Prévia do material em texto
W BA 05 37 _V 2. 0 EMPREENDEDORISMO 2 Thaís Cereda Ravasi São Paulo Platos Soluções Educacionais S.A 2022 EMPREENDEDORISMO 1ª edição 3 2022 Platos Soluções Educacionais S.A Alameda Santos, n° 960 – Cerqueira César CEP: 01418-002— São Paulo — SP Homepage: https://www.platosedu.com.br/ Head de Platos Soluções Educacionais S.A Silvia Rodrigues Cima Bizatto Conselho Acadêmico Alessandra Cristina Fahl Ana Carolina Gulelmo Staut Camila Braga de Oliveira Higa Camila Turchetti Bacan Gabiatti Giani Vendramel de Oliveira Gislaine Denisale Ferreira Henrique Salustiano Silva Mariana Gerardi Mello Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Coordenador Ana Carolina Gulelmo Staut Revisor Sofia Lara Todão Szenczi Editorial Beatriz Meloni Montefusco Carolina Yaly Márcia Regina Silva Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)_____________________________________________________________________________ Ravasi, Thaís Cereda Empreendedorismo / Thaís Cereda Ravasi. – São Paulo: Platos Soluções Educacionais S.A., 2022. 32 p. ISBN 978-65-5356-334-6 1. Empreendedorismo. 2. Processos e tendências. 3. Oportunidades. I. Título. 3. Técnicas de speaking, listening e writing. I. Título. CDD 658.421 _____________________________________________________________________________ Evelyn Moraes – CRB: 010289/O R252e © 2022 por Platos Soluções Educacionais S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Platos Soluções Educacionais S.A. https://www.platosedu.com.br/ 4 SUMÁRIO Apresentação da disciplina __________________________________ 05 O perfil empreendedor ______________________________________ 07 Analisando oportunidades ___________________________________ 20 O plano de negócios _________________________________________ 31 Iniciando o negócio __________________________________________ 45 EMPREENDEDORISMO 5 Apresentação da disciplina Olá, aluno(a)! Você está preparado(a) para começar essa jornada incrível rumo ao mundo do empreendedorismo? Eu espero que sim! Nesta disciplina, conheceremos o que envolve esse mundo tão comentado, fascinante e cheio de detalhes que, acredite, fazem toda diferença. A proposta é apresentar os fundamentos, os processos e as tendências do empreendedorismo, mostrando a necessidade de ampliar o entendimento sobre o mercado e as estratégias de negócios. O conteúdo da disciplina e as nossas aulas trarão o conhecimento das habilidades que um empreendedor deve ter, a compreensão da realidade socioeconômica e do ambiente e como isso interfere nas decisões do empreendedor. Você terá o conhecimento necessário para iniciar um novo negócio e será capaz de propor ações para o crescimento contínuo e sustentado de um negócio. A nossa caminhada começa com o conhecimento do perfil empreendedor, da identificação das habilidades e atitudes de um empreendedor, passando pelos tipos de empreendedorismo. Na segunda parte, aprenderemos observar o ambiente em busca de oportunidades e conhecer o processo de geração de ideias. Você entenderá que ser criativo, por exemplo, não é um privilégio de poucos. 6 A terceira parte da disciplina será o momento de entender as ferramentas que ajudam na elaboração do plano de negócios, e na quarta e última parte, você compreenderá as formas legais de registro de um negócio e os critérios de classificação de uma empresa, além das formas que um empreendedor pode iniciar o negócio, contando com apoio de órgãos, como o SEBRAE e incubadoras de negócios, e saberá a diferença entre uma startup e um pequeno negócio. Prepare-se! A jornada de conhecimento ao mundo do empreendedorismo terá início em breve. Espero por você! 7 O perfil empreendedor Autoria: Thaís Cereda Ravasi Leitura crítica: Sofia Lara Todão Szenczi Objetivos • Propiciar o conhecimento das habilidades que um empreendedor deve ter. • Compreender como a realidade socioeconômica e o ambiente podem interferir nas decisões do empreendedor. • Desmistificar os mitos sobre o perfil empreendedor. 8 1. Empreendedorismo 1.1 O perfil do empreendedor Antes de falarmos sobre o empreendedor, é importante definirmos os termos relacionados a ele: empreender e empreendedorismo. De acordo com o Dicionário Michaelis (2022), empreender é dar início a algo, pôr em execução, fazer realizar; empreendedor é a qualidade de quem empreende, que se lança à realização de coisas difíceis ou fora do comum; ativo, arrojado, dinâmico. O dicionário nos dá o indício do que significa essa atividade, que, segundo alguns estudiosos, é algo bastante antiga. Etimologicamente falando, a palavra empreendedorismo deriva do inglês entrepreneur, que tem origem no termo francês entreprendre. O entre, do latim inter, significa reciprocidade, e preneur, do latim prehendre, significa comprador. Juntando os significados, temos algo como um intermediário, ou seja, alguém que está entre quem deseja algo e quem oferece esse objeto do desejo (DEGEN, 2008). Na prática, empreendedorismo é algo bastante dinâmico, que envolve dar início a algo, fazer, realizar, porém com inovação. O termo empreendedorismo se tornou conhecido mundialmente na década de 1950, devido ao economista Joseph Shumpeter, considerado o precursor da teoria da inovação e que previu, com o fim do comunismo, que a era do empreender começaria. De acordo com Degen (2008, p.16), a riqueza dos EUA da década de 1960 até o início dos anos 2000 ocorreu por conta dos empreendedores. Nos anos de 1960 e 1970 as grandes companhias, criadas depois da Segunda Guerra Mundial, pareciam ser a razão do sucesso da economia estadunidense. Elas pareciam imunes à concorrência e invencíveis 9 para as pequenas companhias emergentes. A IBM, por exemplo, era o símbolo desse sucesso e dominava a concorrência com mais de 70% de participação no mercado de informática quando Bill Gates fundou a Microsoft no fim da década de 1970. Mas nos anos de 1980 e 1990 a IBM simplesmente perdeu mercado para empreendedores com companhias novas, como a Apple, a Lótus, a Dell, a Gateway 200, a Microsoft, a Intel, a Oracle, a EMC, a SAP, a Google, a Yahoo entre outras. A IBM, a Kodak, a Xerox, a Polaroid e muitas outras grandes companhias foram vítimas da revolução empreendedora apregoada por Timmons (1989) e do ‘processo de destruição criativa’ de Schumpeter (1942). O empreendedor transforma contextos e enxerga o mundo com olhos da mudança, da novidade, da realização. O foco nunca é no problema, mas na solução. Não significa que os problemas não surgirão, pois irão. Mas, o empreendedor sabe que, se concentrar suas energias no problema, pode sucumbir a ele. Então, ele busca uma solução. Um exemplo disso é o que aconteceu com muitas pessoas no mundo todo que acabaram empreendendo por necessidade devido às restrições econômicas que ocorreram por conta da pandemia do coronavírus. Pequenos negócios descobriram a internet no momento de crise, e o resultado acabou sendo positivo. É importante ressaltar que, mesmo antes da pandemia, o digital já estava bastante presente na vida das pessoas e de muitas empresas. No entanto, muitas dessas empresas ainda estavam reticentes em participar mais efetivamente do digital. No entanto, com as restrições de circulação impostas como medida de segurança para conter a situação, os negócios acabaram migrando para o digital e o trabalho remoto se tornou uma realidade. Para Martes (2010, p. 261), “empreender é exercer uma função e não, portanto, uma condição perene–nem para indivíduos, nem para coletividades”. Segundo a autora, há três pontos importantes de reflexão em relação a isso. O primeiro é que o empreendedor nãopertence a uma classe social específica porque sua condição é uma conquista, e não uma herança. O segundo ponto é que o empreendedor não necessariamente precisa ser o dono de uma empresa. Ele pode 10 exercer um cargo de gestão, mas o investimento pode ter sido de outra pessoa, o que efetivamente abriu a empresa, o negócio. E o terceiro ponto é que como função pode não ser uma condição duradoura, muitas ideias podem não ser tão inovadoras quanto parecem, e o conceito de inovação para a autora se faz presente no conceito de empreendedorismo. Temos ainda a visão de Weber sobre o empreendedorismo, o qual acreditava que, mesmo que muitas ideias tenham sido colocadas em prática em função de quem as criou, por possuírem uma personalidade marcante, de acordo com a teoria do Carisma, o que move o mercado e o sustenta são as oportunidades geradoras de lucro (CHIAVENATTO, 2007). Em A ética protestante e o espírito do capitalismo, Weber aborda o empreendedor e faz duas contribuições para o entendimento do empreendedorismo: primeiro, ele observa a mudança decisiva ocorrida na atitude em direção ao empreendedorismo que toma lugar depois da Reforma no mundo ocidental. Em segundo, Weber analisa como a orientação da religião ajudou a desenvolver uma atitude positiva em direção à forma de ‘ganhar dinheiro’ e ao trabalho, o que facilitou a mudança geral de atitude em direção ao empreendedorismo. (CHIAVENATTO, 2007, p. 6) A visão de Weber se aproxima da confusão que existe entre os termos empresário e empreendedor. Nem sempre um empresário será um empreendedor, e vice-versa. Isso pode acontecer, mas não é uma regra. Empresário é uma condição jurídica da pessoa que registrou uma empresa no seu nome. Empreender é um conjunto de comportamentos e ações que esse empresário pode ter ou não e que direciona o empresário a concretizar seus objetivos de mercado. Nesse sentido, os tipos de empreendedorismo, sobre os quais falarei um pouco mais adiante, ficarão mais fáceis de compreender. 