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ECONOMIA POLÍTICA Filipe Prado Macedo da Silva Noções gerais de economia e economia política Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever o objeto de estudo da economia. Analisar o principal problema econômico: a escassez. Classificar a economia política e as demais áreas de estudo da economia. Introdução No mundo contemporâneo, a economia deixou de ser uma ciência restrita a profissionais de negócios, consultores financeiros e agentes públicos do governo. Hoje, as notícias econômicas são o assunto principal em jornais e programas de TV. Isso significa que, sem o estudo das noções gerais de economia, é difícil compreender as leis fundamentais que regem o mercado. Então, até certo ponto, durante toda a sua vida — do berço até a sepultura — você enfrentará os efeitos positivos e negativos da economia. Neste capítulo, você vai ver o que é a economia e qual é o seu ob- jeto de estudo. Também vai descobrir por que a escassez é o principal problema econômico. Além disso, vai entender como a economia se organiza cientificamente em torno de áreas de estudo. Objeto de estudo da economia A economia não é um assunto tão novo, como você pode imaginar. Na Grécia Antiga, a palavra economia já era utilizada e indicava a administração da casa ou do patrimônio particular (SANDRONI, 2005). É justamente do grego que deriva o signifi cado da palavra: oikos (casa) e nomos (norma ou lei). Com o avanço da sociedade humana, a economia se expandiu também aos assuntos das empresas (ou seja, das unidades de produção) e dos governos (ou seja, das políticas econômicas). Assim, a economia é a ciência cujo objeto de estudo é a atividade econô- mica de toda a sociedade (KRUGMAN; WELLS, 2011). Isso significa que a finalidade da economia é entender como as sociedades organizam a sua produção de bens, como distribuem as suas riquezas e rendas, como regulam os seus mercados e como combinam os seus recursos produtivos. Ainda que a preocupação fundamental da economia seja entender os aspectos mensuráveis da atividade produtiva — utilizando conhecimentos matemáticos e estatísticos —, essa ciência se ocupa também de elementos subjetivos e de comportamentos humanos. Assim, compreende um vasto leque de temas. Em outras palavras, a economia é uma ciência social que repousa sobre os atos dos seres humanos, não em análises puramente frias e calculistas (KRUGMAN; WELLS, 2011; SANDRONI, 2005). É por isso que um dos principais objetivos da economia é melhorar as condições de vida das sociedades e dos países (SAMUELSON; NORDHAUS, 2012). Ou seja, a economia não é um mero jogo de números, já que pode afetar positivamente ou negativamente a humanidade. Na prática, as decisões econômicas podem influenciar a qualidade de vida, a produção de alimentos, o aquecimento global, as relações diplomáticas, entre outros. Por isso você deve ter em mente que a economia é uma ciência que não se desconecta da prática, mesmo que algumas teorias econômicas pareçam, em princípio, muito abstratas. Nas últimas cinco décadas, o estudo e o conhecimento do objeto de estudo da economia se tornaram determinantes para o sucesso ou o fracasso dos indivíduos, das empresas e dos governos. Compreender as leis fundamentais da economia deixou de ser um assunto restrito a profissionais de negócios, consultores financeiros e agentes públicos do governo. Hoje, as notícias eco- nômicas são o assunto principal em jornais e programas de TV. A economia é um tema que está presente na vida de todos. Noções gerais de economia e economia política2 Os três agentes econômicos A economia tem como objeto de estudo basicamente três agentes econômicos: os indivíduos ou as famílias, as empresas e os governos. Essa perspectiva teórica tem o objetivo de simplifi car a realidade complexa das sociedades contemporâneas, que, como você sabe, evoluem cada vez mais rápido. A seguir, você pode conhecer melhor cada um dos três agentes econômicos que formam qualquer tipo de sistema econômico (veja também a caixa “Fique Atento”). Os indivíduos ou as famílias são os agentes econômicos que, de um lado, vendem a sua força de trabalho para o sistema