@import url(https://fonts.googleapis.com/css?family=Source+Sans+Pro:300,400,600,700&display=swap); Aspectos gerais do setting: Exercícios e Desafio.QUESTÕES DE 1 A 5:1. O setting terapêutico é muito mais do que o ambiente físico onde ocorre a relação terapêutica. Há uma série de características que o compõem, que envolvem aspectos físicos (do ambiente propriamente dito), aspectos práticos, os arranjos para que o processo se desenrole, e também aspectos relacionais.Sobre as características do setting analítico, considere as seguintes afirmações:I. Uma das características do vínculo terapêutico é a similaridade. Nesse sentido, o terapeuta e o paciente devem estar buscando objetivos similares para o melhor andamento do processo.II. Uma das características do vínculo terapêutico é a assimetria. Com esse conceito, entende-se que a relação terapêutica deve respeitar uma condição hierárquica, em que o terapeuta tem um poder maior no setting.III. Uma das características do vínculo terapêutico é o isomorfismo. Assim, entende-se que a relação que o paciente estabelece com o terapeuta é do tipo análoga à relação que ele estabelece com sua mãe.Assinale a alternativa que contém as assertivas corretas.Resposta: Apenas II e III.Explicação: De acordo com o que você estudou, o vínculo terapêutico que caracteriza o setting analítico pode ser descrito a partir de três pontos:1. A relação é do tipo não similar, considerando que terapeuta e paciente podem ter formas diferentes de pensar, valores, etc. Não é necessário que haja similaridade.2. A relação é do tipo assimétrica, em que há diferença hierárquica entre terapeuta e paciente, sendo que o terapeuta ocupa um papel de maior poder no setting.3. A relação é do tipo isomórfica, em que o paciente se relaciona com o terapeuta de maneira análoga à forma como se relaciona com sua mãe.2.O setting terapêutico, sua definição, seus componentes e sua forma de organização, foram bastante explorados pela psicanálise, desde Freud até os dias atuais. No que diz respeito a essa questão, há um trecho da obra de Freud bastante usual na abordagem da complexidade do setting terapêutico:\u201cTodo aquele que espera aprender o nobre jogo de xadrez nos livros, cedo descobrirá que somente as aberturas e os finais de jogos admitem uma apresentação sistemática exaustiva e que a infinita variedade de jogadas que se desenvolvem após a abertura desafia qualquer descrição desse tipo. Esta lacuna na instrução só pode ser preenchida por um estudo diligente dos jogos travados pelos mestres. As regras que podem ser estabelecidas para o exercício do tratamento psicanalítico acham-se sujeitas a limitações semelhantes\u201d (FREUD, 1996, p. 241).A partir dessa citação, o que se pode entender sobre setting terapêutico?Resposta: A construção do setting terapêutico define orientações gerais a serem preservadas. Mas há uma complexidade de fatores que devem ser considerados e dosados.Explicação: A construção do setting terapêutico indica "as regras do jogo" do processo terapêutico. Entretanto, essas regras não determinam o processo como um todo. Elas desenham as linhas gerais da forma como se deve iniciar um processo terapêutico e dos aspectos a serem preservados pelo terapeuta, mas sem rigidez. As regras não ditam como o processo será do início ao fim, pois há uma complexidade de fatores a serem considerados e dosados pelo terapeuta nesse sentido. Inclusive, quando há ruptura do setting por parte do paciente, esse movimento deve ser analisado, podendo ser uma forma de o paciente comunicar algum ponto a ser trabalhado na análise.3.Identificar os elementos que compõem o setting terapêutico auxilia o terapeuta a detalhar diferentes pontos a serem observados quando se inicia um processo terapêutico.Sobre esses elementos, analise as afirmativas a seguir:I. O ambiente físico em que a sessão ocorrerá é um dos elementos que compõe o setting. Entretanto, o espaço físico não diz respeito à totalidade da compreensão de um setting analítico.II. Os combinados práticos referentes à frequência das sessões, valores a serem cobrados, política de férias e faltas são elementos do contrato entre terapeuta e paciente e, sendo assim, não dizem respeito ao setting.III. A relação que se estabelece entre terapeuta e paciente faz parte do setting terapêutico. Essa relação deve sempre preservar o anonimato, o uso do divã e a neutralidade.Assinale a alternativa que contém as assertivas corretas.Resposta: Apenas I.Explicação: O espaço físico é um elemento do setting terapêutico, mas não representa sua totalidade. Os combinados práticos relacionados ao contrato entre terapeuta e paciente também fazem parte do setting, assim como a relação terapêutica, que deve prezar pelo anonimato, neutralidade e abstinência. O uso do divã não é obrigatório, principalmente considerando-se os diferentes meios para a realização da terapia (como on-line, por exemplo).4.Um ponto importante do setting terapêutico diz respeito à postura ou atitude do terapeuta. Nesse sentido, alguns pontos devem ser considerados, tais como a neutralidade, a abstinência e o anonimato.Sobre esses três pontos, assinale a alternativa correta.Resposta: Sobre a neutralidade, destaca-se que o terapeuta deve estabelecer uma postura que busca colocar de lado seus pensamentos