11 Empreender é uma realidade, e os números mostram que essa atitude vem crescendo. De acordo com o boletim anual Mapa de Empresas (BRASIL, 2022), no primeiro quadrimestre de 2022, foram abertas 1.350.127 empresas, o que representa um aumento de 11,5% em relação ao último quadrimestre de 2021. Os resultados revelam um saldo positivo de 808.243 empresas abertas, com um número total de 19.373.257 empresas ativas. Em uma pesquisa realizada pelo Global Entrepreneurship Monitor (GEM, 2019) sobre o empreendedorismo no Brasil, a taxa total de empreendedores no ano de 2019 foi de 38,7%, número ligeiramente superior à do ano anterior, tendo a segunda mais alta da série histórica, confirmando a trajetória de crescimento do empreendedorismo no país que, depois de uma queda em 2016, logo após a taxa ter alcançado a maior marca histórica em 2015 (39,3%), atingiu um patamar em 2019 bem próximo àquela marca, de apenas 0,6 ponto percentual abaixo. O critério para avaliação considerou o estágio de vida do empreendedor, separando-os em empreendedores iniciais e empreendedores estabelecidos. Os iniciais com até 3,5 anos de mercado, e os estabelecidos, já consolidados, tendo tempo de mercado superior a 42 meses ou 3,5 anos. Em 2019, a taxa de empreendedorismo inicial (23,3%) foi superior à taxa de empreendedorismo estabelecido (16,2%), apresentando a maior diferença entre as taxas dos dois estágios (7,1 pontos percentuais) desde 2002. 1.2 Qualidades do empreendedor O empreendedor é alguém que constrói algo novo, que tem visão clara do que deseja e que enxerga hoje o que fará sentido em um futuro a curto, médio ou longo prazo. É alguém movido por mudanças, que não fica satisfeito com o estado das coisas por muito tempo, busca inovar com frequência, deseja construir o novo. Tem capacidade de decisão e boa comunicação. 12 É comum as pessoas acreditarem que o empreendedor é um herói que corre riscos, mas essa não é a realidade. Os riscos que todo empreendedor corre não são aleatórios, eles são pensados e calculados estrategicamente, há todo um preparo para isso. Fazendo uma analogia, seria a mesma coisa que você não saber nadar e se jogar em um rio acreditando que boiará. Há muito risco nisso, seria algo imprudente. Então, antes de se jogar no rio, o mais prudente é aprender a nadar, a boiar e a observar as condições do rio. Quem empreende antevê as situações e se prepara para elas. É muito arriscado empreender se se preparar para isso. Os riscos podem ser fatais, no sentido de a empresa não sobreviver. Em seu livro O mito do empreendedor, Michael Gerber discorre sobre alguns mitos que envolvem o perfil do empreendedor. Aquela ideia de que o empreendedor é uma pessoa que tem a missão de tornar o mundo um lugar melhor não é real. A maioria das pessoas que empreendem o fazem porque perceberam o quanto são boas no que fazem e querem lucrar com seu talento sem intermediários. Outro mito está relacionado ao conhecimento técnico e à gestão. São coisas diferentes e que, se tratadas como iguais, podem trazer resultados desastrosos. Portanto, o empreendedor pode possuir bastante conhecimento técnico, mas terá que desenvolver conhecimento de gestão. Para Gerber (2004), o empreendedor, além do perfil técnico, precisa ter o perfil empreendedor, que envolve ter visão do negócio e do futuro, no sentido de buscar oportunidades, e o perfil gestor, que organiza, planeja e executa. Normalmente, o perfil técnico é o que está mais presente na maioria das pessoas que empreendem, porém o ideal seria um equilíbrio entre as três características. O autor ainda nos diz que há diferença em ser dono do negócio e gerenciar o negócio. O empreendedor pode ser essa mesma pessoa, mas também pode se cercar de pessoas mais competentes que ele na gestão, para não comprometer o negócio. Chiavenato (2007) define três características básicas que todo empreendedor deve ter, que são: necessidade de realização, disposição para assumir riscos e autoconfiança, como pode ser observado na Figura 1. 13 Figura 1 – Três características básicas do empreendedor Fonte: adaptada de Chiavenato (2007, p. 9). Pessoas com a necessidade alta de realização são competitivas e prezam pela excelência no que fazem. Chiavenato (2007, p. 9) nos conta que o psicólogo McClelland “descobriu em suas pesquisas uma correlação positiva entre a necessidade de realização e a atividade empreendedora”. Pessoas ambiciosas, normalmente, têm esse impulso para realização, e isso se reflete no empreender e no crescimento da empresa. Para o mesmo psicólogo, quem tem a necessidade de realizar tem também a necessidade de assumir riscos, porque isso é um desafio e faz com que a pessoa possa exercer o controle pessoal sobre o resultado. E disso deriva a terceira característica básica, que é a autoconfiança. Pessoas autoconfiantes são plenamente convictas de suas potencialidades e seus pontos a serem melhorados. Por isso, cercam-se de pessoas que podem auxiliar no processo. O processo de mentoria para quem está pensando em empreender ou já deu os primeiros passos pode ajudar muito no desenvolvimento do negócio e no próprio perfil empreendedor. Essa mentoria nada mais é que o apoio e o incentivo de quem já passou por esse processo. Órgãos, como o Sebrae, oferecem esse serviço. Coworks e incubadoras de 14 empresas também são espaços onde é possível acontecer a mentoria. Mas, isso também pode ocorrer por meio de conversas com outros empreendedores que já iniciaram seus projetos e cujos negócios já estão consolidados. O mentor de negócios ajuda a desmistificar conceitos, a organizar as ideias e as finanças e a compreender as dificuldades de gestão e como superá-las. Empreendedores de sucesso, normalmente, enxergam os problemas inerentes ao seu negócio, porém acreditam no seu potencial para resolver. E isso faz toda a diferença. 1.3 Tipos de empreendedorismo As características gerais apresentadas servem para os outrostipos de empreendedorismo também, com poucos ajustes, os quais, na realidade, são alguns acréscimos. Dentre os tipos de empreendedorismo existentes, o mais comum é o empreendedorismo de negócios, ou seja, a criação de empreendimentos que movimentarão a economia por meio da comercialização de produtos ou serviços. No entanto, existem mais dois tipos de empreendedorismo: o intraempreendedorismo e o empreendedorismo social. Quem empreende dentro de uma organização, promovendo mudanças no local de trabalho, utilizando de ideias para melhorar práticas de trabalho ou a gestão de produtos e serviços, está fazendo uso do intraempreendedorismo ou empreendedorismo interno. Nessa modalidade, o intraempreendedor ou empreendedor interno não dá início a um processo de inovação ou mudanças criando um negócio ou fazendo ajustes no que já existe, mas, sim, contribuindo com ideias que trarão desenvolvimento, porém dentro de um contexto que não é seu próprio negócio, é o negócio onde ele atua. 15 Inovar faz parte do empreender, e a inovação pode ser compreendida como o instrumento que move o empreendedor, ou seja, a capacidade de transformar um recurso que já existe em algo que gere riqueza (DRUCKER, 1987). Quem popularizou o conceito de intraempreendedor foi Pinchot, na década de 1980. O intraempreendedor é aquela pessoa que dentro de uma empresa, seja ela grande, média ou pequena, transforma uma ideia ou um projeto em algo lucrativo, utilizando a inovação e assumindo riscos planejados. Parece algo como o empreendedorismo de negócios, mas a diferença é que a inovação aqui acontecerá dentro da organização, em um projeto, um setor, e não fora, como no empreendedorismo de negócios. O mercado do intraempreendedor é interno, é a empresa onde ele atua. O mercado do empreendedor é externo, é a criação de negócios, produtos e serviços que serão colocados à venda com a finalidade de produzir lucros. Existe ainda outra modalidade de empreendedorismo que está relacionada à geração de mudança no setor social, conhecida como empreendedorismo social. Nessa modalidade de empreendedorismo, o foco está na criação de ações e na gestão das organizações, dos seus processos, visando ao cumprimento da sua missão social. É uma forma de trazer mudanças, inovar, criar em um setor, cuja demanda é alta, mas é pouco assistido: o terceiro setor. O conceito de empreendedorismo social é relativamente novo. Surgiu nos EUA, na década de 1980, nas áreas disciplinares da economia e da gestão. No entanto, sua essência já existe há algum tempo. Martin Luther King, Gandhi e Madre Tereza são alguns exemplos do que podemos chamar de empreendedores sociais. Personalidades com grande carisma e liderança atuaram provocando mudanças sociais em áreas em que a iniciativa privada ou o governo não atingiram. 16 No entanto, existe uma certa confusão com o termo responsabilidade social e com o empreendedorismo privado. A responsabilidade social é um conjunto de ações planejadas, e o empreendedorismo privado é voltado ao lucro e sua ação é individual, enquanto o empreendedorismo social é coletivo. O foco do empreendedorismo privado é produzir bens e serviços, enquanto o foco do empreendedorismo social é agir coletivamente na busca de soluções para problemas sociais por meio da produção de bens e serviços para a comunidade, seja ela local ou não. Quadro 1 – Tipos de empreendedorismo Os tipos de empreendedor Características gerais Habilidades principais Empreendedor de negócios. Identifica oportuni- dades no mercado, planeja e constrói novos negócios. Ter visão de futuro. Ter iniciativa. Ser inovador. Saber negociar. Ter bom relaciona- mento. Interpessoal. Ser criativo. Ser crítico. Empreendedor interno ou intraempreendedor. Promove mudanças dentro da empresa em que trabalha; reinventa a empre- sa, os setores, os negócios. Ser criativo. Ser inovador. Saber negociar. Ser crítico. 