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Prof. Dr. Juliano Guerreiro UNIDADE I Farmacoterapia A Farmacologia Clínica é uma área da Farmacologia que atua como uma interface fundamental com a terapêutica na prática clínica. Farmacologia Clínica e Farmacoterapia PSICOLOGIA TERAPÊUTICA NA CLÍNICA MÉDICA MEDICINA VETERINÁRIA FARMÁCIA BIOTECNOLOGIA PATOLOGIA QUÍMICA Psico- farmacologia Farmacologia Clínica Farmacologia Veterinária Ciências Farmacêuticas Biofármacos Toxicologia Química Médica Farmacocinética; metabolismo dos fármacos Farmacologia Bioquímica Quimioterapia Farmacologia Molecular Farmacogenética Farmacogenômica Farmacoepidemiologia Farmacoeconomia GENÉTICA GENÔMICA EPIDEMIOLOGIA CLÍNICA ECONOMIA DA SAÚDE Neuro- farmacologia Imuno- farmacologia Farmacologia Cardiovascular Farmacologia Gastrintestinal Farmacologia Respiratória Farmacologia Farmacologia de Sistemas Fonte: Adaptado de: livro-texto. Farmacocinética Clínica: Farmacologia Clínica e Farmacoterapia Desintegração da forma farmacêutica Dissolução da substância ativa Absorção Distribuição Metabolismo Excreção Interação fármaco-receptor no tecido-alvo EFEITODOSE I. FASE FARMACÊUTICA II. FASE FARMACOCINÉTICA III. FASE FARMACODINÂMICA Fármaco disponível para a absorção Disponibilidade farmacêutica Fármaco disponível para a ação Disponibilidade biológica Fonte: Adaptado de: livro-texto. Farmacocinética Clínica: Farmacologia Clínica e Farmacoterapia Fármaco no sangue (EV) Metabólito excretado Fármaco no sangue (VO) Fármaco excretado Fármaco no tecido C o n c e n tr a ç ã o EV = via endovenosa VO = via oral Tempo (unidade arbitrária) 0 4 8 12 16 100 75 50 25 0 P o rc e n ta g e m d a d o s e a d m in is tr a d a (%) C (mg/L) Fonte: Adaptado de: livro-texto. Farmacocinética Clínica: Farmacologia Clínica e Farmacoterapia Compartimento central (plasma) Administração do fármaco Compartimento periférico Eliminação/ excreção Fonte: Adaptado de: livro-texto. Biodisponibilidade: Farmacologia Clínica e Farmacoterapia Fonte: Adaptado de: livro-texto. Biodisponibilidade = ASC oral ASC injetada x 100 Fármaco administrado por via IV Fármaco administrado por via oral ASC (injetada) ASC (oral) TempoC o n c e n tr a ç ã o p la s m á ti c a d o f á rm a c o Fármaco administrado O perfil farmacocinético é a representação gráfica dos fenômenos de absorção, distribuição, biotransformação e excreção de fármacos – administrados por diferentes vias – em relação ao tempo. Observe o gráfico a seguir, que mostra o perfil farmacocinético dos fármacos A, B, C e D, e indique o que significam: Interatividade Fonte: Adaptado de: livro-texto. Tempo C o n c e n tr a ç ã o p la s m á ti c a d o f á rm a c o A B C D A – via endovenosa. B – via oral. C – via oral – comprimido de liberação controlada. D – via transdérmica. Resposta Conceito: Interação medicamentosa pode ser definida como a influência recíproca de um medicamento sobre outra substância. Ou seja: Quando um medicamento é administrado isoladamente, produz determinado efeito. Porém, quando este é associado a outro medicamento, aos alimentos ou a outras substâncias (como o tabaco, as drogas de abuso ou, mesmo, as substâncias que o paciente possa entrar em contato, como: inseticidas, produtos de limpeza, cosméticos etc.) ocorre um efeito diferente do esperado, caracterizando uma interação. Interações medicamentosas Interações medicamentosas são classificadas em dois tipos: Interações farmacêuticas e interações terapêuticas: Interações farmacêuticas: interações físico-químicas ocorrem “fora” do paciente, pois, entre os fármacos diferentes, podem ocorrer numerosas incompatibilidades, que levam às reações quando estas são misturadas em infusão intravenosa, frascos ou seringas, podendo ocasionar a inativação dos fármacos em questão. Um exemplo é a precipitação da anfotericina B coloidal, quando colocada em solução fisiológica; Interações terapêuticas: as interações terapêuticas ocorrem no ambiente