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TEORIA GERAL DO COMÉRCIO EXTERIOR 2 Sumário NOSSA HISTÓRIA .......................................................................................... 3 COMÉRCIO EXTERIOR .................................................................................. 4 CONTEXTO HISTÓRICO COMÉRCIO EXTERIOR .................................... 6 TEORIAS DO COMERCIO EXTERIOR ......................................................... 10 TEORIAS TRADICIONAIS ......................................................................... 11 TEORIAS CLÁSSICAS .............................................................................. 11 TEORIA DA VANTAGEM ABSOLUTA ................................................... 13 TEORIA DA VANTAGEM COMPARATIVA ............................................ 14 TEORIAS NEOCLÁSSICAS....................................................................... 17 A TEORIA DE HECKSHER-OHLIN ........................................................ 17 TEORIA DE HECKSHER-OHLIN- SAMUELSON ................................... 20 TEOREMA DE STOLPER-SAMUELSON .............................................. 21 NOVAS TEORIAS DO COMÉRCIO EXTERIOR ........................................ 21 O COMÉRCIO INTRAINDUSTRIA ......................................................... 23 POLÍTICA COMERCIAL ESTRATÉGICA ............................................... 24 NOVA GEOGRAFIA ECÔNOMICA ........................................................ 26 REFERÊNCIAS ............................................................................................. 27 3 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia-se com a ideia visionária e da realização do sonho de um grupo de empresários na busca de atender à crescente demanda de cursos de Graduação e Pós-Graduação. E assim foi criado o Instituto, como uma entidade capaz de oferecer serviços educacionais em nível superior. O Instituto tem como objetivo formar cidadão nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em diversos setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e assim, colaborar na sua formação continuada. Também promover a divulgação de conhecimentos científicos, técnicos e culturais, que constituem patrimônio da humanidade, transmitindo e propagando os saberes através do ensino, utilizando-se de publicações e/ou outras normas de comunicação. Tem como missão oferecer qualidade de ensino, conhecimento e cultura, de forma confiável e eficiente, para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. E dessa forma, conquistar o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos de qualidade. 4 COMÉRCIO EXTERIOR As profundas transformações do comércio exterior, chamado também de comércio internacional, nos últimos anos trouxeram à tona o debate sobre competitividade internacional. A literatura sobre o tema sugere que são diversos os seus fatores determinantes, com ênfase para aqueles que residem no âmbito da firma, do setor e do ambiente macroeconômico. Da mesma forma, são distintos os impactos daqueles sobre os diferentes segmentos produtivos. A globalização é definida pelos fluxos de mercadorias, pessoas e informações, e o gerenciamento da cadeia de suprimentos visa a redução de custos relacionados à distribuições de materiais ao longo das cadeias de suprimentos, com isso é necessário a utilização de estruturas que controlem os fluxos internacionais de materiais, visando a fluidez destes com os menores custos possíveis. Estas estruturas são coordenadas pelas áreas de comércio exterior das empresas. Antes do século XVIII não havia por parte das grandes potências a preocupação com o livre comércio. As políticas mercantilistas, predominantes desde a consolidação dos Estados nacionais nos séculos XVI, baseava-se principalmente na busca de superávit comercial, acúmulo de metais preciosos e constante interferência do Estado na elaboração e implementação das práticas de comércio exterior. Havia a crença de que o comércio deveria ser um jogo de soma zero – a vantagem para um dos lados significa desvantagem para o parceiro comercial. No século XVIII, com o esgotamento da exploração das colônias, a entrada de novas potências no cenário internacional, o fortalecimento da ideologia liberalista e dos princípios democráticos foi publicada primeira edição do clássico “A