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Aula 01 Introdução Iria Helena Duarte Fundamentos da Educação Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Diretora Editorial ANDRÉA CÉSAR PEDROSA Projeto Gráfico MANUELA CÉSAR ARRUDA Autor IRIA HELENA DUARTE Desenvolvedor CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS Autor IRIA HELENA DUARTE Olá! Meu nome é Iria Helena Duarte. Sou formada em Pedagogia, Especialista em Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa e Estrangeira com experiência técnica-profissional na área de ensino híbrido há mais de 10 anos. Concluinte em Psicopedagogia e Especialização em Língua Espanhola. Iniciei minha carreira como docente em diversas escolas do Estado de São Paulo, Estado do Paraná e de Santa Catarina na área da Educação Infantil e Ensino Fundamental I. Em 2008, fui convidada por uma empresa em expansão em EAD a participar do departamento Pedagógico como Coordenadora Pedagógica em EAD e depois como professora conteudista na área da pedagogia e ensino de línguas. Também trabalhei para algumas faculdades para a elaboração de trabalhos e materiais didáticos e preparatórios, como ENADE. Atualmente, sou sócia de uma escola EAD de ensino de cursos técnicos, profissionalizantes e idiomas e, também, atuo como mediadora do curso de Pedagogia e tutora virtual da Universidade Virtual do Estado de São Paulo. Amo a minha profissão e sou apaixonada pelo meu trabalho. Estou sempre em busca de novos conhecimentos porque acredito no poder da educação e da reciclagem. Adoro poder transmitir minha experiência para todos que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte sempre comigo! INTRODUÇÃO: para o início do desenvolvimen- to de uma nova competência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser prioriza- das para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofun- damento do seu conhecimento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últimas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma ativi- dade de autoapren- dizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; Iconográficos Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo projeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: SUMÁRIO Concepção de educação ................................................................. 12 A importância histórica no processo educativo .................................12 As ciências da educação ........................................................................... 14 A concepção de pedagogia.................................................................... 15 A natureza e a especificidade da educação: educação e educações .............................................................................................. 18 Perspectivas atuais da educação ................................................ 21 A educação nos dias de hoje .............................................................................21 O passado que nos guia ........................................................................................22 Educação Tradicionalista e Nova ...................................................................23 A Educação Popular ..................................................................................................24 A tecnologia e a sociedade na informação e educação ...........25 A sociedade e as novas tecnologias .......................................................... 26 A educação no contexto das políticas públicas ...................29 As políticas públicas ..................................................................................................29 A influência do Neoliberalismo ........................................................................ 31 Aspectos legais no âmbito educacional brasileiro .........................33 A Constituição Federal de 1988 .......................................................................33 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 (LDB) .........................................................................................................................................35 Plano Nacional da Educação (PNE) ............................................................ 36 Considerações finais ................................................................................................. 36 Bibliografia ...................................................................................................38 Fundamentos da Educação 9 UNIDADE INTRODUÇÃO 01 Fundamentos da Educação10 Iniciaremos nossa jornada quanto a definição da palavra educação. O que é educação para você? Qual o significado real que ela tem para a sua vida? Faremos muitos questionamentos ao longo de todo esse trabalho e esperamos que, no final, você tenha uma visão muito mais ampla sobre a educação e tenha a compreensão de todas as etapas que foram percorridas até chegar nos dias de hoje. Conhecer os fundamentos da educação é conhecer a origem de tudo, as bases, é pensarmos qual foi o ponto de partida e para onde vamos. Entendemos que essa disciplina é a sustentação de todo um processo educativo para conseguirmos compreender também as ideias dos principais pensadores de diversas épocas e culturas. Precisamos entender a história e alguns pensamentos filosóficos para que possamos chegar até os dias de hoje. O conceito de educação atualmente é muito diferente em relação a outros tempos, felizmente a educação passou a ser vista como prioridade e é essencial para todos os indivíduos. O conceito de escolarizar, de formar e até mesmo educar não era discutido no passado, o que se entendia era que as pessoas eram expostas a diversos tipos de informação sem que um contexto fizesse parte da realidade de cada um. Qual o cenário da nossa educação nos dias de hoje? Como podemos ter uma visão crítica quanto a educação e educador? Temos que compreender todas ciências humanas que envolvem a educação para que possamos, de fato, compreender a forma como atualmente se pensa sobre educação no Brasil e no mundo. Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo! Sejam muito bem-vindos! INTRODUÇÃO Fundamentos da Educação 11 Olá! Seja muito bem-vindo a nossa Unidade 1, e o nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: • Compreender os parâmetros e a definição sobre o que é educação em todo o seu contexto; • Identificar as diferentes naturezas da educação; • Analisar as perspectivas no cenário educativo atual e o impacto no ambiente escolar; • Reconhecer a importância sobre as Políticas Públicas e sua influência no âmbito educacional. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! OBJETIVOS Fundamentos da Educação12 Concepção de Educação A educação passou por muitas transformações ao longo dos anos, e foi pensada e repensada. Podemos dizer que o seu conceito é amplo e baseado em muitas teorias fundamentadas. Devemos enxergar esse tema também e como um ato científico e não somente um ato de amore de vocação. Através das trocas de experiências entre professores e estudantes, é que podemos realmente ter em mente o que mais define essa palavra. Educação é, portanto, não somente um ato de amor, mas de experiências vividas dentro de sala de aula e o que essas experiências podem trazer para os nossos alunos. Muitos movimentos históricos foram responsáveis para que essa definição sobre o que é educação, fosse pensada e repensada. Outras ciências foram importantes nesse processo e tiveram papel fundamental para que possamos chegar a uma definição sobre o que é educação nos dias atuais. Para você aluno, que está estudando pedagogia, é importante que deva também ter domínio dessa ciência teórico-prática, nos ajudando a ter noções sobre o indivíduo em seu processo de formação e desenvolvimento no mundo, na cultura que o seu aluno está inserido. Somente na prática é que conseguimos ter uma maior definição sobre o que é educação, para que e a quem ela serve. A importância histórica no processo educativo Na Grécia Antiga, os paidagogos eram escravos que tinham como tarefa única, levar os filhos dos senhores feudais até a escola, ou seja, essa vigilância e acompanhamento era denominada de paidagogia. Nos dias atuais, o termo pedagogia possui outras definições bastante diferenciadas dos paidagogos daquela época. Podemos dizer que três tradições de estudos educacionais foram responsáveis para que chegássemos ao nosso cenário atual: Fundamentos da Educação 13 1- A tradição francesa sob o pensamento sociológico de Émile Durkheim (1858-1917). É considerado um dos pais da sociologia e fundou a escola francesa. Durkheim considerava que poderia haver combinação entre a pesquisa empírica e a teoria sociológica. Muito conhecido como um dos melhores teóricos sociais. 2- A tradição alemã sob as fundamentações filosóficas de Johann Friedrich Herbart (1776-1841). Foi psicólogo, filósofo, pedagogista e fundador da pedagogia como uma disciplina acadêmica. 3- A tradição americana sob a reflexão de John Dewey (1859- 1952). Foi pedagogista, pedagogo e filósofo. Émile Durkheim fez o seu posicionamento no final do século XIX e início do século XX e conceitua pela primeira vez, o termo de pedagogia, educação e as ciências da educação. Nesse caso, o termo é definido segundo podemos notar nas reflexões de Ghiraldelli (2006): “...o fato social pelo qual uma sociedade transmite seu patrimônio cultural e suas experiências de uma geração mais velha para uma mais nova, garantindo sua continuidade histórica. ” Diante dessa afirmação, podemos dizer que o termo pedagogia é um tanto utópico, ou seja, não existe uma única definição sobre o conceito de educação. O termo é muito mais abrangente e complexo que possamos imaginar e muitas vezes, não é de fácil compreensão. Portanto, quando pensamos em educação, temos que ir muito mais além do que uma definição curta e simples. Fundamentos da Educação14 Figura 1 Fonte:.Freepik As ciências da educação As ciências da educação são compostas inicialmente pela psicologia e pela sociologia. Na fundamentação filosófica de Durkheim, a sociologia vem ao encontro de substituição da filosofia com a ideia de propor alguns fins para a educação. Já a psicologia surge para favorecer os meios e os instrumentos mais adequados na prática da didática. Para Herbart, ciência e pedagogia estão intrinsicamente ligadas e esse pressuposto está enraizado em nosso sistema até hoje, ou seja, educação e pedagogia não podem estar separadas, pois, fazem parte de um mesmo caminho. É o que podemos observar nas reflexões de Hein (2014, p.05): O estudo das ideias pedagógicas não é apenas uma iniciação da filosofia antiga ou contemporânea, menos ainda ao resumo do que foi dito pelos filósofos sobre a educação. Mais importante do que dar a possibilidade de ter conhecimento Fundamentos da Educação 15 teórico sobre a educação, esse estudo forma nos educadores uma postura que deve passar por toda a prática pedagógica. Essa postura deve induzir o educador a refletir radicalmente diante dos problemas educacionais, levando-os a tratar desses problemas de maneira séria e atenta. Para nós educadores, ter o conhecimento também da filosofia, sociologia e história nos auxilia na prática educativa tornando as ideias mais concisas em meio ao cenário atual. São elementos básicos e que podem nos oferecer recursos também na prática em sala de aula. Teoria e prática devem sempre estar em acordo, uma faz parte da outra. Não devemos nos ater somente à prática sem que tenhamos uma fundamentação teórica e por outro lado, não existe teoria sem que exista também a sua prática. Uma complementa a outra. Prática e teoria devem estar sempre juntas em uma mesma sincronia. É o que afirma Hein (2014, p. 6): Para isso, é preciso fazer um exercício básico: ter acesso às fontes do pensamento pedagógico. Quando recorremos às fontes básicas do pensamento pedagógico, não estamos realizando um ato abstrato ou abstraído da realidade. Estudar a teoria educacional é aceitar um convite para a ação individual e coletiva. Por isso mesmo, nenhuma questão pode ser banalizada. Pelo contrário, todos os aspectos da realidade precisam ser constantemente elaborados, trabalhados e submetidos à reflexão. Além da leitura sempre importante, o questionamento, a pergunta, o diálogo, o debate e a discussão organizada são as bases para o hábito de pensar. A concepção de pedagogia O termo pedagogia está intrinsicamente ligado à educação e didática, tanto historicamente quanto funcionalmente. Em seu sentido Fundamentos da Educação16 mais amplo, a pedagogia engloba muitos termos e não podemos nos ater simplesmente em um único conceito. Antigamente, sua definição estava mais próxima da escolha dos estudos e da maneira de pensar. Alain Prost (1982) fundamenta uma definição mais ampla, porém coloca a relação dos alunos em relação ao saber. Com uma visão mais construtivista, Libâneo (2004) remete a ideia que a pedagogia não está somente ligada ao professor, ao aluno ou ao saber, mas a junção desses três elementos. O objeto de estudos principal é a relação entre aluno e professor através de suas experiências e seus conhecimentos compartilhados. Para John Dewey (1899) a pedagogia é uma “reconstrução contínua” que engloba a experiência passiva das crianças e que também está sob constantes questionamentos e concepções. Podemos, então, afirmar, que a pedagogia está relacionada às experiências no âmbito educacional. Ela pode englobar tanto o plano de ação quanto a realização de projetos e outras facetas e características ligadas à educação. Segundo Hein (2004, p.8-9), esses conhecimentos podem ser destacados: A ciência pedagógica abarca diferentes conhecimentos: condutas pedagógicas, conhecimento das disciplinas (programas e competências), conhecimento de metodologia (organização do trabalho docente), conhecimento científico (ciências da educação, do conhecimento, sociais etc.), conhecimento pedagógico e de ação para vinculação do conhecimento do aluno às condições do exercício de educar. Podemos concluir então, que o termo pedagogia são subdivisões de outros termos intrínsecos no que se diz respeito à ciência pedagógica. Esses conhecimentos não estão somente em sala de aula, mas no dia a dia, no relato das experiências vividas, na cultura de cada um, ou seja, no seu individualismo e também naquilo que nos une como seres humanos. Um ponto muito importante a ser definido nessa concepção é a individualidade histórica. Não podemos aprender as definições sem que Fundamentos da Educação 17 possamos também compreender nossa história, os acontecimentos e todos os fatores que desencadearam para que chegássemos nos dias atuais. É possível fazer uma análise e reflexão sob os aspectos históricos sem fazer nenhum questionamento e sim para que esse conhecimento nosseja benéfico para a construção do conhecimento e a prática em sala de aula. REFLITA: Baseado em todas as teorias que estudou até agora, o que significa pedagogia para você? Como professor, quais os critérios que você utilizaria para que sua sala de aula fosse a mais harmoniosa possível? Escreva sua resposta em seu caderno e compartilhe suas ideias com seus colegas! Fundamentos da Educação18 A natureza e a especificidade da educação: educação e educações Existem muitos fatores que diferenciam o homem dos animais e um deles é a educação que é um fenômeno próprio da raça humana, pois o homem necessita produzir sua existência todos os dias, ao contrário dos animais que se adaptam facilmente em seu ambiente e tem a sua existência garantida. O homem precisa utilizar de diversos recursos para que sua existência esteja intacta. Nesse pressuposto, a educação se faz necessária ao homem como afirmação do processo de trabalho, sendo que ela mesma é um processo de trabalho. Além disso, existe a subsistência material, pois os seres humanos precisam dos bens materiais. Obviamente, a educação não se enquadra em bens materiais, mas favorece para que o homem os consiga através da educação. Quando falamos a palavra “educação”, não estamos querendo dizer somente o ato de educar, passar conhecimentos, instruir, e sim uma visão muito mais ampla. Como já vimos, a educação possui multifacetas que não podem ser desconsideradas. Lembre-se que para sobreviver, o homem irá utilizar diversos recursos e muito deles, complexos, como a educação. Segundo Saviani, a educação tem a ver com “ideias, conhecimentos, conceitos, valores, símbolos, hábitos, atitudes, habilidades”, que são elementos exteriores ao homem, ou seja, ele aprende esses elementos através da educação, por essa razão é que podemos dizer que não se trata somente um fenômeno próprio do homem, mas também único, capaz de transformar valores e ideias. O objeto da educação, então, é a assimilação da cultura do indivíduo e sua formação sobre ela na descoberta de adquirir tais objetivos. Fundamentos da Educação 19 Figura 2 Fonte:.Freepik É o que sugere em suas reflexões de Saviani (1984, p.2, 6): Consequentemente, o trabalho educativo é o ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens. Assim, o objeto da educação diz respeito, de um lado à identificação dos elementos culturais que precisam ser assimilados pelos indivíduos da espécie humana para que eles se formem humanos e, de outro lado, e concomitantemente, à descoberta das formas mais adequadas para atingir esse objetivo. ... a compreensão da natureza da educação enquanto um trabalho não-material cujo produto não se separa do ato de produção nos permite situar a especificidade da educação como referida aos conhecimentos, ideias, conceitos, valores, atitudes, hábitos, símbolos sob o aspecto de elementos necessários à formação da humanidade em cada indivíduo singular, na forma de uma segunda natureza, que se produz, deliberada e intencionalmente, através de relações pedagógicas historicamente determinadas que se travam entre os homens. Fundamentos da Educação20 A partir dessa teoria é que abriram novas perspectivas e conceitos dos diferentes tipos de educação e suas especificidades através das ciências: • Ciências da educação (voltada a diversidade e estudos pedagógicos); • Ciências da natureza (preocupada com os fenômenos naturais); • Ciências humanas (voltada aos fenômenos culturais); Podemos compreender, então, que não existe um único tipo de educação, e sim diversas “educações”, seja em seu sentido amplo ou restrito. Fundamentos da Educação 21 Perspectivas atuais da educação Daremos início a uma discussão e reflexão sobre a educação e a sala de aula contemporânea. O conceito de educação sofreu diversas modificações ao longo dos anos devido a muitos fatores, que discursaremos ao longo deste capítulo. Te convidamos a fazer uma reflexão dos impactos dessas mudanças dentro da sala de aula e uma comparação entre a sala de aula nos tempos antigos com a sala de aula nos dias atuais. Você acredita que exista alguma diferença? Nessa trajetória, discutiremos sobre os principais momentos históricos e pessoas que influenciaram diretamente essas mudanças. Sabemos que o assunto é bastante extenso, porém a intenção é fazer com que você possa compreender as principais etapas desse processo e a importância desse tema para a sua formação profissional como docente. A educação nos dias de hoje Há uma grande preocupação quando se trata do termo de educação em nosso país. O tema é extenso, complexo e multifacetado. Porém, quando falamos em educação, nos referimos num processo completo, como um todo. Quando você pensa em educação, o que vem em mente? Você acredita, como futuro professor, que a educação pode ser melhorada em nosso país? E como podemos modificar as perspectivas educacionais nos dias de hoje? Há, de fato, muitas indagações que ainda pairam sem nenhuma resposta por sua complexidade. As duas últimas décadas do século XX foram marcadas por muitas mudanças tanto na esfera socioeconômica e política quanto na cultura, tecnologia e ciência. A globalização facilitou a comunicação entre as pessoas, de uma maneira muita rápida, quase que instantânea. Muitos Fundamentos da Educação22 movimentos sociais ocasionaram modificações no cenário mundial. Quem não lembra da queda do muro de Berlim? Hoje em dia, as pessoas estão tão ligadas à tecnologia que muitas já não conseguem fazer uma simples ação sem usá-la. O celular e as redes sociais passaram a ser parte integrante do cotidiano das pessoas e quando elas não podem utilizar esses recursos tecnológicos, é como se fossem desmembradas, nos tornamos dependentes dessa tecnologia. E como essa tecnologia pode influenciar no sistema educacional? Como podemos falar do futuro da educação sem mencionar todos os problemas que enfrentamos todos os dias? Nossa intenção é que possamos apoiar nas práticas de pesquisadores e filósofos para que eles possam dar algum direcionamento para nosso futuro. Futuro esse que está cada vez mais próximo, sendo assim, em meio a