabolismo; 
➢ Síndrome hemolítica urêmica. 
 
124 
 
 
ATRESIA DE ESÔFAGO 
 
Malformação em que há falha na separação entre o esôfago e a traqueia 
associada à perda da continuidade da luz do esôfago, que termina em fundo 
cego cerca de 10 a 12 cm depois das narinas. 
Tipos: 
➢ 85% - atresia do esôfago com fístula traqueoesofágica distal, ou seja, 
comunica-se com a traqueia posterior; 
➢ 15% - atresia sem fístula. 
Fisiopatologia: 
A obstrução esofágica completa resulta na incapacidade do recém-
nascido em deglutir a saliva. A criança apresenta sialorreia abundante e risco de 
aspiração do conteúdo faríngeo. 
Quando há fístula traqueoesofágica distal a comunicação direta entre o 
estômago e a árvore traqueobrônquica faz com que, com o choro, o recém-
nascido desenvolva distensão gástrica importante, diminuindo a excursão 
diafragmática, com risco de provocar atelectasia da base pulmonar e pneumonia 
subsequente. A fístula traqueoesofágica distal facilita o refluxo da secreção 
gástrica diretamente para a árvore traqueobrônquica, causando pneumonite 
química, que pode complicar com pneumonia bacteriana. 
Sinais clínicos: 
➢ Desconforto respiratório; 
➢ Salivação aerada; 
➢ Sufocação com tentativas de alimentação oral; 
➢ Impossibilidade de passar sonda naso ou orogástrica; 
➢ Distensão abdominal. 
125 
 
 
Outros exames podem ser realizados para confirmar o diagnóstico como 
raio X simples ou com contraste radiopaco. 
 
Tratamento Inicial: 
➢ Posicionar o paciente em decúbito elevado, a 45º; 
➢ Instalar sonda naso ou orogástrica e manter em aspiração contínua; 
➢ Não alimentar; 
➢ Instalar venóclise, mantendo o equilíbrio hidroeletrolítico e mantendo 
aporte calórico adequado; 
➢ Iniciar antibioticoterapia venosa; 
➢ Manter aquecimento e oxigenoterapia, se necessário. 
Tratamento Pós-operatório: 
O tratamento consiste na ligadura da fístula traqueoesofágica e na 
anastomose esofágica. Os passos e tempos do tratamento dependem das 
condições da criança e da anatomia do defeito, e devem ser individualizadas. 
Alguns cirurgiões realizam gastrostomia preliminar para descomprimir o 
estômago e proteger os pulmões do refluxo. 
➢ Manter estabilização térmica; 
➢ Manter antibioticoterapia venosa para tratamento da pneumonia; 
126 
 
 
➢ Iniciar a dieta por meio de cateter transanastomótico ou de 
gastrostomia quando restabelecido o trânsito intestinal, não sendo possível até 
o segundo dia de pós-operatório, iniciar com NPT; 
➢ Manter analgesia vigorosa com opiáceos; 
➢ Aspirar naso e orofaringe sempre que necessário; 
➢ Não utilizar CPAP (risco de lesão da linha de sutura) caso seja 
necessário suporte ventilatório optar pela ventilação mecânica; 
➢ Nunca colocar ou recolocar sonda naso ou orogástrica; 
➢ Caso o RN apresente comprometimento súbito do quadro respiratório 
realizar raio X para pesquisar a presença de pneumotórax por barotrauma ou 
vazamento da anastomose (necessidade de drenagem pleural). 
 
MENINGOMIELOCELE 
A mielomeningocele caracteriza-se por uma falha no fechamento do tubo 
neural que compromete a medula, os arcos vertebrais e o manto cutâneo, 
localizando-se na linha média, em qualquer nível da coluna vertebral, tendo, no 
entanto, predileção pela região lombossacra, onde ocorrem 80% dos casos. A 
lesão pode estar completamente 
coberta por pele ou apresentar 
uma área de tecido róseo, 
ricamente vascularizado. 
 
 
 
As alterações ortopédicas 
mais comumente associadas com esta patologia são as deformidades de 
articulações, escoliose, luxação congênita do quadril e pé-torto. 
127 
 
 
A mielomeningocelepode estar associada com alterações neurológicas 
importantes. Geralmente há comprometimento grave da medula espinhal e das 
raízes nervosas no local do defeito. A hidrocefalia ocorre entre 80 a 90% dos 
casos. 
As alterações no ritmo cardíaco, respiratório, presença de estridor, 
apneia, paralisia das cordas vocais, acúmulo de secreções e problemas de 
deglutição, como engasgos, podem ser decorrentes da herniação do bulbo e 
amígdalas cerebelar pelo forame magno, denominada de malformação II de 
Chiari. 
 
Diagnóstico: 
O diagnóstico pré-natal pode ser realizado pelas dosagens de 
alfafetoproteína e acetilcolinesterase no líquido amniótico, que estão elevadas, 
e pela ultrassonografia pré-natal. O diagnóstico pós-natal é feito na sala de parto 
pela observação da lesão. 
 
Tratamento: 
A correção cirúrgica precoce, quando possível é a ideal. O risco de 
infecção aumenta com a demora da cirurgia corretiva. Em geral, o momento da 
indicação cirúrgica depende da integridade da membrana envolvendo, da 
128 
 
 
presença de outras malformações associadas e da presença de infecções 
associadas. 
Atualmente grande parte dos neurocirurgiões na ausência de infecções 
realiza o fechamento da lesão e coloca a válvula de drenagem ventricular no 
mesmo tempo cirúrgico, mesmo na ausência de hidrocefalia prévia, no entanto 
tal conduta ainda é discutível. 
O tratamento baseia-se em: 
➢ Avaliar a localização, forma, tamanho da lesão e integridade da 
membrana. Deve-se observar também a curvatura da coluna; 
➢ Observar o padrão miccional, atentando-se a possibilidade de 
esvaziamento incompleto da bexiga; 
➢ Observar a movimentação espontânea do recém-nascido e a resposta 
aos estímulos sensoriais em todas as extremidades; 
➢ Pesquisar outras malformações do SNC por meio de ultrassonografia 
transfontanela e tomografia computadorizada; 
➢ Verificar a presença de anomalias congênitas associadas; 
➢ Realizar avaliação oftalmológica e auditiva; 117 
➢ Verificar alterações dos MMII, que são frequentes; 
➢ Garantir acompanhamento multidisciplinar do recém-nascido; 
➢ Após a correção cirúrgica a lesão deve ser bem protegida com gaze 
embebida em vaselina líquida estéril ou com ácidos graxos de cadeia média, 
evitando-se a manipulação ou a compressão, manter em decúbito ventral ou 
lateral e nunca em decúbito dorsal; 
➢ Iniciar antibioticoterapia profilática, para a prevenção de infecção do 
sítio cirúrgico; 
 
129 
 
 
Tratamento da “CRISE DE CHIARI”: é indicada a descompressão 
cirúrgica imediata do bulbo e da medula. 
 
Prognóstico: 
As crianças adequadamente tratadas têm sobrevida de 85 a 90%, cerca 
de 70% tem inteligência normal. O que é bastante prejudicado por episódios 
prévios de meningite e ventriculite. 
 
HÉRNIA DIAFRAGMÁTICA 
 
É a presença de comunicação pleuroperitoneal devido à persistência do 
forame posterolateral Bochdalek. O defeito ocorre do lado esquerdo em 80% dos 
casos com as alças intestinais migrando para o tórax. As hérnias bilaterais 
representam 1% dos casos e geralmente são fatais. Quando o defeito é à direita, 
ocorre migração do fígado junto com as alças intestinais. 
As hérnias diafragmáticas podem estar associadas à hipoplasia pulmonar, 
cardiopatias, sequestro pulmonar, malformações do sistema nervoso central e 
geniturinário. 
 
Quadro clínico: 
Ao nascimento, o abdome geralmente apresenta-se escavado. Após o 
nascimento o recém-nascido desenvolve quadro de desconforto respiratório 
caracterizado por taquipneia, tiragem, cianose e palidez, com piora progressiva. 
O murmúrio vesicular encontra-se diminuído ou ausente no lado da hérnia e o 
ictus cárdico está desviado para o lado oposto ao defeito. 
130 
 
 
 
Diagnóstico: 
Durante o pré-natal podem ser observados polidraminiose, por meio do 
exame ultrassonográfico, encontram-se vísceras abdominais na cavidade 
torácica e desvio do mediastino. 
Após o nascimento, o exame radiológico de tórax e abdome evidencia a 
presença de alças intestinais no tórax, com desvio do mediastino para o lado 
oposto e pobreza de gás no abdome. 
A utilização de uma sonda nasogástrica radiopaca auxilia a identificação 
do estômago intratorácico. 
 
Tratamento: 
➢ No caso de necessidade de reanimação nasal de parto e seja indicada 
ventilação com pressão positiva, deve-se optar pelo uso da cânula traqueal para 
evitar distensão abdominal; 
➢ O recém-nascido deve ser posicionado em decúbito lateral elevado, 
colocando-o sobre o lado afetado para facilitar a expansão do lado normal; 
➢ O recém-nascido deve ser mantido em jejum com sonda gástrica 
calibrosa aberta para diminuir a distensão gasosa das vísceras herniadas; 
131 
 
 
➢ Evitar hipóxia, hipercapnia, hipotermia e acidose no pré e pós-
operatório, que podem desencadear hipertensão pulmonar, de difícil tratamento; 
➢ Manter acesso venoso central seguro e cateter umbilical arterial, 
permitindo controle gasométrico; 
➢ Garantir suporte ventilatório, hemodinâmico e metabólico adequados; 
➢ Após estabilização iniciar NPT para preservar abdome; 
➢ Pesquisar outras malformações associadas. 
Correção Cirúrgica: 
A cirurgia é realizada via abdominal com redução das vísceras para a 
cavidade abdominal e fechamento do orifício diafragmático. A mortalidade por 
insuficiência respiratória ou hipoplasia pulmonar é alta e relaciona-se com a 
precocidade de instalação de sintomas. 
 
GASTROQUISE 
 
É um defeito de fechamento de toda a espessura da parede abdominal, 
localizado centralmente, com exteriorização do intestino e exposição direta das 
alças intestinais, sem a proteção de uma membrana envolvente. A abertura da 
parede abdominal mede cerca de 2 – 4 cm de diâmetro e o cordão umbilical 
encontra-se bem definido ao nível da parede abdominal à esquerda do defeito. 
 
Diagnóstico: 
Na maioria das vezes, o diagnóstico de gastrosquise é feito por meio da 
ultrassonografia pré-natal. 
Quadro Clínico: 
Ao nascimento o recém-nascido apresenta-se com o intestino 
exteriorizado por um defeito na parede abdominal anterior, à direita do cordão 
132 
 
 
umbilical, sem um saco protetor. O intestino apresenta aspecto edematoso e 
deformado devido à exposição intraútero ao líquido amniótico. 
 
Tratamento: 
➢ Controle de temperatura; 
➢ Manter cobertura protetora (utilizar compressa estéril embebida com 
soro fisiológico a 0,9% aquecido e envolver em filme de PVC); 
➢ Realizar descompressão gástrica; 
➢ Controle rigoroso da temperatura (facilidade para desenvolvimento de 
hipotermia); 
➢ Decúbito lateral direito com cabeceira elevada; 
➢ Administrar vitamina K; 
➢ Envolver o RN até o tórax com saco plástico estéril; 
➢ Correção cirúrgica; 
➢ Assistência respiratória quando necessário; 
➢ Antibioticoterapia venosa. 
➢ Tratamento Cirúrgico: o tratamento cirúrgico é realizado em várias 
etapas de acordo com a evolução clínica do paciente. 
133 
 
 
 
 
 
134 
 
 
 
 
ONFALOCELE 
É um defeito de fechamento da parede abdominal, mais precisamente do 
anel umbilical, com a herniação do conteúdo abdominal. Os órgãos 
exteriorizados são envolvidos por uma membrana protetora, e os vasos 
umbilicais estão separados sobre o saco e se unem no ápice formando um 
cordão umbilical de aparência normal. 
Quadro Clínico: 
Ao exame físico observa-se o conteúdo abdominal projetando-se por meio 
do anel umbilical, coberto por um saco transparente formado pela membrana 
amniótica e peritôneo. O tamanho é muito variável. O conteúdo pode ser apenas 
intestinal, até fígado, baço e trato gastrintestinal. 
 
Diagnóstico: 
O diagnóstico pode ser realizado pela ultrassonografia no pré-natal. Ao 
nascimento a anomalia é evidente. 
Tratamento: 
A conduta depende da integridade da membrana envolvente: 
135 
 
 
➢ Onfalocele Rota: os neonatos com onfalocele rota devem ser tratados 
como aqueles com gastrosquise, e a correção cirúrgica possui caráter 
emergencial;➢ Onfalocele com Membrana Íntegra: a membrana protetora conserva 
melhor o calor e deve ser preservada por curativos diários com compressas de 
gases estéreis umidificadas com solução de iodopovidona com o objetivo de 
proporcionar maior resistência à mesma. A cirurgia é menos urgente, porém 
deve ser programado o quanto antes se levando em conta o tamanho do defeito 
e a presença de anomalias associadas. 
 
 
CARDIOPATIAS CONGÊNITAS 
A prevalência de cardiopatias congênitas que necessitam de intervenção 
no primeiro ano de vida é de 3,5 para cada 1000 nascidos vivos. 
As cardiopatias que iniciam sintomatologia no primeiro mês de vida 
costumam ser graves, necessitando de diagnóstico precoce para a terapêutica 
clínica e/ou cirúrgica seja realizada antes que haja deteriorização irreversível do 
quadro clínico, com evolução para o óbito. 
 
136 
 
 
Classificação: 
As cardiopatias congênitas classificam-se de acordo com o modo de 
apresentação clínica em: 
 
 CARDIOPATIA COM CIANOSE: 
➢ Transposição completa de grandes artérias; 
➢ Tetralogia de Fallot; 
➢ Dupla via de saída do ventrículo esquerdo com estenose pulmonar; 
➢ Conexão atrioventricular univentricular com estenose pulmonar; 
➢ Síndrome do ventrículo direito hipoplásico; 
➢ Estenose pulmonar crítica; 
➢ Conexão anômala total das veias pulmonares. 
 
 CARDIOPATIA COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA: 
➢ Persistência do canal arterial (PCA); 
➢ Síndrome do ventrículo esquerdo hipoplásico; 
➢ Coartação de aorta; 
➢ Defeito do septo ventricular; 
➢ Defeito do septo atrioventricular; 
➢ Conexão anômala total das veias pulmonares não obstrutivas; 
➢ Estenose aórtica; 
➢ Dupla via de saída de ventrículo direito sem estenose pulmonar; 
➢ Fistula arteriovenosa; 
137 
 
 
➢ Tronco arterioso comum. 
 
 CARDIOPATIAS COM ANORMALIDADES DO RITMO CARDÍACO: 
➢ Taquicardia supraventricular; 
➢ Bloqueio atrioventricular total; 
➢ Extrassístole supraventricular e ventricular; 
➢ Ritmo juncional. 
 
 CARDIOPATIAS COM SOPRO: 
➢ Inocente; 
➢ Estenose de artéria pulmonar; 
➢ Persistências do canal arterial; 
➢ Defeito do septo ventricular; 
➢ Incompetência de valva atrioventricular; 
➢ Estenose pulmonar; 
➢ Estenose aórtica; Fístula arteriovenosa; 
➢ Comunicação interatrial. 
História clínica: 
➢ Doenças maternas como, por exemplo, o diabetes, aumentando a 
incidência de cardiopatias (transposição das grandes artérias, miocardiopatia 
hipertrófica), e o lúpus eritematoso sistêmico (bloqueio AV total congênito); 
➢ Infecções na gestação, como rubéola, que está relacionada com 
persistência do canal arterial, estenose valvar pulmonar e estenose de ramos da 
artéria pulmonar. Infecções por citomegalovírus, herpes-vírus e Coxsackie são 
138 
 
 
suspeitas de serem teratogênicas. 
 
Exame físico: 
➢ Observar o aspecto geral da criança e lembrar que determinadas 
síndromes genéticas têm associação frequente com cardiopatias, como a 
síndrome de Down, a síndrome de Turner, trissomias 13 e 18 e outras; 
➢ Observar cuidadosamente a frequência respiratória, presença de 
dispneia, taquicardia e retração costal; 
➢ Observar a coloração de pele e mucosas para detecção de cianose, 
palidez e lembrar que a anemia pode mascarar a cianose; 
➢ Palpar rotineiramente pulsos nos quatro membros. Pulsos amplos 
estão presentes na persistência do canal arterial e fístulas arteriovenosas. 
Pulsos diminuídos globalmente sugerem patologias que cursam com obstrução 
ao fluxo sistêmico e pulsos ausentes ou diminuídos em membros inferiores são 
encontrados na coartação da aorta; 
➢ Na ausculta do precórdio atentar-se para a frequência e ritmo cardíaco, 
bulhas e sopros, a segunda bulha deve ser analisada cuidadosamente em 
relação à fonese e ao desdobramento, a terceira bulha pode ser encontrada em 
criança normal, mas a quarta bulha é sempre patológica; 
➢ Ruídos de ejeção localizam-se no início da sístole e podem 
corresponder à dilatação aórtica ou pulmonar ou obstrução destes vasos; 
➢ No exame do abdome observar se há hepatomegalia, que pode ser um 
sinal de insuficiência cardíaca. 
 