biológico, após a administração do medicamento, e podem ser farmacocinéticas ou farmacodinâmicas. Interações medicamentosas As interações farmacocinéticas ocorrem durante os processos de absorção, distribuição, biotransformação e excreção dos fármacos. Exemplo: cimetidina (anti-histamínico H2), que inibe a biotransformação do paracetamol. Interações medicamentosas As interações farmacodinâmicas ocorrem nos sítios de ação dos fármacos, envolvendo os mecanismos pelos quais os efeitos farmacológicos se processam. Este processo pode ser de dois tipos: interações farmacodinâmicas sinérgicas (como ocorre com a ação analgésica do paracetamol e da codeína) ou antagônicas (antitussígeno com um xarope expectorante). Interações medicamentosas Interações medicamentosas Interações Maiores Ácido acetilsalicílico + Heparina Pode resultar em um aumento do risco de sangramento. Captopril + Morfina Pode resultar em hipercalemia. Codeína + Morfina Pode resultar em depressão respiratória aditiva. Moderadas Ácido acetilsalicílico + Insulina Pode resultar em hipoglicemia (depressão do sistema nervoso central, convulsões). Carbamazepina + Sinvastatina Pode resultar em redução da concentração sérica da sinvastatina pela indução enzimática provocada pela carbamazepina. Digoxina + Furosemida Pode resultar em toxicidade digitálica (náuseas, vômitos, arritmias). Menores Ciprofloxacino + Propranolol Pode resultar em bradicardia, hipotensão. Furosemida + Hidralazina Pode resultar em aumento da resposta à furosemida. Omeprazol + Vitamina B12 Pode resultar em diminuição da absorção da vitamina B12. A senhora Marilda, 65 anos, procurou um estabelecimento farmacêutico reclamando de dor de cabeça e solicitando um medicamento para aliviar a dor. Ao ser questionada pelo farmacêutico, ela relatou que as “suas veias pulsavam na cabeça” e informou que o seu médico a orientou a evitar bebidas alcoólicas, já que ela fazia uso de medicamentos para o tratamento de depressão. Na investigação realizada pelo farmacêutico, constatou-se que, ao participar de uma reunião social, a senhora Marilda ingeriu cerveja sem álcool e sentiu-se mal. A pressão arterial da senhora Marilda foi aferida na ocasião e encontrava-se no valor de 190/100 mmHg. Para o tratamento da depressão, foi-lhe prescrito pelo médico iproniazida (inibidor da monoaminoxidase), em substituição aos medicamentos de primeira escolha. O que pode ter ocorrido? Interatividade Suspeitar que a senhora Marilda teve uma reação característica de interação entre o medicamento e o alimento, e encaminhá-la ao serviço de saúde. Resposta Um conjunto de procedimentos relacionados à detecção, avaliação, compreensão e prevenção de reações adversas aos medicamentos ou quaisquer outros possíveis problemas relacionados aos fármacos. A Farmacovigilância tem como objetivo principal a redução das taxas de morbidade e mortalidade associadas ao uso de medicamentos, através da detecção precoce de problemas de segurança desses produtos para os pacientes, além de melhorar a seleção e o uso racional dos medicamentos pelos profissionais de saúde. Fonte: CVS/Farmacovigilância. Disponível em: http://www.cvs.saude.sp.gov.br/apresentacao.asp?te_codigo=22 Farmacovigilância Notificação: Segundo o CVS (Centro de Vigilância Sanitária), a notificação permite: Identificação precoce de reações adversas desconhecidas até o momento; Identificação do aumento de frequência das reações adversas conhecidas; Identificação de fatores de risco e possíveis mecanismos subjacentes às reações adversas; Avaliação e comunicação dos riscos e benefícios dos medicamentos no mercado; Disseminação de informações necessárias ao aprimoramento da prescrição e regulação dos medicamentos, promovendo o usoracional e seguro desses produtos. Farmacovigilância Farmacovigilância Notificações de profissionais da saúde Hospitais da Rede Sentinela Sistema Nacional de Vigilância Sanitária Detentores de Registros de Medicamentos “Hospitais