riqueza das nações”, de Adam Smith, que sintetizava as mudanças que vinham sendo discutidas na Europa, mas que ainda enfrentava o senso comum, de que a intervenção do Estado era indispensável ao comércio exterior. Segundo Barral, 2007, “quanto ao comércio exterior, Adam Smith buscou demonstrar a irracionalidade de subsídios e barreiras praticadas pelo governo 5 britânico da época. O funcionamento de mercado, na lógica liberal, levaria cada Estado a especializar-se naquele setor econômico para o qual tivesse maiores recursos e aptidão. Cada Estado, portanto, deveria aproveitar-se de suas vantagens absolutas no comércio internacional”. Ao final do século XIX começam as críticas ao modelo de liberalismo econômico com a sistematização das ideias socialistas, que afirmavam não haver racionalidade no mercado como defendiam os liberais e que o capitalismo teria, por isto, crises cíclicas que ameaçariam todo o sistema. Nesta época as relações de mercado eram baseadas em exploração por detentores dos meios de produção sobre os trabalhadores. A mesma lógica pode ser aplicada ao comércio internacional, já que as nações exploradas serviam aos interesses das burguesias. Uma série de eventos históricos ao longo do século XX, como a quebra da bolsa de Nova Iorque e a segunda guerra mundial ameaçaram o liberalismo econômico e pareciam legitimar a intervenção estatal para equilibrar as falhas do mercado livre. Neste contexto o New Deal, plano de reconstrução econômica americano de Franklin Roosevelt advoga em favor da utilização de mecanismos regulatórios para o alcance da estabilidade. Já no final do XX, devido a grande presença de políticas de direita nas principais economias mundiais, fundamentou as bases do neoliberalismo e, como consequência, houve o abandono das estratégias nacionais em favor de uma maior integração econômica mundial. Dentro deste contexto, é importante ressaltar o conceito central de exportação, que é a venda de bens para uma empresa em outro país, em moeda forte. É a saída regulamentar de mercadorias para além da fronteira territorial de um país. Em um sentido amplo poderá compreender, além dos bens propriamente ditos, também os serviços ligados a essa exportação. 6 Fonte: Ramos, 2016. Alguns dos estudos enfatizam ainda a existência de uma relação importante entre o padrão de especialização dos países e a sua competitividade internacional As metodologias de mensuração da competitividade guardam forte ligação com os determinantes para o sucesso competitivo em cada perspectiva analítica considerada. Alguns autores enfatizam a medida de aspectos internos às firmas, buscando avaliar o potencial competitivo das mesmas e dos países em que operam (Haguenauer, 1989). Outros pesquisadores optam por indicadores mais amplos, baseados no desempenho das exportações e na evolução do marketshare. Entre esses últimos há o modelo de Constant-Market-Share (CMS), que consiste na decomposição da variação das exportações com vistas à identificação dos efeitos da conjuntura internacional, da composição da pauta, da distribuição dos mercados de destino e da competitividade. CONTEXTO HISTÓRICO COMÉRCIO EXTERIOR O tema se confunde com a história econômica internacionale com a própria globalização. Apesar de refletir essencialmente uma tendência de intensificação dos 7 fluxos econômicos internacionais, essa história não é invariavelmente linear. Alterna ciclos de maior e menor expansão do intercâmbio comercial. Tais ciclos se associam a maior ou menor crescimento, bem como a diferentes regimes de comércio. Mesmo ocasionalmente se observa a coincidência entre a contração das economias e a retração de seu comércio exterior, como ocorreu nas crises de 1929 e 2009. Os regimes de livre-comércio, predominantes na segunda metade do século XIX, foram substituídos por considerável protecionismo, na Europa e em outras regiões, entre as duas Grandes Guerras Mundiais. Entretanto, desde a criação das instituições de Bretton Woods e do Plano Marshall, se testemunhou uma progressiva liberalização comercial. Os registros históricos de comércio inter-regional concentram-se na península asiática, que é conhecida atualmente por Europa. Entretanto, as primeiras informações quanto à comercialização de bens remontam à Mesopotâmia, que se localiza entre os rios Tigres e Eufrates, e ao Egito, no vale do rio Nilo (GRIECO, 1995). As navegações no Mediterrâneo proporcionaram a expansão comercial entre os povos. Segundo Grieco (1999), houve enriquecimento da cultura e das tradições greco-latinas principalmente pela influência exercida pelo intercâmbio do Egito e do Oriente próximo. Todavia, somente a partir da descoberta e colonização da América, verifica-se a estruturação do intercâmbio global fundamentado na exploração e distribuição de riquezas. O comércio e o crescimento engendraram oportunidades recíprocas, um alimentando o outro, em escala cada vez mais global. Assim, os estudos acerca do comércio e do crescimento acabaram por ganhar ímpeto revigorado nas décadas de oitenta e, sobretudo, noventa. Desde então, reconstruíram-se os argumentos de que o comércio internacional traz benefícios para o crescimento e de que se alcançam tais benefícios, mediante a intensificação do comércio pelas vias da abertura econômica, como advogaria o Consenso de Washington. Motivaram esses argumentos o contraste entre as experiências de crescimento rápido na Ásia e as de estagnação na América Latina. Os primeiros estudos sobre o “milagre asiático” associam-no ao padrão export-led growth – de obtenção dos 8 benefícios de crescimento pelas exportações. Estudos posteriores identificam também para a Ásia o padrão inverso, de import-led growth (Lawrence, Weinstein, 2001). Em maior ou menor grau, as estratégias de desenvolvimento representadas nesses padrões dependem das instituições e das políticas educacional, tecnológica, comercial, industrial e financeira. Ademais, cada caso corresponderia à composição de um conjunto de políticas específicas e adequadas para as características do país, sem que se precipitem enfoques do gênero one-size-fits-all (RODRIK, 1999). Mais constrangidos economicamente e diante de um crescente número de regras negociadas internacionalmente, países em desenvolvimento se veem mais facilmente confrontados com limitado policy space para a formulação e execução de suas mais eficientes estratégias de desenvolvimento (CHANG e GRABEL, 2004). No Brasil, o comércio exterior surgiu com a chegada dos primeiros portugueses. Essa atividade obteve grande expressividade a ponto de o principal produto de exploração, conhecido como pau-brasil, dar nome a nova terra descoberta. “Em 1533, Martim Afonso de Souza introduziu as primeiras mudas de cana-de-açúcar no nordeste volta de 1622, os estaleiros holandeses estavam construindo anualmente quinze navios somente para comércio com o Brasil”. Para controlar o comércio internacional da colônia, Portugal instituiu o Pacto Colonial que obrigava a comercialização de bens somente com esse país e proibia a concorrência direta de produtos brasileiros que fossem também produzidos pela Metrópole. Posteriormente, com a vinda da família real portuguesa para o Brasil, em 1808, surgiu a necessidade se incrementar o comércio com outras nações. Assim, em 28/01/1808, o Príncipe Regente Dom João VI promulgou a Carta Régia que instituía a abertura dos portos brasileiros às nações amigas. A partir desse momento, surgiu a comercialização direta com países mais industrializados e, assim, ampliou-se o intercâmbio com outras nações o que possibilitava o acesso a tecnologias e a produtos a preços mais baixos. A partir dessa abertura, as trocas comerciais foram rapidamente implementadas, sobretudo com a Inglaterra que era considerada a maior potência na época. 9 Independentemente das diferentes e complementares visões, prevalece hoje o raciocínio de que se podem auferir benefícios consideráveis do comércio internacional, pelas vias conjuntas das exportações e das importações. Ademais, predomina a observação de que existe uma correlação entre nível de desenvolvimento econômico e o grau de inserção comercial ou de abertura econômica. Deduz-se, em particular, dessa correlação, que um maior grau de inserção comercial favoreceria o crescimento (WINTERS, 2004). Entretanto, não haveria ainda indicação clara e conclusiva sobre as causas dessa correlação, se confirmada, nem sobre quão duradouros para o crescimento podem ser os efeitos de maior abertura ou liberalização comercial (RODRIGUEZ e RODRIK, 2001). Ainda se busca um quadro preciso dos canais de causalidade pelos quais o comércio contribui universalmente ao crescimento, e vice-versa. Conforme Srinivasan e Bhagwati (2001), tal