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01 - NARRATIVAS MULTIMIDIÁTICAS

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DESCRIÇÃO
Modos de aquisição da informação digital. Formatos, características, hipermídia (hipertexto) e
tempo real. Aspectos teóricos do jornalismo online. Rotinas de produção e circulação
informacional, curadoria digital, curadoria de conteúdos especializados e fact-checking no
jornalismo online.
PROPÓSITO
Refletir sobre as narrativas multimidiáticas no processo construtivo e tráfego da informação no
jornalismo online e perceber como os processos de curadoria, vinculados à comunicação
digital, contribuem para sua atuação como profissional da comunicação diante dos desafios
contemporâneos.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Identificar conceitos relativos à produção de informação digital
MÓDULO 2
Identificar aspectos teóricos do jornalismo online
MÓDULO 3
Reconhecer o processo de curadoria de conteúdo para jornalismo online
Fonte: Rawpixel.com/Shutterstock
INTRODUÇÃO
A presença das mídias digitais não pode mais ser classificada como algo à parte de nossa
vivência cotidiana. Ao contrário, em quaisquer espaços, circunstâncias e momentos, estamos
em contato com alguma maneira de consumo de informações digitais. Nesse contexto, o que
precisamos entender, para sair da mera posição de receptor, é como são feitas as narrativas
multimidiáticas que chegam até nós.
Em outros termos, precisamos investigar quais as relações entre a informação digital e o
hipertexto, quais são os aspectos teóricos que predominam no debate histórico e atual sobre
jornalismo online e, não menos importante, reconhecer como os processos de curadoria de
conteúdo facilitam a vida de todas as pessoas que “habitam” o mundo digital contemporâneo.
MÓDULO 1
 Identificar conceitos relativos à produção de informação digital
O cenário comunicacional está passando por inovações tecnológicas que acompanham nossa
rotina no trabalho, na faculdade e nas relações sociais mais diversas. Entender como a
informação digital é composta (em termos de fonte e legitimidade) torna-se crucial para
produzir uma narrativa multimidiática de qualidade. Da mesma maneira, ao entender que
atualmente a cultura da mobilidade nos meios de comunicação é um dado concreto, também é
importante debater sobre quais características e formatos de informação digital estamos a
tratar.
FORMAS DE AQUISIÇÃO DIGITAL: FONTES
E LEGITIMIDADES
No universo fragmentado e complexo da comunicação digital, assim como em todas as práticas
de comunicação on e off que se pressupõe serem sérias, críveis e éticas, é muito
importante saber quais são as formas de aquisição da informação.
Fonte: Max Engine/Shutterstock
Fonte: Skocko/Shutterstock
FONTE
Processo de busca, checagem e manutenção das fontes
LEGITIMIDADE
Construção diária da legitimidade
Nesse sentido, uma fonte pode ser uma pessoa, publicação ou um registro ou documento que
forneça informações oportunas a respeito de um assunto.
EXEMPLOS
EXEMPLOS
Podem ser descritos a partir dos registros oficiais, das publicações impressas,
radiofônicas, televisivas e dos portais de jornalismo ou transmissões online, de
funcionários do governo ou de empresas, de organizações ou corporações, de
testemunhas de crimes, acidentes, outros eventos, e pessoas envolvidas ou afetadas por
um evento que seja digno de se tornar notícia.
De acordo com Saad (2015) e Horn e Soulage (2019), há uma infinidade de fatores que tendem
a condicionar a aceitação de fontes como confiáveis e legítimas no universo das informações
online. Mas, como fator principal, espera-se que os repórteres e os outros comunicadores
desenvolvam e cultivem fontes com muita checagem, especialmente se cobrirem regularmente
um tópico específico.
No processo de aquisição digital, como no jornalismo de modo geral, a busca pelas fontes deve
ser uma atividade cautelosa. Uma prática comum às outras modalidades de jornalismo é cruzar
informações com outras fontes - principalmente, mas não somente - quando o assunto é
controverso.
javascript:void(0)
Fonte: GaudiLab/Shutterstock
Por outro lado, há algumas décadas, a “confiança" nos meios de comunicação de massa
tradicionais basicamente balizava a legitimidade de qualquer informação.
Ainda que algumas dessas informações pudessem ser veiculadas com qualquer erro,
imprecisão ou descuido, mesmo assim a legitimidade do conteúdo informacional e de seus
produtores permaneceu inabalada por muitos anos.
Fonte: Sdecoret/Shutterstock
Atualmente, com as informações digitais tomando conta do palco central, somos muito mais
móveis e a comunicação digital é quase onipresente. Nessa situação, em que a flexibilidade
é necessária e a incerteza é abundante, a confiança naquilo que se consome é mais
importante do que nunca.
Os mercados de mídia estão saturados e são altamente competitivos. Na chamada economia
da atenção, em que a atenção das pessoas é disputada e monetizada (transformada em
dinheiro), o tempo que as pessoas passam lendo ou vendo conteúdo está intimamente ligado à
receita financeira.
Saber lidar com notícias falsas é importante, mas não dá conta do questionamento da
legitimidade das informações digitais perante o público. Afinal, a democracia depende do
acesso dos cidadãos a fontes de informação precisas e confiáveis para fazer julgamentos
sobre como devem ser governados.
Fonte: totojang1977/Shutterstock
Fonte: R.classen/Shutterstock
A legitimidade, a objetividade e a imparcialidade são pilares evidentes da construção
noticiosa, mas, ainda assim, todas as produções do campo comunicacional são demarcadas
por posições ideológicas indissociáveis da prática jornalística. Ou seja, o próprio ato de
escolher determinada informação de uma fonte e não de outra, ou mesmo o recorte analítico,
narrativo e discursivo que dará o tom dessa informação é perpassado por escolhas ideológicas.
Vamos entender um pouco mais sobre:
LEGITIMIDADE NO AMBIENTE DA AQUISIÇÃO DE
INFORMAÇÃO DIGITAL
Está relacionada ao que se pode chamar de conhecimento justificado.
Não se trata de um conhecimento tido como legítimo em si, cuja competência
corresponderia a cada sujeito individualmente, como observam Ferrari e Fernandes
(2014).
É um processo de construção árduo e contínuo que envolve um “reconhecimento social”
do discurso do conhecimento como portador de um conteúdo verdadeiro.
Está conectada ao reconhecimento da autoridade de quem a pronuncia, isto é, um
reconhecimento do que é legítimo e que parte tanto do público quanto dos próprios pares
de profissão (os jornalistas, os comunicadores, outros veículos de comunicação etc.).
Fonte: Kaspars Grinvalds/shutterstock
FORMATOS, CARACTERÍSTICAS,
HIPERMÍDIA
(HIPERLINK ) E TEMPO REAL
Uma variedade de formatos de informação digital pode ser representada no contexto das
narrativas mulitimidiáticas: imagens, filmes, texto, som, animação, infográficos etc.
A versatilidade dos sistemas de informação modernos decorre de sua capacidade de
representar informações eletronicamente como sinais digitais e de manipulá-las
automaticamente em velocidades extremamente altas. As informações são armazenadas em
dispositivos binários, que são os componentes básicos da tecnologia digital.
Fonte: Mongta Studio/Shutterstock
DISPOSITIVOS BINÁRIOS
javascript:void(0)
São dispositivos que usam o sistema binário, ou seja, trabalham apenas com dois valores
(0 e 1) como os computadores.
Fonte: Rawpixel.com/Shutterstock
De acordo com Seibt (2012), pensar o ciberespaço pela lógica binária de sua construção é
entender que a informação digital, inicialmente, é também uma formação discursiva que
permite interação, compartilhamento e maneiras de cocriação entre produção-mensagem-
recepção.
CIBERESPAÇO
O conceito de ciberespaço, trabalhado por Pierre Lévy a partir da idealização do escritor
norte-americano William Gibson, corresponde ao espaço virtual criado por uma rede de
computadores. Desse modo, o ciberespaço é um espaço virtual de comunicação e de
interação.