de ensino e/ou alta complexidade que atuam como observatório ativo de desempenho e segurança de tecnologias de saúde” Fonte: Adaptado de: http://www.cvs.saude.sp.gov.br/apresentacao.asp?te_codigo=22 Farmacovigilância Fonte: Adaptado de: http://www.cvs.saude.sp.gov.br/apre sentacao.asp?te_codigo=22 FLUXO DE TRABALHO DO NÚCLEO DE FARMACOVIGILÂNCIA CVS/SP Suspeita de reação adversa Descrição da suspeita Notificação da suspeita ao Núcleo de Farmacovigilância Contato com o notificador para mais informações Publicação de informações de segurança Recebimento da notificação de suspeita de RAM e análise de causalidade Discussão de casos com o Grupo Técnico Conclusão da análise de causalidade Farmacêuticos 59% Médicos 33% Enfermeiros 8% Notificação de Eventos Adversos a Fitoterápicos no Notivisa (51% profissionais da saúde) Fonte: Adaptado de: BALBINO, E. E.; DIAS, M. F. Farmacovigilância: um passo em direção ao uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos. Rev Bras Farmacogn, 2010 (aceito para a publicação). Farmacovigilância Farmacovigilância Fonte: Adaptado de: BALBINO, E. E.; DIAS, M. F. Farmacovigilância: um passo em direção ao uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos. Rev Bras Farmacogn, 2010 (aceito para a publicação). Nome Indicações Notificações da Farmacovigilância Aesculus hippocastanum Varizes, edemas dos membros inferiores e hemorroidas Depressão e angústia respiratória Ananas comosus Expectorante Choque anafilático em paciente de 4 anos Bauhinia forficata Antidiabético (segurança e eficácia não comprovadas) Problemas hepáticos, inclusive, cirrose e dor renal Convolvulus scammonia Laxante Casos de hemorragias gástricas ocorridas com o uso de aguardente alemã A usuária SCP, residente no município de Itaguajé/PR, faz uso do medicamento Filgrastine, desde 2010. A mesma comunicou, na data referida, que, no mês de setembro de 2012, realizou hemograma e o número de neutrófilos estava abaixo de 500 (286). O médico responsável resolveu aumentar a dose mensal do medicamento, que, antes, era de 12 frascos (3.600 microgramas/mês), para 20 frascos mensais (6.000 microgramas/mês). Em outubro, foi realizado um novo exame, já com a paciente fazendo uso de 20 frascos mensais. Ainda assim, não houve a evolução na quantidade de neutrófilos (resultado: 171 neutrófilos), e o médico, então, solicitou o exame de biópsia de medula óssea, que confirmou o quadro clínico de aplasia medular. Após a verificação do laudo de biópsia, o médico resolveu fazer o pedido de transplante de medula óssea para o Hospital das Clínicas de Curitiba. De fevereiro/2010 a 03/11/2010, a paciente utilizou o Filgrastim do fabricante Bergamo. Após esse período, vem utilizando o Filgrastim do fabricante Blausiegel. Qual é o problema? Interatividade Ineficácia. Resposta Fatores associados com a variação na resposta farmacológica: Idade; Gravidez; Doença. Farmacoterapia em grupos-alvo Classificação: Recém-nascido: menos de 1 mês; Bebê: 1 mês a 1 ano; Criança: entre 1-12 anos; Adolescente: entre 13-17 anos. Crianças Absorção: pH gástrico: Nascimento – presença de fluido amniótico no estômago = pH neutro; Primeiras horas – pH ≅ 2-3; No período de 24-48 horas, elevação do pH para 6-7. Farmacocinética A albumina em recém-nascidos está diminuída: Diminuição da taxa de ligação à proteína plasmática. Barreira hematoencefálica imatura: Maior penetrabilidade através da BHE. Composição corporal: água total e fluido extracelular; tecido adiposo e musculoesquelético. Ligação aos tecidos: Variações da composição. Distribuição Maturidade após 6 meses a 1 ano de idade. Atividade de conjugação ausente. Alguns exemplos de diferenças na expressão de enzimas microssomais: Famílias como a 1A2, 2C e 2E1 apresentam uma expressão mínima; CYP3A7 – forma predominante no fígado fetal; pico rápido ao nascer com um rápido declínio e indetectável em adultos; CYP2E1 – apresenta atividade horas após o nascimento; CYP3A4 e CYP2C – aparecem