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processo eletronico AULA 4

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PROCESSO ELETRÔNICO
AULA 4
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Karla Knihs
CONVERSA INICIAL
Esta aula aborda as especificidades de cada área jurídica em que o processo eletrônico vem
sendo utilizado.
Assim, começaremos com o processo eletrônico no âmbito civil e no âmbito dos juizados
especiais, analisando a Lei 9.099/95, que institui os Juizados Especiais.
No segundo tema, estudaremos o processo eletrônico no âmbito da Justiça do Trabalho. O
processo trabalhista é um dos que primeiro se desenvolveram eletronicamente, em razão de sua
simplicidade.
No terceiro tema, nosso foco é o processo eletrônico utilizado nas causas criminais,
especialmente pela natureza jurídica do Direito Penal, que segue lógica diversa dos demais ramos do
Direito.
Por fim, nos dois últimos temas, nos concentraremos em estudar o processo administrativo
eletrônico, tendo em vista que desde 2015 o governo federal tornou obrigatória a tramitação
eletrônica de documentos nos órgãos e entidades da administração pública federal direta, autárquica
e fundacional.
Para darmos início às nossas reflexões, vamos imaginar os seguintes casos concretos:
1. O senhor Natalino se envolveu em um acidente de trânsito, no qual um Fiat 147 abalroou o seu
Fusca 1984 na traseira. No dia dos fatos, o motorista, senhor Alberto, disse ao seu Natalino que
não teve culpa da batida, já que o Fusca estava andando de maneira muito lenta, e que o seu
Fiat é um item de colecionador, razão pela qual ele deveria arcar com os custos do reparo de
ambos os carros. Revoltado com a situação, Natalino se dirigiu ao Juizado Especial Cível de sua
cidade e foi informado de que deveria procurar advogado para dar entrada na ação, já que o
processo agora é eletrônico. Nesse caso, agiu certo o servidor do Juizado Especial?
2. Maria Catarina completou 60 anos de idade e gostaria de dar entrada em seu pedido de
aposentadoria. Para isso, reúne a documentação e se dirige à agência do INSS mais próxima de
sua casa. Lá, é informada que deverá ligar no número de telefone 135 para agendar o
atendimento ou dar entrada pelo site “Meu INSS”. Como ela não está acostumada com o uso
da internet, prefere dar entrada no processo administrativo presencialmente. Nesse caso, pode
Maria Catarina escolher a forma de tramitação de seu processo administrativo?
Não precisa responder agora. Vamos estudar nosso conteúdo e ao final comentaremos esses
casos. Boa aula!
TEMA 1 – PROCESSO ELETRÔNICO CIVIL E PROCESSO ELETRÔNICO
NO JUIZADO ESPECIAL
Os juizados especiais foram criados pela Lei 7.244, de 7 de novembro de 1984 (Brasil, 1984),
conhecida como Lei do Juizado Especial de Pequenas Causas. Essa lei foi revogada pela atual lei dos
Juizados Especiais, Lei 9.099, de 26 de setembro de 1995 (Brasil, 1995).
Os juizados especiais foram concebidos pelo Poder Legislativo para proporcionar aos
jurisdicionados uma justiça célere e eficaz, bem como atender à demanda reprimida da sociedade
pela solução de conflitos, oferecendo, de forma plena, o acesso à justiça, previsto no art. 5º, inciso
XXXV, da Constituição Federal (Brasil, 1988).
A Lei 9.099/95 definiu os critérios orientadores dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais: a
oralidade, a simplicidade, a informalidade, a economia processual e a celeridade, buscando sempre
que possível, a conciliação ou transação.
O Juizado Especial Cível tem competência para conciliação, processo e julgamento das causas
cíveis de menor complexidade, assim consideradas as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes
o salário-mínimo; as enumeradas no art. 275, inciso II, do Código de Processo Civil (de 1973); a
ação de despejo para uso próprio; e as ações possessórias sobre bens imóveis de valor não
excedente quarenta vezes o salário mínimo.
[1]
Nem sempre será obrigatória a assistência por advogado nos Juizados Especiais. Assim, nas
causas de valor até vinte salários-mínimos, as partes poderão comparecer pessoalmente, sem
advogado. Contudo, nas de valor superior, a assistência é obrigatória.
