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Angelica Jacqueline Rosa

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA 
CAMPUS DE CURITIBANOS 
CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
Angelica Jacqueline Rosa 
 
 
 
 
 
 
 
 
Horta escolar: promotora de educação alimentar e nutricional 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curitibanos 
2023 
ANGELICA JACQUELINE ROSA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Horta escolar: promotora de educação alimentar e nutricional 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso submetido ao curso de 
Agronomia do Campus de Curitibanos da Universidade 
Federal de Santa Catarina como requisito parcial para a 
obtenção do título de Bacharel (a) Agronomia. 
 
Orientador (a): Prof. (a) Dr. (a) Elis Borcioni. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curitibanos 
2023 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANGELICA JACQUELINE ROSA 
 
 
 
Horta escolar: promotora de educação alimentar e nutricional 
 
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para obtenção do Título de 
Engenheiro Agrônomo, e aprovado em sua forma final pelo Curso de Graduação em 
Agronomia. 
 
 
Curitibanos, 12 de junho de 2023. 
 
 
Prof. Dr. Djalma Eugênio Schmitt 
Sub Coordenador do Curso 
 
Banca examinadora 
 
 
Profa. Dra. Elis Borcioni 
Orientadora 
Universidade Federal de Santa Catarina 
 
 
Profa. Dra. Mônica Aparecida Aguiar dos Santos 
Universidade Federal de Santa Catarina 
 
 
Eng.ª Agrônoma Paola Ribeiro 
Universidade Federal de Santa Catarina 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ao meu pai, Oscar Rosa (in memoriam), que nos deixou recentemente, gratidão pela 
contribuição na formação do meu caráter. 
 
AGRADECIMENTOS 
 
A Deus, Todo Poderoso, Criador do céu e da terra, único digno de toda honra e toda 
glória, que esteve ao meu lado em todos os momentos da minha vida, por guiar os meus 
passos, dar forças durante toda caminhada, por permitir que eu tivesse saúde е determinação 
para não desanimar. Sem Ele eu nada seria. 
À Universidade, essencial no meu processo de formação profissional e aos 
professores pelos ensinamentos, qualidade e excelência do ensino. 
A Professora Elis Borcioni, por me orientar e desempenhar tal função com paciência, 
dedicação e amizade. 
À minha querida mãe, que sempre esteve ao meu lado, me apoiou, me incentivou, me 
ensinou a ter fé, guerreira, se esforçou para nos proporcionar a melhor educação, aqui estão os 
resultados do seu esforço. 
Às minhas irmãs, irmão e sobrinho, pelo simples fato de existirem, pelo apoio, 
carinho, afeto, companheirismo e união, apesar das dificuldades, sempre fizeram com que eu 
não me sentisse sozinha. 
 
 
Muito obrigada! 
 
RESUMO 
 
A alimentação é uma necessidade do ser humano, através dela são ingeridos os nutrientes 
necessários para a manutenção das atividades diárias. A alimentação é influenciada por 
costumes familiares, tradições, região, colegas e atualmente, cada vez mais pela mídia. A 
escola é o local onde as crianças passam parte do dia e realizam algumas refeições, logo pode 
exercer influência no que diz respeito ao assunto. Utilizar a horta escolar é uma estratégia que, 
através da promoção da educação alimentar nutricional, estimula o consumo de hortaliças e 
auxilia no ensino-aprendizagem. Portanto, o presente trabalho teve como objetivo realizar um 
levantamento bibliográfico para verificar se a utilização de hortas escolares irá promover a 
adoção de hábitos alimentares saudáveis. Para nortear a pesquisa, foi definida a seguinte 
pergunta: a utilização de uma horta escolar, como ferramenta de ensino, pode influenciar na 
mudança de hábitos alimentares? Para analisar a produção científica a respeito de hortas 
escolares nos últimos dez anos, foi realizado um levantamento bibliográfico em publicações 
científicas, teses, dissertações, trabalhos de conclusão de curso e artigos. A partir da pesquisa 
foram encontradas milhares de publicações, as quais após seleção, conforme os objetivos, 
foram selecionadas 29 publicações. Após análise das publicações selecionadas, pode-se inferir 
que, as atividades didáticas, como a utilização da horta, associada a educação alimentar 
nutricional, no ambiente escolar, se mostram importantes na promoção de hábitos alimentares 
saudáveis e mudanças no estilo de vida das crianças e adolescentes. 
 
Palavras-chave: Alimentação; Escola; Conscientização. 
 
ABSTRACT 
 
Food is a basic need for the human being, through it the nutrients necessary for the 
maintenance of the activities developed are ingested. Diet is influenced by family customs, 
traditions, region, peers and now, increasingly, the media. The school is the place where 
children spend part of the day and prepare some meals, so it can exert influence in this regard. 
Using the school Garden is a strategy that, through the promotion of nutritional food 
education, encourages the consumption of vegetables and helps in teaching and learning. 
Therefore, the present work aimed to carry out a bibliographic survey to verify whether the 
use of school gardens can promote the adoption of healthy eating habits. To guide the 
research, the following question was defined: can the use of a school garden, as a teaching 
tool, influence changes in eating habits? In order to analyze the scientific production 
regarding school gardens in the last ten years, a bibliographic survey was carried out in 
scientific publications, theses, dissertations, course completion works and articles. From the 
research thousands of publications were found, which after selection, according to the 
objectives, 29 publications were selected. After analyzing the selected publications, it can be 
inferred that didactic activities, such as the use of the vegetable garden, associated with 
nutritional food education, in the school environment, are important in promoting healthy 
eating habits and changes in the lifestyle of children and teenagers. 
 
Keywords: Food; School; Awareness. 
 
LISTA DE TABELAS 
Tabela 1 - Variação no consumo de frutas e hortaliças entre as POFs 2008-2009 X 2017- 
2018 .......................................................................................................................................... 24 
Tabela 2 - Aquisição alimentar per capita anual kg entre os anos 2017-2018 (frente a 2007- 
2008) nas regiões do Brasil ...................................................................................................... 24 
Tabela 3 - Trabalhos selecionados segundo o título, autores/ano de publicação, periódico, tipo 
de estudo e objetivo. ................................................................................................................. 30 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
 
ABESO - Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica. 
DCNT - Doença Crônica Não Transmissível 
EAN - Educação Alimentar Nutricional 
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
IMC – Índice de Massa Corpórea 
OMS - Organização Mundial da Saúde 
PHE – Programa Horta Educativa 
PENSE - Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 
PNAE - Política Nacional de Alimentação Escolar 
PNSAN - Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional 
POF - Pesquisa de Orçamentos Familiares 
SUS - Sistema Único de Saúde 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 12 
1.1 OBJETIVOS ................................................................................................................. 14 
1.1.2 Objetivo geral ............................................................................................................ 15 
1.1.2 Objetivosespecíficos ................................................................................................. 15 
1.2 JUSTIFICATIVA ......................................................................................................... 15 
2 . REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................ 16 
2.1 COMPORTAMENTO ALIMENTAR ......................................................................... 16 
2.2 EDUCAÇÃO ALIMENTAR NUTRICIONAL ........................................................... 19 
2.3 ALIMENTAÇÃO ESCOLAR...................................................................................... 20 
2.4 A IMPORTÂNCIA DE CONSUMIR FRUTAS E HORTALIÇAS ............................ 23 
2.5 A HORTA COMO FERRAMENTA DIDÁTICA DE ENSINO ............................ .....25 
3 . METODOLOGIA ......................................................................................................... 28 
4 . RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................. 30 
5 . CONCLUSÃO ............................................................................................................... 41 
REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 42 
12 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
A alimentação é uma necessidade do ser humano, através dela são ingeridos os 
nutrientes necessários para a manutenção das atividades diárias. Além de suprir as 
necessidades biológicas, alimentar-se dependerá da vontade, da disponibilidade e de 
sensações causadas pelo alimento, o que implica diretamente na saúde e na qualidade de vida 
do indivíduo (PIASETZKI; BOFF, 2018). 
Para manter uma boa alimentação é necessário adotar refeições coloridas 
diariamente, compostas pelos diferentes grupos de alimentos, a fim de manter o sistema 
imunológico em boas condições e consequentemente ajudar na prevenção e tratamento de 
doenças (FILGUEIRA; ARAÚJO; SILVA, 2018). 
A alimentação é influenciada por costumes familiares, tradições, região, colegas e 
atualmente, cada vez mais pela mídia (LAROCA; CAMARGO, 2016). 
Além disso, outros fatores devem ser levados em consideração, no que se refere à 
interferência nos hábitos alimentares, como as relações sociais, a influência da mídia, a falta 
de conhecimento e informações em relação à importância da nutrição para o organismo 
(ANDREOLI, 2016). 
O consumo de produtos processados e ultra processados vêm aumentando em todas 
as faixas etárias, porém em crianças e adolescentes se torna mais preocupante, pois, esses 
alimentos, quando consumidos em excesso, podem provocar danos à saúde, ocasionando um 
aumento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), como, por exemplo, a desnutrição 
e obesidade. (ALMEIDA et al., 2021). 
Com o passar dos anos, a mudança no consumo alimentar resultou em um baixo 
consumo nutricional e de alto valor energético, através da variedade de produtos 
industrializados oferecidos, fazendo com que seja necessário adotar estratégias educativas que 
estimulem o consumo de alimentos saudáveis (BARBOSA et al., 2016). 
A formação dos hábitos alimentares inicia-se na infância, consequentemente refletirá 
na adolescência e na vida adulta (REGERT; REGERT, 2020). Nesta perspectiva, a Educação 
Alimentar e Nutricional (EAN) voltada às crianças e adolescentes, é uma estratégia utilizada 
na prevenção e controle de problemas alimentares e nutricionais, visando promover a 
conscientização sobre a alimentação nutricional, através do ensino da importância de manter 
hábitos saudáveis em relação à alimentação. Quanto mais cedo iniciar a educação alimentar, 
maior será a chance de conscientizar a criança e o adolescente a manter bons hábitos 
alimentares durante toda sua vida (PEREIRA; MOREIRA; NUNES, 2020). 
13 
 
