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Ciências Naturais e formação docente Prof.ª Cínthia Hoch Descrição Formação do professor com foco em um profissional reflexivo. Atuação docente com base em competências. Processo de ensino- aprendizagem dinâmico e atual. Propósito A formação docente passa por diversas etapas que somente serão colocadas em prática durante a atuação do professor. É importante que esse profissional compreenda que sua prática vai além do conhecimento técnico, devendo ser constantemente avaliada, a fim de refletir sobre sua atuação na busca de melhorias para ofertar aos alunos. Nesse sentido, o professor reflexivo e a pesquisa-ação são ferramentas imprescindíveis para essa abordagem. Objetivos Módulo 1 Competência do professor de Ciências Naturais Identificar as competências do professor de Ciências da Natureza. Módulo 2 Práticas de investigação-ação Analisar como a metodologia de investigação-ação e a reflexão podem contribuir para a prática pedagógica do professor. Módulo 3 Tecnologia como ferramenta de formação Reconhecer a importância das tecnologias digitais na formação e ação docente. 1 - Competência do professor de Ciências Naturais A atuação do docente depende de sua formação. No entanto, apenas o conhecimento técnico-científico não é mais suficiente para suprir a demanda de uma educação que passa por constantes transformações. O professor atual se depara com um corpo discente diferente, rápido e conhecedor das informações graças à presença constante da tecnologia em suas vidas. Assim, é imprescindível que esse profissional alie sua formação ao desenvolvimento de competências para atender aos alunos da melhor maneira possível. É importante destacar que a atuação do professor não é padronizada. O bom docente torna-se um professor reflexivo que, a cada dia, melhora seus processos, suas técnicas e metodologias aplicadas com o objetivo de colaborar com o processo de ensino- aprendizagem do qual o aluno é parte integrante. O professor atual, portanto, precisa deixar de ser tradicional e tornar-se naturalmente um professor reflexivo, sendo capaz de observar suas práticas, modificá-las e de entender que ele está sempre em transformação. Introdução Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car as competências do professor de Ciências da Natureza. Docente de Ciências Naturais A atuação do professor, seja em uma aula presencial seja a distância, expositiva ou prática, carrega junto a si uma série de fatores importantes para que essa aula seja, de fato, um sucesso. Usamos a palavra sucesso como referência a uma aula realmente importante, cujo conteúdo seja compreendido pelo aluno de tal modo que este consiga empregá-lo em seu cotidiano e na solução de problemas. Afinal, é isto que o aluno contemporâneo busca e precisa: conteúdo e informações de qualidade com aplicação prática que o tornem capaz de desenvolver habilidades que possam auxiliar em seu cotidiano, na relação interpessoal e no mercado de trabalho. Voltando à sua atuação profissional, vale lembrar que há uma cultura na qual o docente é o detentor da informação, que expõe seus conhecimentos ao aluno, um mero espectador. Essas aulas passam a ser massivas, cansativas e não despertam interesse nos estudantes, que por sua vez ficam cansados, entediados e não se sentem como participantes do processo de construção do conhecimento. Nessa metodologia tradicional, o aluno, suas dúvidas, seus questionamentos e seus conhecimentos prévios não são considerados a ponto de serem inseridos na atividade chamada “aula”. Infelizmente, esse tipo de atuação leva a vários desfechos que não são interessantes tanto para o aluno como para o professor. Os estudantes perdem o interesse pelas aulas, pelo conhecimento e até podem se evadir da escola. O professor, por sua vez, pode se sentir um mau profissional por não despertar interesse em seus alunos e até mesmo desanimar com seu ofício que se torna monótono e sem desafios ou novidades. Veja que estamos falando de problemas que vão refletir no processo de ensino-aprendizagem, na aplicação desse conhecimento pelo aluno em sociedade e também na atuação do professor como profissional junto aos seus discentes. Esses problemas tendem a ser cíclicos e a atingir um número maior de professores e alunos, caso essa forma de aula não seja repensada e reformulada. Felizmente, essa atuação profissional já vem sendo remodelada através da utilização de novas tecnologias, da aplicação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e de metodologias ativas. Há, portanto, três itens que aplicados nas aulas transformam totalmente esse momento de aprendizado de forma que o ensino tradicional dá lugar a um acontecimento totalmente diferente. A receita para essa aula totalmente transformada precisa contar com os três ingredientes abaixo. Vamos conferir! Atratividade Interesse Aplicabilidade Em outras palavras: a aula precisa ser atrativa, interessante e também mostrar ao aluno que o “conteúdo curricular” tem aplicação/uso em sua vida cotidiana. Comentário O professor, por sua vez, tem papel fundamental nessa prática, e isso começa a ser construído já na sua formação. A formação do professor de Ciências Naturais é desafiadora. Esse profissional deve ter em sua formação o desenvolvimento de todos os aspectos ligados à pedagogia e didática, além de outras questões fundamentais. A área de Ciências Naturais exige a coordenação de outros assuntos para que essa formação seja completa: o conteúdo técnico-científico. Todos esses aspectos trabalhados em conjunto resultarão em uma formação docente completa, que pode prover ao professor em formação as habilidades e competências necessárias à sua atuação. Para isso, é necessário que se compreenda que apenas o embasamento didático tradicional não é mais suficiente para o ensino de Ciências, visto que o ensino atual deve despertar no aluno questionamentos e formas ativas de pensar nos problemas. O aluno deve buscar soluções para as mais diversas situações que, uma vez pensadas dentro do universo educacional, servirão de