 
 
 
139 
 
 
PERSISTÊNCIA DO CANAL ARTERIAL 
 
A persistência do canal arterial (PCA) é uma patologia frequente em 
recém-nascidos prematuros, sendo a repercussão hemodinâmica significativa, 
inversamente proporcional à idade gestacional e ao peso de nascimento. 
O canal arterial é um segmento curto de artéria que conecta a aorta 
descendente à artéria pulmonar esquerda, imediatamente após sua bifurcação. 
Seu papel é essencial durante a vida fetal, sendo mantido aberto pelos efeitos 
relaxantes da baixa tensão de oxigênio em combinação com a ação das 
prostraglandinas sintetizadas no local. Assim 90% do sangue ventricular direito 
que sai pela artéria pulmonar é desviado diretamente para a aorta descendente, 
devido à elevada resistência vascular pulmonar e a baixa resistência vascular 
sistêmica. No momento do nascimento, ocorre um aumento do fluxo sanguíneo 
no leito vascular pulmonar devido à queda em sua resistência. 
Nesse processo ocorre uma maior oxigenação local e uma menor ação 
de prostaglandina que determinam o fechamento, inicialmente funcional, do 
canal arterial. O fechamento definitivo do canal ocorre com o passar dos dias. 
 
Manifestações Clínicas: 
Geralmente determina sinais e sintomas variáveis e algumas vezes 
inespecíficos, dependendo da idade gestacional e do tamanho do canal; 
Podemos observar sinais de insuficiência congestiva, sopro sistólico ou 
contínuo, pulso periférico amplo, hiperpulsatilidade cardíaca, taquicardia, 
taquipneia e um diferencial pressórico aumentado. 
 
Diagnóstico: 
Os sinais clínicos não são específicos, em prematuros com insuficiência 
respiratória deve ser considerado o diagnóstico de PCA quando há uma piora 
súbita do estado clínico do recém-nascido ou aparecimento de apneias. 
140 
 
 
 
 EXAMES SUBSIDIÁRIOS: 
➢ Ecocardiograma: é o método de escolha para o diagnóstico de PCA, 
pois possibilita a visualização direta do canal arterial; 
➢ Raio X: observa-se área cardíaca aumentada e exuberância da trama 
vascular pulmonar; 
➢ Eletrocardiograma: pode mostrar hipertrofia ventricular esquerda e, 
eventualmente hipertrofia atrial esquerda. 
Tratamento: 
➢ Manter suporte ventilatório de acordo com as necessidades dos recém-
nascidos; 
➢ Manter restrição hídrica; 
➢ Realizar controle metabólico; 
➢ Manter controle térmico; 
➢ Avaliar e corrigir quadros de anemias; 
➢ Avaliar a necessidade do uso de diuréticos; 
➢ A droga de escolha é a indometacina, que atua inibindo a síntese de 
prostaglandina; 
➢ O tratamento cirúrgico é indicado quando há falha no tratamento 
medicamentoso após pelo menos dois ciclos completos ou quando o uso da 
indometacina foi contraindicado. 
 
Suporte Farmacológico: 
➢ Digoxina – aumenta a força e a velocidade da contração miocárdica; 
141 
 
 
➢ Dopamina – Pequenas doses: vasodilatação renal e mesentérica; 
Doses intermediárias: aumentam a contratilidade miocárdica. 
Doses elevadas: vasoconstrição arterial e venosa, elevando a resistência 
vascular sistêmica. 
➢ Dobutamina – Aumenta o débito cardíaco. 
Reduz a resistência vascular sistêmica. 
Indicada na insuficiência cardíaca sem hipotensão severa. 
➢ Isoproterenol – Aumenta o débito cardíaco e a pressão arterial sistólica. 
➢ Epinefrina - Aumenta a frequência cardíaca e a pressão arterial 
sistólica. 
Diminui a pressão arterial diastólica e dilata o leito vascular periférico. 
➢ Inibidores da fosfodiesterase – são representados pela milrinona e 
aumentam o inotropismo e a contratilidade miocárdica, promovem a 
vasodilatação venosa e arterial, aumentam o relaxamento ventricular durante a 
diástole e nos casos de baixo débito com disfunção miocárdica e aumento da 
resistência vascular sistêmica, sem hipotensão arterial severa. 
➢ Vasodilatadores - hidralazina que são bloqueadores doscanais de 
cálcio arteriais já no caso dos venosos utilizam à nitroglicerina. 
➢ Diuréticos – têm como objetivo a perda de água e sódio, o mais 
utilizado é a furosemida. 
ATENDIMENTO AO RN NA SALA DE PARTO 
 
O recém-nascido de muito baixo peso é extremamente susceptível a 
eventos hipóxicos associados a doenças maternas, fetais e placentárias, 
exigindo, na maioria das vezes necessidade de reanimação imediata após o 
parto. 
142 
 
 
Os primeiros minutos de vida do RN são decisivos e de vital importância 
para o seu desenvolvimento pleno e sem sequelas neurológicas. Busca-se, por 
meio de ações rápidas, cuidadosas e delicadas, facilitar o rito de passagem e 
favorecer, portanto, condições que permitam ao RN estabelecer um equilíbrio 
com a vida, quando seu frágil e vulnerável corpo assume os riscos da 
independência fisiológica e a liberdade de suas funções vitais no limite de sua 
potencialidade. 
Todo RN merece cuidado especial logo após o nascimento. Entretanto, 
alguns necessitam atenção redobrada, pelo maior risco a que estão expostos, 
estes RN geralmente apresentam fatores de risco perinatais e/ou pré-natais e 
nestes casos, deve-se estar preparado para possibilidade de utilizar de 
procedimentos de reanimação neonatal. 
O preparo para atender um neonato ao nascimento consiste na realização 
de anamnese materna, na disponibilidade do material de reanimação e na 
presença de equipe treinada. 
 
 
A equipe que recepcionará o recém-nascido na sala de parto deve 
conhecer as condições presentes durante a gravidez e parto que aumentam a 
possibilidade de sofrimento fetal. 
Todo material necessário utilizado na reanimação deve estar preparado, 
testado e disponível em local de fácil acesso, antes do nascimento de qualquer 
143 
 
 
recém-nascido. O material é composto de equipamentos para manutenção da 
temperatura, para a aspiração e a ventilação do neonato, além das medicações, 
que são preparadas no início do plantão diurno e trocadas a cada 24 horas, 
quando não utilizadas, ou novamente preparadas logo após o uso. 
Como a reanimação do prematuro pode consistir em ventilação e na 
aplicação de massagem cardíaca, e até mesmo na administração de 
medicações, faz-se necessária a presença de um a dois técnicos de enfermagem 
que atuarão junto ao médico no atendimento ao recém-nascido. 
As condições do recém-nascido são avaliadas por meio de três sinais que 
são: respiração, frequência cardíaca e cor, o boletim de APGAR não deve ser 
utilizado para determinar o início da reanimação e sim para avaliar a resposta do 
RN às manobras de reanimação, no 1º e 5° minutos de vida e, se necessário, 
10º, 15º e 20º minutos. 
Boletim de APGAR 
Sinal Pontuação 
 
144 
 
 
Nota: quando o APGAR continua com valores abaixo de cinco na 
avaliação do 5º minuto, as probabilidades de riscos e sequelas neurológicas são 
bem maiores. 
 
Equipamentos e Materiais Necessários: 
➢ Fonte de calor radiante; 
➢ Estetoscópio neonatal; 
➢ Sondas de aspiração traqueal nº 6, 8, 10 e 12; 
➢ Laringoscópio com lâmina reta (nº 0 e 1); 
➢ Cânulas endotraqueais sem balão de diâmetro uniforme nº 2,5; 3,0; 3,5 
e 4,0 com linha radiopaca; 
➢ Fio-guia; 
➢ Material para fixação da cânula; 
➢ Pilhas e lâmpadas sobressalentes; 
➢ Aspirador a vácuo com fluxômetro; 
➢ Adaptação para aspiração de mecônio; 
➢ Máscara para RN de termo e pré-termo; 
➢ Balão autoinflável com capacidade máxima de 750 ml válvula de 
segurança e reservatório de 02 (para atingir FIO2 DE 90-100%); 
➢ Cânula de Guedel; 
➢ Seringas de 20; 10 e 1cc; 
➢ Agulhas; 
➢ Bureta de microgotas; 134 
➢ Cabo de bisturi com lâmina reta; 
145 
 
 
➢ Cadarço estéril; 
➢ Material cirúrgico; 
➢ Luvas, compressas e gases estéreis; 
➢ Ampolas de água destilada; 
➢ Adrenalina; 
➢ Bicarbonato de sódio a 8,4%; 
➢ Expansores de volume (SF0,9% E albumina); 
➢ Naloxone. 
ABC DA REANIMAÇÃO: 
➢ A (Airways): manter vias aéreas permeáveis pelo posicionamento 
adequado da cabeça e do pescoço, da aspiração de VAS e, se necessário da 
traqueia; 
➢ B (Breathing): iniciar a respiração por meio da estimulação tátil e da 
ventilação com pressão positiva por meio de balão e máscara ou balão e cânula 
traqueal; 
➢ C (Circulation): manter circulação por meio de massagem cardíaca e 
administração de medicações ou fluidos. 
Imediatamente após o nascimento, a necessidade de reanimação 
depende da avaliação rápida e simultânea da presença de líquido meconial, do 
choro ou respiração, do tônus muscular, da cor e da duração da gestação (a 
termo ou pré-termo). Os procedimentos são realizados com base na avaliação 
integrada de três sinais: respiração, frequência cardíaca e cor. 
 
Procedimentos na recepção do Recém-Nascido: 
➢ Manter sala de recepção do RN com temperatura adequada; 
➢ Colocar o RN sob calor radiante; 
146 
 
 
Posicionar o recém-nascido, mantendo a cabeça em posição neutra ou 
com leve extensão do pescoço (coxim nos ombros), evitar a hiperextensão ou a 
flexão exagerada do mesmo; 
➢ Aspirar às vias aéreas, inicialmente a boca e depois o nariz, evitar o 
uso de pressões excessivas e a introdução brusca da sonda de aspiração-reflexo 
vagal; 
➢ Na presença de líquido amniótico meconial e recém-nascido deprimido, 
aspirar à traqueia sob visualização direta imediatamente após a colocação do 
RN a fonte de calor e somente após, ventilar; 
➢ Secar o RN e remover os campos úmidos; 
➢ Realizar estimulação tátil com manobras delicadas no dorso do RN, no 
máximo duas vezes, se não houver respiração regular; 
➢ Administrar oxigênio inalatório se houver cianose central ou ventilação 
com pressão positiva (VPP), utilizando balão e máscara ou cânula endotraqueal; 
➢ Estabelecer e manter circulação; 
➢ Medicação. 
 
PROCEDIMENTOS DE ROTINA PARA PREMATUROS ESTÁVEIS 
CLINICAMENTE 
Após os cuidados de manutenção da temperatura e da permeabilidade 
das vias aéreas, se o neonato apresenta respiração espontânea rítmica e 
regular, frequência cardíaca maior que 100bpm e rosado nas extremidades, ele 
não necessita de outras manobras. Realiza-se então a seguinte rotina: 
➢ Laqueadura de cordão umbilical; 
➢ Prevenção da oftalmia e vaginite gonocócica, instilando-se duas gotas 
de nitrato de prata a 1% no saco lacrimal inferior de cada olho e duas gotas na 
vagina; 
147 
 
 
➢ Passagem de sonda gástrica nº 8 para detecção precoce de atresia de 
esôfago e obstrução intestinal alta; 
➢ Passagem de sonda retal introduzindo-a até 3 cm de profundidade para 
detecção de anomalias anorretais; 
➢ Identificação por meio da impressão digital da mãe e das impressões 
digitais e plantar do neonato e da pulseira colocada na mãe e no neonato; 
Coleta de sangue materno para realização de tipagem sanguínea e 
reações sorológicas; 
➢ Realizar tipagem sanguínea do recém-nascido em sangue do cordão 
umbilical; 
➢ Realizar exame físico simplificado do recém-nascido determinado, 
determinando-se peso, comprimento, perímetro cefálico torácico e abdominal; 
➢ Acomodação cuidadosa do pré-termo na incubadora aquecida e com 
fonte de oxigênio, garantindo a manutenção da temperatura corporal e 
oxigenação adequadas. 
 
OXIGENOTERAPIA 
 
Após os cuidados de manutenção da temperatura e da permeabilidade 
das vias aéreas, se o neonato apresenta respiração espontânea, frequência 
cardíaca maior que 100 bpm e cianose central são indicadas a administração de 
O² inalatório (umidificado e preferencialmente aquecido). Se 30 segundos após 
o início da oferta de O² inalatório o neonato apresentar ritmo respiratório regular, 
FC maior que 100 bpm e coloração rosada, retiram-se o oxigênio de maneira 
lenta e gradual. Assim que se constatar a estabilidade clínica procede-se às 
manobras de rotina da sala de parto. 
Caso após posicionar o prematuro sob calor radiante, posicionar a cabeça 
em leve extensão, aspirar boca e narinas e secá-lo, ele apresentar pelo menos 
uma das seguintessituações: apneia, gasping, FC menor que 100 bpm ou 
148 
 
 
cianose persistente, apesar da administração de O² inalatório indica-se a 
ventilação com pressão positiva por meio de balão e máscara facial. 
A ventilação efetiva deve provocar inicialmente a elevação da FC e a 
melhora da coloração, seguindo-se o estabelecimento da respiração e o 
aumento do tônus muscular. Se o paciente apresenta movimentos respiratórios 
espontâneos e regulares com FC maior que 100 bpm, pode se interromper a 
ventilação com balão e máscara e administrar O² inalatório, que deve ser retirado 
gradativamente caso o neonato se mantenha rosado. 
Considera-se falha na ventilação com balão e máscara se, após 30 
segundos do início do procedimento, o neonato apresenta expansibilidade 
torácica inadequada, ausência de respiração espontânea ou FC menor que 100 
bpm. 
Existem algumas causas do 
insucesso da ventilação que podem ser 
facilmente verificadas e corrigidas como: má 
adaptação da máscara à face, mau 
posicionamento da cabeça, presença de 
secreção nas vias aéreas ou oferta de 
pressão insuficiente. 
 
VENTILAÇÃO COM PRESSÃO POSITIVA (VPP) 
 
Indicação: 
➢ Ventilação com balão e máscara facial ineficaz; 
➢ Ventilação com balão e máscara por período prolongado; 
➢ Necessidade de administração de massagem cardíaca e/ou 
medicações; 
➢ Suspeita de hérnia diafragmática; 
149 
 
 
➢ Prematuros extremos com peso inferior a 100gr que receberão 
surfactante exógeno profiláticos; 
A melhora é considerada se, ao ventilar com balão e cânula traqueal, o 
neonato apresenta movimentos respiratórios espontâneos e regulares com FC 
maior que 100 bpm. Nessa situação a ventilação é suspensa e o neonato é 
extubado, sendo administrado O² inalatório por cateter, com retirada gradual. 
No caso do recém-nascido manter-se em apneias ou respiração irregular, 
acompanhada de FC maior que 100 bpm, a intubação e a ventilação devem ser 
mantidas e o paciente encaminhado para a unidade de terapia intensiva 
neonatal. 
QUADRO 3 - Tamanho do diâmetro da cânula 
 
MASSAGEM CARDÍACA 
O procedimento seguinte a ser realizado para reanimar o neonato é a 
massagem cardíaca, que tem a finalidade de melhorar a FC, quando não existe 
aumento da mesma após a ventilação por meio de balão e máscara, ou de balão 
e cânula traqueal. 
Iniciar massagem cardíaca após 30 segundos de ventilação com pressão 
positiva (VPP) com O2 a 100% e frequência cardíaca < 60bpm. 138 
Manter VPP e O2 100%, comprimir com os polegares o terço inferior do 
esterno por meio da técnica dos dois polegares ou dos dois dedos, indicador e 
150 
 
 
médio, realizando 90 compressões/min durante 30 segundos. Observar então se 
o pulso está palpável e se a frequência cardíaca está aumentando. 
Realizar sempre ventilação e massagem de forma síncrona, mantendo 
sempre a relação de 3:1, ou seja, três movimentos de massagem cardíaca para 
uma ventilação. 
A melhora do neonato é considerada quando, após a ventilação 
acompanhada de massagem cardíaca, o paciente apresentar FC acima de 60 
bpm. Nesse momento interrompe-se a massagem. 
 