 
A escola é o local onde as crianças passam parte do dia e realizam algumas refeições, 
muitas vezes, somente essas refeições são realizadas de forma adequada. Neste sentido, é 
fundamental desenvolver projetos educativos, considerando, aspectos como hábitos 
alimentares e sua influência no ensino-aprendizagem, promovendo a formação de hábitos 
saudáveis que atuarão na prevenção de doenças como diabete, hipertensão e obesidade 
(CASTRO; BELFORT, 2021; SILVA, 2015). 
Desta forma, a execução e manutenção de hortas escolares visam promover a 
conscientização em relação aos bons hábitos alimentares. A horta escolar é um espaço 
educador onde pode-se transmitir conhecimentos sobre o ambiente, alimentação, 
sustentabilidade, entre outros conteúdos. Sua utilização estimula a participação dos 
estudantes, visando proporcionar reflexões através do processo de construção, discussões, 
diálogos e atividades. (PRODOSSIMO, 2018). 
Considerando os fatores mencionados, que influenciam na mudança dos hábitos 
alimentares e que é necessário o uso de estratégias educacionais para reverter à situação atual 
a respeito da saúde alimentar da criança e do adolescente, o presente trabalho teve como 
objetivo, realizar uma revisão da literatura sobre os fatores que podem influenciar o 
comportamento alimentar e analisar como a utilização de hortas escolares, vinculadas à 
importância do consumo de hortaliças, pode contribuir para uma alimentação saudável. 
14 
 
 
 
1.1 OBJETIVOS 
 
1.1.1 Objetivo geral 
 
Realizar um levantamento bibliográfico para verificar se a utilização de hortas 
escolares pode promover a adoção de hábitos alimentares saudáveis. 
 
1.1.1 Objetivos específicos 
 
Avaliar se a utilização da horta escolar pode ser considerada uma estratégia no 
ensino da educação alimentar nutricional; 
Identificar os fatores que influenciam na formação dos hábitos alimentares das 
crianças e adolescentes; 
Verificar os possíveis motivos que levam ao baixo consumo de frutas e hortaliças. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
1.2 JUSTIFICATIVA 
 
A alimentação saudável tem sua importância em vários aspectos no decorrer da vida, 
uma delas é no desenvolvimento cognitivo individual do ser humano (CUNHA, 2014). 
Conhecer a composição nutricional dos alimentos e a sua importância na manutenção 
do organismo, facilita compreender o porquê devemos ingeri-los. A falta de informação, a 
influência da mídia e social, a condição socioeconômica leva a uma carência nutricional que 
podem acarretar prejuízos a curto e a longo prazo, por isso, é importante não só conhecer, mas 
se alimentar de diferentes alimentos como frutas e hortaliças, pois possuem vários benefícios 
e são essenciais para uma alimentação adequada (SILVA, 2020). 
A alimentação de crianças e adolescentes, geralmente, é composta de alimentos 
atrativos em relação à aparência, cor, cheiro e ao sabor. Atualmente, devido à modernização, 
redução do tempo disponível para o preparo de alimentos e ao crescente aumento de produtos 
industrializados processados e ultra processados, sua alimentação tem sido composta de 
produtos com baixo valor nutritivo e prejudiciais ao organismo (TORRES et al., 2020). A 
alimentação inadequada pode interferir no desenvolvimento de atividades diárias e prejudicar 
o desempenho escolar (ALVES; CUNHA, 2020). 
Os hábitos alimentares na infância é resultado do convívio social, mais precisamente 
familiar, logo, é necessário haver um trabalho conjunto, da família com a escola, pois ela 
desempenha importante papel na formação de hábitos alimentares saudáveis, por ser os locais 
onde as crianças e os adolescentes passam a maior parte do seu dia, a família e a escola tem o 
papel de orientá-los na escolha de uma alimentação adequada (FERREIRA, 2018). 
A educação alimentar nutricional, junto a união de projetos educacionais, são 
estratégias importantes que podem ser utilizadas nas escolas, pois possibilitam a compreensão 
e uma maior reflexão a respeitoda importância de ter uma alimentação saudável. A 
implantação de uma horta no ambiente escolar permite o desenvolvimento de atividades 
teóricas e práticas, que podem contribuir na conscientização e consumo de alimentos 
saudáveis. 
Nesta perspectiva, é fundamental mensurar os estudos científicos que associam a 
alimentação e a utilização de hortas escolares como ferramenta educacional para formação de 
hábitos alimentares saudáveis, promoção da saúde e prevenção de doenças. 
 
 
 
 
 
 
16 
 
 
2. REFERENCIAL TEÓRICO 
 
2.1. COMPORTAMENTO ALIMENTAR 
 
O comportamento alimentar está relacionado à forma que as pessoas se alimentam e 
sua relação com os alimentos, iniciando ao optar por ingerir ou não, horários e modo de 
preparo. Este comportamento pode interferir na qualidade de vida a curto e longo prazo, na 
prevenção e no tratamento de doenças. Cada fase da vida está relacionada a determinada 
mudança no comportamento alimentar, portanto, estimular crianças a ingerir alimentos 
saudáveis é importante, pois, está associada ao crescimento e desenvolvimento, 
consequentemente influenciará sua vida adulta (KLOTZ-SILVA; PRADO; SEIXAS, 2016). 
A formação do comportamento alimentar é um ato social, determinado 
primeiramente pela família, responsável pelo primeiro contato com os alimentos. As crianças 
são influenciadas a ingerir alimentos pelos pais, por costumes familiares diários, amigos, pela 
forma como os alimentos são preparados e também pelas sensações percebidas pelos sentidos. 
Quando o ambiente familiar é desfavorável, não só pela dificuldade em adquirir o alimento, 
mas também por maus costumes alimentares, poderá levar a condições de desenvolvimento de 
distúrbios alimentares e doenças. (YASSINE; ORDOÑEZ; SOUZA, 2020). 
As crianças devem ser incentivadas a cultivar bons hábitos alimentares desde cedo. 
Por isso, os pais devem criar um ambiente familiar favorável ao consumo de alimentos 
saudáveis, estimulando seus filhos a manter uma alimentação de qualidade que se perpetuará 
ao longo da sua vida. 
Outro fator a ser considerado no que se refere à influência no comportamento 
alimentar é a mídia, sendo compreendida como um conjunto de meios de comunicação 
responsável pela divulgação de informações, é capaz de exercer influência direta na 
alimentação de crianças e adolescentes, na vida familiar, nas escolhas dos alimentos e no 
comportamento social. Um exemplo, bastante comum, é relacionar brinquedos ou 
personagens a anúncios de comidas e bebidas a fim de atrair o público infantil, alimentos 
esses que na maioria das vezes são industrializados, ricos em gorduras e açúcares (DEISS; 
CINTRA, 2021). 
Nesta perspectiva, ter uma alimentação saudável é indispensável para o 
desenvolvimento do ser humano em todas as etapas da vida, principalmente na infância. 
Percebe-se que com o passar dos anos vem aumentando o consumo de alimentos de alto valor 
energético e um baixo consumo de alimentos saudáveis, como frutas e hortaliças. Atualmente, 
17 
 
 
a alimentação das pessoas, tem sido à base do consumo de refeições prontas, congeladas, de 
fácil preparo, alimentos processados e ultra processados ricos em açúcares, gorduras e sódio, 
fastfood, gerando comportamento alimentar inadequado e consequentemente prejudicial à 
saúde (OLIVEIRA, 2020). 
Segundo o Guia Alimentar para a população brasileira, os alimentos processados são 
produtos fabricados essencialmente com a adição de sal ou açúcar, como, por exemplo, 
legumes em conserva e frutas em calda. Já os alimentos ultra processados são produtos no 
qual a fabricação envolve diversas etapas e técnicas de processamento e vários ingredientes, 
muitos deles de uso exclusivamente industrial, como os refrigerantes, biscoitos recheados e 
salgadinhos, ricos em gorduras e açúcares (BRASIL, 2014). 
Devido ao crescente aumento da industrialização, tornou-se necessário o acesso a 
informações sobre os alimentos, para que as pessoas sejam conscientizadas, a fim de diminuir 
o consumo de alimentos processados e aumente o consumo dos alimentos saudáveis, 
principalmente frutas e hortaliças, com o intuito de reduzir os casos de doenças relacionadas 
ao excesso de peso. 
A obesidade é uma doença crônica resultado do acúmulo de gordura no organismo, 
que pode ser causada por fatores genéticos, ambientais e comportamentais (LACERDA et al., 
2014). No Brasil, houve um aumento de 72% nos últimos treze anos, em 2006 eram 11,8% 
saltando para 20,3% em 2019. Estimativas apontam que em 2025 cerca de 2,3 bilhões de 
adultos ao redor do mundo estarão acima do peso (ABESO, 2019). Entre 2003 e 2019, o 
excesso de peso em adolescentes de 15 a 17 anos, aumentou mais de 12%, os fatores que 
contribuíram para esse aumento significativo, é a baixa qualidade nutricional da alimentação e 
a falta de atividades físicas (CAMPOS, 2020). 
Segundo o relatório público do Sistema Nacional de Vigilância Alimentar e 
Nutricional, mais de 340 mil crianças de 5 a 10 anos até setembro de 2022 foram 
diagnosticadas com obesidade. Na região Sul está o maior índice de obesidade do País, em 
torno de 11,52% de crianças obesas nessa faixa etária. A região sudeste, com 10,41%; 
Nordeste, 9,67%; centro-oeste, 9,43%; e norte, 6,93% das crianças acompanhadas pelo 
Sistema Único de Saúde, foram diagnosticadas com obesidade. Diante disso, a Política 
Nacional de Alimentação e Nutrição, reconhece a obesidade como um problema de saúde 
pública, portanto, torna-se necessário fazer intervenções que levem a conscientização 
promovendo mudanças em seu comportamento alimentar e consequente redução das DCNTs 
(BITTAR; SOARES, 2020, LIMA, 2022; SOUSA, 2019). 
18 
 