Para entrar com ação no JEC é preciso comparecer pessoalmente ao fórum, munido de
documentos pessoais (RG e CPF) e comprovante de residência, e das informações sobre o réu (CPF
ou CNPJ e endereço).
O pedido pode ser apresentado de forma oral ou escrita, conforme previsto no art. 14 da Lei
9.099/95 (Brasil, 1995):
Art. 14. O processo instaurar-se-á com a apresentação do pedido, escrito ou oral, à Secretaria do
Juizado.
Parágrafo 1º Do pedido constarão, de forma simples e em linguagem acessível:
I - o nome, a qualificação e o endereço das partes;
II - os fatos e os fundamentos, de forma sucinta;
III - o objeto e seu valor.
Parágrafo 2º É lícito formular pedido genérico quando não for possível determinar, desde logo, a
extensão da obrigação.
Parágrafo 3º O pedido oral será reduzido a escrito pela Secretaria do Juizado, podendo ser utilizado
o sistema de fichas ou formulários impressos.
Para o peticionamento pelo sistema é preciso que o cidadão tenha um certificado digital. Para
obter um certificado digital, o interessado de entrar em contato com uma das instituições autorizadas
pelo ICP-Brasil.
De toda forma, independentemente do formato escolhido pela parte, seja oral ou escrito, após a
apresentação do pedido, ele deverá ser disponibilizado no sistema de peticionamento eletrônico,
inclusive com a digitalização dos documentos integrantes da ação (como, por exemplo, notas fiscais,
correspondências, contratos ou quaisquer outros documentos necessários).
Uma vez distribuído, o processo será objeto de expedição de citação para a parte requerida, para
comparecer em audiência conciliatória e, caso queira, apresentar sua defesa, salvo se realizada
conciliação.
Se a matéria discutida for essencialmente jurídica, será possível que o juiz profira decisão, não
sendo necessária a realização da fase instrutória.
Caso seja necessária a instrução, será designada audiência de instrução para oitiva das
testemunhas e depoimento das partes, para que então os autos sejam conclusos para proferir
sentença.
Pode-se concluir que processo eletrônico apresenta grandes vantagens para a condução de
processos decorrente do Juizado Especial, que, apesar do grande volume de casos, tem uma
tramitação mais ágil e eficiente com os autos digitais.
TEMA 2 – PROCESSO ELETRÔNICO TRABALHISTA
Não existe no Direito do Trabalho um “Código de Processo do Trabalho”, estando a maioria da
matéria regulada na própria CLT – Consolidação das Leis do Trabalho. Contudo, o Código de Processo
Civil tem aplicação subsidiária ao processo trabalhista, ou seja, caso haja omissão acerca de
determinadas questões processuais, o Código de Processo Civil deverá ser aplicado.
Frise-se que o processo do trabalho se rege pelo princípio da oralidade e da simplicidade, não
havendo, porém, qualquer tipo de conflito entre a norma que rege o processo eletrônico e as regras
de processo do trabalho.
Assim como ocorre no juizado especial, é possível, em determinadas hipóteses, o ingresso com
ação trabalhista sem a assistência de advogado. O interessado em abrir um processo sem advogado
deve buscar o setor responsável no fórum trabalhista, munido dos documentos pertinentes ao
assunto que quer reclamar (holerites, contratos de trabalho, carteira de trabalho, extrato do FGTS,
entre outros) e todos os documentos pessoais.
Oralmente, a parte irá reclamar os direitos que entende devidos, e então o servidor responsável
procederá a redução a termo dos fatos narrados, bem como, a digitalização dos documentos, que
serão protocolados eletronicamente.
Uma importante alteração trazida pela reforma trabalhista (Lei n. 13.467, de 2017) é a
possibilidade de ingresso com processo de jurisdição voluntária para homologação de acordo
extrajudicial. Assim, as partes que queiram fazer acordo extrajudicial e a homologação estão
amparados pelo art. 855-B da CLT, verbis:
Art. 855-B. O processo de homologação de acordo extrajudicial terá início por petição conjunta,sendo obrigatória a representação das partes por advogado.
Parágrafo 1º - As partes não poderão ser representadas por advogado comum.
Parágrafo 2º - Faculta-se ao trabalhador ser assistido pelo advogado do sindicato de sua categoria.