experiência para aplicações em situações da vida cotidiana. Por isso, a formação do professor não pode se basear na simples tarefa de saber fazer uma “transferência de conhecimentos”. É preciso que essa formação desenvolva o pensamento crítico, a autonomia e o entendimento da necessidade da participação do aluno no processo de ensino-aprendizagem. É necessário, portanto, que os currículos que integram os cursos de formação do docente da área de Ciências Naturais sejam adequados para suprirem as necessidades formativas desse “novo” docente. A interdisciplinaridade e a integração curricular são pontos importantes dessa formação, conforme veremos ainda neste módulo. O novo docente de Ciências da Natureza Vejamos a seguir, a partir da legislação atual, como deve ser a formação do novo docente de Ciências da Natureza. Docência no ensino fundamental Quando pensamos em competências de um professor, estamos nos referindo a um grande grupo de características necessárias para que o processo de ensino-aprendizagem ocorra da melhor maneira possível. Essas características exigidas na atualidade são muito diferentes daquelas necessárias para o professor tradicional, que lecionava como um palestrante. O docente precisa ir além de “ter conhecimento sobre o conteúdo a ser ministrado”. Vejamos alguns comportamentos ideais que ele deve adotar. Re�etir sobre o senso comum Ele deve questionar ideias, ter conhecimento científico para debater o senso comum. Ouvir as necessidades O docente deve ser ouvinte para integrar seu aluno às aulas e despertar nele a vontade de aprender. Atitude questionadora Questionar e debater, participando assim da construção do conhecimento a cada aula. Preparo didático- pedagógico O professor deve ter todo o preparo didático-pedagógico para as atividades de preparo de materiais, aulas, provas etc. No Brasil,a Base Nacional Comum Curricular é o documento que apresenta as normativas para os currículos escolares de todas as etapas da educação básica das escolas, públicas ou privadas. Esse documento define que, durante os anos da educação básica, todos os processos de aprendizagens essenciais devem, obrigatoriamente, assegurar aos alunos o seu desenvolvimento através de competências gerais, que são a base para os direitos de aprendizagem e desenvolvimento. Logo da Base Nacional Comum Curricular. De acordo com a BNCC, competência é a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana. Essas competências estão ligadas diretamente às ações necessárias para que questões da vida cotidiana sejam resolvidas, bem como sejam exercidas cidadania e ações no trabalho. Então, vamos pensar! Todas as decisões e ações pedagógicas devem ser realizadas para o desenvolvimento de tais competências pelos alunos, certo? Na BNCC, o ensino fundamental é dividido em “anos iniciais” (1º ao 5º ano) e em “anos finais” (6º ao 9º ano). A seguir, são apresentadas as competências específicas da área Ciências da Natureza propostas para esta etapa da educação básica. Vamos conferir! Para isso, os alunos devem ser orientados de modo que saibam o que devem saber e, ainda mais importante, o que devem saber fazer. E quem é o principal responsável por conduzir o aluno nessa jornada? Claro, o professor! É imprescindível, portanto, que o professor esteja preparado, com uma formação também baseada em competências, para que possa atuar nesse modelo atual e dinâmico de ensino. Compreender as Ciências da Natureza como empreendimento humano, e o conhecimento científico como provisório, cultural e histórico. Compreender conceitos fundamentais e estruturas explicativas das Ciências da Natureza, bem como dominar processos, práticas e procedimentos da investigação científica, de modo a sentir segurança no debate de questões científicas, tecnológicas, socioambientais e do mundo do trabalho, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. Analisar, compreender e explicar características, fenômenos e processos relativos ao mundo natural, social e tecnológico (incluindo o digital), como também as relações que se estabelecem entre eles, exercitando a curiosidade para fazer perguntas, buscar respostas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das Ciências da Natureza. Avaliar aplicações e implicações políticas, socioambientais e culturais da ciência e de suas tecnologias para propor alternativas aos desafios do mundo contemporâneo, incluindo aqueles relativos ao mundo do trabalho. Construir argumentos com base em dados, evidências e informações confiáveis e negociar e defender ideias e pontos de vista que promovam a consciência socioambiental e o respeito a si próprio e ao outro, acolhendo e valorizando a diversidade de indivíduos e de grupos sociais, sem preconceitos de qualquer natureza. Docência no ensino médio Embora haja, obviamente, diferenças no tipo de aprofundamento do conteúdo de Ciência Naturais entre ensino fundamental e médio, há também elementos comuns. As competências apresentadas como esperadas na primeira etapa da educação básica não são eliminadas na segunda. Afinal, tratando-se de formação de professores no país, a educação superior permite a ação docente em tais etapas. Portanto, essa divisão é mais estrutural que pedagógica. Utilizar diferentes linguagens e tecnologias digitais de informação e comunicação para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos e resolver problemas das Ciências da Natureza de forma crítica, significativa, reflexiva e ética. Conhecer, apreciar e cuidar de si, do seu corpo e bem-estar, compreendendo-se na diversidade humana, fazendo-se respeitar e respeitando o outro, recorrendo aos conhecimentos das Ciências da Natureza e às suas tecnologias. Agir pessoal e coletivamente com respeito, autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, recorrendo aos conhecimentos das Ciências da Natureza para tomar decisões frente a questões científico- tecnológicas e socioambientais e a respeito da saúde individual e coletiva, com base em princípios éticos, democráticos, sustentáveis e solidários. É importante perceber também a especificidade do