 
Estima-se que no Brasil 6,4 milhões de crianças estejam com excesso de peso e 3,1 
milhões com obesidade. Estudos mostram que crianças obesas têm 75% mais chances de se 
tornarem adolescentes com sobrepeso, isso se dá devido à exposição precoce das crianças aos 
produtos processados e ultra processados de baixo teor nutritivo. Esses números são bastante 
significativos e mostram a importância de promover a educação alimentar, principalmente em 
crianças e adolescentes, a fim de conscientizá-los sobre a prevenção das DCNTs, 
consequências da obesidade, como hipertensão e diabetes. (MOUSINHO, 2022, VICTOR, 
2022). 
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a obesidade um dos maiores 
problemas da saúde pública atualmente, causada principalmente pela má alimentação e a falta 
de atividade física da população. Estudos revelam que as crianças e adolescentes passaram a 
gastar mais tempo em frente às telas e diminuíram ou deixaram de praticar atividade física. 
Isso ocorreu devido à revolução tecnológica, onde a comunicação passou a ser de forma 
instantânea, sem precisar sair do lugar, as transmissões de informações passaram a ser por 
meio de rádio, televisão, vídeos, redes sociais, entre outros. Além de ser uma prática 
sedentária, fazer uso dessas tecnologias influencia na formação dos hábitos alimentares 
(MONTEIRO; MONTEIRO, 2021). 
Além disso, a obesidade pode causar problemas psicológicos como a depressão, 
distúrbios alimentares, distorção da imagem corporal, baixa autoestima, irritabilidade e 
agressividade, prejudicando o relacionamento social. A depressão, principal desencadeadora 
desses outros sintomas, junto a ansiedade, fará com que a condição de obesidade possa piorar, 
pois a ansiedade leva a um gatilho, em que o indivíduo sente a necessidade de alimentar-se 
várias vezes ao dia, na maioria das vezes alimentos industrializados, visando amenizar alguns 
sintomas como a tristeza, devido a algumas sensações boas causadas por alguns alimentos 
(MENDES; BASTOS; MORAES, 2019). 
Assim como a obesidade, a desnutrição é outro distúrbio que está associada a má 
alimentação. Na desnutrição, há carência de um ou mais nutrientes que estão em quantidade 
insuficiente para o funcionamento adequado do organismo. Esse distúrbionão está ligado 
apenas à perda de peso, mas sim, ao ganho, uma pessoa obesa ou em condições corpóreas 
normais não necessariamente estará bem nutrida (JARDIM; DE SOUZA, 2017). 
19 
 
 
2.2. EDUCAÇÃO ALIMENTAR NUTRICIONAL 
 
De acordo com Silva et al. (2020), para promover a alimentação saudável é 
necessário desenvolver ações que promovam a saúde, através do acesso à informação e à 
implementação de políticas públicas. 
A Educação Alimentar e Nutricional, conforme o Decreto n.º 7.272, de 25 de agosto 
de 2010, é uma diretriz da Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (PNSAN), 
abrange aspectos relacionados ao alimento e à alimentação, os processos de produção, 
abastecimento e transformação dos alimentos. É considerada uma importante estratégia na 
prevenção e controle de problemas alimentares nutricionais, para promover no indivíduo a 
prática autônoma e voluntária de hábitos alimentares saudáveis. Sendo assim, é fundamental 
no enfrentamento das doenças de saúde pública referentes à má nutrição, como o excesso de 
peso e a obesidade, além de permitir refletir sobre toda a cadeia produtiva dos alimentos 
saudáveis (SANTOS et al., 2018). 
Para combater à obesidade infantil, o Ministério da Saúde do Brasil, juntamente com 
o programa pelo Fim da Obesidade Infantil da OMS, apresentou em 2019 o programa Crescer 
Saudável, que propõe estratégias, como a regulação da publicidade de produtos 
ultraprocessados destinados ao público infantil, mudanças na rotulagem de alimentos, 
promoção de ambientes alimentares saudáveis, promoção do aleitamento materno e 
desenvolvimento de ações de EAN nas escolas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019). 
Segundo a OMS, a obesidade infantil é um dos maiores desafios de saúde pública do 
século XXI, afetando todos os países do mundo, portanto, é importante monitorar crianças e 
adolescentes em idade escolar. Por meio de ações de políticas públicas em conjunto com a 
comunidade será possível reduzir o crescimento dessa doença. 
Outro ponto importante é capacitar professores para o ensino da educação alimentar 
nutricional, visto que, são essenciais no processo de ensino-aprendizagem dos estudantes, 
tornando-se aliados na promoção da alimentação saudável. Estudos mostram que ações de 
EAN em escolas apresenta impacto positivo, psicossociais e comportamentais nos estudantes, 
aumentando o consumo de alimentos saudáveis e na prevenção e/ou redução do excesso de 
peso infantil (URQUÍA, 2020). 
O desenvolvimento psicológico das crianças e adolescentes influencia diretamente 
nas suas escolhas alimentares. Como ainda não possuem capacidade intelectual 
completamente desenvolvida, não são capazes de associar seu comportamento alimentar com 
os futuros riscos à saúde. Por esse motivo, é importante intervir nestas fases de 
desenvolvimento, a fim de criar conscientização e continuar a seguir os novos hábitos 
20 
 
 
alimentares. Desse modo, a escola, por meio de atividades, pode estimulá-los a ter uma 
melhor qualidade de vida (ÁVILA et al., 2019). 
As estratégias adotadas buscam reduzir o quadro de excesso de peso, para que se 
alcance o peso ideal e seja adotada uma alimentação e nutrição adequadas, através da 
mudança de hábitos alimentares. Para atingir tal objetivo, é necessário adotar diferentes ações 
educacionais e pedagógicas, favorecendo o diálogo e a reflexão sobre alimentação, nutrição e 
saúde (MAGALHAES; CAVALCANTE, 2019). 
Uma das estratégias que pode ser aplicada, é a implantação de atividades de EAN nas 
escolas, levando às crianças e adolescentes a adquirir conhecimentos básicos sobre 
alimentação e nutrição, além de incentivá-los a mudar seu comportamento alimentar, de modo 
que beneficiem a sua saúde (OLIVEIRA et al., 2018). 
A escola tem a responsabilidade de orientar os alunos na adoção de hábitos 
saudáveis, é um espaço ideal para as ações da educação alimentar e nutricional e para a 
promoção da saúde. Estimular os alunos a manter hábitos saudáveis poderá contribuir com a 
aprendizagem e rendimento escolar, além de poder, refletir em seu ambiente familiar, levando 
aos seus responsáveis o conhecimento adquirido sobre a alimentação saudável. As atividades 
educativas no ambiente escolar, proporcionam a formação de novos conhecimentos, através 
da associação do conteúdo ministrado em sala de aula e dos acontecimentos do dia a dia dos 
alunos (CINTRA, 2018; FERNANDES, 2018, GONÇALVES; DIAS; KAKIJIMA, 2019). 
 
2.3. ALIMENTAÇÃO ESCOLAR 
 
A escola desempenha um importante papel na nutrição e na formação dos hábitos 
alimentares, devendo oferecer, orientar e estimular os alunos para que adotem bons hábitos 
alimentares ao consumir frutas e hortaliças. Um aluno que costuma ter uma alimentação 
saudável poderá apresentar maior aproveitamento escolar, crescimento e desenvolvimento 
(VALLE, 2018). 
O fornecimento de uma alimentação saudável pelas escolas pode promover a 
melhoria do estado nutricional e das habilidades cognitivas dos estudantes, além de contribuir 
para redução da fome (CESAR et al., 2020). 
Devido ao aumento dos casos de doenças relacionadas ao excesso de peso e 
obesidade, especialmente entre crianças e adolescentes e na alimentação do brasileiro ser 
constituída na maioria das vezes de alimentos calóricos, acarretando um quadro que pode ser 
21 
 
 
revertido mediante mudanças nos hábitos alimentares, foi instituída a portaria interministerial 
n.º 1010, de 8 de maio de 2006, onde dispõe: 
“Art. 1º - Instituir as diretrizes para a Promoção da Alimentação Saudável nas 
Escolas de educação infantil, fundamental e nível médio das redes pública e privada, 
em âmbito nacional, favorecendo o desenvolvimento de ações que promovam e 
garantam a adoção de práticas alimentares mais saudáveis no ambiente escolar. 
Art. 3º - Definir a promoção da alimentação saudável nas escolas com base nos 
seguintes eixos prioritários: ações de educação alimentar e nutricional, considerando 
os hábitos alimentares como expressão de manifestações culturais regionais e 
nacionais; estímulo à produção de hortas escolares para a realização de atividades 
com os alunos e a utilização dos alimentos produzidos na alimentação ofertada na 
escola”. (BRASIL,2006). 
Para auxiliar na questão alimentar em escolas, a fim de fornecer alimentos que 
atendam às necessidades nutricionais durante o período letivo, por meio de políticas públicas 
de alimentação e nutrição, o governo criou o Programa Nacional de Alimentação Escolar 
(PNAE), tendo como objetivo contribuir no crescimento e desenvolvimento biopsicossocial, 
na aprendizagem, no rendimento escolar, na adoção de práticas alimentares saudáveis, 
através do desenvolvimento de ações de educação alimentar e nutricional a estudantes em 
todas as etapas da educação básica pública (BICALHO; VILLAR, 2019; RAMOS et al., 
2020). 
Diante disso, a refeição escolar é a forma com que os alunos terão acesso aos 
alimentos. É necessário haver um planejamento do cardápio elaborado por um nutricionista, 
para que assim seja oferecida uma alimentação saudável e adequada, garantindo que atenda às 
necessidades nutricionais dos alunos, pelo menos no período em que estiverem no ambiente 
escolar, promovendo a educação alimentar nutricional e estando segundo os objetivos do 
PNAE (CASAGRANDE; CANCELIER; BELING, 2021, FNDE, 2009). 
A Resolução n.º 06, de 08 de maio de 2020, dispõe sobre a alimentação escolar aos 
alunos da educação básica em relação ao Programa Nacional de Alimentação Escolar, onde: 
“Art. 2º Entende-se por alimentação escolar todo alimento oferecido no ambiente 
escolar, independentemente de sua origem, durante o período letivo. 
Art. 5º São diretrizes da Alimentação Escolar: I – o emprego da alimentação 
saudável e adequada, compreendendo o uso de alimentos variados, seguros, que 
respeitem a cultura, as tradições e os hábitos alimentares saudáveis, contribuindo 
para o crescimento e o desenvolvimento dos alunose para a melhoria do rendimento 
escolar, conforme a sua faixa etária e seu estado de saúde, inclusive dos que 
necessitam de atenção específica; II – a inclusão da educação alimentar e nutricional 
no processo de ensino e aprendizagem, que perpassa pelo currículo escolar, 
abordando o tema alimentação e nutrição e o desenvolvimento de práticas saudáveis 
de vida na perspectiva da segurança alimentar e nutricional” (FNDE, 2020). 
 
