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01 Queixa-crime e Resposta à Acusação

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Conteudista: Prof.ª M.ª Rosa Maria Neves Abade
Revisão Textual: Me. Luciano Vieira Francisco
 
Objetivos da Unidade:
Adquirir conhecimentos sobre o ajuizamento da peça inicial na ação penal
privada;
Saber elaborar a defesa inicial de mérito para o réu na fase processual penal; 
Analisar problemas e propor soluções jurídicas.
 Material Teórico
 Material Complementar
 Referências
Queixa-crime e Resposta à Acusação
Introdução
Nesta Unidade veremos duas peças processuais importantes na área penal: a queixa-crime e a
resposta à acusação. 
A queixa-crime é uma peça apresentada pela vítima para iniciar uma ação penal privada; já a
resposta à acusação é uma importante peça intermediária, apresentada pela defesa em favor do
réu sobre o mérito da causa.
Vamos conhecê-las? Então comecemos com a queixa-crime.
Queixa-crime
Como dito, a queixa-crime é a peça inicial na ação penal privada, apresentada pelo querelante
(vítima no processo) com o objetivo de iniciar a ação penal e ver o acusado processado e
condenado pelo crime cometido. 
A ação penal, levando-se em conta o sujeito que a promove, pode ser pública ou privada,
vejamos:
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 Material Teórico
Ação penal pública é promovida pelo Ministério Público, com o
oferecimento da denúncia e constitui a regra do nosso Direito.
A denúncia oferecida pelo Ministério Público é a petição inicial
da ação penal pública, de modo que será incondicionada ou
Para relembrar, a queixa-crime subsidiária tem cabimento quando houver inércia do Ministério
Público para oferecimento da denúncia, nos termos do artigo 29 do Código de Processo Penal
(CPP) e do 100, § 3º do CPP. 
Assim, as peças iniciais no processo penal é a denúncia ou queixa-crime, dependendo do tipo de
ação penal.
Conceito
Queixa-crime, repetimos, é a peça que inicia ação penal privada – tanto faz se é exclusivamente
privada, personalíssima ou subsidiária da pública. Aquele que foi vítima de um crime, em que a
ação penal seja privada, deve assim oferecê-la, através de seu advogado.
Identificação
Agora identifiquemos quando uma ação penal é pública ou privada. A ação penal pública
incondicionada é a regra. Será ação penal pública condicionada à representação quando o crime
sofrido pela vítima fizer a descrição “somente se procede mediante representação”. 
Será a ação penal privada quando o crime sofrido pela vítima (querelante) fizer a descrição
“somente se procede mediante queixa”. Atente-se que, às vezes, a descrição não está no próprio
condicionada à representação, requisição do ministro da
Justiça;
Ação penal privada é promovida pelo particular. Sua peça inicial é a queixa-crime
oferecida pelo ofendido ou pelo seu representante legal, por meio de seu advogado;
será privada exclusiva, personalíssima ou subsidiária da pública. Importante
lembrar que além da ação penal privada exclusiva é possível que a ação penal privada
seja subsidiária da pública e neste caso, a ação penal também será iniciada por meio
de queixa-crime – chamamos também de queixa-crime subsidiária. 
artigo que descreve o crime, mas sim no final do capítulo em que o crime está disposto. Por
exemplo, o Artigo 179 do Código Penal (CP):
Fundamento Legal
Quando a ação penal for privada exclusiva: artigo 30 do CPP e artigo 100, § 2º do Código Penal. 
Quando a ação penal for subsidiária da pública: artigo 29 do CPP e artigo 100, § 3º do Código
Penal. 
Legitimidade
A queixa-crime será oferecida pelo ofendido ou seu representante legal. Será ajuizada através de
um advogado, nos termos do artigo 100, § 2º, do CP e artigo 30 do CPP. 
- (grifo nosso)
“Fraude à execução
Art. 179. Fraudar execução, alienando, desviando, destruindo ou danificando bens,
ou simulando dívidas:
Pena – detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Parágrafo único – Somente se procede mediante queixa.”
Em caso de morte ou declaração judicial de ausência do ofendido, a queixa-crime poderá ser
proposta pelo Cônjuge, Ascendente, Descendente ou Irmão (Cadi), conforme previsão do artigo
31 do CPP e artigo 100, § 4º, do CP.
Importante! 
Ação penal privada exclusiva – legitimidade:
-  (Art. 33 do CPP, grifo nosso) | (Art. 37 do CPP)
“Legitimidade do ofendido ou seu representante legal e, em caso de morte ou
ausência deste, cônjuge, ascendente, descendente ou irmão poderão se habilitar
para ajuizamento ou prosseguimento da ação penal. 
 
Se for ofendido menor, sem representante legal, ou vítima incapaz com
representante, mas interesses conflitantes será nomeado um curador pelo juiz. 
 
Se a vítima for pessoa jurídica, o direito de queixa deverá ser exercido pela pessoa
que estiver indicada no contrato social ou no estatuto. No caso de não constar
indicação, a legitimidade para representar a pessoa jurídica será de um dos
diretores ou sócios-gerentes.”
O que Deve Conter na Queixa-crime
A queixa-crime deve conter os mesmos requisitos da denúncia e sua regra para ajuizamento
também estão descritas no artigo 41 do CPP, sob pena de rejeição (indeferimento) pelo juízo,
conforme previsão do artigo 395 do CPP: 
Ação penal privada personalíssima – legitimidade: é a ação intentada apenas pelo
ofendido. O único exemplo é o crime do artigo 236 do CP – nesse caso, somente o
próprio ofendido, não havendo possibilidade de atuação de substituto processual.
Importante! 
Na queixa-crime é necessária a instrução da queixa-crime com
procuração com poderes especiais para habilitar o advogado,
conforme previsão do artigo 44 do CPP. Desta forma, sempre indique,
“Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as
suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se
possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das
testemunhas.”
Em resumo, uma queixa-crime deve, então, conter:
Prazos para Oferecimento da Queixa-crime (Prazos Decadenciais)
O prazo de oferecimento da queixa é, em regra, de 6 meses, contados da data do conhecimento
do autor dos fatos (CPP, art. 38 e CP, art. 103). O prazo é decadencial.
em sua peça de queixa-crime, alguma expressão que demonstre o
cumprimento desse requisito como, por exemplo, “procuração com
poderes especiais em anexo”.
Qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa o identificar;
Exposição do fato criminoso e de todas as suas circunstâncias;
Classificação do crime sofrido;
Rol de testemunhas – se houver;
Data e assinatura do advogado.
