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CASO 3

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 10ª VARA CRIMINAL DA 
COMARCA DA CAPITAL 
 
Autos nº ... 
 
FRANCISCO, anteriormente qualificado nos autos em epígrafe, por seu advogado ao final 
firmado (procuração anexa), vem respeitosamente perante Vossa Excelência apresentar 
RESPOSTA À ACUSAÇÃO, com fundamento nos artigos 396 e 396-A, do Código de 
Processo Penal, pelas razões de fato e de direito a seguir expostos: 
 
1. DOS FATOS 
O denunciado foi acusado e está sendo processado pelo crime de furto majorado pelo 
repouso noturno. 
 Consta da peça inicial acusatória que na data XX de xxxxx de XXXX, o denunciado subtraiu 
o carro de Alex, retornando às 04:00h colocando o referido veículo estacionado no mesmo 
local. A irmã de Alex observou quando o denunciado chegou com o carro de irmão que, ao 
saber do ocorrido, registrou ocorrência junto a delegacia de polícia da circunscrição de sua 
residência. 
A denúncia foi recebida pelo juiz da 10ª Vara Criminal da Comarca da Capital e o 
denunciado citado na data de XX de xxxxxx de XXXX. 
Em que pese as ponderações lançadas pelo Parquet, é caso de improcedência da ação 
penal que deverá ser julgada de plano, para absolver o denunciado sumariamente, pelos 
motivos que se passa a expor: 
2. DO MÉRITO 
2.1. FATO ATÍPICO 
Em que pese as argumentações do representante do Ministério Público, razão não lhe 
assiste, pois, o fato é atípico. 
Restou configurado que o réu subtraiu o veículo tão somente para ir a um pagode, sem a 
intenção de apoderar-se dele. 
Tanto é verdade que a irmã de Alex observou quando o denunciado chegou com o carro 
de seu irmão. 
Ademais, se preocupou até em repor a gasolina utilizada. 
Uma das elementares do crime de furto é “a intenção de subtrair para si a coisa alheia 
móvel”, o que no presente caso não ocorreu, pois, como já argumentado anteriormente, o 
réu não tinha a intenção de apoderar-se da coisa. 
Portanto, a situação fática carece de tipicidade, devendo o réu ser absolvido pela 
atipicidade da conduta. 
No mesmo sentido das argumentações supra, não restou caracterizado o crime de furto 
majorado pelo repouso noturno do artigo 155, §1º do Código Penal, no máximo, o que se 
admite apenas em respeito ao princípio da eventualidade, praticou “furto para uso”. 
Infere-se do exemplo e dos ensinamentos dos tribunais e da doutrina que são dois os 
requisitos necessários para a constatação do furto de uso: o objetivo de fazer uso 
momentâneo da coisa e a devolução voluntária da res em sua integralidade. 
Destarte, como a conduta do furto de uso não se enquadra no que determina o art. 155 
do Código Penal, o ato é considerado atípico e não passível de pena na esfera criminal. 
Importante salientar que não existe qualquer prova nos autos de que o denunciado tenha 
usado de violência, logo, segundo o parágrafo único do artigo 345, do Código Penal, a 
ação penal se procede mediante queixa, sendo o Ministério Público parte ilegítima para 
propor a presente demanda. 
Conclui-se que essa conduta do agente que subtraí o bem, mas que a devolve após um 
curto período, voluntariamente, é denominada como furto de uso por parte da doutrina e 
da jurisprudência. 
Ademais, na ausência de vontade, por parte do agente, de se apropriar da coisa, por mais 
que existam questões divergentes na doutrina e na jurisprudência, tal conduta vem sendo 
considerada como atípica pelos Tribunais. 
2.2. DA APLICAÇÃO DA PENA EM SEU MÍNIMO LEGAL E RECONHECIMENTO DO 
FURTO PRIVILEGIADO 
Entretanto, em caso de improvável decreto condenatório, o que se admite apenas em 
observação ao princípio da eventualidade, passamos a analisar as seguintes teses 
subsidiárias: 
Considerando que o réu não cometeu a prática delitiva, como ficou demonstrado acima, a 
defesa entende que o caso em tela recomenda que a pena seja aplicada em seu mínimo 
legal. 
Em atenção as circunstâncias judiciais de que fala o art. 59 do Código Penal – CP e 
ausentes causas agravantes e aumento de pena, assim como a indiscutível presença da 
minorante da devolução do veículo, o presente caso recomenda a cominação da 
reprimenda legal em seu mínimo. 
Aplicada a pena em seu mínimo legal, deve ser, ainda, reconhecido no caso em discussão 
a hipótese do furto privilegiado, com a substituição da pena final pela pena de multa, 
apenas. Vejamos. 
 
“Art. 155 – Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: 
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
§ 1º – […] 
§ 2º – Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode 
substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar 
somente a pena de multa.” 
Assim, em atenção ao disposto no § 2º, do art. 155 do CP, é imperioso que, ao presente 
feito, seja aplicado o furto privilegiado, com a substituição da pena final pela pena de 
multa, apenas. 
3. DO PEDIDO 
a) Que seja absolvido sumariamente do delito descrito no art. 155 caput, com base no art. 
397, II, III do Código de Processo Penal; 
b) Rejeitada a denúncia em relação ao delito, conforme o art. 395, III, do CPP, em razão da 
ausência de justa causa para prosseguimento da ação penal; 
c) Protesta pela gratuidade da justiça, na forma da lei 
DAS PROVAS 
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidas. 
 
Termos em que, 
Pede deferimento. 
Local, Data. 
Advogado OAB...

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