No entanto, além dos alimentos saudáveis oferecidos na refeição escolar, os 
estudantes, tem acesso a alimentos industrializados, devido à comercialização em algumas 
escolas, através das cantinas escolares ou ainda nos seus arredores no comércio ambulante. 
22 
 
 
Estes alimentos são inadequados, normalmente possuem altos teores de gorduras, açúcares e 
sódio. Muitos estudantes acabam consumindo estes alimentos, o que dificulta a 
implementação das práticas alimentares saudáveis. (BILA; SILVA; GUSMÃO, 2019). 
Por esta razão, é necessário que as cantinas escolares sejam regularizadas conforme 
as políticas públicas de alimentação escolar, essas alterações são essenciais e auxiliam o 
combate às DCNTs (AGUIRRE et al., 2021). 
Além disso, diversos estados possuem legislações específicas sobre a 
comercialização de alimentos e bebidas no ambiente escolar, apesar de existir ações punitivas, 
não há fiscalização efetiva para tais irregularidades (HENRIQUES et al., 2021). 
Em Santa Catarina encontram-se leis válidas para todos os municípios do estado, em 
relação ao tipo de alimentos que não podem ser comercializados nas cantinas escolares, a Lei 
Estadual 12.061, de 18 de dezembro de 2001 regulamenta: 
Art.1° - Os serviços de lanches e bebidas nas unidades educacionais públicas e 
privadas que atendam a educação básica, localizadas no Estado de Santa Catarina, 
deverão obedecer a padrões de qualidade nutricional e de vida indispensáveis à 
saúde dos alunos. 
“Art. 2º Atendendo ao preceito nutricional e conforme o artigo anterior, fica 
expressamente proibida, nos serviços de lanches e bebidas ou similares, a 
comercialização do seguinte: bebidas com quaisquer teores alcoólicos; balas, 
pirulitos e gomas de mascar; refrigerantes e sucos artificiais; salgadinhos 
industrializados; salgados fritos; e pipocas industrializadas”. (FLORIANÓPOLIS, 
2001). 
Recentemente, em 16 de setembro de 2022, foi publicada a instrução normativa 
referente a educação alimentar nutricional n.º 2364: 
Art. 1º Estabelecer orientações para a promoção da Educação Alimentar e 
Nutricional, nas escolas de Educação Básica da rede estadual, com o intuito de 
formar hábitos alimentares saudáveis aos alunos atendidos na rede pública estadual 
de Santa Catarina, favorecendo o desenvolvimento de ações que promovam e 
garantam a adoção de práticas alimentares e nutricionais saudáveis no ambiente 
escolar. 
Art. 3º Definir a promoção da educação alimentar e nutricional nas escolas com base 
nos seguintes eixos prioritários: 
I - ações de educação alimentar e nutricional, considerando os hábitos alimentares 
como expressão de manifestações culturais regionais e nacionais; II -implantação de 
projeto de horta de pedagógica, concebida como ferramenta no processo de ensino e 
aprendizado, nas Unidades de Ensino, destinando como doação, a produção orgânica 
da mesma aos escolares/famílias e/ou utilizando como ingrediente em receitas 
contempladas nos planejamentos de ensino dos professores; III -incentivo às ações 
de boas práticas de manipulação e preparo de alimentos; IV -fomentar ações que 
promovam o consumo de alimentos in natura (frutas, legumes, verduras); alimentos 
livres de agrotóxicos, orgânicos e minimamente processados, além de restringir o 
comércio de produtos ultra processados no ambiente escolar; V - monitoramento do 
estado nutricional dos escolares; VI - incentivo ao desenvolvimento de ações 
ambiental, econômica e socialmente sustentáveis de produção, abastecimento, 
distribuição e comercialização de alimentos; VII - promoção da autonomia e 
autocuidado, orientando os escolares para que adotem, modifiquem ou mantenham 
comportamentos que contribuam para uma vida saudável e sustentável (SANTA 
CATARINA, 2022). 
23 
 
 
Complementar a instrução normativa n.º 2364, em 20 de setembro de 2022, foi 
publicada uma nova instrução normativa n.º 2397, que proíbe a comercialização de alimentos 
industrializados ou preparações culinárias realizadas dentro do ambiente escolar. A 
recomendação é que sejam ofertados alimentos ou preparações à base de frutas e hortaliças, a 
fim de incentivar o consumo e promover a formação de hábitos alimentares saudáveis. 
(SANTA CATARINA, 2022). 
O art.2º da instrução normativa nº 2364, que proibia a entrega de chocolates e ou 
guloseimas em datas comemorativas, foi revogado em 10 de março de 2023, segundo a 
Portaria n.º 578: 
Art.2º- As restrições previstas nesta portaria também se aplicam às comemorações 
festivas realizadas nas Unidades Escolares. 
Parágrafo Único: O educando não poderá trazer para consumo na escola, bebidas e 
alimentos e preparações culinárias ricos em gordura saturada, açúcar e sódio 
conforme descritos. (SANTA CATARINA, 2023). 
 
A escola como promotora de hábitos alimentares saudáveis, visando a 
conscientização por parte de toda a comunidade escolar, necessita que o trabalho seja 
realizado em conjunto, principalmente com às famílias, para ocorrerem mudanças 
significativas a fim de promover saúde e prevenir doenças. A comunidade escolar deve ser 
agente multiplicador de conhecimento (VITAL, 2019). 
 
2.4. A IMPORTÂNCIA DE CONSUMIR FRUTAS E HORTALIÇAS 
 
Os alimentos possuem nutrientes (carboidratos, proteínas, lipídios, vitaminas e 
minerais) essenciais na geração de energia para manutenção do corpo e consequente 
desempenho das atividades diárias. Ter uma alimentação à base de frutas e hortaliças, desde 
os primeiros anos de vida é essencial, pois são alimentos ricos em vitaminas, minerais, fibras 
e antioxidantes, ajudam no fortalecimento do organismo, retardam os processos que resultam 
no aparecimento de doenças degenerativas, além de ser compostas em sua maior parte por 
água, auxiliam na hidratação do corpo (EMBRAPA, 2012). 
A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO/ONU) 
determina que o ideal para uma dieta saudável é o consumo de no mínimo 400 gramas de 
frutas ou hortaliças por dia. No Brasil o consumo de frutas e hortaliças está abaixo do 
recomendado, apenas 141 gramas. (EMBRAPA HORTALIÇAS, 2020). 
A recomendação é que frutas e hortaliças sejam consumidas cruas e não sejam 
armazenadas por muito tempo para um melhor aproveitamento de vitaminas e minerais, pois 
passam por alterações bioquímicas e fisiológicas, levando a perda de alguns nutrientes em seu 
24 
 
 
preparo. O consumo em níveis adequados é importante na prevenção contra doenças crônicas, 
cardiovasculares, hipertensão, diabetes e alguns tipos de câncer. (CANELLA et al., 2017). 
O consumo de frutas e hortaliças no Brasil de 2008 a 2018 reduziu 8% e 11% 
respectivamente (tabela 1). Uma das consequências, foi o enfraquecimento da economia que 
afetou o poder de compra da população e as mudanças nos hábitos do consumidor. Estudos 
mostram que tem se mantido o valor gasto, mas a quantidade adquirida diminuiu devido ao 
aumento dos preços dos produtos (HORTIFRÚTI BRASIL, 2021). 
 
Tabela 1. Variação no consumo de frutas e hortaliças entre as POFs 2008-2009 X 
2017-2018. 
Consumo de HF 
(kg/pessoa/ano) 
2008-2009 
(%) 
2017-2018 
(%) 
Variação 
(%) 
Frutas (total) 28,86 26,41 -8 
Hortaliças (total) 24,87 22,1 -11 
Fonte: HF Brasil. 
 
Segundo a pesquisa de orçamento familiar de 2008-2009 e 2017-2018 (tabela 2), o 
brasileiro praticamente manteve sua preferência de consumo por hortaliças e frutas. Apesar 
disso, houve queda no consumo per capita em quase todas as frutas e hortaliças, justificado 
novamente pela alta nos preços.A renda familiar é um dos principais fatores que influenciam 
o consumo de hortifrútis, sendo que quanto maior a renda familiar, maior será o consumo 
(HORTIFRÚTI BRASIL, 2021). 
Tabela 2. Aquisição alimentar per capita anual kg entre os anos 2017-2018 (frente a 
2007-2008) nas regiões do Brasil. 
Região Frutas Variação Hortaliças Variação 
Brasil 26,414 -8% 22,095 -11% 
Norte 13,851 -34% 10,745 -35% 
Nordeste 23,876 -11% 18,907 -5% 
Sudeste 28,610 -4% 23,810 -10% 
Sul 31,931 -14% 28,962 -16% 
Centro-Oeste 27,136 4% 23,894 -3% 
Fonte: HF Brasil. 
 