econômico e, de outro, deman- dam bens e serviços. São os indivíduos que, no final das contas, possuem os fatores de produção e usufruem as suas remunerações. Já as empresas são os agentes econômicos responsáveis pela produção, pela distribuição e pela circulação dos bens e serviços do sistema econômico. Isso inclui todos os tipos de unidades produtivas, sejam elas rurais ou urbanas, ou do setor agropecuário, industrial ou de serviços. Quanto mais rico for um país, maior será o número de empresas e suas complexidades produtivas e tecnológicas. Finalmente, os governos são os agentes econômicos responsáveis por organizar e por regular os sistemas econômicos. Basicamente, os governos fornecem bens e serviços públicos, mas também demandam bens e serviços das empresas. Além disso, os governos empregam indivíduos em seus dife- rentes níveis de poder. Por exemplo, no Brasil, isso inclui os governos locais, estaduais e nacional. Fatores de produção e as suas remunerações Para o sistema econômico funcionar, são necessários fatores de produção, ou seja, recursos produtivos que são utilizados no processo de fabricação ou de prestação de serviços. Nesse sentido, a economia tem como objeto de estudo fundamental três fatores de produção: a terra, o trabalho e o capital. Essa visão teórica também tem o objetivo de simplifi car a realidade complexa das sociedades contemporâneas. É importante destacar que o propósito da teoria é ver a realidade em “miniatura”, a fi m de didaticamente entender o seu funcionamento (KRUGMAN; WELLS, 2011). 3Noções gerais de economia e economia política Dessa forma, o fator terra se refere a todos os recursos naturais, como as terras cultiváveis, as florestas, as minas e os terrenos urbanos. Já o fator trabalho é o esforço humano — físico ou mental — despendido na produção de bens e serviços. E, por fim, o capital é o conjunto de bens utilizados no processo de produção de outros bens, como as máquinas, os equipamentos, as instalações e as matérias-primas. De acordo com Sandroni (2005, p. 332), “[...] atualmente, costuma-se incluir mais dois fatores: organização empresarial e o conjunto ciência/técnica (pes- quisa).”. Há ainda os autores que consideram cada insumo um tipo diferente de fator de produção (SAMUELSON; NORDHAUS, 2012). Cada um dos fatores de produção tem uma remuneração diferente. O aluguel é a remuneração do uso da terra. Já o salário é o preço pago pelo uso da força do trabalho. Ou seja, as empresas pagam salários aos seus trabalhadores. E os juros remuneram o uso do capital. Essas são as três remunerações básicas de um sistema econômico contemporâneo. De modo geral, os fatores de produção são limitados. Por isso, combinam- -se de maneiras diferentes, de acordo com o local e a situação específica (SANDRONI, 2005). Em outras palavras, a terra, o trabalho e o capital são finitos, possuem limites de uso e quantidade. Existem várias maneiras de organizar um sistema econômico. No mundo real, a eco- nomia pode assumir diferentes características na sua forma de organizar e regular os agentes produtivos e os fatores de produção. Os governos podem também operar de maneiras distintas. Este é um dos objetivos da economia: estudar os vários mecanismos que uma sociedade pode utilizar para aplicar os seus recursos limitados. Em geral, existem três tipos de organização. Em um extremo, estão os sistemas econômicos em que o governo toma a maioria das decisões econômicas, ou seja, uma economia dirigida ou centralizada. Esse é o caso da Coreia do Norte. No outro extremo, estão os sistemas econômicos em que as decisões são tomadas exclusivamente nos mercados, em que os indivíduos e as empresas realizam as trocas de bens e serviços. Nessa organização, o caso clássico é odos Estados Unidos. No meio, estão os sistemas econômicos mistos, em que existem elementos de mercado e de direção centralizada. É importante destacar que nenhuma sociedade contemporânea se enquadra com- pletamente nas categorias extremas. Por exemplo, a China é o caso mais evidente de economia mista, com a combinação de mercado livre e mercado dirigido. Noções gerais de economia e economia política4 Principal problema