AS CARACTERÍSTICAS MAIS RELEVANTES
DA INFORMAÇÃO DIGITAL RELACIONAM-
SE COM:
javascript:void(0)POSICIONAMENTO NO TEMPO-ESPAÇO DO DIGITAL
Justamente por estarmos frente a uma produção de narrativas multimidiáticas, que não
necessariamente é linear, a informação digital é rapidamente reproduzível e facilmente
distribuída. Como, por exemplo:
Uma mensagem postada nas redes sociais que, quando repostada em outro lugar por
amigos, vai ganhando ressignificações por parte de comentários, curtidas, prints etc.;
Um e-mail enviado a uma lista de destinatários em um prazo muito curto demonstra como
a rapidez e a reprodutibilidade da informação digital são extremamente potentes.
PROCESSOS DE ARMAZENAMENTO DA INFORMAÇÃO
DIGITAL EM VÁRIOS LOCAIS
Um exemplo dessa característica seria quando uma foto pode ser armazenada
simultaneamente no laptop , no smartphone e na nuvem.
CRIAÇÃO E COMUNICAÇÃO AUTOMATIZADA DA
INFORMAÇÃO DIGITAL
A própria natureza “viral” da comunicação digital permite que a informação se espalhe de modo
abrangente e alcance um grande público. Isso pode tornar muito difícil saber quem recebeu as
informações ou como elas se espalharão.
Tal característica também exige que qualquer ação para minimizar os danos causados por essa
comunicação seja tomada rapidamente (ainda que nem sempre bem-sucedida).
A comunicação automatizada faz-se notar, principalmente, no universo das informações em
dispositivos móveis (como é o caso de um smartphone , que consegue sincronizar e-mails
com outro dispositivo ou algum serviço online disponível na rede).
COMPLEXIDADE DE CRIAÇÃO, MANUTENÇÃO E
REPRODUÇÃO
A informação digital tem se mostrado muito complexa: depois que itens digitais são criados,
pode ser difícil, ou até impossível, excluir permanentemente todas as cópias. Assim, essas
informações podem ser armazenadas em uma variedade de dispositivos digitais e a sua vida
online tende a ser quase “eterna”.
As possibilidades de edição e manutenção remotas são duas das características dessa
complexidade da informação digital.
Vejamos alguns exemplos de ações que podem ser realizadas remotamente:
Excluir, adicionar ou editar informações armazenadas em um dispositivo digital ou uma
página da web.
Acessar os serviços de localização de um dispositivo para encontrar sua localização
específica.
Ligar a câmera da web de um dispositivo e usá-la para gravar ou participar de eventos,
aulas, trabalhos e reuniões remotamente (como foi o caso, na maioria das vezes, dos
processos de comunicação durante a pandemia de COVID-19).
Fonte: Mrmohock/Shutterstock
Nessa realidade não linear, hipermídia e hiperlink tornam-se elementos centrais para a
compreensão da informação digital na contemporaneidade. Assim, desde os primórdios da
internet, nosso cérebro também tem aprendido a acessar informações de forma não linear.
Como as notas de rodapé ou notas tradicionais em um livro impresso, os hiperlinks digitais,
que encontramos ao longo do dia, interrompem um fluxo linear de leitura, redirecionando
instantaneamente nossa atenção para outra fonte de informação.
Esses diversos tipos de mídia, interligados e acessados não linearmente, são chamados de
hipermídia. A internet é essencialmente um universo composto de uma miríade de documentos
hipermídia interagindo entre si e mobilizados apenas pelo clique de cada pessoa.
Podemos entender hipermídia como um conjunto interconectado de imagens, sons e textos
disponíveis em uma única página. Grande parte dos sites noticiosos utiliza esse método para
passar sua informação nos meios digitais, já que, no campo das narrativas midiáticas, a
hipermídia é considerada a melhor maneira de transmitir as informações para o público.
Fonte: Rawpixel.com/Shutterstock
 COMENTÁRIO
O hipertexto, por sua vez, constitui-se de escritas associadas não sequenciais, conexões
possíveis de se seguir, oportunidades de leitura em diferentes direções. (LEÃO, 1999)
Na relação do hipertexto com a hipermídia, podemos entender que o conceito de hipermídia
ultrapassa a noção de hipertexto, já que traz, para além do texto em si, outras formas de
informação digital que transitam pela sensorialidade visual e sonora.
O termo hiperlink está intimamente relacionado com a hipermídia, pois grande parte da
internet consiste em páginas da web, escritas principalmente em Hypertext Markup Language
(HTML). Ou seja, hiperlinks (na lógica de “hiperligações”) são os conhecidos links que
facilitam o processo de navegação na rede, possibilitando conexões de um lugar a outro (seja
de um texto jornalístico na edição digital de uma revista para uma rede social, seja de um portal
noticioso para um documento publicado em um site governamental).
Dentro de uma página existem conteúdos hiperlinkados , como os gráficos, os vídeos e os
arquivos de música, ou seja, elementos hipermidiáticos à disposição do consumidor da
informação digital.
Fonte: HowLettery/Shutterstock
Fonte: Rawpixel.com/Shutterstock
O uso de redes sociais está diretamente vinculado à produção de informação digital em tempo
real. Os dados em tempo real são a chave para impulsionar a inovação e a estratégia de
negócios que lidam com o campo da informação digital.
Os dados em tempo real referem-se ao desempenho, à disponibilidade e à resiliência da
informação digital em termos de pervasividade, isto é, a capacidade de conseguir chegar a
todos os espaços disponíveis na internet. Obter dados em tempo real significa, acima de tudo,
que o acesso à informação digital é sempre rápido e ininterrupto, e que os serviços prestados
ao consumidor desses materiais estarão sempre ativos e conectados.
Se o jornalismo em tempo real trouxe agilidade à circulação de notícias, também trouxe o
risco da falta de tempo para sua maturação e checagem. Entenda um pouco mais dos aspectos
práticos dessa discussão no vídeo a seguir.
MOBILE
Em decorrência dessas narrativas multimidiáticas não lineares, estamos mais do que nunca
engajados no universo online, especialmente quando se trata de consumir notícias. Por isso,
não é de se espantar que exista uma prevalência de smartphones ordinariamente presentes
na vida das pessoas.
Essa presença estimula e promove o consumo, bem como provoca a reação dos consumidores
diante das últimas notícias recebidas em tempo real por meio dos dispositivos. Daí a importante
afirmação de que o mobile first (“primeiro de tudo, a mobilidade”) veio para transformar as
rotinas de produção jornalística, o que se mostra fiel à realidade prática (CAMARGO, 2016).
Fonte: JoeyCheung/Shutterstock
MOBILE FIRST
O conceito de mobile first , no webdesign, significa que o foco de qualquer projeto
online (não apenas aplicativos, mas também sites e qualquer projeto para web) são os
dispositivos móveis. Isso porque se constatou que esses dispositivos são a principal
ferramenta de acesso à internet.
As relações entre os produtores da informação e os receptores passam por uma verdadeira
revolução no universo digital:
javascript:void(0)

REPÓRTER, LEITOR E ATÉ MESMO FONTES TÊM AO
ALCANCE PRATICAMENTE O MESMO TIPO DE
RECURSO PARA A GERAÇÃO, A TRANSMISSÃO E O
CONSUMO DE CONTEÚDO, DESAFIANDO O
JORNALISMO TRADICIONAL A CRIAR ESTRATÉGIAS
PARA SE DIFERENCIAR NESSE ESPAÇO, QUE MUDA
OS TEMPOS, OS LOCAIS E OS SUPORTES DE
PRODUÇÃO JORNALÍSTICA.
(SEIBT, 2012)
Exemplos da presença do digital no mobile , já considerados banais no cotidiano, estão no
jeito como a nossa comunicação móvel acontece pelo celular, pelo tablet e pelo computador
conectados ao wi-fi quando estamos batendo papo com um amigo, enviando mensagens
profissionais, usando as redes sociais para nos atualizarmos, acessando sites noticiosos etc.
O jornalismo móvel é uma maneira emergente de contar histórias reais por meio das novas
mídias. Nesse contexto, os repórteres usam dispositivos eletrônicos portáteis com
conectividade de rede para reunir, editar e distribuir notícias de sua comunidade.