17 Empreendedor social. Promove mudan- ças, reúne recursos e constrói em be- nefício da comuni- dade, voluntariado; terceiro setor. Saber trabalhar em equipe. Pensar e agir estra- tegicamente. Ser atento aos deta- lhes. Ser criativo. Ser crítico. Ser flexível. Ser focado. Ser habilidoso. Ser inovador. Fonte: elaborado pela autora. Como foi possível perceber, há muitas características que são parecidas no perfil de um empreendedor, de um intraempreendedor e de um empreendedor social, sendo a criatividade, a inovação e o fator crítico, que envolve análise, as características fundamentais em qualquer tipo de empreendedorismo. As três características básicas, segundo Chiavenato (2007), são: necessidade de realização, disposição para assumir riscos e autoconfiança. Embora tenham sido pensadas no perfil do empreendedor de negócios, também podem ser aplicadas ao intraempreendedor e ao empreendedor social, com poucos ajustes. A necessidade de realização para o intraempreendedor será praticamente a mesma que para o empreendedor e para o empreendedor social. O que mudará será o objetivo da ação, da realização. No empreendedorismo de negócios, é algo para o mercado; no intraempreendedorismo, é dentro de uma organização; no 18 empreendedorismo social, é a necessidade do coletivo, da comunidade. Os riscos aparecerão nos três casos, sendo questões relacionadas à barreira de entrada em um mercado, às mudanças do ambiente externo, às barreiras à inovação e às ideias mais desafiadoras e à atuação com temas ou causas que são considerados complexos ou delicados, no caso do empreendedorismo social. E a autoconfiança será de extrema importância no desenvolvimento do processo de empreender, seja para o negócio, de forma interna ou no social. Se o empreendedor não acreditar na sua ideia, na sua capacidade, certamente será muito mais difícil superar as dificuldades que surgirão e que fazem parte do processo, para o seu fortalecimento e de seu negócio. E por falar em processo, este será o assunto que falaremos um pouco mais em nossa próxima aula: os passos e os caminhos para o empreendedorismo acontecer. Até breve! Referências BRASIL. Mapa de Empresas: boletim do primeiro quadrimestre/2022. Brasília, DF: Ministério da Economia, 2022. Disponível em: chrome-extension:// efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://www.aen.pr.gov.br/sites/default/ arquivos_restritos/files/documento/2022-06/mapa-de-empresas-boletim-do-1o- quadrimestre-de-2022.pdf. Acesso em: 7 jun. 2022. CHIAVENATTO, I. Empreendedorismo dando asas ao espírito empreendedor. 2. ed. São Paulo, SP: Saraiva, 2007. DICIONÁRIO MICHAELIS ONLINE. 2022. Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/ busca?r=0&f=0&t=0&palavra=Empreender. Acesso em: 7 jun. 2022. DEGEN, R. J. O empreendedor: empreender como opção de carreira. São Paulo, SP: Pearson, 2008. DRUCKER, P. F. Inovação e espírito empreendedor. São Paulo, SP: Pioneira, 1987. GERBER, M. O mito do empreendedor. São Paulo, SP: Fundamento, 2004. https://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=Empreender https://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=Empreender 19 GLOBAL ENTREPRENEURSHIP MONITOR. Empreendedorismo no Brasil. Curitiba, PR: IBQP, 2020. Disponível em: https://ibqp.org.br/wp-content/uploads/2021/02/ Empreendedorismo-no-Brasil-GEM-2019.pdf. Acesso em: 7 jun. 2022. MARTES, A. C. B. Weber e Schumpeter: a ação econômica do empreendedor. Brazilian Journal of Political Economy, v. 30, n. 2, p. 254-270, 2010. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0101-31572010000200005. Acesso em: 18 set. 2022. https://ibqp.org.br/wp-content/uploads/2021/02/Empreendedorismo-no-Brasil-GEM-2019.pdf https://ibqp.org.br/wp-content/uploads/2021/02/Empreendedorismo-no-Brasil-GEM-2019.pdf 20 Analisando oportunidades Autoria: Thaís Cereda Ravasi Leitura crítica: Sofia Lara Todão Szenczi Objetivos • Desenvolver habilidades e competências necessárias para empreender. • Compreender como a realidade socioeconômica e o ambiente interferem nas decisões do empreendedor.• Propiciar ao aluno o conhecimento necessário para iniciar um novo negócio. 21 1. Analisando oportunidades Durante um único dia, muitos pensamentos passam pela nossa mente; alguns deles podem se transformar em ideias que ganharão vida ou não. E algumas das ideias que temos, tentando solucionar algo, podem parecer únicas e extraordinárias e podemos chegar a pensar como alguém não havia pensado nisso antes. Dornellas (2016) diz que o fato de a ideia ser única ou não pouco importa. O que importa é essa ideia ser capaz de ser transformada em um produto ou serviço que traga uma solução, ou seja, que atenda a uma necessidade percebida, e que isso seja convertido em lucratividade. No entanto, se ideias podem ou não ser únicas, para o autor, as oportunidades são sempre únicas, “porque o empreendedor pode ficar anos sem observar e aproveitar uma oportunidade de desenvolver um novo produto, ganhar um novo mercado e estabelecer uma parceria que o diferencie dos concorrentes” (DORNELLAS, 2016, p. 48). Logo, uma oportunidade nunca é perdida. Se um empreendedor não perceber e agarrá-la, outro percebe. Portanto, estar atento ao mercado, às tendências e ao comportamento das pessoas pode ajudar a identificar oportunidades e alinhar ideias, criando negócios que sobrevivam às dificuldades dos anos iniciais e às mudanças no ambiente externo. Esse será o nosso assunto nas próximas páginas. 1.1 Inovação e criatividade Existe uma relação bem próxima entre criatividade e inovação. Embora muitos confundam os dois conceitos, criatividade está relacionada à geração de ideias, e a inovação, à capacidade de realizar ideias. Inovar faz parte do empreender, é o propósito instrumento que move o empreendedor. Inovação está relacionada a transformar um recurso que já existe em algo que gere riqueza (DRUCKER, 1987). Portanto, não é necessariamente criar algo que ainda não existe. Isso também pode ser 22 considerado inovação, mas não só. Um jeito diferente de organizar as finanças, por exemplo, que foi testado em grandes organizações e passa a ser usado por uma pequena empresa, pode ser considerada uma inovação. Portanto, inovar não é algo que acontece ao acaso. Drucker (1987) defendia o conceito de que a inovação deve ser sistemática, ou seja, organizada e planejada, que analisa as oportunidades, os riscos e as vantagens da utilização em termos econômicos e sociais. De acordo com o Oslo (2004 apud TEIXEIRA et al., 2019), as inovações podem ter quatro abordagens, classificadas em: de produto, de processo, organizacional e de marketing. As inovações de produtos são realizadas por meio de novas tecnologias e meios de produção; as de processo estão baseadas em métodos de produção novos ou melhorados; as organizacionais se referem às pessoas no meio organizacional; as de marketing estão relacionadas aos processos de marketing existentes. De acordo com Aranha (2016), os ambientes de inovação envolvem as dimensões de Inovação e as dimensões de Mecanismos de Geração de Empreendimentos, cada uma com suas especificidades, como pode ser melhor observado na Figura 1. Figura 1 – Ambientes de Inovação Fonte: Aranha (2016, p. 7). 23 Uma mudança percebida na inovação dentro do empreendedorismo nas últimas décadas está relacionada à fonte do conhecimento, que passa a ter contribuição significativa das áreas de pesquisa e desenvolvimento de grandes empresas, conforme aponta Aranha (2016). Para o autor, essa nova dinâmica, que antes estava concentrada apenas em centros de pesquisa e universidades, faz com que surja uma nova sociedade, baseada no conhecimento. Já sabemos que a inovação está relacionada a colocar em prática ideias capazes de gerar riqueza e solucionar problemas. Nesse ponto, alguns empreendedores acabam se perdendo por acreditar que sua ideia, sendo única e inédita, será um sucesso. Uma ideia só será um sucesso se for percebida como algo útil pelo mercado, ou seja, pelos consumidores de produtos ou serviços. Ter isso em mente faz muita diferença. Para isso, antes de criar o produto ou serviço, o empreendedor pode testar sua ideia, fazendo uma pesquisa com o público em potencial e conversando com consultores ou outros empreendedores (DORNELLAS, 2016). Inserir no mercado um produto ou serviço sem antes testar a ideia é algo muito arriscado. Para minimizar o risco, existe uma técnica chamada MVP (Minimum Viable Product), que em português significa Produto Minimamente Viável. A função do MVP é testar a função do produto para validar a viabilidade do negócio. Para isso, é feito um protótipo que ofereça uma solução para o qual foi pensado e que será testado com parte do público que seria o consumidor desse produto (ENDEAVOR, 2015). Além da inovação, a criatividade é outra característica necessária no processo de empreender. Porém, engana-se quem pensa que ela é um dom que poucos possuem. A criatividade é algo inato do ser humano, que durante a infância se manifesta fortemente. Porém, conforme a pessoa vai crescendo, essa capacidade vai ficando esquecida, 24 adormecida, mas não é perdida. Portanto, o argumento de que algumas pessoas nasceram mais criativas que outras não é real. A diferença entre pessoas muito criativas e pouco criativas é que as mais criativas sabem como alimentar a criatividade que há nelas, enquanto as outras não. No entanto, a boa notícia é que é possível despertar essa criatividade adormecida. Como criatividade, compreenderemos a capacidade humana de ter ideias que levam a soluções de problemas, dos mais simples aos mais complexos. Criar é imaginar. Portanto, se todos nós nascemos criativos e vamos esquecendo essa habilidade ao longo dos anos, é possível criar situações que favorecem e estimulam a criatividade. A primeira coisa necessária a ser feita para quem quer estimular sua criatividade é estar atento às coisas que acontecem ao seu redor. Para isso, observe o lugar onde você mora, as ruas de seu bairro, as pessoas, o seu local de trabalho, sua relação com os amigos, conhecidos e desconhecidos. Isso estimulará sua criatividade, porque ela não é algo estático, e sim vivo, que se movimenta e se manifesta de e em diferentes formas. Além do exercício de começar a prestar atenção à nossa volta e às nossas relações cotidianas, existem algumas técnicas que ajudam no processo de criação. Uma das técnicas mais conhecidas é chamada de brainstorm, que, em uma tradução livre, seria tempestade cerebral, melhor compreendida como tempestade de ideias. Essa técnica consiste em marcar um minuto no relógio e, durante esse tempo, anotar o máximo de palavras ou ideias que venham à mente para a solução de algo ou em relação a um tema específico, sem restrições ou julgamentos. Após o fim de um minuto, é o momento de ler as ideias anotadas e começar a avaliar as que fazem sentido para chegar à solução do que se espera. Normalmente, é uma técnica feita em grupo, mas pode ser aplicada de forma individual. É também uma técnica utilizada na solução de problemas, mas estimula a criatividade, porque deixa a mente agir sem barreiras, sem impedimentos, mesmo que por 25 um período breve. E quando desativamos o mecanismo de defesa, de críticas, as ideias surgem. Um outro exercício para estimular a criatividade é dar a um objeto já conhecido, outra função pouco conhecida. Por exemplo, um garfo pode se tornar um porta-retrato. Achou estranho? Não ache! Comece a testar e a exercitar a sua criatividade. No início, pode ser mais difícil, mas com a prática vai ficando mais interessante e você estará mais atento às coisas que acontecem e por que e como acontecem. Além da criatividade, você treinará também a sua percepção. Dornellas (2016) sugere que conversar com pessoas de diferentes idades e classes sociais, pesquisar patentes e licenciamento de novos produtos, estar atento a acontecimentos sociais de sua região, hábitos de consumo, estilos de vida, tendências de consumo, visitar feiras de negócios, participarde congressos, conferências, eventos de entidade de classe e associações também são formas de estimular a produção de ideias e a criatividade. 