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CURSO DE NEUROFISIO Isabella Sallum 1 Neurotransmissores 1) Na membrana das células, sobretudo nervosa, existem inúmeros canais de Cl- sensíveis a diferentes mediadores químicos endógenos e exógenos. Com base na fisiologia desses canais e sua importância no controle da atividade nervosa, marque a alternativa correta: a) O GABA e a glicina são neurotransmissores de ação exclusivamente inibitória, os quais reduzem a condutância ao Cl- através da membrana das células nervosas, deixando-as hiperpolarizadas b) No canal de Cl- existem sítios receptores para a ação de agentes como o álcool etílico, benzodiazepínicos e anestésicos gerais, sendo que a difusão aumentada de Cl- para o interior das células nervosas reduzem o limiar de excitabilidade dessas células CURSO DE NEUROFISIO Isabella Sallum 2 c) A destruição dos terminais dos neurônios glicinérgico pela estricnina resulta em redução da difusão de Cl- através da membrana dos neurônios e extremo aumento da excitabilidade nervosa, podendo gerar convulsão e morte d) A ação exclusivamente inibitória do GABA e da glicina sobre o sistema nervoso constitui um importante mecanismo fisiológico para cessar uma convulsão e) Nenhuma das alternativas anteriores são corretas 2) A serotonina é um importante neurotransmissor capaz de controlar diferentes funções neurológicas e orgânicas. Com relação a esse neurotransmissor, marque a alternativa correta: a) A serotonina promove hiperpolarização direta das fibras de dor, sendo significativamente secretada em situação de estresse, quando a adrenalina excita os núcleos da Rafe b) A serotonina é considerada um neurotransmissor de ação inibitória, uma vez que deprime o córtex cerebral pra ocasionar sono ou perda de consciência c) A inibição farmacológica das bombas de recaptação de serotonina podem aumentar a concentração de serotonina, resultando em um aumento da excitação dos centros de recompensa no sistema límbico, inibição do córtex e excitação dos neurônios opioides analgésicos d) Depressão, insônia e dor são sinais de possível disfunção serotoninérgica, geralmente podendo ser decorrente de processo degenerativo do núcleo de Meynert e) Para evitar o sono excessivo que antidepressivos inibidores das bombas de recaptação de serotonina podem ocasionar, pode se utilizar concomitantemente inibidores das bombas de recaptação do GABA CURSO DE NEUROFISIO Isabella Sallum 3 3) A dopamina, tal como a serotonina, apresenta ações fisiológica importantes, desde participação no controle motor, comportamental, emocional e cognitivo. Com base nas principais vias dopaminérgicas, é correto afirmar: a) A via mesolímbica dopaminérgica é composta por neurônios cujos corpos na substância negra (mesencéfalo, área VTA) se projetam principalmente para o núcleo accumbens, localizado no sistema límbico *A dopamina excita os neurônios de prazer da amígdala, mas principalmente do núcleo accumbens, o que causa um prazer imenso. Estimulam essa via: álcool, cocaína, maconha, opioides, nicotina, alucinógenos, anfetaminas b) A excitação da via mesolímbica do dopaminérgica pelo álcool, nicotina, cocaína, opioides, anfetaminas e adrenalina causam prazer e dependência c) A via nigroestriatal parte da substância negra e se projeta para o estriatum, região em que a dopamina apresenta ação excitatória *A via nigroestriatal tem corpos celulares na substância negra e os axônios se projetam no corpo estriado, onde ficam os núcleos da base (caudado e putâmen), também chamado de gânglios da base, responsável pelo controle motor. A pessoa com doença de Parkinson tem um processo degenerativo na substância negra, que prejudica a descarga de dopamina nos gânglios da base, resultando em disfunções motoras. O tremor desse paciente CURSO DE NEUROFISIO Isabella Sallum 4 melhora um pouco a noite, porque nessa parte do dia aumenta a produção de aminas, inclusive da dopamina. Esses indivíduos também têm muita rigidez muscular e dificuldade em iniciar os movimentos. Por outro lado, pessoas com excesso de dopamina nessa via tem transtornos hipercinéticos, como “tiques” nervosos d) Indivíduos com TDAH apresentam excesso de dopamina na via mesocortical, via que se origina na área tegmental ventral (VTA) no mesencéfalo e que se projeta para o sistema límbico *A via mesocortical tem corpos celulares na área VTA e seus axônios se projetam para o córtex cerebral, principalmente para a área pré-frontal. Ali, a dopamina regula funções cognitivas, como a capacidade de pensar, raciocinar, aprender, manter