econômico: a escassez O principal problema de um sistema econômico é a escassez dos recursos econômicos. Em outras palavras, todos os fatores de produção (terra, traba- lho e capital) e os bens e serviços são fi nitos ou limitados. Não há recursos econômicos para fazer tudo ou para atender a todas as necessidades de uma sociedade. Isso porque as necessidades de uma sociedade ou um país tendem ao infi nito, ou seja, são ilimitadas (SAMUELSON; NORDHAUS, 2012). Enquanto as necessidades são ilimitadas, as disponibilidades de recursos são limitadas. É nesse confronto entre as necessidades e as disponibilidades de recursos que surge o conceito da escassez econômica. Em um mundo sem escassez, a economia deixaria de ser um assunto útil. Sem a escassez, os indivíduos, as empresas e os governos não precisariam utilizar os seus recursos de forma eficiente. Em tal paraíso de abundância, todos os bens poderiam ser gratuitos. Mas, como você sabe, nenhuma sociedade ou país atingiu a utopia das possibilidades ilimitadas. Por isso, os indivíduos, as empresas e os governos precisam decidir adequadamente como vão aplicar os seus limitados recursos econômicos. Nesse cenário de escassez, a escolha de uma opção significa abrir mão de outra opção. Não é possível, em boa parte das situações de troca, atender a todos os desejos. Esse dilema entre duas ou mais opções é o trade-off. Na economia, trade-off é a expressão que define uma situação conflitante, isto é, que ocorre quando uma ação econômica que visa à resolução de determinando problema ocasiona, inevitavelmente, outro (SANDRONI, 2005). Um indivíduo pode ter um trade-off entre gastar com educação ou comprar um carro novo. Uma empresa pode ter um trade-off entre comprar novos maquinários ou gastar com a publicidade dos seus bens e serviços. Já os governos podem ter um trade-off entre investir em novas escolas (educação) ou em novos hospitais (saúde). Na prática, todos os agentes econômicos estão diariamente expostos ao trade-off e à difícil tarefa de realizar escolhas economicamente eficientes. 5Noções gerais de economia e economia política A escolha de uma opção significa abrir mão de outra. Na economia, a opção de que se abre mão é o custo de oportunidade de uma decisão (SAMUELSON; NORDHAUS, 2012). Esse custo surge quando a escolha do bem ou do serviço A exclui desfrutar dos benefícios decorrentes do bem ou do serviço B. Por exemplo, se um indivíduo escolhe gastar sua renda com educação (um curso universitário), e não com um carro novo, ele abre mão dos benefícios de se locomover com um carro mais confortável, ou de realizar novas viagens pelo interior do país. Em suma, não é possível ser mais qualificado sem abrir mão dos benefícios do carro novo, ou vice-versa (KRUGMAN; WELLS, 2011). Nesse contexto, o problema da escassez cria, para qualquer sociedade ou país, quatro problemas básicos na organização do sistema econômico: o que produzir?, quanto produzir?, como produzir? e para quem produzir? É por isso que a eficiência econômica é um tema importante nas sociedades contemporâneas. Na prática, uma economia será mais eficiente quando o bem-estar econômico de nenhum indivíduo puder ser melhorado sem que o de outro indivíduo fique pior (SAMUELSON; NORDHAUS, 2012). Em resumo, a eficiência significa que a economia está na fronteira de suas possibilidades de produção — utilizando todos os fatores de produção da forma mais eficaz possível. Figura 1. Escassez, escolhas e custo de oportunidade. Noções gerais de economia e economia política6 Os quatro problemas da organização econômica Como você viu, qualquer sistema econômico precisa resolver quatro problemas da organização econômica: o que produzir?, quanto produzir?, como produ- zir? e para quem produzir? Esses quatro problemas precisam ser resolvidos por qualquer sociedade ou país. O objetivo dessa resolução é determinar o uso efi ciente dos fatores de produção e dos bens e serviços que a sociedade consumirá (KRUGMAN; WELLS, 2011). O que produzir? Qualquer sociedade ou país precisa determinar o que vai produzir em termos de bens e serviços. Vai produzir armas ou alimentos? Carros ou remédios? Serviços fi nanceiros ou