Glossário 
Decadência: é a perda do direito de ação em face do decurso de prazo
Alguns prazos não são contados da data em que a vítima tem conhecimento de quem é o autor
do crime, vejamos:
Vamos Aprender a Fazer a Peça Prática de Queixa-crime?
Se a peça for para elaboração do exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), atente-se ao
seguinte: 
No corpo da peça é bom que seja mencionado que a queixa-crime foi oferecida dentro do prazo
decadencial, com menção aos dois dispositivos aqui citados – pode ocorrer de a Fundação
Getulio Vargas (FGV) atribuir algum ponto a isso. 
Além disso, pode ser que a OAB solicite que a queixa-crime seja oferecida no último dia de prazo.
Se isso ocorrer, lembre-se: por ser prazo decadencial penal, deve ser contado o dia de começo e
descartado o último dia. Feriados e finais de semana não prorrogam o prazo, por exemplo, o
ofendido descobre a autoria do delito no dia 4 de agosto de 2022. Como o prazo é penal, ou seja,
conta-se o primeiro dia e exclui-se o último dia, de modo que o prazo se encerra no dia 3 de
sem o oferecimento da queixa. 
Se for ação penal privada subsidiária da pública: será de 6 meses, mas conta-se do
término do prazo para o promotor oferecer a denúncia;
Se for ação penal privada personalíssima: é porque o ofendido foi vítima do crime de
induzimento a erro essencial ou ocultação de impedimento, descrito no artigo 236
do Código Penal. Nesse caso, conta-se 1 mês do trânsito em julgado que anulou o
casamento no âmbito cível;
No caso de morte ou ausência do ofendido: o
prazo deve ser contado do momento
em que o sucessor tomar conhecimento da autoria.
fevereiro de 2023. Pouco importa se o dia 3 será um feriado ou se corresponderá ao final de
semana, não será prorrogado para o dia útil seguinte. 
Nomenclatura
Na peça de queixa-crime deverá ser utilizada a seguinte nomenclatura às partes:
Endereçamento
Em regra, o ajuizamento da queixa-crime é feito ao Juízo Criminal, devendo ser observadas as
disposições do CPP e da Constituição Federal de 1988 (CF) a respeito da competência (art. 69 do
CPP e 109 da CF). 
Portanto, a regra é que a ação penal seja ajuizada no local em que ocorreram os fatos. Todavia, no
caso da ação penal privada, o ofendido/querelante poderá preferir o foro de domicílio ou da
residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração.
Por ser peça inicial, deverá ser oferecida ao juiz criminal. Se for crime de menor potencial
ofensivo, será encaminhado ao Juizado Especial Criminal.
Vítima (ofendido) = querelante;
Acusado (autor dos fatos, ofensor) = querelado.
Em Síntese 
Regra geral: Vara Criminal.
Para facilitar, o endereçamento completo fica, então, assim:
Identificação das Partes e da Peça (Preâmbulo)
Crimes de menor potencial ofensivo – Lei 9.099/1995: Juizado Especial Criminal;
Crimes e violência doméstica e familiar contra a mulher: Juizado de Violência
Doméstica e Familiar Contra a Mulher;
Nos casos em que houver inércia do Ministério Público para oferecer denúncia nas
hipóteses de crimes dolosos contra a vida, poderá, sim, o ofendido oferecer queixa-
crime subsidiária – Vara do Tribunal do Júri.
Justiça Estadual: Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara Criminal da
Comarca de... do Estado de... [UF unidade federativa];
Justiça Federal: Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da Vara Criminal Federal
da Seção Judiciária de... [UF];
Violência Doméstica: Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara De
violência doméstica e familiar contra a mulher da Comarca de... do Estado de [UF];
Juizado Especial Criminal: Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara
Criminal do Juizado Especial Criminal da Comarca de... do Estado de... [UF];
Tribunal do Júri Estadual: Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara do
Tribunal do Júri da Comarca de... do Estado de... [UF];
Tribunal do Júri Federal: Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da Vara do
Tribunal do Júri da Seção Judiciária de... do Estado de... [UF].
Primeiro, deverá ser efetuado o preâmbulo, ou seja, a qualificação das partes. Depois, a
qualificação do querelante e para isto deve-se incluir o nome completo, a nacionalidade, o
estado civil, a profissão, o número de Registro Geral (RG), no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF)
– ou, no caso de pessoas jurídicas, o Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) – e o
endereço completo atual. 
Em seguida, dever-se-á deixar claro de que tipo de peça se trata e a quem ela é dirigida – por isso
é essencial especificar quem oferece a queixa-crime. 
Por último, detalha-se quem é o alvo da ação penal que a queixa-crime visa iniciar – o querelado.
Da mesma forma como ocorreu com o querelante, o querelado deve ser identificado por meio de
seus dados pessoais. 
Em havendo mais de um querelado é importante que a queixa-crime os identifique – a todos –
em sequência. 
Exposição dos Fatos
Primeiramente, você deverá expor os fatos. A apresentação dos fatos criminosos é um elemento
essencial da queixa, conforme prevê o artigo 41 do CPP. 
Desta forma, cabe ao advogado, a partir do relato e das provas apresentados pelo querelante,
realizar um relato suscinto e cronológico dos fatos que caracterizam o crime em questão. 
A descrição do ato criminoso, data e horário em que foi praticado, bem como do momento em
que o crime se tornou conhecido pelo querelante são elementos essenciais de uma seção “Dos
fatos”.
Como é peça de acusação, a tese está restrita a demonstrar a prática do delito. É igualmente
importante demonstrar que a queixa-crime deve ser recebida nos termos do artigo 395 do CPP.
Assim, basicamente é necessário fazer a descrição dos fatos, narrando o crime que o acusado
supostamente praticou e, ainda, a imputação da autoria. 
Fundamentos Legais
A queixa-crime é a peça inicial da ação penal privada e, portanto, deve dar ao juiz conhecimento
sobre o que se passou e justificar, com base na Lei, os motivos pelos quais se requer a atuação do
Poder Judiciário. 
Assim, deve-se especificar com clareza em quais artigos do Código Penal o ato criminoso pode
ser classificado. Cabe, ainda na seção “Dos direitos”, detalhar se há elementos subjetivos ou
qualificadoras para o crime. 
Deverá ser demonstrado que a conduta criminosa praticada pelo acusado está descrita na Lei
como infração penal. Desse modo, torna-se necessário o início da ação penal para que seja
aplicada a Lei ao caso concreto.
Apresentação dos Pedidos e Requerimentos
Após a exposição dos fatos e do direito é o momento de apresentar os seus pedidos. 
Assim, o primeiro pedido é para que a queixa-crime seja “recebida” e autuada pelo juiz. Apenas
assim é possível que se dê prosseguimento à ação. 