a atenção, foco, controle da impulsividade e comportamento. O excesso de dopamina nessa via pode levar à esquizofrenia, caracterizada por alucinações. Por outro lado, a falta de dopamina nessa área prejudica a cognição. Pacientes do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade tem pouca dopamina na área pré-frontal. Quem tem essa disfunção toma Ritalina (metilfenidato), que bloqueia a recaptação da dopamina, aumentando a concentração de dopamina na fenda e melhorando as funções corticais superiores e) O excesso de dopamina na via nigroestriatal está associada com a doença de Parkinson, enquanto o excesso de dopamina nas vias mesocortical está associado à esquizofrenia 4) As vias dopaminérgicas são fundamentais para o controle geral das funções cerebrais. Com base na origem e projeção dessas vias, faça a correlação abaixo: I. Via mesolímbica II. Via mesocorticaL III. Via nigroestrial IV. IV. Via tuberoinfundibular (IV) É formada por neurônios que saem do hipotálamo e se projetam para a neurohipófise; *Já a via tuberoinfundibular tem o corpo celular no interior do hipotálamo e projeta os seus axônios para a adenohipófise. Essa via é onde a dopamina age como o hormônio inibidor da prolactina. Mulheres estressadas podem produzir leite, porque o hipotálamo pode inibir essa via dopaminérgica e, na falta de dopamina a pessoa pode produzir leite, fenômeno chamado galactorreia. CURSO DE NEUROFISIO Isabella Sallum 5 (I) É formada por neurônios que saem da área tegmental Ventral (VTA), localizada no mesencéfalo, e se projetam para o Núcleo Accumbens e Amigdala cerebral; (II) É formada por neurônios que saem da área tegmental Ventral (VTA), localizada no mesencéfalo, e se projetam para o córtex cerebral; (III) É formada por neurônios que saem da Substância Negra, localizada no mesencéfalo, e se projetam para o Estriatum, área dos núcleos Caudado e Putâmen; Agora marque a alternativa referente a correlação anterior: a. ( IV ) ( II ) ( I ) ( III ) b. ( II ) ( IV ) ( III ) ( I ) c. ( IV ) ( I ) ( II ) ( III ) d. ( I ) ( III ) ( IV ) (II ) 5) Com base nas vias dopaminérgicas e suas principais funções fisiológicas, marque a alternativa correta: a. A via mesolímbica dopaminérgica está associada ao controle das emoções comportamento, estando a dopamina nessa via envolvida na estimulação dos centros de prazer do córtex pré-frontal; b. A via nigroestriatal é fundamental para o controle motor, sendo que o excesso de dopamina nessa via está relacionado à doença de Parkinson; c. A via tuberoinfundibular é composta por neurônios dopaminérgicos que secretam a dopamina como o fator de inibição da prolactina; d. A via mesocortical dopaminérgica está envolvida no controle cognitivo, na capacidade de manter a concentração e na ativação dos centros do prazer, localizados em áreas como Amigdala e Núcleo Accumbens; e. Nenhuma das alternativas anteriores está correta. 6) Sobre a participação dos canais de cloreto no controle da neurotransmissão, é correto afirmar: a. O etanol age em sítios receptores no canal de Cl- reduzindoo limiar de excitabilidade dos neurônios, ou seja, dificultando a geração de potenciais de ação em suas membranas; CURSO DE NEUROFISIO Isabella Sallum 6 b. Os neurotransmissores, tais como o GABA e a glicina, podem excitar ou inibir as células nervosas, depende da natureza do receptor ao qual eles vão ligar-se, entretanto agem sobretudo aumentando a condutância ao Cl- através da membrana dos neurônios; c. Os barbitúricos deprimem o sistema nervoso, podendo agir como sedativo, hipnótico, anticonvulsivante ou anestésico, sendo esse efeito decorrente da redução da condutância ao Cl- através da membrana dos neurônios; d. Os benzodiazepínicos são agentes farmacológicos que agem como hipnóticos e ansiolíticos, uma vez que se ligam aos seus sítios receptores nos canais de Cl- promovendo aumento do limiar de excitabilidade das células nervosas; e. O mecanismo fisiológico responsável por cessar uma crise convulsiva envolve a ação hiperpolarizante do GABA e glicina sobre sítios receptores nos canais de Cl- 7) Sobre a importância da serotonina no controle geral da neurotransmissão, é correto afirmar: a. A redução da produção de serotonina durante processo degenerativo dos núcleos da Rafe, localizados no mesencéfalo, ocasiona depressão, sono e aumento da percepção da dor; b. A descarga de serotonina no sistema límbico é fundamental para o controle cognitivo, a capacidade de pensar, memorizar, raciocinar e aprender; c. A serotonina ocasiona hiperpolarização direta das fibras da dor, resultando em analgesia por aumentar o limiar de excitabilidade dos nervos de condução de dor; CURSO DE NEUROFISIO Isabella Sallum 7 d. Os neurônios opioides, secretores de encefalinas e endorfinas, excitam os neurônios serotoninérgicos dos Núcleos da Rafe, promovendo analgesia; e. Nenhuma alternativa anterior está correta O limiar de excitabilidade é a voltagem mínima necessária para desencadear um potencial de ação. Em situação de infecção e/ou inflamação, o limiar de excitabilidade das células nervosas fica reduzido, respondendo principalmente à estímulos mecânicos e químicos. 