tantos questionamentos, quais as perspectivas da educação visando o que temos em vista hoje? Há uma grande preocupação de educadores diante da demanda avassaladora das tecnologias, pois não podemos viver sem ela e ao mesmo tempo não podemos permitir que ela interfira de forma negativa em nossa rotina. Por consequência disso, criam-se algumas estratégias educacionais, a fim de diminuir a sensação de medo diante do futuro. O passado que nos guia Para compreender todas as questões do nosso presente, primeiro devemos conhecer o nosso passado, pois é a partir dele que conseguimos enxergar algumas vertentes e tentar achar algumas respostas para o futuro. Quais seriam os valores e práticas educacionais que nos marcaram que ainda possuem forte influência no presente? Sabemos que muitas perspectivas teóricas simplesmente desapareceram, porém outras ainda fazem parte do nosso dia a dia. Fundamentos da Educação 23 REFLITA: Pensando no processo educativo de vinte anos atrás, como você compara com o sistema educacional atual? No seu modo de ver, qual o que seria mais coerente e por quê? Educação Tradicionalista e Nova A educação tradicional se deu, primeiramente, na sociedade de classes escravista e para uma minoria. Teve o seu declínio no movimento renascentista, porém muitas de suas características ainda estão enraizadas nas salas de aula brasileira. Muitas instituições ainda adotam o regime tradicional e, podemos dizer, que muitos professores também utilizam de recursos e métodos tradicionais dentro de sala de aula. A educação nova, teve seu início nas ideias de Rousseau, através de sua obra, e nos trouxemuitas conquistas, principalmente no campo da ciência e metodologias do ensino. Tanto a educação tradicionalista como a nova estão enraizadas em nosso sistema e essa consolidação nos dá o claro entendimento que elas permanecerão também no futuro. Ambas possuem uma característica em comum, pois entendem que a educação é um processo de conhecimento individual. Outro fator que foi muito importante, foi a ideia da educação permanente, ou também conhecida como educação internacionalizada. No início da metade deste século, alguns pesquisadores idealizaram um tipo de comunicação que foi diretamente confiada à UNESCO, pois esse novo sistema já havia sido conferido em países desenvolvidos no qual a erradicação do analfabetismo foi total. Essa educação, deu-se primeiramente em Bruxelas no ano de 1899 pelo educador Adolphe Ferriére. Podemos dizer que ainda nos dias de hoje existe muita influência dessa educação nas salas de aula brasileira. Fundamentos da Educação24 A Educação Popular A ideologia de educação popular se deu nos anos 60 por Paulo Freire. Houve uma reflexão profunda no qual a organização deveria fazer parte do processo educativo, ou seja, a transformação também estava no modo de se organizar. Para Hein (2014, p.57), podemos discorrer que: Estamos traçando um caminho para mudança da própria função social da escola. Entre os educadores, chamamos essa nova educação de educação popular. Não que ela seja destinada somente às camadas populares, mas pelo seu caráter popular, socialista e democrático. A educação popular, no seu método teórico recapitulado, tem oferecido grandes possibilidades e diretórios, desde o pensamento da reforma dos sistemas da escolarização pública até a novas reestruturações no modelo de práticas pedagógicas que foi, sem dúvida, uma grande contribuição da América Latina durante muitos anos. A percepção da aprendizagem, a partir do conhecimento do sujeito, e de ensinar, a partir de palavras e temas que geram algum desenvolvimento, propiciaram uma nova transformação social e política da educação, fazendo crítica direta à pedagogia universal. Para Hein (2014, p.66), as definições de educação popular vão muito mais além: Estamos falando, então, de uma nova fase da educação. Nessa fase a democracia não pode ser apenas uma recomendação, como os teóricos da educação dos anos 1970 diziam. A educação, para ser instrumento de paz, precisa ser um resultado da luta, do movimento popular. Atualmente, muitas organizações de educadores pelo mundo estão se desenvolvendo. A intenção é fortalecer suas entidades para contribuir com uma nova concepção da educação. Fundamentos da Educação 25 Essa concepção não será mais fruto da elaboração teórica de algum pensador, filósofo ou expert da educação. As alternativas educacionais populares são, necessariamente, o resultado de uma luta pela organização do poder popular. Mas não podemos considerar que essa luta dispensa criação e a reinvenção (pedagogia da imaginação) de novos meios educacionais. Além disso é preciso incorporar as conquistas da ciência, da técnica e da tecnologia. A tecnologia e a sociedade na informação e educação O crescimento das tecnologias foi muito impactante para todas a áreas, e por consequência disso muitas habilidades, que até então não eram praticadas, passaram a ser nesse gigantesco avanço. É o mundo conectado com ele mesmo, numa rapidez de informação que chega a ser absurda. Todas as pessoas têm acesso à informação de forma rápida e pontual e sabemos que essa realidade de hoje não corresponde ao passado. Outra característica muito importante para esse “arrebatamento” tecnológico está no sentido da própria linguagem. Há diferentes formas de expressão e de linguagem nos dias atuas. Podemos citar a linguagem da televisão, da informatização e da internet. Criaram-se novas perspectivas, novos conceitos e valores completamente diferentes das décadas passadas. Um exemplo disso é o próprio uso do computador. Perceba que, para pessoas mais velhas usar essa ferramenta é uma tarefa que para muitas, chega a ser uma missão quase impossível, enquanto as crianças praticamente nascem já informatizadas. É incrível o domínio que elas possuem de manusear uma ferramenta tecnológica, é muito comum crianças muito pequenas brincarem com tablets ou até mesmo nos celulares através de jogos educativos ou softwares voltados ao desenvolvimento infantil. Tudo isso porque elas têm acesso a esse tipo Fundamentos da Educação26 de recurso e a tecnologia faz parte do cotidiano. Chamamos de cultura digital o acesso na idade tenra para uso das tecnologias. Outra consequência importante da evolução das novas tecnologias é a evolução da aprendizagem à distância, que é a uma das maiores novidades deste milênio. O ensino hibrido está cada vez mais em alta e a tendência é que cresça. Você mesmo, caro (a) aluno (a) está usufruindo deste conceito de uma nova educação, a educação EAD. Infelizmente, ainda falta muito para que os sistemas educacionais avancem significativamente no mesmo passo que a tecnologia. Ainda há muito o que fazer no que diz respeito a comunicação áudio visual e da informática o que acaba deixando mais viável o trabalho com recursos tradicionais. Vale lembrar que nossos jovens estão em outra linguagem e quando retardamos um conhecimento, podemos ter muitos problemas nesse sentido, até mesmo a falta de motivação no sistema educacional. REFLITA: Diante as demandas tecnológicas, você acredita que utilizar recursos, como notebook, celular, data show, tablets etc. em sala de aula é algo que promove o desenvolvimento do indivíduo? Quais recursos tecnológicos você utilizaria e não utilizaria com seus alunos? A sociedade e as novas tecnologias Vivemos na era do conhecimento, a todo instante há novidades tecnológicas e o sistema de telecomunicações avança a cada segundo. Você pode notar isso quando você percebe que o seu aparelho de celular, que há tão pouco tempo era considerado de última geração, já está classificado como ultrapassado e já existe um modelo mais recente que ele. A tecnologia parece estar de mãos dadas com o tempo, isto é, ambos não param, é sempre um processo contínuo. Segundo Gadotti (2014, p.7): Fundamentos da Educação 27 As novas tecnologias permitem acessar conhecimentos transmitidos não apenas por palavras, mas também por imagens, sons, fotos, vídeos (hipermídia), etc. Nos últimos anos, a informação deixou de ser uma área ou especialidade para se transformar uma dimensão de tudo, transformando profundamente a forma como a sociedade se organiza. Pode-se dizer que está em andamento uma Revolução da Informação, como ocorreram no passado a Revolução Agrícola e Revolução Industrial. As tecnologias nos trouxeram demandas muito curiosas, pois o espaço educativo deixou de ser exclusivamente dentro do ambiente escolar, o espaço domiciliar também se tornou um ambiente de conhecimentos quando tratamos dos alunos de EAD, pois o local de estudos é dentro da sua própria casa. Algumas organizações não governamentais, assim como sindicatos, associações, igrejas e etc., também aderiram às tecnologias na difusão de conhecimentos e na formação continuada. Para Hebert MacLuhan, “o planeta tornou-se a nossa sala de aula e o nosso endereço”. É o que chamamos de ciberespaço, um “local que está em lugar nenhum”, porque não existe um endereço fixo, cada local de informação e de conhecimento é o seu ciberespaço. Nesse pressuposto, podemos afirmar que todo o conhecimento adquirido é considerado fundamental, ou seja, para que você tenha uma boa qualificação é preciso que você tenha o básico desse conhecimento. Podemos citar, por exemplo, o próprio uso dos computadores. Se o indivíduo não tiver conhecimentos básicos fica muito difícil ele se candidatar em áreas que exigem uma certa autonomia no uso desse recurso.O grande desafio, então, da escola é se adequar a esse conhecimento no sentido de inovação às demandas das novas tecnologias e sua reestruturação curricular. Nessa perspectiva, o professor passa a ser o mediador desse conhecimento, pois o aluno passa a ser sujeito principal da sua formação. Fundamentos da Educação28 Podemos usar como exemplo você, aluno EAD. Você é o principal sujeito nesse processo educativo e constrói seus conhecimentos a partir do que você faz, do que estuda e das suas pesquisas. O aluno EAD tem que ser proativo, disciplinado e muito curioso, só assim dá-se por completo seu conhecimento. E quem é o professor nos dias de hoje? É claro que não podemos pensar em educação sem o docente. O professor hoje é aquele que vive no seu tempo, deve estar sempre fazendo suas reciclagens e adquirindo novos conhecimentos, pois ainda hoje eles não somente transformam a informação em conhecimento, como também formam pessoas. E é exatamente o papel de nós, docentes, transformar e formar pessoas. REFLITA: Como deveria ser a escola do futuro para você? O que ela deveria proporcionar para seus alunos? Fundamentos da Educação 29 A educação no contexto das políticas públicas Neste capítulo, iremos falar um pouco sobre as políticas públicas no meio educacional, não na sua complexidade, mas de maneira mais objetiva para que você possa compreender a importância desse tema como futuro docente. O ideal de política é que seja um sistema a favor e para o bem de todos, sem mencionar que ela deve ser também, comum a todas as pessoas. Não estamos nos referindo aqui em partidos políticos, e sim a processos políticos direcionados para o bom desenvolvimento da nação. E quando essa política é direcionada para a área educacional, temos que ficar atentos com todas as mudanças que ocorrem, pois como docentes, devemos sempre nos atualizar, pois entendemos que as propostas políticas não são estáticas em nenhum sentido. Enfrentamos, todos os dias, diversos problemas na área da educação e sabemos que há muito para ser mudado, por essa razão, é que se faz necessário as políticas públicas, para que elas possam auxiliar ou até mesmo amenizar muitos dos problemas que as escolas e os alunos de todo o país enfrentam todos os dias. Como você pode notar, o tema é bastante extenso e delicado. Te convidamos a fazer reflexões sobre o meio escolar em que está ou já foi inserido. No final deste capítulo, faça uma breve síntese dos pontos mais importantes e procure pensar como você, futuro professor, pode ser e fazer a diferença dentro do seu espaço educacional. Reflita como as políticas públicas podem ajudá-lo a se desenvolver como profissional. Bons Estudos! As políticas públicas O termo se refere ao conjunto de medidas e procedimentos que demandam a orientação política da nação e fazem a regulamentação Fundamentos da Educação30 das atividades governamentais relacionadas ao interesse público, ou seja, todas intenções que são traduzidas em ações, são consideradas políticas públicas. Para ampliarmos esse conceito, recorremos às reflexões de Terra (2017, p.74), que assim explica: De acordo com esse conceito, as políticas públicas, são ações governamentais com a missão de atender a certas demandas da sociedade, tendo como objetivo satisfazer determinados interesses econômicos, políticos, sociais e culturais. Os responsáveis legais por elaborar e aplicar as políticas públicas são aqueles que detêm o poder público; no entanto, esse podem aceitar propostas de movimentos sociais e organizações da sociedade civil, e também fechar parcerias com empresas, sindicatos, entidades profissionais ou organizações não governamentais (ONGS) para colocar as medidas na prática. Agora, sim, futuro professor, podemos definir políticas públicas: Políticas públicas são aqui entendidas como o “Estado em ação”; é o Estado implementando um projeto de governo, através de programas, de ações voltadas para setores específicos da sociedade Holfling (2001, p.31) Essas políticas públicas têm sempre uma intencionalidade e elas podem ser modificadas sempre que alguma legislação ou algo significativo mude em nosso país, em outras palavras, é um terreno muito móvel e está em constante atualização. Qualquer mudança que ocorra na esfera governamental, pode influenciar diretamente nesse cenário. Por sua vez, pleiteiam aplicações de recursos públicos e suas funções podem ser distributivas, redistributivas ou regulatórias. Nas aplicações distributivas, elas são redirecionadas unicamente para o Estado e a sua finalidade é a distribuição de bens e serviços para a Fundamentos da Educação 31 sociedade em geral. Faz parte das políticas distributivas a construção de estradas, hospitais e escolas, transporte público e etc. As aplicações redistributivas, a principal característica é destinar recursos, bens e serviços para a sociedade e significam a repartição de custos e benefícios sociais. Um exemplo disso é o próprio Bolsa Família ou o Renda Mínima. E por fim, as aplicações regulatórias constituem leis e regras para direcionar determinadas atividades, comportamentos e ações. Podemos citar a CLT, LDB, ou seja, diversas legislações de natureza econômica. Quando falamos de política, nos referimos sempre a um sistema que deve sempre estar relacionado ao bem comum e que deve atender a todas as demandas sociais. Note que política não é algo estático, pois está sempre sob constantes modificações e é passível também de muitas interpretações. Outro fator bastante significativo, é pensar que todas políticas públicas têm suas influências, sejam internacionais, nacionais ou locais. Estão sempre baseadas nos ideais de alguém ou de um grupo. UNICEF e UNESCO são exemplos dessas interferências internacionais. A influência do neoliberalismo REFLITA: Antes de iniciarmos a explicação desse tema, pedimos que você faça uma reflexão sobre o texto abaixo: Você já estudou que toda política pública sofre influências externas. Citaremos aqui o caso do Banco Mundial. Se trata de uma instituição financeira internacional que disponibiliza empréstimos financeiros para todos os países em desenvolvimento, ou seja, o mesmo processo que acontece com você quando precisa de um dinheiro a mais para fazer algum projeto, pagar uma dívida, reformar a casa etc. Fundamentos da Educação32 Todos sabem que a realidade brasileira na área da educação tem uma situação muito crítica e precisamos de toda ajuda para essas demandas sociais, que não são poucas. Desde a construção de escolas, materiais escolares de qualidade até aumento de vagas em creches requerem muito dinheiro. Por sua vez, o Banco Mundial oferece empréstimos para que muitos desses problemas educacionais sejam sanados, ou melhor, sejam amenizados. O Banco Mundial é o principal representante das ideias neoliberais e sempre traz consigo questões de financiamento. Quando ele faz um empréstimo para a educação, não porque ele é “bonzinho” e quer simplesmente ajudar, na verdade, ele objetiva o retorno financeiro e o crescimento do mercado possibilitados pela melhoria do sistema educacional de uma nação. Baseado nessa explicação, você acredita que possa existir uma outra maneira de nos poupar da dívida externa e ainda assim encontrar subsídios em favor dos problemas da educação? DEFINIÇÃO: Entende-se por neoliberalismo como um princípio socioeconômico que tem por ideais a não participação do Estado na economia e poder ter livre domínio sobre o mercado para a melhoria da nação, garantindo um grande crescimento econômico e social do país. Para os neoliberalistas, o Estado não pode ter total supremacia, muito pelo contrário. Quando se trata de educação o neoliberalismo defende a ideia que a crise educacional é uma expansão desordenada devido aos seus sistemas educativos e que essa crise pode gerar influências diretas nas práticas pedagógicase de gestão. Para o ponto de vista neoliberal a crise é direcionada por questões administrativas e de gestão e não no que se refere a democratização da escola. Fundamentos da Educação 33 O neoliberalismo insiste no pressuposto que a escola tem muitas defasagens de funcionamento por conta de ausências de um verdadeiro mercado educativo e não por outras questões, sejam elas internas ou externas. Os grandes vilões da educação para os neoliberalistas é o Estado, os sindicatos e todas organizações que defendem a educação pública para todos. SAIBA MAIS: Dica de leitura: “Liberalismo e educação em debate”. LOMBARDI, José Claudinei;SANFELICE,José Luís. Ed. Autores Associados Aspectos legais no âmbito educacional brasileiro A importância de conhecer a base legal decorre do fato de que esta, embora por si não altere a fisionomia do real, indica um caminho que a sociedade deseja para si e quer ver materializado Vieira (2005, p.29). A Constituição Federal de 1988 A Constituição Federal de 1988 foi um marco de profunda importância para as políticas educacionais num cenário de democratização da educação e redemocratização do país. Quando, pela primeira vez, a educação passou a ser um direito do cidadão e dever do Estado. Representa mecanismos de desenvolvimentos, tanto pessoais como em relação a própria sociedade. Os objetivos eram que o indivíduo tivesse garantia plena em sua própria realização, promover o exercício da cidadania e de qualificar o indivíduo para o mercado de trabalho. Podemos elucidar mais esses princípios com a reflexão de Bobbio (1992, p.25): Fundamentos da Educação34 (...) os direitos fundamentais ou direitos humanos são direitos históricos, ou seja, são frutos de circunstâncias e conjunturas vividas pela humanidade e especificamente por cada um dos diversos Estados, sociedades e culturas. Portanto, embora se alicercem numa perspectiva jusnaturalista1, os direitos fundamentais não prescindem do conhecimento estatal, da inserção no direito positivo. Constituição Federal de 1988 Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Neste artigo, é notório que a Constituição deixa bem claro que tanto Estado e família devem assegurar o direito à educação. O Estado deve proporcionar meios para que o indivíduo possa adquirir os seus direitos e a família também tem o seu papel de importância, deve servir como base e guia no processo do desenvolvimento educacional. O artigo 209 explica que a educação deve ser obrigatória e gratuita em seus níveis e modalidades de ensino, também para pessoas que os nunca tiveram acesso à educação, na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA). No inciso IV do mesmo artigo, é tratada a educação infantil e o dever do Estado em garantir o direito às crianças de período de até 5 anos em creches e pré-escola. Como você pode notar, a Constituição Federal de 1988 revolucionou conceitos, que até então, não eram vistos ou praticados. Por ter um conteúdo muito vasto, sugerimos que você faça a leitura de toda a Constituição e analise a importância que cada artigo ou inciso tem na história da educação brasileira. 