Em seguida, pode-se pedir a citação do querelado, a designação de audiência de instrução – em
alguns crimes, antes, há uma audiência de conciliação – e por fim, pede-se pela condenação do
réu. 
O pedido de condenação, finalidade pela qual se dá início ao processo, deve vir acompanhado da
indicação dos artigos do Código Penal que tipificam o crime e a pena prevista. 
Por fim, como veremos a seguir, algumas peças de queixa-crime arrolam testemunhas, motivo
pelo qual pode-se pedir a intimação das testemunhas para a realização de oitivas. 
Igualmente, deve ser requerida a indicação do valor mínimo para indenização. 
Ao final, apresente o rol de testemunhas.
Rol de Testemunhas
Ao final, se houver, devem ser arroladas as testemunhas (art. 406, § 2º do CPP) ao final da
queixa. As testemunhas deverão ser identificadas por meio de seus dados pessoais.
Assinatura
Ademais, a queixa-crime deverá vir assinada, no mínimo, pelo procurador do querelante – o
advogado. Cabe, junto à assinatura, incluir o local e a data da confecção da queixa, bem como o
número de inscrição do advogado na OAB. 
Em alguns casos, como medida de segurança, o advogado pode colher a assinatura do
querelante.
Caso você for elaborar a queixa-crime para um exame ou concurso (por exemplo, exame da
OAB) e se a peça solicitada for a queixa-crime, você não poderá se identificar e, deste modo,
deverá colocar a assinatura da seguinte forma: 
NOME DO ADVOGADO
OAB/___ nº_________ [sem qualquer identificação]
Queixa-crime – Procuração com Poderes Especiais
Geralmente, para a representação de um cliente, o advogado faz uma procuração genérica,
outorgando poderes para a atuação em juízo. Entretanto, para o oferecimento da queixa, o CPP
(art. 44) exige poderes especiais na procuração, vejamos:
Evidentemente, se for solicitada uma queixa-crime no exame da OAB, você não terá de fazer uma
procuração na prova; basta dizer, na qualificação, “procuração com poderes especiais anexada,
conforme artigo 44 do CPP”. 
Institutos da Ação Penal Privada
A ação penal privada possui alguns institutos, a saber:
Perempção: é uma sanção aplicada ao querelante, consistente na perda do direito de prosseguir
na ação penal privada, em razão de sua inércia ou negligência processual, qual seja:
“Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais, devendo
constar do instrumento do mandato o nome do querelante e a menção do fato
criminoso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem de diligências que
devem ser previamente requeridas no Juízo Criminal.”
Renúncia do direito de queixa: o direito de queixa pode ser renunciado antes de proposta a ação
penal. A renúncia pode ser expressa através de declaração assinada, ou tácita, pela prática de ato
incompatível com a vontade de exercer o direito de queixa (art. 104 do
CP e 50 do CPP).
A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, estender-
se-á a todos (art. 49 do CPP).
Perdão do querelante: o querelante poderá perdoar o querelado, desistindo da ação penal privada
já proposta, de modo expresso ou tácito.
Se forem dois ou mais querelados, o perdão concedido a um deles aproveita a todos, face ao
princípio da indivisibilidade da ação penal (art. 51 do CPP), não produzindo efeito, todavia, em
relação ao que recusou.
O perdão é um ato bilateral, podendo ser recusado pelo querelado (art. 106, III do CP). A aceitação
do perdão pode ser expressa ou tácita. No caso de o perdão não ser aceito pelo querelado, a ação
“Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a
ação penal:
I – quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30
dias seguidos;
II – quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo,
para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a
quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no artigo 36;
III – quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do
processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações
finais;
IV – quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor.”
penal prosseguirá.
O perdão pode ser dado até o trânsito em julgado da sentença condenatória (art. 106, § 2º do CP).
Retratação do agente: em alguns casos a pena pode ser afastada pela retratação do agente (art.
107, VI do CP). A retratação cabe nos seguintes casos: na calúnia ou difamação (art. 143 do CP) e
no falso testemunho ou na falsa perícia (art. 342, § 3º do CP).
Não depende de aceitação do ofendido, devendo ser reduzida a termo nos autos; não se
comunica aos coautores.
Modelo_QueixaCrime.docx
16.7 KB
Exemplo Prático – Modelo de Queixa-crime
Importante! 
Realize o download do arquivo a seguir e veja um exemplo de modelo de
queixa-crime.
https://articulateusercontent.com/rise/courses/ztEg3f-IFKG8ZBbTr_efhUlrOpOXVgEM/BQoq1hWLaedhcPS--Modelo_QueixaCrime.docx
(XV Exame Unificado OAB/FGV, adaptado)
Enrico, engenheiro de uma renomada empresa da construção civil, possui um perfil em uma das
redes sociais existentes na internet e o utiliza diariamente para entrar em contato com seus
amigos, parentes e colegas de trabalho. Enrico utiliza constantemente as ferramentas da
internet para contatos profissionais e lazer, como o fazem milhares de pessoas no mundo
contemporâneo. No dia 19 de dezembro de 2022, sábado, Enrico comemorou aniversário e
planejou, para a ocasião, uma reunião à noite com parentes e amigos para festejar a data em uma
famosa churrascaria da Cidade de Niterói, no Estado do Rio de Janeiro. Na manhã de seu
aniversário, resolveu, então, enviar o convite por meio da rede social, publicando postagem
alusiva à comemoração em seu perfil pessoal, para todos os seus contatos. Helena, vizinha e ex-
namorada de Enrico, que também possui perfil na referida rede social e está adicionada nos
contatos de seu ex-namorado, soube, assim, da festa e do motivo da comemoração. Então, de
seu computador pessoal, instalado em sua residência, um prédio na praia de Icaraí, em Niterói,
publicou na rede social uma mensagem no perfil pessoal de Enrico. Naquele momento, Helena,
com o intuito de ofender o ex-namorado, publicou o seguinte comentário: “Não sei o motivo da
comemoração, já que Enrico não passa de um idiota, bêbado, irresponsável e sem vergonha!” E,
com o propósito de prejudicar Enrico perante seus colegas de trabalho e denegrir sua reputação
acrescentou, ainda, “[...] ele trabalha todo dia embriagado! No dia 10 do mês passado, ele
cambaleava bêbado pelas ruas do Rio, inclusive, estava tão bêbado no horário do expediente que
a empresa em que trabalha teve que chamar uma ambulância para socorrê-lo!” Imediatamente,
Enrico, que estava em seu apartamento e conectado à rede social por meio de seu tablet, recebeu
a mensagem e visualizou a publicação com os comentários ofensivos de Helena em seu perfil
pessoal. Enrico, mortificado, não sabia o que dizer aos amigos, em especial a Carlos, Miguel e
Ramirez, que estavam ao seu lado naquele instante. Muito envergonhado, Enrico tentou
disfarçar o constrangimento sofrido, mas perdeu todo o seu entusiasmo e a festa comemorativa
deixou de ser realizada. No dia seguinte, Enrico procurou a Delegacia de Polícia Especializada em
Repressão aos Crimes de Informática e narrou os fatos à autoridade policial, entregando o
conteúdo impresso da mensagem ofensiva e a página da rede social na internet onde ela poderia
ser visualizada. Passados 5 meses da data dos fatos, Enrico procurou seu escritório de advocacia
e narrou os fatos. Você, na qualidade de advogado(a) de Enrico, deve assisti-lo. Informa-se que a
Cidade de Niterói, no Estado do Rio de Janeiro, possui varas criminais e juizados especiais
criminais.