1.2 Analisando o mercado em busca de oportunidades Somos influenciados pelo ambiente que nos cerca. Desse ambiente é que surgem as ideias e as oportunidades que vêm por meio da capacidade de observação, análise e percepção da realidade. Embora nossas decisões e nossas escolhas estejam relacionadas ao que está acontecendo hoje, compreender esse ambiente permite que estejamos preparados para imprevistos que possam surgir amanhã. Quero dizer que, embora não tenhamos controle sobre forças econômicas, políticas, geográficas, tecnológicas, sociais e culturais, somos afetados por tudo que acontece em cada uma dessas áreas. E, entendendo como está cada uma delas, consigo me preparar para os imprevistos que podem surgir e, assim, descobrir oportunidades. 26 A análise que permite entender melhor esse ambiente e descobrir como isso pode trazer oportunidades para iniciar novos negócios ou para melhorar negócios já existentes é chamada de análise do macroambiente, que Neves (2006) chama de Análise PEST e envolve os ambientes político, legal, econômico, sociocultural, natural e tecnológico. Quadro 1 – Fatores para a realização da Análise PEST Fatores político-legais Fatores socioculturais • Estrutura política e legal. • Estrutura legislativa. • Grupos de pressão. • Poder dos sindicatos. • Barreiras tarifárias. • Políticas tributárias. • Legislação trabalhistas. • Juros e câmbio. • Regulamentação comércio exte- rior. • Demografia. • Estilos de vida. • Níveis de educação. • Padrão de comportamento. • Consumerismo. • Raças/etnias. • Lazer. • Conveniências. • Tamanho das famílias. Fatores econômicos e naturais Fatores tecnológicos • Taxa de juros e taxa de câmbio. • Linhas de crédito. • Inflação. • Integração econômica. • Concentração de fornecedores. • Concentração de compradores. • Restrições de insumos do am- biente: (água, ar, entre outros). • Nível de investimento em pesqui- sa e desenvolvimento. • Ciclo de vida dos produtos. • Entidades de pesquisa, institutos e universidades que estão desen- volvendo pesquisas. • E-commerce. • Proteção de dados. • Big Data. Fonte: adaptado de Neves (2006). Os itens expostos no Quadro 1 são alguns exemplos de pontos de análise em cada um dos ambientes externos. Todos esses ambientes 27 estão repletos de informações que ajudam nas decisões empresariais e nas decisões do empreendedor. No entanto, especificamente o ambiente sociocultural é muito rico para identificar oportunidades de criação de produtos e serviços, porque esse ambiente está diretamente relacionado aos hábitos de consumo e de vida das pessoas. Além de oportunidades, a análise do ambiente externo também permite identificar ameaças para um negócio já existente ou para a ideia de um novo negócio. Ao realizar a análise do ambiente, muitas empresas identificam oportunidades para agir e corrigir alguma falha em sua operação e, em relação a quem empreende, consegue perceber oportunidades para a criação de um negócio, produto ou serviço. Portanto, ao identificar uma ideia, o empreendedor concorre com empresas já estabelecidas. Algumas oportunidades favorecem negócios já estabelecidos, enquanto outras favorecem novos negócios. Ao focar em oportunidades que favorecem novos negócios, um empreendedor pode aumentar suas chances de sucesso (BARON; SHANE, 2006). A Figura 2 mostra a relação existente entre a geração de ideias, criatividade e oportunidades. 28 Figura 2 – Geração de ideias, criatividade e reconhecimento de oportunidades Fonte: Baron e Shane (2006, p. 61). Portanto, a boa oportunidade é aquele fruto de uma ideia capaz de gerar valor econômico, ou seja, ser rentável e que ofereça uma solução para algo que falte ou cause desconforto no mercado. Pessoas consomem benefícios, e não produtos e serviços. Elas compram para resolver problemas, para curar possíveis dores, que podem ser físicas ou emocionais. E é nesse ponto que a inovação entra em ação. Inovar é transformar algo existente em algo capaz de gerar riqueza, como já foi mencionado aqui. Há, ainda, uma forma de iniciar um negócio por meio de uma oportunidade que já foi testada, ou seja, o empreendedor pode começar o seu negócio pela aquisição de um negócio já existente ou por meio de uma franquia. Ao comprar um negócio já existente, o empreendedor tem como vantagens a “redução da incerteza, a aquisição de operações em 29 andamento, relacionamentos já consolidados e preços de negociação” (CHIAVENATTO, 2007, p. 56). Até agora, estávamos focando na análise do ambiente externo, também conhecido como macroambiente, que permite a identificação e a análise de oportunidades. No entanto, é importante dizer que também existe a análise do microambiente, que consiste na análise dos pontos fracos e fortes do negócio em relação à concorrência. Na análise do ambiente interno, o empreendedor deve considerar o que está oferecendo ou oferecerá em termos de produto ou serviço, seus custos, seu valor de venda do produto, suas condições de pagamento, a comunicação, o marketing, a gestão de pessoas, a produção. Portanto, como foi possível observar, a ideia de que ser criativo é para poucos é um mito. Agora você já sabe como pode estimular a criatividade que existe dentro de você. E, a partir dela, ter ideias que transformam realidades. Também já sabe que a criatividade faz uma parceria muito boa com a inovação. Enquanto uma está no campo das ideias, a outra está no campo da realização, mas ambas buscam solucionar problemas ou dores existentes no mercado atuando em oportunidades encontradas. E para encontrar essas oportunidades, estar atento ao ambiente econômico, político, legal, sociocultural e natural é fundamental. Referências ARANHA, J. A. S. Mecanismos de geração de empreendimentos inovadores: mudança na organização e na dinâmica dos ambientes e o surgimento de novos atores Brasília, DF: ANPROTEC, 2016. Disponível em: https://www.feevale.br/ Comum/midias/e46b2a7c-b1a5-4f15-b49f-b961901a2cee/anprotec-mecanismos- geracao-de-inovacao.pdf. Acesso em: 22 jun. 2022. BARON, R. A.; SHANE, S. A. Empreendedorismo: uma visão do processo. São Paulo, SP: Cengage Learning, 2006. https://www.feevale.br/Comum/midias/e46b2a7c-b1a5-4f15-b49f-b961901a2cee/anprotec-mecanismos-geracao-de-inovacao.pdf https://www.feevale.br/Comum/midias/e46b2a7c-b1a5-4f15-b49f-b961901a2cee/anprotec-mecanismos-geracao-de-inovacao.pdf https://www.feevale.br/Comum/midias/e46b2a7c-b1a5-4f15-b49f-b961901a2cee/anprotec-mecanismos-geracao-de-inovacao.pdf 30 CHIAVENATO, I. Empreendedorismo dando asas ao espírito empreendedor. 2. ed. São Paulo, SP: Saraiva, 2007. DORNELLAS, J. C. A. Transformando ideias em negócios. São Paulo, SP: Atlas, 2016. DRUKER, P. F. Inovação e espírito empreendedor. São Paulo, SP: Pioneira, 1987. ENDEAVOR BRASIL. O guia prático para o seu MVP Minimum Viable Product. Endeavor, 2015. Disponível em: https://endeavor.org.br/estrategia-e-gestao/mvp/. Acesso em: 30 jun. 2022. NEVES, M. F. Planejamento e Gestão Estratégica de Marketing. São Paulo, SP: Atlas, 2006. TEIXEIRA, T. S. et al. Inovação e empreendedorismo: um caso no setor público. Pretexto, v. 20, n. 1, jan.-mar. 2019. Disponível em: http://201.48.93.203/index.php/ pretexto/article/view/5609. Acesso em: 24 jun. 2022. https://endeavor.org.br/estrategia-e-gestao/mvp/ http://201.48.93.203/index.php/pretexto/article/view/5609 http://201.48.93.203/index.php/pretexto/article/view/5609 31 O plano de negócios Autoria: Thaís Cereda Ravasi Leitura crítica: Sofia Lara Todão Szenczi Objetivos • Desenvolver habilidades e competências necessárias para empreender. • Compreender como a realidade socioeconômica e o ambiente interferem nas decisões do empreendedor. • Propiciar ao aluno o conhecimento necessário para iniciar um novo negócio.32 1. Níveis de planejamento Muitas pessoas usam as palavras planejamento e plano como se fossem sinônimos. No entanto, o planejamento é algo que antecede o plano. O planejamento é algo dinâmico que começa antes de um negócio ser realizado, durante e depois. O plano é o resultado da análise feita no planejamento, e o planejamento estará sempre acontecendo mesmo com o plano em andamento, porque ele faz parte de qualquer negócio. O plano envolve os passos e as ações necessárias para que os objetivos definidos pela organização sejam conquistados. O planejamento é flexível, porque o mercado não é estático e a concorrência muda a cada dia. Portanto, quem não acompanha essa dinâmica fica para trás. É importante que você saiba que o planejamento acontece em três níveis: estratégico, tático e operacional, e cada um deles está relacionado aos níveis estratégicos de uma organização, conforme pode ser observado na Figura 1. Figura 1 – O planejamento e os níveis organizacionais Fonte: elaborada pela autora. 