Ressaltamos que há na hipótese a obrigatoriedade de representação por advogados, que não
poderá ser comum às partes. Por fim, no prazo de quinze dias a contar da distribuição da petição, o
juiz analisará o acordo, designará audiência se entender necessário e proferirá sentença.
No processo do trabalho a forma eletrônica é utilizada desde a inicial, passando pelo
recebimento e, posteriormente, pela citação da reclamada, bem como pelas demais intimações que
se fizerem necessárias. Os recursos, quando necessários, também se processam pela forma eletrônica,
sendo que o PJE é a plataforma mais utilizada em todos o Brasil.
TEMA 3 – PROCESSO ELETRÔNICO CRIMINAL
O processo penal tem algumas peculiaridades, especialmente porque se trata de casos em que
se coloca em pauta a proteção à sociedade e também a dignidade do réu. O processo penal é, assim,
revestido de formalismo, tendo em vista o aspecto da presunção de inocência previsto na
Constituição Federal, que em seu artigo preceitua: “LVII – ninguém será considerado culpado até o
trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.
Assim, é fundamental maior cautela para que se evitem as nulidades do processo penal. Nesse
cenário, o processo penal eletrônico é uma importante ferramenta na busca por efetividade,
instrumentalidade e celeridade processual, de todas as partes atuantes no procedimento penal.
Ainda, não basta apenas a existência do processo penal, pois o que realmente importa é a sua
eficiência no cumprimento das penalidades aplicadas aos réus, haja vista tratar-se de medida punitiva
das mais importantes, dada a sua natureza. Além disso, não devemos descuidar dos direitos dos
acusados, que não raramente ainda ficam presos injustificadamente, aguardando julgamento.
Diante desse quadro, o processo eletrônico avança mais timidamente nesse âmbito penal, sendo
possível identificar alguns avanços, como, por exemplo, a utilização de videoconferência para a
realização de interrogatório do acusado, bem como das vítimas.
Com a modernização do judiciário, principalmente na esfera criminal, percebemos que até a
atuação do Ministério Público, nos casos em que figura como titular a ação penal pública
incondicionada, ocorre por meio do processo eletrônico, de tal forma que a denúncia é realizada
digitalmente, passando a seguir neste meio até o seu encerramento.
De igual forma, o processo eletrônico é utilizado na ação penal privada, a partir da queixa-crime,
na qual o querelante apresenta sua peça escrita digitalizada, sendo posteriormente distribuída, com
posterior citação do querelado para resposta.
Importante destacar que no processo penal a citação deve ocorrer exclusivamente de forma
pessoal, através de oficial de justiça devidamente habilitado. O mesmo ocorre para a citação de réu
preso, que será pessoalmente citado. Já as notificações e intimações poderão ser feitas no formato
eletrônico, direcionadas aos representantes das partes que sejam legalmente constituídos.
Na esfera penal há grande preocupação com o sigilo do processo. Dessa forma, uma vez
decretado o sigilo dos autos, somente as partes integrantes do litígio têm acesso a ele. Até mesmo o
processo investigatório poderá correr em sigilo, a fim de não prejudicar as investigações.
A fase de instrução é orientada pelo princípio da oralidade, sendo que os atos serão gravados
(voz e vídeo) e ficarão armazenados nos próprios autos. Com base nas provas, o juiz proferirá
sentença fundamentada e, após a prolação da sentença, eventuais recursos também devem ser
interpostos no mesmo formato, sendo posteriormente remetidos à instância superior para
julgamento, de forma eletrônica.
Por fim, transitada em julgado a decisão, até que ela seja efetivamente cumprida, todos os atos
poderão ser realizados em formato digital, como, por exemplo, a expedição de mandados, alvarás,
habeas corpus, entre outros.
TEMA 4 – PROCESSO ADMINISTRATIVO ELETRÔNICO
O processo administrativo está disciplinado, no âmbito da Administração Federal, direta e
indireta, pela Lei 9.784/99. O art. 1º da referida lei define seu objeto da seguinte forma:
Art. 1º Esta lei estabelece normas básicas sobre o processo administrativo no âmbito da
Administração Federal, direta e indireta, visando, em especial, à proteção dos direitos dos
administrados e ao melhor cumprimento dos fins da Administração.