Questão:
Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso
concreto aqui descrito, redija a peça cabível, excluindo a possibilidade de impetração de Habeas
Corpus, sustentando, para tanto, as teses jurídicas pertinentes. A peça deve abranger todos os
fundamentos de direito que possam ser utilizados para dar respaldo à pretensão.
Resolução – elaborando o “esqueleto” da peça:
1. Cliente: Enrico. Na peça será o querelante;
2. Crime/pena: haverá concurso formal de crimes (art. 70 do CP): difamação (art. 139 do CP) e
injúria (art. 140 do CP); aumento de pena de um sexto até a metade. Aplica-se a causa de
aumento de pena prevista no artigo 141, III, do Código Penal, pois foi praticada por meio que
facilite a sua divulgação;
3. Ação penal: os crimes são de ação penal privada, conforme se verifica ao final do capítulo
dos crimes contra a honra, no artigo 145 do CP;
4. Rito processual: será do Juizado Especial Criminal, procedimento sumaríssimo;
5. Momento processual: está na fase de inquérito, não havendo início da ação penal e está no
prazo para oferecimento da peça inicial acusatória. Não houve prazo decadencial. Você
poderá fazer um parágrafo para demonstrar a tempestividade, ou seja, que não transcorreu
o prazo decadencial de 6 meses;
6. Peça: queixa-crime; 
7. Endereçamento: Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara Criminal do Juizado
Especial Criminal de Niterói do Estado do Rio de Janeiro;
8. Requisitos: colocar a qualificação do querelante (Enrico) e da querelada (Helena), indicar a
existência de procuração com poderes especiais (art. 44 do CPP), conforme modelo
anterior; fazer exposição minuciosa do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias,
colocar o enquadramento legal do crime, inclusive, se há qualificadora ou majorantes.
Colocar rol de testemunhas (art. 41 do CPP);
9. Tese: efetuar o enquadramento dos atos praticados pela querelada aos tipos penais de
difamação e injuria previstos, respectivamente, nos artigos 139 e 140 do Código Penal. Não
esquecer que a tese de causa de aumento de pena em razão dos crimes terem sido
praticados em meio que facilitou a divulgação (art. 141, III, do CP), bem como a aplicação da
majorante pelo concurso formal, nos termos do artigo 70 do Código Penal;
10. Pedido: que seja designada audiência preliminar, na forma do artigo 72 da Lei 9.099/1995.
Em caso de impossibilidade de conciliação, requer que seja recebida e processada a
presente queixa-crime para que seja citada a querelada para responder à acusação. Requer
ainda a procedência do pedido com a condenação da querelada nas penas dos artigos 139 e
140 do Código Penal, com a aplicação da majorante de um terço em razão do artigo 141, III,
do Código Penal e a majorante de metade (maior majorante possível) para o concurso
formal (art. 70 do CP). A condenação da querelada ao pagamento de custas e demais
despesas processuais. Fixação de valor mínimo para
indenização, nos termos do artigo 387,
IV, do Código Penal. Recebimento do rol de testemunhas (Carlos, Miguel e Ramirez) e da
intimação para serem ouvidas em juízo;
11. Encerramento: local, data. Advogado. OAB;
12. Rol de testemunhas: Carlos, Miguel e Ramirez.
Aprendeu sobre a queixa-crime? A seguir veremos a resposta à acusação – trata-se de outra
peça penal igualmente importante. Vamos lá?
Resposta à Acusação
Definição
Igualmente chamada de defesa escrita ou resposta escrita, a resposta à acusação é a primeira
defesa a ser oferecida pelo réu na fase processual, logo após a citação. 
A finalidade da peça defensiva é rebater todos os argumentos da acusação expostos na denúncia
(ou queixa-crime). Através dessa peça, o advogado deve tentar convencer o juiz a absolver
sumariamente o réu – nos termos do artigo 397 do CPP.
Fundamento Legal
A peça deve ser fundamentada no artigo 396-A do CPP.
Se o caso apresentado for de crime doloso contra a vida (art. 121 a 127 do CP) o fundamento legal
será o artigo 406, § 3º do CPP.
Prazo para Apresentação da Resposta à Acusação
Após o recebimento da denúncia ou queixa, ou seja, se o juiz “não a rejeitar liminarmente”, esse
mesmo juiz receberá a inicial e ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por
escrito, no prazo de 10 dias (art. 396, Caput do CPP). 
O prazo é processual e com dias corridos, a contar do primeiro dia útil.
Como se trata de prazo processual, se o último dia for um feriado ou final de semana, deverá ser
prorrogado para o primeiro dia útil seguinte. Ademais, na contagem deverá ser ignorado o
primeiro dia, tal como em qualquer prazo processual – por exemplo, se o réu foi citado no dia 18,
o prazo deve ser contado a partir do dia 19, tendo por fim o dia 29. 
Importante! 
O prazo da resposta à acusação – mesmo em se tratando de peça
defensiva, contestatória – é diferente da contestação apresentada no
processo civil. O prazo na resposta à acusação é contado da citação do
réu – e não da juntada do mandado aos autos. 
Se a citação foi realizada por edital, o prazo para defesa começa a fluir a partir do
comparecimento pessoal do acusado ou do defensor constituído (art. 396, parágrafo único). 
Nomenclatura
Como nesse momento processual o juiz já recebeu a denúncia, utilizaremos as seguintes
nomenclaturas na peça processual de resposta à acusação: “réu”, “acusado”, “requerente”,
“denunciado” ou “defendente”.
Endereçamento
A resposta à acusação deverá ser endereçada ao juiz que está com o processo, competente para o
julgamento da ação penal. Exemplos:
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE...