1 A teoria jusnaturalista é fundamentada pelos direitos humanos e esses são fundamentais. Fundamentos da Educação 35 REFLITA: Sabendo que a educação “é um dever do Estado e da família”, como você analisa os diversos problemas que enfrentamos todos os dias na educação? Mesmo o Estado sendo obrigado a promover a educação para crianças de até 5 anos, porque então muitas crianças não estão nas creches por falta de vaga? O que você faria se tivesse autonomia para modificar essas questões? A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 (LDB) Também conhecida como Lei Darci Ribeiro, nº 9.394, de 20 de novembro de 1996, composta por nove títulos e 91 artigos. A LDB passou por algumas modificações em seu texto original, entre elas, em 20 de maio de 2014, com nove títulos e 92 artigos; em 2013 já havia sofrido 32 emendas. As diretrizes correspondem às modalidades da organização da educação aos ordenamentos da oferta, aos sistemas de conferência de resultados e procedimentos para articulação de infraestrutura. Nas diretrizes, encontramos o conteúdo de formulação operativa. As bases correspondem às vigas de sustentação em que o sistema educacional é fundamentado (CARNEIRO,2004). Nesta nova perspectiva, o Estado redirecionou o seu papel e fez alterações significativas na legislação educacional com a ideia de adotar novos métodos de gestão pública. A LDB agrega alguns valores e deveres que estavam em pauta e promove algumas discussões, principalmente na questão sobre o financiamento da educação, pois é sabido que nosso sistema de financiamento possui muita defasagem Fundamentos da Educação36 entre todas as esferas governamentais, sejam federais, estaduais ou municipais. Para compreender sobre todas as questões da LDB, mais uma vez convidamos você para que faça uma leitura completa dessa lei, pois nosso objetivo nesse momento, é que você tenha ciência dos principais apontamentos do cenário político educacional brasileiro. Plano Nacional da Educação (PNE) O PNE visa assegurar, a todos indivíduos, condições básicas na qualidade da educação sancionado pela presidente Dilma Rousseff, em 25 de junho de 2014. Se constitui em um conjunto de estratégias e metas que pretende subsidiar às necessidades educacionais do país. Existem 20 metas fixadas pelo PNE (2011-2020), algumas delas bastante ambiciosas, se formos fazer uma análise do quadro real educacional brasileiro. Considerações finais Nossas perspectivas relacionadas à educação estão enraizadas em fundamentos antes mencionados, como já estudamos. As teorias e pensamentos de estudiosos na área nos ajudaram para que pudéssemos compreender todo o processo educativo. As mudanças significativas ao longo de muitos anos permearam caminhos que ainda seguimos e algumas trilhas que com certeza, ainda passaremos por elas por um bom tempo. Diante dessas mudanças, nos deparamos com o crescente acesso à informação, possibilitado pela globalização e o uso das novas tecnologias. Viver nos dias atuais com tanta diversidade, não é uma tarefa fácil, por que tudo muda em um espaço muito curto de tempo. A informação se dá de uma maneira tão ágil, que nos espanta. A internet, as redes sociais e os recursos tecnológicos fizeram com que o homem contemporâneo se tornasse um ser totalmente informatizado. E, quando falamos do indivíduo no seu processo de informação, o assunto é ainda mais complexo, pois ele é o progenitor do seu conhecimento. Fundamentos da Educação 37 Esperamos que você tenha compreendido a importância desses temas como futuro docente, por que você também será responsável por utilizar tais ferramentas juntamente com seus alunos. Recicle, faça pesquisas, estude, se atualize! Desejamos que suas perspectivas sobre a educação sejam sempre positivas! Esperamos que você tenha refletido sobre os apontamentos referente ao nosso tema e consiga enxergar agora a importância sobre as políticas públicas na educação. Visando nossa realidade, sabemos que há muito para ser mudado, muitos questionamentos ainda não foram sanados e continuam pairando no esquecimento. Nosso sistema educacional precisa ser melhorado sim, isso é fato, porém é essencial que você tenha compreensão sobre a dimensão dessas estruturas e o impacto que elas exercem no âmbito da educação. Queremos que todos tenham acesso a uma educação de qualidade, que possam desenvolver seu papel como cidadão na sociedade e também profissionalmente, que tenham qualificação e ascensão no trabalho. Queremos que todas as crianças estejam na escola, queas mães possam deixar seus filhos na creche para poder trabalhar. Que todos tenham direito à Educação Superior. Acreditamos que esses desejos também são os seus! Por essa razão, nosso objetivo maior como docentes deve ser sempre em favor do crescimento e desenvolvimento da nação. SAIBA MAIS: Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento: • Artigo: “A Importância e Influência do Setor de Compras nas Organizações” (FRANCO & VALE), acessível pelo link http://www.techoje.com.br/site/techoje/categoria/ detalhe_artigo/1004 (Acesso em 04/07/2017). http://www.techoje.com.br/site/techoje/categoria/detalhe_artigo/1004 http://www.techoje.com.br/site/techoje/categoria/detalhe_artigo/1004 Fundamentos da Educação38 BIBLIOGRAFIA COMENIUS, J.A. Didática Magna.: tratado da arte universal de ensinar tudo a todos. 3.ed. Lisboa:Fundação Calouste Gulbekian, 1985 FERREIRO, E. Reflexões sobre Alfabetização. São Paulo: Cortez, 1984 HEIN,A.C.A. Fundamentos da Educação. São Paulo: Pearson, 2014 VIGOTSKY, L.S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2001. Aula 02 A Pedagogia Iria Helena Duarte Fundamentos da Educação Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Diretora Editorial ANDRÉA CÉSAR PEDROSA Projeto Gráfico MANUELA CÉSAR ARRUDA Autor IRIA HELENA DUARTE Desenvolvedor CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS Autor IRIA HELENA DUARTE Olá! Meu nome é Iria Helena Duarte. Sou formada em Pedagogia, Especialista em Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa e Estrangeira com experiência técnica-profissional na área de ensino híbrido há mais de 10 anos. Concluinte em Psicopedagogia e Especialização em Língua Espanhola. Iniciei minha carreira como docente em diversas escolas do Estado de São Paulo, Estado do Paraná e de Santa Catarina na área da Educação Infantil e Ensino Fundamental I. Em 2008, fui convidada por uma empresa em expansão em EAD a participar do departamento Pedagógico como Coordenadora Pedagógica em EAD e depois como professora conteudista na área da pedagogia e ensino de línguas. Também trabalhei para algumas faculdades para a elaboração de trabalhos e materiais didáticos e preparatórios, como ENADE. Atualmente, sou sócia de uma escola EAD de ensino de cursos técnicos, profissionalizantes e idiomas e, também, atuo como mediadora do curso de Pedagogia e tutora virtual da Universidade Virtual do Estado de São Paulo. Amo a minha profissão e sou apaixonada pelo meu trabalho. Estou sempre em busca de novos conhecimentos porque acredito no poder da educação e da reciclagem. Adoro poder transmitir minha experiência para todos que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte sempre comigo! INTRODUÇÃO: para o início do desenvolvimen- to de uma nova competência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser prioriza- das para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofun- damento do seu conhecimento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últimas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma ativi- dade de autoapren- dizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; Iconográficos Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo projeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: SUMÁRIO Pedagogia x ciências da educação ............................................ 12 A antropologia ................................................................................................................. 13 A Sociologia ....................................................................................................................... 13 A Psicologia .......................................................................................................................16 A Filosofia ............................................................................................................................18 Pedagogia x Andragogia ..................................................................20 A importância da pedagogia nos mais diversos segmentos da educação ..........................................................................................26 Os Segmentos da educação .............................................................................27 Os pilares da educação ..........................................................................................28 Educação x cultura ............................................................................. 32 Considerações finais ..........................................................................36 Bibliografia .............................................................................................40 Fundamentos da Educação 9 UNIDADE A PEDAGOGIA 02 Fundamentos da Educação10 Prezado (a) aluno (a), Estamos, ainda, no início da nossa jornada e esperamos que você possa fazer apropriação de todo o conteúdo de uma maneira muito mais prazerosa e que todos tenham oportunidades de poder, ao longo desse trajeto, vivenciar esse meio educacional que ainda nos desafia e também nos dá muito prazer. Nesta unidade, estudaremos um pouco mais sobre o sentido amplo da pedagogia e também de todos os segmentos que a seguem. Você aprenderá que uma definição por si só não permeia o sentido real dessa palavra tão apaixonante e dessa pratica desafiadora. A pedagogia, embora muitos ainda questionem, é uma ciência que envolve muitas outras ciências e só é concretizada através da prática, pois não podemos falar em pedagogia sem mencionar a importância da sua prática. Compreender a dimensão dessas ciências que envolvem essa prática é de suma importância para você, futuro professor. Você saberia dizer qual a diferença entre pedagogia e andragogia? E quais os segmentos da educação que são mais impactantes para a pedagogia? Essas e outras respostas serão sanadas nesta unidade. E a cultura? O que ela pode influenciar na pedagogia? Pense nos seus hábitos, nos hábitos da sua família, nas receitas de família que passaram de pais para filhos? Você acredita que a sua família seja igual as outras famílias? Apesar de muitas famílias serem bastante parecidas, podemos afirmar que não. Cada família possui um costume, uma prática, uma cultura e esse tipo de “diferença” pode contribuir e muito dentro da sala de aula. Compreender esse mundo tão rico, chamado “cultura”, nos capacita ainda mais a entender nossos alunos e até a nós mesmos. Desejamos que você possa adquirir muito conhecimento com essa unidade. Bons estudos! INTRODUÇÃO Fundamentos da Educação 11 Olá! Seja muito bem-vindo a nossa Unidade 2. O nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: • Refletir sobre as diferenças entre pedagogia e as ciências que compõem o campo do ambiente educacional; • Compreender as definições sobre o que é pedagogia e andragogia; • Entender a importância da pedagogia nos segmentos da educação; • Analisar educação e cultura e as definições intrínsecasentre elas. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! OBJETIVOS Fundamentos da Educação12 Pedagogia X Ciências da Educação Durante muitos anos, a pedagogia foi definida como um ato de vocação e somente as pessoas boas é que poderiam transmitir o conhecimento. Nessa ideia surgiu também a ligação entre pedagogia e maternidade, pois estava relacionada com o ato de cuidar de um filho, ou seja, seriam para aquelas pessoas que tinham tais habilidades, pois seria equivalente ao trabalho que uma mãe tem ao criar e educar um filho. Por esse motivo foi que essa ciência iniciou primeiramente por mulheres, e até mesmo nos dias de hoje o número de mulheres é muito superior aos homens atuando nessa área. Com o passar do tempo, viu-se que a pedagogia também exigia conhecimento de outras ciências, na sua prática e também em sua teoria. Definiu-se que o termo é amplo e que não se pode simplesmente nomear uma ou duas definições, pois a pedagogia abrange e tem influência direta ou indireta de outras ciências, sejam elas da educação ou não. É o que podemos verificar em Hein (2014, p.38): “...Como ciência humana complexa e multifacetada, a educação forma-se a partir da contribuição das ciências humanas, que estudam o desenvolvimento humano sob diferentes óticas. A pedagogia é uma ciência que tem seu campo de atuação, metodologia, teorias, etc.” Portanto, por ser a pedagogia uma área de diversos conhecimentos, podemos dizer que os campos científicos que compõem a pedagogia são: • Antropologia da educação; • Sociologia da educação; • Psicologia da educação; • Filosofia da educação. Fundamentos da Educação 13 A antropologia Compreendemos como antropologia a ciência que estuda o homem e a humanidade no seu sentido mais amplo, ou seja, em todas as suas dimensões. É o próprio conhecimento e o do ambiente em que vive. Para os antropólogos, o que diferencia o homem dos animais é que o homem tem ciência da sua finitude, ou seja, ele sabe que irá morrer um dia. Nossa condição é marcada por características filosóficas como a transcendência, impermanência, finitude, o ser humano como ser único e plural ao mesmo tempo. Quando o ser humano pensa que um dia morrerá, a ideia de “vida eterna” acaba sendo a única alternativa, e nessa constância o ser humano segue a sua vida. Do ponto de vista científico, essa ideia faz com que o homem tenha diversas ilusões, pois ele busca algo que está muito além dele. Outra característica antropológica é a ideia que os seres humanos são tão dependentes da natureza quanto os animais, a diferença está como os dois agem nesse processo. Apesar de o homem ter forte influência na natureza, ela ainda pode o dominar, sendo ser capaz de modificá-la, mas nunca sendo agente ativo. O trabalho então, em uma ideologia marxista, define o homem em sua totalidade. O trabalho consiste na modificação do homem com o seu ambiente natural em busca de novos objetivos e por esse motivo é que o trabalho transforma o homem. A Sociologia Quando pensamos no homem antropológico, ligado inteiramente à questão da sua sobrevivência, passamos também a compreender esse homem em um meio social. Além da busca de suas necessidades básicas como alimentar-se e abrigar-se, o ser humano descobre que ele precisa interagir com as outras pessoas para que ele também possa conquistar outras necessidades. Fundamentos da Educação14 Figura 1: Ilustração de trabalho em conjunto, realizado por um grupo de pessoas. Fonte: Freepik A interação com o social se faz mais do que necessário e é nesse meio também que ele acaba transformando seus conceitos e atitudes. O ser social passa a ser encarado como alguém que pode atuar em diversos papéis ao longo da sua existência para alcançar seus objetivos. A sociologia nesse momento mostra um homem totalmente enraizado com o seu meio e também dependente dele. No coletivo, ele é capaz de fazer a mudança e a diferença para a sua sobrevivência, o homem é um ser inteiramente e integralmente social. O meio em que vivemos nos influencia, nos questiona, nos transforma, nos define como seres humanos como sendo únicos e ao mesmo tempo iguais a todos de nossa raça. Precisamos uns dos outros para que nossa sobrevivência não seja fortemente afetada, ou seja, não existem outras maneiras de inteiração entre as raças sem que haja um contato social. O homem não é uma ilha, ele precisa interagir, compreender e se fazer compreendido. É o que define as reflexões de Hein (2014, p. 40): A capacidade humana de criar vínculos e estabelecer relações em vários níveis com a realidade, tanto no que se refere à natureza quanto ao outro, é a condição da racionalidade. Fundamentos da Educação 15 É importante observarmos que, do indivíduo ao ator social e deste à pessoa, cada ser humano vivencia experiências, consigo e com os outros, que se caracterizam como um contínuo processo de aprendizagem [...] A partir disso, podemos compreender os processos de socialização. Denominamos de socialização o processo responsável pela integração de todos os indivíduos num grupo e no convívio social que passarão a estabelecer com os demais indivíduos que integram esse grupo. O ser humano precisa da interação com o outro. Há a necessidade da relação e o convívio social para que o homem aprenda e compreenda o mundo em que vive. SAIBA MAIS: Crônica: Socialização Todo ano nosso país é invadido por milhões de “coisas” (é difícil encontrar a palavra exata) que representam imensas, incalculáveis ameaças a ordem social. Elas trazem o perigo do caos total. São barbaras. Não amam a democracia e desconfiam do comunismo. Não creem na tradição judaico-cristã. Não têm recato. Não falam nossa língua, não conhecem nossa história nem valorizam nossos costumes. Falta-lhes motivação ou conhecimento que as leve compartilhar, a dar e receber, a entrar em acordo, a conciliar, a cooperar. São impulsivas e exigentes. Não atacam autoridade, não demonstram consideração pelos mais velhos, nem exprimem respeito. Embora não praguejem, roubem, masquem tabaco, forniquem, conspurquem a bandeira nem digam palavrões, certamente ignoram que não devem fazer tudo isso. Não têm modos, não respeitam os outros, não respeitam a tradição. Não aprendem a manter as aparências, a bater antes de entrar, a ficar quietas na igreja ou a se preocupar com o mau hálito e mancha de Fundamentos da Educação16 suor nas axilas. Esses invasores são os bebês humanos [...]. Algo tem que ser feito. Precisamos deles porque sem eles a sociedade perece por falta de gente, mas precisamos deles conforme nossas condições, e não conforme as deles. O processo de ajustá-los às nossas condições denomina-se socialização. Fonte: Campbel (apud CHARON,1999) A Psicologia A psicologia da educação começou a ser pensada entre o fim do século XIX e início do século XX e se fundamentou em três conceitos: 1- O indivíduo que não consegue aprender; 2- O indivíduo que não tem disciplina; 3- O indivíduo que é um ser único. Nessa perspectiva, existe uma reflexão um tanto que isolada de cada um, o homem passou a ser visto como único e a partir de então, muitas pesquisas foram realizadas. Existia a intenção de medir a inteligência das pessoas para que eles pudessem ser classificados como seres capazes de aprendizado. Pesquisadores, como Alfred Binet (1857-1911) e outros nomeados da época, fundamentaram um indivíduo que tinha capacidade para o aprendizado e cada um era classificado dentro de uma “escala da inteligência”, ou seja, haviam os que não aprendiam e outros que aprendiam. A ideia de “higienização da mente” partiu dessa época, em que se acreditava que as pessoas deviam passar por higienes mentais para que pudessem ter uma vida mais objetivada. Nesse sentido, a educação seria apenas para as pessoas que seriam capazes de aprender e não para indivíduos com dificuldadesou indisciplinados. Ao longo dos anos, a psicologia passou a ser vista como algo que pudesse avaliar os alunos e auxiliá-los em suas dificuldades. Fundamentos da Educação 17 Muitos psicólogos trabalhavam nas escolas nas quais eram atribuídos diagnósticos e tratamentos para crianças com problemas na aprendizagem. As crianças eram submetidas a testes e exames, porém a problematização da família era completamente descartada. Em sua totalidade, acreditava-se que as famílias pobres não podiam subsidiar os estudos dos seus filhos de uma forma adequada, desta maneira as crianças não tinham condições de melhores oportunidades e os pais não eram desprovidos das mínimas condições. A família e o aluno eram totais responsáveis pelo fracasso escolar. A psicologia da educação começou a ser bastante questionada, os problemas do fracasso escolar poderiam estar também em outros lugares e as dificuldades de aprendizado passaram a ser vistas de uma maneira mais constante. Não existe um indivíduo que simplesmente não aprende ou que é totalmente desajustado no ambiente educacional. O que existe é uma gama de diversas possibilidades sobre os problemas, ou seja, o fracasso escolar passou a ser repensado e compreendido na sua complexidade. Não existe apenas um único fator, e sim diversos, que podem desencadear os problemas que as crianças enfrentam, até mesmo nos dias de hoje. Alguns fenômenos educacionais foram analisados no sentido das relações entre si: a- Relações entre escola e família; b- Relações entre coordenadores e professores; c- Relações entre alunos e professores; d- Relações entre professores e professores; e- Relações entre alunos e alunos; f- Relações entre pais e alunos; g- Relações entre pais e professores. Perceba que cada relação é um questionamento. Não podemos fazer qualquer tipo de avaliação sem analisar a importância dessas relações. A escola, neste aspecto, é compreendida como parte integrante do ambiente social em que os alunos estão inseridos. Fundamentos da Educação18 Portanto, a psicologia da educação tem uma visão muito mais ampla da realidade e visa estabelecer a importância de integrar as relações dentro e fora de aula. É o que podemos notar nas