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A IDENTIDADE SOCIAL Identidade Social e Relações Inter-grupo Conceito de Identidade Conceito polissêmico nas ciências humanas. Ontologicamente o que faz que o individuo seja o que é. Na Historia às formas sócio-históricas como o individuo, tem sido representado. Na Psicologia: como personalidade: as características fundamentais de uma pessoa como representação: tudo o que se vivencia como sendo eu, por oposição àquilo que se percebe como não-eu A identidade como Representação Na identidade como representação se faz menção: ao processo psíquico ou forma como construímos esta representação aos conteúdos desta representação. à especificidade do individuo – identidade pessoal ou self.-, à pertenças grupais dos indivíduos: - identidade social -. Identidade Pessoal Estudada: a partir do fluxo da consciência William James a partir da formação do eu George Mead A partir da formação da personalidade S. Freud Identidade social Estudada a partir dos processos de diferenciação grupal. "Diferenciação Grupal", processo psicológico pelo qual tendemos a avaliar positivamente o próprio grupo e negativamente o outro grupo, Duas abordagens: 1 Abordagem a partir do conflito real (Sherif) 2 Abordagem a partir da categorização (Tajfel) 1.- Abordagem do conflito real: (Sherif et ali,1961) Pressupõe que as atitudes e condutas de um grupo em relação ao outro traduz a situação objetiva de possíveis interesses em conflito entre os dois grupos. As pesquisas em “Colônias de Férias". Pretendem mostrar mudanças de comportamento como resultado de mudanças objetivas na relação entre grupos. Três fases das pesquisas: 1ª Formação de grupo: 2 grupos separados. 2ª Conflito entre os grupos: os 2 grupos competem - grande hostilidade ao outro grupo - forte coesão entre eles. 3ª Resolução do conflito: os 2 grupos cooperam - diminuição da hostilidade intergrupal - embrião de concepção de grupo amplo Os experimentos de SHERIF mostram que a hostilidade entre grupos não pode ser atribuída exclusivamente a traços de personalidade mas, às características objetivas que a relação inter- grupal possui, particularmente, as condições de real conflito entre os grupos. Concluem que o fenômeno de diferenciação grupal, “valorização do próprio grupo e desvalorização do outro”, está ligado a existência de conflitos inter-grupais. 2.- Abordagem da categorização: (Tajfel) Que tipo de relação existe entre o conflito, a categorização e a diferenciação grupal? O conflito causa a diferenciação (Sherif)? Ou a categorização é a que causa a diferenciação e o conflito (Tajfel)? O paradigma da “Situação mínima de inter- grupo” TAJFEL para estudar a causa da diferenciação (conflito real ou categorização) constrói um paradigma experimental: "A situação mínima de inter-grupo" . Os sujeitos deviam expressar sua preferência entre dois quadros de KLEE e KANDINSKY de estilos bastante parecidos que tornam difícil distingui-los. Os sujeitos nesta situação eram classificados segundo a suposta preferência constituindo-se assim, os grupos "Klee" e "Kandinsky". Após esta fase de "categorização social" os sujeitos eram convidados a colaborar num segundo estudo onde deveriam distribuir dinheiro à membros dos grupos "Klee" e "Kandinsky". A fim de fazer a distribuição eles recebiam um caderno com diversas matrizes que especificavam como deviam proceder na distribuição de dinheiro a dois membros anônimos (indicados só por números) de cada grupo. A única informação que os sujeitos possuíam era a categoria dos dois membros anônimos. As matrizes (inspiradas na teoria dos jogos) estavam concebidas de tal maneira que exigiam uma alocação conjunta de recursos o que permitia estudar, num contexto inter-grupal, a estratégia de distribuição empregada por cada sujeito. As matrizes eram constituídas por 13 pares de prêmios distribuídos em duas filas. As instruções deixavam claro que os prêmios escolhidos para os membros do próprio grupo e do outro deveriam pertencer ao mesmo par (ser da mesma coluna). Sujeito A G. Klee In-group 18 17 16 15 14 13 12 11 10 09 08 Sujeito B Kadinsky 23 21 19 17 15 13 11 09 07 05 03 MATRIZ No 01 Estes números são os prêmios para: 4 tipos de estratégias 1ª] Maximização da recompensa ao próprio grupo (in-group) (Alternativa 18/23 no exemplo). 2ª] Maximização das recompensas aos dois grupos (Neste caso a mesma alternativa 18/23). 3ª] Maximização da igualdade de recompensa aos dois grupos (13/13 na Matriz No 01). 