TRANSPORTE DO RECÉM-NASCIDO 
O transporte deverá ser realizado quando o local de nascimento não 
dispõe de infraestrutura adequada para garantir resolutividade às condições 
clínicas apresentadas pelo RN. Este deverá ser transportado após estar 
clinicamente estabilizado. A vaga no serviço que irá receber o RN deverá estar 
garantida. 
Principais Indicações: 
➢ Prematuridade. 
➢ Desconforto respiratório (membrana hialina, aspiração de mecônio e 
pneumonia). 
➢ Asfixia perinatal. 
➢ Malformações congênitas que necessitem diagnóstico/tratamento. 
Crises convulsivas. 
Infecção neonatal. 
Condições cirúrgicas. 
➢ Apneia recorrente. 
➢ Choque. 
151 
 
 
➢ Acidose persistente. 
➢ Hipoglicemia persistente. 
➢ Necessidade de nutrição parenteral. 
➢ Doença hemolítica perinatal. 
➢ RN de mãe diabética. 
A equipe de transporte neonatal deve ser composta necessariamente por 
profissionais com formação no atendimento intensivo neonatal, com 
familiaridade em suas doenças e complicações e, adequadamente treinados em 
procedimentos técnicos para recém-nascidos, além da reciclagem específica e 
continuada no transporte de alto risco, aéreo ou terrestre. Isso inclui o 
conhecimento de peculiaridades do transporte de pacientes por via aérea, 
principalmente em recém-nascidos transportados em sua maioria por 
complicações respiratórias. 
 
Meios de Transporte: 
➢ Terrestre: é o mais empregado e o mais econômico, com facilidades 
quanto à operacionalização e acessibilidade, e desvantagens quanto ao limite 
de distância, desgaste da equipe e dificuldade pela densidade de tráfego. 
152 
 
 
➢ Aéreo: por meio de helicóptero têm-se as vantagens de facilidade de 
acesso, rapidez e possibilidade de evitar congestionamento, porém com custos 
elevados e limitações para grandes distâncias e para determinados horários de 
deslocamento. A utilização de aviões representa um meio de grande rapidez, 
custos razoáveis e grande raio de ação, mas com difícil operacionalização, 
dependendo de aeroportos e transporte terrestre combinados. 
 
Equipamentos e Materiais Necessários: 
➢ Monitor de frequência cardiorrespiratória; 
➢ Oxímetro de pulso; 
➢ Monitor de pressão não invasiva; 
➢ Capnógrafo; 
➢ Sensor de temperatura corporal; 
➢ Cilindro de oxigênio; 
➢ Cilindro de ar comprimido; 
➢ Sistema de umidificação para gases; 
➢ Máscara facial; 
➢ Caixas de hood; 
➢ Respirador; 
➢ Bombas de infusão; 
➢ Aspirador elétrico; 
➢ Incubadora de transporte; 
➢ Sistema gerador de energia; 
➢ Ambu infantil de silicone com reservatório; 
153 
 
 
➢ Laringoscópio com lâminas 0 e 1; 
➢ Tubo traqueal; 
➢ Cateteres intravenosos; 
➢ Estetoscópio neonatal; 
➢ Sistema de drenagem torácica; 
➢ Equipos, torneiras e conexões venosas; 
➢ Eletrodos e sensores para oximetria; 
➢ Coletor de urina; 
➢ Lâmpadas e pilhas reservas; 
➢ Sondas gástricas e de aspiração; 
➢ Material cirúrgico e campos estéreis; 
➢ Material de assepsia e gaze estéril; agulhas e seringas de tamanhos 
variados; 
➢ Micropore, esparadrapo e fita adesiva; 
➢ Luvas estéreis e de procedimento; 
➢ Termômetro; 
➢ Lanterna; 
➢ Equipamento para realização de glicoteste. 
 
Medicamentos Necessários: 
➢ Adrenalina; 
➢ Atropina; 
➢ Bicarbonato de sódio; 
154 
 
 
➢ Gluconato de cálcio; 
➢ Lidocaína; 
➢ Água destilada; 
➢ Soro fisiológico a 0,9%; 
➢ Soro glicosado 5 % e 10%; 
➢ Cloreto de potássio; 141 
➢ Vitamina K; 
➢ Furosemida; 
➢ Albumina; 
➢ Hidantoína; 
➢ Fenobarbital; 
➢ Midazolam; 
➢ Diazepam; 
➢ Fentanil; 
➢ Dobutamina; 
➢ Dopamina; 
➢ Succinilcolina; 
➢ Pancurônio; 
➢ Dipirona; 
➢ Heparina; 
➢ Morfina; 
➢ Naloxone; 
155 
 
 
➢ Prostim; 
➢ Surfactente. 
 
Preparo para o Transporte: 
 
A preparação do recém-nascido a ser transportado visa a estabilização 
das condições já existentes, incluindo alguns procedimentos prévios de 
fundamental importância para evitar deteriorização clínica ou acidentes durante 
o transporte. 
➢ Realizar ressuscitação volêmica, fluídica e correção de distúrbios 
metabólicos; Estabilização da temperatura corpórea; 
➢ Sondagem e esvaziamento gástrico; 
➢ Obtenção de acesso venoso, seguro, estável e de calibre adequado; 
➢ Fixação adequada de sondas, cânula endotraqueal, cateteres, 
eletrodos e sensores; 
➢ Controlar quadro de agitação e ou convulsões; 
➢ Garantir a permeabilidade de vias aéreas; 
➢ Aspirar cânula traqueal; 
➢ Elaboração de um resumo detalhado, mas sucinto, possibilitando para 
a equipe de transporte uma visão objetiva do caso, facilitando o manejo de 
eventuais complicações durante o transporte. 
➢ Estabelecer comunicação adequada entre equipe de transporte, equipe 
de médicos do hospital de origem e equipe do hospital de destino do RN. 
➢ Mostrar, sempre que possível, o RN aos pais antes do transporte,a fim 
de minimizar o trauma da separação. 
156 
 
 
➢ Esclarecer a família sobre as condições do RN, bem como seu destino 
e motivos da transferência e o transporte deve sempre ser autorizado pela 
família. 
➢ Encaminhar cópia: da anamnese materna, os dados do RN (condições 
de nascimento e evolução da doença atual), dos exames laboratoriais e dos raio 
X. 
➢ Enviar amostras de sangue materno (em tubo com anticoagulante) e 
do cordão umbilical (em tubo seco). 
➢ Coletar hemocultura e iniciar antibioticoterapia, se indicado. 
 
Estabilização do RN com problemas especiais: 
➢ Hérnia diafragmática: o RN não deve ser ventilado com máscara e 
ambu, uma sonda orogástrica adequada para o peso do RN deve ser 
posicionada e intubação orotraqueal efetuada o amis precocemente possível e 
posicionar o RN em decúbito lateral. Do mesmo lado da hérnia com o objetivo 
de melhorar a expansão do pulmão contralateral. 
➢ Gastroquise e onfalocele: posicionar sonda orogástrica e proteger a 
área exposta com compressas estéreis embebidas em soro fisiológico morno, 
sobre as compressas colocar um filme transparente de PVC, prevenindo 
contaminação, perda de calor e líquido. Posicionar RN em decúbito dorsal ou 
lateral. 
➢ Mielomeningocele: proteção da área exposta. 
➢ Atresia de esôfago e fístula traqueosofágica: manter permeabilidade 
das vias aéreas e sonda de aspiração contínua a vácuo nº 8 de múltiplos orifícios 
com outra sonda nº 4 no interior desta para prevenir aspiração de mucosa. 
Colocar RN em posição semissentada ou decúbito elevado. 
➢ Obstrução intestinal: colocar sonda gástrica mantendo-a aberta. 
157 
 
 
➢ Cardiopatias congênitas cianóticas: evitar utilização de O2 na suspeita 
de cardiopatias canal-dependentes pela possibilidade de desencadear 
fechamento do canal arterial e iniciar infusão de prostaglandina E1. 
➢ Pneumotórax: drenagem de emergência deve ser efetuada e o 
procedimento é realizado após antissepsia e introdução de abocath nº 14 ou 16 
no 3º ou 4º espaço intercostal, na linha axilar anterior e conectá-lo a uma torneira 
de três vias com seringa de 20 ml para aspiração e tubo de drenagem sob selo 
d’ água. 
 
ASSISTÊNCIA AO RECÉM-NASCIDO SADIO NO BERÇÁRIO 
A assistência no berçário deve ser focada na família e concentrada no 
bebê. Deve-se dar atenção especial para permitir o contato entre a mãe e o bebê 
e evitar sua separação, dessa forma, exames pediátricos e procedimentos de 
enfermagem devem ser realizados interativamente na presença dos pais. 
O recém-nascido deve ser avaliado a fim de se excluir: 
➢ Malformações; 
➢ Doenças infecciosas; 
➢ Problemas genéticos; 
➢ Problemas metabólicos; 
➢Problemas neurológicos; 
➢Icterícia inapropriada. 
Devemos nos certificar que o recém-nascido está fazendo uma boa 
transição da vida fetal para a neonatal, especialmente pela avaliação da: 
respiração, função cardíaca, alimentação, micção e evacuação. A interação 
pai/mãe/bebê e a dinâmica da família devem ser avaliadas para analisar a 
habilidade da família em cuidar do recém-nascido. 
158 
 
 
No período subsequente deve-se medir o peso diariamente, anotar a hora 
e o volume de fezes e urina, bem como frequência cardíaca, respiratória e 
temperatura, pelo menos a cada 08 horas. 
Alimentação: o aleitamento materno é sempre preferível e deve ser 
iniciado ainda durante a primeira hora de vida. 
Posição de Dormir: deve ser em decúbito lateral nos primeiros dias de 
vida. O bebê deve dormir em um colchão firme. Recomenda-se que os pais 
permitam que o bebê, quando acordado, passe alguns períodos na posição 
ventral, pois permite o uso da musculatura do pescoço e dos ombros. 
Família: a assistência focalizada na família inclui a assistência do bebê e 
da mãe realizada pelo mesmo membro da equipe de enfermagem. O bebê deve 
ser mantido em alojamento conjunto o máximo possível. 
Avaliação de Enfermagem: inclui revisão do histórico materno, incluindo 
uma revisão ultrassonográfica pré-natal, imunidade contra rubéola, antígeno da 
hepatite B, tuberculose, gonorreia, clamídia e sífilis. Deve-se também levar em 
conta assistência pré-natal, histórico de aborto e história médica e social, 
incluindo potencial para depressão puerperal. Indicar imunização para hepatite 
B no bebê. 
Tratamento da Dor: preconiza-se oferecer 1 ml de solução de glicose via 
oral para o bebê sugar 5 minutos antes da realização de procedimentos 
dolorosos. 
 
NASCIMENTOS MÚLTIPLOS 
A duração média de gestação é mais curta em gestações múltiplas, 
diminuindo mais ainda, conforme o número de fetos aumenta. A idade 
gestacional média ao nascimento é de 36, 32 e 31 semanas respectivamente 
para gêmeos, trigêmeos e quadrigêmeos. 
A probabilidade de um peso ao nascer abaixo de 1500gr é de 8 a 33 vezes 
maior em gestações múltiplas, comparada a fetos únicos. O crescimento fetal é 
independente do número 145 de fetos, até aproximadamente 30 semanas de 
159 
 
 
gestação, após esse período o crescimento de múltiplos cai gradualmente em 
comparação com fetos únicos. 
Malformações ocorrem em aproximadamente 6% das gestações 
gemelares. O risco em gêmeos monozigóticos é aproximadamente 2,5 vezes 
maior que gêmeos dizigóticos ou fetos únicos. Defeitos estruturais específicos 
para gêmeos monozigóticos são: malformações precoces que compartilham 
uma origem comum com o processo gemelar e síndrome de ruptura vascular. 
Gestações gemelares devem ser avaliadas para anomalias fetais por 
ultrassonografia ou outros procedimentos mais invasivos quando indicado. 
A morte de um feto em gestações múltiplas é um evento comum durante 
o primeiro trimestre (> 20%) e frequentemente não é reconhecida. As causas 
possíveis incluem nidação anormal, anormalidades cromossômicas e 
malformações fetais. O prognóstico para o segundo gêmeo costuma ser 
excelente. 
A prevalência de Paralisia Cerebral em gêmeos é de 7,4%, comparada a 
1% dos fetos únicos. Isso está relacionado com o risco aumentado de 
prematuridade e de baixo peso ao nascer em gestações múltiplas. 
 
 
 
 
160 
 
 
TERMORREGULAÇÃO NO RECÉM-NASCIDO 
Durante a gravidez, os mecanismos maternos mantêm a temperatura 
intrauterina. Após o nascimento, os recém-nascidos devem se adaptar ao seu 
ambiente relativamente frio pela produção metabólica de calor porque eles são 
incapazes de gerar uma resposta adequada de tremores. 
Os recém-nascidos a termo têm uma fonte de termogênese na gordura 
marrom, que é altamente vascularizada e inervada por neurônios simpáticos. 
Quando sofrem estresse por frio, os níveis de epinefrina aumentam e atuam no 
tecido de gordura marrom para estimular a lipólise. 
O recém-nascido prematuro tem problemas especiais na manutenção da 
temperatura, como: razão mais alta da superfície cutânea diminuída, reservas 
menos desenvolvidas de gordura marrom, incapacidade de receber calorias 
suficientes para fornecer nutrientes à termogênese e ao crescimento e 
eliminação do consumo de oxigênio em alguns recém-nascidos prematuros em 
virtude de problemas pulmonares. 
Recém-nascidos prematuros sujeitos a hipotermia aguda respondem com 
vasoconstrição periférica, causando metabolismo anaeróbico e acidose 
metabólica, podendo causar constrição de vasos pulmonares. O problema mais 
comum dos neonatos prematuros é a perda calórica pelo estresse ao frio crônico 
não reconhecido, resultando em consumo aumentado de oxigênio e 
incapacidade em ganhar peso. 
A lesão neonatal por frio ocorre em RN de baixo peso ao nascer e RN a 
termo com distribuição do SNC, podendo haver palidez central ou cianose, a pele 
pode mostrar edema ou escleredema. A temperatura central está 
frequentemente abaixo de 32,2 ºC e os sinais podem incluir: hipotensão, 
bradicardia, respiração irregular, lenta e superficial, atividade diminuída, reflexo 
de sucção débil, resposta diminuída aos estímulos, reflexos diminuídos e 
distensão abdominal ou vômitos. Estão presentestambém: acidose metabólica, 
hipoglicemia, hipercalemia, azotemia e oligúria, às vezes, existe sangramento 
generalizado, incluindo hemorragia pulmonar. 
161 
 
 
A hipertemia, definida como uma temperatura corporal central elevada 
pode ser causada por um ambiente relativamente quente, infecção, 
desidratação, disfunção do SNC ou medicamentos. 
Em recém-nascidos sadios a perda de calor pode ser evitada ou 
minimizada secando-se adequadamente o neonato após o nascimento e o 
envolvendo em campos aquecidos. Examinando o bebê na sala de parto sob 
fonte de calor radiante, utilizando touca para prevenir perda de calor por meio do 
couro cabeludo e manutenção do bebê em berço aquecido e coberto. 
Já os recém-nascidos enfermos devem 
ser adequadamente secos e transportados em 
incubadoras aquecidas, deve-se utilizar fonte de 
calor radiante durante a realização de 
procedimentos. Bebês enfermos ou prematuros 
precisam de um ambiente termoneutro para 
minimizar o dispêndio de energia. 
ALEITAMENTO MATERMO 
 
Os conceitos básicos sobre amamentação constituem um direito humano 
e precisam ser estimulados por meio da educação. É necessário que a 
amamentação seja um hábito cultural e, para tanto se torna fundamental 
informar, prevenir e sensibilizar a todos. É um processo que envolve conquista 
social, política e transformação do cotidiano, no qual é modificado o significado 
da amamentação para a mulher e a sociedade. 
A lactação é o ápice fisiológico do ciclo reprodutivo. O recém-nascido é o 
mais imaturo e dependente de todos os mamíferos. A mama está preparada para 
lactar a partir da 16ª semana gestacional, mantendo-se inativa por equilíbrio 
hormonal. Nas primeiras horas e dias após o parto, a mama responde às 
mudanças do ambiente hormonal e ao estímulo de sucção produzindo o leite. 
A composição do leite varia com a fase da lactação, a hora do dia, o 
momento da ingestão e no decorrer da própria mamada, com a nutrição da mãe 
e fatores nutricionais. A composição do leite de mães que deram à luz a crianças 
162 
 
 
prematuras é diferente daquelas que tiveram seus filhos a termo. Demonstrou-
se que o conteúdo de nitrogênio do leite das mães de prematuros é maior, e que 
tem concentrações elevadas de Na e Cl. 
Os agentes de defesa do leite humano merecem considerações especiais. 
Além dos componentes nutricionais aí presentes, o leite ainda contém uma 
grande variedade de agentes bioativos heterogêneos de grande importância 
para a saúde da criança, protegendo-a de um grande número de infecções e 
doenças. Embora os principais locais de atuação desses agentes sejam as 
mucosas do trato gastrintestinal e respiratório, podem também exercer efeito 
sistêmico, ou na própria mama, protegendo-a quanto a mastite. O efeito contra 
infecções é ainda muito importante na alimentação de crianças prematuras. 
Portanto, o leite materno é o alimento de primeira 
escolha para alimentação das crianças, em função de seus 
componentes nutricionais, anti-infecciosos, imunológicos, 
seus efeitos psicológicos e no desenvolvimento, com 
importante vantagem para o estabelecimento do vínculo mãe-
filho. 
 