Esses repórteres, às vezes conhecidos pela expressão em inglês mojo (mobile journalist , ou
jornalista móvel), são profissionais que necessariamenteusam câmeras digitais e filmadoras,
laptops , smartphones ou tablets e todos os tipos de gadgets (Dispositivos eletrônicos
portáteis) para colocar a informação no ar. Algumas características que reafirmam a
importância do mobile no digital estão relacionadas à acessibilidade, à portabilidade, à
rapidez e à facilidade que o acesso à informação digital fornece para a sociedade.
javascript:void(0)
Fonte: ROMSVETNIK/Shutterstock
MOJO
A expressão mojo também é usada para falar da atividade em si, o Mobile Journalism,
ou “jornalismo móvel”.
Como uma tendência crescente do jornalismo online, os produtores de informação digital
começam a se atentar para o fato de que os indivíduos/receptores estão tuitando , tirando e
procurando fotos, fazendo streaming de vídeo e acessando constantemente sites de mídia,
ávidos pelas últimas atualizações.
A produção de informação digital em tempo real traz um desafio aos editores de notícias, que
precisam se certificar de que estão acompanhando como as informações são acessadas e
compartilhadas de modo online.
 EXEMPLO
A necessidade de não perder um minuto sequer tem feito com que muitas empresas de mídia
comecem a envolver seus leitores, telespectadores e usuários no processo de construção do
jornalismo online. Um exemplo disso é o “VC no G1”, do Grupo Globo, que traz dezenas de
canais colaborativos para que as pessoas possam mandar suas fotos e vídeos por e-mail,
formulários, aplicativos de mensagens, telefone etc.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. QUAL GRUPO DE CARACTERÍSTICAS ABAIXO CORRESPONDE A
CONCEITOS ESSENCIAIS PARA PENSAR A PRODUÇÃO DE
INFORMAÇÃO DIGITAL ATUAL?
A) Multimídia, hipermídia, mobilidade, não linearidade.
B) Transdisciplinaridade, multimidialidade, alta definição e velocidade.
C) Cibercultura, fake news , fraude e legitimidade.
D) Hiperlink , pixel, curadoria e redes sociais.
2. A LEGITIMIDADE PODE SER CONSIDERADA UM DOS PILARES DA
CONSTRUÇÃO DA INFORMAÇÃO OU DA NOTÍCIA. CONSIDERANDO QUE
A LEGITIMIDADE, NO CONTEXTO DE AQUISIÇÃO DAS INFORMAÇÕES
DIGITAIS, É MUITO IMPORTANTE, PODEMOS DIZER QUE ELA ESTÁ
LIGADA DE FORMA DIRETA:
A) Exclusivamente à tradição do veículo que disponibiliza a informação digital, já que o tempo
de existência do veículo importa mais que a veracidade da notícia.
B) Ao processo de reconhecimento apenas dos pares, isto é, entre os jornalistas de veículos
exclusivamente online.
C) Ao reconhecimento social por parte do púbico e dos pares da profissão, que avaliam o
discurso e a autoridade que o pronuncia.
D) Ao reconhecimento exclusivo dos assinantes, que se posicionam de maneira acrítica frente
aos conteúdos digitais que consomem.
GABARITO
1. Qual grupo de características abaixo corresponde a conceitos essenciais para pensar
a produção de informação digital atual?
A alternativa "A " está correta.
Como as narrativas informacionais digitais vão além do texto e podem ter imagens, som,
vídeos, entre outros recursos, é importante refletir sobre seu aspecto multimídia. A hipermídia e
a não linearidade são conceitos que dialogam entre si, já que as conexões de hiperlink levam
a outros recursos, páginas, notícias, narrativas etc., quebrando a linearidade a que se está
acostumado ao tratar de textos simples. A mobilidade é relativamente nova, mas cada vez mais
importante, uma vez que os dispositivos móveis (em contraposição ao computador) passaram a
ser o principal meio de acesso à web.
2. A legitimidade pode ser considerada um dos pilares da construção da informação ou
da notícia. Considerando que a legitimidade, no contexto de aquisição das informações
digitais, é muito importante, podemos dizer que ela está ligada de forma direta:
A alternativa "C " está correta.
A legitimidade é uma espécie de conhecimento justificado. Logo, ela passa pelo
reconhecimento social de quem lê e de quem também atua na produção noticiosa. O foco de
análise da legitimidade recai sobre o discurso proferido e a competência de quem o proferiu.
MÓDULO 2
 Identificar aspectos teóricos do jornalismo online
CATEGORIAS ESSENCIAIS
Neste módulo, vamos aprofundar as discussões prévias sobre os modos de produção e
aquisição da informação digital, identificando caminhos de leitura que mostram como a matéria-
prima do jornalismo, a informação, é tratada e distribuída na rotina de produção jornalística.
Além disso, vamos verificar como a mobilidade, a ubiquidade e as outras características
próprias do jornalismo online interferem na circulação informacional da comunicação digital,
que é atravessada por rupturas, continuidades, potencializações e experiências de uso.
Fonte: Metamorworks/Shutterstock
O jornalismo online, também conhecido como jornalismo digital, ciberjornalismo ou
webjornalismo, é uma forma contemporânea de jornalismo em que o conteúdo editorial é
distribuído pela internet, em oposição à publicação por meio de impressão ou de transmissão.
Ainda há muito debate, por parte dos pesquisadores, sobre o que constitui o jornalismo digital;
entretanto, o produto essencial do jornalismo são as notícias e reportagens sobre assuntos
atuais, apresentadas isoladamente ou em combinação com texto, áudio, vídeo e,
possivelmente, formas interativas pela gamificação.
Para pensar as potencializações do ciberjornalismo, é necessário entender que, atualmente,
ele é formatado por seis categorias essenciais (PALACIOS, 2003 e TRÄSEL, 2017):
1. Multimidialidade/Convergência
2. Interatividade
3. Customização do Conteúdo/Personalização
4. Memória
5. Instantaneidade/Atualização Contínua
6. Ubiquidade
Träsel (2017) reatualiza as cinco primeiras categorias propostas por Palacios ao trazer a
ubiquidade como um elemento que, por excelência, é um dos maiores propulsores da
potencialização das narrativas multimidiáticas no jornalismo online. Para o autor, a ubiquidade -
pensando, também, na afirmação de que o mobile no digital tem sido uma presença
inquestionável - faz com que as interações se multipliquem consideravelmente.
UBIQUIDADE
Corresponde à possibilidade de se estar em diversos lugares ao mesmo tempo, o que se
tornou possível de modo virtual com as tecnologias digitais.
 EXEMPLO
Exemplos disso podem ser vistos quando as pessoas conseguem acessar e reagir às notícias
via redes sociais a qualquer momento, em qualquer lugar. Por sua vez, os smartphones
conectados às redes 3G e 4G permitem a repórteres enviar fotos e vídeos de alta qualidade em
tempo real para as redações, potencializando a multimidialidade e a instantaneidade.
ROTINAS DE PRODUÇÃO E CIRCULAÇÃO
INFORMACIONAL
As produções do jornalismo online demonstram que, de certa maneira, a internet democratizou
o fluxo de informações, antes controlado pela mídia tradicional, incluindo jornais, revistas, rádio
e televisão. Porém, a mensagem jornalística realizada no universo digital, como toda forma de
produção comunicacional profissional, não está apenas sob o controle criativo do jornalista,
mas também do editor e do próprio veículo.
javascript:void(0)
Fonte: Stuart Miles/Shutterstock
A partir das rotinas de produção da informação digital, destaca-se como a pressão exercida
sobre os profissionais da comunicação é complexa e peculiar em relação às rotinas de trabalho
de veículos considerados mais tradicionais.
Entretanto, em tempos de convergência digital, os veículos atuam no continuum do on e off
e, assim, o jornalismo digital também perpassa meios de comunicação mais tradicionais.
Basta ver como os portais noticiosos complementam ou são a fonte primária de muitas
informações exibidas na TV e no rádio.