33 O nível estratégico de uma organização é composto pela presidência, pela vice-presidência e pelas diretorias. É o nível onde acontece o planejamento estratégico, aquele que envolve toda a organização e que define a estratégia e os objetivos a longo prazo, estimado entre três e cinco anos. O nível tático é composto pelas diretorias e envolve os departamentos e as filiais da empresa. Está relacionado ao planejamento estratégico, e seu tempo é de um a três anos em média. O nível operacional ou funcional é a parte mais prática, em que são elaborados os planos de ação dentro de cada uma das áreas e está subordinado ao planejamento tático e ao estratégico. Normalmente, tem duração bimestral, trimestral, semestral e de até um ano. Tudo isso é para que você compreenda que planejar é algo essencial e que faz parte do andamento e desenvolvimento de uma empresa. Então, antes de empreender, é fundamental que o planejamento aconteça, e desse planejamento tenha origem o plano de negócios. Mas, afinal, o que é um plano de negócios? É um documento onde estarão as informações principais e mais importantes para que o negócio tenha início e consiga se manter no mercado. De acordo com o Sebrae (2013, p. 13), “o plano de negócio permite identificar e restringir erros no papel, ao invés de cometê-los no mercado”. No entanto, com o passar dos anos, o modelo tradicional de um plano de negócios vem perdendo espaço para metodologias mais ágeis, como é o caso do modelo Canvas, ou Business Model Canvas. O Business Model Canvas, ou simplesmente modelo Canvas, é uma ferramenta de modelagem de negócios que permite a descrição visual e as partes que compõem o negócio, facilitando o entendimento de quem o lê (RUIZ, 2019). 34 Falaremos mais sobre o Canvas, mas, antes, compreenderemos as partes que compõem o plano de negócios. 2. Estrutura do plano de negócios Sendo um documento importante para o início e o desenvolvimento do negócio, o tamanho de um plano de negócios pode variar. No entanto, independentemente se é um plano para uma empresa pequena, média ou grande, todo plano de negócios deve seguir uma estrutura básica que envolve a descrição da empresa e do negócio, a análise do mercado e da concorrência, o plano de marketing, o plano de produção e operações e as projeções financeiras. Figura 2 – Itens básicos para um plano de negócios (Business Plan) Fonte: elaborada pela autora. A elaboração de um plano de negócios proporciona alguns benefícios (DORNELLAS, 2016): • Entender e estabelecer diretrizes para o negócio. 35 • Gerenciar de forma mais eficaz e tomar decisões acertadas. • Monitorar o dia a dia da empresa e tomar decisões corretivas quando necessário. • Conseguir financiamento e recursos junto a bancos, governo, incubadoras, investidores etc. • Identificar oportunidades e transformá-las em diferencial competitivo. • Estabelecer comunicação interna eficaz e convencer o público externo (fornecedores, investidores, clientes, bancos, associações etc.). 2.1 Sumário executivo, descrição da empresa e produtos O sumário executivo é a parte de um plano onde será apresentado todo o conteúdo do plano de forma resumida. É a primeira parte que aparece em um plano, mas é a última a ser redigida, já que contém tudo o que está no documento, porém não com detalhes. Não confunda o sumário executivo com o sumário comum. Este contém os tópicos e as páginas correspondentes, enquanto aquele é um texto corrido com as informações principais sobre o negócio, o mercado, a empresa e as ações previstas. O passo seguinte deve descrever o negócio de forma detalhada, ou seja, fornecer informações, como a estrutura do empreendimento, o nome fantasia, a estrutura jurídica e fiscal, o setor, a missão e a localização. Também devem ser descritos os tipos de produtos que serão produzidos ou comercializados ou os tipos de serviços a que serão prestados. Volume, tipos, tamanho, formatos, forma de produção, uso de tecnologia ou não, relação com os clientes, tudo isso é importante constar. 36 Existe uma ferramenta chamada Matriz BCG, criada por uma consultoria americana chamada Boston Consulting Group, de onde origina e se mantém o nome, que tem a função de analisar o portifólio de produtos de uma empresa de acordo com o ciclo de vida do produto. É uma ferramenta interessante para ser utilizada e que, além de organizar os produtos/serviços oferecidos, ajuda a traçar metas e projeções de vendas. Figura 3 – Matriz BCG Fonte: adaptado de Kotler (2000). A matriz BCG é composta por um eixo vertical relacionado à taxa de crescimento de mercado e outro horizontal que corresponde à participação relativa de mercado. Está dividida em quatro quadrantes, tendo início na interrogação, passando por estrela, vaca leiteira e abacaxi. O quadrante interrogação é o equivalente aos produtos que estão sendo introduzidos no mercado; o quadrante estrela representa os produtos que estão crescendo no mercado, mas ainda não dão lucro; 37 os produtos vaca leiteira são os que já estão consolidados e que geram lucro; por fim, o produto abacaxi é o que está em declínio e que sairá do mercado em breve, porque não tem mais atratividade. 2.1.1 Missão e visão Toda empresa tem uma razão de ser. Mesmo que isso não esteja escrito ou declarado, há uma forma muito particular de um empreendedor agir e fazer o seu negócio acontecer. E isso é algo que está relacionado às suas características pessoais e à sua forma de ver o mundo e, portanto, o negócio. Acredito que você já deve ouvido por aí que toda empresa tem a cara de seu dono. Essa informação está relacionada ao propósito do negócio, ou seja, à missão. Quando um empreendedor ainda está gerando o negócio, ele pode ter ideia de sua missão, mas isso não é algo obrigatório. É algo que fará diferença em suas ações no mercado, mas apenas se realmente fizer sentido, e não apenas como um lindo texto que é lido ou repetido. À medida que o negócio vai dando os primeiros passos de crescimento e sustentação, é interessante refletir sobre a missão, porque ela será a diretriz para a definição de objetivos e estratégias. A declaração da missão de uma empresa é “a explicação por escrito das intenções e aspirações da organização” (SERRA et al., 2012, p. 81). A missão contém o propósito da organização, a razão de existir. Os autores orientam que uma missão bem formulada e escrita é clara, está relacionada aos fatores críticos do sucesso do negócio, transmite os valores da organização e deve criar base para os objetivos da empresa. Existe um outro conceito que está relacionado ao planejamento estratégico e à missão, que é a visão. A visão, nada mais é que a forma como um empreendedor ou empresário enxerga seu negócio para os próximos cinco ou dez anos. É uma espécie de projeção que ajudará a criar a estratégia. 38 Embora a relação entre missão e visão seja bem próxima, é importante saber a diferença. A missão é a razãode ser de uma empresa. Ela contém a essência e o propósito de uma organização. Por exemplo, eu iniciei um negócio fazendo comida vegana. A minha missão é fazer comida saborosa e saudável e, ainda, ser amiga dos animais. Essa missão norteará tudo que eu, como empreendedora, farei. Minha visão poderá ser reconhecida como a melhor restaurante de comida vegana da cidade em cinco anos. Conforme Serra et al. (2012) orientam, algumas questões ajudam na formulação da visão: • Qual é o nosso objetivo? • Quais são os nossos valores básicos? • O que fazemos de melhor? • O que gostaríamos de mudar? • Qual força nos impulsiona? Ainda, para os autores, a visão tem que ser duradoura, mesmo que o ambiente esteja em constante mudanças. 2.2 Análise do mercado e da concorrência A análise do mercado é a parte do plano em que será descrita a situação atual do mercado, identificando oportunidades e ameaças, que vêm do ambiente externo, e pontos fortes e fracos, que vêm do ambiente interno. Você já sabe que a análise externa é feita com base no ambiente externo, composto pelos ambientes político e legal, sociocultural, econômico e tecnológico, e que a análise do ambiente interna é feita com base na empresa, na organização. 39 Existem algumas ferramentas, como a Matriz SWOT e a Matriz de Porter, que permitem ter uma visão mais clara sobre o mercado e a concorrência. A Matriz SWOT é uma ferramenta que unifica as principais ameaças e oportunidades e os pontos fortes e fracos. O nome vem do inglês: Strenghts, Weaknesses, Oportunities and Threats. Com ela, é fácil visualizar o que pode ser melhorado e o que precisa ser corrigido ou realizado. Figura 4 – Matriz SWOT Fonte: elaborada pela autora. Já a Matriz das forças de Porter, que pode ser vista na Figura 5, é uma ferramenta que permite olhar o mercado e a concorrência de uma forma um pouco mais complexa, porque considera os fornecedores como possíveis concorrentes, por exemplo. Parece estranho, mas, se eu compro do fornecedor F e você também e existe uma política de preços e vantagens diferentes para nós dois, isso indiretamente acaba sendo um tipo de concorrência e deve ser considerada. A Matriz de Porter também analisa a empresa e o mercado em relação aos novos entrantes, ao poder de barganhar de compradores e de fornecedores e à ameaça de produtos substitutos. 40 Figura 5 – Matriz das forças de Porter Fonte: adaptada de Porter (1989). No entanto, a Matriz SWOT e a Matriz das forças de Porter são apenas sugestões para facilitar a análise e a descrição do mercado no qual se deseja empreender. Mas, caso o empreendedor não queira utilizar nenhuma dessas ferramentas, o importante é ter analisado o ambiente e a concorrência e que o resultado dessa análise esteja descrito em forma de texto ou tabela. 2.3 Planos de marketing, operações, pessoas No que se relaciona ao marketing, deve ser considerado quem é o público consumidor do produto ou serviço e quais são os valores centrais da marca ou do negócio, além de serem pensadas as estratégias 41 de ação dentro do mix de marketing, ou mais conhecido como 4 Ps: produto, preço, promoção e ponto de venda. No entanto, como o produto já foi descrito na descrição da empresa e do produto e a parte de custos e projeções é um capítulo à parte, é de extrema importância que no plano de marketing constem os meios de comunicação e as estratégias que serão utilizadas na divulgação da marca. O relacionamento com os clientes também deve ser considerado e descrito no plano. A parte de operações envolve a forma e a capacidade produtiva, bem como a logística, ou seja, a forma como o produto será entregue ao consumidor, se haverá estoque etc. E o plano de pessoas envolve saber quem são as pessoas que fazem parte da gestão da empresa e que funções desempenham. 