reflexões de Hein (2014, p. 48): A psicologia da educação não perde a vista dos fenômenos educacionais localizado na sala de aula. Aliás, é nesse espaço que podemos verificar uma das grandes contribuições da psicologia da educação, ao oferecer subsídios ao professor em seu trabalho pedagógico com os alunos, ao investigar a aprendizagem e o desenvolvimento e ao ampliar nosso conhecimento acerca dos problemas na aprendizagem escolar, mas sofrem um recorte mais amplo, abrangendo questões sociais e relacionadas às interações presentes na vida do aluno. SAIBA MAIS: A obra “Psicologia escolar: LDB e educação hoje”, de Rachel Guzzo, pode te ajudar a pensar na psicologia da educação nos dias de hoje. A Filosofia Para que possamos compreender a dimensão da filosofia, precisamos primeiramente compreender a questão da Epistemologia. Entende-se de epistemologia como a teoria do conhecimento, ou seja, é a origem de tudo, a parte central em que apoiamos sobre os conceitos, métodos e teorias. A filosofia teve seu início nos pensamentos de Sócrates, Platão e Aristóteles. O homem começou a ser pensado como um indivíduo que pudesse fazer uma reflexão e que existia através dos seus pensamentos. Fundamentos da Educação 19 Para o filósofo alemão Kant, alguns questionamentos filosóficos devem ser repensados: • O que posso saber? (Teoria do Conhecimento) • O que devo fazer? (Teoria do agir ético) • O que devo esperar? (Filosofia da religião) • O que é o homem? (Antropologia filosófica) Os ensinamentos de alguns filósofos, principalmente Platão e Aristóteles, marcaram a nossa cultura e as concepções que temos até hoje. O homem nunca mais foi visto de uma maneira superficial, muito pelo contrário, ele passa a ser visto com um indivíduo completo, sempre na busca pela perfeição. A filosofia da educação passa então a ser estudada e todos os seus questionamentos, não somente sobre o comportamento, mas todos os conceitos que permeiam a nossa existência. Existir não é somente pensar, mas agir, indagar, modificar e interagir. REFLITA: Acabamos de estudar todos os campos que compõem a pedagogia. Na sua opinião, qual a importância de cada um deles na prática pedagógica? Pense, reflita e compartilhe sua opinião com os seus colegas! Fundamentos da Educação20 Pedagogia X Andragogia Há uma discussão de muitos teóricos no que se diz respeito sobre os conceitos de pedagogia e andragogia. Existe ainda alguns conceitos de até uma certa rivalidade entre as duas, porém iremos tratar esses conceitos como especialidades que podem favorecer um melhor desenvolvimento de educação. Veja o quadro abaixo: Conceito de Aprendiz Pedagogia Andragogia Conceito de Aprendiz O papel do aluno, é por definição, dependente. A sociedade espera que o professor assuma toda a responsabilidade e determine o que, como e quando será aprendido, além de verificar se foi aprendido. É um aspecto de processo de maturação de uma pessoa mudar da dependência para a auto direção, mas sem diferentes etapas que varia para cada pessoa, em diferentes dimensões da vida. Os professores têm a responsabilidade de incentivar e nutrir esse movimento. Os adultos têm uma profunda necessidade psicológica de normalmente ser dependentes em situações particulares ou temporárias. Fundamentos da Educação 21 Papel das Experiências dos Alunos A experiência aprendida traz pouco valor para a situação de aprendizagem. Pode ser usada como um ponto de partida, mas a experiência que os alunos receberão é, em sua maioria, proveniente do professor, da escrita, dos livros didáticos, do audiovisual e de outras referências. Consequentemente, a técnica primária de educação é a de transmissão, leitura atribuídas, apresentações. A medida que as pessoas crescem e se desenvolvem, acumulam um reservatório de experiências que se torna um recurso cada vez mais rico para a aprendizagem, tanto para eles, como para com os outros. Além disso, as pessoas dão mais significado para os aprendizados quando geram experiências, do que aqueles que recebem passivamente. Adequadamente, as técnicas primárias são experienciais (experimentos laboratoriais, discussões, estudos de casos, resolução de problemas, exercícios de simulações, experiências de campo, etc). Fundamentos da Educação22 Prontidão para aprender As pessoas estão prontas para aprender o que a sociedade (especialmente a escola) diz que deveriam aprender, fornecendo pressões sobre eles (como o medo do fracasso) para serem ótimos o suficiente. A maioria das crianças da mesma idade estão prontas para aprender as mesmas coisas. Portanto, a aprendizagem deve ser organizada de forma padronizada, por currículos, com uma progressão uniforme (passo a passo) para todos os alunos. As pessoas se tornam prontas para aprender algo quando elas experimentam uma necessidade de aprendizagem, afim de lidar satisfatoriamente com a vida real, tarefas ou problemas. O educador tem a responsabilidade de criar condições/ procedimentos e fornecer as ferramentas para ajudarem os alunos a descobrirem a “necessidade do saber”. Os programas de aprendizagem devem ser organizados em torno da aplicação na vida, categorizado e sequenciado de acordo com o aprendizado. Fundamentos da Educação 23 Orientação para Aprendizagem Os alunos enxergam a educação como um processo de aquisição de um assunto ou conteúdo, a maioria dos quais eles entendem ser úteis apenas em um momento posterior da vida. Consequentemente,o currículo deve ser organizado em unidades (cursos) que siga a lógica do assunto (ex: história antiga para moderna, matemática ou ciências simples à complexa). As pessoas estão sujeitas a orientação centrada para a aprendizagem. Os alunos enxergam a educação como um processo de desenvolvimento que aumenta suas competências para atingir seu pleno potencial de vida. Eles querem ser capazes de aplicar qualquer conhecimento e habilidade que eles ganham hoje, para viver mais eficazmente amanhã. Consequentemente, as experiências de aprendizagem devem ser organizadas em torno das categorias de desenvolvimento de competências. As pessoas são centradas no desempenho durante a orientação da aprendizagem. Beck, C. (2014). Pedagogia e Andragogia são iguais? Andragogia Brasil. Disponível em: https://andragogiabrasil.com.br/pedagogia-e-andragogia-sao-iguais/ Acesso: 07/05/19 Fundamentos da Educação24 Compreendemos que umas são voltadas para um público em específico. Uma das principais diferenças é que enquanto a pedagogia se destina para um público mais jovem, ou seja, crianças e adolescentes, a andragogia está direcionada para a educação de jovens e adultos. Figura 2: Ilustração de professor mais velho, com mais experiência, em sala de aula. Fonte: Freepik REFLITA: Imagine um professor que possui mais de 20 anos como pedagogo. Ao longo desses anos, ele trabalhou com crianças e adultos (especificamente no EJA). Se a pedagogia se destina para a educação de crianças e adolescentes e a andragogia na educação de jovens e adultos, isso quer dizer que esse professor não sabe ensinar jovens e adultos por não ser andragogo? Fundamentos da Educação 25 Os métodos da pedagogia tradicional não são muito eficazes para o aprendizado de jovens e adultos, ou seja, não são totalmente direcionados para tal. Temos que entender que o perfil de quem aprende é diferente do perfil de quem ensina para crianças e adolescentes. Na pedagogia, cabe ao educador direcionar o aprendizado das crianças. Os alunos não têm muita autonomia e acabam aceitando tudo, o que lhes é passado em sala de aula, como verdade. Não há questionamentos. Já os adultos são coautores do processo de sua aprendizagem, eles não aceitam tudo como verdade como também questionam. No Brasil, ainda não existe a importância para essa profissão. Infelizmente, ainda não existe um curso superior. Fundamentos da Educação26 A importância da pedagogia nos mais diversos segmentos da educação Você saberia dizer em suas próprias palavras qual a importância da pedagogia em sua vida? Lembre dos seus professores e dos diferentes métodos que eles utilizavam para que suas aulas fossem mais eficazes. É claro que lembramos dos professores que mais nos marcaram por diversas características e não somente os meios que ele utilizou para ensinar. Alguns podem ter lembranças frustrantes, outros, lembranças doces e inesquecíveis. Posso dizer que tive ambas experiências. Me recordo muito bem da minha professora do meu 3º ano, uma mulher muito rígida. Seus ensinamentos eram baseados em castigos para os alunos que não conseguiam aprender. No meu caso, seria a matemática. Até hoje me recordo das atividades de fixação que ela passava de um dia para o outro e que eu ficava a noite toda, acordada, fazendo, por que era um número absurdo de exercícios. Desde então, nunca mais enxerguei a matemática como uma disciplina fácil e desafiadora, muito pelo contrário. Por outro lado, nos anos seguintes tive uma professora tão acolhedora e incentivadora, que todas as minhas “dores educacionais” desapareceram. Você deve estar se perguntando qual a relação da minha história escolar com a importância da pedagogia. Posso te dizer, tudo! A pedagogia é o caminho, o guia que nos leva à perfeição. Quando falamos em pedagogia não podemos nos esquecer a importância das técnicas e métodos que ela utiliza para ensinar aos seus alunos. Lembre- se que não existem técnicas perfeitas e métodos que funcionam em sala de aula com a maior primazia. As salas de aulas são reais, com pessoas reais e com cada um na sua individualidade. O que eu posso aprender com a maior facilidade, alguém pode ter a máxima dificuldade. O professor não deve ser somente o direcionador nesse processo, ele é a chave mestra, é quem guia, aquele que potencializa o desenvolvimento. Fundamentos da Educação 27 Não podemos esquecer que quando se trata de prática, também nos referimos aos meios que utilizamos para alcançarmos determinados objetivos. Os segmentos da educação REFLITA: O que você compreende por segmentos? Quais os segmentos de uma escola? Entende-se por segmentos como uma porção, um fragmento ou qualquer uma das partes em que se pode dividir alguma coisa. Nesse pressuposto, podemos verificar que os segmentos da educação estão divididos e subdivididos. Para os segmentos da educação, podemos dizer que estão divididos em: • Educação Infantil; • Ensino Fundamental I (do 1º ao 5º ano); • Ensino Fundamental II (do 6º ao 9º ano); • Ensino Médio; • Ensino Superior. Para educação infantil, ensino fundamental I e II e ensino médio, podemos chamar também de educação básica. O documento que norteia a educação básica é a Lei nº 9.394, que estabelece as Diretrizes e Bases da LDB, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica e o Plano Nacional de Educação. Fundamentos da Educação28 A pedagogia é essencial para todos esses segmentos, pois sem ela não há norteamento, meios e subsídios para que possamos alcançar nossos objetivos. Os pilares da educação Através da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI, representado por 14 personalidades de diversas regiões de todo país, foram nomeados os quatro pilares da educação que são referenciais de práticas pedagógicas e que, posteriormente, virou um livro. Segundo Hein (2014), podemos analisar as principais características dessas referências: A partir do relatório sistematizado, a educação deve buscar, por exemplo: • Compreender a questão das comunidades locais contextualizadas às questões globais; • Identificar a importância dos sistemas democráticos como estruturas de inclusão e participação; • Contextualizar a crescimento econômico e mundial e sua correlação com o desenvolvimento humano, sobretudo, em relação à importância estratégica na educação neste contexto; • Buscar a universalidade da educação básica, sem qualquer distinção entre pessoas; • Rever o papel dos profissionais na educação nesse cenário, bem como o papel político que os sistemas educativos exercem na sociedade. Fundamentos da Educação 29 Figura 3 Fonte: Freepik Nesse relatório, são recomendados os quatro pilares: • O aprender a conhecer; • O aprender a fazer; • O aprender a conviver; • O aprender a ser (desconsiderando os outros três). Vamos tentar compreender cada pilar: a- O aprender a conhecer: Segundo Delors (2006, p. 92): [...] aprender a conhecer supõe, antes de tudo, aprender a aprender, exercitando a atenção, a memória e o pensamento. Desde a infância, sobretudo nas sociedades dominada pela imagem televisiva, os jovens devem aprender a prestar atenção às coisas e às pessoas. Fundamentos da Educação30 Significa que todo conhecimento é parte de todos, ou seja, em seu sentido ético ele deve estabelecer algumas apropriações e construir oportunidades que levem à apropriação desse conhecimento. Todas as experimentações e vivências devem ser compreendidas como aprender a conhecer. b- O aprender a fazer: Visa estabelecer uma visão mais prática da situação. A prática pode trazer novas experiências, forma o indivíduo, socializando-o e integrando-o no meio em que vive. c- O aprender a conviver: É imprescindível que devemos aprender a ter convivência em nossa sociedade, pois é através dela que também nos formamos, nosmoldamos conforme cada necessidade. Quando aprendemos a conviver com o meio e até mesmo com situações, existe uma adaptação aos modelos novos. É o que reflete Delors (2006, p.97): [...] a educação deve utilizar das vias complementares. Em um primeiro nível, a descoberta progressiva do outro. Em um segundo nível, e ao longo de toda vida, a participação em projetos comuns, que parece ser um método eficaz para evitar ou resolver conflitos. d- O aprender a ser: Hein (2014, p.70), comenta: [...] integra todos os anteriores e é indispensável a qualquer pessoa para construção, de forma mais coerente e autônoma, de seu próprio projeto de vida. Existem alguns princípios que norteiam esse pilar do aprender a ser, como: Fundamentos da Educação 31 Elaborar pensamentos críticos; Formular seus próprios juízos de valor, decididos com liberdade e discernimento; Entrar em contato com a criatividade, os sentimentos e a imaginação, desenvolvendo-se como pessoa e integrante de uma sociedade. O docente então tem um papel essencial nesse processo, porque ele deve criar oportunidades para que as crianças possam se conhecer e também ter percepções quanto aos seus colegas. Esse contexto visa muitas transformações tanto sociais quanto econômicas. Fundamentos da Educação32 Educação X Cultura As diferentes manifestações culturais podem influenciar no meio educacional e por ser um assunto muito complexo, faremos uma síntese sobre como a cultura está enraizada na educação e como a educação passa a ser vista sob um aspecto cultural. A interação entre a educação e a cultura dentro do ambiente escolar é intrínseca a todos os aspectos, por que não podemos falar de educação sem falar de cultura assim como também não se pode compreender a cultura fora da educação. A escola acaba incorporando algumas práticas culturais de acordo com o seu meio, ou seja, aonde ela está inserida. Até mesmo em seu planejamento pedagógico a cultura aparece nos calendários escolares. Datas comemorativas como páscoa, dia das mães, dia dos pais, festa junina e natal, são exemplos vivos desta manifestação cultural. Podemos dizer que existem interferências de ambos os sentidos. Tanto a cultura interfere na escola, como a escola na cultura. Por exemplo: infelizmente, em muitas famílias ainda há o costume de fumar cigarro. A criança que está inserida nesse meio acaba achando que essa prática é algo natural, porque todos da sua família tem a mesma prática. Na escola, essa mesma criança aprende que o cigarro é muito prejudicial à saúde e acaba condenando o seu uso. Ou até mesmo o uso comedido da água evitando o desperdício, etc. Percebeu como a escola influenciou na cultura? Ao mesmo tempo, podemos dizer que a cultura também influencia a escola, como por exemplo a manifestação cultural do Halloween. Hoje em dia, muitas escolas já realizam essa festa de uma maneira muito costumeira, porém muitas crianças não participam por questões religiosas. Vamos recordar um pouco sobre os conceitos de educação? Fundamentos da Educação 33 Figura 4 Fonte: Freepik Lembre-se que a educação tem a premissa no aperfeiçoamento humano, ou seja, o intuito é que nos tornemos melhores, mais preparados, mais desenvolvidos. Ela seria um processo que nos levaria à perfeição em nosso aperfeiçoamento humano. A escola implica que devemos ter autonomia, que possamos ter muita criatividade e capacidade crítica e que além disso, através da nossa transformação, possamos também modificar o meio em que vivemos. É o que podemos analisar na reflexão de Durkheim (1972, p.41): Educação é uma ação exercida pelas gerações adultas sobre as gerações que não se encontram ainda preparadas para a vida social e tem por objetivo suscitar e desenvolver na criança certo número de estados físicos, intelectuais e morais reclamados pela sociedade política, no seu conjunto e pelo meio especial a que a criança particularmente se destina. A educação é vista, portanto, como algo que é muito positivo, que transforma e modela, ao mesmo tempo. Muitos estudiosos defendem a prática reflexiva no ambiente escolar no sentido de inovar, de transformar e de saber lidar com negociações. O pedagogo Perrenoud defende Fundamentos da Educação34 essa prática e comenta que a experiência dentro dessa prática favorece construção de saberes. É o que diz em Perrenoud&Thurler (2002, p.15): ...a implicação critica porque as sociedades precisam que os professores se envolvam no debate político sobre a educação, na escala dos estabelecimentos escolares, das regiões do país. Esse debate não se refere apenas aos desafios corporativos ou sindicais, mas também às finalidades e aos programas escolares, à democratização da cultura, à gestão do sistema educacional, ao lugar dos usuários, etc. A prática reflexiva faz com que os alunos possam interagir uns com os outros e propõe transformações no modo de como nossos alunos enxergam suas realidades. Nesse caso, a cultura é uma forte aliada nesse processo de transformação, porque é aprendendo a lidar com as diferenças que o ser humano aprende de uma forma muito mais prática e desafiadora. E a cultura? O que podemos dizer sobre ela? Você já parou para pensar como nosso país é rico em cultura? Cada região está repleta de costumes, modos de agir e falar, comidas e danças típicas e etc. Ela é o que nos forma e nos transforma. Nenhuma cultura é limitadora, muito pelo contrário, pela sua complexidade, podemos dizer que ela está sempre em processo de expansão, de modificação. A cultura une o homem na sua totalidade e faz com que ele interaja com sua sociedade e com a natureza. A cultura pode ser considerada o resultado da construção do indivíduo dentro do ambiente social em que está inserido e que pode enriquecer-se através de todo o conhecimento adquirido, pois a cultura também é a modificação feita pelo homem na natureza e, transformando-o, ela também se transforma. Muitos teóricos contemporâneos têm se dedicado aos estudos da influência cultural no que se refere aos comportamentos. Fundamentos da Educação 35 O teórico Hessen (1980, p.47) afirma sobre cultura: De fato, toda cultura é a realização de valores. Este é o seu sentido e a sua essência. Se a contemplarmos no processo histórico de evolução, ela aparecer-nos-á nada menos que como um grandioso e ininterrupto esforço para realizar valores. É um enorme conjunto de atividades que, em última análise, se propõem todas o mesmo fim: realizar os valores. Por outro lado, se a contemplarmos como fato já produzido pelo esforço dessas atividades, sendo neste caso a cultura um mundo de realidade, o resultado será o mesmo: ela será ainda o conjunto desses mesmos valores já realizados. Cultura e educação estão inteiramente ligadas e não podemos descartar essa ligação entre esses dois conceitos. Trabalhar com as diferentes culturas dentro de uma sala de aula não é uma tarefa fácil, podemos dizer que bastante árdua, porém proporciona para os alunos uma experiência de vida, um novo meio de transformação. Quanto mais rica for a nossa cultura, maiores serão nossos desafios dentro de sala de aula. E, que delícia! Como é bom trabalhar com a diversidade. Fundamentos da Educação36 Considerações finais Precisamos pensar no individuo como um ser em processo de transformação e quando pensamos em toda essa complexidade, a ideia de um ser subdividido em diversos segmentos pode ser questionada. Na sala de aula, o processo não é diferente. A pedagogia veio para nos guiar no processo educativo e modificar a maneira como agimos e como interagimos com as outras pessoas. Não é apenas um processo educativo, mas sim formador. A pedagogia em sua totalidade vem para formar o indivíduo em toda a sua complexidade. Ela veio para sanar as dúvidas e também colocar diversos