hospitalares? É uma complexa escolha diante dos inúmeros bens e serviços atualmente possíveis. Quanto produzir? As sociedades ou os países precisam determinar também o quanto vão produzir de cada um dos bens e serviços selecionados. Isso signifi ca organizar os fatores de produção de acordo com as demandas da sociedade. Serão produzidos 2 milhões de carros e 20 milhões de remédios, ou 1 milhão de carros e 40 milhões de remédios? Lembre-se de que a opção de produzir mais de um bem ou serviço gera uma redução na produção de outro bem ou serviço. Qualquer sociedade ou país precisa calcular os custos de oportunidade decorrentes da decisão de quanto produzir de cada bem ou serviço. Como produzir? Uma sociedade ou um país precisa determinar quem irá pro- duzir, com quais recursos e com quais tecnologias de produção (SAMUELSON; NORDHAUS, 2012). Por exemplo, a energia será renovável ou não renovável? As fábricas serão intensivas em trabalho ou em máquinas? Quem produzirá os alimentos e quem produzirá os remédios? Esse problema, em última instância, revela a complexidade de uma sociedade ou um país. Em geral, países mais ricos possuem mais opções de respostas para o problema de como produzir. Para quem produzir? Nesse problema, qualquer sociedade ou país precisa determinar quem vai usufruir os bens e serviços produzidos. Quem tem renda para consumir? Em que região do país o consumo ocorrerá? A renda dos professores é menor que a dos médicos? Existem muitos pobres e poucos ricos? Esse problema vai revelar quem são os ganhadores e os perdedores de uma sociedade ou um país. 7Noções gerais de economia e economia política No mundo, existem vários tipos de bens, não é? Um bem é tudo aquilo que tem utilidade e pode satisfazer uma ou várias necessidades humanas. Os bens livres são aqueles que existem em quantidade ilimitada e podem ser obtidos com pouco ou nenhum esforço humano, como o ar e a luz solar. Enquanto isso, os bens econômicos são aqueles relativamente escassos e que demandam trabalho humano. Entre os principais tipos de bens econômicos estão: os bens de capital ou de produção (máquinas, equipamentos, instalações) e os bens de consumo (alimentos, vestuários, remédios, etc.). Além disso, os bens de consumo ainda podem ser classificados segundo sua função, ou seja, podem ser classificados em bens finais, que são aqueles que já passaram por todo o processo de produção e estão prontos para consumo, e bens intermediários, que são aqueles que ainda precisam ser transformados para atingir sua forma definitiva. Na prática, os bens intermediários são aqueles empregados no processo de produção para se tornarem, assim, bens finais. Os bens também podem ser classificados em bens privados, que são possuídos privadamente (como um carro e uma televisão), ou bens públicos, que se referem aos bens fornecidos pelo setor público (como uma estrada e um prédio público) e que podem ser usados, mas não apropriados privadamente pela sociedade. Economia política e demais áreas de estudo da economia Os primeiros estudos teóricos da economia apareceram como ramo da fi lo- sofi a política (KISHTAINY et al., 2013). Ou seja, os problemas econômicos surgiram como problemas da fi losofi a moral ou política. Eram estudos sobre a produção social de bens visando à satisfação de necessidades humanas em uma sociedade queabandonava o mercantilismo e criava o capitalismo. Isso aconteceu no século XVIII. Nessa época, a economia se chamava economia política. No século XIX, a economia ganhou o status de ciência e passou a se chamar ciência econômica nos meios acadêmicos (SANDRONI, 2005). Nesse sentido, boa parte da teoria econômica passou a determinar as leis que governam o comportamento das sociedades, da mesma forma que outros acadêmicos tinham descoberto leis matemáticas e físicas por trás de fenômenos naturais (KISHTAINY et al., 2013). Desde então, a expressão economia política foi abandonada, passando a se referir apenas a um ramo da ciência econômica ou a uma subárea de estudo. Noções gerais de economia e economia política8 Já no século XX, a ciência econômica adquiriu protagonismo acadêmico/ científico e se popularizou na forma mais curta: economia. Nessa época, a economia se expandiu e se dividiu em vários ramos de estudo (KISHTAINY et al., 2013; SANDRONI, 2005). Por exemplo, se consolidaram teoricamente as duas grandes subáreas da economia: a microeconomia e a macroeconomia. Entretanto, surgiram diversas outras áreas: economia privada, pública, pura, social, coletiva, aplicada, livre, nacional, internacional, mista, rural, industrial, etc. (SANDRONI, 2005). Além disso, o estudo da economia passou a destacar as suas diferenças a partir de escolas do pensamento ou de centros de pensamento econômico. Como exemplos, você pode considerar a escola clássica, a escola marxista, a escola neoclássica ou a escola austríaca. Por fim, no atual século XXI, a economia passa a incorporar novas áreas e abordagens alternativas. Assim, o estudo da economia se amplia, incluindo um vasto leque de temas, como a psicologia, a sociologia, a história, a geografia, a matemática, a física, a biologia, entre outros. A economia se torna cada vez mais uma ciência multidisciplinar. No Brasil, quem organiza as subáreas do conhecimento da economia é o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Para ver as várias subáreas, acesse este link: https://goo.gl/W8LFFY Economia política Hoje, a economia política é um ramo da economia que estuda as relações sociais de produção, circulação e distribuição das riquezas. A ideia da economia polí- tica é defi nir as leis econômicas que regem tais relações sociais (SANDRONI, 2005). Nesse contexto, a economia política é um ramo fundamentalmente teórico, valendo-se de dados descritivos e da história econômica. Assim, a economia política recorre a um conjunto de categorias que for- mam o seu instrumental teórico. Além disso, usa uma metodologia capaz de 9Noções gerais de economia e economia política conduzir os estudiosos a um conhecimento do processo produtivo e das suas leis. É importante você saber que a economia política não utiliza métodos experimentais, como acontece com outros ramos da economia, valendo-se da abstração teórica. Além disso, a economia política se baseia na observação comparativa dos fenômenos estudados (SANDRONI, 2005). Os primeiros estudos da economia política começaram com a escola mer- cantilista, no século XVIII. Vários avanços ocorreram com a escola fisiocrata, mas foi a escola clássica que definiu o campo de estudo da economia política. Até hoje, o eixo central da economia política é a questão do valor. A escola mercantilista estava diretamente ligada ao mercantilismo. O mercantilismo foi uma doutrina econômica que caracterizou o período histórico da Revolução Co- mercial, entre os séculos XVI e XVIII. Já a escola fisiocrata era formada por um grupo de estudiosos franceses que combateram as ideias mercantilistas, defendendo que a terra era a única fonte de riqueza. Principais áreas de estudo da economia A economia como ciência vem evoluindo desde o século XVIII, quando o escocês Adam Smith, em 1776, fundou a economia política a partir da obra A Riqueza das Nações. Mas foi no século XX que a economia se diversifi cou, incorporando uma variedade de ramos de estudo (KISHTAINY et al., 2013). A seguir, você pode ver quais são os objetivos de algumas das principais áreas de estudo da economia. Microeconomia: é o ramo da economia que estuda o comportamento de indivíduos (famílias), empresas e governos. Apresentando uma visão “micros- cópica” dos fenômenos econômicos, a microeconomia abrange essencialmente o lado da demanda dos bens e serviços (com a teoria do consumidor) e o lado da oferta dos bens e serviços (com a teoria da fi rma, da produção, dos custos e dos rendimentos). Além disso, inclui uma teoria dos mercados, do equilíbrio geral e do bem-estar econômico (CARRERA-FERNANDEZ, 2009). Noções gerais de economia e economia política10 Macroeconomia: é o ramo da economia que estuda o comportamento do sistema econômico como um todo. Em outras palavras, tem como objeto de estudo as relações entre os grandes agregados econômicos: a renda nacional, o nível de emprego, o nível dos preços, o consumo, a poupança e os investimentos. Nesse sentido, a teoria macroeconômica fornece parâmetros que permitem