que a BNCC espera no ensino médio. A seguir, podemos verificar as competências específicas de Ciências da Natureza e suas Tecnologias para essa etapa da educação. Vamos lá! Analisando as competências específicas descritas na BNCC para a área das Ciências Naturais, fica claro que a formação do docente precisa ser interdisciplinar, integrando os conteúdos estudados. Analisar fenômenos naturais e processos tecnológicos, com base nas interações e relações entre matéria e energia, para propor ações individuais e coletivas que aperfeiçoem processos produtivos, minimizem impactos socioambientais e melhorem as condições de vida em âmbito local, regional e global. Analisar e utilizar interpretações sobre a dinâmica da Vida, da Terra e do Cosmos para elaborar argumentos, realizar previsões sobre o funcionamento e a evolução dos seres vivos e do Universo, e fundamentar e defender decisões éticas e responsáveis. Investigar situações-problema e avaliar aplicações do conhecimento científico e tecnológico e suas implicações no mundo, utilizando procedimentos e linguagens próprios das Ciências da Natureza, para propor soluções que considerem demandas locais, regionais e/ou globais, e comunicar suas descobertas e conclusões a públicos variados, em diversos contextos e por meio de diferentes mídias e tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC). O ensino de Ciências Naturais permeia muitas outras áreas do conhecimento, tais como Filosofia da Ciência, História da Ciência, Sociologia, Psicologia Educacional, Ética, Química, Física, Matemática, Engenharia e Astronomia. Além de deter os conhecimentos específicos da área a fim de realizar um bom planejamento e, consequentemente, o desenvolvimento de suas aulas, é desejado que o professor saiba realizar a ponte entre o conhecimento científico e o conteúdo didático pedagógico que englobam as questões ligadas aos processos de aprendizagem. Veja que nos referimos aqui a um perfil amplo de profissional que se sustenta nos pilares da ética, do pensamento crítico e da autonomia. Esse professor faz de sua aula um momento de reflexão mútua junto com seus alunos, tornando esse ambiente um local de questionamentos e levantamento de hipóteses. Desse modo, ele torna o estudante um protagonista da construção do conhecimento. Soma-se a isso, ainda, a necessidade do discernimento por parte do professor, que não deve confundir os conceitos científicos com suas opiniões pessoais e/ou experiências. Note que a atuação do professor não é uma tarefa fácil. As constantes mudanças na vida cotidiana, as novas tecnologias, a velocidade de propagação de informações e a publicação de resultados de pesquisas científicas são apenas alguns dos motivos pelos quais o docente de Ciências Naturais precisa se atualizar, a fim de oferecer uma aula de qualidade, atrativa e informativa aos seus alunos. Vamos ver mais especificamente algumas competências necessárias para esse profissional. Conhecimento Possuir conhecimento, ou seja, ter transformado todas as informações (inclusive as técnicas) recebidas em sua formação, às quais atribuiu significado e entendimento, de modo que esse profissional saiba o que deve fazer e o porquê. Posicionamento Saber como agir de maneira correta frente aos processos, contando, obviamente, com o conhecimento prévio. Postura Ter atitude compatível com a profissão e ocasião, ou seja, ter vontade de realizar e determinação paratal. Aqui deve-se ter a ação de acordo com a necessidade do ambiente escolar, com postura e ética nas tomadas de decisões. Contudo, é preciso lembrar que nas escolas ou em aulas virtuais as competências estão sempre se desdobrando em ações constantemente ajustadas, modificadas e que necessitam de uma avaliação única no momento da ação do professor. Partindo do princípio de que competência se refere a uma combinação de conhecimentos, capacidades e atitudes que devem ser adequadas ao contexto, fica clara a necessidade de o professor manter-se atualizado e em constante formação. É importante também que o docente esteja ciente de que seu aluno está em constante transformação, por estar em contato também com todas as modificações que o mundo cotidiano nos apresenta diariamente. Assim, esse profissional da educação saberá como lidar com um aluno informado, curioso e questionador, que realmente faz parte da construção do conhecimento, entendendo que o ensino deve atender às demandas da vida, preparando-o para ser autônomo, atuante na sociedade e capaz de resolver problemas do cotidiano. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 O ensino tradicional no qual o professor se apresenta como um palestrante e seu aluno apenas como um espectador é um modelo que já passa por alterações no Brasil, especialmente considerando- se Parabéns! A alternativa A está correta. As aulas, mesmo a distância, podem ocorrer no modelo tradicional (alternativa B incorreta); apenas a atualização do professor através de formação continuada não assegura que as aulas deixarão de ser no modelo que se denomina tradicional (alternativa C incorreta); o A utilização de novas tecnologias, aplicação da BNCC e de metodologias ativas. B que aulas podem ser a distância. C que o professor deve sempre estar em formação continuada. D o uso de informações científicas. E a discussão de opiniões pessoais do professor em aula. uso de informações científicas é imprescindível, porém pode ser comprometido pelo professor que utilizar suas opiniões pessoais em suas aulas (alternativas D e E incorretas). Questão 2 Podemos definir competência como Parabéns! A alternativa B está correta. A definição de competência é bem clara na BNCC, que a descreve como: “[...] a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho” (BRASIL, 2018). Sendo assim, as alternativas A, D e E apresentam informações incompletas. A alternativa C afirma que a pessoa desenvolve as habilidades durante o exercício de sua A todas as habilidades necessárias para que uma pessoa resolva problemas. B habilidades, conhecimentos, valores e ações imprescindíveis para que o cidadão seja capaz de resolver problemas da vida cotidiana. C habilidades desenvolvidas por pessoas no exercício de sua profissão. D valores necessários para que todo cidadão viva em sociedade. E conjunto de conhecimentos adquiridos e necessários para que o cidadão resolva problemas diários. profissão, logo está incorreta, pois as competências preparam o aluno para essa posterior atuação. 