ATRIBUIÇÕES DO AUXILIAR OU 
TÉCNICO DE ENFERMAGEM 
➢ Prestar assistência de enfermagem em serviços de proteção, 
recuperação e reabilitação da saúde de acordo com um plano estabelecido; 
➢ Prestar cuidados de conforto e higiene a pacientes em estado grave 
sob a supervisão do enfermeiro; 
➢ Observar, comunicar e registrar sinais e sintomas apresentados pelo 
paciente; 
➢ Realizar procedimentos como: 
1. Lavagem gástrica. 
2. Lavagem vesical 
163 
 
 
3. Irrigação vesical. 
4. Sondagem gástrica e orogástrica. 
5. Aspiração orotraqueal. 
6. Verificar SSVV. 
7. Colher material para exames laboratoriais. 
8. Ministrar medicamentos. 
9. Fazer curativos. 
10. Oxigenoterapia. 
11. Nebulização. 
12. Aplicação de calor e frio. 
13. Prestar cuidados de enfermagem no pré e pós-operatório. 
14. Pesar e mensurar o paciente. 
15. Realizar procedimentos de desinfecção e esterilização. 
16. Prestar cuidados de higiene e conforto. 
17. Zelar pela limpeza e ordem do material e equipamentos da unidade. 
18. Fazer orientação para alta hospitalar. 
19. Fazer orientações sobre aleitamento materno. 
20. Realizar procedimentos pós-morte. 
21. Proceder anotações de enfermagem. 
22. Executar atividades de apoio tais como: preparo de ambientes, 
disposição do material para exames, tratamentos, intervenções cirúrgicas e 
atendimento obstétrico. 
23. Prevenir e controlar sistematicamente a infecção hospitalar. 
 
164 
 
 
MONTAGEM DO LEITO NEONATAL 
 
Norma: 
➢ Todos os equipamentos devem ser checados e testados antes da 
admissão do paciente. 
 
Material: 
➢ Incubadora ou berço aquecido; 
➢ Fonte de oxigênio com fluxômetro 
➢ Umidificador; 
➢ Aspirador com manômetro; 
➢ Vidro de 500 ml com kit de aspiração montado; 
➢ Monitor cardíaco; 
➢ Oxímetro de pulso; 
➢ Fonte de ar comprimido com fluxômetro; 
➢ Ambu com máscara; 
➢ Balança digital; 
➢ Bandeja para intubação; 
➢ Cânula orotraqueal conforme peso da criança; 
➢ Fita métrica; 
➢ Estetoscópio; 
➢ Aparelho de glicemia capilar (dextro); 
➢ Urodensímetro; 
165 
 
 
➢ Manguito para aferição de PA; 
➢ Bomba de infusão; 
➢ Ventilador mecânico; 
➢ Caixa de hood; 
➢ CPAP; 
➢ Material para venopunção; 
➢ Material para cateterismo umbilical. 
 
Materiais de consumo: 
➢ Sonda gástrica; 
➢ Sonda de aspiração n° 8 ou 10; 
➢ Luvas de procedimentos; 
➢ Luvas estéreis para aspiração; 
➢ Eletrodos; 
➢ Esparadrapo; 
➢ Micropore; 151 
➢ Fita crepe; 
➢ Gazes (compressas); 
➢ Álcool a 70%; 
➢ Seringas e agulhas de tamanhos variados; Folha de controle de sinais 
vitais. 
 
 
 
166 
 
 
ADMISSÃO DO RN EM UTI NEONATAL 
Critérios para Admissão: 
➢ Recém-nascidos com idade gestacional menor que 34 semanas; 
➢ Recém-nascidos com peso inferior a 1800gr; 
➢ Sangramento materno no terceiro trimestre da gravidez; 
➢ Anomalias congênitas que requeiram correção cirúrgica imediata; 
➢ Infecção; 
➢ Incompatibilidade Rh; 
➢ Retardo de crescimento intrauterino; 
➢ Hipoglicemia; 
➢ Convulsões; 
➢ Uso materno de drogas psicoativas; 
➢ Problemas respiratórios que requeiram oxigenoterapia; 
➢ Arritmias cardíacas; 
➢ Apgar menor que 5º no quinto minuto de vida. 
 
Normas: 
A UTI – NEONATAL admite pacientes de 0 a 28 dias. 
➢ A admissão será feita após contato prévio com o médico intensivista, 
para pacientes extremos deverá também ser contatada a Central de Regulação 
Médica; 
➢ O encaminhamento do paciente só acontecerá após a liberação da 
vaga pela enfermeira; 
➢ Certificar-se que o leito está montado; 
167 
 
 
➢ A admissão é feita pelo médico e a equipe de enfermagem; 
Procedimentos: 
➢ Lavar as mãos; 
➢ Calçar as luvas de procedimentos; 
➢ Pesar o paciente; 
➢ Posicionar o paciente em decúbito dorsal com coxim na região 
subescapular; 
➢ Aspirar vias aéreas superiores se necessário; 
➢ Monitorizar a criança; 
➢ Avaliar SSVV; 
➢ Introduzir ou trocar SOG, conforme prescrição; 
➢ Aquecer o paciente; Mensurar o RN: perímetro cefálico, abdominal, 
torácico e estatura; 
➢ Fazer dextro; 
➢ Puncionar veia periférica se necessário; 
➢ Fixar um coletor de urina; 
➢ Lavar as mãos; 
➢ Preencher folhas de controle de SSVV e relatório de enfermagem. 
 
 
 
 
168 
 
 
LAVAGEM DAS MÃOS 
 
Norma: 
É uma medida simples que visa a remoção das células descamativas, 
sujidades, oleosidades, comum também as bactérias transitórias e algumas 
residentes. 
 
Deve ser feita antes e após manipular o paciente. 
Deve ser feita antes e após qualquer procedimento. 
 
Procedimento: 
➢ Retirar anéis, pulseiras e relógios antes de iniciar a lavagem das mãos. 
➢ Abrir a torneira. 
➢ Ensaboar as mãos usando sabão líquido antisséptico, friccionar as 
mãos por aproximadamente 15 a 30 segundos, atingindo: 
 
1. Palma das mãos; 
2.Dorso das mãos; 153 
3. Espaços interdigitais; 
4. Polegares; 
5. Articulações das mãos; 
6. Unhas e extremidades dos dedos; 
7. Punhos; 
 
➢ Enxaguar as mãos, retirando totalmente o resíduo do sabão; 
169 
 
 
➢ Enxugar com papel toalha; 
➢ Fechar a torneira com papel toalha. 
 
REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR 
 
Norma: 
A equipe de enfermagem é responsável pela reposição dos materiais de 
consumo e manutenção do carrinho de reanimação. 
 
Material: 
Bandeja com lâminas (retas e curvas) e cabo de laringoscópio de 
tamanhos adequados (nº 0 e 1); 
➢ Balão autoinflável com reservatório de oxigênio; 
170 
 
 
➢ Máscara de tamanho adequado; 
➢ Sondas de aspiração de grosso calibre (nº 8 e 10); 
➢ Tubo orotraqueal de tamanho adequado; 
➢ Fio guia; 
➢ Fonte de oxigênio umidificado; 
➢ Fonte de vácuo com aspirador montado; 
➢ Esparadrapo para fixação; 
➢ Benzina e tintura de benjoim; 
➢ Medicações de urgência; 
➢ Sonda gástrica de grosso calibre (nº 8 e 10); 
➢ Monitor cardíaco com oxímetro de pulso; 
➢ Eletrodos; 
➢ Estetoscópio; 
➢ Tábua (superfície rígida) para reanimação; 
➢ Cardioversor e gel para contato; 
➢ Luvas estéreis e de procedimento. 
Procedimentos: 
➢ Posicionar o RN para manter vias aéreas pérvias, com pescoço em 
leve extensão; 
➢ Aspirar às vias aéreas; 
➢ Iniciar a ventilação com balão de reanimação e máscara, com fonte de 
oxigênio; 
171 
 
 
➢ Oferecer ao médico, luva estéril, laringoscópio com lâmina, cânula 
traqueal e material de aspiração; 
➢ Monitorar tempo de intubação; 
➢ Auxiliar durante intubação; 
➢ Monitorar frequência cardíaca do RN e manter monitorização contínua; 
➢ Oferecer balão de reanimação para ventilação e estetoscópio para 
confirmação da intubação; 
➢ Auxiliar fixação da cânula traqueal; 
➢ Auxiliar na massagem cardíaca e cardioversão SN; 
➢ Realizar sondagem gástrica; 
➢ Preparar e administrar medicações; 
➢ Montar respirador; 
➢ Colocar o RN em ventilação mecânica, após o médico ter regulado os 
parâmetros do respirador; 
➢ Deixar o RN confortável; 
➢ Reorganizar a unidade, 
➢ Realizar os registros 
cabíveis no prontuário do paciente. 
 
 
172 
 
 
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO 
CATETERISMO VENOSO CENTRAL 
 
Rotinas: 
➢ O profissional de enfermagem auxilia o médico durante todo o 
procedimento; 
➢ Após o procedimento é solicitado o RX para localização do cateter no 
paciente; 
➢ Devem ser feitas as anotações de enfermagem como a hora do 
procedimento, o nome do médico que realizou o procedimento e as 
intercorrências. 
 
Material: 
➢ Bandeja de Intracath ou de Dissecção Venosa; 
➢ 01 par de luvas estéreis; 
➢ 01 frasco de soro fisiológico 0,9% de 125 ml montado com equipo; 
➢ Esparadrapo; 
➢ Xilocaína injetável 2%; 
➢ 01 agulha 13x4,5; 
➢ 01 agulha 40x12; 
➢ Solução antisséptica. 
Procedimentos: 
Providenciar todo o material necessário levando a unidade do RN: 
➢ Colocar o RN em decúbito dorsal com a cabeça lateralizada para o 
oposto em que será inserido o cateter, se necessário utilizar um coxim escapular; 
173 
 
 
➢ Auxiliar o médico a se paramentar; 
➢ Oferecer ao médico todo material necessário para o procedimento; 
➢ Após a punção, testar o refluxo sanguíneo abaixando o frasco de soro 
até retornar o sangue; 
➢ Realizar o curativo fechado anotando a data do mesmo; 
➢ Recolher o material e recompor a unidade; 
➢ Proceder à anotação de enfermagem. 
CATETER CENTRAL DE INSERÇÃO PERIFÉRICA (PICC) 
Para o neonato que necessita de terapia venosa central durante 1 até 6 
meses, ou que necessita de acesso venoso repetidas vezes, a melhor opção 
pode ser um cateter central de inserção periférica (PICC). 
Feito de silicone ou poliuretano, o PICC é macio e flexível, com grande 
biocompatibilidade. Quanto ao diâmetro pode variar de 16G a 23G, e o 
comprimento vai e 40,5 a 61 cm. 
O PICC está sendo cada vez mais utilizado por proporcionar acesso 
seguro e confiável, podendo-se utilizar o mesmo cateter durante todo o período 
de tratamento, o que representa maior conveniência e redução de custos. 
A terapia pelo PICC funciona mais adequadamente quando introduzida no 
início do tratamento, não devendo ser considerada como último recurso para 
clientes cujas veias estão esclerosadas ou foram submetidas a repetidas 
punções. 
A resolução nº 258 do COFEN regulamenta a inserção da PICC pela 
enfermeira. Estabelecendo que para que a enfermeira adquira a competência de 
inserção do cateter, recomenda-se um curso intensivo de 8 horas, depois do qual 
deverá realizar três inserções bem-sucedidas. 
 
Material: 
174 
 
 
➢ Kit de inserção do cateter; 
➢ Bolinhas de algodão embebidas em álcool ou solução de iodopovidina 
a 10%; 
➢ Solução de heparina; 
➢ Extensor para seringa; 
➢ Fita métrica limpa e estéril; 
➢ Soro fisiológico a 0.9%; 
➢ Compressas de gaze estéril; 
➢ Esparadrapo; 
➢ Campo fenestrado estéril; 
➢ Curativo estéril semipermeável transparente; 
➢ Garrote; 
➢ Luvas estéreis; 
➢ Avental estéril; 
➢ Máscara; 
➢ Óculos de proteção; 
➢ Luvas de procedimento. 
 
Inserção do PICC: 
➢ Lave as mãos; 
➢ Aplique o garrote no braço e avalie a fossa antecubital; 
➢ Escolha o local de inserção; 
➢ Retire o garrote; 
175 
 
 
➢ Determine o local de inserção da ponta do cateter ou o ponto que irá 
repousar a ponta do cateter, depois da inserção; 
➢ Meça a distância desde o local de inserção até o ombro, e do ombro 
até a incisura esternal. Em seguida, acrescente 7,6 cm à medida obtida; 
➢ Ajude o cliente a se deitar em posição supina, o braço fazendo um 
ângulo de 90º com o corpo; 
➢ Abra a bandeja do PICC e coloque o restante dos itens estéreis sobre 
o campo estéril. Vista o avental, máscara, óculos protetores e luvas estéreis; 
➢ Usando a fita métrica estéril, corte a extremidade distal do cateter 
conforme as recomendações e orientações específicas do fabricante, usando o 
equipamento fornecido pelo fabricante. 
➢ Adotando a técnica estéril, retire 5 ml de soro fisiológico a 0,9% e irrigue 
o equipo de extensão e a tampa; 
➢ Retire a agulha da seringa. Conecte a seringa ao cubo do cateter e 
faça sua irrigação; 
➢ Faça antissepsia do local de inserção com três bolinhas de algodão 
embebidas em álcool a 70% ou outra solução antimicrobiana. A partir do local de 
inserção do cateter faça movimentos circulares por cerca de 15 cm. Deixe a área 
secar. Certifique-se de não ter tocado o local em que deverá ser efetuada a 
inserção; 
➢ Retire a luva e aplique o garrote cerca de 10 cm acima da fossa 
antecubital; 
➢ Calce um novo par de luvas estéreis. Em seguida coloque o campo 
fenestrado estéril. Aplique uma gaze sobre o garrote; 
➢ Estabilize a veia do paciente. Insira o introdutor do cateter a um ângulo 
de 10º, diretamente na veia; 
➢ Depois da penetração bem-sucedida da veia, verifique o refluxo do 
sangue na câmara de refluxo. Sem mudar a posição da agulha, avance 
176 
 
 
suavemente a bainha plástica do introdutor, até a certeza de que a agulha está 
bem no interior da veia; 
➢ Cuidadosamente, recue a agulha, enquanto mantém imóvel o 
introdutor. Para reduzir ao mínimo a perda de sangue, faça pressão com o dedo 
sobre a veia em um local imediatamente além da extremidade distal da bainha 
do introdutor; 
➢ Usando uma pinça estéril, insira o cateter na bainha introdutora, 
avançando-o por cerca de 5 a 10 cm no interior da veia; 
➢ Retire o garrote usando compressa de gaze; 
➢ Quando o cateter já tiver avançado até o ombro, vire a cabeça do 
paciente na direção do braço, puncionado e fazer com que o queixo repouse no 
peito. Essa manobra ocluirá a veia subclávia; 
➢ Avance o cateter até que restem cerca de 10 cm. Em seguida, retire a 
bainha introdutora fora da veia, afastando-a do local da venipunção; 
➢ Segure as aletas da bainha introdutora, flexionando-as na direção da 
extremidade distal, para partir a bainha; 
➢ Tracione as aletas (em um movimento de afastamento)para longe do 
cateter, até que a bainha tenha sido completamente separada. Descarte a 
bainha; 
➢ Continue a avançar o cateter até que tenha sido completamente 
inserido. Lave com SF 0,9% seguido de solução de heparina; 
➢ Com o braço do paciente abaixo da altura do coração, retire a seringa. 
Conecte o equipo de extensão no cateter; 
➢ Coloque a gaze estéril diretamente sobre o local e, sobre a gaze, um 
curativo semipermeável transparente estéril. Deixe o curativo no local por 24 
horas; 
177 
 
 
➢ Depois das primeiras 24 horas, aplique um novo curativo 
semipermeável transparente estéril diretamente sobre o cateter, não há mais 
necessidade da compressa de gaze. 
Administração de Medicamentos: 
A ponta do cateter PICC deve estar localizada na veia cava. A ponta do 
cateter pode ser determinada radiologicamente, devendo ser registrado o 
procedimento no prontuário do cliente antes de iniciar sua utilização. Além disso, 
deve-se obter intermitentemente confirmação radiológica, pois o cateter não será 
mais considerado central, se estiver localizado fora da veia cava, nesse caso 
deve se considerar a necessidade de acesso central e então considerar a 
possibilidade de retirar o cateter e passar um novo. 
➢ Tal como ocorre em todo acesso venoso, certifique-se de ter verificado 
o retorno sanguíneo e lave com soro fisiológico a 0,9% antes de administrar 
algum medicamento por meio do PICC; 
➢ Pince o equipo e conecte a seringa vazia a tubulação. Solte a pinça e 
aspire lentamente, para verificar o retorno venoso. Irrigue com 3 ml de soro 
fisiológico a 0,9% em uma seringa de 10 ml. Em seguida administre o 
medicamento prescrito; 
➢ Depois da administração do medicamento, lave novamente com 3 ml 
de soro fisiológico. Lembre-se sempre de irrigar o cateter entre uma e outra 
infusão medicamentosa; 
 
Troca de Curativo: 
➢ Troque o curativo a intervalos de 3 a 7 dias, e mais frequentemente se 
o curativo tiver sua integridade comprometida; 
➢ Opte por um curativo semipermeável transparente, que possibilita a 
transpiração e o monitoramento do sítio de punção. Sempre utilizando técnica 
estéril; 
178 
 
 
➢ Lave as mãos e prepare o material necessário. Posicione o cliente com 
o braço estendido e afastado do corpo a ângulo de 45 a 90º, de modo que o local 
de inserção se situe abaixo da altura do coração. Com isso, reduz-se ao mínimo 
o risco de embolia gasosa; 
➢ Abra um pacote de luva estéril e utilize a parte interna do pacote como 
campo estéril. Em seguida abra o curativo estéril depositando-o sobre o campo. 
Calce luvas limpas e retire o curativo antigo do cateter, mantendo o polegar 
esquerdo sobre o cateter e esticando o curativo paralelamente à pele, para 
impedir que o cateter sofra deslocamento; 
➢ Calce luvas estéreis. Faça a antissepsia do local da inserção do cateter 
com três bolinhas de algodão embebidas em álcool, iniciando no local da 
inserção em movimentos circulares a partir deste ponto. Repita três vezes este 
procedimento com bolinhas embebidas em iodopovidona. Deixe secar; 
➢ Aplique cuidadosamente o curativo. Prenda o tubo à borda do curativo 
sobre o esparadrapo. 
 