2.4 Projeções financeiras O planejamento financeiro deve incluir todas as ações planejadas em forma de números. As projeções devem ter, pelo menos, três anos, para auxiliar na viabilidade de análise do retorno financeiro. Podem ser utilizados métodos de análise, como ponto de equilíbrio, prazo interno de retorno sobre o investimento inicial (payback), taxa interna de retorno, custos fixos e variáveis, despesas gerais, balanço patrimonial, fluxo de caixa e demonstrativo de resultados do exercício (DORNELLAS, 2016). Os itens discorridos até o momento são os que não devem faltar em um plano de negócios. Todavia, como já mencionado, o plano de negócios pode variar em tamanho e forma, dependendo do tipo e do tamanho do empreendimento. 42 3. Business Model Canvas Algumas metodologias ágeis, ou seja, aquelas que agilizam o processo e o entendimento dele, são utilizadas em substituição ou complementação ao modelo tradicional de planejamento. Como exemplo, podemos citar o Design Thinking, que “é uma abordagem sistêmica à solução de problemas que descentraliza a prática do design das mãos de profissionais especializados ao permitir que seus princípios sejam empregados por pessoas que atuam em áreas profissionais variadas” (RUIZ, 2019, p. 323). A utilização do modelo Canvas com a metodologia Design Thinking proporciona um planejamento mais criativo e fácil de ser compreendido, permitindo o surgimento de mais ideias e facilitando o feedback (RUIZ, 2019). O nome Business Model Canvas vem do inglês e significa “quadro de modelo de negócios”. Ele surgiu pela primeira vez na tese de doutorado de Alexandre Osterwalder, um consultor suíço e, devido à sua eficácia, facilidade de utilização e entendimento, rapidamente passou a ser usado por empreendedores em diferentes setores (SEBRAE, 2019). O Canvas é um documento visual e simples de ser acessado e compreendido. É formado por nove blocos, nos quais são inseridas informações, que podem ser escritas diretamente no quadro ou por meio de post-its, conforme pode ser observado no Quadro 1 (SEBRAE, 2019). 43 Quadro 1 – Exemplo de Modelo Canvas VALOR Quais os valores que a empresa deseja entregar aos seus consumidores. CANAIS Definir os meios para passar as mensagens para os consumidores e tipos de mídias que serão utilizadas. PARCEIROS-CHAVE Principais fornecedores da empresa. SEGMENTO Direcionar a empresa para seu público-alvo, definindo características, como idade, classe social, sexo, entre outras. ATIVIDADE-CHAVE Qual a atividade principal que move a empresa, tudo aquilo que ela faz de mais importante em relação ao negócio. FONTES DE RECEITA De que forma o valor vendido pela empresa é monetizado. RELACIONAMENTO Descrever de que forma a empresa vai se relacionar com seus clientes e seu público-alvo. RECURSOS-CHAVE Tudo aquilo que é necessário para realizar as atividades que a empresa exerce, incluindo pessoas, equipamentos, máquinas, sistema e outros. CUSTOS Todos os custos que a empresa precisa para funcionar e produzir aquilo que fornece. Fonte: adaptado de Sebrae (2019). No entanto, o plano de negócios é mais complexo e mais completo em termos de informações. A diferença principal é que, no modelo Canvas, estão apenas as informações importantes para a tomada de decisão, e no plano de negócios, há a definição de estratégias e planos de ação. Mas, na prática, os dois trazem resultados eficazes. Muitos empreendedores utilizam o modelo Canvas como uma complementação do plano de negócios. 44 Todavia, independentemente de ser um plano estruturado como no modelo tradicional de plano de negócios ou de um plano mais simplificado, com a utilização do modelo Canvas, por exemplo, o importante é que as informações básicas, como produtos, segmento de atuação e projeções financeiras, estejam presentes. Dessa forma, o empreendedor terá uma direção segura nos próximos passos que der em relação ao seu negócio. Referências CHIAVENATO, I. Administração: teoria, processo e prática. 4. ed. Rio de Janeiro, RJ: Campus, 2006. CHIAVENATO, I. Empreendedorismo dando asas ao espírito empreendedor. 2. ed.São Paulo, SP: Saraiva, 2007. DORNELLAS, J. C. A. Transformando ideias em negócios. São Paulo, SP: Atlas, 2016. KOTLER, P. Administração de marketing: a edição do novo milênio. 10. ed. São Paulo, SP: Prentice-Hall, 2000. PIERANTONI, A. Plano de Negócios: tudo o que deve ter em um Business Plan. Endeavor, 2021. Disponível em: https://endeavor.org.br/estrategia-e-gestao/o- plano-de-negocios-business-plan/. Acesso em: 5 jul. 2022. PORTER, M. Vantagem competitiva. Rio de Janeiro, RJ: Campus, 1989. RUIZ, C. R. Criação de um modelo Canvas para planejamento acadêmico aliado a ferramentas de design thinking. Revista de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 23, n. 2, p. 321-327, 2019. Disponível em: https://periodicos.fclar. unesp.br/rpge/article/view/11762. Acesso em: 18 jul. 2022. SEBRAE. Como elaborar um plano de negócios. Brasília, DF: 2013. Disponível em: chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://www.sebrae. com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/UFs/RN/Anexos/gestao-e-comercializacao-como- elaborar-um-plano-de-negocios.pdf. Acesso em: 18 set. 2022. SEBRAE. Canvas X Plano de Negócios. Sebrae, 2019. Disponível em: https://www. sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/pr/artigos/canvas-x-plano-de-negocios,22eac d18a819d610VgnVCM1000004c00210aRCRD#:. Acesso em: 18 jul. 2022. SERRA, F. A. R. et al. Administração estratégica: conceitos, roteiro prático e casos. Florianópolis, SC: Insular, 2012. https://endeavor.org.br/estrategia-e-gestao/o-plano-de-negocios-business-plan/ https://endeavor.org.br/estrategia-e-gestao/o-plano-de-negocios-business-plan/ https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/pr/artigos/canvas-x-plano-de-negocios,22eacd18a819d610VgnVCM1000004c00210aRCRD https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/pr/artigos/canvas-x-plano-de-negocios,22eacd18a819d610VgnVCM1000004c00210aRCRD https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/pr/artigos/canvas-x-plano-de-negocios,22eacd18a819d610VgnVCM1000004c00210aRCRD 45 Iniciando o negócio Autoria: Thaís Cereda Ravasi Leitura crítica: Sofia Lara Todão Szenczi Objetivos • Desenvolver habilidades e competências necessárias para empreender. • Compreender como a realidade socioeconômica e o ambiente interferem nas decisões do empreendedor. • Propiciar ao aluno o conhecimento necessário para iniciar um novo negócio. 46 1. O porte da empresa Muitos negócios começam movidos pela necessidade de uma renda principal em um momento de extrema necessidade ou de uma renda extra. Mas, o que era apenas um hobby ou uma atividade extra pode se tornar um negócio rentável e escalável, ou seja, que pode ser reproduzido. É comum que negócios que começam por hobby ou necessidade tenham sido iniciados sem planejamento e com os empreendedores atuando como pessoa física e, à medida que o negócio vai tomando forma, é necessário fazer o registro como pessoa jurídica. Somente para que fique claro, pessoa jurídica é uma característica apenas para empresas e que facilita a sua legalização, que passa a funcionar na formalidade. Toda empresa – qualquer que seja a sua constituição jurídica – funciona como uma pessoa jurídica, isto é, com uma personalidade distinta das pessoas individuais que a compõem e dirigem (CHIAVENATO, 2007). Antes de começar um negócio, é importante pensá-lo, prepará-lo e estruturá-lo da forma correta, evitando possíveis erros, minimizando riscos e atuando de forma legal. Para isso, o planejamento é importantíssimo, como também o apoio de consultores, como é o caso do Sebrae, que fornece apoio aos micros e pequenos empresários, tirando dúvidas, aconselhando e apontando caminhos. Uma das principais dúvidas que um empreendedor pode ter é quanto ao registro legal e ao tamanho que sua empresa terá. Então, antes disso, é importante saber o que, como e quanto será oferecido em termos de serviço ou o que, como e quanto será produzido, em termos de produto, para ter noção do faturamento mensal. Novamente, a importância das projeções que o plano de negócios proporciona. Dados do Ministério da Economia mostraram que o Brasil registrou um aumento de 6% no número de negócios ativos em 2020 e um aumento 47 de 26,5% na abertura de novos negócios em 2021, relacionados ao ano anterior (ROCHA, 2022). O que significa que existe no mercado muitos empreendedores que estão aprendendo a gerir seu negócio e os desafios que isso traz, dentre eles, a abertura e a classificação da empresa. A lei brasileira permite a classificação de empresas como micro, pequena, média ou grande. No entanto, os critérios podem variar, dependendo do órgão responsável pela classificação. Ao definir o porte da empresa, o empreendedor definirá também a forma e a alíquota de tributação e com isso terá acesso a incentivos fiscais e linhas especiais de crédito. O critério mais utilizado está definido de acordo com a Lei Geral das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, criada em 2006, com o intuito de facilitar o acesso ao mercado e à aquisição de crédito para os empreendedores, além estimular a inovação. Essa legislação estabelece um critério de classificação de empresas baseado no faturamento bruto anual 1. Com essa lei, surge também o critério de Microempreendedor Individual (MEI), que regulamenta diferentes tipos de atividades profissionais, como cabelereiros, artistas e professores particulares, e os beneficia com os aspectos legais. O microempreendedor individual permite um faturamento de até 80 mil reais por ano. De acordo com a Agência Brasil (2022), em 2021, mais de 3,9 milhões de empreendedores formalizaram suas micro e pequenas empresas ou se registraram como microempreendedores individuais (MEIs), o que representa um crescimento de 19,8% em relação a 2020. Existe um outro critério de classificação de empresas que está baseado na quantidade de funcionários. É o caso do critério criado pelo Instituto 48 Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com o Sebrae, que separa o mercado por indústria e comércio e serviços, como mostra o Quadro 1. Quadro 1 – Classificação de empresas por quantidade de colaboradores PORTE DA EMPRESA COMÉRCIO E SERVIÇOS INDÚSTRIA Micro Até 9 colaboradores Até 19 colaboradores Pequena 10 a 49 colaboradores 20 a 99 colaboradores Média 50 a 99 colaboradores 100 a 499 colaboradores Grande Mais de 100 colaboradores Acima de 500 colaboradores Fonte: elaborado pela autora. A classificação por quantidade de colaboradores é especialmente útil na realização de pesquisas para aprimoramento do empreendedorismo e da gestão de empresas, pois facilita a identificação do porte da empresa sem que se tenha que entrar em valores. Há, ainda, a possibilidade do empreendedor se juntar a outros empreendedores ou a empresários e criar um negócio no formato sociedade. No entanto, após a definição do porte da empresa, é necessário definir a natureza jurídica dela. 2. A natureza jurídica da empresa Toda empresa possui natureza jurídica que pode variar de acordo com o tipo de negócio e a sociedade. 