2 - Práticas de investigação-ação Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar como a metodologia de investigação-ação e a re�exão podem contribuir para a prática pedagógica do professor. Professor re�exivo Independentemente de trabalhar em instituição pública ou privada, é importante que o professor tenha em mente que deve ter respeitados seus pensamentos, suas ideias e suas ações. O professor reflexivo é aquele que, no exercício de sua profissão, consegue equilibrar a sua rotina de trabalho e sua reflexão. É o profissional que equilibra, portanto, as suas ações e os seus pensamentos. John Dewey. Esse conceito começou a ser discutido nos Estados Unidos por John Dewey, que refletiu sobre a atuação do bom professor frente aos processos burocráticos inerentes à sua profissão. Essa discussão teve início a partir da consideração do tipo de profissão que é a realizada por um professor. Importante destacar que esse é um ofício muito diferenciado, pois influencia a formação de todas as demais profissões. John Dewey John Dewey (1859 – 1952) foi um filósofo e pedagogo norte-americano que publicou muitas obras sobre Pedagogia, sendo referência na área da Educação. Especialmente no Dia dos Professores, muito veicula-se algo do tipo: “professor: a profissão que forma todas as outras profissões”. A frase é bonita e até demonstra o grande valor e apreço ao docente. No entanto, essa é uma profissão que carrega uma imensa responsabilidade justamente por estar diretamente ligada à formação de pessoas. Possuir o conhecimento sobre o conteúdo específico/técnico de sua área de atuação é condição básica para o professor atuar. Porém, não basta apenas que ele defina uma forma de trabalhar esse conteúdo em suas aulas ao longo do semestre e pronto. Acompanhe abaixo algumas das características que devem acompanhar o professor. Ele deve também atuar além das condições técnicas previstas para todo local de trabalho. Ele sempre tenta encontrar caminhos diferentes para que suas aulas sejam importantes para os alunos, de modo que o conteúdo seja, de fato, uma via de desenvolvimento de seus discentes. Para isso, o professor precisa sempre estar no que se chama de “estado de reflexão”, o que deu o nome à expressão tão conhecida como “professor reflexivo”. O professor precisa refletir, pensar sobre o conteúdo técnico de sua disciplina, e considerar as metodologias que aplica, além daquelas que poderia utilizar. Ele precisa pensar sobre a forma como seu aluno receberá essas informações e como isso irá impactá-lo e auxiliá-lo em sua vida. O ápice da atuação do professor é a formação do cidadão que terá condições de transformar a sociedade em que vive. Esse docente precisa analisar suas práticas e sua atuação a todo tempo, ou seja, deve se aprimorar a cada aula, a cada semestre, a cada ano lecionado. A atuação do professor tem ajustes constantes! Esse é um profissional que necessita verificar suas práticas e entender o que deve ser melhorado ou mudado. Assim, definimos em poucas palavras o professor reflexivo como sendo aquele que está sempre avaliando/revisitando suas práticas junto a seus alunos. A análise de sua prática, ou seja, de suas metodologias, mostra ao professor o que funciona e o que não funciona. Em sua formação, ele recebe muitas informações, cumpre disciplinas, realiza estágios, além de muitas outras práticas necessárias e inerentes à sua capacitação. Porém, somente ao utilizar toda essa bagagem técnica junto aos seus alunos no seu cotidiano, ele compreenderá seu funcionamento. Comentário Não podemos nos esquecer de que a interação professor-aluno envolve seres humanos. Embora o professor tenha conteúdos e conceitos de didática, Psicologia e/ou Pedagogia, somente com a prática ele entenderá o que realmente funciona nessa relação, considerando as muitas variáveis do seu cotidiano como contexto, alunos e instituição. Um professor reflexivo irá compreender o que deve ser melhorado (muitas vezes, totalmente modificado) e o que funciona (e que pode, com toda certeza, ser melhorado ainda mais). Assim, podemos dizer que o professor reflexivo é um ser inquieto, que busca sempre mudar e ofertar as melhores práticas e didáticas a seus alunos através de sua atuação. Investigação-ação: conceito A metodologia da investigação-ação Quais são os elementos que caracterizam a metodologia da investigação-ação? Vamos acompanhar a apresentação a seguir! A metodologia chamada investigação-ação é uma prática que se adequa a esse professor reflexivo e que pode trazer soluções para muitos problemas detectados em suas reflexões. Vamos ver como isso funciona na prática? A literatura atribuio surgimento dessa metodologia ao simples fato de pessoas terem investigado suas práticas com o objetivo de conseguirem alguma melhora. Costuma-se geralmente sustentar que a pesquisa-ação teve origem com kurt lewin, psicólogo de origem alemã, naturalizado americano, durante a provação da segunda guerra mundial. alguns pensam, entretanto, que john dewey e o movimento da escola nova, após a primeira guerra mundial, constituíram um primeiro tipo de pesquisa- ação pelo ideal democrático, pelo pragmatismo e pela insistência no hábito do conhecimento científico tanto nos educadores como nos educandos (...) a pesquisa-ação tem fortes raízes na psicologia social, posteriormente se abrindo para a pesquisa da vida social ampliando de forma crescente a participação das populações envolvidas, e de certa forma promovendo uma ruptura com os paradigmas clássicos da pesquisa em ciências humanas. (BARBIER, 1985, p. 28) Como você percebeu, existem outros termos para tratar desse assunto, sendo eles: “pesquisa-ação”; “investigação na ação”; “investigação para a