O quadro a seguir resume como a rotina de produção jornalística no mundo digital tende a
gerar muita pressão aos profissionais que atuam com demandas de celeridade e de circulação
informacional imediata:
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
ROTINA FOCO/FUNÇÃO EXIGÊNCIAS/TAREFAS TEMPO
PAUTA
Sugerir e
descobrir histórias
Pesquisar dados
Criatividade
Inovação
ImediatoInterpretar e
contextualizar
fatos
Relatar
Atualização
Habilidade de
seleção e
interpretação de
fatos
APURAÇÃO
Selecionar
Entrevistar
Produzir texto,
imagem, vídeo e
áudio
Seleção de fontes
Seleção de
personagens
Seleção de
documentos
Seleção de dados
Precisão
Persistência
Atualização
Prévio
Imediato
VERIFICAÇÃO
Comparar
Analisar
Checar
Precisão
Paciência
Capacidade de
contextualização
Imediato
REDAÇÃO
Escrever o texto
jornalístico
Determinar
formato da notícia
Inserir
texto/imagem/som
Colocar
links /tags
Editar
Criatividade
Clareza
Conhecimento das
normas de
redação
Conhecimento das
normas de
indexação
Prévio
Imediato
Posterior
EDIÇÃO
Corrigir
Adequar
Redigir
Inserir
texto/imagem/som
Colocar links
Editar e formatar
a notícia
Capacidade de
contextualização
Conhecimento das
normas de
redação e da
política
organizacional
Atualização
Imediato
Posterior
PUBLICAÇÃO
Adequar o texto
às normas de
redação
Criatividade Prévio
Imediato
Publicar no site
e nas redes
sociais
Conhecimento das
normas de
redação
Atualização
Conhecimento de
edição
Senso comum e
senso político
Preocupação com
o futuro
Conhecimento de
sites e de redes
sociais
Posterior
Quadro 1: Focos de pressão sobre o webjornalista/Fonte: Fernandes; Jorge (2017)
A ideia da notícia como um relato factual, acessado pela leitura ou pela visualização, agora é
acompanhada pela notícia como uma narrativa baseada na necessidade de compreensão da
rotina de produção jornalística. Uma rotina envolvida, sobremaneira, na aquisição, na
processualidade e no rigoroso critério de seleção de informações digitais em grandes bancos
de dados.
Fonte: G-Stock Studio/Shutterstock
A crescente complexidade do trabalho jornalístico exige uma abordagem de equipe e de rotinas
profissionais diferentes daquelas do passado: dados e fatos são, agora, um ponto de partida
para jornalistas produzirem informações que circulam no cenário digital.
Conforme apontam Fernandes e Jorge (2017), a temporalidade da produção é completamente
diversa à de veículos tradicionais:
"Como comparação entre o tempo na produção da notícia na web e em outras mídias,
constata-se que no impresso, por exemplo, o intervalo entre as edições do jornal é de um dia.
Nas programações de TV e rádio, também existem intervalos comerciais e com transmissão de
outras atrações. Na web, é difícil imaginar o intervalo existente entre a veiculação de notícias."
(FERNANDES; JORGE, 2017)
Ao mesmo tempo, a circulação informacional está intimamente ligada, também, aos processos
de rentabilidade colocados em cena quando o jornalismo e as práticas profissionais digitais
colidem na rede.

LONGE DE UMA VISÃO DUALISTA SOBRE A
CIRCULAÇÃO COMUNICACIONAL, COMO SE FOSSE
DIVIDIDA ENTRE CIRCULAÇÃO DE SENTIDOS E
CIRCULAÇÃO DO CAPITAL, O QUE HÁ É UMA
IMBRICAÇÃO E UMA ARTICULAÇÃO DESSAS
DIMENSÕES.
(GROHMANN, 2020)
Vejamos como essas relações operam em outras duas mídias:
Fonte: Impact Photography/Shutterstock
No jornal impresso, é possível conhecer a tiragem, as vendas, mas elas dizem respeito a
todas as matérias daquele veículo, e não necessariamente os leitores acompanharam todas as
notícias do jornal. Pode-se, ainda, medir a repercussão de alguma reportagem pontual na
seção dos leitores, mas, de maneira geral, qualquer medição será bem menos apurada do que
no meio digital.
Fonte: Gorodenkoff/Shutterstock
Na televisão, cujo controle de audiência é mais facilmente monitorado do que em publicações
impressas, informações e notícias passam por uma pressão similar à informação online. Os
pontos do “Ibope” pressionam na TV, assim como cliques pressionam na internet. E a audiência
é sinônimo de retorno financeiro.
A circulação discursiva, a circulação da cultura e a circulação do capital se encontram, cada
uma a seu modo, nos processos comunicacionais.
Braga (2012) prefere discutir a circulação informacional por um viés que privilegia o processo
de interações comunicativas, algo que, no campo do jornalismo online, torna-se ainda mais
exponencial. Pensar a comunicação e, por extensão, discuti-la em seu aspecto digital é refletir
sobre um fluxo incessante de ideias, informações, injunções e expectativas que circulam
em formas e reconfigurações sucessivas.
Tanto na rotina de produção jornalística quanto nas circulações possíveis da informação digital,
o jornalismo online mostra que os processos de produção e de consumo se atualizam nas
trocas interativas entre produtores e receptores da comunicação.

ASSIM, TRATA-SE DE PENSAR COMO OS SENTIDOS
SÃO CONSTRUÍDOS MEDIANTE PRÁTICAS
CULTURAIS E PODEM SER COMPARTILHADOS, ISTO
É, CIRCULADOS EM VARIADOS PROCESSOS E
PRÁTICAS.
(GROHMANN, 2020)
RUPTURA X CONTINUIDADE
A comunicação digital, como marco referencial entre mídias impressas, eletrônicas ou
analógicas versus binárias conectadas em rede, representa uma ruptura no cenário
jornalístico. Já sabemos que mudanças tecnológicas rápidas e regulares alteraram a maneira
como os profissionais se comunicam de forma disruptiva, por isso o que entenderemos agora é
como o jornalismo online caminha por entre etapas e processos que não necessariamente são
integralmente novos. Em outras palavras, o jornalismo online age tanto pela continuidade de
antigas práticas como pela potencialização de novos jeitos de se fazer comunicação.
Em termos de ruptura, a digitalização do mundo foi acompanhada por mudanças na maneira
como as pessoas se comunicam.
Fonte: Metamorworks/Shutterstock
Pense no advento dos smartphones , por exemplo, que revolucionaram o nosso cotidiano e o
modo como falamos ao telefone, enviamos mensagens de texto e navegamos na rede.
Fonte: BrAt82/shutterstock
TECNOLOGIA ANALÓGICA

Fonte: Tsyhun/shutterstock
TECNOLOGIA DIGITAL
A diferença entre as tecnologias digitais e as baseadas nos princípios analógicos prévios é
inquestionável, tanto do ponto de vista da produção quanto do recebimento de informação.
Formas de comunicação ágil e conectada - geralmente por meio de mídia social, inteligência
artificial ou programas de chat -, tendem a demonstrar como as práticas de produção
jornalística vêm se alterando em um curto espaço de tempo.
De igual modo, dispositivos móveis, mídia social, big data , análise preditiva e smartphones
são termos correspondentes ao entendimento das rupturas que demarcam o campo do
jornalismo online.
BIG DATA
É o imenso banco de dados gerados na internet, composto de informações que
fornecemos diariamente e que podem ser usadas em análises para os mais diversos fins,
de humanitários a publicitários.
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ANÁLISE PREDITIVA
Conjunto de técnicas de análise de dados, envolvendo o big data e a inteligência
artificial, e que busca prever tendências e influências.
Entretanto, como recorda Saad (2015), só é possível pensar em gestão de processos de
ruptura se uma organização - no caso, grupos de comunicação ligados à produção de
jornalismo online -, conseguir implementar o monitoramento contínuo e sistematizado do
ambiente no qual as informações digitais são veiculadas.
Já ao tratar as continuidades, estamos falando das formas pelas quais o jornalismo online não
apenas relê determinadas práticas tradicionais de construção noticiosa, como, indo além,
consegue demonstrar a importância de tais práticas atualmente.
 EXEMPLO
A multimidialidade do jornalismo na web é certamente uma continuidade, se considerarmos
que na TV já ocorre uma conjugação de formatos midiáticos (imagem, som e texto). No
entanto, é igualmente evidente que a web , pela facilidade de conjugação dos diferentes
formatos, potencializa essa característica. (PALACIOS, 2003)
Outro ponto válido de discussão sobre as continuidades assenta-se sobre o terreno da
memória e sua relação com o ciberjornalismo, mais precisamente em termos de acumulação
de informações diretamente disponíveis ao usuário e ao produtor da informação digital.
Assim comojá faziam as produções noticiosas da TV e do jornalismo impresso, o papel da
memória é relevante para entender como as práticas de rotinas de produção são reatualizadas
no presente.