[UF]
Ou:
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA VARA CRIMINAL DA SUBSEÇÃO
JUDICIÁRIA DE... [UF]
Importante! 
A OAB costuma solicitar que o examinando informe e coloque a data, ao
final da peça, no último dia de prazo.
Ou ainda:
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DO JÚRI DA COMARCA DE... [UF]
Como Identificar a Resposta à Acusação
O problema dirá sempre que a denúncia (ou queixa-crime) foi recebida e que o acusado foi citado
para defender-se dos fatos a ele imputados na peça inicial. 
Resposta à acusação é peça obrigatória. A ausência de resposta à acusação é causa de nulidade do
processo. Inclusive é o que prevê o artigo 396-A, § 2º: “Não apresentada a resposta no prazo
legal, ou se o acusado, citado, não constituir defensor, o juiz nomeará defensor para oferecê-la,
concedendo-lhe vista dos autos por 10 (dez) dias”.
Assim, sempre que o enunciado no problema da OAB ou de outro concurso trouxer como último
momento processual o recebimento da denúncia (ou queixa-crime) e a citação do acusado, a
peça cabível será a resposta à acusação.
Tese e Conteúdo da Resposta à Acusação
Trata-se de peça típica da defesa, na qual deverá, o acusado, arguir preliminares e alegar tudo
mais que interesse à sua defesa ou lhe favoreça neste sentido, sendo-lhe ainda possível oferecer
documentos, justificações, especificar provas pretendidas – tais como a produção de laudos e
exibição de documentos que, por quaisquer motivos, não possam ser juntados no momento da
apresentação da peça. 
É o que prevê o artigo 396-A do CPP. Podem ser teses a serem apresentadas na resposta à
acusação, vejamos:
“1º A rejeição da petição inicial, nos termos do artigo 395 do CPP. Havia
entendimento que não poderia ser arguida a rejeição da inicial sob o fundamento
de que se o juiz já a recebeu, não poderia voltar atrás. Entretanto, atualmente há
maioria nos tribunais que entendem pela possibilidade;
2º A desclassificação do crime para outro menos grave. Igualmente já foi alvo de
polêmica a possibilidade de desclassificação em resposta à acusação. Atualmente
há posicionamento da jurisprudência favorável à possibilidade. No exame de
ordem, na última vez em que figurou resposta dessa natureza, havia uma tese de
desclassificação;
3º A anulação de atos processuais. Pode ocorrer no caso de incompetência
absoluta do juiz para julgar o processo, nulidade no recebimento da inicial, por
violação ao artigo 395 do CPP, ou na citação do acusado;
4º Absolvição sumária. A finalidade em geral é tentar a absolvição sumária do réu.
Após o recebimento da resposta à acusação, ou seja, após cumprido o disposto no
artigo 396-A e nos §§ do CPP o juiz a analisará e poderá absolver sumariamente o
acusado nos termos do artigo 397 do CPP. O juiz absolverá sumariamente o réu
quando verificar a existência manifesta de causa excludente da (art. 397 do CPP):
I – Ilicitude do fato: se for o caso de estado de necessidade; legítima defesa; estrito
cumprimento do dever legal; ou exercício regular de direito;
II – Culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade: as causas de exclusão da
culpabilidade, ou dirimentes, são as seguintes: i) inimputabilidade; ii) ausência de
consciência da ilicitude; iii) inexigibilidade de conduta diversa. Assim, incidirá
neste inciso se for o caso de não potencial consciência de ilicitude – erro de
proibição (art. 21 do CP) –, inexigibilidade de conduta diversa – coação moral
irresistível e obediência hierárquica (art. 22 do CP). O artigo 397 faz ressalva em
relação ao inimputável e a razão é a seguinte: caso o réu seja, por exemplo,
Se não for caso de absolvição sumária, após receber a denúncia ou queixa, o juiz designará o dia
e momento para a audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério
Público e, se for o caso, do querelante e do assistente.
esquizofrênico, a ponto de não ter discernimento do que fez, o juiz o absolverá
(absolvição imprópria), porém, ele será submetido a medida de segurança. Para
que se conclua pela inimputabilidade é necessário o prosseguimento da ação para o
julgamento do respectivo incidente – veja o artigo 149 do CPP. Por esse motivo
não é possível absolvê-lo sumariamente, com imposição de medida de segurança,
com fundamento em inimputabilidade. Assim, for caso de inimputabilidade não
poderá pedir absolvição sumária, pois seria caso de medida de segurança ou se for
inimputável por ser menor de 18 anos de idade, deverá remeter os autos para a
Vara da Infância ou Juventude, conforme o caso;
III – Que o fato narrado evidentemente não constitui crime. Como há um inciso
específico para a ilicitude (I) e outro inciso referente à culpabilidade (II), o inciso
III é aplicado para absolver o réu quando atípico o fato. Exemplos de incidência do
inciso III: quando o fato narrado é formalmente atípico (por exemplo, adultério),
ou na hipótese de incidência de crime impossível; falta de materialidade; se
ocorrer o princípio da insignificância (atipicidade material);
IV – Extinta a punibilidade do agente. Se for o caso de uma das hipóteses do artigo
107 do CP, ou seja, morte do agente; anistia, graça ou indulto; retroatividade de Lei
que não mais considera o fato como criminoso; prescrição, decadência ou
perempção; renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação
privada; retratação do agente, nos casos em que a Lei a admite; perdão judicial, nos
casos previstos em Lei. Igualmente, pode ser arguida, por exemplo, no caso de já
ter liquidado o débito nas hipóteses previstas no crime de apropriação indébita
previdenciária, crimes contra a ordem tributária etc.”
Na prática advocatícia, comumente não se vislumbra de imediato uma das hipóteses do artigo
397 do CPP e, assim, para não adiantar sua tese defensiva e facilitar a tarefa da acusação, a
tendência é a defesa se limitar a afirmar que o réu é inocente e que apresentará seus argumentos
por ocasião das alegações finais. 
O advogado esgotará todos os meios de defesa aqui apenas se for para tentar convencer o juiz a
absolvê-lo sumariamente. Caso contrário é comum, na prática, efetuar uma defesa mais simples
sem esgotar o mérito da causa. 
Rol de Testemunhas
É este o momento próprio para que sejam arroladas testemunhas até o máximo de oito (rito
ordinário) e cinco (rito sumário), sob pena de preclusão.