ação”; “ação-investigação”, dentre outros. No entanto, é importante esclarecer que esse tipo de metodologia se baseia em uma pesquisa que associa a teoria e a prática (pesquisa e ação, respectivamente) a partir de uma situação na qual há a colaboração do pesquisador e do participante (também chamado de “pesquisado”). Estamos nos referimos, portanto, à forma de pesquisa interativa cujo objetivo é entender situações e determinar mudanças. Ou seja, o objetivo é atuar trazendo solução para algum problema que tenha sido identificado previamente nas instituições de ensino. Importante destacar que essa forma de pesquisa pode ser aplicada em outros tipos de locais, mas aqui nos deteremos às instituições de ensino e ao papel do professor. A investigação-ação é uma metodologia na qual a observação é realizada simultaneamente através da ação e da investigação em um processo cíclico, onde há mudanças na compreensão, ação, atuação do docente, bem como na sua reflexão. Esse tipo de metodologia pode melhorar os processos de trabalho do professor. Nesse tipo de pesquisa, o pesquisador observa e age concomitantemente. Considerando a pesquisa-ação realizada, o professor, dentro da instituição de ensino na qual trabalha, vai observar as práticas e coletar os dados dessa pesquisa. Ele irá pesquisar sobre aquele contexto, as situações vividas. Importante esclarecer o foco principal dessa ação: pesquisar e modi�car os processos de práticas das pessoas que ali trabalham. Ao fazer esse tipo de pesquisa, o professor reflexivo pode modificar suas próprias ações ou as situações que englobam mais pessoas dentro da instituição focando em uma mudança de prática geral/comunitária. Nesse tipo de pesquisa, os participantes e pesquisadores estão diretamente ligados, pois há aqui a necessidade de resolver uma situação problema real na qual várias pessoas estão envolvidas: trata-se de verdadeira produção de conhecimento! Dessa forma, a participação dessas pessoas é essencial para que ocorram, de fato, as mudanças das práticas e ações. O conhecimento produzido entre professores, mediado ou não por uma assessoria externa, pode ser comunicado em núcleos de pesquisa e estudos dentro das escolas. acreditamos que a parceria estabelecida com professores universitários é interessante para professores do ensino fundamental, até que as relações no grupo se consolidem, sendo que o papel do assessor pode ser de fomentar a autonomia do profissional da escola, não o tornar dependente das teorias da academia. fomentar a validação de teorias educativas que viabilizem a transformação da prática, valorizando o compromisso social dos professores com seus alunos, é uma tarefa que assessores podem tomar para si, sem desqualificar e desvalorizar o trabalho daqueles que lutam cotidianamente em prol da educação básica da maior parte da população deste país. (ROSA; SCHNETZLER, 2003, p. 38) Esse tipo de pesquisa, se bem realizada, tem efeitos positivos para o ambiente escolar, desde que esse professor tenha apoio da instituição no papel de seus gestores, como veremos a seguir. Investigação-ação: prática escolar Esse tipo de pesquisa visa sempre à resolução de um problema ou de uma situação. O objeto pesquisado, ou seja, analisado, não é propriamente os indivíduos, e sim uma situação na qual o docente irá agir, por isso o nome ação. Muitas vezes, a pesquisa-ação não é bem- vista ou aceita por ser interpretada de forma errônea, pois as pessoas dessa instituição podem achar que são os objetos de análise, embora não seja o caso. O professor reflexivo tem condições de analisar as situações que o rodeiam em seu ambiente de trabalho e de modificá-las para melhor, assim como ele faz constantemente em sua própria prática. O bom professor reflexivo tem como objetivo sempre melhorar seu trabalho. Desse modo, por meio da pesquisa-ação, ele modifica seu ambiente de trabalho, focando em melhorias para os alunos. Assim, a pesquisa-ação compreende basicamente as seguintes etapas. Vamos conferir! Identi�cação do problema Coleta de dados Interpretação dos dados obtidos Ação Avaliação pós-ação Há pesquisadores que apresentam um processo mais minucioso sem contrariar as etapas acima. No caso destacado abaixo, encontramos o foco em uma postura colaborativa entre os docentes, apresentada em forma de pressupostos. De acordo com Maldaner (1997, p. 11), é preciso: 1. que haja professores disponíveis e motivados para iniciar um trabalho reflexivo conjunto e dispostos a conquistar o tempo e local adequados para fazê-los; 2. que a produção científico-tecnológica se dê sobre a atividade dos professores, sobre as suas práticas e seu conhecimento na ação, sendo as teorias pedagógicas a referência e não o fim; 3. que os meios e os fins sejam definidos e redefinidos constantemente no processo e de dentro do grupo; 4. que haja compromisso de cada membro com o grupo; 5. que a pesquisa do professor sobre a sua atividade se torne, com o tempo, parte integrante de sua atividade profissional e se justifique primeiro para dentro do contexto da situação e, secundariamente, para outras esferas; 6. que se discuta o ensino, a aprendizagem, o ensinar, e o aprender da ciência, ou outras áreas do conhecimento humano, que cabe à escola proporcionar aos alunos, sempre referenciado às teorias e concepções recomendadas pelos avanços da ciência pedagógica comprometida com os atores do processo escolar e não com as políticas educacionais exógenas; 7. que os professores universitários envolvidos tenham experiência com os problemas concretos das escolas e consigam atuar dentro do componente curricular objeto de mudança, que pode ser interdisciplinar ou de disciplina única. Vamos entender agora alguns aspectos sobre o seminário. O seminário é um instrumento muito comum na prática da pesquisa-ação e que auxilia na elucidação de dúvidas. Por meio da ministração de seminários, o professor-pesquisador pode expor para a instituição de ensino suas ideias, os problemas observados e as soluções propostas. Tudo isso é discutido conjuntamente com colaboração dos demais. O seminário é