1) Descreva o sistema espinhal esquematizado na figura abaixo quanto: a) Nome do sistema somatossensorial; b) Sensações (estímulos sensoriais) propagados por ele; c) Trajetória das fibras ao longo do sistema nervoso central (SNC); d) Características das fibras nervosas; a) Sistema Lemniscal ou Sistema Neo-espino trigêmeo talâmico (SL ou SNETT) CURSO DE NEUROFISIO Isabella Sallum 8 b) Esse sistema propaga sensações discriminativas, específicas, bem localizadas: tato-fino (epicrítico), pressão, vibração, propriocepção e DOR AGUDA CRANIANA. A dor aguda de origem craniana é propagada dentro do SNETT. Logo, a dor aguda craniana, ao contrário das de outras partes do corpo, é melhor discriminada e bem localizada. c) O terminal capta o estímulo da dor aguda (em um dente, p. ex.) e leva a informação até o tronco encefálico e a primeira sinapse ocorre em um núcleo chamado núcleo sensorial principal (NSP). Após essa sinapse, o segundo neurônio cruza para o lado oposto do tronco encefálico e sobe pela via lemnisco medial, que vai até o tálamo e faz sinapse no complexo ventro basal. Após essa sinapse, o terceiro neurônio ascende ao córtex sensorial primário. O estímulo nervoso é convergente, pois a dor aguda craniana é discriminativa e bem localizada. d) O SNETT é um sistema de alta fidelidade temporal também, as fibras são muito velozes e as sensações são percebidas praticamente no mesmo momento em que ocorrem o estímulo (fibras A alfa, A beta, A gama). Também, ele tem uma inibição lateral por GABA e glicina para o impulso ser convergente para o córtex sensorial primário, fazendo com que a sensação tenha alta fidelidade espacial. Apesar desse sistema ter fibras do tipo A alfa, A beta e A gama, ele também tem fibras nervosas do tipo A delta, que detectam dor aguda no SETAL. Nos dentes, por exemplo, 50% das fibras de dor na polpa dentária são do tipo A beta (60 a 90 m/s) 2) Descreva o sistema espinhal esquematizado na figura abaixo quanto: a) Nome do sistema somatossensorial; b) Sensações (estímulos sensoriais) propagados por ele; c) Trajetória das fibras ao longo do sistema nervoso central (SNC); d) Características das fibras nervosas; CURSO DE NEUROFISIO Isabella Sallum 9 a) Sistema paleoespinotrigêmio-talâmico (SPETT ou sistema extra-lamniscal); b) Sensações propagadas: sensações pouco discriminativas ou inespecíficas da região crânio/orofacial, tais como, tato grosseiro (protopático), dor crônica, sensações térmicas e cócega e coceira; c) Trajetória anatômica das fibras deste sistema: o neurônio de primeira ordem entra no tronco encefálico, através da região dorsal, e faz a primeira sinapse no Núcleo Espinhal. Após a primeira sinapse, o neurônio de segunda ordem decussa para o lado oposto do tronco encefálico e ascende o impulso de forma difusa (divergente), o qual termina sobretudo na formação reticular do tronco encefálico, tálamo (complexo ventrobasal e núcleos intralaminares) e sistema Límbico. Se houver a segunda sinapse no tálamo, o neurônio de terceira ordem propaga o impulso nervoso difusamente ao córtex somestésico primário (CS!) e córtex somestésico associativo (CA); d) Características fisiológicas do SPETT: • Sistema de baixa fidelidade temporal, ou seja, as sensações demoram para serem percebidas uma vez que as fibras que propagam as sensações são delgadas do tipo A delta mielinizada (6-30m/s) e fibras C amielinizada (0,5 a 2m/s). CURSO DE NEUROFISIO Isabella Sallum 10 • Sistema de baixa fidelidade espacial, ou seja, as sensações são mal localizadas e pouco discriminativas, uma vez que não há inibição lateral ao longo da trajetória dessas fibras, as quais geralmente não ascendem ao córtex somestésico primário. 