Assim como no processo judicial, existem princípios que deverão nortear toda a atividade da
Administração Pública Federal em matéria de processos administrativos, dos quais destacamos:
Legalidade: a Administração Pública só pode fazer aquilo que a lei permite, ou seja, só pode
agir em conformidade com o que é estabelecido em lei.
Impessoalidade: a Administração deve tratar todos os administrados sem discriminações
benéficas ou prejudiciais.
Moralidade: respeito à ética e honestidade.
Publicidade: todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade
e do Estado.
Eficiência: exige que a atividade administrativa seja exercida com presteza, perfeição e
rendimento funcional.
A esses princípios gerais, temos alguns outros princípios constitucionais que são aplicados aos
processos em geral, a saber:
Princípio de devido processo legal: se encontra no art. 5º, inciso LIV, da Constituição, segundo o
qual “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”.
Princípios do contraditório e da ampla defesa: decorrem do art. 5º, inciso LV, da Constituição,
que determina “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral
são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”. Além
disso, eles constam expressamente do caput do art. 2º da Lei n. 9.784/1999, que veremos
adiante.
O contraditório diz respeito ao direito que o interessado possui de tomar conhecimento das
alegações da parte contrária e poder contrapô-los. A ampla defesa diz respeito ao direito da parte de
argumentar antes da tomada de decisão, de ter acesso aos autos do processo e receber cópia, de
solicitar produção de provas, de interpor recursos administrativo etc.
Por fim, temos princípios específicos do processo administrativo, constantes na Lei 9.784/1999 –
Lei de Processo Administrativo. A Lei traz, de forma não exaustiva, os princípios que deverão nortear
toda a atividade da Administração Pública Federal em matéria de processos administrativos. Estão
eles relacionados no art. 2º da LPA:
Art. 2º - A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade,
motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança
jurídica, interesse público e eficiência.
Princípio da finalidade: exige que o ato seja praticado sempre com a devida finalidade pública
de atender objetivos e imperativos aos quais a Administração Pública está submetida.
Princípio da motivação: todos os julgamentos são públicos e todas as decisões devem ser
fundamentadas, sob pena de nulidade. Na Lei de Processo Administrativo, esse mesmo
princípio assevera que a decisão do administrador deverá ter a indicação dos pressupostos de
fato e de direito que a ensejaram.
Princípios da razoabilidade e proporcionalidade: expressam a ideia de que atos
desproporcionais são ilegais e pouco razoáveis. No processo administrativo deve haver
adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em
medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público.
Princípio da segurança jurídica: no processoadministrativo há a necessidade da garantia da
certeza da aplicação justa da lei.
Princípio da supremacia do interesse público: os atos praticados pela Administração devem ter
como finalidade o interesse público.
Princípio do formalismo moderado: adoção de formas procedimentais mais simples.
Princípio da pluralidade de instâncias: todas as decisões estão sujeitas à revisão ou modificação
por instâncias administrativas hierarquicamente superiores.
Princípio da verdade material: autoriza a administração a valer-se de qualquer prova que a
autoridade julgadora ou processante tenha conhecimento, desde que a constar no processo.
Princípio da celeridade: “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a
razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”
(Constituição Federal, art. 5º, inciso LXXVIII).
Por meio do Decreto 8.539, de 8 de outubro de 2015, o governo federal tornou obrigatória a
tramitação eletrônica de documentos nos órgãos e entidades da administração pública federal direta,
autárquica e fundacional.
Nos termos do decreto citado, consideram-se as seguintes definições:
documento – unidade de registro de informações, independentemente do formato, do suporte
ou da natureza;
documento digital – informação registrada, codificada em dígitos binários, acessível e
interpretável por meio de sistema computacional, podendo ser:
documento nato-digital – documento criado originariamente em meio eletrônico; ou
documento digitalizado – documento obtido a partir da conversão de um documento não
digital, gerando uma fiel representação em código digital.
Assim, o processo administrativo eletrônico é aquele em que os atos processuais são registrados
e disponibilizados em meio eletrônico.
Os objetivos do Decreto são assegurar a eficiência, a eficácia e a efetividade da ação
governamental e promover a adequação entre meios, ações, impactos e resultados; promover a
utilização de meios eletrônicos para a realização dos processos administrativos com segurança,
transparência e economicidade; ampliar a sustentabilidade ambiental com o uso da tecnologia da
informação e da comunicação; e facilitar o acesso do cidadão às instâncias administrativas.