na primeira semana de vida; CYP1A2 e CYP1A2 – ativas – 1 a 3 meses de vida. Metabolismo hepático Filtração glomerular “amadurece” com a idade, valores dos adultos atingidos por volta dos 3 anos de idade. Recém-nascido = fluxo sanguíneo renal, filtração glomerular e função tubular diminuídas, o que atrasa a eliminação dos fármacos. Exemplos: aminoglicosídeos, cefalosporinas, penicilinas = intervalo entre as doses superiores. Eliminação Cálculo de doses em pediatria Regra de Clark – peso corporal < 30 kg Regra de Law < de 1 ano de idade Fórmula de Young – 1 a 12 anos de idade DP = dose pediátrica; DA = dose do adulto já estabelecida DP = DA x peso da criança (kg) 70 kg DP = idade da criança (meses) x DA 150 DP = idade da criança (anos) x DA (idade da criança + 12) Considerar a senescência e a presença de processos patológicos. Diminuição dos fluidos corporais. Absorção: sem alterações significativas. Observar a alteração do trânsito intestinal. Débito cardíaco diminuído. Diminuição da perfusão renal e hepática. Alterações de proteínas plasmáticas. Alterações da composição corporal (massa magra, tecido adiposo). Idosos Volume de distribuição está diminuído para os fármacos hidrofílicos. Volume de distribuição está aumentado para os fármacos lipofílicos. Observa-se a redução do retículo endoplasmático dos hepatócitos. Metabolismo: Fase I – diminuída em função da menor atividade das isoenzimas do CYP450; Fase II – não se altera com a idade. Idosos Diminuição da função renal: Temos, então: ↓ fluxo plasmático renal; ↓ clearance tubular renal; ↓ clearance de creatinina; Portanto: uma alteração importante na eliminação renal. Implicações: ↑ da t1/2; ↑ dos níveis séricos do fármaco; Ajuste de dose se faz necessário. Idosos A obesidade é uma doença crônica, que se caracteriza, principalmente, pelo acúmulo excessivo de gordura corporal. O número de pessoas obesas tem crescido rapidamente, tornando a doença um problema de saúde pública em diversos países. No Brasil, existem mais de 20 milhões de indivíduos obesos. Na população adulta, 12,5% dos homens e 16,9% das mulheres apresentam a obesidade e cerca de 50% têm excesso de peso (sobrepeso). Obeso Abaixo do peso: IMC abaixo de 18,5. Peso normal: IMC entre 18,5 e 24,9. Sobrepeso: IMC entre 25 e 29,9. Obesidade Grau I: IMC entre 30 e 34,9. Obesidade Grau II: IMC entre 35 e 39,9. Obesidade Grau III: IMC acima de 40. IMC – Índice de Massa Corporal IMC = peso (kg) altura (m) x altura (m) Absorção – sem alterações clínicas significativas. Retardo no esvaziamento gástrico. Alterações no volume de distribuição. Metabolismo – aumento nas taxas de glucoronização e sulfatação – conjugação. Aumento e/ou diminuição de algumas enzimas microssomais. Clearance renal – aumentado. Lembrete: tecido adiposo está aumentado. Obesos Alterações fisiológicas: Sistema cardiovascular; Sistema respiratório; Sistema digestório; Composição de fluidos corporais; Função renal; Sistema hormonal. Gestante Alterações farmacocinéticas: Volume de distribuição – aumentado; Alteração na ligação às proteínas plasmáticas; Mudanças no clearance renal; Alteração no tempo e no pico, e de concentração do fármaco no plasma; Concentração de albumina plasmática – diminuída. Fluxo sanguíneo alterado: ↑ útero, rins, pele e glândulas mamárias; ↓ musculatura esquelética. Gestante Observar: Natureza do fármaco; Esquema posológico; Fase da gravidez. Moléculas lipofílicas atravessam, com facilidade, a barreira placentária. Farmacoterapia na gestante Doença renal: metabolismo hepático igual, volume de distribuição igual/aumentado e eliminação prolongada → aumento no intervalo de doses. Doença hepática: eliminação renal igual, volume de distribuição igual/aumentado, velocidade de metabolismo enzimático mais lento → diminuição na dosagem e aumento no intervalo de doses. Populações de doentes especiais Vamos ao chat? Convite ao chat ATÉ A PRÓXIMA!
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