3) Descreva a via descendente analgésica, explicando a interação entre os centros analgésicos e o mecanismo de analgesia CURSO DE NEUROFISIO Isabella Sallum 11 A Via descendente analgésica é composta por três centros analgésicos. É denominada descendente porque se inicia com o centro analgésico mais superior. Ele é composto pela substância cinzenta periaquedutal e os núcleos periventriculares, que quando excitados liberam opioides (geralmente encefalinas) para inibir as fibras difusas da dor crônica que terminam sobretudo na formação reticular do tronco encefálico, promovendo analgesia. Essas encefalinas também excitam os Núcleos da Rafe (segundo centro analgésico). Os núcleos da Rafe, quando excitados, liberam serotonina sobre o portal da dor, na coluna dorsal da medula espinhal (centro analgésico mais inferior), onde as fibras da dor entram no sistema nervosos central. A descarga de serotonina nesse portal excita os neurônios opioides que ali estão, que por sua vez descarregam opioides (endorfinas e encefalinas) sobre as fibras da dor que entram nesse portal, promovendo a inibição do neurônio de primeira ordem (inibição pré-sináptica) dificultando que o estímulo de dor suba ao tálamo. Cada centro analgésico é excitado por estímulos diferentes, a saber: • Centro analgésico superior (substância cinzenta periaquedutal e núcleos periventriculares): são excitados por bons pensamentos (córtex pré-frontal), boas emoções (sistema CURSO DE NEUROFISIO Isabella Sallum 12 límbico) e boas memórias (hipocampo), além de adrenalina e dor aguda • Núcleos da Rafe: é estimulado pelo centro analgésico superior, adrenalinae dor aguda • Centro analgésico inferior (coluna dorsal da medula espinhal): é excitado por 1) Núcleos da Rafe 2) Adrenalina 3) Dor aguda 4) Fibras espessas e mielinizadas do tipo A alfa, A beta e A gama, que carregam os estímulos de tato, pressão e vibração E é inibido pelas fibras C de dor crônica! 4) Explique o que é o Portal da Dor e quais estímulos “abrem” e “fecham” a comporta de dor A Teoria da Comporta foi desenvolvida na década de 60 pelos cientistas Melzack & Wall. Ela diz que na coluna dorsal da medula espinhal há uma espécie de “portão” que modula a dor, seja atenuando/impedindo o estímulo álgico através de uma inibição pré- sináptica, seja deixando que o estímulo de dor passe para ser percebido pelo nosso cérebro. O portal da dor nada mais é do que neurônios opioides que ali estão. Quando eles são excitados, são capazes de descarregar opioides (endorfinas e encefalinas), que são substâncias capazes de fazer uma inibição pré-sináptica das fibras de dor que estão chegando ali, promovendo analgesia. Excitam esses neurônios opioides: CURSO DE NEUROFISIO Isabella Sallum 13 1) Núcleos da Rafe 2) Adrenalina 3) Dor aguda 4) Fibras grossas e mielinizadas do tipo A alfa, A beta e A gama, que carregam os estímulos de tato, pressão e vibração Esses estímulos são capazes de excitar os neurônios opioides do portal da dor a liberar endorfinas e encefalinas sobre as fibras de dor que chegam na coluna dorsal, promovendo analgesia. Portanto, podemos dizer que esses estímulos fecham o portal da dor, pois impedem que ela prossiga para o tálamo para ser percebida. Por outro lado, as fibras C de dor crônica são capazes de inibir esses neurônios opioides. Logo, quando um impulso nervoso chega por uma fibra C de dor crônica, esses neurônios opioides serão inibidos, deixando de produzir endorfinas e encefalinas. Logo, o estímulo álgico conseguirá passar para o tálamo e ser percebido pelo nosso sistema nervoso. Assim, dizemos que as fibras C de dor crônica abrem o portal da dor, pois deixam o estímulo doloroso passar. 5) Com base no mecanismo de dor visceral referida e dor parietal, explique porque a dor da apendicite pode ser sentida nos pontos A e B A dor da apendicite como começar como dor visceral referida, que é quando a pessoa sente dor em uma parte do corpo distante do tecido causador da dor. Isso acontece porque ramos das fibras para a dor visceral fazem sinapse na medula espinhal nos mesmos neurônios de segunda ordem (1 e 2) que recebem os sinais dolorosos da pele. Quando as fibras viscerais para a dor são estimuladas, os sinais dolorosos das vísceras são conduzidos pelo menos por alguns dos mesmos neurônios que conduzem os sinais dolorosos da pele, e a pessoa tem a impressão de que as sensações se originam na pele. CURSO DE NEUROFISIO Isabella Sallum 14 No caso da apendicite, isso pode causar uma dor visceral referida para a região periumbilical. À medida que o processo infeccioso/inflamatório vai evoluindo, ele atinge o peritônio que recobre o apêndice. Assim, a dor muda para um padrão de dor parietal, que é aguda e bem localizada na fossa ilíaca direita.
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