Resposta à Acusação Perante a Primeira Fase do Júri – Fundamento
Legal no Artigo 406, § 3º do CPP
A peça é idêntica à resposta para acusação de crimes comuns. Contudo, se for procedimento do
Júri, não poderá pedir absolvição sumária do artigo 397 do CPP, pois na primeira fase do Júri, o
juiz não condena ou absolve o réu, mas, sim, profere uma das decisões de pronúncia,
impronúncia, absolvição sumária ou desclassificação do crime. Nestes casos, você deverá
elaborar a defesa, mas não poderá pedir a absolvição sumária do réu, nos termos do artigo 397
do CPP. Ademais, você não pedirá a absolvição do acusado, mas que o juiz o impronuncie,
absolva sumariamente ou desclassifique o delito, enviando-o para o juiz da Vara Criminal.
Importante!
Se for um caso/problema apresentado pela OAB e se tratar de citação editalícia,
considerando-se como peça obrigatória, o prazo somente começará a fluir a partir
do comparecimento do acusado ou de seu defensor;
Caso o problema da prova cite outras pessoas que conheçam os
fatos ou as circunstâncias a esse relacionadas (tal como um
álibi, por exemplo), o candidato deverá arrolar essas pessoas
como testemunhas. Caso o problema não cite nomes
específicos, o candidato deverá, sem inventar dados,
demonstrar conhecimento arrolando testemunhas sem as
qualificar – bastará mencionar, por exemplo, no espaço
dedicado ao rol como: “Testemunha 01; Testemunha 02 e
Testemunha 03”;
Seja o caso de oferecimento de exceção – de incompetência ou suspeição –, deve
ser apresentada seguindo-se o disposto nos artigos 95 a 112 do Código de Processo
Penal, em peça própria – e não por meio de resposta à acusação; 
A apresentação da resposta à acusação será imprescindível para a continuidade do
processo. Assim, caso o acusado não apresente a resposta à acusação no prazo legal,
após ter sido legalmente citado, o juiz obrigatoriamente deverá encaminhar o
processo para a Defensoria Pública, ou nomear um defensor dativo para que possa
oferecer a defesa escrita, sob pena de nulidade absoluta;
Pedido de rejeição da inicial: como já aprendemos, a resposta à acusação é a peça
cabível após o recebimento da petição inicial. Portanto e em tese, não seria possível
pedir a rejeição da petição inicial, tal como ocorre com a defesa prévia da Lei de
Drogas – aprenderemos a seguir. Todavia, há diversos julgados nos tribunais
admitindo o pedido. Inclusive, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) publicou, no
Informativo 522, o seguinte:
Desta forma, caso o enunciado do problema da OAB traga hipótese de não recebimento da
petição inicial, nos termos do artigo 395 do CPP, não deixe de alegá-la em sua resposta à
acusação.
Pedido
O tópico “Do pedido” é consequência lógica do tópico anterior, “Do direito”. 
Ao elaborar a peça defensiva, atente-se para que nada seja esquecido. Os pedidos são pontuados
individualmente. 
Deve ser requerido o recebimento da resposta à acusação; o reconhecimento da absolvição
sumária – se for o caso. 
Deve ser requerido o acolhimento do pedido que foi formulado e a notificação das testemunhas
arroladas.
Após colocar: “Nestes termos, pede deferimento”, considere que na prática isso é opcional, de
modo que para o exame da OAB também não é obrigatório; contudo, neste caso é bom não se
esquecer das formalidades.
“O fato de a denúncia já ter sido recebida não impede o juízo de primeiro grau de,
logo após o oferecimento da resposta do acusado, prevista nos arts. 396 e 396-A
do CPP, reconsiderar a anterior decisão e rejeitar a peça acusatória, ao constatar a
presença de uma das hipóteses elencadas nos incisos do artigo 395 do CPP,
suscitada pela defesa.”
Lembre-se, só mencione a comarca se o problema disser onde o processo tramita; senão, diga:
“Comarca...”. Não coloque a sua cidade de prova se o problema assim não mencionar. 
Concernente à data, em resposta à acusação, a FGV costuma pedir que a peça seja datada no
último dia de prazo, de modo que fique atento(a) sobre isso. 
Por fim, não invente número de OAB ou nome para o advogado (por exemplo, “advogado
Fulano”), sob pena de anulação da prova.
Modelo_RespostaAcusação.docx
14.1 KB
Exemplo de Resposta à Acusação solicitada pela OAB
(Exame de Ordem, OAB/Cespe, 2008.3, adaptado e atualizado)
Importante! 
Realize o download do arquivo a seguir e veja um exemplo de modelo de
resposta à acusação. 
https://articulateusercontent.com/rise/courses/ztEg3f-IFKG8ZBbTr_efhUlrOpOXVgEM/fRp68K854xHJ_s-i-Modelo_RespostaAcusa%25C3%25A7%25C3%25A3o.docx
Alessandro, de 22 anos de idade, foi denunciado pelo Ministério Público como incurso nas penas
previstas no artigo 217 do Código Penal, por crime praticado contra Geisa, de 20 anos de idade.
Na peça acusatória, a conduta delitiva atribuída ao acusado foi narrada nos seguintes termos:
“No mês de agosto de 2022, em dia não determinado, Alessandro dirigiu-se à residência de
Geisa, ora vítima, para assistir, pela televisão, a um jogo de futebol. Naquela ocasião,
aproveitando-se do fato de estar a sós com Geisa, o denunciado constrangeu-a a manter com
ele conjunção carnal, fato que ocasionou a gravidez da vítima, atestada em laudo de exame de
corpo de delito. Certo é que, embora não se tenha valido de violência real ou de grave ameaça
para constranger a vítima a com ele manter conjunção carnal, o denunciando aproveitou-se do
fato de Geisa ser incapaz de oferecer resistência aos seus propósitos libidinosos assim como de
dar validamente o seu consentimento, visto que é deficiente mental, incapaz de reger a si
mesma”. Nos autos havia somente a peça inicial acusatória, os depoimentos prestados na fase
do inquérito e a folha de antecedentes penais do acusado. O juiz da 2ª Vara Criminal do Estado X
recebeu a denúncia e determinou a citação do réu para se defender no prazo legal, tendo sido a
citação efetivada em 10 de janeiro de 2023. Alessandro procurou, no mesmo dia, a ajuda de um
profissional e outorgou-lhe procuração ad juditia com a finalidade específica de ver-se
defendido na ação penal em apreço. Disse, então, a seu advogado que não sabia que a vítima era
deficiente mental, que já a namorava havia algum tempo, que sua avó materna, Romilda e sua
mãe, Geralda, que moram com ele, sabiam do namoro e que todas as relações que manteve com
a vítima eram consentidas. Por fim, Alessandro informou que não havia qualquer prova da
debilidade mental da vítima.