questionamentos. Aprendemos ao longo dessa unidade, que a pedagoga estáinterligada com algumas ciências, é como se todas trabalhassem juntas a favor da pedagogia. Não podemos separar esses conceitos, cada um é parte integrante nesse processo e deve ser levado a sério. Denominamos como ciências da educação esses segmentos que juntos, podem nos auxiliar a compreender esse vasto e enigmático mundo, são eles: • Antropologia • Sociologia • Psicologia • Filosofia Você estudou que cada um tem a sua particularidade específica que contribuem, e muito, para que possamos chegar o mais próximo do acerto, para não dizer perfeição. Fundamentos da Educação 37 REFLITA: Vamos imaginar a seguinte situação: A professora acabou de receber uma turma do 4º ano. A turma é heterogênea e todos os alunos se conhecem, exceto dois novos alunos que foram inseridos recentemente. O aluno X, veio de uma escola particular. Seu comportamento é diferenciado dos outros, um pouco mais introvertido e não gosta muito de interagir com os demais colegas da classe. A professora também percebeu que esse aluno, às vezes, é um pouco arredio no que se refere aos seus pertences pessoais. O aluno Y tenta interagir com os outros alunos, porém por se tratar de um aluno de outro estado, muitas vezes os colegas o ridicularizam pela maneira como se comporta ou fala. Perceba que tanto o aluno X quanto o Y possuem dificuldades de interação, cada qual com a sua diferença. Para esses dois casos, como as ciências da educação podem ajudar a professora para que ela possa promover a interação desses alunos com a classe e fazer com que os demais alunos os vejam como iguais? Reflita! Compartilhe suas ideias com seus colegas! A Andragogia Esse nome ainda, e posso dizer que infelizmente, é bastante desconhecido em nosso meio. Não existe ainda um curso de graduação sobre a andragogia em nosso país e os estudos são poucos. O que podemos compreender é que a andragogia possui algumas diferenças em relação à pedagogia. A pedagogia é mais direcionada a um público mais jovem, já a andragogia nos permite avançar no direcionamento de um público mais velho. Como anteriormente dissemos, isso não quer dizer que um pedagogo não saiba como lidar com pessoas mais velhas, Fundamentos da Educação38 porém as técnicas, os meios que a andragogia propõe são diferentes daqueles já estudados. Os segmentos e a cultura na educação Entende-se por segmentos da educação as fases da educação básica e superior, que são eles: • Educação Infantil; • Ensino Fundamental I (do 1º ao 5º ano); • Ensino Fundamental II (do 6º ao 9º ano); • Ensino Médio; • Ensino Superior. Exceto o ensino superior, todos os demais fazem parte da educação básica. Esses segmentos não somente necessitam da pedagogia como são partes integrantes dela. As leis, as regulamentações servem para que a educação possa ser garantida por todos, de uma maneira que todos tenham direito à educação. Outro ponto a favor, são os pilares da educação: • O aprender a conhecer; • O aprender a fazer; • O aprender a conviver; • O aprender a ser (desconsiderando os outros três) Esses quatro pilares nos ensinam como podemos lidar com as diferentes situações dentro ambiente escolar. É a prática nesse processo que nos ensina em todo o tempo, pois sem ela, não podemos vivenciar nenhuma fundamentação teórica. E por fim, falamos sobre a importância da cultura para educação e como podemos enxerga-la dentro da sala de aula. Como podemos enriquecer nossa cultura? Ela exerce uma função transformadora na escola e a escola também modifica a nossa cultura. Lembra da criança Fundamentos da Educação 39 que modificou sua concepção pelo cigarro? Tudo munda, o tempo todo e não há como escapar. Que bom que podemos ter tanta diversidade e cultura dentro de sala de aula. Crianças com costumes diferentes podem aprender umas com as outras. Cabe ao mestre filtrar o que é bom e permanecer, os costumes que podem ser considerados negativos, podem ser aprendidos de outra maneira. Trabalhar dentro de uma escola não é uma tarefa fácil e todos sabem disso por diversos motivos, mas podemos nos enriquecer também com a riqueza que encontramos nas salas de aulas. A gente só aprende como ensinar, ensinando, não existe outra maneira. É compreender que os métodos não são infalíveis e que vamos errar muitas vezes, porém é certo que o erro gera a perfeição. Queremos um ambiente escolar em que todos, na sua diversidade, possam interagir e aprender uns com os outros, sem distinção e preconceitos. Que todos os educadores também compreendam que eles precisam estar em processo contínuo de estudo, sempre se reciclando, sempre aprendendo algo mais. Desejamos que você seja um profissional curioso, que os questionamentos não o deixe cair na mesmice e que a escola seja para você, um espaço de troca de sabedoria, porque quem ensina, também aprende. Uma ótima jornada para você! Fundamentos da Educação40 BIBLIOGRAFIA COMENIUS, J.A. Didática Magna.: tratado da arte universal de ensinar tudo a todos. 3.ed. Lisboa:Fundação Calouste Gulbekian, 1985 FERREIRO, E. Reflexões sobre Alfabetização. São Paulo: Cortez, 1984 HEIN,A.C.A. Fundamentos da Educação. São Paulo: Pearson, 2014 VIGOTSKY, L.S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2001. Aula 03 A Pedagogia e o Mercado Educacional Iria Helena Duarte Fundamentos da Educação Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Diretora Editorial ANDRÉA CÉSAR PEDROSA Projeto Gráfico MANUELA CÉSAR ARRUDA Autor IRIA HELENA DUARTE Desenvolvedor CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS Autor IRIA HELENA DUARTE Olá! Meu nome é Iria Helena Duarte. Sou formada em Pedagogia, Especialista em Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa e Estrangeira com experiência técnica-profissional na área de ensino híbrido há mais de 10 anos. Concluinte em Psicopedagogia e Especialização em Língua Espanhola. Iniciei minha carreira como docente em diversas escolas do Estado de São Paulo, Estado do Paraná e de Santa Catarina na área da Educação Infantil e Ensino Fundamental I. Em 2008, fui convidada por uma empresa em expansão em EAD a participar do departamento Pedagógico como Coordenadora Pedagógica em EAD e depois como professora conteudista na área da pedagogia e ensino de línguas. Também trabalhei para algumas faculdades para a elaboração de trabalhos e materiais didáticos e preparatórios, como ENADE. Atualmente, sou sócia de uma escola EAD de ensino de cursos técnicos, profissionalizantes e idiomas e, também, atuo como mediadora do curso de Pedagogia e tutora virtual da Universidade Virtual do Estado de São Paulo. Amo a minha profissão e sou apaixonada pelo meu trabalho. Estou sempre em busca de novos conhecimentos porque acredito no poder da educação e da reciclagem. Adoro poder transmitir minha experiência para todos que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte sempre comigo! INTRODUÇÃO: para o início do desenvolvimen- to de uma nova competência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser prioriza- das para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofun- damento do seu conhecimento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativodas últimas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma ativi- dade de autoapren- dizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; Iconográficos Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo projeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: SUMÁRIO Pedagogia na contemporaneidade, dentro e fora da escola ...............................................................................................12 A educação e a pedagogia nos dias atuais .......................................... 15 As tendências da educação permanente e os desafios na era da tecnológica ................................................................................................................ 15 Formação e atuação do pedagogo ............................................. 19 O papel e as perspectivas profissionais do pedagogo ...... 24 A pedagogia empresarial ......................................................................................24 A pedagogia no ambiente hospitalar .........................................................27 A educação no contexto mercadológico .................................29 A concepção do pedagogo dentro dos ambientes educacionais ....................................................................................................................30 Conclusão ...........................................................................................................................32 Qual o papel do pedagogo, afinal? ..............................................................33 Como é a sala de aula nos dias atuais?....................................................33 A profissão do pedagogo ..................................................................................... 36 Bibliografia .............................................................................................38 Fundamentos da Educação 9 UNIDADE A PEDAGOGIA E O MERCADO EDUCACIONAL 03 Fundamentos da Educação10 Você já parou para pensar que a pedagogia vem crescendo cada vez mais em nossos dias e que tem profunda influência em diversos setores? Se comparássemos o papel do pedagogo hoje à sua importância no passado, podemos dizer que muito mudou e através dessas mudanças, sua importância se faz cada vez mais necessária. Vivemos na era da globalização, onde as informações são absurdamente rápidas. Hoje, é certo afirmar que não conseguimos viver mais sem alguns recursos tecnológicos. A demanda por novas informações o tempo todo é muito grande e não podemos parar esse processo, se não ficaríamos para traz. Quando se trata de educação, o processo não é diferente. A era contemporânea tem se adaptado à novas tendências e perspectivas que não podemos simplesmente ignorar, temos que nos adaptar ao agora e consequentemente, ao futuro. O pedagogo ganhou então um novo espaço, a profissão foi além e precisou ser repensada em outros ambientes também. A formação do pedagogo não é a mesma do que os pedagogos dos tempos antigos, não somente pelos seus currículos como, também, sua importância real em diversos setores. Neste capítulo, estudaremos os passos que levaram uma profissão tão delimitada a se tornar uma profissão com grande nível de expansão e acreditamos que ainda existam novos horizontes a serem percorridos. A educação passou a ser muito mais exigida no contexto mercadológico e o papel do pedagogo muito mais requisitado. Essas influências se deram por uma série de fatores que estudaremos neste capítulo. Esperamos que você se aventure mais nesse conhecimento! Bons estudos! INTRODUÇÃO Fundamentos da Educação 11 Olá! Seja muito bem-vindo a nossa Unidade 3. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: • Analisar a pedagogia nos dias atuais e seu impacto em outros segmentos; • Compreender a formação do pedagogo dentro e fora do ambiente escolar; • Identificar as perspectivas da atuação do pedagogo na era contemporânea; • Refletir sobre a pedagogia no mercado de trabalho e suas implicações. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! OBJETIVOS Fundamentos da Educação12 Pedagogia na contemporaneidade, dentro e fora da escola Para que possamos compreender o papel da pedagogia em nossos dias, devemos também ter uma compreensão mais profunda de como são as salas de aula e quais os elementos centrais da pedagogia contemporânea. Devemos fazer uma análise socioeconômica da situação real do nosso país para que possamos percorrer alguns caminhos que despertam diversas dúvidas e questionamentos. Alguns pontos que geram esses questionamentos não podem ser descartados e são elencados a seguir: • A desigualdade social; • A importância da inclusão; • A prática educacional em busca de soluções aos diversos problemas. Infelizmente, a desigualdade social existe ainda de uma forma muito explícita em nosso ambiente educacional. Quando falamos em desigualdade, também nos referimos aos alunos que estudam em escolas públicas. É muito comum existir uma discrepância social nesse meio. A desigualdade pode, portanto, estar associada tanto às escolas particulares como também às escolas públicas, uma vez que ainda há divisão socioeconômica em ambas. Em uma mesma sala, podem existir crianças que aguardam ansiosas a hora da refeição na escola, porque esta será a única do dia, e outras que não sofrem com qualquer tipo de abstenção. Existe, pois, classe média junto com classe baixa ou extremamente baixa em uma mesma sala. Como a pedagogia lida com uma situação dessas? Quais os caminhos que devemos percorrer para que todas as crianças tenham o direito de estudar e que possam obter o mesmo desenvolvimento? Você acredita que uma criança com fome consegue ter o mesmo desenvolvimento que uma criança que tem acesso a comida quando desejar? É claro que não! Fundamentos da Educação 13 A desigualdade está presente no meio educacional e devemos encará-la como algo a ser superado, pois ela não pode (ou não poderia) atrapalhar o desenvolvimento de nenhuma criança. Outro fator muito importante é sobre a inclusão. Muito se fala em inclusão na escola, porém muito pouco é feito ou solucionado. Muitas são as escolas que ainda não estão preparadas para a inclusão, o que é uma pena, porque quando inserimos um indivíduo dentro do ambiente educacional que não possui os mesmos atributos que nós, estamos também nos possibilitando enxergar os meios de maneiras diferentes. É aprendendo com as nossas diferenças que percebemos que no final, todos somos iguais. A inclusão então, se faz mais do que necessária. Figura 1 Fonte: Freepik REFLITA: Você acredita que seja muito comum encontrar crianças inclusivas dentro das salas de aula? Por que ainda a inclusão “assusta” muitos coordenadores pedagógicos e professores? Faça uma reflexão sobre isso. Compartilhe com os seus colegas. Fundamentos da Educação14 Vamos imaginar que uma escola X tenha alguns alunos inclusivos nas salas de aula. Um dos alunos é deficiente auditivo e outros são autistas. Como o professor pode trabalhar com essa situação? É obvio que a escola deve estar preparada para situações como essa e também preparar seus docentes para uma situação dessas. No caso do deficiente auditivo, é aconselhável que tenha junto com o professor, um intérprete de libras (língua brasileira de sinais), caso o aluno deficiente tenha domínio nessa língua. No caso de alunos autistas, o trabalho não é somente do docente, e sim de toda uma equipe, para que todos juntos, possam desenvolver um trabalho efetivo com a criança. Percebeu as dificuldades que encontramos diariamente quando tratamos de inclusão? Podemos até mesmo exemplificar os problemas que muitos enfrentamaté mesmo fora da escola. Como muitos cadeirantes sofrem por não terem acesso às ruas, aos locais públicos adequados para eles. O problema é muito mais extenso e são muitos os fatores que contribuem para que esses problemas aconteçam. Nosso país ainda não está preparado para todas as reais necessidades diárias que possibilitem a inclusão. Todas essas dificuldades estão ligadas aos inúmeros problemas socioeconômicos que enfrentamos em nosso país e que refletem diretamente na educação. Quando pensamos que a educação é inteiramente prejudicada por essa questão fica fácil entender os porquês de muitos acontecimentos. Quando não há verba, há falta de muitas coisas e algumas vezes não há nada que possa ser feito, devemos saber lidar com determinadas situações. Nesse sentido, a prática educacional busca soluções para os diversos tipos de problemas enfrentados todos os dias. O docente legítimo é aquele que sabe trabalhar com os recursos que ele tem no momento. A prática dentro de sala de aula, do convívio, nos ensina a como pensar em diversos caminhos que podemos percorrer para que possamos chegar a um determinado objetivo. É dentro da sala que aprendemos a lidar com a diversidade e fazer com que todas as experiências criem possibilidades de crescimento e desenvolvimento. Fundamentos da Educação 15 A educação e a pedagogia nos dias atuais Muitas mudanças aconteceram com a queda do muro de Berlim. Diversos movimentos históricos contribuíram para essas mudanças que ocasionaram, não somente, numa nova estruturação de pensamento como em ideais que até então, não eram nem mesmo discutidos. As políticas neoliberais tiveram forte influência no contexto mercadológico. O neoliberalismo defendeu com unhas e dentes a ideia de total liberdade do mercado e a restrição da participação do Estado sobre a economia. Para os neoliberais, o Estado deveria ter uma mínima participação. As tendências filosóficas se fizeram importantes nesse período através de muitos educadores que quebraram as barreiras e apontaram novos caminhos. Houve então a premissa da educação tradicional e nova. A primeira, está relacionada diretamente aos conceitos renascentistas e até hoje tem a sua influência no meio educacional. Já a educação nova, pensou em novas metodologias de ensino através das reflexões filosóficas de Rosseau. É o que podemos verificar nas reflexões de Hein (2014, p.57): Mas, ambas, educação tradicional e nova, tem um traço em comum: são grandes movimentos da história do pensamento pedagógico e da prática educativa e concebem a educação como um processo de desenvolvimento individual e coletivo. As tendências da educação permanente e os desafios na era da tecnológica No início da metade do século XX, houve uma nova postura perante ONU e UNESCO para a educação permanente. Dessa forma, os conceitos passaram a pensar na educação como um segmento de diversos fatores e alvo de muitas preocupações. Fundamentos da Educação16 Nessa mesma época, foi erradicada a alfabetização nos países desenvolvidos, porém, essa realidade estava muito distante dos países subdesenvolvidos. A ditadura trouxe um grande atraso e índices altíssimos de analfabetismo no Brasil, sempre associados à extrema pobreza. As reflexões de Gadotti (2005, p. 272) podem exemplificar: O reconhecimento dessa situação está estampado na própria Constituição Brasileira, promulgada em 05 de outubro de 1988, em seu artigo 60 das Disposições Transitórias, e impõe ao Poder Público o desenvolvimento de todos os esforços, com mobilização de todos os setores organizados na sociedade e com aplicação de, pelo menos, cinquenta por cento dos recursos do Ministério da Educação, para a eliminação do analfabetismo e a universalização do ensino fundamental em dez anos. Apesar dos grandes esforços da Unesco, e mesmo com todos os apoios internacionais, muitos países não conseguiram acabar com o analfabetismo e é essa realidade que encaramos até os dias de hoje. Com a evolução tecnológica moderna outras premissas foram amplamente discutidas e as linguagens também foram modificadas. Nesse momento, existe uma exigência de uma cultura impregnada de novas linguagens: • A televisão; • O rádio; • A internet. Fundamentos da Educação 17 Figura 2 Fonte: Freepik Hoje em dia, é certo dizer que a linguagem que mais predomina em nosso meio é a da internet, a linguagem da era da globalização. Nosso dia a dia, é repleto de rápidas informações e elas se modificam numa rapidez descabida. Não existe mais a comunicação limitada, muito pelo contrário, as pessoas estão cada vez mais se comunicando e por conta disso, se modificam também. Não podemos ignorar que os recursos tecnológicos fazem parte do nosso cotidiano. Os celulares se tornaram parte integrante na vida das pessoas e criou a necessidade de tê-los para que pudéssemos nos comunicar com maior facilidade. Portanto, a tecnologia está presente em nosso meio e não podemos descartar a sua importância dentro do ambiente educacional. Podemos notar enfim, que todos esses fatores contribuem para que a pedagogia da contemporaneidade seja repensada e analisada por muitos aspectos. As adaptações são necessárias, porque o processo é sempre contínuo. Fundamentos da Educação18 REFLITA: Como o uso das tecnologias pode ajudar a pedagogia? Pense. Reflita. Compartilhe suas ideias com seus colegas. Fundamentos da Educação 19 Formação e atuação do pedagogo Antes de iniciarmos esse tópico, gostaríamos que você pudesse fazer uma autorreflexão sobre os seus próprios conceitos sobre essa concepção, ou seja, o que você espera quando se formar? Quais são seus objetivos e por que escolheu ser pedagogo diante de tantas opções de profissão? Faça essa reflexão e procure compreender quais os fatores que te estimularam para que você tivesse o desejo de se tornar um pedagogo. Somos, portanto, peça essencial nesse processo. Somos nós que fazemos funcionar a engrenagem e cabe a nós um papel de guiar e auxiliar na busca de um desenvolvimento eficaz do aluno. Sinto te dizer, mas não existem escolas, métodos, professores e alunos perfeitos, mas devemos estar