Assim, a implantação do processo eletrônico no âmbito da Administração Pública reflete os
benefícios já experimentados no âmbito judicial: aumento da celeridade e da produtividade,
eliminação de burocracias desnecessárias, redução de custos, aumento do acesso do cidadão e,
consequentemente, da transparência, aumento da segurança, redução de impacto ambiental e
aumento da sustentabilidade, modernização, entre outros.
O decreto traz, também, os requisitos para a seleção do sistema informatizado que irá viabilizar a
tramitação eletrônica de processos administrativos eletrônicos.
A exemplo do que já ocorre no processo judicial, a preferência deve ser para sistemas de código
aberto e que tenham certificado digital emitido no âmbito da Infraestrutura de Chaves Públicas
Brasileira (ICP-Brasil), mecanismo para a verificação da autoria e integridade dos documentos. Há a
previsão de que se aceite sistemas que utilizam a identificação pelo nome de usuário e senha.
Houve especial preocupação em relação aos prazos. Nos termos do art. 7º do decreto, os atos
processuais em meio eletrônico consideram-se realizados no dia e na hora do recebimento pelo
sistema informatizado de gestão de processo administrativo eletrônico do órgão ou da entidade, o
qual deverá fornecer recibo eletrônico de protocolo que os identifique.
Ainda, quando o ato processual tiver que ser praticado em determinado prazo, por meio
eletrônico, serão considerados tempestivos os efetivados, salvo disposição em contrário, até as vinte
e três horas e cinquenta e nove minutos do último dia do prazo, no horário oficial de Brasília.
Se o sistema informatizado de gestão de processo administrativo eletrônico do órgão ou
entidade se tornar indisponível por motivo técnico, o prazo fica automaticamente prorrogado até as
vinte e três horas e cinquenta e nove minutos do primeiro dia útil seguinte ao da resolução do
problema.
TEMA 5 – FASES DO PROCESSO ADMINISTRATIVO ELETRÔNICO
O processo administrativo começa pela sua instauração.
Nessa fase, há a apresentação escrita dos fatos e indicação dão ensejo ao processo. A
instauração pode se dar por ato da própria Administração, como ocorre, por exemplo, com o
processo administrativo disciplina, ou pelo particular interessado, que fará o seu requerimento
petição.
Frise-se que a Lei determina que os atos do processo devem:
ser produzidos por escrito (art. 22, Parágrafo 11º)
ser acompanhados da devida motivação (art. 2º, parágrafo único, VII)
assegurada ampla defesa (art. 26)
Após a instauração, ocorrem a instrução e a defesa, com a posterior decisão.
Com a instrução há a produção de provas, a fim de que haja averiguação, comprovação e
convencimento da Administração Pública para que tome uma decisão.
As atividades de instrução destinadas a averiguar e comprovar os dados necessários à tomada
de decisão realizam-se de ofício ou mediante impulsão do órgão responsável pelo processo, sem
prejuízo do direito dos interessados de propor atuações probatórias.
Inclusive, o órgão competente para a instrução fará constar dos autos os dados necessários à
decisão do processo. A LPA garante que os atos de instrução que exijam a atuação dos interessados
devem realizar-se do modo menos oneroso para estes.
A instrução serve para elucidar os fatos por iniciativa própria da Administração, determinando
diligências, produzindo provas, requerendo depoimento da parte, oitiva de testemunhas, inspeções e
perícias, entre outros. São inadmissíveis as provas admitidas por meios ilícitos. Somente poderão ser
recusadas, mediante decisão fundamentada, as provas propostas pelos interessados quando sejam
ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou protelatórias.
Frise-se que cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado (LPA, art. 36), bem como,
os elementos probatórios deverão ser considerados na motivação do relatório e da decisão (LPA, art.
38, Parágrafo 1º).
Encerrada a instrução, o interessado terá o direito de manifestar-se no prazo máximo de dez
dias, salvo se outro prazo for legalmente fixado. Após, é dever do administrador proferir a
competente decisão, conforme se verifica nos arts. 48 e 49 da LPA.
Art. 48. A Administração tem o dever de explicitamente emitir decisão nos processos
administrativos e sobre solicitações ou reclamações, em matéria de sua competência.