Contudo, a diminuição no consumo de frutas e hortaliças não deve ser associada 
apenas ao valor. Existe uma diversidade de produtos que variam conforme a disponibilidade 
25 
 
 
regional e a sazonalidade, permitindo que o indivíduo os adquira mesmo possuindo uma renda 
inferior. Para estimular o consumo, é importante promover ações de conscientização, 
incentivando principalmente crianças e adolescentes a mudar seus hábitos alimentares e os 
manter ao longo da vida (HORTIFRÚTI BRASIL, 2022). 
Ainda segundo a POF, grande quantidade das calorias consumidas são dos alimentos 
in natura ou minimamente processados, 15,6% de ingredientes culinários processados, 11,3% 
de alimentos processados e 19,7% de alimentos ultraprocessados. Entre os adolescentes a 
frequência de ingestão de frutas e hortaliças é inferior à dos adultos e idosos, além de 
consumir o dobro de sanduíches, quatro vezes mais pizzas, nove vezes mais bebidas lácteas e 
vinte vezes mais salgadinhos (RIOS NETO, 2020). 
Atualmente, tem aumentado a preocupação quanto à alimentação de crianças e 
adolescentes em idade escolar, devido à baixa qualidade dos alimentos ingeridos, à 
preferência por alimentos ricos em energia, produtos industrializados, processados e 
ultraprocessados, à alta ingestão de frituras, salgadinhos, refrigerantes e doces, em relação aos 
alimentos ricos nutricionalmente como as frutas e hortaliças. (SILVA; CARVALHO, 2018). 
Carências nutricionais em crianças, podem levar a deficiências de crescimento e de 
cognição, além de tornar o organismo mais suscetível a doenças (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 
2018). Neste sentido, incentivar o hábito de ingerir frutas e hortaliças é essencial na infância, 
para que as crianças desenvolvam seus hábitos alimentares e se tornem adultos saudáveis 
(FNDE, 2019). 
Alimentos funcionais, além das suas funções nutricionais básicas, produzem efeitos 
metabólicos, fisiológicos ou efeitos benéficos à saúde, devido à ação de substâncias que 
atuam no organismo. Alguns dos compostos funcionais são os probióticos, presentes em leite 
fermentado, iogurtes, auxiliam no equilíbrio da flora microbiana no intestino; os carotenoides, 
flavonoides, licopeno, presentes em vegetais como cenoura, pimentão, feijão e tomate, atuam 
como antioxidantes, entre outros. Para auxiliar na ingestão dos nutrientes necessários ao 
organismo, visando prevenir DCNTs, a indústria passou a produzir alimentos nutracêuticos, 
onde compostos funcionais encontrados em óleos vegetais, cereais integrais, frutas e 
hortaliças são encapsulados. (ROCHA et al., 2021). 
 
2.5. A HORTA COMO FERRAMENTA DIDÁTICA DE ENSINO 
 
É possível observar que, atualmente, as pessoas substituíram os hábitos tradicionais 
pelos modernos, na alimentação, na comunicação, nos costumes e igualmente na educação, 
26 
 
 
fazendo com que os métodos educacionais tradicionais pareçam estar ultrapassados. Portanto, 
é necessário criar estratégias a fim de fazer com que os estudantes tenham maior interesse em 
aprender os conteúdos curriculares (MOREIRA et al., 2021). 
Uma das estratégias de incentivo que pode ser utilizada no ambiente escolar é a 
horta, pois necessita de pequenas áreas para o cultivo das plantas, como hortaliças, temperos e 
ervas medicinais, que podem ser consumidos na merenda escolar, em possíveis oficinas de 
culinária, possibilitando o desenvolvimento de diversas atividades pedagógicas. Os alunos 
passam a ter o contato prático na condução da horta, do planejamento, a execução e a 
manutenção, cuidando diariamente da semeadura, a colheita, são estimulados a provar os 
alimentos produzidos, através das atividades passam a adquirir consciência quanto à 
alimentação saudável (CRUZ et al., 2021; SANTANA, 2021). 
A horta escolar permite que o estudante selecione melhor os alimentos, 
proporcionando-os aquisição de conhecimento sobre a condução e produção de diversas 
hortaliças, inclusive em sua residência. Somado a isso, poderá empreender, utilizando os 
conhecimentos adquiridos para construir sua própria horta, produzindo hortaliças para o 
consumo próprio e comercializar os produtos excedentes, para aumentar a renda familiar 
(RAMOS et al., 2020; SCHEFFER; SILVA, 2016). 
Em locais onde não há espaço disponível para a construção de uma horta, é possível 
fazer adaptações e construí-la com garrafas pet, canos de PVC, paletes, fios de nylon, ou 
outros objetos que proporcionem suporte às plantas cultivadas e permitam ser suspensos, são 
as chamadas hortas verticais. (MARONN, 2019). 
As atividades pedagógicas através da horta auxiliam o processo de ensino- 
aprendizagem, a adquirir consciência ambiental, através do contato com as plantas, além de 
influenciar os estudantes a mudar seus hábitos alimentares, adquirem consciência de que as 
hortaliças melhoram a qualidade das refeições, em consequência do contato diário com a 
horta, do conhecimento adquirido quanto ao valor nutricional, das aulas expositivas e dos 
debates (SANTOS et al., 2014). 
Além disso, a utilização da horta escolar possibilita o desenvolvimento de diferentes 
atividades didáticas, a interdisciplinaridade minimiza as barreiras entre as disciplinas 
beneficiando professores de várias áreas de conhecimento, relacionando seus conteúdos com 
as práticas desenvolvidas, pode promover maior entendimento e compreensão dos conteúdos 
abordados, ao relacionar o clima, a fotossíntese, a água, os tipos de solo, a saúde, o meio 
ambiente, a educação ambiental, a sustentabilidade, o crescimento das plantas, a estações do 
27 
 
 
ano, os poluentes, englobando várias disciplinas do currículo escolar. (CANCELIER; 
BELING; FACCO, 2020). 
Por exemplo, na disciplina de geografia poderá ser abordada a formação e as 
características do solo, o clima; em ciências, os microrganismos maléficos e benéficos, 
práticas conservacionistas; em matemática, cálculos dos espaçamentos dos canteiros, 
quantidade de sementes, figuras geométricas (formatos dos canteiros), em educação 
ambiental, aproveitamento de materiais para compostagem, reciclagem, aplicação de produtos 
agroecológicos, entre outros. Para complementar, os professores podem desenvolver projetos 
sobre alimentação saudável, permitindo aos alunos a oportunidade de conhecer melhor os 
alimentos que serão produzidos. (SANTOS, 2014). 
As escolas devem buscar diferentes maneiras para trabalhar a horta como ferramenta 
de ensino, considerada um laboratório vivo, proporciona aos estudantes a ampliação dos 
conhecimentos adquiridos em sala de aula, possibilita o consumo de alimentos naturais, 
frescos e saudáveis, além de instruí-los a desenvolver visões críticas e transformar o meio no 
qual estão inseridos. Esse contato se torna cada vez mais importante atualmente, visto que, as 
crianças em sua maioria, residem na cidade e possuem pouco contato com a natureza. 
(SANTOS, 2021). 
28 
 
 
3. MATERIAL E MÉTODOS 
 
O estudo é um levantamento bibliográfico, sobre as influências que podem interferir 
no comportamento alimentar dos indivíduos e as estratégias que podem ser utilizadas na 
conscientização, a fim de melhorar os hábitos alimentares de crianças e adolescentes. Para 
nortear a pesquisa, foi definida a seguinte pergunta: a utilização de uma horta escolar, como 
ferramenta de ensino, pode influenciar na mudança de hábitos alimentares? 
Deste modo, foi realizada uma pesquisa bibliográfica,durante o período de junho de 
2022 a maio de 2023, por meio de uma busca computadorizada na base de dados eletrônica 
Google Acadêmico, Scientific Electronic Library Online Brasil (Scielo), Biblioteca Virtual 
em Saúde (BVS, Ministério da Saúde, Brasil) e em sites institucionais, para a busca de 
publicações científicas, teses, dissertações, trabalhos de conclusão de curso e artigos, visando 
maior embasamento teórico sobre o assunto. O período analisado foram os últimos dez anos. 
Por meio de leitura, as publicações científicas foram pré-selecionadas pelos títulos e 
pelos respectivos resumos, conforme ilustra a figura 1. 
Figura 1 – Fluxograma de seleção das publicações. 
 
 
Fonte: autor, 2022. 
 
Devido à grande quantidade de publicações, foram utilizadas as palavras-chave 
(combinadas ou não): “hortas escolares", educação alimentar e nutricional de estudantes”, 
“alimentação escolar”, “comportamento alimentar de adolescentes”, “obesidade infantil”, 
“consumo alimentar de crianças e adolescentes”, “Programa Nacional de Alimentação 
Escolar”, “alimentação saudável nas escolas”, “má alimentação de crianças e adolescentes”, 
“consumo de hortaliças e frutas por crianças e adolescentes”, “influência das mídias na 
alimentação”. 
29 
 
 
Como critério de inclusão, as publicações deveriam citar: crianças e adolescentes, 
independente do gênero, preferencialmente de escola pública, com referências à educação 
alimentar, obesidade, mídias, comportamento alimentar, alimentação escolar e hortas 
escolares, como ilustra a figura 2. 
Figura 2. Metodologia utilizada para busca de publicações. 
 
 
Fonte: autor, 2022. 
 
Foram excluídos todos os artigos que não correspondiam aos critérios de inclusão, 
artigos publicados anteriores a 2012, de língua inglesa, sobre indivíduos adultos, além de 
textos que não continham informações suficientes para a composição deste trabalho. Os 
resumos que não apresentavam informações suficientes para decisão quanto à inclusão ou 
exclusão na revisão da literatura, foram lidos por completo, após, alguns artigos foram 
excluídos. 
Após a leitura das publicações selecionadas, a descrição dos estudos foi realizada a 
partir das seguintes informações: público-alvo, avaliação da horta como estratégia de ensino, 
hábitos alimentares de crianças e adolescentes, identificação dos fatores que influenciam a 
alimentação e verificação do baixo consumo de alimentos saudáveis. 
30 
 
 
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
Em relação aos temas abordados, foram encontradas 24 mil publicações, as quais 
após seleção a partir dos descritores, segundo os objetivos, foram selecionados 29 trabalhos, 
sendo listados na tabela a seguir: 
Tabela 3. Trabalhos selecionados conforme o título, autores/ano de publicação, 
periódico, tipo de estudo e objetivo. 
 