indicado justamente para sanar o problema prévio à pesquisa-ação: a resistência de um ou mais grupos de pessoas (docentes, equipe gestora e/ou demais colaboradores da instituição) devido a uma má interpretação de como e por que a pesquisa será realizada. Através do seminário, a pesquisa-ação tende a ser melhor recebida e a contar com a cooperação de todos. A pesquisa-ação pode resultar em melhorias significativas para todos da instituição de ensino, repercutindo, inclusive, em produtividade e qualidade de trabalho. Re�exão Em situações de proposta de alteração de salas, horário de funcionamento de secretarias, disposição de itens no almoxarifado, alterações em formulários internos ou manejo de documentos: não seria interessante acolaboração de todos os envolvidos? Você concorda que juntos todos poderiam chegar a um consenso que fosse ideal para a instituição como um todo? O professor reflexivo, sempre atento às suas práticas, pode usar a pesquisa-ação para melhoria contínua de suas aulas, através da observação dos alunos, da interação, da formação de grupos de trabalho, do uso de materiais didáticos diversos, dos tipos de questionamentos e hipóteses levantados, das ideias propostas para solução de algumas situações, entre outras estratégias. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 A metodologia de investigação-ação é dividida nas seguintes etapas: Parabéns! A alternativa C está correta. A alternativa C apresenta corretamente todas as etapas a serem seguidas, nesta ordem, para a realização de uma pesquisa-ação em qualquer tipo de instituição (mesmo que não seja de ensino). As demais alternativas estão incorretas, pois apresentam etapas que não correspondem a esse tipo de metodologia, como aplicação (alternativas A e E); desenvolvimento (alternativa B) e problematização (alternativa D). Questão 2 As Metodologias Ativas de Aprendizagem preconizam que A Identificação do problema; aplicação; interpretação dos dados obtidos; ação e avaliação. B Desenvolvimento, coleta de dados; interpretação dos dados obtidos; ação e problematização. C Identificação do problema; coleta de dados; interpretação dos dados obtidos; ação e avaliação. D Identificação do problema; coleta de dados; problematização; ação e avaliação. E Identificação do problema; coleta de dados; aplicação; ação e avaliação. A o professor é o protagonista da construção do conhecimento. B Parabéns! A alternativa E está correta. Com o uso das metodologias ativas, o aluno é o ator do processo ensino-aprendizagem, atuando junto com o professor, que se torna um mediador. Assim, o aluno pode desenvolver suas capacidades de geração de hipóteses e busca pela solução dos problemas. 3 - Tecnologia como ferramenta de formação Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer a importância das tecnologias digitais na formação e ação docente. o aluno é o mediador no processo ensino- aprendizagem. C a sala de aula é a única ferramenta eficaz no processo ensino-aprendizagem. D o aluno deve construir seu conhecimento com base apenas em conceitos teóricos. E o aluno é o protagonista da construção do conhecimento. O docente e as tecnologias digitais O professor precisa ter formação em tecnologias? Em primeiro momento, precisamos esclarecer a que nos referimos quando falamos em novas tecnologias. Apesar de alguns autores questionarem o termo por considerá-lo redundante, já que toda tecnologia traria em sua própria definição a ideia de inovação, geralmente o usamos como referência às tecnologias digitais. Nesse sentido, cada vez mais ela se torna local de interesse dos pesquisadores. No contexto contemporâneo, as tecnologias digitais têm um protagonismo que impacta e condiciona, e até mesmo define, os contornos de uma nova concepção de sociedade. o cenário é marcado pela quebra do paradigma presencial, aquele no qual fomos formalmente preparados para realizar atividades cotidianas e profissionais, pela sobreposição/complementariedade do espaço virtual (ciberespaço). neste novo cenário, temos de reaprender, reavaliar nossas concepções relacionadas à formação e à educação. (MODELSKI; GIRAFFA; CASARTELLI, 2019, p. 2) As novas tecnologias, ou tecnologias digitais, são ferramentas importantes na formação do professor. Atualmente, essa é uma estratégia utilizada em muitas escolas, logo o professor, responsável pela formação de seus alunos, precisa, previamente, saber trabalhar com essas tecnologias. Embora esse conhecimento pareça básico, muitos são os casos de professores que, devido a uma não formação na área tecnológica, relutam em aceitar sua inserção em suas aulas. A tecnologia nada mais é do que uma linguagem, a qual os alunos devem conhecer a fim de usufruir de seus potenciais. Para isso, eles precisam ser guiados por um professor mediador. Você deve estar pensando que o jovem da atualidade já lida com tecnologia pelo simples fato de saber acessar a internet. Bem, pensando em educação, não é exatamente essa a ideia. Acessar a internet, procurar alguma informação em sites de busca ou mesmo jogar on-line não é propriamente usar a tecnologia para criar conhecimentos novos e, de fato, aprender. Isso nos leva de volta ao papel do professor que não teve formação nessa nova linguagem. Muitas vezes, esse docente acredita que, apenas por permitir que seus alunos acessem a internet em sala de aula, está aplicando a tecnologia e estimulando o aprendizado de todos. Na verdade, para esses estudantes, essa prática não é novidade. Logo, o acesso à internet passa a ser apenas uma distração, o que não é um uso criativo dessa ferramenta. Nessa situação, a escola não está colaborando com a formação de seus discentes, uma vez que não está superando seus alunos (o que ele já sabe) e não os auxilia a se superarem. Conforme já sabemos, o professor possui papel importante na formação de seus alunos, logo a sua própria falta de formação em determinada área pode afetar, negativamente, a evolução dos discentes nessa questão. A tecnologia por si só não consegue fazer com que o processo de ensino seja eficaz. E isso é fácil de