Remoção do PICC: 
➢ O PICC será removido assim que o tratamento tiver sido concluído, se 
o cateter sofrer algum dano ou se ocorrer quebra ou se ocorrer oclusão. Meça o 
cateter depois da remoção, como garantia de que todo o cateter foi retirado; 
➢ Disponha o equipamento necessário ao lado da cama do cliente; 
➢ Lave as mãos. Coloque um campo por baixo do braço do paciente, 
para proteção da cama; 
➢ Retire o esparadrapo que está prendendo o tubo de extensão. Abra 
duas compressas de gaze estéril sobre uma superfície plana e limpa. Calce luvas 
limpas e estabilize o cateter com uma das mãos. Sem mexer no cateter use a 
outra mão para retirar o curativo, puxando-o na direção do local da inserção; 
➢ Retire o cateter com pressão suave e contínua. O mesmo deve ser 
retirado com facilidade, se houver resistência interrompa o procedimento, 
179 
 
 
aplique ligeira pressão no cateter, movendo-o levemente. Se ainda houver 
resistência após a segunda tentativa de retirar o cateter informe ao médico à 
dificuldade e aguarde instruções; 
➢ Depois da remoção bem-sucedida aplique pressão manual no local de 
inserção utilizando gaze estéril durante 1 minuto; 
➢ Meça e inspecione o cateter, se qualquer parte partiu durante a 
remoção notifique o fato imediatamente ao médico e monitore sinais de angústia 
no paciente; 
➢ Cubra o local de inserção com compressa de gaze estéril e fixe com 
esparadrapo. Reorganize o material e lave as mãos. 
Considerações Especiais: 
➢ Lembre-se que a enfermeira ou o médico provavelmente irá aplicar o 
PICC na veia cava superior; 
➢ Para os pacientes com terapia intermitente o cateter deverá ser lavado 
após cada utilização com soro fisiológico a 0,9% e solução de heparina; 
➢ Para cateteres que não estão sendo utilizados deve-se lavá-lo com 
solução de heparina a cada 12 horas, a fim de manter o mesmo permeável; 
➢ Deve-se adicionar um equipo de extensão ao cateter, de modo que 
possa iniciar e interromper as infusões em um ponto afastado do local de 
inserção; 
➢ A infusão de sangue ou outros hemoderivados deve ser realizado 
somente com cateteres de pelo menos 18G; 
➢ Avalie a cada 24 horas o local de inserção do cateter por meio do 
curativo semipermeável transparente. Observando o cateter e o trajeto do 
mesmo, procurando por sangramento, rubor, infiltração e edema. 
 
 
180 
 
 
Complicações: 
➢ A terapia com PICC causa menos complicações e em menor gravidade 
que a terapia venosa central convencional; 
➢ Provavelmente a complicação mais comum é a quebra do cateter 
durante a remoção; 
➢ A oclusão do cateter também é uma complicação comum; 
➢ A embolia gasosa é sempre um risco potencial da venopunção, porém 
representa menos perigo em comparação com a terapia venosa central 
convencional, porque o cateter é inserido abaixo da linha do coração; 
➢ Se a irrigação for efetuada com excessivo vigor, poderá ocorrer a 
migração da ponta do cateter. 
 
Registros: 
➢ Anote o procedimento, inclusive qualquer problema que venha 
acontecer durante a colocação do mesmo; 
➢ Anote o diâmetro, o comprimento e o tipo de cateter, além da 
localização da inserção. 
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA CATETERIZAÇÃO 
UMBILICAL 
Rotina: 
➢ O profissional de enfermagem auxilia o médico durante o 
procedimento. 
➢ Realizar a mensuração da distância ombro/umbigo para posterior 
avaliação e inserção do cateter umbilical; 
➢ Solicitar o RX após o procedimento para a localização do cateter. 
 
181 
 
 
Material: 
➢ Bandeja de pequena cirurgia infantil 
➢ 01 par de luvas estéril; 
➢ 01 frasco de soro fisiológico heparinizado; 
➢ 01 agulha 25x07; 
➢ 01 agulha 40x12; 
➢ 02 seringas de 3 ou 5 ml; 
➢ 02 torneirinhas descartáveis estéreis; 163 
➢ 01 lâmina de bisturi n° 24 
➢ 02 cateteres umbilicais (ver o calibre dos cateteres); 
➢ 02 fios de nylon 5.0; 
➢ 01 seringa de 10 ml preenchidos com soro fisiológico 0,9%; 
➢ Solução antisséptica; 
➢ Foco de luz. 
 
Procedimento: 
➢ Providenciar todo o material e levá-lo a unidade; 
➢ Colocar o RN em decúbito dorsal, imobilizando os membros superiores 
e inferiores; 
➢ Auxiliar o médico a se paramentar; 
➢ Oferecer ao médico todo material necessário para o procedimento; 
➢ Identificar por escrito o cateter venoso e arterial, se caso for os dois; 
➢ Realizar curativo aberto, caso esteja sangrante ocluí-lo; 
182 
 
 
➢ Recolher o material e recompor a unidade; 
➢ Proceder às anotações de enfermagem em impresso próprio. 
 
CURATIVO DO CATETER UMBILICAL 
 
Norma: 
➢ O curativo do cateter umbilical deve ser feito na técnica asséptica a 
cada troca de fraldas. No caso de deslocamento do cateter, NUNCA 
REINTRODUZIR. 
 
Material: 
➢ Pacote de curativo; 
➢ Álcool a 70%. 
 
Rotina: 
➢ Observar e anotar as condiçõesda pele ou presença de secreção no 
local; 
➢ Na presença de secreção ou sinais flogísticos, o médico deverá ser 
solicitado para avaliar o local da inserção; 
183 
 
 
➢ Ao retirar o cateter, enviar a ponta para cultura e antibiograma; 
➢ Anotar o resultado no livro de registro de cultura do setor. 
 
CURATIVO OCLUSIVO DE CATETER VENOSO 
CENTRAL 
 
Norma: 
➢ O curativo de cateter venoso central deverá ser feito, seguindo a 
técnica asséptica, sendo trocado a cada 48 horas; 
➢ No caso de deslocamento do cateter. NUNCA REINTRODUZIR. 
 
Rotina: 
➢ Observar e anotar as condições da pele e/ou presença de secreção no 
local da inserção; 
➢ Na presença de sinais de infecção, o cateter deve ser retirado e a ponta 
enviada para cultura. 
 
Material: 
➢ 01 pacote de curativo; 
➢ 01 frasco de solução fisiológica 0,9%; 
➢ Solução antisséptica quando indicada; 
➢ 01 gaze pique; 
184 
 
 
➢ Esparadrapo; 
➢ Benzina; 
➢ Solução de benjoim. 
 
Procedimento: 
➢ Reunir o material; 
➢ Lavar as mãos; 
➢ Abrir o pacote com técnica asséptica; 
➢ Retirar o esparadrapo com benzina; 
➢ Proceder ao curativo com técnica asséptica; 165 
➢ Ocluir o curativo e anotar a data; 
➢ Reunir o material e encaminhar para o expurgo; 
➢ Fazer as anotações de enfermagem. 
 
SONDAGEM VESICAL NO RN 
Normas: 
➢ A sondagem vesical deverá ser realizada mediante prescrição médica; 
➢ Nunca utilizar a mesma seringa para injetar xilocaína e água destilada; 
➢ A sonda vesical de demora é trocada quando houver urocultura positiva 
ou por indicação médica; 
➢ O controle de urocultura do paciente sondado é feito pela observação 
dos sinais clínicos do mesmo; 
➢ O cateterismo vesical é realizado pelo enfermeiro. 
 
185 
 
 
Rotina: 
➢ Realizar higiene íntima com água e sabão; 
➢ Anotar no relatório de enfermagem a cor, aspecto, odor e volume da 
urina drenada, verificar a densidade urinária. 
 
Material: 
➢ 01 bandeja de cateterismo vesical; 
➢ 01 par de luvas estéreis; 
➢ 01 sonda de foley n° 08; 
➢ PVPI tópico; 
➢ Xilocaína geleia; 
➢ 01 agulha 40x12; 
➢ 01 bolsa coletora sistema fechado; 
➢ 01 seringa descartável de 05 ou 10 mL. 
 
Procedimento: 
➢ Reunir o material; 
➢ Lavar as mãos; 
➢ Fazer a higiene íntima; 
➢ Posicionar o RN - feminino: posição litotômica; masculino: decúbito 
dorsal; 
➢ Abrir o pacote de cateterismo vesical; 
➢ Colocar o PVPI tópico na cúpula; 
➢ Abrir a seringa, sonda, agulha e colocá-lo dentro do campo estéril; 
186 
 
 
➢ Calçar as luvas; 
➢ Testar o balonete da sonda; 
➢ Aspirar à água destilada para insuflar o balonete; 
➢ Proceder à antissepsia com PVPI tópico com movimentos firmes, 
unidirecionais transversos da esquerda para direita, trocando as gazes a cada 
movimento; 
➢ Proceder à antissepsia na face interna da coxa, iniciando do mais 
distante para o mais próximo, de cima para baixo até a região inguinal; 
➢ Feminino: afastar os grandes lábios com uma das mãos e com a outra 
pegar a pinça e proceder à antissepsia nos pequenos lábios, em seguida limpar 
o meato urinário; 
➢ Masculino: pegar o pênis com uma gaze e passar o antisséptico por 
todo o corpo do mesmo, afastando o prepúcio e limpar a glande, em seguida o 
meato urinário; 
➢ Deixar a pinça sobre o campo do pacote; 
➢ Colocar o campo fenestrado; 
➢ Visualizar o meato urinário; 
➢ Colocar a cuba rim sobre o campo fenestrado; 
➢ Lubrificar a sonda com xilocaína gel (feminino), ou injetar uma pequena 
quantidade de xilocaína (masculino); 
➢ Introduzir a sonda; 
➢ Deixar drenar a urina; 
➢ Insuflar o balonete da sonda com água destilada; 
➢ Tracionar a sonda até que se encontre resistência; 
Conectar a extensão a bolsa coletora. 
187 
 
 
Obs.: Em RNs prematuros extremos que necessitam de uma sondagem 
vesical é utilizada uma sonda de alívio no lugar da foley, por não ter uma 
numeração menor de sonda, sendo improvisada com sonda de aspiração n° 4 
ou 6 conforme tamanho do RN. É utilizada como bolsa coletora o equipo de 
bureta. A fixação da sonda é feita com micropore. 
FOTOTERAPIA 
É uma das modalidades terapêuticas mais frequentemente usadas em 
neonatologia. Seu mecanismo de ação é a utilização da energia luminosa na 
transformação da bilirrubina em produtos mais hidrossolúveis que podem então 
ser eliminados pelos rins ou fígado sem sofrerem modificações metabólicas. 
Não há dúvidas com relação à eficácia da fototerapia como meio de 
prevenir ou tratar a hiperbilirrubinemia moderada do Rn. Ela modifica o curso da 
doença, reduzindo a necessidade da exsanguinotransfusão. 
A eficácia da fototerapia depende de uma série de fatores presentes antes 
do início do tratamento, como a concentração inicial de bilirrubina, superfície 
corpórea exposta a luz, dose de irradiância emitida e tipo de luz utilizada. 
Norma: 
A fototerapia é um tratamento feito pela luz convencional, halógena ou 
fibra ótica. 
Material: 
➢ Venda apropriada (de cor azul); 
➢ Aparelho de fototerapia; 
➢ Radiômetro. 
Procedimento: 
➢ Lavar as mãos; 
➢ Providenciar o aparelho de fototerapia; 
➢ Despir totalmente o RN, 
188 
 
 
➢ Proteger os olhos com a venda azul; 
➢ Manter limpa a superfície de acrílico e a proteção do dispositivo da 
fototerapia; 
➢ Colocar o aparelho de fototerapia na distância de 45 cm do RN; 
➢ Ligar o aparelho e medir a intensidade da luz com o radiômetro; 
➢ Realizar mudança de decúbito e verificar SSVV a cada 3 horas, com 
atenção especial à temperatura; 
➢ Realizar balanço hídrico rigoroso; 
Interromper a fototerapia no período em que a mãe pode estar junto com 
o bebê e durante a amamentação, removendo a proteção ocular para permitir a 
interação mãe-filho; 
➢ Controlar a bilirrubinemia por meio de exame de sangue a cada 12 ou 
24 horas, até um dia após o término da fototerapia, a fim de detectar o efeito 
rebote dos níveis de bilirrubina; 
➢ Trocar as lâmpadas sempre que a irradiância estiver baixa, verificar 
utilizando o radiômetro. 
EXSANGUINOTRANSFUSÃO 
 
É o tratamento padrão para os recém-nascidos nos quais os tratamentos 
com fototerapia e farmacológico falharam, expondo a criança ao risco de 
Kernicterus. 
Indicações: 
➢ Na incompatibilidade ABO ou RH, faz-se necessário substituir 
eritrócitos sensibilizados; 
➢ Na hiperbilirrubinemia, remove-se a bilirrubina indireta e faz-se a 
correção da anemia; 
189 
 
 
➢ No recém-nascido hidrópico com história de sensibilidade materna, faz-
se a correção da policitemia. 
Objetivos: 
➢ Baixar rapidamente o nível sérico da bilirrubina; 
➢ Remover o excesso de bilirrubina do espaço extravascular; 
➢ Reduzir, pelo menos parcialmente os níveis de anticorpos circulantes 
dos recém-nascidos pela troca por plasma fresco; 
➢ Substituir e repor as hemácias dos recém-nascidos; 
➢ Prevenir Kernicterus. 
Material: 
➢ Berço aquecido; 
➢ Monitor cardíaco; 
➢ Oxímetro de pulso; 
➢ Aparelho de PA; 
➢ Respirador artificial; 
➢ Material para intubação (incluindo ambu); 
➢ Medicamentos de urgência. 
 