a mensuração da atividade econômica geral de um país — seja pelo método do Produto Interno Bruto (PIB) ou pelo método do Produto Nacional Bruto (PNB). Além disso, a macroeconomia trabalha com indicadores do mercado de trabalho, do sistema fi nanceiro, do bem-estar social, entre outros (ALÉM, 2011). Desenvolvimento econômico: é o ramo da economia que estuda o crescimento econômico acompanhado pela melhoria do padrão de vida da população e por alterações na estrutura de sua economia. Esse ramo de estudo surgiu da constatação da profunda desigualdade entre os países que se industrializaram e atingiram elevados níveis de bem-estar social e aqueles países que não se industrializaram e permaneceram em uma situação de pobreza com acentuados desequilíbrios sociais. Hoje em dia, os estudos do desenvolvimento econômico revelam que cada país depende de suas características próprias, que podem ser: geográfi cas, históricas, populacionais, culturais, naturais, entre outras. Economia internacional: é o ramo da economia que estuda os comportamentos do comércio global ou internacional. Assim sendo, o assunto de interesse da economia internacional consiste em questões ligadas à interação econômica entre os países. Por isso, a economia internacional analisa sistematicamente os ganhos do comércio internacional, os padrões do comércio, o balanço de pagamentos, a determinação da taxa de câmbio, os acordos internacionais, as políticas econômicas internacionais e o mercado internacional de capitais (KRUGMAN; OBSTFELD, 2005). Econometria: é o ramo da economia que cuida do estabelecimento de leis quantitativas para os fenômenos econômicos. A partir da teoria econômica geral, a econometria analisa os dados fornecidos pelas estatísticas mediante a aplicação de métodos matemáticos. Com isso, estrutura o quadro de variáveis concretas que poderá servir de base a uma programação econômica. A virtude desse ramo é a possibilidade de exprimir, em linguagem matemática, as leis econômicas, anteriormente formuladas de forma discursiva/literária, o que difi cultava sua comprovação empírica (SANDRONI, 2005). 11Noções gerais de economia e economia política Economia industrial: é o ramo da economia que estuda as estruturas e os limites entre as empresas e os mercados, bem como as suas interações cooperativas e/ ou competitivas. A economia industrial foca em estudos sobre as empresas, as indústrias e os mercados, as economias de escala e de escopo, a concentração industrial, a diferenciação de produtos, as barreiras estruturais à entrada, os custos de transação, entre outros (KUPFER; HASENCLEVER, 2002). Economia urbana: é o ramo da economia que estuda os aspectos econômicos do desenvolvimento das cidades. Logo, analisa o papel do poder público e a organização dos principais serviços públicos, como transportes, saneamento básico, energia elétrica, ocupação do espaço urbano, oportunidadesde emprego e renda e aspectos econômicos e fi nanceiros subjacentes (SANDRONI, 2005). ALÉM, A. C. Macroeconomia: teoria e prática no Brasil. São Paulo: Elsevier, 2011. CARRERA-FERNANDEZ, J. Curso básico de microeconomia. 3. ed. Salvador: EDUFBA, 2009. KISHTAINY, N. et al. O livro da economia. São Paulo: Globo, 2013. KRUGMAN, P.; OBSTFELD, M. Economia internacional: teoria e prática. 6. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2005. KRUGMAN, P.; WELLS, R. Introdução à economia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. KUPFER, D.; HASENCLEVER, L. (Org.). Economia industrial: fundamentos teóricos e práticas no Brasil. Rio de Janeiro: Campus, 2002. SAMUELSON, P. A.; NORDHAUS, W. D. Economia. 19. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. SANDRONI, P. Dicionário de economia do século XXI. 2. ed. Rio de Janeiro: Record, 2005. Leituras recomendadas ANTONIONE, P.; FLYNN, S. M. Economia para leigos. 2. ed. Rio de Janeiro: Alta Books, 2012. MOCHÓN MORCILLO, F. Principios de economía. 3. ed. Madrid: McGraw-Hill, 2006. RASMUSSEN, U. W. Economia para não-economistas: a desmistificação das teorias econômicas. São Paulo: Saraiva, 2006. Noções gerais de economia e economia política12
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