4ª] Maximização da diferença a favor do próprio grupo (08/03 neste caso). TAJFEL et ali, (1971), observaram em 3 pesquisas que as estratégias mais utilizadas foram a 1ª, maior beneficio absoluto, e a 4ª, maior benefício relativo, embora percebessem também certa tendência à 3ª, maior beneficio semelhante. Concluíram que numa "situação mínima de grupo" as pessoas embora procurem maximizar os ganhos do próprio grupo tentam superar o mais possível o outro grupo, mesmo em detrimento ao obtido para o próprio. Estes dados confirmam a existência da diferenciação grupal mesmo nas situações onde só existe categorização social sem nenhuma interação nem real nem antecipada entre os dois grupos. Como explicar este fenômeno? Identidade Social A teoria da Identidade Social A "Identidade Social" se refere tanto à consciência que o indivíduo possui de pertencer a um determinado grupo social, como à carga afetiva e emocional que esta pertença traz para o sujeito. O pressuposto fundamental da teoria é de que os indivíduos procuram realizar um tipo de identidade social que contribua para obter uma imagem positiva de si - mesmo (Auto-estima positiva). Esta imagem é obtida procurando se diferenciar positivamente dos outros grupos durante o processo de comparação social. Se segue deste pressuposto que quanto maior seja o senso de pertença a um grupo maior será a tendência a diferenciar, de uma maneira favorável, seu próprio grupo (in-group) dos outros grupos (out-groups). A identidade social pressupõe dois processos básicos. 1º Os sujeitos procuram manter identidades sociais positivas estabelecendo formas de comparação social (Festinger, 1954), que sustentariam esta imagem. As pessoas têm forte tendência a avaliar suas habilidades e opiniões e o fazem através da comparação com outras pessoas e grupos. 2º Refere-se a categorização social que permite aos sujeitos dividir o mundo social em duas categorias fundamentais: o seu próprio grupo (ingroup) e os outros grupos (outgroups). Pressupostos da teoria 1º Pressuposto: refere-se a natureza do comportamento social. Situa-se num continuum: num extremo o comportamento inter-pessoal, interação entre duas ou mais pessoas que é determinada pelas características individuais dos participantes e pela própria relação. No outro extremo o comportamento inter-grupal, interação entre dois ou mais indivíduos ou grupos determinada pelas respectivas pertenças sociais dos participantes na interação. Trata-se de um continuum teórico na medida em que seria impossível encontrar nas relações sociais situações puras de um ou outro extremo. 2º presuposto refere-se a dinâmica da Identidade Social Não é um ato mas um processo social que toma lugar não só no interior do indivíduo (fatores intra- psiquicos) ou no espaço das relaçoes individuais (fatores inter-individuais) mas se desenvolve no nível social e institucional (fatores inter-grupais). Esta abordagem pressupõe que o processo da identidade social é dialético: de um lado a identidade muda o sujeito, facilitando a incorporação de valores e normas do grupo social, mas, por outro lado, implica na participação ativa dos sujeitos na construção da identidade do grupo. 3º pressuposto refere-se ao caráter global do processo O processo de identidade social nãoocorre no vazio social mas num contexto histórico onde os diversos grupos mantêm relações concretas entre si, relações (basicamente fusões ou conflitos) que são igualmente mediadas pelos processos de identidade social. A teoria pressupõe que o processo de identidade social media a maneira em que indivíduos e grupos percebem a organização da sociedade, sua estrutura, estabilidade e legitimidade. Crenças Sociais A percepção da organização social situa-se num continuum de crenças sociais. Num extremo "Sistema de Crenças na Mobilidade Social" crença numa Sociedade flexível e permeável onde, sujeitos não satisfeitos com a situação de seus grupos de pertença podem transferir-se individualmente à outros grupos. No outro extremo o "Sistema de Crenças na Mudança Social" onde a Sociedade é considerada como estratificada e totalmente impermeável à tentativas de mudança individual. Só mudando o sistema. Este sistema de crenças não deve ser confundido com a perspectiva sociológica As crenças na mudança social, abrem perspectivas de ascensão social individual, estimulariam estratégias individualistas de ação (comportamentos inter-individuais) enquanto que as crenças na mudança social favorecem estratégias coletivas (comportamentos inter- individuais). Em ambos os casos a relação entre crenças e ação estaria mediada pelos processos de identidade social e diferenciação grupal: sujeitos fortemente identificados com seu próprio grupo procurariam ações coletivas a fim de mudar as suas condições de vida. Resumo: A teoria se desenvolve a partir da noção de identidade social que traduz a consciência que o sujeito possui de pertencer a um grupo social junto com a emoção dessa pertença. Postula que os indivíduos são motivados a conseguir uma identidade social positiva que contribua na auto- estima e para tanto, estabelecem comparações sociais nas quais procuram diferenciar-se positivamente dos outros grupos. Quanto maior seja a identidade do sujeito com um grupo maior será sua tendência de superestimar seu grupo e diminuir os outros. Finalmente a identidade mediará os esforços de ascensão individual (mobilidade) ou grupal (mudança social).
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