Material para cateterização umbilical: 
Avental cirúrgico estéril, máscara e gorros descartáveis, campo estéril, 
torneirinha 3 vias, luvas estéreis; 
➢ 01 Equipo de sangue; 
➢ 02 Seringas de 10 e 20 ml; 
➢ Solução antisséptica; 
190 
 
 
➢ Gluconato de cálcio; 
➢ Tubos para coleta de exames laboratoriais; 
➢ Eletrodos para monitorização cardíaca e temperatura; 
➢ Ficha para exsanguinotransfusão; 
➢ Frasco coletor para o sangue desprezado; 
➢ Bandeja de pequena cirurgia infantil; 
➢ Solução de heparina. 
Procedimento: 
➢ Lavar as mãos e preparar o material; 
➢ Obter consentimento dos pais para o procedimento e administração de 
sangue; 
➢ Colher ou auxiliar na coleta dos exames laboratoriais pré-
procedimento; 
➢ Requisitar o sangue ao Banco de Sangue de acordo com a prescrição 
médica; 
➢ Colocar o RN no berço aquecido, mantendo a temperatura 
termoneutra; 
➢ Instalar o monitor cardíaco, oxímetro de pulsoe PA; 
➢ Conferir o sangue a ser transfundido, checar o nome do paciente, tipo 
sanguíneo do doador; 
➢ Colher a amostra de sangue da bolsa a ser transfundida; 
➢ Deixar o sangue aquecer a temperatura ambiente; 
➢ Imobilizar as extremidades do paciente; 
➢ Auxiliar o médico na cateterização umbilical; 
191 
 
 
➢ Verificar SSVV, PA cor e perfusão das extremidades antes de iniciar o 
procedimento e a cada 15 min durante o procedimento; 
➢ Anotar a cada saída e entrada de sangue na ficha de 
exsanguinotransfusão, em voz alta, verbalizando com o médico a quantidade de 
cada saída e entrada; 
➢ Administrar gluconato de cálcio a cada 100 ml de sangue transfundido 
de acordo com a prescrição médica; 
➢ Agitar a bolsa de sangue do doador gentilmente a cada 5 min; 
No final do procedimento obter uma amostra de sangue de acordo com a 
prescrição; 
➢ Verificar os SSVV de 30/30 min por duas horas e após este período 
fazer de acordo com a rotina; 
➢ Avaliar nível de glicose imediatamente após o procedimento, 1 hora, 2 
horas e 4 horas após o procedimento; 
➢ Obter nível de hematócrito 4 horas após procedimento conforme 
solicitação médica; 
➢ Observar estado geral do paciente. 
 
SURFACTANTE 
 
O surfactante é uma lipoproteína, encontrada na parte distal das vias 
aéreas e nos alvéolos dos pulmões normais. Este fluido contribui para a 
manutenção da tensão nos pulmões, aumenta a complacência pulmonar e 
promove a estabilidade alveolar. 
 
 
 
192 
 
 
Norma: 
➢ A terapia de reposição do surfactante é utilizada principalmente para 
os RNs prematuros com peso menor que 1000g com estresse respiratório, sinais 
radiológicos de DMH; 
➢ Ideal que se use a 1° dose com menos de 3 horas de vida, podendo 
ser utilizada com até 72 horas de vida; 
➢ Realizar em paciente intubado. 
Material: 
➢ Sonda de aspiração nº 04 ou 06; 
➢ Luvas estéreis e luva plástica; 
➢ Seringas de 3 ml; 
➢ 01 agulha 40x12; 
➢ Ambu; 
➢ Surfactante em temperatura ambiente. 
 
Procedimento: 
➢ Lavagem das mãos; 
➢ Aspirar ao paciente antes do procedimento; 
➢ Conectar o ambu a rede de oxigênio; 
➢ Calçar as luvas estéreis; 
➢ Preparar o surfactante na seringa, conectando-a na sonda; 
➢ Posicionar o paciente em decúbito ventral, introduzir a sonda no TOT 
até sentir resistência, injetar o conteúdo do surfactante, manter a sonda dentro 
do TOT, desconecte e reconecte a seringa injetando somente ar para empurrar 
a medicação; 
193 
 
 
➢ Retirar a sonda com a seringa e ventilar com ambu no mínimo por 30 
segundos; 
➢ Depois de feito o surfactante, observar a Sat O2 e comunicar ao médico 
sobre os parâmetros do respirador; 
➢ Anotar o horário e a data do procedimento; 
➢ Não aspirar por 3 horas; 
➢ Realizar o RX após 6 horas; 
➢ Reorganizar a unidade do paciente; 
➢ Proceder a anotações habituais no prontuário do paciente. 
 
COLHEITA DE SANGUE CAPILAR 
Norma: 
➢ Deve ser feita em região calcânea lateral. 
Material: 
➢ Algodão; 
➢ Agulha 13/4,5; 
➢ Luvas de procedimento; 
➢ Aparelho de glicemia capilar. 
Procedimento: 
➢ Lavar as mãos; 
➢ Calçar as luvas; 
➢ Posicionar o pé do RN; 
➢ Massagear o calcanhar a ser puncionado; 
194 
 
 
➢ Puncionar, provocando o sangramento; 
➢ Preencher a fita conforme indicação; 
➢ Comprimir o local da punção e aguardar a hemostasia; 
➢ Posicionar o RN no leito; 
➢ Desprezar a agulha no recipiente perfurocortante; 
➢ Retirar luvas e lavar as mãos; 
➢ Anotar resultados na folha de controles. 
 
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA TERAPÊUTICA 
TRANSFUSIONAL 
 
Norma: 
➢ Verificar atentamente a prescrição médica (tipo de hemoderivado, bem 
como, a quantidade e horários prescritos); 
➢ Solicitar o hemoderivado ao Banco de Sangue em impresso próprio, 
corretamente preenchido, assinado e carimbado pelo médico. 175 
➢ Não adicionar medicações ou soluções parenterais ao 
sangue/hemoderivados; 
➢ O funcionário do Banco de Sangue fica responsável pela tipagem 
sanguínea e teste de compatibilidade sanguínea. 
 
Rotinas: 
➢ Lavar as mãos; 
195 
 
 
➢ Assegurar acesso venoso único, se possível, com cateter de grosso 
calibre. Se não for possível, após autorização médica, assegurar acesso venoso 
exclusivo interrompendo outra infusão temporariamente; 
➢ Verificar e anotar SSVV anteriormente a hemotransfusão e atentar para 
possíveis sinais de reações transfusionais; 
➢ Conferir atentamente o rótulo da bolsa e o RN (nome, prontuário, tipo 
de hemoderivado e data); 
➢ O tempo de infusão varia de acordo com o estado clínico do RN e o 
tipo de hemoderivado, não devendo exceder a 04 horas; 
➢ Proceder às anotações cabíveis no prontuário do paciente; 
➢ Realizar registro no livro destinado ao controle de transfusões 
sanguíneas da unidade. 
 
ISOLAMENTO 
É definido como o conjunto de medidas adotadas para fazer uma barreira 
que impeça a disseminação de agentes infecciosos de um paciente para outro, 
para os visitantes ou para o meio ambiente. Está indicado nas doenças 
transmissíveis, em situações definidas e, apenas durante o período de 
transmissibilidade das doenças. 
Norma: 
Para todo paciente que necessite de isolamento deve-se: 
➢ Orientar os familiares antes da admissão quanto ao tempo de 
internação em isolamento, cuidados e medidas de biossegurança. 
➢ Proibir visitas aos pacientes isolados. 
➢ Os prontuários e papeleta do paciente não devem ser levados para 
dentro da área de isolamento. 
➢ A mobília da área de isolamento deve ser mínima. 
196 
 
 
➢ O material de consumo deve ser individualizado e devidamente 
calculado para se evitar sobras. 
➢ A roupa de cama do paciente deve ser delicadamente retirada e 
enviada para a lavanderia em saco duplo. 
➢ Objetos de uso pessoal devem ser desinfetados, utilizando-se água, 
sabão e álcool a 70%. 
Em 1996 foi publicado um Sistema de Precauções unindo todos os 
sistemas estudados e revisados anteriormente, baseando-se nas seguintes 
orientações: 
➢ Precauções Padrão ou Universal; 
➢ Precauções Baseadas na Rota de Transmissão; 
➢ Precauções Empíricas; 
 
PRECAUÇÕES PADRÃO OU UNIVERSAL 
Recomenda-se que um sistema de precauções padrão ou universal seja 
adotado por todos os profissionais de saúde envolvidos na assistência aos 
pacientes atendidos em instituições de saúde, independente da doença 
inicialmente diagnosticada. 
 
Protocolo: 
➢ Lavar as mãos; 
➢ Utilizar luvas para: manipulação de sangue e outros fluidos corporais, 
manipulação de membranas mucosas ou pele não íntegra, procedimentos em 
equipamentos ou superfície contaminada com sangue ou outros fluidos 
corporais, venopunção, punção arterial e outros pacientes de acesso vascular; 
197 
 
 
➢ Utilizar avental fechado sobre roupas de uso comum quando houver 
contato direto com o paciente, principalmente se houver risco de contaminação 
pelo contato com sangue ou outros fluidos corporais; 
➢ Usar máscaras e óculos quando houver risco de contaminação de 
mucosas de face por respingos de sangue ou outros corporais; 
➢ Evitar exposição acidental a perfurocortantes. 
 
PRECAUÇÕES CONFORME ROTA DE 
TRANSMISSÃO PRECAUÇÕES DE CONTATO: 
 
Indicada no cuidado de pacientes com infecção conhecida ou suspeita de 
importância epidemiológica, que seja transmitida pelas mãos ou pele, tais como 
infecção ou colonização por agentes multirresistentes. 
 
Protocolo: 
➢ Protocolo de precaução de contato; 
➢ Quarto individualizado para o paciente; 
➢ Equipamentos individualizados; 
➢ Desinfecção e esterilização conforme a rotina. 
 
PRECAUÇÕES EM TRANSMISSÃO DE VIA AÉREA: 
 
Pacientes com suspeita ou confirmação de doenças que se transmite pelo 
ar, com partículas menores que 5 micras, as quais ficam suspensas no ar e são 
transmitidas a longas distâncias. 
 
 
 
198 
 
 
Protocolo: 
➢ Protocolo de precauções universais; 
➢ Quarto isolado com porta fechada; 
➢ Equipamentos de proteção respiratória; 
➢ Uso de máscara no paciente,na necessidade de transporte. 
 
PRECAUÇÕES COM PARTÍCULAS (GOTÍCULAS) 
 
Pacientes com infecção suspeita ou reconhecida de importância 
epidemiológica, e que seja transmitida pelas gotículas de orofaringe, com 
partículas maiores que 5 micra e a transmissão via aérea é mais curta. 
 
Protocolo: 
➢ Protocolo de precauções padrão e universal; 
➢ Pessoas susceptíveis não devem entrar no quarto; 
➢ Quarto individualizado para o paciente; 
➢ Uso de máscara no paciente, na necessidade de transporte. 
 
PRECAUÇÕES EMPÍRICAS 
 
Devem ser tomadas no caso de suspeita de determinadas infecções, 
adotando a precaução por rota de transmissão específica assim que possível. 
 
Protocolo: 
 
➢ Colocar telas de proteção nas janelas e portas em zonas endêmicas; 
199 
 
 
➢ No caso de varicela deve ser mantido isolamento até que todas as 
lesões se transformem em crostas; 
➢ Iniciar precauções na suspeita de tuberculose, suspender o isolamento 
quando o paciente estiver em terapia efetiva, com melhora clínica e possuir três 
exames bacteriológicos de escarro negativos em três dias consecutivos. 
A medida preventiva mais importante na transmissão de doenças é 
certamente a lavagem correta das mãos, esteja ou não o paciente infectado, 
seguido do conhecimento sobre as principais rotas de transmissão das doenças, 
que determinarão o uso de Equipamentos de Proteção Individual. 
 
PROTOCOLO DE INTERVENÇÃO MÍNIMA 
 
Tem como objetivo a retirada de estímulos nocivos, a maioria pode passar 
despercebido pelos profissionais de saúde, e é utilizado para prevenir a 
ocorrência de Hemorragia Intraventricular no RNPT. 
 
Indicação: 
Para todo RN < 1.250 gramas (especialmente os RN < 1000g), entubado 
ou com menos de 30 semanas de IG, nos primeiros três dias de vida. Os RN 
com evidência de hemorragia na ultrassonografia devem ser mantidos o 
protocolo por cinco dias ou mais. 
 
Medidas: 
➢ O RN criticamente doente não deve tomar banho. A higiene deve ser 
feita somente com óleo de girassol. 
➢ Banho completo após a 1ª semana de vida. 
➢ Peso 1 vez ao dia. Se o RN estiver instável não pesar. 
200 
 
 
➢ Manter o RN aninhado no leito, sempre que possível, em posição fetal. 
➢ Cuidados com o ambiente: 
 
1. A iluminação excessiva é um estímulo nocivo e pode contribuir à 
alteração do padrão do sono. Quando períodos de claridade são alternados com 
períodos de penumbra os RN são beneficiados, como mostra a curva de ganho 
de peso, o aumento do tempo de sono e a diminuição do tempo de alimentação. 
Idealmente os RN suscetíveis aos estímulos nocivos do meio ambiente (p. ex. 
hipertensão pulmonar persistente) devem ser cuidados separadamente em sala 
silenciosa e com pouca luz; 
2. Manter penumbra à noite e redução de ruídos externos. 
➢ Evitar o uso de eletrodos e realizar a monitorização através de 
oximetria e PA. A utilização de eletrodos deve ter indicação clínica precisa (ex.: 
monitorização de apneia). 
➢ Retirar os eletrodos e outros dispositivos com paciência, utilizando 
gaze e benzina. 
➢ Minimizar o uso de adesivos e esparadrapos. Sua remoção deve ser 
cuidadosa com gaze umedecida com benzina. 
➢ Manter o monitor de oxímetro de pulso para avaliação de episódios de 
hipoxemia e hiperoxemia. 
➢ Manter acesso venoso umbilical. Se o RN possuir indicação clínica 
realizar o cateterismo umbilical arterial, com sua retirada após a resolução da 
fase aguda do desconforto respiratório. 
➢ Quando houver necessidade de colher gasometria arterial dar 
preferência aos pontos periféricos de coleta (radial, tibial posterior, pediosa e 
braquial). Não realizar coleta arterial em região femoral. Iniciar dieta não nutritiva 
com uma gaze enrolada e embebida em 181 glicose a 25% ou 50% sobre as 
papilas gustativas, 30 minutos antes da coleta. Mantê-lo retificado e com uma 
das mãos próxima ao rosto, esse conjunto de intervenções minimiza o stress. 
201 
 
 
➢ Realizar glicemia capilar (dextro) pelo sangue do cateter de artéria ou 
veia umbilical a cada 6 horas nas primeiras 24 horas. Após, de 12/12 horas até 
a alimentação. 
➢ Utilizar solução de heparina manter a permeabilidade do cateter, 
sempre após sua utilização. 
➢ Não aspirar rotineiramente a TOT. Aspirar a TOT somente quando 
clinicamente necessário (ausculta de secreção ou visualização no TOT). 
➢ Otimizar o manuseio de forma que se aproveite um momento para a 
realização das medidas necessárias, minimizando ao máximo manuseio 
desnecessário. Programar a cada 4 horas o manuseio do RN, realizado todos os 
procedimentos de enfermagem, de coleta de exames em um mesmo horário. 
➢ Dar preferência, sempre que possível, ao decúbito ventral. 
1. A posição supina deve ser evitada se possível. Essa posição, que é 
comumente usada no RN entubado, pode levar ao aumento do tônus muscular, 
hiperextensão da cabeça, pescoço e ombros. Se o RN estiver em posição 
supina, a cabeça deve ser mantida discretamente fletida para baixo e "rolos" 
devem ser colocados sob os joelhos e nas laterais do paciente. 
2. Os RN ventilados, a posição prona tem mais vantagens porque estimula 
a flexão, acalma e ativa o sono do bebê. Esta posição também melhora a 
saturação de O2, aumenta o volume corrente e minuto e diminui o trabalho 
respiratório. Melhora o esvaziamento gástrico e diminui o refluxo GE. 
 
 
 
 
 
 
 
202 
 
 
FIXAR NA INCUBADORA 
 
É importante o estímulo para visitação, contato, participação nos cuidados 
e interação dos pais com os seus bebês, pois esses procedimentos auxiliam na 
diminuição da mortalidade, morbidade, tempo de internação e índice de 
abandono. 
 
PROTOCOLO MÉTODO CANGURU 
 
“Método Canguru” é um tipo de assistência neonatal que implica contato 
pele a pele precoce entre a mãe e o recém-nascido de baixo peso. De forma 
crescente e pelo tempo que ambos entenderam ser prazeroso e suficiente, 
permitindo, dessa forma, uma maior participação dos pais no cuidado ao seu 
recém-nascido. É baseado em um profundo respeito pelos processos naturais e 
pela capacidade própria da mãe. 
O programa foi criado com a finalidade de aumentar o vínculo mãe-filho, 
reduzir o tempo de separação entre ambos, evitando longos períodos sem 
estímulo sensorial; estimular o aleitamento materno; aumentar a confiança dos 
pais no manuseio do seu filho de baixo peso e sua competência em manipulá-lo 
mesmo após a alta hospitalar; melhorar o controle térmico do RN; melhorar o 
relacionamento da família com a equipe de saúde e menor permanência 
hospitalar. 
203 
 
 
 
É um processo de livre escolha da família, de forma crescente, segura e 
acompanhado de suporte assistencial por uma equipe de saúde adequadamente 
treinada. Mães e pais deverão ter contato com o seu filho o mais precoce e 
receber adequada orientação para participar do programa. O pai terá livre acesso 
à unidade e será estimulada sua participação com a equipe de saúde. 
A posição canguru consiste em manter o recém-nascido de baixo peso, 
ligeiramente vestido, em decúbito prono, na posição vertical, entre os seios de 
sua mãe, assim permanecendo pelo tempo que for necessário e possível. 
São critérios de elegibilidade: 
Da Mãe: 
➢ Certificar-se que quer participar deste tipo de assistência e se tem 
disponibilidade de tempo e que haja um serviço social de apoio. 
Assegurar que a decisão seja tomada por meio de consenso entre mãe, 
familiares e profissionais de saúde. 
➢ Capacidade de reconhecer as situações de risco do recém-nascido 
(mudança de coloração da pele, pausas respiratórias, regurgitações e 
diminuição de movimentação). 
204 
 
 
➢ Conhecimento e habilidade para a colocação da criança em posição 
canguru. 
 