entender. Atualmente, as aulas estão cada vez mais sendo realizadas com as metodologias ativas nas quais o professor é um mediador dos alunos. Desse modo, por meio de seus questionamentos, dúvidas e hipóteses, os estudantes constroem um conhecimento em um processo conjunto com o docente. Assim, as tecnologias são ferramentas que auxiliam o professor na formação do seu aluno. E como esse professor poderá ser esse mediador caso não tenha essa formação? Aqui, torna-se fundamental nossa atenção ao conceito de fluência digital. Refere-se à utilização dos recursos tecnológicos de modo integrado, em que o professor faz uso dos artefatos e produz conteúdo/material através dos mesmos de forma crítica, reflexiva e criativa. sendo assim, quanto mais contato com os recursos, mais familiaridade o usuário adquire e com isso as possibilidades de uso se ampliam. sendo assim, faz-se necessário constante atualização para acompanhar as mudanças provocadas pelos avanços tecnológicos que modificam a sociedade em que vivemos. (MODELSKI; GIRAFFA; CASARTELLI, 2019, p. 6) Embora possa trazer algum assombro falarmos em fluência – porque em correspondência ao conhecimento de um idioma pode significar domínio de grande parte daquele idioma – sabemos que, em se tratando de tecnologias digitais, torna-se basicamente impossível haver tal domínio, exatamente por sua característica de inovação e desenvolvimento permanente. O que deve chamar nossa atenção é a familiaridade, o uso frequente, que pode trazer ganhos significativos na relação com nosso aluno e sua aprendizagem. As Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação e o ensino de Ciências da Natureza Como as TDICs podem ser fundamentais no processo de formação do futuro professor de Ciências da Natureza e sua atuação docente? Vamos entender melhor a seguir! Não podemos esquecer de que a tecnologia é uma ferramenta utilizada dentro do processo de ensino. Apenas a tecnologia, contudo, não é o ponto principal do processo. Como aprendemos no módulo anterior, o professor precisa dos conhecimentos técnicos e de suas competências para lecionar. O professor que ainda tem algum tipo de tendência em atuar de forma tradicional possivelmente não terá muita abertura para a inserção das tecnologias em suas aulas. Por exemplo, um professor pode até pensar que o uso de um celular durante uma aula pode gerar bagunça, desconcentração ou muita conversa. Bem, nesses casos, ele necessita de suas competências para se aliar à tecnologia e conseguir uma aula de qualidade. Em primeirolugar, é preciso compreender que o uso de um aparelho celular (ou de outro tipo de aparelho) não configura, necessariamente, uma desordem em aula. Pelo contrário, essa ferramenta pode ajudar na curiosidade, nos questionamentos e na participação efetiva dos alunos, que possuem em suas mãos informações que eles mesmos estão buscando. Eles podem até mesmo debater com o grupo, incluindo o professor, cada achado que fizerem. O professor precisa ter em mente que a cada dia existem novas situações no cotidiano escolar. Ele deve ter formas de intervir e continuar o desenvolvimento desse ambiente da melhor forma possível. Os alunos atuais são interativos e muito tecnológicos, e isso precisa ser utilizado a favor do professor e do bem maior: a construção do conhecimento. Os alunos são rápidos e curiosos! A tecnologia é uma realidade inserida no cotidiano desses jovens, portanto a sua presença em sala de aula nada mais é do que um processo esperado. É uma transição natural e precisa ser assim também para o professor. A tecnologia traz para o professor benefícios que outras metodologias talvez não apresentem tão facilmente, como o interesse dos alunos, a assiduidade, o interesse em participar e a vontade de aprender. Para o docente que não consegue lidar com essas questões, entra em cena mais uma vez a importância da formação continuada do docente. E o uso de tecnologias se configura como um ótimo “motivo” para uma formação nesse sentido, visto que as formações continuadas tendem ao fracasso caso não tenham uma real necessidade para o professor. E justamente na dimensão pedagógica, essa questão pode ser muito bem trabalhada, uma vez que abarca métodos, recursos e técnicas que podem (e devem) ser aplicados no ensino. Mas, afinal, o que são essas tecnologias tão comentadas no mundo da educação? Vamos dar a elas nome e sobrenome: Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação, também comumente chamadas de TDICs. São tecnologias que oferecem múltiplas perspectivas que podem facilitar o processamento de informações. Como exemplo de TDICs, podemos citar: projetores multimídias, celulares, lousa digital, computadores e tablets. O uso das TDICs muda a forma de se trabalhar no ambiente acadêmico e o modo de comunicação entre aluno e professor. Através das TDICs e das metodologias ativas, o professor consegue ajustar suas aulas ofertando ao aluno um panorama já conhecido, uma vez que vivencia a tecnologia em seu cotidiano. Aliás, a BNCC, para a área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias para o ensino médio, define como uma das competências: Investigar situações-problema e avaliar aplicações do conhecimento científico e tecnológico e suas implicações no mundo, utilizando procedimentos e linguagens próprios das ciências da natureza, para propor soluções que considerem demandas locais, regionais e/ou globais, e comunicar suas descobertas e conclusões a públicos variados, em diversos contextos e por meio de diferentes mídias e tecnologias digitais de informação e comunicação (tdic). (BNCC, 2018) Considerando que a BNCC deve ser empregada em todas as escolas do país, o professor deve se adequar para o uso das TDICs em seu cotidiano. Contudo, é importante destacar que o professor precisa também ser acolhido nesse momento de grandes mudanças em seu ofício. A falta de formação é a questão principal que leva o professor a não aderir ao uso das tecnologias. No entanto, outros fatores também colaboram para que mesmo professores interessados desistam do uso dessa ferramenta. São alguns desses fatores, por exemplo, a falta de equipamentos, de sala adequada, uma conexão de internet de baixa qualidade e a ausência de suporte técnico. Veja, portanto, que a instituição escolar e a equipe gestora também possuem papel fundamental na implementação e no uso de TDICs no ambiente escolar. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 São exemplos de TDICs: Parabéns! A alternativa A está correta. As alternativas B, C, D e E estão incorretas por apresentarem exemplos que não correspondem à TDIC (jornais, telefone fixo, livro impresso e revista). Questão 2 (Secretaria de Estado de Educação do Paraná/PR – Concurso Para Professor – 2021). A cultura digital abrange os processos de transformação socioculturais que acontecem com o uso das tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC). Na educação, trabalhar nessa perspectiva permite coligar aos processos e às práticas educacionais novas formas de aprender e ensinar. A respeito de tecnologias educacionais, assinale a opção correta. A Celular, lousa digital e tablet. B Jornais, celular e tablet. C Celular, telefone fixo e lousa digital. D Livros impressos, celular e lousa digital. E Jornais, revistas e celulares. A Por intermédio de ferramentas síncronas, a interação entre professores e estudantes, embora não seja obrigatória, possibilita a colaboração entre os participantes e a elucidação de dúvidas em tempo real. As metodologias ativas apresentam grande dificuldade de adaptação às tecnologias digitais, Parabéns! A alternativa A está correta. As Metodologias Ativas continuam a ser empregadas com o uso da tecnologia, tendo, inclusive grande participação em metodologias mais específicas como a gameficação (alternativa B incorreta); as ferramentas assíncronas permitem a realização de atividades em momentos diferentes (alternativa C incorreta); as TDIC não restringem a autonomia de professores e alunos pelo fato de poder haver gravações, visto que as aulas continuam a ser realizadas com a mediação do professor (alternativa D incorreta); os chats e fóruns podem ser utilizados também em tempo “não real” (alternativa E incorreta). B porque, nessas metodologias, o estudante deve adotar uma postura participativa, enquanto as tecnologias digitais implicam a construção do conhecimento baseada na transmissão de informação. C A utilização de ferramentas assíncronas condiciona o aprendizado e a conclusão das tarefas à conexão, em momento real, de forma simultânea, de estudantes e professores. D As ferramentas que permitem uma maior liberdade aos professores e estudantes também restringem suas autonomias, por possibilitarem a opção de gravação das aulas e demandarem um controle alternativo da rotina de estudos. E Os chats e os fóruns fazem parte do mesmo grupo de ferramentas de desenvolvimento de aulas virtuais e se caracterizam por permitir a discussão de diferentes temas entre os estudantes e a troca de mensagens em tempo real. Considerações �nais Como vimos em nosso estudo, a formação do professor na área técnica-científica é apenas um dos pilares que sustentam um profissional que irá atuar em um sistema que está sob constantes mudanças. Assim, o professor deve estar consciente de sua necessidade de desenvolver competências para desempenhar uma profissão que se depara com novas situações diariamente e que demanda dele a capacidade de lidar com cada uma delas. Por isso, é necessário que entenda o conceito de “professor reflexivo” e procure, a cada dia, se adequar a essa definição. Em uma reflexão diária de suas práticas, será possível melhorar sua forma de atuar (e talvez seu ambiente de trabalho, através da pesquisa-ação) e chegar a um cenário mais adequado no qual o processo ensino-aprendizagem é realizado conjuntamente com o aluno. É necessário que o professor nunca se esqueça de que está envolvido na formação de outros profissionais. Portanto, ele tem em suas mãos uma imensa responsabilidade que requer dele conhecimento, empatia, atualização e exemplo para que tenha alunos criativos, pensantes, questionadores e preparados para a sociedade. Podcast Acompanhe agora a professora Cíntia Hoch comentando sobre os principais pontos do conteúdo abordado. Explore + Confira as indicações que separamos especialmente para você! No site do Ministério da Educação, você pode encontrar muitas informaçõessobre a Base Nacional Comum Curricular, encontrando-a de diversas formas: arquivo em pdf, planilha ou navegando pelo documento. O software HagáQuê é um editor de história em quadrinhos com fins pedagógicos que foi desenvolvido para criação de HQs de forma simples e fácil. Especialmente para aqueles que ainda não dominam o uso de computadores, pode ser utilizado por alunos do ensino fundamental dos anos iniciais e finais. O Aplicativo Toondoo também é excelente para ser utilizado com alunos do ensino fundamental dos anos iniciais. Permite a criação de tirinhas e de livros digitais através de um acervo de personagens, cenários e objetos que estão disponíveis para a elaboração de história em quadrinhos. O vídeo Tecnologias digitais e metodologias ativas: ressignificando o ensino de ciências, disponível na plataforma YouTube, apresenta uma Live organizada pela Universidade Regional do Cariri, e aponta muitos elementos no contexto de nosso conteúdo estudado. Referências BARBIER, R. Pesquisa-Ação na Instituição Educativa. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1985. BARBOZA, R.; MARTORANO, S. A. A. Reflexões e práticas na formação de professores de ciências naturais. Revista Brasileira de Educação em Ciências e Educação Matemática, Cascavel, v. 1, n. 1, p. 1 6-29, 2017. BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018. CACHAPUZ, A.; PRAIA, J.; JORGE, M. Da educação em ciência a orientações para o ensino das ciências: um repensar epistemológico. Ciência e Educação, Bauru, v. 10, n. 3, p. 363-381, 2004. CAMPOS, R. S. P; CAMPOS, L. M. L. A formação do professor de ciências para os anos iniciais do Ensino Fundamental e a compreensão de saberes científicos. 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