em constante busca da perfeição, dessa forma, nunca pararemos de adquirir novos conhecimentos e seguiremos em constante crescimento. É, pois, na adversidade que aprendemos. Compreender que não existe perfeição é entender que todos têm os seus limites e cada um, aprende da sua maneira, e como é bom trabalhar com a diversidade. Ela existe e anda de mãos dadas com o cotidiano do pedagogo. Além disso, o pedagogo é o intermediário entre escola e aluno. É ele que está no “meio” dos dois e é responsável pela aplicação das metodologias. O pedagogo é aquele que conduz o trabalho pedagógico. Existem alguns questionamentos que não podemos descartar: a- Que tipo de professor encontramos? b- O que o torna um pedagogo? c- Qual o seu papel na educação? d- Quais são os seus objetivos? Essas posições devem ser amplamente questionadas todos os dias e fazem parte da formação do pedagogo. Devemos saber o que fazemos, qual o nosso papel e nossos objetivos para que possamos, de fato, ser a diferença. Fundamentos da Educação20 Quando nos referimos ao “domínio” no ambiente educacional, falamos sobre os ensinamentos de Benjamim Bloom, especificamente na sua obra: Taxonomia de objetivos educacionais: domínio cognitivo. São os resultados de valores às capacidades reais dos alunos, ou seja, o que eles sabem e o que não sabem. É que o podemos verificar em Bloom (1974, p.135): Em geral, os alunos são capazes de realizar uma aprendizagem de nível elevado se o ensino é adequado e se eles são auxiliados quando e onde encontram dificuldades, se lhes dão tempo suficiente para alcançar o domínio e se existem critérios claros sobre o que é o domínio. Bloom ainda enfatiza que os estudos só poderão tornar algo concreto atravésde uma organização e não somente por um método. O domínio é de fato explicitado em Bloom (1974, p. 237): [...] os alunos tornam-se bastante semelhantes na capacidade de aprender, na velocidade de aprendizagem e na vontade de continuar as aprendizagens se são colocados em condições favoráveis de aprendizagem. Essas pesquisas lançam dúvidas sobre as ideias de boa ou má capacidade dos alunos. Acreditamos que essa teoria é capaz de mudar profundamente nossa concepção da natureza humana, de suas características e da capacidade para as aprendizagens escolares. Fundamentos da Educação 21 Figura 3 Fonte: Freepik SAIBA MAIS: A importância do pedagogo nas instituições educativas Quéli Vanessa Martins Silva Sfreddo O campo de atuação do Pedagogo é muito vasto, sendo que o mesmo é de fundamental importância em todas as instituições de cunho educativo, entretanto, “há que se fazer a diferença para conseguir um lugar ao sol”, pois muitas vezes teremos que mostrar a necessidade desse profissional dentro das instituições. Segundo Libâneo (1996, p. 127), há uma diversidade de práticas educativas intencionais na sociedade a qual se configura como uma ação pedagógica escolar e extraescolar, assim, ele considera que: Fundamentos da Educação22 O pedagogo é o profissional que atua em várias instâncias da prática educativa, direta ou indiretamente ligadas à organização e aos processos de transmissão e assimilação ativa de saberes e modos de ação, tendo em vista objetivos de formação humana definidos em sua contextualização histórica. Assim, percebe-se que as práticas educativas, não estão restritas à escola, sendo evidente a tendência de pedagogização da sociedade, pois, segundo Libâneo (1996, p.127), não é casual a menção cada vez mais frequente à sociedade do conhecimento. E a ausência do pedagogo junto às instituições educativas deixa uma lacuna, pois, somente o pedagogo poderá coordenar os trabalhos pedagógicos de tais instituições. Conforme pesquisas realizadas nos últimos anos, a profissionalização docente não se pode confinar a uma “pedagogia do dom natural”, mas exige formação profissional (FREIRE, 2000, p. 28). Para tanto, salienta-se a necessidade de uma formação sólida que alie a teoria às práxis pedagógica, minimizando as lacunas na formação docente. Por isso, compete ao educador refazer a educação, reinventá-la, criar as condições objetivas para que uma educação democrática seja possível, criar alternativas pedagógicas que favoreçam o aparecimento de novas pessoas, solidárias e preocupadas com o novo projeto social e político (DEMO, 1995). Dessa maneira, percebe-se grandes desafios impostos à educação brasileira, como implementar a democracia, isto é, a inclusão na cidadania e busca pela qualidade da educação, problemas que perpassam vário séculos. Por isso a relevância da atuação do pedagogo em diversos espaços da sociedade, não restringindo seu campo de atuação somente à escola formal. Fundamentos da Educação 23 No Brasil, atualmente, vislumbra-se uma ampliação do conceito de educação, haja vista que a mesma não se restringe à ação de ensinar e ao processo de aprendizagem no interior de instituições escolares formais, já que extrapola os muros da escola para os diversos espaços sociais. Sendo assim, conclui-se que o campo de atuação do pedagogo é muito fértil, haja vista sua fundamental relevância nos ambientes escolares e não escolares, como instrumento mobilizador de competências e habilidades na análise crítica das situações, aliando os princípios éticos, estéticos, políticos e de construção da identidade individual e coletiva, bem como “articulador-mor” do processo educativo. Palavras-chave: pedagogo, educação, instituições educativas. Disponível em: http://www.arcos.org.br/artigos/a-importancia-do- pedagogo-nas-instituicoes-educativas/ . Acesso: 16/05/19 Fundamentos da Educação24 O papel e as perspectivas profissionais do pedagogo O pedagogo deve ser um profissional muito bem capacitado, uma vez que há, para ele, a possibilidade de em diversos ramos, pois sua graduação é diversificada o que requer qualificação e múltiplas habilidades. Ao longo dos anos, houve uma considerável evolução da capacitação disponibilizada para o pedagogo, o preparando para diversos setores até mesmo fora da escola. Essa capacitação pode ser criada em qualquer espaço, pois a educação está em todos os lugares e se adequa para todas as ocasiões. Se engana quem pensa que o pedagogo pode ter suas atribuições apenas no ambiente escolar, muito pelo contrário, o papel do pedagogo da atualidade vai muito além. É claro que é muito comum que o pedagogo atue em sala de aula com suas crianças, porém nem sempre isso acontece. Pensar no pedagogo em diferentes ambientes, pode gerar até uma certeza estranheza, mas suas contribuições em outros locais são bastante satisfatórias. Lembrem-se que existem um leque de possibilidades de atuação para o pedagogo. A pedagogia empresarial Foi, somente, no final da década de 80 que começou a ser construída a ideia do pedagogo empresarial. Apesar da crise, a atuação foi moldada até chegar ao seu perfil atual, pois após alguns cortes do governo para apoio às empresas, muitos setores ficaram bastante defasados e as empresas acabavam de restringir o número dos profissionais. É o que podemos constatar em Holtz (2007, p.06): A pedagogia e a empresa fazem um casamento perfeito. Ambas têm o mesmo objetivo em relação às pessoas, especialmente nos tempos atuais. Uma empresa sempre é a associação de pessoas, para explorar uma atividade com objetivo definido, liderada pelo empresário, Fundamentos da Educação 25 pessoa empreendedora que dirige e lidera a atividade com o fim de atingir ideais e objetivos também definidos. A pedagogia é a ciência que estuda e aplica doutrinas e princípios visando um programa de ação em relação à formação, aperfeiçoamento e estímulo de todas as faculdades da personalidade das pessoas, de acordo com ideais e objetivos definidos. A pedagogia também faz p estudo dos ideais e dos meios mais eficazes para realizá-los, de acordo com uma determinada concepção de vida. Podemos constatar que mesmo que a empresa não seja necessariamente um espaço de educação, ela tem ideais de sucesso e também de ensino aprendizagem. A pedagogia, por sua vez, se faz necessária se pensarmos que pode servir como um direcionamento para as pessoas também no meio empresarial. Segundo a resolução do Conselho Nacional de Educação (CNE) - CP nº1 de 1 de maio de 2006, são direcionadas as seguintes atribuições ao pedagogo: Art. 4º, parágrafo único. As atividades docentes também compreendem participação na organização e gestão de sistemas e instituições englobando: 1. Planejamento, execução, coordenação, acompanhamento e avaliação de tarefas próprias do setor da educação; 2. Planejamento, execução, coordenação, acompanhamento e avaliação de projetos e experiências educativas não escolares; 3. Produção e difusão do conhecimento científico tecnológico do campo educacional, em contextos escolares e não escolares. Podemos perceber nessa resolução, que há uma ampliação na atuação do pedagogo em outros ambientes fora do ambiente escolar como é o caso da atuação desse profissional no ambiente empresarial. Porém, é fato dizer que um dos maiores desafios para o pedagogo no ambiente empresarial, é provar que possui atributos suficientes para trabalhar em outros lugares. Fundamentos da Educação26 Segundo Holtiz (2007, p.9), as responsabilidades do pedagogo são: 1. Conhecer e encontrar soluções práticas para as questões que envolvem a otimização da produtividade das pessoas, sendo o objetivo de todas empresas; 2. Conhecer e trabalhar na direção dos objetivos particulares e sociais da empresa onde trabalha; 3. Conduzir com atividades práticas, as pessoas que trabalham na empresa, como dirigentes e funcionários, nadireção dos objetivos humanos, bem como os definidos pela empresa; 4. Promover as condições e atividades práticas necessárias – treinamentos, eventos, reuniões, festas, feiras, exposições, excursões, etc... -, ao desenvolvimento integral das pessoas, influenciando-as positivamente (processo educativo), com o objetivo de otimizar a produtividade pessoal; 5. Aconselhar, de preferência por escrito, sore as condutas mais eficazes das chefias para com os funcionários e destes para com as chefias, a fim de favorecer o desenvolvimento da produtividade empresarial; 6. Conduzir o relacionamento humano na empresa, através de ações pedagógicas, que garantam a manutenção do ambiente positivo e agradável, estimulador da produtividade. Fundamentos da Educação 27 Figura 4 Fonte: Freepik A pedagogia no ambiente hospitalar A pedagogia hospitalar surgiu, pela primeira vez, em 1931, no Estado de São Paulo, na Santa Casa de Misericórdia. Esse projeto teve seu início com deficientes físicos, porém algumas pessoas afirmam que o primeiro atendimento em ambiente hospitalar foi no Rio de Janeiro, no hospital Municipal de Jesus. Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, toda criança tem o direito de oportunidades e desenvolvimento seja em qual ambiente estiver inserida. Isso não muda então, para crianças que precisam ficar hospitalizadas, ou seja, elas têm o mesmo direito que as outras crianças. Apesar de um tratamento ou confinamento hospitalar, é possível que elas possam dar continuidade em seus estudos, em uma classe hospitalar. Compreendemos pela definição do MEC-Brasil (1994, p.20): Classe hospitalar é o ambiente hospitalar que possibilita o atendimento educacional de crianças e jovens internados Fundamentos da Educação28 que necessitam de educação especial e que estejam em tratamento hospitalar. Nessa perspectiva, o MEC, em 2002, atualizou e reforçou o atendimento educacional para crianças hospitalizada, afirmando que: O atendimento pedagógico-educacional que ocorre em ambientes de tratamento de saúde, seja na circunstância de internação, como tradicionalmente conhecida, seja na circunstância do atendimento em hospital-dia e hospital semana ou em serviços de atenção integral à saúde mental. Fato é, que a importância da atuação do pedagogo é muito necessária e está ganhando cada vez mais espaço, fazendo com que esses profissionais tenham que se adaptar às diversas realidades por meio da busca incessante do conhecimento científico na área da educação. É notório então, que esses profissionais que estão inseridos em um ambiente hospitalar, precisam sempre estar em busca do aperfeiçoamento para que possa contribuir da melhor forma nas intervenções educativas. Além disso, o pedagogo hospitalar deve ter muito mais preparo emocional, pois as crianças que estão hospitalizadas estão também, emocionalmente abaladas e isso pode causar algum desequilíbrio no desenvolvimento intelectual de cada um. Fundamentos da Educação 29 A educação no contexto mercadológico Estudamos, nas unidades anteriores, que a educação está presente não só no ambiente escolar, mas, também, em outros ambientes, como empresarial e hospitalar. A formação do pedagogo que trabalha nesses setores deve ser sempre continuada (não que o pedagogo em sala de aula não deva ser), porém, para os profissionais que trabalham em outros ambientes, o desafio pode ser ainda maior. Segundo algumas pesquisas feitas, a área de atuação do pedagogo em ambiente escolar, na maioria dos casos é muito mais comum. É o que podemos verificar no gráfico abaixo: Fonte: Disponível em <https://www.montessoriano.com.br/faculdade/o-pedagogo-e-seus- campos-de-atuacao-na-contemporaneidade/.> Fundamentos da Educação30 Infelizmente, ainda existem alguns problemas enfrentados pelos profissionais da pedagogia que trabalham em outros ambientes, pois para eles, os trabalhos extraclasse ainda são vistos como restritos, pois existem uma certa concorrência e também uma certa discriminação. Outro ponto muito importante, é a falta de experiência em outros campos de atuação, muitos pedagogos não se sentem qualificados para atuar em outro ambiente. Segundo uma pesquisa cientifica feita por alguns estudiosos, mais de 30% dos pedagogos entrevistados, não se sentiam preparados para atuar em outras áreas. Esses profissionais afirmaram que não tem segurança em trabalhar em ambientes empresarias ou em hospitais. A concepção do pedagogo dentro dos ambientes educacionais Sabemos que as áreas curriculares que o pedagogo abrange são muitas, podemos classificar sua formação: • Social; • Histórica; • Filosófica; • Psicológica; • Prática. Todas essas áreas estão inteiramente interligadas no processo de formação do pedagogo. Um bom profissional, consegue atender essas áreas com destreza e dedicação. A prática pedagógica, podemos dizer, é a oportunidade que esse profissional terá para construir seu desenvolvimento, através de todo o conhecimento adquirido. Voltemos agora para a Taxonomia de Bloom. Perceba que o papel do pedagogo para Bloom deve ser completo e a escola é um local que deve ser destinado para todos, ou seja, cada indivíduo deve ser tratado da sua maneira, não só porque temos bagagens culturais diferentes, mas porque também aprendemos de maneira diferente. Fundamentos da Educação 31 É o que diz a reflexão em Bloom (1974, p.243): Nossa teoria implica que, em educação, pode-se virar à igualdade de resultados e não à igualdade de possibilidade; [...] a desigualdade de tratamento pode ser necessária em certas etapas do processo de aprendizagem. Se o que se quer é que as crianças obtenham resultados de aprendizagem idênticos, os professores – e os documentos por eles utilizados – devem permitir a cada um dominar a aprendizagem e eles não podem se limitar a “tratar cada aluno de maneira igual”. Portanto, o domínio, anteriormente mencionado, está inteiramente ligado a palavra “mestre”, pois é o domínio responsável pelo perfeito andamento das atividades pedagógicas. O campo da pedagogia é visto como uma análise e uma operacionalização, um trabalha a favor do outro. Partindo desse pressuposto, compreendemos então que o ramo da pedagogia é extenso e as habilidades do pedagogo deverão ser analisadas e questionadas em todo o tempo. A pedagogia se faz em muitos lugares e existe sim, uma preocupação para que os profissionais possam conseguir interagir com essas novas metodologias e recursos. Fundamentos da Educação32 Conclusão Tivemos um maior entendimento da dimensão da pedagogia em todos os ambientes. Como podemos refletir sobre a pedagogia nos dias de hoje? Podemos dizer que houve um avanço muito grande, se analisarmos o seu papel em alguns anos, porém também sabemos que há muita coisa para ser solucionada. Como é a escola na contemporaneidade? Quais os fatores que a permeiam? Vimos que alguns fatores agregam à pedagogia nos dias de hoje, e outros separam, como é o caso da desigualdade social. Não podemos simplesmente “fechar os olhos” para essa situação, infelizmente ela existe e está dentro de nossas escolas. Cabe a nós, professores, coordenadores ter uma visão um pouco mais ampla sobre esse assunto e nos preparar para todas as diversidades que encontramos. A desigualdade social afeta inteiramente tanto a vida educacional quanto pessoal e a escola pode ser um apoio para que a vida se torne um pouco menos difícil para aquelas crianças que precisam de muito. Quanto a inclusão, esse assunto deve ser ainda muito discutido, porque ela faz parte do nosso dia a dia e é direito de todos o acesso à educação. Como podemos pensar em melhorias para a educação se esquecermos da importância da inclusão? Infelizmente, esse assunto ainda gera muitas polêmicas, o que não deveria, porque quando incluímos alguém estamos dando a ele (a) uma oportunidade de convivênciacom a sociedade e que tenha o desenvolvimento social e cognitivo, assim como todas as outras crianças. Um dos fatores determinantes da inclusão é também a preparação de muitos profissionais dentro do ambiente educacional, infelizmente, muitos docentes e escolas não se sentem preparados para enfrentar algumas situações. Imagine você acolhendo um aluno de inclusão sem o mínimo de condições? Essa realidade acontece todos os dias, em diversas salas de aula em todo o nosso país. Fundamentos da Educação 33 Vivemos em uma sociedade que as vezes esquece que a inclusão existe, não podemos nos esquecer de maneira alguma que ela também existe dentro da escola. Devemos acolher nossos alunos e nos preparar para todas as oportunidades que aparecem. Trabalhar com a diversidade não é uma tarefa muito fácil, mas vale o esforço. Qual o papel do pedagogo, afinal? Você saberia dizer quais são todas as habilidades que adquirimos como pedagogos? Qual o significado dessa profissão para você? Engana-se aquele que pensa que pedagogo é aquele professor que ministra aulas para a educação infantil, ensino fundamental I e EJA. Nossa profissão é tão complexa e ampla que poderíamos falar sobre esse assunto em todo um capítulo. A pedagogia nos ensina que devemos ser inteiros em sala de aula e não pela metade, é uma doação. Não estamos limitados a um único espaço, muito pelo contrário, o pedagogo pode atuar em diversos setores. Há sim, uma forte preocupação quanto à qualidade de ensino e a qualificação desses profissionais. Essas dificuldades podem muitas vezes, acabam formando profissionais totalmente despreparados. Como é a sala de aula nos dias atuais? Você saberia dizer como é a sala de aula na contemporaneidade? A sala de aula é a mesma que há vinte anos? De certo, podemos afirmar que muita coisa mudou, não somente pelos recursos tecnológicos, mas outros valores também foram se moldando com outras perspectivas ao longo do tempo. Muitas mudanças globais aconteceram, economia também ocorreu mudanças e neste novo cenário, foi repensada um novo olhar para a sala de aula. Não estamos mencionando métodos e técnicas de alfabetização e sim práticas educacionais que foram modificadas diante de toda uma diversificação de novos conceitos. A escola, definitivamente, não é a Fundamentos da Educação34 mesma. Mesmo assim, ainda existe uma certa resistência às mudanças por parte de algumas instituições. É o que podemos verificar em Hein (2014, p.76): .... Temos vários exemplos de resistência do dia a dia da escola: não conseguimos romper com pedagogias tradicionais, com a gestão pouco democrática, centralizada, nem incorporar novas tecnologias em sala de aula. Os currículos ainda operam de forma restritiva, que corroboram com a construção de estereótipos que legitimam uma hegemonia cultural. Essas questões correspondem às relações sociais e valores dominantes no seio da sociedade capitalista, reproduzido também nas instituições escolares. No Brasil, a função da escola pode ser vista para: • Promover valores culturais e morais; • Constituir transmissão de conteúdos unificados; • Compreender por meio de práticas, a diversidades. REFLITA: O que você entende por diversidade? Para Abramowicz et al. (2006, p.12): “Diversidade pode significar variedade, diferença e multiplicidade. A diferença é qualidade do que é diferente, que distingue uma coisa de outra, a falta de igualdade ou de semelhança. ” Fundamentos da Educação 35 Quando falamos em diferenças, podemos relacionar que estão agregadas a: • Processos