Fonte: Fonte: Kaspars Grinvalds/Shutterstock
 Forte em Saint Tropez ao por do sol
Diferentemente dos suportes anteriores, na produção jornalística online, a memória não é mais
um complemento informativo; ao contrário, é uma fonte noticiosa direta que se aciona.
Segundo Palacios (2003), é virtualmente impossível produzir-se jornalismo numa situação
de rede, sem recurso contínuo e sistemático à memória coletivamente produzida.
No vídeo a seguir, o professor Anderson Lopes relembra alguns elementos do
webjornalismo e das narrativas digitais estudados até aqui.
USABILIDADE, PERSONALIZAÇÃO E
OUTROS CONCEITOS
USABILIDADE
A usabilidade substituiu a expressão dos anos 1990, atualmente em desuso, de que algo no
universo digital é “amigável ao usuário” (user-friendly ) em termos de acesso, interface e uso
propriamente dito. A usabilidade ainda se mostra como um conceito em construção e à procura
de uma definição consensual.
Fonte: Hafakot/Shutterstock
Diferentes abordagens sobre o que torna um produto ou um site bem "utilizável" pelo aspecto
da usabilidade fragmentavam-se entre diferentes olhares:
VISÃO DO PRODUTO
O foco aqui é no produto, muitas vezes em seu design , por exemplo o design ergonômico,
como um teclado curvo.
PONTO DE VISTA DO USUÁRIO
Quanto trabalho e satisfação/frustração o usuário vai experimentar com o uso do produto.
DESEMPENHO DO USUÁRIO
A visão do desempenho do usuário, que envolve a facilidade de uso do produto, se for para ser
usado no mundo real.
Pode-se afirmar que usabilidade, em termos gerais, refere-se à facilidade de acesso ou uso de
um produto ou um site . É uma subdisciplina do design da experiência do usuário (ou
UXD (User eXperience Design) ).
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Nesse sentido, um projeto não é utilizável ou inutilizável por si mesmo; seus recursos,
juntamente com o usuário, o que o usuário deseja fazer com ele e o ambiente do usuário na
execução de tarefas, determinam seu nível de usabilidade.
Com o intuito de sintetizar algumas das reflexões sobre esse assunto, trazendo-as para o
campo da comunicação digital, podemos dizer que uma interface com boa usabilidade tem três
resultados principais:
PRIMEIRO RESULTADO
SEGUNDO RESULTADO
TERCEIRO RESULTADO
Deve ser fácil para o usuário familiarizar-se e ser competente no uso da interface no primeiro
contato com o site . Se considerarmos um bom site de um agente de viagens, o usuário deve
ser capaz de passar pela sequência de ações para reservar uma passagem rapidamente, por
exemplo.
Deve ser fácil para o usuário atingir seus objetivos usando o site . Se um usuário tem o
objetivo de reservar um voo, por exemplo, um bom design o guiará pelo processo mais fácil
para comprar a passagem.
Deve ser fácil para o usuário lembrar-se daquela interface e saber como usá-la nas visitas
subsequentes. Portanto, um bom design , novamente empregando o site do agente de
viagens como exemplo, significa que o usuário deve aprender a utilizar o site na primeira vez
e reservar uma segunda passagem com a mesma facilidade.
PERSONALIZAÇÃO
Por uma via similar de entendimento, a personalização está ligada aos processos de
customização de conteúdo. No caso específico do jornalismo online, há autores que
entendem a personalização como individualização de consumo em um alto nível de
segmentação.
A personalização de conteúdo, de acordo com Palacios (2003), consiste na opção oferecida
ao usuário para configurar os produtos jornalísticos de acordo com os seus interesses
individuais.
Fonte: Rawpixel.com/Shutterstock
Os conteúdos digitais são mais agradáveis quando se alinham com nossas crenças, nossos
gostos, objetivos e interesses. Por isso, no campo da comunicação digital, os sites intentam
personalizar as mensagens o máximo possível para despertar seu interesse e fazer com que
você se inscreva em um boletim informativo, compre um produto ou experimente uma
demonstração. Mas não se trata apenas de mensagens; ao contrário, no campo do jornalismo
online, a personalização de conteúdo trata de personalizar toda a experiência do usuário.
A personalização de conteúdo é uma estratégia que depende dos dados do visitante para
entregar conteúdo relevante com base nos interesses e nas motivações do público.
Como lembra Palacios (2003), há sites de notícias que permitem a pré-seleção e a
hierarquização de assuntos, assim como a escolha de formato de apresentação visual
(diagramação). Ao ser acessado o site, a página de abertura é carregada atendendo a padrões
previamente estabelecidos, aqueles escolhidos pelo usuário.
OUTROS CONCEITOS
Por fim, mais do que disponibilizar a possibilidade de personalização, compete, ainda, ao
ciberjornalismo explicitar ao usuário o que ele tem de possibilidades à frente dos olhos e dos
cliques.
Cada leitor/usuário de portais noticiosos online responde, de maneira distinta, a diferentes tipos
e graus de personalização, portanto, é responsabilidade do comunicador digital, e de toda uma
equipe focada em UX, descobrir quais os pontos fracos e fortes que promovem engajamento
da audiência a partir da personalização de conteúdo.
UX
User eXperience , experiência do usuário
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. AS ROTINAS DE PRODUÇÃO DO JORNALISMO ONLINE TRAZEM
MUITA PRESSÃO PARA A VIDA DO JORNALISTA E DE TODOS OS
PROFISSIONAIS DA COMUNICAÇÃO ENVOLVIDOS NESSE PROCESSO,
IMPACTANDO A PRODUÇÃO DA NOTÍCIA. CONFORME VISTO NESTE
MÓDULO, UM DOS GRANDES RESPONSÁVEIS POR ESSA PRESSÃO É:
A) A falta de experiência de jornalistas iniciantes na redação, isto é, os chamados “focas”, que
ainda estão aprendendo os códigos éticos da profissão.
B) A falta de intervalo na veiculação noticiosa, que é contínua, ao contrário do jornalismo
impresso, da TV e do rádio, onde é possível ter outra temporalidade produtiva.
C) A falta de atenção dos editores-chefes no momento de supervisionar o trabalho cotidiano
dos webjornalistas.
D) A falta de expectativa do webjornalista em relação à progressão salarial anual prevista pelo
sindicato regional ao qual esteja vinculado.
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2. PARTINDO DO PRESSUPOSTO DE QUE A USABILIDADE TRAZ O
USUÁRIO AO CENTRO DO DEBATE, PODEMOS DIZER QUE, AO SEU
LADO, OUTRA CARACTERÍSTICA MUITO IMPORTANTE AO UNIVERSO
ONLINE É A PERSONALIZAÇÃO DE CONTEÚDO. ESSA AFIRMAÇÃO
SOBRE A PERSONALIZAÇÃO INDICA QUE:
A) O usuário é secundário no processo de criação de uma experiência agradável de acesso
aos conteúdos digitais, já que o foco maior deve estar no modelo de negócio no qual a
plataforma se baseia.
B) O usuário torna-se a principal peça de observação, posto que a personalização consiste em
oferecer opções de configuração de produtos jornalísticos ao usuário de acordo com os
interesses individuais que ele manifeste.
C) O usuário é terciário, pois vem logo após o modelo de negócio e a rentabilidade concreta
das produções disponíveis no portal noticioso, isto é, a experiência do usuário é apenas um
dado de boa ou má saúde financeira da empresa jornalística.
D) O usuário é o elemento de maior importância na personalização, pois é a partir da posição
política manifestada por ele que o editor-chefe de uma redação indica qual jornalista fará
determinada matéria na ordem do dia.
GABARITO
1. As rotinas de produção do jornalismo online trazem muita pressão para a vida do
jornalista e de todos os profissionais da comunicação envolvidos nesse processo,
impactando a produção da notícia. Conforme visto neste módulo, um dos grandes
responsáveis por essa pressão é:
A alternativa "B " está correta.
A temporalidade escassa na rotina de produção dos jornalistas que atuam no webjornalismo é
um dos fatores de maior pressão. Conforme explicam Fernandes e Jorge (2017), a rotina de
trabalho, da publicação e mesmo da correção de um eventualerro na produção de notícias é
muito diferente entre as modalidades impressa, televisiva, radiofônica e digital.