Título Autore s/ 
Ano 
Periódico/Re 
positório 
Tipo de 
estudo 
Objetivo 
Revisão da Literatura 
sobre Aprendizagem 
de Professores em 
Hortas Escolares 
Gomes, 
J. R. de 
J. e 
Alves, 
J. M. 
(2021) 
Editora 
Realize 
Artigo Caracterizar a 
contribuição da horta 
escolar na 
aprendizagem de 
professores e alunos. 
Promoção da 
alimentação saudável 
no ambiente escolar: 
avaliação do 
Programa Horta 
Educativa em escolas 
estaduais de São Paulo 
Toledo, 
A. D’A. 
(2021) 
Repositório 
da Biblioteca 
digital USP 
Tese Avaliar a Horta 
Educativa como 
promotora da 
alimentação 
adequada e saudável 
no ambiente escolar. 
Avaliação do 
conhecimento em 
alimentação e 
nutrição e a eficácia de 
atividades de 
educação alimentar e 
nutricional em 
escolares 
Corrêa 
R.R. 
(2018) 
Repositório 
da Fundação 
de Ensino e 
Pesquisa do 
Sul de Minas 
Trabalho de 
conclusão 
de curso 
Avaliar o estado 
nutricional, o 
conhecimento em 
nutrição e consumo 
alimentar antes e 
após as atividades de 
EAN. 
Ações de educação 
alimentar e 
nutricional na 
prevenção da 
obesidade e na 
recuperação da saúde 
de escolares: uma 
revisão integrativa 
Gonçal 
ves, R. B. 
et al. 
(2018) 
Revista 
Simbio-logias 
Artigo Analisar a 
contribuição das 
atividades de EAN na 
prevenção e no 
combate à obesidade 
em estudantes. 
31 
 
 
A importância do 
trabalho com a horta 
escolar para o ensino 
de ciências de forma 
interdisciplinar 
Pinheir o, 
C. N. A. 
(2012) 
Repositório 
da 
Universidade 
de Brasília 
Monografia Avaliar o rendimento 
escolar dos alunos 
participantes das 
atividades da horta 
escolar. 
 
A educação 
ambiental e o papel da 
horta escolar na 
educação básica 
 
Canceli 
er, J. 
W. et 
al. 
(2020) 
 
Revista de 
geografia 
 
Artigo 
 
Analisar o papel da 
horta escolar no 
estímulo ao consumo 
saudável e a sua 
interdisciplinaridade. 
 
Horta escolar: uma 
alternativa 
interdisciplinar para a 
educação ambiental e 
produção de 
alimentos sem 
agrotóxicos 
 
Ribeiro, 
D. das 
C. de 
A. et 
al. 
(2019) 
 
Repositório 
Lume, 
Universidade 
Federal de 
Rio Grande 
do Sul 
 
Artigo 
 
Verificar como a horta 
escolar promove a 
melhora do processo 
de ensino- 
aprendizagem e 
contribui para a 
educação ambiental. 
Implantação da 
horta escolar em 
uma escola pública 
em Araras - SP 
Santos, 
A. P. R. 
dos. 
(2014) 
Repositório 
da 
Universidade 
Tecnológica 
Federal do 
Paraná 
Monografia Introduzir uma horta 
escolar com trabalho 
conjunto de pais, 
alunos, professores e 
servidores. 
Horta escolar: 
benefícios e 
desenvolvimento de 
hábitos alimentares 
saudáveis. 
Cardos o, 
W. S. 
(2020) 
Repositório 
DSpace 
Trabalho de 
Conclusão 
de Curso 
Analisar os benefícios 
proporcionados aos 
envolvidos com as 
atividades na horta 
escolar. 
 
Projeto educando 
com a horta escolar: 
perspectivas e 
realidade na escola 
municipal Francisco 
Marcelino da Silva 
 
Costa, 
M. da 
P. A. da S. 
(2014) 
 
Repositório 
da 
Universidade 
de Brasília 
 
Monografia 
 
Avaliar se a horta 
escolar engloba todas 
as disciplinas 
curriculares. 
A influência dos pais 
no aumento do 
excesso de peso dos 
filhos: uma revisão 
de literatura 
Silva, 
L. R. et 
al. 
(2019) 
Repositório 
Brazilian 
Journal Of 
Health 
Review 
Artigo Relacionar o 
comportamento 
alimentar da família e 
sua influência no 
excesso de peso das 
crianças. 
32 
 
 
Obesidade infantil: 
vivências familiares 
relativas ao processo 
de aconselhamento 
nutricional 
Antune s 
N. J. 
(2018) 
Repositório 
Semantic 
Scholar 
Dissertação Compreender a 
influência da 
convivência familiar 
no comportamento 
alimentar de crianças 
com obesidade. 
Comportamento 
alimentar de crianças 
na atualidade: um 
estudo sob a 
perspectiva do 
cuidado 
Carvalh o 
P. P. A. 
(2017) 
Repositório 
da Biblioteca 
Digital 
Brasileira de 
Teses e 
Dissertações 
Dissertação Analisar os motivos 
que levam ao consumo 
inadequado e os 
impactos causados na 
saúde da criança. 
Regulamentação da 
propaganda de 
alimentos infantis 
como estratégia para a 
promoção da saúde. 
Henriqu 
es, P. et 
al. 
 (2012) 
Revista 
Ciência e 
Saúde 
Coletiva 
Artigo Avaliar o conteúdo das 
propagandas de 
alimentos na televisão 
voltadas a crianças, 
sob a ótica da 
regulação. 
Avaliação do nível de 
conhecimento e de 
consumo de crianças e 
adolescentes sobre 
hortaliças e frutas 
versus guloseimas 
Felipe 
S. M. 
de A. 
(2018) 
Repositório 
da 
Universidade 
Federal Rural 
de 
Pernambuco 
Monografia Avaliar o nível de 
conhecimento e o 
consumo alimentar de 
crianças e dos 
adolescentes 
participantes do 
projeto educacional. 
A visão dos alunos do 
ensino fundamental 
sobre a caloria dos 
alimentos e seu 
impacto na saúde 
Travain, 
S. et 
al. 
(2019) 
Revista 
Insignare 
Sciencia - 
RIS 
Artigo Analisar as calorias 
dos alimentos e seu 
impacto na saúde. 
Realizar atividadesque 
promovam os hábitos 
alimentares e o 
conhecimento da 
importância de uma 
alimentação adequada. 
Influências da família 
e da escola no 
consumo de alimentos 
com alto teor de 
açúcar, gordura e 
sódio entre crianças de 
classes sociais 
diferentes 
Vieira, 
D.M. 
(2013) 
Repositório 
Institucional 
da 
Universidade 
Federal de 
Viçosa 
Dissertação Verificar a influência 
da família e da escola 
no comportamento 
alimentar de crianças 
em relação aos 
alimentos com alto 
teor de açúcar, gordura 
e sódio. 
33 
 
 
Consumo de 
alimentos 
ultraprocessados e 
perfil nutricional da 
dieta de adolescentes 
Soares, 
A. D. 
N. et 
al. 
(2022) 
Cadernos da 
Escola de 
Saúde 
Artigo Avaliar o consumo e o 
impacto de produtos 
industrializados sobre 
a qualidade nutricional 
da dieta dos 
adolescentes. 
 
Consumo de frutas, 
legumes e verduras 
por adolescentes de 
uma escola pública 
de Petrolina - 
Pernambuco 
 
Messias 
, C. M. 
B. de 
O. et 
al. 
(2016) 
 
Revista 
Adolescência 
e Saúde 
 
Artigo 
 
Estimar o consumo de 
frutas e hortaliças por 
adolescentes de uma 
escola pública de 
Petrolina- PE. 
Padrão alimentar de 
escolares de uma 
escola municipal de 
São Miguel do Oeste, 
Santa Catarina 
Ribeiro, 
A. J. P. et 
al., 
(2015) 
Revista 
Unoesc e 
Ciência 
Artigo Verificar e analisar o 
padrão alimentar de 
estudantes de uma 
escola de São Miguel 
do Oeste, Santa 
Catarina. 
As transformações 
alimentares na 
sociedade moderna: a 
colonização do 
alimento natural pelo 
alimento industrial 
Balem, 
T. A. et 
al. 
 (2017) 
Revista 
Espacios 
Artigo Analisar as 
transformações 
ocorridas em função 
do processo de 
industrialização da 
alimentação. 
Evolução dos 
alimentos mais 
consumidos no Brasil 
entre 2008-2009 e 
2017- 2018 
Rodrigu 
es, R. M. 
(2021) 
Revista de 
Saúde 
Pública 
Artigo Descrever a evolução 
do consumo alimentar 
da população brasileira 
de 2008–2009 a 2017– 
2018. 
 