e questões, assim como um cirurgião que vai iniciar seu trabalho.Explicação: A neutralidade, a abstinência e o anonimato são elementos que compõem a relação terapêutica no contexto da análise. Esses elementos devem ser dosados de acordo com o método, a técnica e a ética psicanalítica.A neutralidade refere-se ao movimento do terapeuta de colocar de lado suas questões, opiniões e pensamentos acerca do paciente e da sua fala, agindo de maneira mais próxima a um cirurgião. Entretanto, entende-se que essa postura é uma busca, não uma linha de chegada, um lugar que será de fato atingido.O anonimato diz respeito à postura do terapeuta em manter o sigilo em relação à sua vida particular.E a abstinência está relacionada ao foco do analista, que não deve ser voltado para responder às expectativas do paciente. O paciente será frustrado quando necessário. O foco deverá ser a manutenção do setting e a análise.5.O setting terapêutico, ou analítico, tem uma função importante como técnica terapêutica, sendo, por isso, fundamental que o terapeuta esteja comprometido com sua preservação durante todo o processo. É com a manutenção do setting que a terapia tende a transcorrer de maneira mais alinhada ao esperado.Entretanto, sabe-se que há alguns pontos que podem gerar a quebra ou ruptura desse setting terapêutico, por isso o analista deve estar atento a alguns aspectos.Sobre essas questões, assinale a alternativa correta.Resposta: Quando o paciente tem algum movimento de quebra do setting terapêutico, essa ação deve ser vista como uma possível comunicação de algo inconsciente.Explicação: O terapeuta deve ser o guardião do setting terapêutico. Ele deve estar comprometido em manter os arranjos que delimitam os papeis e os combinados para o bom andamento do processo terapêutico (referentes a pagamentos, férias, frequência, etc.), além de ser responsável pela manutenção da relação de confiança. Quando o paciente tem algum movimento de quebra do setting, esse movimento pode ser uma forma de comunicação de algo inconsciente, por isso o terapeuta deve interpretar essas ações, buscando o que está por trás delas. Sendo assim, as rupturas podem indicar um conteúdo a ser trabalhado na análise.Desafio:A manutenção do setting analítico deve ser um compromisso do terapeuta. Quando bem estabelecido, os papéis esperados para cada uma das partes ficam mais claros, assim como os arranjos para que o desenrolar do processo ocorra da forma esperada ou como deveria.Entretanto, é possível que ocorram rupturas desse setting. Pensando nisso, imagine a seguinte situação:\u200b\u200b\u200b\u200b\u200b\u200b\u200bA partir disso, responda:a) Como você pode interpretar esse movimento de Paula? Avalie a questão a partir da relação dinâmica de manutenção e/ou ruptura de setting.b) Como você pode proceder, diante da situação descrita, para a manutenção do setting até então estabelecido?Padrão de resposta esperado:a) O movimento de Paula está indo em direção à quebra do combinado que mantém o setting terapêutico, ou seja, está ocorrendo uma possível ruptura do setting. Nesse sentido, é importante lembrar que o terapeuta deve ser o guardião dos combinados que sustentam o setting.Porém, quando há um movimento como esse, o terapeuta deve, primeiramente, analisar a questão como uma forma de comunicação de Paula. Quando o paciente tem algum comportamento no sentido de promover uma ruptura no setting terapêutico, é importante que o terapeuta analise essa questão como uma forma de comunicar algo, ou seja, esse fato deve ser foco de análise. Muitas vezes, essas ações de ruptura de contrato são formas de encontrar uma linha de comunicação com o cliente, explorar algum ponto, encontrar a sintonia na relação terapêutica. Em outras palavras, quando há um movimento do paciente no sentido de ruptura do setting, o terapeuta deve ficar atento, pois essa ação pode revelar muito mais do que apenas a insatisfação com o reajuste, podendo indicar aspectos a serem trabalhados.b) O terapeuta deve estar comprometido com a manutenção do setting terapêutico. Isso envolve a preservação dos combinados, da dinâmica das sessões e da relação terapêutica. Nesse sentido, é interessante que o terapeuta mantenha o que foi previamente acordado, defendendo o setting terapêutico e a importância desses arranjos para que o processo como um todo transcorra dentro do método, da técnica e da ética.Evidentemente, casos específicos devem ser analisados. A ciência da psicologia não é uma ciência exata. Logo, cabe ao terapeuta analisar situações específicas e dosar sua postura, escolhendo formas de manejo da situação que se mantenham alinhadas aos objetivos terapêuticos.Sendo assim, cabe ao terapeuta a preservação do setting e a análise da queixa (no caso, referente ao reajuste), verificando se a queixa é pertinente e tem fundamento, se deve ser considerada e se o ponto deve ser revisado ou não. No caso de Paula, como está descrito que a questão não é referente a impossibilidades econômicas, parece fazer mais sentido manter o acordo e analisar o que pode estar como pano de fundo desse movimento de ruptura do setting. É importante o terapeuta se perguntar o que está por trás desse movimento. Essa questão pode trazer revelações importantes.
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