2. Partindo do pressuposto de que a usabilidade traz o usuário ao centro do debate,
podemos dizer que, ao seu lado, outra característica muito importante ao universo online
é a personalização de conteúdo. Essa afirmação sobre a personalização indica que:
A alternativa "B " está correta.
O pioneiro trabalho de Palacios (2003) indica que a personalização está intimamente ligada à
importância que o usuário adquire nos processos de customização do conteúdo. Logo, os
produtos jornalísticos à disposição do usuário devem ter opções de configurações relacionadas
aos interesses de cada consumidor para que a experiência dele seja a melhor possível.
MÓDULO 3
 Reconhecer os processos de curadoria de conteúdo para jornalismo online
ECOSSISTEMA COMUNICATIVO E
INFORMAÇÃO ONLINE
O usuário, conforme vimos nos módulos 1 e 2, tem um papel preponderante no consumo da
informação digital. É nesse contexto que a figura do curador tem a difícil tarefa de produzir
“ordem no caos”, isto é, filtrar, organizar e planejar as informações digitais que transitam por
espaços descentralizados e difusos. Para complexificar ainda mais esse debate, entram em
cena as fake news .
Fonte: McLittle Stock/Shutterstock
Diante desse cenário, surge um questionamento:
Como a curadoria e o fact-checking podem agir para desmontar o emaranhado de
desinformações disponíveis no mundo online?
O termo ecossistema comunicativo surgiu dentro do espaço acadêmico voltado aos estudos
biológicos. Isto é, por definição científica, o termo ecossistema inclui os seres vivos e o
ambiente, com suas características físico-químicas e as inter-relações entre ambos.
Todavia, é a partir de um autor muito importante nos campos da comunicação, da educação e
da tecnologia que o termo ganha vida nos estudos de jornalismo online. Trata-se do semiólogo,
antropólogo e filósofo colombiano Jesús Martín-Barbero, um dos maiores nomes no contexto
da Escola Latino-Americana de Comunicação.
Fonte: Twitter
 Jesús Martín-Barbero
"A primeira manifestação e materialização do ecossistema comunicativo é a relação com as
novas tecnologias — desde o cartão, que substitui ou dá acesso ao dinheiro, até as grandes
avenidas da internet —, com sensibilidades novas, muito mais claramente visíveis entre os
jovens. (...) Uma segunda dinâmica, que faz parte desse novo ecossistema no qual vivemos, e
que é a dinâmica da comunicação, liga-se ao âmbito dos grandes meios, ultrapassando-os,
porém."
(MARTÍN-BARBERO, 2000)
Pensando nas dinâmicas e nos processos pelos quais as informações online são construídas,
distribuídas e consumidas, pode-se entender o ecossistema comunicativo como um espaço
não tangível, no qual se desenvolvem ambientes que dão espaço à interação, à conexão e ao
compartilhamento. Nessa ótica, pensa-se em uma interação que perpassa variados papéis
dentro dos sistemas de comunicação, isto é, pelos produtores, receptores e partilhadores do
universo das comunicações.
As informações online, por sua vez, ganham mais força em seus fluxos de circulação
justamente porque, dentro do ecossistema comunicativo, as duas lógicas que regem os
processos de comunicação estão localizadas na difusão e descentralização do conhecimento.
Em outros termos, as informações online transitam pelo ecossistema comunicativo de maneira
mais fluida e penetrante, ao contrário das informações que anteriormente circulavam de forma
mais demorada e menos maleável por entre os veículos tradicionais de comunicação e os seus
receptores.
Fonte: SFIO CRACHO/Shutterstock
No debate sobre o ecossistema comunicativo e as informações online, é preciso atentar-se à
criação e, mais ainda, à manutenção da relevância das narrativas multimidiáticas. Ou seja, é
importante entender que as narrativas multimidiáticas são difusas e descentralizadas e,
justamente pela profusão de informações online disponíveis ao público, nem sempre é fácil
encontrar exatamente o que se procura entre inúmeros dados.
Pensar nas informações online dispostas na rede envolve a compreensão de todos os agentes
colocados em contexto comunicacional e, assim, surge a necessidade do curador de
conteúdo como a figura que medeia, direciona, apura, checa e congrega as informações de
modo crível, legítimo e personalizado.
CURADORIA DIGITAL: FILTRAGEM,
ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO
A curadoria digital é entendida como a habilidade de um ser humano encontrar, organizar, filtrar
e fornecer valor, relevância, significância, enfim, utilidade expressa a um conteúdo de um tópico
específico, que pode vir de várias fontes como, por exemplo: mídia digital, ferramentas de
comunicação, redes sociais etc.
Fonte: 13_Phunkod/Shutterstock
A curadoria de conteúdo oferece mais conteúdo e economiza o tempo do leitor/usuário. Na
economia da atenção, o tempo é a moeda de troca mais valorizada!
De maneira indireta, curiosamente, muitas pessoas também trabalham como curadores de
conteúdo não remunerados ao compartilhar imagens de suas coleções em redes sociais de
compartilhamento de fotos, como o Pinterest, ou quando postam o conteúdo coletado em seus
blogs e suas redes sociais pessoais.
Vale a pena, contudo, separar curadoria (feita por um profissional) dos processos de escolha
algorítmica (escolhas baseadas em modelos matemáticos ou dados a partir de interação e
interesses dos usuários), já que um curador de conteúdo tem a capacidade de agregar
perspectivas novas e inusitadas à informação, “oferecendo aos seus usuários a surpresa, o
inesperado ou simplesmente aquilo que o usuário nem imaginaria existir no mundo e sobre o
mundo, ampliando seu próprio entendimento de mundo” (SAAD; BERTOCCHI, 2012).
Em outras palavras:
"Quanto mais informações circunstanciais, sociais e comportamentais se fizerem necessárias
para a modelagem do algoritmo, mais deveria ser exigida a participação do elemento humano
como alimentador do modelo e, especialmente, como refinador ao longo da vida útil do
algoritmo."
(SAAD; BERTOCCHI, 2012)
Um curador de conteúdo é alguém que classifica os dados na internet e coleta os mais
relevantes para compartilhar em portais noticiosos, blogs , sites e redes sociais.
Uma explicação mais simples é pensar em um curador de conteúdo como um tipo de:
BIBLIOTECÁRIO
CURADOR DE ARTE
Organiza os livros e os coloca nas prateleiras, em grupos específicos, com base no tipo de
informação que os livros contêm.
Estabelece uma organização de peças e obras a serem dispostas no museu com a intenção de
propor uma experiência estética, e não de abundância informativa, às pessoas que frequentem
aquele espaço. Isso é semelhante à maneira como os curadores de conteúdo montam seus
dados.
Agora, vejamos algumas características do trabalho desse curador de conteúdo:
FILTRAGEM
No processo de curadoria digital, a filtragem diz respeito ao processo de coleta e seleção de
informações online, que podem estar, por exemplo, situadas nas redes sociais. É nesse
momento que o curador compreende as redes das mídias sociais como amplos espaços de
origem informacional, mas que, consequentemente, precisam de um filtro primário para
estabelecer quais dados possuem credibilidade e legitimidade.
Nesse contexto, o curador é responsável por fazer uso de ferramentas que facilitam a atividade
de agenciamento da informação online, ou seja, um processo que primariamente provoca o que
já foi chamado de “dieta informativa”.
Embora se possa argumentar que o trabalho de um curador de conteúdo e o de um editor de
veículo noticioso sejam semelhantes, seus papéis são bastante diferentes.
As funções de um editor costumam ser amplas e normalmente envolvem a revisão da produção
criativa. Isso pode incluir alterar a ordem do material ou eliminar completamente partes do
material.
ORGANIZAÇÃO
O trabalho de um curador de conteúdo, por outro lado, é organizar dados. Ele pode adicionar
imagens, hierarquizar informações,revisar títulos ou conectar materiais relevantes por meio de
links . No entanto, seu trabalho principal é pesquisar novos conteúdos e organizá-los em um
só lugar para tentar amenizar a descentralização excessiva.
PLANEJAMENTO
Exige do curador não apenas um olhar conjuntural sobre o material que tem à mão, mas,
principalmente, não perder de vista a atualidade da informação que precisa passar pela
curadoria.