étnicos; • De gênero; • Geográfico; • Religioso entre outros. A própria UNESCO se posiciona quanto a diversidade em: “A cultura adquire formas diversas através do tempo e do espaço. Essa diversidade se manifesta na originalidade e na pluralidade de identidades que caracterizam os grupos e as sociedades que compõem a humanidade. Fonte de intercâmbio, de inovação e de criatividade, a diversidade cultural é para o gênero humano tão necessária como diversidade biológica para a natureza. Nesse sentido, constitui o patrimônio comum da humanidade e deve ser conhecida e consolidada em benefícios das gerações presentes e futuras (UNESCO, 2002). ” SAIBA MAIS: O conceito de multiculturalismo O termo “multiculturalismo” designa tanto um fato (sociedades são compostas de grupos culturalmente distintos) quanto uma política (colocada em funcionamento em níveis diferentes) visando a coexistência pacífica entre grupo étnica e culturalmente diferentes [...] A política multiculturalista visa, com efeito, resistir à homogeneidade cultural, sobretudo quando esta homogeneidade se afirma como única e legitima, reduzindo outras culturas e particularismos e dependências. Fundamentos da Educação36 A profissão do pedagogo Estudamos que a profissão do pedagogo vai além da sala de aula, ou seja, a sua atuação não precisa ser necessariamente dentro da escola. Além da escola o pedagogo pode atuar em: • Empresas; • Hospitais. Nas empresas, o pedagogo pode auxiliar no processo pedagógico no andamento das empresas e nos hospitais, onde atuam diretamente em áreas hospitalares para crianças que necessitam ficar internadas ou que estejam de tratamento dentro do ambiente hospitalar. O que vimos, é que muitos profissionais ainda não se sentem totalmente preparados para atuar nesses ambientes. Outra dificuldade, é a concorrência e a discriminação, pois muitos ainda acreditam que esses profissionais não possuem tais qualificações para o cargo. O que compreendemos nessa unidade é a importância da pedagogia em diversos setores da educação e os benefícios que ela traz, mesmo fora da escola. O pedagogo é a pessoa que faz a intermediação entre a escola e a sociedade e é ele o responsável para o direcionamento do processo ensino aprendizagem. Entenda que nossa profissão está muito enraizada em nossa cultura e nossos valores, devemos compreender que as diversidades existem e devemos aprender a trabalhar com elas, que certamente virão. Faça uma reflexão sobre todo esse conteúdo estudado e pense quais os posicionamentos mais relevantes que você irá adquirir na sua profissão. Compartilhe suas ideias com seus colegas, não deixe de participar de todos os fóruns, seja proativo, essa é a vida de um bom professor. Vivemos em mundo tecnológico onde as informações mudam a todo tempo, não permite que a tecnologia mine seus conhecimentos, permita que ela seja favorável para o seu desenvolvimento e também para os seus alunos. É mais do que possível trabalhar de acordo com o momento que vivemos, ou seja, não precisamos utilizar de recursos que Fundamentos da Educação 37 ninguém mais conhece, devemos nos atualizar continuamente para que possamos acrescentar um “algo a mais” em nossas aulas. Queremos salas de aulas repletas de cultura e conhecimentos. Crianças que se desenvolvam e cresçam dispostas a fazer a diferença também. Que elas possam adquirir valores, que compreendam que só a educação pode libertar, pode criar oportunidades. Não sabemos o que irá acontecer em alguns anos, esperamos que muitos dos nossos problemas atuais possam ser sanados e que tenhamos profissionais satisfeitos, motivados e qualificados. Infelizmente, nossa realidade ainda não é essa e há um caminho imenso a ser percorrido. Encontre as possíveis soluções para os seus questionamentos, faça da prática a sua aliada. Esperamos que um novo horizonte possa abrir dentro de você neste curso e que a sua formação não seja apenas em um pedaço de papel, mas que ela esteja no seu interior. Ser pedagogo é dedicar e acreditar que a vida pode ser mais fácil quando aprendemos que o caminho do sucesso pode estar dentro de uma sala de aula. E que a jornada continue, sempre... Bons estudos! Fundamentos da Educação38 BIBLIOGRAFIA CARMO, J.S. Fundamentos psicológicos da educação. Curitiba: Intersaberes,2012. COMENIUS, J.A. Didática Magna.: tratado da arte universal de ensinar tudo a todos. 3.ed. Lisboa:Fundação Calouste Gulbekian, 1985 FERREIRO, E. Reflexões sobre Alfabetização. São Paulo: Cortez, 1984 HEIN,A.C.A. Fundamentos da Educação. São Paulo: Pearson, 2014 NOGUEIRA, J. Aprendendo a ensinar: uma introdução aos fundamentos filosóficos da educação. Curitiba: Intersaberes, 2013 MELO. A. Fundamentos socioculturais da educação. Curitiba: Intersaberes, 2014 MICHALISZYN,M.S. Fundamentos socioantropológicos da educação. Curitiba: Intersaberes, 2014 ROBBINS, S. Comportamento organizacional. São Paulo: Pearson, 2015. VIGOTSKY, L.S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2001. Aula 04 Aspectos Históricos e as Tendências da Educação Iria Helena Duarte Fundamentos da Educação Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Diretora Editorial ANDRÉA CÉSAR PEDROSA Projeto Gráfico MANUELA CÉSAR ARRUDA Autor IRIA HELENA DUARTE Desenvolvedor CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS Autor IRIA HELENA DUARTE Olá! Meu nome é Iria Helena Duarte. Sou formada em Pedagogia, Especialista em Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa e Estrangeira com experiência técnica-profissional na área de ensino híbrido há mais de 10 anos. Concluinte em Psicopedagogia e Especialização em Língua Espanhola. Iniciei minha carreira como docente em diversas escolas do Estado de São Paulo, Estado do Paraná e de Santa Catarina na área da Educação Infantil e Ensino Fundamental I. Em 2008, fui convidada por uma empresa em expansão em EAD a participar do departamento Pedagógico como Coordenadora Pedagógica em EAD e depois como professora conteudista na área da pedagogia e ensino de línguas. Também trabalhei para algumas faculdades para a elaboração de trabalhos e materiais didáticos e preparatórios, como ENADE. Atualmente, sou sócia de uma escola EAD de ensino de cursos técnicos, profissionalizantes e idiomas e, também, atuo como mediadora do curso de Pedagogia e tutora virtual da Universidade Virtual do Estado de São Paulo. Amo a minha profissão e sou apaixonada pelo meu trabalho. Estou sempre em busca de novos conhecimentos porque acredito no poder da educação e da reciclagem. Adoro poder transmitir minha experiência para todos que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte sempre comigo! INTRODUÇÃO: para o início do desenvolvimen- to de uma nova competência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser prioriza- das para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofun- damento do seu conhecimento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últimas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma ativi- dade de autoapren- dizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; Iconográficos Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo projeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: SUMÁRIO Legado dos pensadores dos séculos xviii, xix e xx.............. 12 Pensadores do século XVIII ................................................................................ 15 Jhoann Friedrich Herbart (1776-1841) .............................................. 15 Jean Jacques Rousseau (1712-1778) ................................................ 15 Pensadores do século XIX ................................................................................... 15 John Dewey (1859-1952) ............................................................................. 15 Maria Montessori (1870- 1952) ...............................................................16 Jean Piaget (1896-1980) ..............................................................................16 Lev Semenovitch Vygotsky (1896- 1934) ......................................17 Pensadores do século XX ......................................................................................17 Emília Beatriz Maria Ferreiro Schavi (1936) ..................................17 Howard Gardner (1943) .................................................................................18 José Carlos Libâneo (1945) .......................................................................18 Paulo Freire (1921-1997) ...............................................................................18 Phillippe Perrenoud (1944) ........................................................................19 Burrhus Frederic Skinner (1904 - 1990) ..........................................19 Concepções e tendências pedagógicas no brasil ............... 21 Tendências liberais ......................................................................................................22 Tendência tradicional ....................................................................................22 Tendência tecnicista ......................................................................................22 Tendência renovadora progressista .................................................22 Tendência não diretiva (Escola Nova) .............................................23 Tendências progressistas ......................................................................................23 Educação x ideologia, limites éticos .......................................... 24 Os princípios éticos na escola ..........................................................................24 O compromisso ético ...............................................................................................25 Educação e tecnologia, o estado da arte e as tendências ....28 A escola e a TIC .............................................................................................................29 A problematização das tecnologias na sala de aula .................... 31 Considerações finais ..................................................................................................32 O uso das tecnologias .............................................................................................34 Bibliografia .............................................................................................36 Fundamentos da Educação 9 UNIDADE ASPECTOS HISTÓRICOS E AS TENDÊNCIAS DA EDUCAÇÃO 04 Fundamentos da Educação10 Querido (a) aluno (a), Chegamos na última etapa do nosso estudo. Esperamos que nessa unidade, você possa ter uma visão um pouco mais detalhada sobre alguns aspectos importantes da história e dos pensadores que contribuíram para estruturação da pedagogia e, também, da educação. Por meio dessa análise, poderemos adquirir uma visão clara e concisa do sistema e do processo educacional que nos permitirá desempenhar nossa função pedagógica de maneira eficaz e consolidada. Portanto, a história se faz presente e é essencial para a pedagogia. Estudaremos, também, as principais tendências pedagógicas em nosso país. De início, alguns questionamentos podem ser feitos. Quais as ideologias da educação? O que é ética na educação? O que podemos fazer e o que não podemos, sabendo que uma gama de valores está envolvida? E, as tendências tecnológicas para sala de aula? Quaisos recursos que podemos utilizar? Qual o papel da tecnologia dentro do ambiente educacional? Sabemos que esse tema está muito presente nos dias de hoje. Do mesmo modo que ela pode trazer melhorias para a educação, se não houver um bom planejamento e gestão, o uso das tecnologias pode ser algo bastante desastroso. Seja proativo, reflita e compartilhe suas ideias com seus colegas! Esperamos que tenha uma unidade muito proveitosa. Bons estudos! INTRODUÇÃO Fundamentos da Educação 11 Olá! Seja muito bem-vindo a nossa Unidade 4. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: • Conhecer os principais pensadores e as suas contribuições para a tecnologia; • Analisar as concepções e tendências pedagógicas no cenário brasileiro; • Compreender as definições de educação e suas éticas; • Refletir sobre a importância da educação e tecnologia nos dias atuais. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! OBJETIVOS Fundamentos da Educação12 Legado dos pensadores dos séculos XVIII, XIX e XX Compreender a história, é também compreender nosso presente e procurar encontrar algumas respostas para o nosso futuro, assim, tudo está interligado. Na história da educação o processo não é diferente. Ao longo dos séculos, muitos pensadores tiveram contribuições significativas e colaboraram para a análise, compreensão e formulação dos processos educativos. Poderíamos fazer um único capítulo sobre a biografia de todas as pessoas que nos ajudaram nesse caminho tão repleto de pedregulhos e obstáculos, porém não é nosso intuito. O objetivo é dar ênfase nos principais pensadores e pesquisadores dos séculos XVIII, XIX e XX. Seguem os pensadores em sua ordem cronológica: Século XVIII Johann Friedrich Herbart Fonte: Bascon | Wikimedia Commons | Public Domain https://commons.wikimedia.org/wiki/ File:Johann_friedrich_herbart_(2).jpg Fonte: MLWatts | Wikimedia Commons | Public Domain https://commons.wikimedia.org/wiki/ File:Jean-Jacques_Rousseau_(painted_ portrait).jpg Jean-Jacques Rousseau Fundamentos da Educação 13 Fonte: Dontworry | Wikimedia Commons | Public Domain https://commons.wikimedia.org/wiki/ File:John_Dewey_cph.3a51565.jpg Fonte: Nbmachado | Wikimedia Commons | Public Domain https://commons.wikimedia.org/wiki/ File:Jean_Piaget_in_Ann_Arbor.png Fonte: Jan Arkesteijn | Wikimedia Commons | Public Domain https://commons.wikimedia.org/wiki/ File:Maria_Montessori_(portrait).jpg Fonte: JInritter | Wikimedia Commons | Public Domain https://commons.wikimedia. org/wiki/File:Lev-Semyonovich- Vygotsky-1896-1934.jpg John Dewey Jean Piaget Maria Montessori Lev Vygotsky Século XIX Fundamentos da Educação14 Fonte: Esquilo | Wikimedia Commons | CC BY-SA 3.0 | GFDL https://commons.wikimedia.org/ wiki/File:B.F._Skinner_at_Harvard_ circa_1950.jpg Fonte: TDKR Chicago 101 | Wikimedia Commons | Public Domain https://commons.wikimedia.org/wiki/ File:Howard_Gardner_2010.jpg Fonte: Sdimitrov | Wikimedia Commons | CC BY-SA 3.0 | GFDL https://commons.wikimedia.org/wiki/ File:Paulo_Freire_1977.jpg Emília Ferreiro José Carlos Libâneo Phillippe Perrenound Burrhus Frederic Skinne Howard Gardner Paulo Freire Século XX Fundamentos da Educação 15 Pensadores do século XVIII Jhoann Friedrich Herbart (1776-1841) Herbart foi precursor da psicologia experimental, visava a educação como uma ciência. Suas contribuições para a pedagogia foram métodos sistematizados com objetividade e análise, rigor e bases psicométricas. A ação pedagógica é direcionada em três procedimentos: • O governo; • A instrução; • A disciplina. Para Herbart, os seres humanos nasciam desprovidos de qualquer conteúdo e que seria adquirido através da aprendizagem. Ele denominou como “tábulas rasas”. Jean Jacques Rousseau (1712-1778) Sua principal obra foi o “Do Contrato Social”, o qual defendia que o ser humano nasce bom, mas a sociedade o corrompe. Para Herbart, os indivíduos são organizados e concedem direitos ao Estado na troca de organização e proteção. Pensadores do século XIX John Dewey (1859-1952) Dewey foi o criador da Nova Escola. Reforçou que a educação é feita pela ação e criticou a educação tradicional, o intelectualismo e a memorização. Teve influências behavioristas, materialistas no qual fundamentou suas pesquisas na filosofia pragmática. Fundamentos da Educação16 A escola deveria ser a própria vida e não somente uma preparação para ela. Maria Montessori (1870- 1952) Montessori foi a primeira mulher na Itália a se formar em medicina. Depois que se formou também em pedagogia, se dedicou a trabalhar com crianças excepcionais em um hospital psiquiátrico. Criou o sistema Montessoriano, que apoia o trinômio: • Atividade; • Individualidade; • Liberdade. Deu ênfase ao desenvolvimento na aprendizagem de jogos e atividades que continham uma certa autonomia. Para Montessori, a criança tem liberdade para lidar com objetos preestabelecidos. A coordenação motora desenvolve o movimento. São jogos montessorianos ainda usados nos dias atuais como: o material dourado e o alfabeto móvel. Jean Piaget (1896-1980) Piaget foi o representante principal na psicologia da aprendizagem. Estudou o pensamento da infância até a adolescência. Para Piaget, a criança é um ser dinâmico no qual interage com a realidade. Criou a “Epistemologia Genética”, no qual se refere as fases do desenvolvimento cognitivo, que estão divididos em 4 estágios: • Sensório; • Pré-operacional; • Operacional concreto; • Operacional formal. Criou os termos de acomodação e assimilação. Fundamentos da Educação 17 Lev Semenovitch Vygotsky (1896- 1934) Vygotsky fundamentou sua teria no papel da linguagem e do processo histórico no desenvolvimento do ser humano. O sujeito é um ser ativo, porém também interativo. Existe uma troca de conhecimento através das funções sociais e eles passam a ser assimilados. Existem dois níveis e desenvolvimento para Vygotsky: o real e o potencial. Foi criador da Zona de Desenvolvimento Proximal. O desenvolvimento cognitivo é produzido através da interação social com subsídios fornecidos pela cultura, seria um processo que se constrói de fora para dentro. Pensadores do século XX Emília Beatriz Maria Ferreiro Schavi (1936) Emilia Ferreiro, foi aluna de Jean Piaget, e juntamente com Ana Teberosky, escreveu o livro “Psicogênese da Língua Escrita” o qual fez sérias críticas referente ao uso da Cartillha, método preconizado por Comenius. Aponta que a construção do conhecimento da língua escrita deve ser individual e também pela interação com o meio. A criança então, passa por processos e etapas até o domínio completo do código linguístico. De acordo com Ferreiro e Teberosky, todas as crianças passam por quatro fases no processo de alfabetização: • Pré-silábica; • Silábica; • Silábico- alfabética; • Alfabética. Em 1980 seus ensinamentos tiveram forte influência no Brasil e também auxiliou nos conceitos dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). Fundamentos da Educação18 Howard Gardner (1943) Também com fortes influencias de Piaget, em 1983 criou, juntamente com a sua equipe a Teoria das inteligências múltiplas. Concluiu que há sete níveis de inteligência: • Lógico- matemática; • Linguística; • Espacial; • Físico-cinestésica; • Interpessoal; • Intrapessoal; • Musical. Anos depois, criou as teorias das inteligências: • Natural; • Existencial. Já as teorias interpessoal e intrapessoal foram agrupadas. As inteligências se combinam em diferentes maneiras, em cada um. José Carlos Libâneo (1945) Criador do Termo Pedagogia Crítico social dos conteúdos e, atualmente, desenvolve algumas pesquisas da teoria histórico e cultural. Suas teses estão ligadas a educação, formação de professores, didática e ensino aprendizagem. Paulo Freire(1921-1997) Paulo Freire foi totalmente oposto às ideias da classe dominante, por esse motivo suas principais ideologias foram: “A pedagogia do Dominante e a Pedagogia do Oprimido”. Para Freire, o sujeito da educação é o educador. Teve a sua atuação na educação de jovens e Fundamentos da Educação 19 adultos, no qual privilegiava o trabalho em grupos e desenvolveu uma metodologia para educação de jovens e adultos. Segundo texto disponível em: http://www.gestaoescolar.diaadia. pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=340. Acesso: 22/05/19. Podemos refletir com os passos utilizados por Freire para Educação de Jovens e Adultos: • Levantamento do universo vocabular dos grupos, para a escolha das palavras geradoras; • Organização dos círculos de cultura, formados por pequenos grupos, sob a coordenação de uma pessoa, que não precisa necessariamente ser um professor; • A representação de uma das palavras, já que estas pertencem ao universo vocabular dos educandos, aliada à sua experiência de vida, gerará temas correlatos, descobrindo-a como suma situação problemática; • Reúne-se todo o material possível para ampliar a consciência e a experiência dos educandos; • Passa-se à visualização da palavra e ao processo de decodificação em unidades menores, para reconstituí-la posteriormente. Phillippe Perrenoud (1944) Criador dos temas: “Competências e Habilidades”. Estudou a evasão escolar e as desigualdades sociais e se dedicou às práticas pedagógicas em Genebra. A proposta de Perrenoud é que as crianças sejam avaliadas de três em três anos, ao invés de ano a ano. Para ele, a criança tem tempo suficiente para gerar as habilidades. Suas ideologias serviram como base nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e do Programa de Formação de Professores Alfabetizadores (PROFA). Burrhus Frederic Skinner (1904 - 1990) Skinner