Questão: Em face da situação hipotética apresentada, redija, na qualidade de advogado(a)
constituído(a) pelo acusado, a peça processual, privativa de advogado, pertinente à defesa de seu
cliente. Em seu texto, não crie fatos novos, inclua a fundamentação legal e jurídica, explore as
teses defensivas e date o documento no último dia do prazo para protocolo.
Solução – peça comentada:
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ...
[Interessante comentar aqui que, pelo fato de constar no problema em qual Vara foi recebida a
denúncia, constata-se este dado
no endereçamento; o mesmo não ocorreu com a Comarca,
sendo assim, tal dado não pode ser inventado].
ALESSANDRO, nacionalidade, estado civil, profissão, portador do RG sob o nº e inscrito no
CPF/MF sob o nº, residente e domiciliado na ... nos autos em epígrafe, que lhe move a Justiça
Pública, por seu advogado que a esta subscreve (procuração anexada), vem, respeitosamente, à
presença de Vossa Excelência, dentro do prazo legal, oferecer
[Sendo a primeira vez em que seu cliente se manifesta nos autos, torna-se necessário juntar
instrumento de procuração – faça apenas menção ao documento].
Resposta à Acusação
Nos termos do artigo 396-A, pelos motivos de fato e de direito que passa a expor:
[Não deixe de citar o artigo em que se fundamenta a peça. É um ponto relevante explorado pelo
examinador].
I – Dos Fatos:
Alessandro foi denunciado porque, em agosto de 2022 supostamente teria se dirigido à
residência de Geisa e a constrangido a com ele manter conjunção carnal, resultando, assim, na
gravidez da suposta vítima, conforme laudo de exame de corpo de delito. Narra ainda a exordial
que, embora não se tenha se valido de violência real ou de grave ameaça para a prática do ato, o
réu teria se aproveitado do fato de Geisa ser incapaz de oferecer resistência ao propósito
criminoso, assim como de validamente consentir, por se tratar de deficiente mental, incapaz de
reger a si mesma.
[Lembre-se de não usar muito espaço para a narração dos fatos, para a peça não ficar
demasiadamente extensa. Faça um pequeno resumo do que é narrado no problema, atentando-
se para aspectos relevantes a serem explorados quando da argumentação e sem inventar
nenhum dado que não conste no problema].
II – Do Direito:
Com efeito, o réu desconhecia a alegada condição de tratar-se a vítima de débil mental, sendo
este um dos requisitos previstos em Lei para que a vítima seja vulnerável. 
Não sendo a debilidade aparente e, portanto, desconhecida pelo réu, os atos sexuais, nas
circunstâncias em que foram praticados, deram-se de forma não criminosa por manifesta
atipicidade.
Estamos diante da figura do erro de tipo, prevista no artigo 20 do CP: 
Art. 20 – O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a
punição por crime culposo, se previsto em lei.
Foi o que realmente aconteceu no caso em tela. O réu teve falsa percepção da realidade, já que
namorava a vítima havia algum tempo e sua avó materna, Romilda e sua mãe, Geralda, que
moram com ele, sabiam do namoro e que todas as relações que manteve com a vítima eram
consentidas.
O erro, em Direito Penal, é uma errada percepção da realidade. Foi uma falsa percepção do
acusado que não poderia prever a ilicitude de sua conduta no momento.
Ademais, erro de tipo é o erro do agente que recai sobre elemento constitutivo do tipo legal de
crime (CP, art. 20, Caput, 1ª parte). O erro de tipo exclui sempre o dolo, seja evitável, seja
inevitável.
No caso em tela, o dolo era inevitável, diante das condições em que o namoro transcorria.
Assim, o crime estará excluído se o autor desconhece ou se engana a respeito de um dos
componentes da descrição legal do tipo penal, como no caso em tela, onde o acusado não tinha
nenhuma intenção delitiva.
Portanto, deve ser reconhecida a figura do erro de tipo, excluindo, assim, o crime.
Não bastassem tais circunstâncias compulsando os autos, observa-se ainda a inexistência de
laudo pericial comprovando a alegada debilidade mental que, aliás, não pode ser presumida.
III – Do Pedido:
Diante do exposto, requer que seja o acusado absolvido sumariamente nos termos do artigo 397,
inciso I do Código de Processo Penal. Entretanto, caso ainda não seja este o entendimento de
Vossa Excelência, requer a realização de exame pericial para que se verifique a higidez mental da
suposta vítima e sejam ouvidas as testemunhas a seguir arroladas no decorrer da instrução:
Testemunha 1 – Romilda, qualificada à fl. ...
Testemunha 2 – Geralda, qualificada à fl. ...
[Nesse caso, somente citamos os nomes das testemunhas porque trazidos no problema. Não
sendo citado nenhum nome na questão, não deixe de apresentar o rol, por ser esta a única
oportunidade para a defesa proceder desta forma. Assim, caso não seja possível indicar os
nomes na sua peça, aponte apenas: “Testemunha 01 – ___” e demonstre o seu conhecimento
sobre a imprescindibilidade].
Nesses termos,
Pede deferimento.
Local, data.
[Somente não foi citada a data de apresentação da peça porque, no caso em tela, não foi
esclarecida a data de abertura do prazo – mas cuidado com este requisito. Ademais, caso o
problema forneça o local, este deve ser citado neste momento].
Advogado OAB nº
[Em nenhuma hipótese você pode se identificar, sob pena de ter a sua prova anulada].
Defesa Prévia (Lei 11.343/2006) e Defesa Preliminar
A defesa prévia e defesa preliminar são peças cabíveis em casos específicos. 
Por serem duas peças semelhantes, serão abordadas aqui ao mesmo tempo. 
A defesa prévia está prevista na Lei de Drogas e a defesa preliminar, no rito dos crimes
funcionais. 
Em ambas as peças temos a mesma situação: o Ministério Público ofereceu denúncia, mas o juiz
ainda não a recebeu. Como não houve, até então, o recebimento da petição inicial, as duas peças
estão em fase pré-processual.
Fundamento Legal
Identificação das Peças
Em duas, o Ministério Público terá oferecido denúncia contra o seu cliente, mas ainda não terá
ocorrido o recebimento da inicial. Outra forma de se identificar as peças é pelo crime praticado. 
Na defesa prévia: artigo 55, Caput da Lei 11.343/2006;
Na defesa preliminar do rito dos crimes funcionais: artigo 514, Caput do CPP.
Defesa prévia – cabimento: a defesa prévia é peça cabível nos crimes previstos na
Lei de Drogas (Lei 11.343/2006). Você jamais a escolherá, por exemplo, para a defesa
de alguém que tenha praticado um roubo;
Eis outra dica para a identificação das peças: o problema dirá que o cliente foi notificado – e não
citado. Só se menciona citação na fase processual, ou seja, após o recebimento da inicial. 