Os aspectos mais importantes do trabalho do curador de conteúdo distribuem-se por atividades
como coletar, organizar e hierarquizar as informações no ambiente online (e isso leva um
tempo considerável); encontrar dados atualizados sobre o assunto do produto final é o maior
desafio.
Felizmente, mecanismos de pesquisa, como Google e Bing, permitem acesso rápido às últimas
informações por meio de notícias e alertas vinculados às contas de e-mail e aplicativos. Isso
permite que os dados sejam coletados rapidamente e compartilhados com os leitores na
internet, enquanto as informações forem atuais e ainda relevantes.
Fonte: PhotosandVectors/Shutterstock
CURADORIA DE CONTEÚDOS
ESPECIALIZADOS
Com o aumento da hipersegmentação dos mercados de informação, surge a necessidade de
curadores de conteúdos especializados. Isso prova a urgência de uma “curadoria da curadoria”,
isto é, uma forma de filtrar, organizar e planejar a informação que necessariamente passa pelo
específico e profundo conhecimento do profissional curador.

DE FATO, QUANDO O INFORMATION OVERLOAD
TORNA-SE INSUPORTÁVEL, O USUÁRIO RECORRE
AOS ESPECIALISTAS, DELEGANDO A ELES A TAREFA
DE ORGANIZAR E DAR SENTIDO AOS DADOS.
(SAAD; BERTOCCHI, 2012)
INFORMATION OVERLOAD
Sobrecarga informacional
É possível diferenciar o curador de conteúdo digital e o curador de conteúdos digitais
especializados, quando o assunto se volta para a Educação, por exemplo.
CURADOR DE CONTEÚDO DIGITAL
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Se falarmos de um portal noticioso, a editoria de Educação necessita de um curador que saiba
“navegar” por um imenso oceano virtual de informações disponíveis - incluindo vídeos, imagens
e textos - que trate daquela pauta de maneira pontual, mas com qualidade informativa. Esse
curador trabalhará pelos caminhos já comentados de levantamento, filtragem, organização,
planejamento, hierarquização, diagramação etc.

CURADOR DE CONTEÚDOS DIGITAIS ESPECIALIZADOS
Quando visitamos um portal dedicado especificamente à Educação (como, por exemplo, os
portais das revistas Nova Escola, Ensino Superior e Escola Particular), o curador de conteúdo
digital especializado precisa, além de detectar uma informação que seja útil, agregar um valor
adicional e único a ela, ter conhecimentos de legislação específicos no campo educacional,
manter-se atento aos debates acadêmicos da área e saber construir uma vivência com suas
fontes por tópicos específicos (sejam eles a experiência pedagógica, a dinâmica das
publicações científicas, o funcionamento de órgãos educacionais governamentais etc.).
 COMENTÁRIO
A mesma distinção entre curadoria e curadoria especializada pode se dar com temas voltados
às pautas econômicas, política nacional ou internacional, temas de diversidade (de gênero,
raça, classe, deficiência, sexualidades), entre outros.

ASSIM, O QUE INFERIMOS É QUE A CURADORIA NO
JORNALISMO É CAPAZ DE SE FAVORECER DA
EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA, MAS ELA NÃO É FRUTO
DE UM DETERMINISMO. (...) FALAMOS, PORTANTO, DE
UMA AÇÃO CURATORIAL ESPECIALIZADA. E QUE FAZ
SENTIDO, SOBRETUDO, AO CONSIDERARMOS O
PROCESSO CADA VEZ MAIS PROEMINENTE DE
PERDA DA DIVERSIDADE DE CONTEÚDOS OFERTADA
POR MEIOS DE COMUNICAÇÃO TRADICIONAIS EM
ESPAÇOS DIGITAIS.
(SAAD; BERTOCCHI, 2012)
O curador de conteúdo digital especializado deve, portanto, ter boa capacidade analítica e de
síntese.
O trabalho de um curador de conteúdo digital especializado é também de criação (ou seja,
criação de contexto, de valor e de relações associativas entre os temas em discussão) e não
somente a atividade de aprimorar os conteúdos já publicados. Isto é, ele não pode ser apenas
um congregador dos conhecimentos difusos e descentralizados que estão disponíveis na rede.
O PAPEL DA CURADORIA E O FACT-
CHECKING
NO JORNALISMO ONLINE
Em uma sociedade com fluxos informacionais digitais difusos e descentralizados, as notícias
falsas (fake news ) começam a se espalhar não apenas no espaço noticioso informal (isto é,
as trocas comunicacionais entre as pessoas por meio de aplicativos como WhatsApp), mas
também tangenciam veículos que, desonestamente, passam-se por produções sérias e, assim,
distribuem conteúdo aos moldes de uma notícia verdadeira.
Fonte: Nadir Keklik/Shutterstock
O papel da curadoria, no sentido específico de checagem de fake news , ganha novos
contornos, já que esse contexto adverso torna necessário um novo paradigma no campo
jornalístico e evidencia a importante função do profissional da comunicação na relação entre a
informação e a sociedade.
Fonte: Peterschreiber.media/Shutterstock
A expressão fact-checking (checagem dos fatos ou verificação de fatos, em português) segue
uma definição que explicita o seu caráter processual, ou seja, contínuo. fact-checking é o
processo que busca investigar uma informação a fim de verificar a factualidade do dado
encontrado.
No entanto, nem sempre há consenso de ordem prática na compreensão do que seja e da
abrangência do fact-checking . Cada vez mais redações jornalística têm seus “checadores”,
mas esses operam muitas vezes na checagem de nomes, datas etc. Há ainda agências de
fact-checking , essas diretamente ligadas à confirmação de informações verdadeiras, logo
noticiáveis, e desmonte de fake news .
Cabe lembrar dos contextos sociais, políticos e culturais no quais a verificação de fatos se
tornou uma prática estabelecida.
Fonte: Cigdem/Shutterstock
É importante enfatizar a posição da verificação de fatos em uma consideração mais ampla da
nossa relação com as notícias, ou seja, fact-checking não é simplesmente verificar se uma
notícia é verdadeira, mas se o contexto, as condições e todo o entorno informacional dela
também são factuais. Essa verificação dos fatos é uma maneira de investigação crítica que
inclui uma gama de abordagens e práticas.
Sabendo que os polos de produção e recepção cada vez mais se misturam nas relações
contemporâneas de produção da notícia online, o papel do curador torna-se ainda mais
imprescindível no fact-checking .

COMO CONSEQUÊNCIA DO ACESSO “IRRESTRITO” À
INFORMAÇÃO E DA DESCENTRALIZAÇÃO DA
PRODUÇÃO DE INFORMAÇÃO, O SUJEITO COMUM
PASSA A PODER TOMAR A PALAVRA JORNALÍSTICA E
A FORMULAR NOTÍCIAS. ESSE PROCESSO APONTA
PARA O PROBLEMA TALVEZ NÃO DO ACESSO EM SI,
MAS DA DISCURSIVIDADE MESMA QUE LEGITIMA
ESSE ACESSO.
(LACERDA; DI RAIMO, 2019)
A função de um jornalista online como curador digital é fornecer informações diárias, por isso,
estamos falando de uma função que busca prover testemunho preciso da esfera política com
toda a sua complexidade e necessária contextualização.
Mas a realidade é que, mais do que disponibilizar informação, é preciso incluir uma gama de
informações, das mais variadas fontes, ao acesso dos consumidores de notícias para que eles
possam desviar-se dos “fabricantes” da mentira.
Nos últimos anos, a verificação de fatos tornou-se mais prevalente no jornalismo. Isso se reflete
no número crescente de organizações de verificação de fatos estabelecidas nacionalmente,
como Agência Lupa, Truco (da agência Pública) e Aos Fatos. Embora, muitas vezes, seja
considerada uma atividade jornalística alinhada aos meios de comunicação estabelecidos,
também tem sido o foco do trabalho de ONGs, instituições de caridade e organizações não
alinhadas à mídia.
As práticas de fact-checking , no âmbito de organização internacional, estão subscritas à rede
IFC (International Fact-checking Network), pertencente ao Poynter Institute (EUA). Nessa rede,
segundo Spinelli e Santos (2018), existe um código de princípios, uma conferência global
anual eum dia internacional do fact-checking - dia 2 de abril, o dia seguinte ao da
mentira.