Do RN: 
➢ Estabilidade clínica. 
➢ Nutrição enteral plena (peito, sonda gástrica ou copo) 
➢ Peso mínimo de 1.250g. 
➢ Ganho de peso diário maior que 15g. 
Os bebês com reflexos de sucção preservados deverão iniciar a sucção 
com a mãe previamenteorientada quanto à pega aureolar adequada e quanto 
aos sinais que o bebê pode apresentar que indicarão necessidade de interrupção 
do processo, tipo queda ou oscilação na saturação. Para que haja ganho de 
peso, deve-se garantir a amamentação a cada duas horas no período diurno 
dependendo da disponibilidade de tempo da mãe. 
As crianças que não apresentarem ganho adequado de peso devem 
realizar complementação láctea com leite posterior da própria mãe via sonda 
gástrica ou copo. 
A administração de medicação intravenosa intermitente, por meio de 
dispositivo intravascular periférico, também não contraindica a permanência em 
posição canguru. 
O RN que atingir 1500g com sucção exclusiva ao peito e ganho de peso 
adequado poderá receber alta dependendo de sua estabilidade clínica. A mãe 
deverá se mostrar psicologicamente motivada para dar continuidade na 
realização do método por 24horas/dia, amamentando o seu filho a cada duas 
horas no período diurno e a cada 3 horas no período noturno, é um compromisso 
familiar. 
 
205 
 
 
BANHO 
A pele do recém-nascido em pleno processo de adaptação a um novo 
ambiente, diferente do útero materno, mais suscetível às infecções, merecendo 
cuidados especiais de higiene e conforto. 
O primeiro banho deve ser realizado assim que os SSVV se estabilizam. 
Deve-se dar atenção à termorregulação, principalmente nas primeiras horas de 
vida, evitando expor o recém-nascido ao frio por tempo prolongado. Durante o 
banho devem ser avaliadas a integridade e coloração da pele, tônus muscular, 
reflexos e malformações. 
 
BANHO DE IMERSÃO/ASPERSÃO 
➢ O banho deve ser feito preferencialmente no período matutino, e 
quando se fizer necessário. 
➢ Somente os RNs com peso maior ou igual a 2000g podem receber 
banho de imersão; 
➢ Avaliar a temperatura do bebê antes do banho e se certificar da 
temperatura correta da incubadora. 
Material: 
 
➢ Bolas de algodão; 
➢ Hastes flexíveis de algodão; 
➢ Sabonete líquido; 
➢ Cuba do próprio berço ou local apropriado para o banho; 
➢ Fralda e cueiros limpos; 
➢ Óleo vegetal, apropriado para remoção de sujidade; 
➢ Pente ou escova individual; 
206 
 
 
➢ Luvas de procedimento; 
➢ Material para curativo do coto umbilical. 
 
Procedimentos: 
 
➢ Lavar as mãos; 
➢ Preparar o material e colocá-lo próximo ao leito ou em bancada 
apropriada previamente desinfetada com álcool 70%; 
➢ Calçar luvas de procedimento; 
➢ Regular a temperatura da água; 
➢ Manter o RN envolto no cueiro segurá-lo com um dos braços, apoiando 
as costas no antebraço; 
➢ Iniciar a higiene pela cabeça; 
➢ Higienizar a área dos olhos com algodão embebido em água, utilizando 
uma para cada olho; 
➢ Higienizar orifício nasal e pavilhão auricular com hastes flexíveis; 
➢ Lavar a cabeça com sabonete neutro, realizando movimentos 
circulares e suaves, protegendo com os dedos polegar e médio os ouvidos do 
RN; 
➢ Colocar o RN no trocador ou bancada e despi-lo completamente, 
realizando a limpeza das genitálias; 
➢ Utilizar sabonete neutro e lavar todo o corpo do bebê, com movimentos 
circulares e suaves; 
➢ Colocar o RN no trocador sobre a toalha e secá-lo com movimentos 
suaves; 
207 
 
 
➢ Colocar o RN sobre a fralda e antes de fechá-la realizar a limpeza do 
coto umbilical, utilizando gaze embebida em álcool a 70%; 
➢ Vestir o RN; 
➢ Secar a cuba do berço e posicioná-lo adequadamente em seu leito; 
➢ Reorganizar a unidade; 
 
BANHO NA INCUBADORA 
 
Existem casos em que todos os cuidados ao RN devem ser realizados no 
interior da incubadora. Expondo o mínimo possível ao frio, manipulação e outras 
complicações. 
 
Material: 
➢ Cuba-rim; 
➢ Bolas de algodão; 
➢ Hastes flexíveis de algodão; 
➢ Almotolia com álcool a 70%; 
➢ Fralda descartável; 
➢ Sabonete líquido; 
➢ Luva de procedimento; 
➢ Lençol e cueiros limpos; 
➢ Mesa auxiliar. 
 
 
208 
 
 
Procedimento: 
➢ Organizar o material; 
➢ Lavar as mãos; 
➢ Verificar a temperatura do RNe da incubadora; 
➢ Colocar água morna na cuba-rim; 
➢ Soltar o lençol do colchão; 
➢ Iniciar o banho pelos olhos, utilizando algodão embebido em água, uma 
para cada olho; 
➢ Higienizar orifício nasal e pavilhão auricular utilizando hastes flexíveis; 
➢ Lavar, enxaguar e secar a cabeça do RN; 
➢ Utilizar algodão para lavar, enxaguar e secar o braço do RN da 
extremidade para a axila; 
➢ Repetir no outro braço; 
➢ Lavar o tórax com movimentos circulares e suaves no sentido da 
cabeça para os membros, enxaguar e secar; 
➢ Colocar o RN em decúbito lateral, lavar, enxaguar e secar as costas; 
➢ Voltar em decúbito dorsal e higienizar a genitália, sempre no sentido 
Anteroposterior; 
➢ Colocar o RN na metade do colchão, retirar a roupa de cama, limpar o 
colchão utilizando álcool 70% e colocar lençol limpo; 
➢ Repetir a operação na outra metade do colchão, sempre respeitando 
normas de assepsia; 
➢ Posicionar o RN adequadamente; 
➢ Limpar a incubadora por dentro, utilizando água e sabão neutro, 
enxaguar e secar; 
209 
 
 
➢ Limpar a incubadora por fora, utilizando água e sabão neutro, enxaguar 
e secar; 
➢ Retirar o material utilizado e reorganizar a unidade; 
➢ Retirar as luvas; 
➢ Realizar anotações cabíveis. 
HIGIENIZAÇÃO COM ÓLEO DE GIRASSOL 
Somente os bebês com peso maior que 200gr e clinicamente estáveis 
deve receber banho, os demais deverão ser higienizados diariamente com óleo 
de girassol. 
Material: 
➢ Luva de procedimento; 
➢ Bola de algodão; 
➢ Hastes flexíveis de algodão; 
➢ Óleo de girassol; 
➢ Fraldas e cueiros limpos. 
Procedimento: 
➢ Lavar as mãos; 
➢ Preparar o material e colocá-lo próximo ao leito; 
➢ Verificar o estado geral da criança e a fixação da venóclise e demais 
dispositivos; 
➢ Retirar a fralda da criança; 
➢ Umidificar algodão, utilizando óleo de girassol; 
➢ Limpar o rosto do bebê com delicadeza; 
210 
 
 
➢ Realizar a limpeza corporal do RN, no sentido cefalocaudal, trocando 
o algodão sempre que necessário; 
➢ Retirar a roupa suja, proceder à assepsia do colchão utilizando álcool 
a 70%; 
➢ Forrar o colchão com lençóis e cueiros limpos; 
➢ Colocar a fralda limpa na criança; 
➢ Recompor a unidade; 
➢ Lavar as mãos; 
➢ Proceder às anotações cabíveis. 
 
LIMPEZA CONCORRENTE DA INCUBADORA 
 
Norma: 
➢ Deverá ser feita uma vez por semana ou com maior frequência se 
necessário. 
 
Material: 
➢ Água; 
➢ Sabão líquido; 190 
➢ Panos de limpeza; 
➢ Um balde com água, sabão e um balde com água limpa; 
➢ Luvas de procedimento. 
 
 
211 
 
 
Procedimento: 
➢ Lavar as mãos; 
➢ Reunir o material; 
➢ Calçar as luvas; 
➢ Abrir somente as portinholas da incubadora, colocar o RN na parte 
proximal do colchão, afastar a metade do lençol; 
➢ Com um pano úmido em água e sabão, ensaboar a metade descoberta 
do colchão; 
➢ Com um pano úmido em água limpa, retirar o sabão e secar ➢ Colocar 
um lençol limpo e posicionar o RN na parte distal do colchão e retirar o lençol 
sujo; 
➢ Repetir os itens 5 e 6, na outra metade do colchão; 
➢ Limpar a cúpula, iniciando pela parte interna, se houver presença de 
matéria orgânica, remover antes com papel absorvente; 
➢ Com um pano úmido em água e sabão, ensaboar a cúpula; 
➢ Com um pano úmido em água limpa, retirar o sabão e secar a cúpula; 
➢ Proceder à limpeza da cúpula na parte externa, conforme os itens 10 e 
11; 
➢ Arrumar o lençol no colchão e deixar o RN confortável; 
➢ Verificar se não há alguma alteração no painel da incubadora; 
➢ Retirar as luvas; 
➢ Organizar a unidade; 
➢ Lavar as mãos. 
 
212 
 
 
Obs.: O material limpo deve ser introduzido na incubadora pela portinhola 
que corresponde à cabeça do 
RN, enquanto o material sujo 
deve ser retirado pela portinhola 
que corresponde aos pés do RN. 
 
 
ALTA DO 
PACIENTE NEONATAL 
 
A necessidade de leitos hospitalares e certa pressão financeira fizeram 
com que surgisse uma tendência mundial em se dar altaprecoce à mãe e ao 
recém-nascido. 
Inicialmente a alta precoce foi estimulada acreditando-se que quanto mais 
natural o parto, maior a melhoria da qualidade; a puérpera poderia, assim, estar 
junto da sua família o mais precocemente possível, incentivando e promovendo 
o aleitamento materno. Contudo, o que 192 se tem verificado nos últimos anos 
é que essa ideologia inicial foi deturpada e a alta precoce de mães e filhos tornou-
se uma forma de reduzir custos, não acompanhada da melhoria na qualidade do 
atendimento. 
Em 1995 a Academia Americana de Pediatria, estabeleceu alguns 
critérios mínimos para que a alta precoce seja dada com maior segurança, são 
eles: 
➢ Evolução pré, intra e pós-parto sem complicações para a mãe ou para 
o recém-nascido; 
➢ RN a termo, adequado para a idade gestacional, único e parto vaginal; 
➢ Sinais vitais normais e estáveis por 12 horas; 
➢ Diurese e evacuações presentes; 
➢ Presença de pelo menos duas mamadas bem-sucedidas; 
213 
 
 
➢ Exame físico sem anormalidades que necessitem de hospitalização; 
➢ Habilidade materna aos cuidados do RN, para alimentá-lo, cuidar da 
pele e do coto umbilical, aptidão em reconhecer sinais e sintomas de problemas 
comuns nesta fase da infância – especialmente a icterícia, e que tenha noções 
de segurança da criança; 
➢ Avaliação dos fatores familiares, ambientais e de risco social, ausência 
de residência fixa, mãe adolescente, ausência de apoio social e violência 
doméstica. 
➢ Pessoal de apoio disponível para a alta familiarizado com 
amamentação e capaz de reconhecer icterícia e desidratação; 
➢ Exames laboratoriais disponíveis e revisados, incluindo sorologia 
materna, tipagem sanguínea e teste de Coombs se indicado; 
➢ Vacinação contra tuberculose e hepatite B; 
➢ Retorno em consulta médica marcada para 48 horas após a alta 
hospitalar. 
Entretanto, o tempo de permanência hospitalar pós-parto deve se basear 
nas características específicas de cada mãe e de seu RN, levando-se em conta 
a saúde de ambos, a habilidade e a segurança dos pais em cuidar do RN. A 
adequação do sistema de suporte em casa, e o acesso da mãe e de seu filho a 
um seguimento médico adequado. O momento da alta hospitalar deve ser 
decidido pelo profissional atendente em comum acordo com a mãe. 
As principais causas de reinternação dos RNs que recebem alta hospitalar 
precoce são hiperbilirrubinemia e desidratação associada à ingestão deficiente 
por via oral, devido à amamentação inadequada. A reinternação, além de causar 
ônus para a família e para a instituição e de expor o RN, muitas vezes saudável, 
ao ambiente hospitalar, causa problemas emocionais e oferece risco à 
amamentação, sendo uma das causas de desmame. 
Dessa forma, vários fatos vêm configurando-se com sinais de alerta para 
que atitudes mais firmes sejam tomadas no sentido de evitar os grandes riscos 
214 
 
 
da alta hospitalar precoce, impedindo que fatores financeiros venham a 
prejudicar a saúde desses pequenos pacientes. 
DESINFECÇÃO TERMINAL DA UNIDADE 
 
Norma: 
➢ A desinfecção terminal é feita após a alta do paciente. 
 
Material: 
➢ Álcool à 70%; 
➢ Pano limpo; 
➢ Água e sabão líquido; 
➢ Pano limpo para secar; 
➢ Balde; 
➢ Um par de luvas de procedimento. 
 
Procedimento: 
➢ Calçar luvas de procedimento; 
➢ Desmontar e acondicionar em local apropriado bombas de infusão, 
monitores e respiradores do leito; 
➢ Realizar limpeza com pano embebido em álcool a 70%; 
➢ Lavar com água e sabão a incubadora ou berço (no expurgo); 
➢ Comunicar funcionária da limpeza para proceder à lavagem do chão e 
paredes. 
 
215 
 
 
TRATAMENTO DA DOR EM UNIDADE NEONATAL 
 
O desenvolvimento das unidades de terapia intensiva neonatais tem 
proporcionado uma queda na mortalidade do recém-nascido de extremo baixo 
peso. Paralelamente à sofisticação dos recursos terapêuticos, um maior número 
de exames e procedimentos invasivos se faz necessário para garantir a 
sobrevivência desses neonatos. Então, a sobrevivência ao período neonatal tem 
um custo para o paciente, que inclui a dor. 
A dificuldade de avaliação e mensuração de dor no RN é o maior 
obstáculo de tratamento adequado de dor nesta clientela. Devido ao caráter 
subjetivo da dor, métodos multidimensionais de avaliação da dor e de suas 
interações com o ambiente se fazem necessários. Dentre as várias escalas 
existentes, as mais estudadas são as Escalas de Avaliação da Dor – NIPS, o 
Perfil de Dor do Prematuro – PIPP e o Escore para Avaliação da Dor Pós-
operatório do Recém-nascido – CRIES. 
O uso de analgésico deve ser considerado em todos aqueles recém-
nascidos portadores de doenças potencialmente dolorosas e/ou submetidos a 
procedimentos invasivos, cirúrgicos ou não. Dentre as principais situações nas 
quais se deve, ao menos, considerar a possibilidade de analgesia, destacam-se: 
pacientes com enterocolite necrosante, RN portadores de tocotraumatismo, 
como fraturas ou lacerações extensas, procedimentos dolorosos como 
drenagem torácica, intubação endotraqueal eletiva, colocação de cateteres, 
punção liquórica, procedimentos cirúrgicos de qualquer porte, pacientes 
intubados, em ventilação mecânica. 
Não exigem indicações absolutas para o uso de analgesia no período 
neonatal. A decisão a respeito do alívio da dor deve ser individualizada, mas não 
esquecida. 
É importante tentar minimizar as agressões sofridas pelos recém-
nascidos durante sua permanência nas unidades de terapia intensiva. O contato 
com os pais, especialmente o contato físico “pele a pele”, é primordial para o 
bem-estar do recém-nascido. 
216 
 
 
Recomenda-se também: controlar a incidência de luzes fortes sobre a 
criança, tentar diminuir o ruído à sua volta e racionalizar a manipulação do 
paciente, preservando o período do sono, agrupar coletas de sangue. Evitando 
múltiplas funções, utilizar sucção não nutritiva (gaze embebida com solução de 
glicose oferecida 1 ou 2 minutos antes da realização de procedimentos 
dolorosos) como medida coadjuvante para o tratamento da dor no recém-
nascido. 
A dor sentida pelo RN significa desconforto e sofrimento, podendo ter 
repercussão em longo prazo em termos de interação familiar e em termos de 
cognição e aprendizado. Assim do ponto de vista da saúde, ético e humanitário, 
a dor do recém-nascido deve ser considerada e tratada. 
 