Art. 49. Concluída a instrução de processo administrativo, a Administração tem o prazo de até trinta
dias para decidir, salvo prorrogação por igual período expressamente motivada (grifos nossos)
O legislador pretendeu conferir celeridade à tramitação do processo, impedindo que perdure de
forma indefinida a prejuízo do interesse público. Além disso, a Lei prevê que terão prioridade os
processos em que figure como parte ou interessado:
pessoa com idade igual ou superior a 60 anos
pessoa portadora de deficiência física ou mental
pessoa portadora de doença grave (art. 69-A)
Proferida a respectiva decisão, devidamente fundamentada, dela caberá recurso administrativo.
Salvo disposição legal específica, é de dez dias o prazo para interposição de recurso administrativo,
contado a partir da ciência ou divulgação oficial da decisão recorrida.
Na fase recursal, o recurso será dirigido à autoridade que proferiu a decisão, a qual, se não a
reconsiderar no prazo de cinco dias, o encaminhará à autoridade superior.
NA PRÁTICA
Vamos retomar aos casos hipotéticos que vimos lá no início da aula:
1. O senhor Natalino se envolveu em um acidente de trânsito, no qual um Fiat 147 abalroou o
seu Fusca 1984 na traseira. No dia dos fatos, o motorista, senhor Alberto, disse ao seu Natalino que
não teve culpa da batida, já que o Fusca estava andando de maneira muito lenta, e que o seu Fiat é
um item de colecionador, razãopela qual ele deveria arcar com os custos do reparo de ambos os
carros. Revoltado com a situação, Natalino se dirigiu ao Juizado Especial Cível de sua cidade e foi
informado de que deveria procurar advogado para dar entrada na ação, já que o processo agora é
eletrônico. Nesse caso, agiu certo o servidor do Juizado Especial?
Com certeza, não! Nesse caso, o senhor Natalino poderá explicar seu caso ao servidor, que o
reduzirá a termo, dando andamento no meio digital, bem como, digitalizando e juntando aos autos
os documentos necessários.
2. Maria Catarina completou 60 anos de idade e gostaria de dar entrada em seu pedido de
aposentadoria. Para isso, reúne a documentação e se dirige à agência do INSS mais próxima de sua
casa. Lá, é informada que deverá ligar no número de telefone 135 para agendar o atendimento ou
dar entrada pelo site “Meu INSS”. Como ela não está acostumada com o uso da internet, prefere dar
entrada no processo administrativo presencialmente. Nesse caso, pode Maria Catarina escolher a
forma de tramitação de seu processo administrativo?
Sim! A senhora Maria Catarina poderá escolher a forma de ingresso do seu processo
administrativo perante o INSS, que é uma autarquia Federal, por expressa disposição legal. Contudo,
a tendência é que todos os processos sejam digitalizados e que, em breve, tenhamos apenas
processos administrativos em formato digital.
FINALIZANDO
Chegamos ao final da nossa aula sobre o processo administrativo nos diversos âmbitos.
Destacamos nesta aula que o processo eletrônico não é exclusividade do Poder Judiciário, sendo
cada vez mais comum em todo o âmbito da Administração Pública, especialmente nos processos
administrativos federais, que possuem regulamentação própria.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei 7.244, de 7 de novembro de 1984. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/1980-1988/l7244.htm. Acesso em: 17 fev. 2022.
_____. Constituição Federal de 1988. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm. Acesso em: 17 fev. 2022.
_____. Lei 9.099, de 26 de setembro de 1995. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/LEIS/L9099.htm. Acesso em: 17 fev. 2022.
 II – nas causas, qualquer que seja o valor
a) de arrendamento rural e de parceria agrícola;
b) de cobrança ao condômino de quaisquer quantias devidas ao condomínio;
c) de ressarcimento por danos em prédio urbano ou rústico;
d) de ressarcimento por danos causados em acidente de veículo de via terrestre;
e) de cobrança de seguro, relativamente aos danos causados em acidente de veículo, ressalvados
os casos de processo de execução;
f) de cobrança de honorários dos profissionais liberais, ressalvado o disposto em legislação
especial;
g) que versem sobre revogação de doação;
h) nos demais casos previstos em lei.
[1]

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