Fonte: Wikipédia
Assim como sempre foi na história do jornalismo, a verificação dos fatos não é garantia contra
um grupo de pessoas que decide ignorar a evidência das verdades factuais. Todavia, com o
esforço de verificação dos fatos, entregamos a cada um a responsabilidade por querer
acreditar em mentiras, mesmo após os fatos virem à tona. A verificação dos fatos enfatiza que
devemos permanecer céticos quanto a todas as informações online que chegam até nós.
Assista ao vídeo a seguir com um estudo de caso de jornalismo de dados e curadoria
digital.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. NA CURADORIA DE CONTEÚDOS DIGITAIS ESPECIALIZADOS, A
FIGURA DO CURADOR ADQUIRE UMA IMPORTÂNCIA AINDA MAIOR NO
QUE DIZ RESPEITO AO CONHECIMENTO APROFUNDADO DE CERTO
CONTEÚDO SOBRE O QUAL ELE SE DEBRUCE. LOGO, O SEU
PROCESSO CURATORIAL SE DIFERE DA CURADORIA DIGITAL NORMAL
PORQUE:
A) A etapa de planejamento não faz parte das suas atribuições legais.
B) Para além de coletar informações, ele também altera a veracidade do dado coletado.
C) As etapas de organização e planejamento são secundárias em relação à filtragem.
D) Para além de filtrar, organizar e planejar, ele tem um papel de criação nesse processo.
2. AS PRÁTICAS DE FACT-CHECKING , ALIADAS AOS TRABALHOS
CURATORIAIS DIGITAIS, DIZEM RESPEITO A:
A) Um processo pontual feito apenas uma vez na checagem de informações duvidosas que
provêm da esfera política.
B) Um exercício constante realizado exclusivamente por estudantes de jornalismo que ainda
estão em processo de formação.
C) Uma atividade processual com vistas a investigar a veracidade de uma informação, seu
contexto, suas condições e seu entorno informacional.
D) Uma atividade que foge ao campo jornalístico e deve ser feita por profissionais ligados à
área do direito civil com o objetivo de manter a liberdade de expressão.
GABARITO
1. Na curadoria de conteúdos digitais especializados, a figura do curador adquire uma
importância ainda maior no que diz respeito ao conhecimento aprofundado de certo
conteúdo sobre o qual ele se debruce. Logo, o seu processo curatorial se difere da
curadoria digital normal porque:
A alternativa "D " está correta.
Mais do que apenas aprimorar conteúdos já publicados ou exercer o papel de apenas
congregar informações digitais, o curador de conteúdo digital especializado tem como
atribuição a atividade de criação. Dessa forma, fica a cargo dele a criação de contexto, de valor
e de relações associativas entre os temas com os quais trabalha no processo curatorial
especializado.
2. As práticas de fact-checking , aliadas aos trabalhos curatoriais digitais, dizem
respeito a:
A alternativa "C " está correta.
As práticas de fact-checking estão fortemente conectadas à busca pela factualidade de uma
informação, neste caso, que transita pelo universo digital. Todavia, mais do que atestar ou não
a sua veracidade, o fact-checking também atua na verificação do contexto, das condições e
de todo o entorno que rodeia tal informação.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Vimos que as narrativas multimidiáticas atuam de maneira muito direta no processo de
construção e de circulação da informação no jornalismo online. Os papéis do profissional de
comunicação e, especificamente, do jornalista que atua na produção noticiosa online são
indispensáveis. Ainda que algumas vozes possam afirmar que as pessoas se informam mais
pelas redes sociais do que pelos portais de notícias, o que vemos é que um espaço
retroalimenta o outro na busca pela aquisição de informações digitais.
Voltando o foco para o usuário do jornalismo online, pudemos ver que a usabilidade e a
personalização de conteúdos na esfera digital são meios de enriquecimento da experiência e
facilitam o acesso ao consumo de notícias.
Por sua vez, no combate constante às fake news , a curadoria de conteúdo mostra-se como
uma verdadeira aliada do processo de fact-checking . E, dessa forma, curadoria e verificação
de fatos acabam provando, mais uma vez, que apenas as escolhas algorítmicas, sem a
presença humana, não dão conta de manter a qualidade de todo o processo editorial da
notícia.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
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JR., J. Mediação & Midiatização. Salvador: UFBA, 2012.
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SILVEIRA, S. (org.) Tendências em Comunicação Digital. v.1. São Paulo: ECA/USP, 2016.
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tempo sobre os jornalistas de internet. In: Brazilian Journalism Research, v. 13, n. 1, 2017.
FERRARI, P.; FERNANDES, F. No tempo das telas: reconfigurando a Comunicação. São
Paulo: Estação das Letras, 2014.
GROHMANN, R. O que é circulação na comunicação? Dimensões epistemológicas. In:
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HORN, A. T. A.; SOULAGE, J.C. Media, cultura e as transformações do jornalismo.
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LACERDA, G. H.; DI RAIMO, L. C. F. D. O jornalismo na era digital e as fake news. In:
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LEÃO, L. O labirinto da hipermídia: arquitetura e navegação no ciberespaço. São Paulo:
Iluminuras, 1999.
MARTÍN-BARBERO, J. Desafios Culturais da Comunicação à Educação. In: Revista
Comunicação & Educação, v. 6, n. 18, 2000.
PALACIOS, M. Ruptura, continuidade e potencialização no jornalismo on-line: o lugar da
memória. In: MACHADO, E.; PALACIOS, M. Modelos de Jornalismo Digital. Salvador:
Calandra, 2003.
SAAD, E., BERTOCCHI, D. A cena cibercultural do jornalismo contemporâneo: web
semântica, algoritmos, aplicativos e curadoria. In: MATRIZes, v. 5, n. 2, 2012.
SAAD, E. (org.). Visibilidade e consumo de informação nas redes sociais. Porto: Media
XXI, 2015.
SEIBT, T. Uma equipe, diversas linguagens: apontamentos para uma reflexão sobre os novos
modos de narrar do jornalismo no contexto multimidiático. Anais(...) 8º Interprogramas de
Mestrado – Casper Líbero, São Paulo, 2012.
SPINELLI, E. M.; SANTOS, J. D. A. Jornalismo na era da pós-verdade: fact-checking como
ferramenta de combate às fake news. In: Revista Observatório, v. 4, n. 3, 2018.
TRÄSEL, M. Ruptura, continuidade e potencialização no ciberjornalismo: revisitando um
texto fundamental de Marcos Palacios. Anais(...) 8º CIBEJOR – Congresso Internacional de
Ciberjornalismo – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2017.
EXPLORE+
Se você se interessou pela temática teórica sobre jornalismo online, a indicação é visitar
o site do Grupo de Pesquisa em Jornalismo Online (UFBA) que, desde 1999, estuda o
campo de forma pioneira. Coordenado pelo Prof. Dr. Marcos Palacios, o grupo realiza
pesquisas e desenvolve inovação tecnológica de ponta no campo do jornalismo nas redes
digitais.
Para se aprofundar no tema da usabilidade e personalização, a proposta é discutir o
conteúdo da palestra UX: Da Pesquisa e Extensão ao Mercado de Trabalho , feita por
Diana Fournier (designer e UX Research Coordinator) na Universidade Federal do
Amazonas (UFAM).
Acesse os portais noticiosos nacionais (G1, Uol, BBC Brasil, R7, entre outros) e os
internacionais (El País, Agência EFE, CNN, DW etc.). Atente-se para a distribuição
noticiosa: quais notícias ficam em destaque? Que editoriais de jornalismo online são
estabelecidos nesses sites ? Como os conteúdos imagéticos, sonoros e textuais se
correlacionam nesses portais noticiosos? Reflita, inclusive, sobre a importância desses
portais noticiosos no processo de comunicação entre si a partir da retroalimentação.
A última recomendação é buscar a obra Fluido, Fluxo: reflexões sobre imagens voláteis,
gênero, pós-verdade, fake news e consumo neste tempo de espirais fluidas (2018),
organizada pela Profa. Dra. Pollyana Ferrari (PUC-SP). O livro trata de como as relaçõesno século atual se configuram e reconfiguram no espaço de fluxos e não mais em
espaços fixos ou predeterminados da informação.
CONTEUDISTA
Anderson Lopes
 CURRÍCULO LATTES
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