Análise do consumo 
alimentar dos 
adolescentes 
brasileiros nos anos de 
2015 a 2021 
 
Ribeiro, 
I. W. e 
Malaqu 
ias,P. 
U. 
(2022) 
 
Repositório 
Ânima 
Educação 
 
Monografia 
 
Analisar e 
compreender as 
mudanças ocorridas 
nos hábitos 
alimentares dos 
adolescentes. 
34 
 
 
Avaliação nutricional, 
consumo alimentar e 
percepção de hábitos 
saudáveis entre 
escolares de 10 a 14 
anos. 
Silva, 
G. M. 
F. da. et 
al. 
(2018) 
Revista 
Brasileira 
Ciências da 
Saúde 
Artigo Avaliar o estado 
nutricional, o consumo 
alimentar e a 
percepção de hábitos 
saudáveis de 
adolescentes no 
município de 
Guarapuava-PR. 
 Frequência do 
consumo 
alimentar de 
adolescentes 
Rocha, 
A. A. F. 
M. 
(2018) 
Repositório 
da 
Universidade 
Federal de 
Mato Grosso 
Trabalho de 
conclusão 
de curso 
Analisar a frequência 
de consumo alimentar 
de adolescentes de 
uma escola pública do 
município de Cuiabá – 
MT. 
Influência da 
educação nutricional 
no consumo de frutas 
e verduras de alunos 
do sertão 
pernambucano 
Silva, 
K. R. 
G. et 
al. 
(2018) 
Revista 
Semiárido de 
Visu 
Artigo Verificar a influência 
da educação 
nutricional no 
consumo de frutas e 
hortaliças e os fatores 
associados ao consumo 
dos estudantes. 
Ingestão de alimentos 
industrializados por 
crianças e adolescentes 
e sua relação com 
patologias crônicas: 
uma análise crítica de 
inquéritos 
epidemiológicos e 
alimentares 
Silva, M 
da C. et 
al. 
(2018) 
Revista 
Brasileira de 
Obesidade, 
Nutrição e 
Emagrecimen 
to 
Artigo Analisar a ingestão de 
alimentos 
industrializados por 
crianças e adolescentes 
e sua relação com 
doenças crônicas. 
Análise do mercado 
de frutas no 
município de São 
Paulo das Missões - 
RS 
Oliveira 
, L. F. 
de. 
(2019) 
Repositório 
Digital 
Universidade 
Federal da 
Fronteira Sul 
Trabalho de 
conclusão 
de curso 
Analisar a 
comercialização de 
frutas no município de 
São Paulo das 
Missões-RS. 
 
Relação entre o alto 
índice de obesidade e 
o baixo consumo de 
frutas e hortaliças: 
uma análise dos 
bairros Bacacheri e 
Sítio Cercado no 
município de 
Curitiba- PR 
 
Cardos o, 
J. T. 
et al. 
(2022) 
 
Repositório 
Ânima 
Educação 
 
Projeto de 
Pesquisa 
 
Identificar as 
diferenças na oferta de 
frutas e hortaliças em 
regiões com diferenças 
no poder aquisitivo. 
35 
 
 
 
Segundo o estudo de Gomes e Alves (2021), a horta escolar contribui no processo de 
aprendizagem dos alunos, é um local onde os estudantes têm a oportunidade de aprender as 
disciplinas escolares de uma nova forma. A utilização da horta escolar faz com que o aluno 
tenha um contato diferente com os alimentos, levando-o a adquirir melhores hábitos 
alimentares. 
Toledo (2021) em seu estudo, sobre Horta Educativa, realizado em escolas públicas 
no estado de São Paulo, observou mudanças significativas nos hábitos alimentares dos 
estudantes, aumento do conhecimento sobre a alimentação, induzindo os estudantes a 
alimentar-se frequentemente da merenda escolar. 
Corrêa (2018), avaliou através da aplicação de um questionário, o estado 
nutricional, o conhecimento em nutrição e consumo alimentar antes e após intervenções de 
atividades de EAN, em uma escola municipal de Três Pontas-MG. Os resultados obtidos 
demonstraram que cerca de 60,9% dos alunos alimentavam-se adequadamente, 21,7% 
encontravam-se com sobrepeso e 15,9% eram considerados obesos. Também observou que o 
consumo de frutas, hortaliças, alimentos ultraprocessados e hipercalóricos antes das 
atividades de EAN eram considerados inadequados, devido à falta de conhecimento, pois após 
as atividades apresentou melhora, um aumento de mais de 30% em relação ao início das 
atividades. 
Nesta perspectiva, é importante que atividades pedagógicas, como exemplo das 
hortas, tornem-se frequentes nas escolas, pois podem facilitar o entendimento, unindo a teoria 
e a prática, bem como desenvolve o ensino-aprendizagem sobre os alimentos e possibilita a 
aproximação com o meio ambiente. Ensinar às crianças a importância da alimentação 
saudável, pode contribuir para a formação de adultos com bons hábitos alimentares 
(GONÇALVES; DIAS; CINTRA, 2018). 
Pinheiro (2012), avaliou o rendimento de alunos participantes das aulas teóricas e 
práticas da horta em relação aos que participaram apenas das aulas teóricas, em quatro 
escolas. O autor observou que a horta escolar auxilia no rendimento escolar, os estudantes 
participantes das aulas teóricas e práticas apresentaram maior rendimento escolar, as médias 
das notas foram superiores em relação aos que participaram apenas das aulas teóricas. A horta 
escolar é um recurso pedagógico que deve ser utilizado de maneira interdisciplinar, pois 
desperta o interesse dos estudantes, promove a alimentação saudável e possibilita um melhor 
aprendizado através do conhecimento teórico e prático. 
36 
 
 
A utilização da horta escolar não está relacionada apenas ao ensino da educação 
alimentar, mas a abordagem de uma variedade de temas. Conforme os trabalhos de Cancelier 
et al. (2020) e Ribeiro et al. (2019), observam que a horta é uma estratégia de intervenção 
didática, que permite o estudo das diferentes disciplinas curriculares de forma interdisciplinar, 
relacionando o ambiente, a cultura, a alimentação, entre outros conteúdos, possibilita o 
desenvolvimento de reflexões. A horta não só promove o incentivo a hábitos alimentares 
saudáveis dos professores, alunos e de seus familiares, mas, também proporciona a construção 
de conhecimentos que possibilitem o cultivo em sua residência. 
Segundo o trabalho de Santos et al. (2014), os professores afirmam que a 
interdisciplinaridade, produzida pela horta, contribuí no processo de ensino aprendizagem, os 
alunos apresentam maior interesse às aulas, pois é uma nova forma de dar aulae de aprender, 
sendo uma fuga das tradicionais e cansativas aulas em sala, as atividades teórico-práticas 
fazem com que o conteúdo seja mais fácil de ser compreendido, desperta a criatividade, 
curiosidade e o senso crítico nos estudantes. Além dos benefícios citados, a produção de 
hortaliças beneficia a merenda escolar, seu excedente pode ser distribuído para os estudantes 
levarem para casa e consumir com seus familiares. 
Segundo Costa (2014) e Cardoso (2020), introduzir uma horta escolar beneficia não 
só estudantes e professores, mas também pode possibilitar o aprendizado aos familiares dos 
alunos. Para que isso ocorra, a escola deve desenvolver atividades que propiciem a 
aproximação e o envolvimento dos pais com a horta. Através do conhecimento adquirido 
junto aos seus filhos, poderão conduzir uma horta em sua própria residência, contribuindo 
para o consumo da família de alimentos saudáveis. 
A utilização da horta no ambiente escolar é uma atividade pedagógica que, 
juntamente com as atividades da educação alimentar nutricional, contribuem para o 
conhecimento sobre alimentação saudável, proporcionando mudanças positivas no consumo e 
na formação de hábitos alimentares saudáveis dos estudantes. Além disso, faz com que haja 
uma aproximação maior dos familiares, tanto com os alunos, quanto com as atividades 
escolares. 
Neste sentido, a influência dos familiares nos hábitos alimentares é importante na 
vida das crianças e adolescentes. Quando os pais têm o hábito de comer alimentos 
industrializados, consequentemente, seus filhos terão maior predisposição a consumi-los. Por 
isso, é necessário que os pais sejam exemplo e consumam alimentos saudáveis, no cotidiano 
com os filhos. A prática de bons alimentares ao longo da vida, pode diminuir os riscos de 
desenvolver DCNTs (SILVA et al., 2019). 
37 
 
 
As DCNTs não são problemas crônicos isolados presente em uma fase da vida de um 
indivíduo, mas sim, problemas que a exposição a determinados fatores de risco, como a 
alimentação inadequada na infância, pode acarretar e comprometer a saúde do adulto ao longo 
de sua vida (ANTUNES, 2018). 
A família deve ser a principal influenciadora de bons hábitos alimentares para 
crianças e adolescentes. É notório que boas práticas alimentares nos primeiros anos de vida 
são importantes para a construção de bons costumes. A escola deve ser aliada nesse processo, 
pois, acompanha a criança e ao adolescente durante boa parte do período de seu 
desenvolvimento até a vida adulta. 
Dentre os fatores influenciáveis na alimentação saudável, destaca-se o acesso às 
tecnologias e o convívio social. No ambiente escolar, um estudante pode exercer influência 
positiva ou negativa no comportamento alimentar de outro, através dos alimentos que leva 
para sua alimentação. Da mesma maneira, por passarem boa parte do dia conectados às redes 
sociais, as crianças e adolescentes são submetidos aos efeitos da mídia, através das 
propagandas atrativas utilizadas pelas empresas, o que poderá refletir em suas escolhas 
alimentares. (CARVALHO, 2017). 
A regulação da publicidade e propaganda de alimentos tem como base a promoção 
da saúde e a prevenção de doenças, busca proteger o consumidor da falta de informação 
relacionada aos alimentos de baixo valor nutricional, ricos em sódio, gorduras e açúcar e 
destinados prioritariamente às crianças e adolescentes, pois esses alimentos vão contra o 
direito a uma alimentação adequada nutricionalmente. Portanto, é necessário que se faça o 
monitoramento e a fiscalização das propagandas, pois muitas vezes vão contra o processo de 
promoção da saúde e da alimentação adequada e saudável (HENRIQUES; SALLY; 
BURLANDY, 2012). 
Em contrapartida, o trabalho realizado por Felipe (2018), avaliou o nível de 
conhecimento e de consumo das crianças e adolescentes do Projeto Ações Socioeducativas 
para crianças do Ensino Fundamental da Rede Pública Municipal do Recife/PE, sobre frutas e 
hortaliças versus guloseimas. O estudo mostrou que as crianças e adolescentes, apresentaram 
alto nível de conhecimento sobre os alimentos saudáveis, consumindo raramente guloseimas. 
Pode-se observar que o consumo de alimentos industrializados por crianças e 
adolescentes, conforme os estudos, têm reduzido. Mesmo influenciados por diversos fatores 
atualmente, o conhecimento adquirido com as atividades de EAN, faz com que o indivíduo 
tenha consciência ao alimentar-se. 
38 
 