teve sua prática baseada em teorias behavioristas. O princípio do behaviorismo é a mudança do comportamento manifesto, ou Fundamentos da Educação20 seja, as mudanças do comportamento são respostas aos estímulos que acontecem no meio social, desta forma, o indivíduo estará condicionado a reagir. Ele denomina um Estímulo-Respostas (S-R) no qual é sempre reforçado ou compensado. Esse reforço ou compensação, é a peça chave da teoria de Skinner, pois irá fortalecer a respostas desejadas. Pode ser um elogio, uma nota ou um sentimento de satisfação. Fundamentos da Educação 21 Concepções e tendências pedagógicas no Brasil As tendências pedagógicas foram fortemente influenciadas por movimentos culturais e políticos ao longo de vários anos. Essas tendências, levaram às práticas mais utilizadas em todo o nosso país. Segundo Libâneo (1990) e Saviani (1997), algumas tendências evidenciam uma mudança significativa no cenário educacional brasileiro e são divididas em dois pensamentos pedagógicos: tendências liberais e tendências progressistas. É o que podemos verificar na figura abaixo: Tradicional Tecnicista Libertadora Libertária Renovadora Progressiva Tendências Liberais Tendências Pedagógicas Brasileiras Tendências Progressistas Renovadora não diretiva (Escola nova) “Crítico-social dos conteúdos” ou “Histórico- Crítica” Disponível em: https://educador.brasilescola.uol.com.br/trabalho-docente/tendencias- pedagogicas-brasileiras.htm. Acesso: 24/05/19 Fundamentos da Educação22 É imprescindível que os docentes possam se apropriar dessas tendências para que essas possam melhorar nas suas práticas pedagógicas. Por essa razão, faremos uma síntese das principais tendências. Tendências liberais Sustenta o ideal de que o aluno deve estar preparado para atuar na sociedade de acordo com as suas habilidades e aptidões. O indivíduo deve aprender a viver em harmonia com a sociedade, porém ele tem uma cultura individual. Tendência tradicional Essa tendência foi a primeira a ser refletida no Brasil. O professor é a figura central e o aluno o receptor passivo das informações. As atividades são feitas por exercícios de memorização. Tendência tecnicista Fundamentada por Skinner, nessa teoria de cunho behaviorista, o aluno é passivo na produção do conhecimento e esse conhecimento acaba sendo acumulado na mente através de associações. Tendência renovadora progressista Essa foi a segunda tendência a aparecer no Brasil, depois da tradicional. Esta, centraliza o aluno no qual ele deve ser ativo e curioso no processo ensino aprendizagem. O professor é apenas um facilitador enquanto o aluno “aprende fazendo”. Fundamentos da Educação 23 Tendência não diretiva (Escola Nova) Esse método é centrado no aluno e foi trazido por Anísio Teixeira para o Brasil. O papel da escola é de formação social, psicológica e pedagógica e também como formadora de comportamentos. Está inteiramente ligado às percepções e suas possíveis modificações. Tendências progressistas Parte do pressuposto de uma análise crítica às realidades sociais e não está centrada a ideia do capitalismo. Essa tendência é subdividida em três partes: • Tendência libertadora: também conhecida como a pedagogia de Paulo Freire, que luta pela pedagogia do oprimido. Há uma preocupação de se libertar de uma manifestação crítica. Está centralizada na discussão e temas sociais e políticos. O docente participa ativamente das atividades. • Tendência libertária: tem como principal objetivo a transformação do sujeito na sua totalidade. Tem ênfase na livre expressão, no contexto cultural e na educação estética. • Tendência crítico- social (histórico-crítica): apareceu no Brasil nos fins dos anos 70, enfoca que deve existir conteúdos históricos por meio de conteúdos e processos de socialização. O professor é mediador no processo de desenvolvimento e os conhecimentos são construídos pela experiência subjetiva e pessoal. Fundamentos da Educação24 Educação X Ideologia, limites éticos Antes de iniciarmos as nossas reflexões, faremos uma breve discussão sobre a definição de ética e o que ela implica no ambiente escolar. Segundo o dicionário, podemos definir como ética: 1. Parte da filosofia responsável pela investigação dos princípios que motivam, distorcem, disciplinam ou orientam o comportamento humano, refletindo esp. a respeito da essência das normas, valores, prescrições e exortações presentes em qualquer realidade social. 2. Conjunto de regras e preceitos de ordem valorativa e moral de um indivíduo, de um grupo social ou de uma sociedade. Disponível em:<https://www.google.com/search?q=%C3%A9t- ica&oq=%C3%A9tica&aqs=chrome. .69i57j69i61j0l3j46.1303j0j7&- sourceid=chrome&ie=UTF-8> Acesso: 27/05/19 Neste sentido, compreendemos que ética não é somente as regras e valores morais como também o comportamento adquirido dentro de uma sociedade. Quando falamos de ética dentro do ambiente educacional, estamos falando também de todo o desenvolvimento humano na sociedade e os valores de cada um. Os princípios éticos na escola Quando estabelecemos algumas regras sociais e de convivência, podemos dizer que estamos seguindo as normas estabelecidas pela sociedade, ou seja, as suas leis. A lei implica uma condição de postura ética. Na educação, a ética está sempre atualizando a lei. É o que podemos verificar em Imbert (2002, p.27-28): A ética abre o que tende a ser fechado e a se definir. Ela interpela o sujeito como processo inacabável de desimpedimento. Ela desprende um espaço para fora de qualquer espaço, um espaço desenclausurado. Fundamentos da Educação 25 É a autonomia que se inscreve na temporalidade humana, implicando em dados psicológicos e socioculturais. Figura 2 Fonte:.Freepik O compromisso ético O compromisso ético no ambiente educacional é de responsabilidade da escola e implicam exigências que vão muito além de uma simples definição. As normas e regras devem ser respeitadas para que ocorra uma complementação entre o compromisso éticoe a prática em si. Somente na prática e comprometimento de todos os envolvidos dentro da escola, é que se pode chegar a um consenso satisfatório, isto é, profissionais comprometidos com um bom desenvolvimento social e humano. Para Baptista (2005, p.39-40) existem algumas finalidades primordiais que devem ser seguidas na escola: Fundamentos da Educação26 .... tornar as pessoas capazes de fazer a sua diferença no tempo, contra a diferença, a descrença, o pessimismo e a tentação da inocência. O conceito ético escolar é a condição onde “cabem todos” para que ninguém fique de fora. Um ambiente sistematizado que proporciona uma hegemonia integral de comportamentos e crenças. Alguns exemplos éticos dos professores e alunos dentro da escola, seguidos pelas reflexões estão disponíveis em: <https://www. suapesquisa.com/educacaoesportes/etica_escola.htm>. Exemplos de atitudes éticas dos professores: Ensinar aos alunos o que é ética e sua importância nos diversos níveis como, por exemplo, ambiente de trabalho, família, escola, grupo de amigos e etc.; • Esclarecer e cumprir com clareza aos alunos os métodos de ensino e avaliações; • Ouvir e respeitar as opiniões dos alunos; • Buscar a qualidade no processo educacional; • Cumprir prazos na entrega de documentações, diários, avaliações, notas e etc.; • Não expor erros ou deficiências de alunos na frente de toda classe. Conversar com o aluno em particular; • Ser justo na correção e avaliação de provas e trabalhos escolares; • Respeitar e ser educado no relacionamento com outros professores, alunos, pais de alunos e profissionais da escola; • Não fazer comentários em sala de aula sobre o comportamento ou métodos de ensino de outros professores; • Seguir a proposta educacional da escola, assim como seus métodos de avaliação; • Agir de forma proativa no que se refere à integração de alunos com deficiência física ou transtorno psicológico. Fundamentos da Educação 27 Exemplos de atitudes éticas dos alunos: • Respeitar o trabalho dos professores e funcionários da escola; • Respeitar também o direito de aprender dos outros alunos. Na prática, isso significa não conversar, brincar ou atrapalhar de qualquer forma os momentos em que o professor está explicando ou tirando dúvidas de outros colegas; • Não colar em avaliações ou elaboração de trabalhos escolares; • Não usar trabalhos prontos, disponíveis na internet, para entregar aos professores; • Não praticar bullying; • Buscar ter um comportamento que crie um ambiente positivo e agradável na escola; • Não pagar para outros alunos ou “profissionais” para que elaborem trabalhos (comportamento antiético mais comum no ensino superior); • Não colocar apelidos em colegas e professores que possam causar mágoas, ferir sentimentos ou a autoestima; • Seguir as regras e normas de funcionamento da escola; • Tratar com respeito e educação colegas que possuam algum tipo de deficiência motora ou transtorno psicológico. Se possível, ajudar no processo de integração destes alunos; Fundamentos da Educação28 Educação e tecnologia, o estado da arte e as tendências Todos sabemos que a tecnologia se faz cada vez mais presente em nosso cotidiano, não somente no ambiente educacional, mas em todas as áreas. As informações chegam até nós de uma forma muito rápida e também mudam o tempo todo. As mídias sociais como Facebook, Twitter, Instagram, dentre outros são partes integrantes na vida da maioria das pessoas. O mundo todo está globalizado e age sempre diante do futuro. Pensando nessas inovações, a escola também precisa de adequar às inúmeras tendências, não só porque vivemos a tecnologia, mas para proporcionar nossas aulas muito mais atrativas. Instituições e profissionais que acabam não seguindo as tendências, tendem a cair no esquecimento ou desmotivar seus alunos. Figura 2 Fonte:.Freepik Fundamentos da Educação 29 A escola e a TIC Definimos por TIC como sendo Tecnologia de Informação e Comunicação. A informatização mudou o mundo de tal maneira que passou a também dominar novas tecnologias. É o que podemos ver em Zanela (2007, p.25): É o conjunto de tecnologias microeletrônicas, informáticas e de telecomunicações, que produzem, processam, armazenam e transmitem dados em forma de imagens, vídeos ou áudios. Seu objetivo é facilitar a pesquisa e a troca de informação. Podemos utilizá-las em empresas, escolas ou até mesmo em trabalhos individuais. São bastante úteis no desempenho de diferentes atividades em nosso cotidiano. Podemos exemplificar como TIC: • Rádio; • Máquina fotográfica; • Telefone celular; • Telemóvel; • Televisão; • Câmera de filmar; • Computador; • GPS; • Correio eletrônico (e-mail); • Internet; • Podcasts; • Tecnologias de acesso remoto: WI-FI, Bluetooth, RFID, EPVC. Essas tecnologias têm diferenciado a nossa visão do mundo e promovem uma revolução cultural. Essas ferramentas tecnológicas modificam os hábitos das pessoas e com isso há alteração da forma com que as pessoas pensam, se relacionam e também aprendem. Fundamentos da Educação30 REFLITA: Como podemos utilizar os recursos tecnológicos em sala de aula? Quais seriam as ferramentas que você mais utilizaria? Faça uma discussão com seus colegas. Compartilhe suas informações. SAIBA MAIS: USO DAS TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO A inovação tecnológica está presente no cotidiano de alunos e professores, proporcionando o uso de modernos recurso didáticos na escola, e com isso promovendo melhorias no processo de ensino e aprendizagem. O avanço das tecnologias de informação possibilitou a criação de ferramentas que podem ser utilizadas pelos professores em sala de aula, o que permite maior disponibilidade de informação e recursos para o educando, tornando o processo educativo mais dinâmico, eficiente e inovador. Neste sentido, o uso das ferramentas tecnológicas na educação deve ser vista sob a ótica de uma nova metodologia de ensino, possibilitando a interação digital dos educandos com os conteúdos, isto é, o aluno passa a interagir com diversas ferramentas que o possibilitam a utilizar o seus esquemas mentais a partir do uso racional e mediado da informação. No entanto, o professor não deve entender as novas tecnologias de ensino apenas como recurso didático inovador, o que tornaria as novas ferramentas uma metodologia ”neotradicional” de ensino, pois utilizar com tais ferramentas a mesma metodologia tradicional de ensino significa retroceder, didaticamente, aos avanços da modernidade. Fundamentos da Educação 31 Diante de tudo isso, é inegável reconhecer a importância das inovações tecnológicas no contexto educacional e, principalmente, no cotidiano de alunos e professores. Isso se deve a utilização das ferramentas tecnológicas na forma de recursos didáticos na sala de aula, favorecendo o processo de ensino aprendizagem nos diversos setores da educação. Portanto, a tecnologia no ensino propicia para alunos e professores, uma nova forma de ensinar e aprender, integrando valores e competências nas atividades educacionais. Texto disponível em: https://meuartigo.brasilescola.uol. com.br/educacao/uso-das-tecnologias-na-educacao. htm. Acesso: 28/05/19 A problematização das tecnologias na sala de aula É fato dizer que o uso das tecnologias é muito necessário dentro da sala de aula, porém será que todas as ferramentas devem ser utilizadas? O que não podemos nos esquecer é que tanto crianças como jovens tendem a utilizar essas ferramentas como uma forma de entretenimento. Mais de 90% dos jovens utilizam as ferramentas para esse meio e muitas vezes se esquecem ou até mesmo ficam relutantes para estudar para uma prova, fazer uma atividade extraclasse ou um trabalho etc. Se a gestão em sala de aula também não for satisfatória, de nada adianta usar por exemplo, um aparelho Datashow para que a aula fique mais divertida oudinâmica, muito pelo contrário, pode virar um caos. As tecnologias devem ser usadas a favor da educação, através de um bom planejamento e que sigam estratégias de ensino. Não podemos simplesmente utilizar de um recurso tecnológico sem haja gestão em sala de aula, ou seja, o professor deve saber como administrar para que não se perca e que sua aula não seja tão satisfatória. Fundamentos da Educação32 A tecnologia veio para ficar e não podemos abrir mão dela, devemos nos adaptar, porém nos atentar aos problemas que poderão acontecer. Considerações finais Iniciamos esse capítulo nos estudos de alguns teóricos que tiveram, e ainda tem, muita importância na nossa história, no desenvolvimento e no processo de ensino e aprendizagem. Alguns teóricos como Piaget e Vygotsky, por exemplo, não somente modificaram nosso cenário educativo, como também foram percursores de novos questionamentos. Outros, ainda estão na ativa e continuam contribuindo para que possamos melhorar cada vez mais. Como podemos nos esquecer nas contribuições de Emília Ferreiro e Ana Teberosky na Psicogênese da Língua Escrita? Graças a essas teóricas, a alfabetização ganhou uma expansão e a definição de letramento foi introduzida definitivamente nas escolas. O aluno passou a ser visto também de uma outra maneira. Com os métodos tradicionais, o professor era o agente principal das informações e o aluno, simplesmente um receptor, ou seja, ele não poderia interagir com o seu desenvolvimento porque não havia espaço para ele no processo de ensino e aprendizagem. O que o professor transmitia se dava como uma verdade absoluta e o aluno acatava sem nenhum tipo de questionamento. Depois de Piaget e Vygotsky, o aluno passou a ser encarado como um sujeito ativo e não passivo. Através de questionamentos, sociabilização e interação com o meio e o objeto estudado ele não somente cria oportunidades de conhecimento como fica curioso e na sua curiosidade, alcança os objetivos. O professor nessa fase, é um direcionador. Muitas dessas considerações passaram a ser vistas através de outras metodologias e tendências. Essas tendências foram divididas como Tendências liberais e Progressistas e subdivididas entre elas: Fundamentos da Educação 33 1- Tendências liberais: • Tradicional; • Tecnicista; • Renovadora Progressista; • Não diretiva. 2- Tendências progressistas: • Libertadora; • Libertária; • Crítico-social. Estudamos também os princípios básicos da ética e sua importância no ambiente educacional. Não se trata apenas de valores, mas de comportamentos sociais que podem nos auxiliar no bom andamento do nosso convívio social e nas nossas aulas. A escola também pode ensinar valores éticos para as crianças, pois elas devem conhecer o que é certo e o que é errado e como viver em sociedade. O respeito ao próximo, à diversidade também devem ser trabalhados desde cedo. Entendemos por ética tudo aquilo que fazemos mesmo que ninguém esteja observando. SAIBA MAIS: Leia o artigo sobre ética na educação e reflita com os seus colegas: https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/etica- na-educacao-faz-toda-diferenca.htm https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/etica-na-educacao-faz-toda-diferenca.htm https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/etica-na-educacao-faz-toda-diferenca.htm Fundamentos da Educação34 O uso das tecnologias E por fim, falamos sobre avanço das tecnologias em sala de aula. Qual o papel que elas exercem na vida dos nossos alunos e como podemos nos favorecer utilizando esses recursos tecnológicos? Você acredita que podemos utilizar de todas as ferramentas a favor da educação? Quais as TICs que você mais utilizaria dentro da sala de aula? Todos esses questionamentos devem ser feitos por você durante todo o seu processo de formação. As tecnologias existem e não podemos simplesmente fingir que elas não fazem parte do nosso cotidiano, porém, infelizmente há ainda um grande número de pessoas que não tem acesso a alguns recursos, o que dificultaria ainda mais a aula de um professor. Imagine você na seguinte situação: Em uma escola de rede pública existem algumas crianças que sabem trabalhar com o computador, já outras nunca tiveram acesso e não sabem nem ao menos o que é uma internet. Essa realidade existe em muitas partes do país. Dessa forma, como podemos trabalhar com o uso da tecnologia com crianças com culturas tão diferentes? O intuito não é fazer com que as crianças tenham o domínio da ferramenta, mas que essa sirva como apoio pedagógico. Quando trabalhamos com a diversidade, também trabalhamos com as oportunidades e é necessário que possamos planejar nossas aulas para que os objetivos sejam alcançados. Outro fator muito importante, é a gestão nas aulas que utilizaremos um determinado recurso tecnológico. Devemos tomar muito cuidado para que nossa aula não vire um caos, pois sem a gestão, o foco pode ser contraditório. Por exemplo: Imagine uma classe do 5º ano do ensino fundamental I. A professora na sua aula de língua portuguesa acaba permitindo que os alunos utilizem do celular para fazer uma pesquisa em favor da aula. O uso do celular não é permitido na escola, porém para essa atividade será aberto uma exceção. Se a professora não tiver um planejamento Fundamentos da Educação 35 e a gestão em sala de aula, é bem provável que ela terá dificuldade por motivos de dispersão. Nesse caso, o uso das tecnologias não foi adequado por uma série de fatores. O objetivo do uso das tecnologias em sala de aula é a inovação, para que nossos alunos se sintam motivados ao estudo e que percebam que os recursos tecnológicos também podem lhes trazer conhecimentos. Nosso papel é que nossos alunos possam usufruir de todas as ferramentas e que eles também desenvolvam outras habilidades, como a autonomia. Devemos ensinar para que sejam cada vez mais proativos. Nosso caminho é vasto e ainda existe muito o que fazer, porém cabe a nós percorrer esse caminho da melhor maneira. Sabemos que não existem salas de aulas perfeitas, mas podemos melhorar, nos tornar melhores e fazer a diferença na vida de muitas vidas. Ser professor é ter muitas profissões dentro de si. Esperamos que você possa ser luz nas salas de aula! Sucesso! Fundamentos da Educação36 BIBLIOGRAFIA CARMO, J.S. Fundamentos psicológicos da educação. Curitiba: Intersaberes, 2012. COMENIUS, J.A. Didática Magna.: tratado da arte universal de ensinar tudo a todos. 3.ed. Lisboa:Fundação Calouste Gulbekian, 1985 FERREIRO, E. Reflexões sobre Alfabetização. São Paulo: Cortez, 1984 HEIN,A.C.A. Fundamentos da Educação. São Paulo: Pearson, 2014 NOGUEIRA, J. Aprendendo a ensinar: uma introdução aos fundamentos filosóficos da educação. Curitiba: Intersaberes, 2013 MELO. A. Fundamentos socioculturais da educação. Curitiba: Intersaberes, 2014 MICHALISZYN,M.S. Fundamentos socioantropológicos da educação. Curitiba: Intersaberes, 2014 ROBBINS, S. Comportamento organizacional. São Paulo: Pearson, 2015. VIGOTSKY, L.S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2001. Sistema Nervoso Autônomo Sistema Nervoso Autônomo Sistema Nervoso Autônomo Sistema Nervoso Autônomo