HUMANIZAÇÃO EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA 
NEONATAL 
 
Humanizar uma unidade neonatal é transformá-la em um local onde o 
recém-nascido, mesmo em incubadora, seja manipulado pela equipe 
multidisciplinar como um ser humano. O processo de humanização começou em 
neonatologia com a implantação do sistema de alojamento e, apesar de há 
muitos anos ser conhecida a necessidade de se modificar o atendimento aos 
pais. Somente a bem pouco tempo os neonatologistas convenceram-se da 
importância de um berçário com cuidados dirigidos também aos pais e à família. 
Na interação inicial mãe-filho é o RN que conduz a mãe e ao mesmo 
tempo se “enxerga” por meio das reações maternas. Recém-nascidos a termo 
ou com doenças graves levam a uma crise familiar e a desequilíbrio emocional 
com todas as características de uma crise: impacto, período de retração e 
período pós-traumático; nesse momento qualquer auxílio traz benefícios. A 
separação imediata dos pais dos recém-nascidos pode alterar ou distorcer a 
ligação normal que deveria existir. 
217 
 
 
Avanços tecnológicos e equipes altamente especializadas não substituem 
os pais para o RN. As unidades neonatais devem ser estruturadas com a 
permanente lembrança que se lida com pequenas vidas que sentem e reagem 
como pessoas e que têm suas próprias necessidades emocionais. 
Existem alguns aspectos que devemos observar sempre que pensarmos 
em humanização: 
 
Modificações Ambientais 
➢ Procurar localizar berços e incubadoras em pontos tranquilos, longe de 
ruídos fortes, fonte de luz ou área de muita atividade;➢ Sempre que possível utilizar música ambiente, leve e relaxante; 
➢ Utilizar rolinhos de pano para o adequado posicionamento do RN; 
➢ Proteger incubadoras com cueiros, evitando a luz contínua; 
➢ Manter local apropriado para permanência dos pais e amamentação; 
➢ Implantar programas de contato “pele a pele”. 
 
Presença da família: 
➢ Permitir a entrada e permanência da mãe sem restrições na unidade 
neonatal; 
➢ Ampliar sempre que possível o horário da visita para o pai; 
➢ Organizar grupos de mãe para orientações sobre cuidados com o RN 
e aleitamento materno; 
➢ Organizar grupos de apoio para mães semanais com a presença de 
psicóloga e terapeuta ocupacional; 
➢ Atualizar a equipe quanto a orientações aos pais e visitantes; 
218 
 
 
➢ Referir-se ao RN pelo nome, colocando identificação com o mesmo no 
leito. 
 
Aspectos Referentes ao Recém-nascido: 
➢ Otimizar o posicionamento, garantindo conforto e segurança ao recém-
nascido; 
➢ Evitar interrupções desnecessárias aos períodos de sono profundo; 
➢ Permitir sempre que possível sucção não alimentar durante a 
alimentação por sonda; 
➢ Medir estímulos e evitar superestimulação; 
➢ Preparar o RN para os procedimentos traumatizantes (aplicar sucção 
não nutritiva); 
➢ Permitir que pai e mãe toquem, olhem, conversem e peguem seus 
filhos sempre que possível; 
➢ Cuidar da criança com atitudes de carinho e delicadeza; 
Como orientação inicial para as equipes médicas e de enfermagem que 
atuam nos berçários, deve-se ressaltar: 
 
Finalidades do Programa: 
➢ Promover a ligação pais-filho; 
➢ Promover a segurança aos pais e a confiança na equipe; 
➢ Incentivar o aleitamento materno; 
➢ Preparar a família para alta hospitalar; 
➢ Preparar os pais para uma possível perda. 
 
219 
 
 
Como Agir Quando o Recém-Nascido está em UTI: 
➢ Orientar os pais; 
➢ Explicar normas e medidas de controle de infecção aos visitantes; 
➢ Explicar a função dos médicos e enfermeiros; 
➢ Descrever equipamentos especializados utilizados na criança. 
 
Pais de Criança Gravemente Doentes: 
➢ Dizer que algo está errado com a criança assim que for feito o 
diagnóstico, mesmo não sendo fácil e agradável; 
➢ As mães dão muita importância à atitude dos médicos e dos 
enfermeiros; em geral não se lembram do que foi dito, mas de como foi dito; 
➢ As informações dadas devem ser verdadeiras, levando em conta o 
estado de choque e o descrédito dos pais que muitas vezes reagirão com raiva 
de si próprios, da família e inclusive da equipe de saúde; 
➢ Considerar a angústia dos pais pelo medo do desconhecido, das 
complicações, de extensão e do custo do tratamento; 
➢ Os pais têm um forte sentimento de culpa e de responsabilidade 
pessoal por terem produzido um filho imperfeito e choram a perda da criança 
normal; 
➢ Os pais procuram informações sobre o defeito e sua causa, e devem 
ser bem informados; 
➢ Encorajar os pais a reconhecerem o valor humano do filho e terem 
confiança em seu desenvolvimento em condições especiais. 
 
Pais de Crianças Cronicamente Doentes: 
220 
 
 
Esses pais solicitam muita atenção, devido à frustração, geralmente 
exibem hostilidade contra a equipe e acham que não se faz “tudo que deveria 
ser feito”. 
➢ O pessoal deve se manter calmo, paciente e compreensivo; 
➢ Se após um período de visitas contínuas pararem de visitar a criança, 
comunicar-se com os pais, pondo-os a par de possíveis alterações; 
➢ Quando vierem visitar, estimulá-los a pegar, acariciar e dar amor à 
criança; trocar fraldas e alimentar o RN quando possível. 
 
Preparação para Alta: 
O treinamento para alta é importante para que haja segurança e ligação 
com a criança. No caso de recém-nascido pré-termo ou doente, a participação 
da mãe deve ser gradual e apropriada. 
A mãe deve saber antes da alta: dar banho, alimentar, manusear e vestir 
a criança. 
Em casos especiais, administrar medicação, cuidar de sonda ou de 
gastrostomia. 
Iniciar o treinamento bem antes da alta para a mãe poder “digerir” as 
instruções aos poucos. 
 
Pais de Uma Criança que Morre: 
Quando há risco de vida, os pais podem não aceitar a situação, por sua 
vez médicos e enfermeiros poderão ter sentimento de culpa ou frustração por 
não serem capazes de curar. 
Notificar os pais quando a morte é iminente e facilitar sua permanência ao 
lado do seu filho, são atitudes que devem sempre estar presentes na rotina da 
unidade. Lembrar que nenhuma outra criança substituirá a que foi perdida. 
221 
 
 
Convencer recém-nascidos da importância do manuseio hospitalar para 
seu desenvolvimento, para isso sugere-se um tocar firme e suave, uma voz doce 
que transmita segurança, tão necessária em uma internação comprometida do 
ponto de vista emocional. 
 
BIOÉTICA NA PRÁTICA NEONATAL 
 
Nos últimos anos tem-se observado um grande avanço científico e 
tecnológico em toda a área biomédica. As decisões médicas passam a se 
confrontar cada vez mais, não só com questões legais, mas também com 
crenças, diferenças culturais e sociais, e postulações morais. A atitude 
paternalista dos médicos, na qual decisões eram baseadas apenas no pleno 
saber da ciência, sem questionamento e sem a participação do paciente e seus 
familiares vêm dando lugar a uma nova realidade, em que o caráter das decisões 
aumenta em complexidade. Decisões sobre tratamentos utilizados para manter 
a vida de recém-nascidos em estado grave, principalmente em pré-termos de 
extremo baixo peso, são difíceis e controversas, chamando a atenção o fato de 
reconhecer a significativa influência desses valores na formação profissional e 
do próprio ser humano. 
As principais questões bioéticas em relação à medicina são: problemas 
ligados ao começo da vida, problemas ligados ao fim da vida e problemas ligados 
à qualidade de viver. 
A medicina perinatal vem apresentando grandes avanços nos últimos 
anos que se refletiram em um grande aumento da sobrevida dos bebês 
prematuros e/ou extremamente doentes sem, no entanto, apresentar grande 
impacto na redução das morbidades a médio e longo prazo. A tomada de 
decisões em relação aos cuidados neonatais geralmente é baseada em quatro 
princípios: beneficência (fazer o melhor possível em termos de preservar a vida 
e aliviar o sofrimento); não maleficência (não causar prejuízo ou pelo menos 
causar o mínimo sofrimento); justiça (dar chances iguais a todas as crianças); 
autonomia (respeitar o maior interesse da criança). Em relação à autonomia 
222 
 
 
envolve uma questão importante, que é definir quem tem maiores condições de 
determinar esse interesse: se a sociedade, os profissionais de saúde ou a 
família. 
Existem alguns obstáculos para que os pais estejam totalmente 
informados a respeito de seus filhos, pelas dificuldades que tem, muitas vezes, 
em compreender as informações que lhe são transmitidas pela equipe médica, 
devendo-se levar em consideração: o estado emocional dos pais no início da 
vida de seus filhos prematuros e com problemas, o uso exagerado de 
terminologias médicas e a expectativa em torno de decisões com repercussões 
em longo prazo para os pais e toda a família. 
As mudanças de conduta na neonatologia têm sido muito difíceis para 
médicos, pacientes, familiares e instituições porque exigem argumentação, 
respeito e obrigação, e não apenas decisões autoritárias e prepotentes, algumas 
vezes tomadas exclusivamente pelo médico assistente. 
Sem dúvida, situações extremas como a morte nos mostram que todos os 
envolvidos ainda têm muito a aprender para lidar com este momento envolto em 
grandes tabus. 
Na verdade, o melhor caminho sempre se dará a partir de um diálogo 
honesto e sincero com os pais e profissionais envolvidos, para assim conseguir 
compreender plenamente as dificuldades que, frequentemente, apresentam-se 
nas tomadas de decisões com recém-nascidos criticamente doentes. É 
importante o esclarecimento dos pais para que eles possamentender e 
argumentar em determinadas decisões, tal como incluir ou mesmo suspender 
uma terapia mais agressiva caso isso seja considerado ineficaz. Por essa e 
outras razões, é imperativos que o médico adquira habilidades no 
relacionamento com os familiares para assim ajudá-los em suas dificuldades 
diante de situações adversas. O profissional de saúde estará a todo o momento 
vivenciando situações que exijam conhecimento técnico, mas ao mesmo tempo 
habilidades no relacionamento humano. 
223 
 
 
 
MANEJO DA MORTE EM UNIDADE NEONATAL 
 
A morte do recém-nascimento é traumática tanto para a família quanto 
para os profissionais que assistiram o paciente. O objeto da assistência é 
estabelecer e reforçar a memória do bebê a fim de facilitar a transição bem-
sucedida pelo luto. É importante que as famílias sejam assistidas por uma equipe 
sensível e inteligente, que possa dar às suas crianças uma morte digna e sem 
dor. O acompanhamento do luto é um vínculo importante para guiar as famílias 
à sua superação. 
De tal modo, também é um desafio aos profissionais de saúde que 
assistem pacientes terminal. Convêm estabelecer diretrizes que incluam um 
plano para discussão da suspensão do suporte à vida, do tratamento do RN que 
está morrendo e do acompanhamento e apoio para as famílias e para a equipe. 
Os pais necessitam de informações consistentes, apresentadas de forma 
concisa e honesta. Desenvolver uma relação 
honesta e confiante com as famílias é crucial para o 
manejo da morte neonatal e do luto da família. 
As decisões relativas ao final da vida são 
tomadas em conjunto com os pais, por uma série de 
reuniões com a equipe de saúde. 
224 
 
 
Uma vez tomada a decisão de suspender o suporte à vida, deve-se 
oferecer à família um ambiente calmo e privado que acomode todos os que a 
família deseje incluir, levando-se em conta os seguintes passos: 
➢ Conceder aos pais todo o tempo necessário para que criem memórias 
e se tornem uma família; 
➢ Discutir todo o processo com os pais, incluindo a remoção do tubo 
endotraqueal e o controle da dor; 
➢ Fazer arranjos para o batismo e para o apoio profissional. 
Toda UTI Neonatal deve ter um programa de acompanhamento do luto, 
que providencie apoio contínuo às famílias no momento em que elas iniciam o 
processo de pesar. Que avalie o seu progresso e que forneça referências para 
apoio na comunidade. 
Cuidar de neonatos e de suas famílias no momento da morte é desafiador 
e requer sensibilidade e conhecimento do processo normal do luto. Cada 
unidade neonatal deve criar as suas próprias diretrizes, que incluem orientações 
para todos os novos membros da equipe, assegurem a educação continuada e 
a realização de conferências, que designem os antigos membros da equipe que 
queiram instruir os novos e que estabeleçam diretrizes para questões éticas. 
SISTEMATIZAÇÃO DA ASSITÊNCIA DE ENFERMAGEM 
É a organização da prática de enfermagem por meio da atualização do 
processo de enfermagem. 
A resolução do COFEN – 272 de 2002 dispõe sobre a Sistematização da 
Assistência de Enfermagem (SAE) nas Instituições de Saúde Brasileira. Tal 
resolução incube privativamente o enfermeiro a implantação, planejamento, 
organização, execução e avaliação do processo de enfermagem. Devendo a 
implantação do processo de enfermagem ocorrer em toda instituição de saúde, 
pública ou privada; e ser adequadamente registrada no prontuário do paciente. 
Wanda Aguiar Horta afirmava que o futuro da enfermagem como ciência 
e autonomia profissional está fundamentada no processo de enfermagem. E que 
a enfermagem só assumirá sua responsabilidade legal perante o ser humano e 
225 
 
 
comunidade sob sua responsabilidade, quando aplicar sistematicamente uma 
metodologia de enfermagem. Para realizar esta prática as enfermeiras foram 
percebendo a necessidade da utilização de um método claro. Organizado e 
científico que as direcionassem na execução do cuidado, ou seja, precisavam 
aplicar o método científico que se concretiza nas diversas etapas ou passos 
executados na busca da solução de um problema, sendo o conjunto dessas 
etapas denominado de processo. Surge então neste cenário o Processo de 
Enfermagem como uma ferramenta para a prática. 
O Processo de Enfermagem constitui então a essência da prática 
profissional e o instrumento e a metodologia da profissão, auxiliando a 
enfermeira a tomar decisões, prever e avaliar consequências. O processo de 
enfermagem contém cinco fases sequenciais e interrelacionadas: 
➢ Histórico de Enfermagem: suas atividades centralizam-se na coleta de 
dados, objetivando identificar as necessidades, problemas e preocupações do 
paciente. Os dados devem ser coletados de forma sistêmica, no caso do 
paciente neonatal devem-se levar em conta os antecedentes maternos. Incluindo 
exames laboratoriais e desenvolvimento e duração do parto, exame físico e 
avaliação holística das condições do recém-nascido, sempre levando em conta 
o processo de doença familiar no qual o mesmo encontra-se inserido. 
➢ Diagnóstico: é o julgamento clínico das respostas do indivíduo, da 
família e da comunidade ao processo de saúde atual e potencial. Na 
neonatologia tão importante quanto a avaliação e tratamento clínico do paciente 
é o reconhecimento das questões emocionais e sociais familiares, visando uma 
internação menos traumática possível. 
➢ Planejamento: é o momento no qual são desenvolvidas estratégias 
para prevenir, minimizar ou corrigir os problemas identificados no diagnóstico de 
enfermagem, essa fase é subdividida em: conhecimento do sistema (instituição, 
enfermagem e clientela), determinação dos objetivos, estabelecimento de 
prioridades, seleção de recursos disponíveis, desenvolvimento do plano 
operacional, cronograma para o desenvolvimento do plano e aperfeiçoamento 
do projeto. 
226 
 
 
➢ Implementação: coloca o plano em ação, envolve a comunicação do 
plano a todos os membros da equipe envolvidos. Não esquecer que a 
neonatologia deve impreterivelmente envolver a família no cuidado, reforçando 
o vínculo afetivo com o paciente e com a própria equipe. 
➢ Avaliação: determina o alcance dos resultados, a efetivação das ações 
e a implementação de medidas corretivas se necessário. 
Deve-se sempre lembrar que o processo de enfermagem possui seus 
passos inter-relacionados e sobrepostos, ocorrendo simultaneamente. É um 
processo intencional, sistemático, interativo, flexível e baseado em 
conhecimento científico, exigindo do enfermeiro conhecimento, habilidades 
manuais e intelectuais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
227 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
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Brasileira de Pediatria. Anais...2016 
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NAVANTINO, A. F., et. al. Avanços em Perinatologia. Rio de Janeiro: 
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CONCEIÇÃO A. M. Perinatologia. Segre. São Paulo: Sarvier, 2002.

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