 
Outro fator relacionado à utilização de tecnologias, é que a criança e o adolescente 
passaram a ter um estilo de vida sedentário, ficando muito tempo utilizando celulares, 
computadores, entre outros aparelhos eletrônicos. Pelo fato de as ruas estarem mais perigosas, 
maior circulação de automóveis, levando-os a ficar a maior parte do tempo dentro de casa e 
consequentemente, menos ativos fisicamente. (TRAVAIN; TRAVAIN; ASSIS, 2019). 
Ao longo dos anos, percebe-se que com o início da industrialização e ao fato de as 
mulheres deixarem o trabalho doméstico, para trabalharem fora de suas casas, diminuiu-se o 
tempo para dedicar-se às tarefas domésticas, como, por exemplo, cozinhar. A partir disso, a 
indústria surge cada vez mais produzindo alimentos que facilitem a vida das pessoas, sejam 
congelados ou processados. Como consequência, as pessoas passaram a alimentar-se “mal” do 
ponto de vista nutricional, reduzindo o consumo de frutas e hortaliças, algumas vezes 
deixando de consumi-los totalmente. 
Diante disso, os filhos acabam por não se alimentar corretamente, pela falta de 
influência dos pais, muitas vezes, ocorre de o filho consumir os alimentos saudáveis apenas 
quando está na escola (VIEIRA, 2013). 
Um estudo feito por Soares et al., (2022), em alunos de escola pública de Barbacena- 
MG, mostrou que os adolescentes consomem em média 1969,5 kcal/dia, destas 49,5% são 
alimentos in natura ou minimamente processados, 10,8% de alimentos processados e 39,7% 
de alimentos ultraprocessados. 
Messias et al. (2016), através de um estudo, verificaram que o consumo de frutas e 
hortaliças por adolescentes de uma escola pública de Petrolina- PE, de ambos os gêneros, 
apenas 28,6% consumiram porções adequadas. Os adolescentes, independentemente de 
qualquer faixa etária estabelecida, apresentaram baixo consumo de frutas e hortaliças. 
De acordo com Ribeiro et al. (2015), através de um questionário avaliaram a 
frequência alimentar e a qualidade das refeições de estudantes de uma escola municipal de 
São Miguel do Oeste (SC), a maior parte dos alunos respondeu alimentar-se razoavelmente, 
ter boa alimentação, ou ótima. Cerca de 25% dos estudantes responderam que têm uma 
alimentação ruim. 
Os estudos analisados mostram que são necessárias ações de promoção de hábitos 
saudáveis, a fim de incentivar os indivíduos a alimentar-se adequadamente do ponto de vista 
nutricional. Pois, apesar de quase equivaler às quantidades, mais de 50% dos alimentos 
consumidos pelos estudantes são processados ou ultraprocessados, resultando em uma baixa 
qualidade nutricional. Nota-se que mais de 70% dos adolescentes alimentam-se 
inadequadamente e 25% apresentam alimentação ruim. 
39 
 
 
Balem et al. (2017), através de entrevista com crianças e adolescentes de 10 a 16 
anos, observaram que todos os entrevistados tinham conhecimento que a alimentação de 
antigamente era mais saudável, pois não existiam tantos alimentos industrializados. 
Afirmaram que, atualmente, os pais utilizam alimentos industrializados por ser considerados 
práticos e rápidos no preparo. Entre os alimentos mais consumidos atualmente, estão as 
bolachas recheadas, salgadinhos, congelados, nuggets, macarrão instantâneo, lasanha 
industrializada e refrigerantes. 
Resultado semelhante foi observado por Rodrigues et al. (2021), através da análise 
da evolução do consumo alimentar da população brasileira de 2008–2009 a 2017–2018, em 
dois dias não consecutivos em indivíduos com 10anos ou mais de idade. Identificaram que os 
alimentos mais consumidos são os mesmos considerados base da alimentação dos brasileiros: 
arroz, feijão, café, pães, hortaliças e carne bovina. Além destes, biscoitos doces/recheados, 
biscoitos salgados, carnes processadas e refrigerantes, também se mantiveram entre os mais 
consumidos. 
Percebe-se que as crianças e adolescentes, destas faixas etárias, têm consciência 
sobre o que é um alimento saudável que os alimentos industrializados, quando consumidos 
em excesso, podem ser prejudiciais, porém, não deixam de consumi-los dada sua praticidade. 
Ribeiro e Malaquias (2022) analisaram o consumo alimentar dos adolescentes 
brasileiros entre os anos de 2015 a 2021, para observar as mudanças ocorridas nos hábitos 
alimentares, em 1.141.822 adolescentes entrevistados, nas regiões centro-oeste, nordeste, 
norte, sudeste e sul. Observou-se que a cada ano que passa, vem reduzindo a quantidade de 
refeições diárias e o consumo de frutas e hortaliças, em contrapartida, aumentando o consumo 
de alimentos ultraprocessados. 
Segundo a pesquisa, independente da região onde residem e das características 
culturais, os adolescentes passaram a alimentar-se cada vez mais de alimentos processados. 
As refeições diárias têm sido substituídas por lanches, que na maioria das vezes são 
compostos por alimentos ultra processados. 
De acordo com Silva et al. (2018) e Rocha (2018), ambos avaliaram o consumo 
alimentar e percepção de hábitos saudáveis de estudantes de 10 a 15 anos, observaram que a 
maioria estava com o índice de massa corpórea (IMC) adequado, porém mais de 30% 
apresentava sobrepeso, obesidade e obesidade grave. Observa-se que é frequente o consumo 
diário de feijão, arroz, juntamente com produtos ultra processados, além de elevado o 
consumo de açúcares e óleos, é menor a frequência no consumo diário de leite e derivados, 
frutas e hortaliças. 
40 
 
 
As pesquisas mostram que apesar do brasileiro apresentar um estado nutricional 
adequado, existe uma piora na qualidade da alimentação, comparada há alguns anos. 
Independentemente de sexo, idade e renda familiar, há aumento no consumo de produtos 
industrializados, o que, consequentemente, leva a índices com aumento no percentual de 
excesso de peso. 
Silva et al. (2018) verificaram os fatores associados ao consumo de frutas e 
hortaliças e a influência de atividades de educação nutricional, por meio de questionários, em 
estudantes do sertão pernambucano. O estudo mostrou que, a renda e o comportamento 
familiar são grandes influenciadores dos hábitos alimentares dos adolescentes. As atividades 
de educação nutricional tornam o indivíduo consciente, pois passam a compreender a 
importância da alimentação saudável, logo, faz com que aumente o consumo de frutas e 
hortaliças. 
Outro fator relacionado ao baixo consumo de hortaliças e frutas é o poder aquisitivo, 
pois impacta diretamente na escolha. Devido ao elevado preço de algumas hortaliças e frutas, 
muitas famílias de baixa renda, acabam suprindo suas necessidades alimentares com 
carboidratos, lipídeos e proteínas. Muitas vezes acabam adquirindo produtos mais baratos e de 
baixa qualidade (OLIVEIRA, 2019). 
De acordo com uma pesquisa de campo realizada por Cardoso et al. (2022), através 
de questionários, coletaram informações em dois bairros da cidade de Curitiba, um de renda 
média/baixa e outro de renda média/alta, em estabelecimentos que comercializam hortaliças e 
frutas, identificou-se que a disponibilidade e qualidade de alimentos in natura diferem. 
O poder aquisitivo e o comportamento familiar, são os principais fatores levados em 
consideração na hora de escolher o alimento. Os estudos mostram que, pessoas com maior 
poder aquisitivo, têm acesso a maior variedade e melhor qualidade de produtos. 
Os resultados desta pesquisa mostraram que são vários os fatores influenciadores na 
formação do comportamento alimentar e na redução do consumo de alimentos saudáveis, 
principalmente, o aumento de produtos industrializados. As atividades didáticas, como a 
utilização da horta, associada a educação alimentar nutricional, no ambiente escolar, se 
mostram importantes na promoção de hábitos alimentares saudáveis e mudanças no estilo de 
vida das crianças e adolescentes. 
41 
 
 
5. CONCLUSÃO 
 
Com base na literatura científica apresentada, a partir deste levantamento 
bibliográfico, é possível concluir que a utilização de hortas escolares para a promoção da 
educação alimentar nutricional pode ser um método eficaz no combate e prevenção à 
obesidade e à desnutrição, assim como de doenças resultantes destes problemas de saúde 
pública. 
Além de contribuir na promoção da consciência alimentar e nutritiva dos alunos, 
tanto no ambiente escolar quanto fora dele, a horta escolar, também apresenta como benefício 
trabalhar a interdisciplinaridade, facilitando o aprendizado dos estudantes em diversas 
matérias curriculares. É importante ressaltar a necessidade de interação entre a escola e 
família, pois ambos devem trabalhar juntos para que as mudanças sejam efetivas. 
O comportamento alimentar infantil é uma consequência do ambiente ao qual a 
criança está inserida, bem como o convívio social, a mídia, a falta de conhecimento em 
relação à nutrição e as condições financeiras. Esses fatores exercem influência nas escolhas 
alimentares. 
Dentre os principais motivos que justificam o baixo consumo de frutas e hortaliças 
no Brasil, cita-se o poder aquisitivo, a praticidade dos alimentos industrializados, os costumes 
familiares e regionais, as relações sociais e a influência da mídia. O que mostra a necessidade 
de intervenções educativas, a fim de contribuir no conhecimento para a mudança nos hábitos 
alimentares. 
42 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
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análise do acesso e da qualidade dos alimentos no ambiente escolar. Saúde (Santa Maria), 
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alimentação saudável para o desenvolvimento humano. Humanas & Sociais Aplicadas, 
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http://dx.doi.org/10.25242/8876102720201966. Disponível em: 
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Acesso em: 31 dez. 2022. 
 
ANDREOLI, Rejane. Alimentação saudável: prevenção de doenças e cuidados com a 
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(Cadernos PDE). Disponível em: 
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2016/20 
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https://pdfs.semanticscholar.org/b269/2ccf58da4536e65a81d736f36b029fc6e9f3.pdf. Acesso 
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Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica. Mapa da 
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metabolica/mapa-da-obesidade/. Acesso em: 04 jan. 2023. 
 
ÁVILA, Renata Silva de. et al. Educação

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