49 A natureza jurídica de uma empresa pode ser entendida como as regras e os deveres que os sócios de uma empresa deverão seguir. Para isso, é necessário saber as características do negócio. Um contador ou um escritório de contabilidade é o indicado para realizar esse procedimento e poderá tirar as dúvidas do empreendedor. No entanto, para conhecimento, o site Contabilizei (2022) explica detalhadamente sobre os registros e as especificações de uma empresa, como veremos a seguir, no Quadro 2. Quadro 2 – Natureza jurídica da empresa NATUREZA JURIDICA DA EMPRESA CARACTERÍSTICAS Microempreendedor Individual (MEI) Nesse registro não é permitido sociedade, mas, sim, apenas um funcionário, e o valor que o microempreendedor pode faturar em um ano é limitado a 80 mil reais. Paga- se o valor de cerca de 60 reais por mês e com acesso ao INSS e direito ao CNPJ. O governo criou essa categoria para legalizar o trabalho de muitos profissionais autônomosque atuavam na informalidade. Microempresa (ME) É possível ter sócios e, atualmente, o faturamento anual é até o valor de 360 mil reais. A tributação ocorre pelo modelo Simples Nacional. 50 Empresa de Pequeno Porte (EPP) O faturamento fica entre 361 mil e 4,8 milhões. Permite sociedade e está dentro do regime de tributação do Simples Nacional. Empresário individual ou Empresa individual (EI) Não há sociedade, e o capital inicial é relativamente baixo se comparado a outros tipos societários. Não permite separação de patrimônio pessoal e empresarial. Empreendedor individual de responsabilidade limitada (EIRELI) Não há sociedade, e o capital inicial é relativamente alto, em torno de 100 salários-mínimos, se comparado a outros tipos societários. Permite separação de patrimônio pessoal e empresarial. Sociedade Anônima (S/A) A figura dos sócios não existe. O que existe são acionistas. Uma sociedade anônima pode aturar com o capital aberto, em que suas ações são compradas e vendidas na bolsa de valores, e com o capital fechado, em que a compra e venda é feita apenas para escolhidos. Normalmente, é um modelo muito utilizado por grandes corporações. 51 Sociedade Simples Limitada É específica para empresa que presta serviços composta por dois ou mais sócios, normalmente relacionada a profissões intelectuais ou de cooperativa, como médicos e advogados. Sociedade Limitada Unipessoal (SLU) É uma modalidade que ficou vigente na natureza jurídica no Brasil em 2022 e envolve uma mistura de várias outras formas, como a EIRELI, EI e a sociedade LTDA, permitindo mais liberdade e agilidade ao empreendedor. Fonte: adaptado de Contabilizei (2022). Após a definição do porte e da natureza jurídica, o empreendedor pode dar continuidade ao processo de implementação ou de nascimento de sua empresa. 3. Primeiros passos Feita a reflexão sobre a definição jurídica da empresa, é o momento de refletir sobre as formas de dar iniciar ao negócio. Basicamente, o empreendedor pode começar sozinho, mas com a ajuda e orientação de especialistas e consultores. Também pode participar de uma incubadora de negócios, caso sua ideia seja inovadora e diferenciada. E, ainda, pode se tornar um franqueado, para os que empreenderão com uma ideia que já foi testada. No entanto, é importante que você tenha consciência que, em qualquer um dos casos, o empreendedor precisa saber o que e https://www.contabilizei.com.br/contabilidade-online/sociedade-limitada-unipessoal-mp-881-o-que-muda/ https://www.contabilizei.com.br/contabilidade-online/sociedade-limitada-unipessoal-mp-881-o-que-muda/ 52 quanto venderá, para quem, quanto investirá e a projeção de retorno do investimento. Vamos conhecer um pouco mais sobre incubadoras de empresas, startups e franquias. 3.1 Incubadoras O modelo de incubadora de empresas que conhecemos hoje surgiu em 1959, no estado de Nova Iorque (EUA), quando uma das fábricas da Massey Ferguson fechou e o comprador das instalações da fábrica, Joseph Mancuso, resolveu sublocar o espaço para pequenas empresas iniciantes, que compartilhavam equipamentos e serviços (ARANHA, 2016). O modelo proposto se consolidou na década de 1980, nos Estados Unidos. No Brasil, os primeiros passos começaram em 1984, conforme explica Aranha (2016, p. 9) no relatório sobre tendências da ANPROTEC: No Brasil iniciativas semelhantes tiveram início em 1984, quando o então presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Lynaldo Cavalcanti, criou cinco fundações tecnológicas para a geração de spin-offs. As cidades beneficiadas foram: Campina Grande (PB), Manaus (AM), Porto Alegre (RS), Florianópolis (SC) e São Carlos (SP). Após a implantação da Fundação Parque de Alta Tecnologia de São Carlos (ParqTec) começou a funcionar na cidade a primeira incubadora no país. A Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (ANPROTEC) surgiu em 1987 no primeiro Seminário Internacional de Parques Tecnológicos, que ocorreu na cidade do Rio de Janeiro, com a função de “representar não só as incubadoras de empresas, mas todo e qualquer mecanismo de promoção do empreendedorismo inovador no Brasil” (ARANHA, 2016, p. 9). 53 Existem cerca de 370 incubadoras e aceleradoras de negócios no Brasil, de acordo com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e, desse número, 2/3 estão localizadas na Região Sudeste (DIAS, 2022). Incubadoras de empresas são organizações que ajudam micro e pequenos negócios que estão sendo criados, acabaram de ser criados ou já estão em funcionamento e que têm em comum a oferta de produtos ou serviços com alto grau de diferenciação. Qualquer empreendedor pode se submeter a uma incubadora, desde que o negócio seja inovador. O empreendedor que participa de uma incubadora tem acesso a suporte técnico, gerencial, mercadológico, tecnológico e facilidade de acesso a investidores e investimentos (SEBRAE, 2021). Uma dúvida recorrente em relação a incubadoras está relacionada ao valor pago para fazer parte. Dias (2022) explica que, em uma boa parte de casos, as incubadoras estão relacionadas a entidades públicas e universidades, e não é pago um valor, mas, sim, o valor de troca de conhecimento entre empresa e incubadores. Incubadoras que são mantidas por entidades filantrópicas também não cobram de seus membros. No entanto, as incubadoras privadas podem cobrar um valor que normalmente é calculado por meio do volume do faturamento do incubado, parte de ações da empresa ou, ainda, prioridade em um processo futuro de fusão ou aquisição (DIAS, 2022). No ano de 2011, a ANPROTEC e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), se uniram e criaram o Centro de Referência para Apoios a Novos Empreendimentos (CERNE), um modelo padrão de gestão de incubadoras que foi validado em 2015. Após cinco anos de certificação e com o apoio da Fundação Instituto de Administração (FIA), foi divulgado um estudo chamado “Impactos do Modelo Cerne”, no qual foram avaliados os impactos do modelo nas incubadoras e nos negócios que passaram pelo processo de certificação. 54 Os resultados mostraram que as incubadoras que possuem certificação CERNE obtiveram melhores resultados que aquelas que não possuem. Os dados mostraram que 84% das incubadoras Cerne mencionaram aumento na empregabilidade, enquanto 74% das incubadoras não certificadas indicaram aumento de geração de emprego (ANPROTEC; SEBRAE; FIA, 2021). Além disso, as incubadoras que possuem a certificação têm melhor visibilidade em relação aos investidores e, portanto, também apresentaram maiores investimentos. Até o ano de 2000, as incubadoras estavam ligadas a instituições públicas ou universidades, e isso vem mudando com a aprovação da Lei da Inovação nº 10.973/2004, com o acréscimo da palavra “inovação” ao Ministério da Ciência e Tecnologia, que passou a ser Ciência, Inovação e Tecnologia, em 2015. A inovação também está presente em laboratórios de pesquisa e desenvolvimento de grandes corporações. Normalmente, quando se fala de incubadora, é comum relacionar o tema a startups. Vamos compreender um pouco mais sobre isso. 3.2 Startups A palavra startup, literalmente, significa começar, dar início a algo com alegria, com vigor. Na prática, o termo é utilizado para designar negócios que surgem por meio de uma ideia inovadora, que seguem a linha de pensamento de Schumpeter, que liga o empreendedorismo à inovação por meio da criação de produtos ou serviços que geram lucratividade (TIGRE, 2006). O termo se tornou mais usual no Brasil a partir da segunda metade da década de 1990, com o avanço da internet, mas já é conhecido e utilizado há várias décadas nos EUA (LIMA et al., 2017). No entanto, ainda há uma certa confusão com o termo, pois muitos acreditam que um pequeno negócio é uma startup. Mas, isso não é verdade. O que diferencia uma startup de um negócio comum é que aquela, alémde 55 estar relacionada a uma ideia inovadora, podendo estar relacionada também à tecnologia, em sua maioria, é um negócio que permite uma padronização, ou seja, que pode ser repetido em uma escala ilimitada (LIMA et