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TRABALHO EMPRESARIAL CRIMES FALIMENTARES

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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA 
CAMPUS DE XANXERÊ 
ÁREA DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS 
 
 
 
 
 
ROBERTO ROSSINI 
 
 
 
 
 
CRIMES FALIMENTARES 
 
 
 
 
 
 
Xanxerê 
 2020 
CRIMES FALIMENTARES 
(Arts. 168 a 178 da lei n. 11.101). 
 
1. Previsão legal, conceituação e hipóteses. 
Os crimes falimentares estão previstos nos artigos 168 a 178 da Lei n. 
11.101 de 09 de fevereiro de 2005, a qual regulamenta as Falências e a 
Recuperação de Empresas. 
Primeiramente cabe-nos esclarecer, segundo prelecionam os artigos 
desta lei, que comete crimes falimentares quem: praticar ato fraudulento que 
resulte prejuízo á credores e que gere vantagem indevida, antes ou depois da 
sentença que decretar a falência; quem violar, explorar ou divulgar, sigilo 
empresarial ou dados confidenciais sobre operações ou serviços; quem 
divulgar ou propalar informação falsa sobre devedor em recuperação judicial; 
quem sonegar ou omitir informações ou prestar informações falsas no processo 
de falência, de recuperação judicial ou de recuperação extrajudicial; quem 
praticar, antes ou depois da sentença que decretar a falência, conceder a 
recuperação judicial ou homologar plano de recuperação extrajudicial, ato de 
disposição ou oneração patrimonial ou gerador de obrigação; quem apropriar-
se, desviar ou ocultar bens pertencentes ao devedor sob recuperação judicial 
ou à massa falida; quem adquirir, receber, usar, ilicitamente, bem que sabe 
pertencer à massa falida; quem apresentar, em falência, recuperação judicial 
ou recuperação extrajudicial, relação de créditos, habilitação de créditos ou 
reclamação falsas, ou juntar a elas título falso ou simulado; quem exercer 
atividade para a qual foi inabilitado ou incapacitado por decisão judicial ou 
adquirir o juiz, o representante do Ministério Público, o administrador judicial, o 
gestor judicial, o perito, o avaliador, o escrivão, o oficial de justiça ou o leiloeiro, 
por si ou por interposta pessoa, bens de massa falida ou de devedor em 
recuperação judicial. 
Trata-se de crimes decorrentes da quebra de um comerciante, devendo 
haver, portanto uma sentença que decrete a falência da sociedade para então 
poder-se configurar a infração penal. 
Os crimes falimentares podem ser praticados tanto pelo devedor, quanto 
por terceiros, como por exemplo, contadores, técnicos, auditores, juízes, 
representante do Ministério Público, o administrador judicial, o gestor judicial, o 
perito, avaliador, escrivão, oficial de justiça, leiloeiro, entre outros, podendo 
ainda ser antes ou depois da sentença que decretar a falência, conceder a 
recuperação judicial ou homologar a recuperação extrajudicial (arts. 168 c/c Art. 
177). 
Ressalta-se que nos casos das sociedades, os seus sócios, diretores, 
gerentes, administradores, conselheiros e administrador judicial, são 
equiparados ao devedor ou falido para efeitos penais, assim como elenca o art. 
179 da lei 11.101. 
O crime falimentar pode ser ainda de perigo ou de dano, sendo exemplo 
de perigo a inexistência de escrituração regular dos negócios do falido, já um 
exemplo de crime falimentar de dano são os desvios de bens. 
 
2. Legitimidades dos sujeitos ativos e passivos 
De regra o sujeito ativo das ações de falência é o falido, contudo existe 
a possibilidade de quem não exerça atividade empresarial cometer crime 
falimentar, entendendo-se portanto como crime impróprio. 
Já o sujeito passivo, de regra, é o credor, podendo ainda ser também o 
falido um sujeito passivo nos crimes pós-falimentares, e por óbvio se ele não 
for o autor, necessitando para tanto que um terceiro pratique algum delito que 
atinja algum interesse do falido que possua proteção legal. 
Assim, entende-se como crime falimentar próprio aquele em que o 
agente ativo é o falido, e impróprio os demais. 
 
 
3. Interdição no exercício de atividade empresarial 
Um dos efeitos decorrente de um crime falimentar que o empresário ou a 
sociedade empresária poderá sofrer é a interdição para exercer a atividade 
empresarial, conforme dispõe o artigo 181 da lei falimentar. 
Essa interdição não é automática precisando que seja expressamente 
descrita para que surta efeitos, sendo o seu prazo de duração de cinco anos. 
 
4. Requisitos do crime falimentar 
A configuração do crime falimentar necessita da presença de três 
requisitos, os quais são: a existência de um devedor empresário ou sociedade 
empresária, que seja proferida uma sentença declaratória de falência, ou que 
se tenha concedido à recuperação judicial ou extrajudicial e por último tem que 
haver a ocorrência de fatos e atos provenientes de culpa constantes na lei de 
falência. 
Faz-se de suma importância ressaltar que o elemento subjetivo deste 
crime é o dolo ou a culpa, e caso não esteja presente pelo menos um deles 
não haverá punição. 
 
5. Sanções penais 
Existe a previsibilidade de três tipos de pena como forma de punição a 
este crime, conforme prevê o capítulo VII, da lei 11.101, com o titulo 
“Disposições Penais", podendo ser pena de reclusão, detenção ou pena 
alternativa, como por exemplo, perda de bens e prestação de serviços à 
comunidade. 
Quanto a pena de reclusão há várias práticas na qual ela poderá ser 
aplicada, como por exemplo, simulação da composição do capital social. Já a 
pena de detenção será aplicada quando houver omissão dos documentos 
contábeis obrigatórios. Em contra partida a sanção alternativa caberá na 
falência de microempresas e empresa de pequeno porte, não podendo existir 
para tanto a prática habitual de condutas fraudulentas. 
 
6. Espécies de delitos falimentares 
Os delitos falimentares podem ser próprios, impróprios, pré-falimentares 
ou pós-falimentares. O delito próprio é aquele que o próprio falido comete. Já 
os impróprios são praticados por outras pessoas excluindo o falido. Os crimes 
pré-falimentares são praticados antes da falência ou nas fases de recuperação 
judicial ou extrajudicial. Os pós-falimentares são os praticados, logicamente, 
após a falência. 
 
7. Prescrição e reabilitação 
Nos crimes falimentares a prescrição extintiva da punibilidade segue as 
regras do código penal de 1940. Esta prescrição tem início no dia que a 
falência é decretada ou do dia que foi concedido a recuperação judicial ou 
homologada a extrajudicial. 
A reabilitação do empresário consiste no fato do falido recuperar sua 
capacidade empresarial que havia sido retirada. A reabilitação pode ser civil ou 
penal. Esta ocorrer quando não há crime falimentar e o juiz falimentar 
sentencia declarando extinta as obrigações do falido; E aquela é proclamada 
pelo juiz criminal quando existe um crime falimentar (artigos 93 a 95 do Código 
Penal). 
Cabe esclarecermos que a competência para analisar e julgar os crimes 
falimentares é do juiz criminal, conforme preconiza o art.83 da lei de falências. 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de direito comercial. 14 ed. São Paulo: 
Saraiva, 2003. 
ALMEIDA, Amador Pães de. Curso de falência e recuperação de empresa. 
25 ed. São Paulo: Saraiva, 2009. 
http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&
artigo_id=2773. Acesso em 07 de out. 2013. 
 
http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=2773
http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=2773

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