Na fase pré-processual, a comunicação da existência de peça inicial se dá pela notificação.
Prazos
A defesa prévia tem prazo de 10 dias, após a notificação. 
A defesa preliminar, 15 dias após a notificação. 
Sobre a contagem, atenção: o prazo deve ser contado desde a notificação – e não desde a juntada
do mandado aos autos. 
Ademais, por serem prazos processuais, feriado e final de semana os prolongam ao primeiro dia
útil seguinte. 
Teses de Defesa no Procedimento da Lei de Drogas e nos Crimes
Praticados pelo Funcionário Público
Diferentemente da resposta à acusação em que o juiz já recebeu a inicial, na defesa prévia e na
defesa preliminar houve apenas o oferecimento da denúncia. O seu objetivo será, então,
convencer o juiz a não receber a denúncia oferecida, com fundamento no artigo 395 do CPP, este
que traz três causas de rejeição da inicial:
Defesa preliminar – cabimento: a defesa preliminar será a peça cabível quando se
tratar de crime praticado por funcionário público contra a administração pública –
os chamados crimes funcionais (CP, art. 312 a 326). Segue o procedimento dos
artigos 513/518 do CPP.
Petição inicial inepta: a denúncia ou queixa é inepta quando, por não estar
compreensível, confusa, não preenche os requisitos do artigo 41 do CPP. Se for uma
Pedidos
Por ser uma peça pré-processual, não há como pedir a absolvição do denunciado. 
O seu pedido será a rejeição da denúncia, com fundamento no artigo 395 do CPP. É bem provável
que a FGV peça mais de uma causa de rejeição. Caso isso ocorra, faça pedidos de rejeição
distintos, por exemplo, “requer a rejeição da denúncia, com fundamento no artigo 395, III, do
CPP, por falta de justa causa e com base no artigo 395, I, do CPP, por inépcia da petição inicial”.
das teses, o enunciado dirá em denúncia genérica, que não descreve com exatidão a
conduta de cada um dos denunciados se for crime cometido por
dois ou mais réus
(concurso de pessoas), ou dirá que o Ministério Público apresentou denúncia
incoerente. A ausência de pedido também é causa de rejeição da denúncia por
inépcia;
Falta de pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal: se a
denúncia estiver “contaminada”  por algum vício que inviabilize a ação penal. São
exemplos: atipicidade (impossibilidade jurídica), ilegitimidade da parte, exemplo,
advogado oferece denúncia no lugar do promotor, Ministério Público estadual
oferece denúncia no Ministério Público federal ou incompetência do juízo;
Falta de justa causa: trata-se de análise do mérito da causa para buscar a absolvição
do denunciado. Eis alguns exemplos de teses de falta de justa causa: legítima defesa,
estado de necessidade, erro de tipo essencial, erro de proibição inevitável, crime
impossível, atipicidade do crime etc.
Importante! 
A seguir é possível realizar o download de um modelo de defesa
preliminar.
Modelo_DefesaPreliminar.docx
13.9 KB
Nomenclatura Correta das Peças
Na advocacia prática, podemos adotar resposta à acusação, defesa escrita ou defesa prévia ao
nomear a petição defensiva. Todavia, se for para a elaboração de peça no exame da OAB ou
qualquer outro concurso jurídico, a inversão dos nomes das peças pode acarretar reprovação.
Assim, devemos nomear a peça corretamente para cada procedimento, vejamos:
“Resposta à acusação” para a peça dos artigos 396 e 406 do CPP; 
“Defesa prévia” para a defesa do artigo 55 da Lei 11.343/2006;
 “Defesa preliminar” ou “resposta escrita” (expressão da Lei) para a peça do artigo
514 do CPP.
https://articulateusercontent.com/rise/courses/ztEg3f-IFKG8ZBbTr_efhUlrOpOXVgEM/foWb3eDUokkH0Ylx-Modelo_DefesaPreliminar.docx
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
  Vídeos  
Estrutura da Queima-crime
2 / 3
 Material Complementar
ESTRUTURA DA QUEIXA CRIME
https://www.youtube.com/watch?v=RqDVtIGb94M
Queixa-crime (2ª Fase OAB – Como Redigir a Peça)
Resposta à Acusação (2ª Fase OAB – Como Redigir a Peça)
Queixa-crime (2ª Fase OAB - Como redigir a peça)
Resposta à acusação (2ª Fase OAB) | Como redigir a peça
https://www.youtube.com/watch?v=7ba7lgc9mGM
https://www.youtube.com/watch?v=k0nkYjrU8GM
Tudo sobre Resposta à Acusação
  Leitura  
Algumas Anotações sobre a Queixa no Processo Penal
Clique no botão para conferir o conteúdo.
ACESSE
A Queixa-crime e suas Especificidades na Sistemática do
Processo Criminal
Tudo sobre a Resposta à Acusação
https://rogeriotadeuromano.jusbrasil.com.br/artigos/1508016491/algumas-anotacoes-sobre-a-queixa-no-processo-penal
https://www.youtube.com/watch?v=3wTDXmyV7xM
Clique no botão para conferir o conteúdo.
ACESSE
É Possível a Rejeição da Denúncia após a Resposta à
Acusação?
Clique no botão para conferir o conteúdo.
ACESSE
Defesa Preliminar (Tráfico de Drogas)
Clique no botão para conferir o conteúdo.
ACESSE
https://freelaw.work/blog/queixa-crime/
https://www.migalhas.com.br/depeso/300558/e-possivel-a-rejeicao-da-denuncia-apos-a-resposta-a-acusacao
https://rodrigoglino.jusbrasil.com.br/modelos-pecas/654222772/defesa-preliminar-trafico-de-drogas
DEZEM, G. M. et al. Prática jurídica – penal. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2021. (e-book)
GLOECKNER, R. J. Nulidades no processo penal. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. (e-book)
LOPES JUNIOR, A. Direito Processual Penal. 15. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018. (e-book)
MARCÃO, R. Curso de Processo Penal. 4. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018. (e-book)
NUCCI, G. S. Prática forense penal. 1. ed. São Paulo: Grupo GEN, 2022. 
NUCCI, G. S. Curso de Direito Processual Penal. 19. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2022. (e-book)
PACELLI, E. Curso de Processo Penal. 22. ed. São Paulo: Atlas, 2018. (e-book)
RANGEL, P. Direito Processual Penal. 27. ed. São Paulo: Atlas, 2019. (e-book)
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 Referências

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