al., 2017). Portanto, um pequeno negócio pode ser uma startup desde que inovador, repetível e escalável, mas isso não é uma regra. O pequeno negócio pode ser apenas inovador sem ser escalável. Negócios escaláveis, como é o caso das startups, são negócios que podem ser reproduzidos de forma ilimitada sem perder a essência do negócio e sem muitas customizações ou adaptações para cada cliente. Além disso, crescem rapidamente em receita, mas mantêm um custo de operações mais baixo sem interferir no modelo de negócios. Como os custos crescem mais lentamente que a receita, “isso fará com que a margem seja cada vez maior, acumulando lucros e gerando cada vez mais riqueza” (LIMA et al., 2017, p. 116). Caso o seu negócio seja uma startup, saiba que existe uma metodologia chamada Lean Startup, baseada no modelo japonês de produção e que está detalhada no livro Startup Enxuta, escrito por Eric Ries. Essa metodologia, usada no mundo todo, busca diminuir custos e aumentar o rendimento e foi adaptada para o empreendedorismo, mais especificamente para o mundo das startups. O autor considera que empreendedores estão por toda parte e que para empreender, além da ideia inovadora, é necessário conhecimento sobre gestão, para ajudar nesse processo. Tudo começa com a ideia (criar), a avaliação e o teste dessa ideia (medir) e a identificação do que pode ser melhorado ou mudado (aprender). Há startups famosas, como Hormart, plataforma onde são distribuídos e comercializados cursos digitais de diferentes conteúdos, que tem cerca de 30 milhões de usuários no mundo, e a Nubank, que foi uma das pioneiras no quesito banco digital. 56 E existe um conceito que você já pode ter ouvido, mas não entender o significa, que são as empresas unicórnios. Elas são as que conseguiram atingir o valor de 1 bilhão de dólares em valor de mercado. A Nubank é uma delas, assim como a Uber. Sugiro que você dê uma olhada no site www.startupbrasil.org.br, uma parceria entre aceleradoras e o Ministério da Ciência, Tecnologia, Comunicação (MCTI) para ter acesso a eventos e notícias sobre o universo das startups e, quem sabe, cadastrar sua empresa para participar do programa de aceleração. 3.3 Franquias Franquia é um tipo de negócio que já foi criado, testado e que passa a ser comercializado. O franqueado, que é a pessoa que compra a franquia e passa a ter o direito de uso de uma marca e seus produtos e recebe todo apoio necessário para a gestão do negócio, como treinamentos e ações de comunicação e marketing, por meio do pagamento de uma taxa inicial e de royalties sobre as vendas. Por outro lado, temos o franqueador, que é a pessoa física ou jurídica que tem o direito sobre o negócio, sobre a marca. Portanto, quem decide empreender pode começar um negócio escolhendo algo que já está pronto. A vantagem em atuar com franquia é exatamente esta: os riscos são minimizados, porque o modelo já foi testado. No entanto, a forma de gestão e o que é comercializado não permite ajustes por parte do franqueado, precisa seguir o padrão do franqueador. Existem diferentes tipos de franquias, desde negócios mais simples, com investimento mais baixo, a negócios mais complexos, com investimento maior. Elas podem ser de negócios voltados à indústria ou ao varejo, sendo as franquias de varejo divididas em franquia de produto, de serviços ou mista, que envolve as duas coisas (CHIAVENATO, 2007). http://www.startupbrasil.org.br 57 3.4 Recursos e parcerias Para ter acesso a parceiras e recursos, como empréstimos, Chiavenato (2007) aconselha que o empreendedor precisa saber as seguintes informações: • O que será produzido? • Que tipo de produto ou serviço será oferecido e que diferencial ele tem em relação à concorrência? • Para quem? Ou seja, quem será o público que consumirá o produto ou serviço, envolvendo detalhes, como idade, escolaridade, gênero, estilo de vida, profissão, renda etc. Quanto mais informações, melhor. • Qual quantidade será produzida, ofertada? • Como será a produção? Se será própria, terceirizada, manual, envolverá tecnologia. • Qual o valor de venda do produto? Qual é o gasto com a produção? Quanto custa um produto para ser produzido? • Qual a projeção de vendas para um ano? • Qual o investimento inicial necessário? • Haverá sociedade? Quem são os sócios? Serão parentes, amigos, investidores. Onde será o negócio? Será virtual, físico, híbrido, terá terceirização na produção etc. Para auxiliar no planejamento, os quadros 3 e 4 são exemplos que ajudam a visualizar o patrimônio líquido e o capital necessário para o início do negócio. 58 O Quadro 3 mostra um exemplo de como identificar os passivos e ativos do negócio, que constituirão o valor patrimonial ou o patrimônio líquido. Quadro 3 – Capital para iniciar o negócio Ativo ($) Valores Dinheiro em bancos Aplicações financeiras Veículos e bens móveis Passivo ($) Financiamento de veículos Financiamentos (outros) Seguros Impostos e taxas Patrimônio líquido (total do ativo–total do passivo) = R$ ____________________ Fonte: adaptado de Chiavenato (2007). O Quadro 4 mostra um modelo para calcular a estimativa de projeção de capital para dar início ao negócio. Quadro 4 – Estimativa de projeção do capital inicial Itens Valores (R$) Instalação do Negócio Móveis e utensílios Inicial de mercadorias Despesas gerais Despesas com propaganda Salários e encargos sociais Despesas eventuais Total Fonte: adaptado de Chiavenato (2007). 59 Todo empreendimento nasce de uma ideia, que pode ser boa ou ruim, testada e aprovada, ou não. Mas, após essa fase, vem a parte do planejamento, quando o negócio começa a ser criado e imaginado para tomar corpo e ter seu início. Para isso, a análise da concorrência e do ambiente e o planejamento das estratégias de marketing, produção e finanças são fundamentais. Entidades de apoio, como o Sebrae e as incubadoras de negócios, propiciam maior segurança no momento dos primeiros passos, norteando e assessorando o crescimento da empresa. Em todo o processo de gestão e nascimento de uma empresa, é importante que se tenha projeção de quanto será investido e em quanto tempo esse investimento será recuperado. Isso ajudará não só o empreendedor a seguir mas também permitirá empréstimos e possíveis investidores no negócio. Referências AGÊNCIA BRASIL. Quase 4 milhões de novos negócios foram abertos em 2021. Brasília, 2022. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2022-02/quase-4-milhoes-de- novos-negocios-foram-abertos-em-2021. Acesso em: 21 set. 2022. ANPROTEC; SEBRAE; FIA. Impactos do Modelo CERNE. Brasília, DF: ANPROTEC, 2021. Disponível em: https://informativo.anprotec.org.br/estudo-impactos-cerne. Acesso em: 11 jul. 2022. ARANHA, J. A. S. Mecanismos de geração de empreendimentos inovadores: mudança na organização e na dinâmica dos ambientes e o surgimento de novos atores Brasília, DF: ANPROTEC, 2016. Disponível em: https://www.feevale.br/ Comum/midias/e46b2a7c-b1a5-4f15-b49f-b961901a2cee/anprotec-mecanismos- geracao-de-inovacao.pdf. Acesso em: 11 jul. 2022. CHIAVENATO, I. Empreendedorismo dando asas ao espírito empreendedor. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. CONTABILIZEI. Natureza Jurídica: o que é? Lista de tipos societários a definir. Contabilizei, 2022. Disponível em: https://informativo.anprotec.org.br/estudo-impactos-cerne https://www.feevale.br/Comum/midias/e46b2a7c-b1a5-4f15-b49f-b961901a2cee/anprotec-mecanismos-geracao-de-inovacao.pdf https://www.feevale.br/Comum/midias/e46b2a7c-b1a5-4f15-b49f-b961901a2cee/anprotec-mecanismos-geracao-de-inovacao.pdf https://www.feevale.br/Comum/midias/e46b2a7c-b1a5-4f15-b49f-b961901a2cee/anprotec-mecanismos-geracao-de-inovacao.pdf 60 https://www.contabilizei.com.br/contabilidade-online/nao-sabe-definir-o-tipo-societario-entenda-aqui-como-descobrir-a-natureza-juridica-de-uma-empresa/. Acesso em: 14 jul. 2022. DIAS, M. Incubadoras de empresas: como funciona e para que serve? Ideia no ar, 2022. Disponível em: https://www.ideianoar.com.br/incubadoras-de-empresas/. Acesso em: 11 jul. 2022. LIMA, J. G. et al. Startups no agronegócio brasileiro: uma revisão sobre as potencialidades do setor. Brazilian Journal of Production Engineering, v. 3, n. 1, p. 107-121, 2017. Disponível em: https://periodicos.ufes.br/bjpe/article/view/v3n1_10/ pdf. Acesso em: 11 jul. 2022. ROCHA, I. Micro, pequena, média ou grande: como definir o porte de uma empresa? Portal Exame, 2022. Disponível em: https://exame.com/invest/btg-insights/como- definir-o-porte-de-uma-empresa/. Acesso em: 13 jul. 2022. RIES, E. A Startup Enxuta: como os empreendedores atuais utilizam a inovação contínua para criar empresas extremamente bem-sucedidas. São Paulo: Lua de Papel, 2012. SEBRAE. Como as incubadoras de empresas podem ajudar o seu negócio. Sebrae, 2021. Disponível em: https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/as- incubadoras-de-empresas-podem-ajudar-no-seu-negocio,f240ebb38b5f2410VgnVC M100000b272010aRCRD Acesso em: m21 set. 2022. TIGRE, P. B. Gestão da inovação: a economia da tecnologia do Brasil. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier. 2006. https://www.contabilizei.com.br/contabilidade-online/nao-sabe-definir-o-tipo-societario-entenda-aqui-como-descobrir-a-natureza-juridica-de-uma-empresa/ https://www.contabilizei.com.br/contabilidade-online/nao-sabe-definir-o-tipo-societario-entenda-aqui-como-descobrir-a-natureza-juridica-de-uma-empresa/ https://www.ideianoar.com.br/incubadoras-de-empresas/ https://periodicos.ufes.br/bjpe/article/view/v3n1_10/pdf https://periodicos.ufes.br/bjpe/article/view/v3n1_10/pdf https://exame.com/invest/btg-insights/como-definir-o-porte-de-uma-empresa/ https://exame.com/invest/btg-insights/como-definir-o-porte-de-uma-empresa/ 61 BONS ESTUDOS! Sumário Apresentação da disciplina O perfil empreendedor Objetivos 1. Empreendedorismo Referências Analisando oportunidades Objetivos 1. Analisando oportunidades Referências O plano de negócios Objetivos 1. Níveis de planejamento 2. Estrutura do plano de negócios 3. Business Model Canvas Referências Iniciando o negócio Objetivos 1. O porte da empresa 2. A natureza jurídica da empresa 3. Primeiros passos Referências