quadro ainda carece de exame mais aprofundado desses canais mediante, sobretudo estudos de casos específicos. A questão é especialmente complexa, na medida em que os benefícios recíprocos do comércio e do crescimento são auferidos de modo desigual por países e regiões. Cada um destes aventura-se de modo singular na busca desses benefícios, em função de suas diferentes características e políticas. Por certo, a distinção entre países desenvolvidos e em desenvolvimento já contém implicitamente alguma indicação histórica da defasagem dos benefícios. Estes, todavia, dependem de fatores específicos de cada país, determinados não só pela geografia, dotação de recursos (naturais) e estágio (histórico) de desenvolvimento, mas também em função de sua estrutura econômica, dinamismo produtivo e capacidades educacionais e de inovação. Com efeito, tais dinamismo e capacidades alteram a estrutura econômica, na medida em que estimulam a acumulação de fatores (não naturais), como máquinas e capital humano. Tal acumulação não só determina a continuidade desse processo, mas também redesenha dinamicamente a composição de fatores e as vantagens comparativas dos países. Assim, em ultima análise, se reescrevem a geografia e a história econômica dos países. 10 TEORIAS DO COMERCIO EXTERIOR Adam Smith e David Ricardo, entre outros, ressaltaram a relevância do comércio para a riqueza das nações. Entenderam ser o comércio internacional componente eficiente e, em certo sentido, indispensável para a geração de maior riqueza e para o aumento do bem-estar dos países. Chegaram mesmo a antecipar, conquanto no nível intuitivo, os vários fatores pelos quais o comércio atua como indutor do crescimento e vice-versa. Smith considerou a importância, entre outros fatores, das economias de escala e do desenvolvimento do capital humano para o crescimento em longo prazo. Prenunciou, assim, como lembra Kibrtçioglu (2002), as novas teorias do comércio, que só chegariam a ser formuladas com rigor científico após cerca de dois séculos. Influenciados por um debate rico, marcado pelos avanços da Lógica, da Filosofia Moral e Social e das ciências em geral, os economistas clássicos vislumbravam um sistema integrado dos processos econômicos. Essa visão sistêmicase aplica a cada país e, com mais razão, ao conjunto dos países, às relações que passam a ser mantidas entre suas respectivas estruturas econômicas. Embora desprovida da formalização teórica ou analítica que se passou a buscar desde a segunda metade do século XX, a concepção de Smith e Ricardo acerca do comércio e do crescimento não era simplista, mas sim respondia a inquietações profundas sobre o destino de suas sociedades e sobre o desenvolvimento humano em geral. Apesar de sua origem comum no pensamento econômico, as teorias do comércio e do crescimento passaram a ser, especialmente no pós-guerra, objeto de desenvolvimentos científicos próprios de suas respectivas agendas. Embora se valendo de formalizações no marco de muitas hipóteses e metodologias comuns, as teorias do comércio e do crescimento são hoje ensinadas separadamente. As teorias do comércio evoluíram como teorias de equilíbrio geral essencialmente estático, ao passo que as teorias de crescimento procuraram 11 entender os fatores dinâmicos que determinam a evolução da atividade econômica, em geral em ambiente desprovido de relações comerciais internacionais. Tais diferenças de enfoque teórico podem, talvez, ter agravado as controvérsias, inclusive empíricas, sobre as relações entre comércio e crescimento que surgiram nas ultimas décadas. A superação dessas controvérsias poderá beneficiar-se da integração crescente do comércio e do crescimento em modelos comuns às duas respectivas agendas, sendo ainda necessários renovados esforços para empiricamente testá-los de modo universalmente robusto. TEORIAS TRADICIONAIS As teorias tradicionais do comércio são comumente classificadas em duas gerações: teorias clássicas e teorias neoclássicas do comércio. Tradicionalmente, estas teorias enfatizam os elementos estáticos em vantagens e, assim, contrastam com as novas teorias do comércio, que procuram, em maior medida, sublinhar o caráter dinâmico dessas vantagens. TEORIAS CLÁSSICAS A teoria clássica do comércio encontra sua forma mais acabada e difundida na lei ou no princípio das vantagens comparativas de Ricardo. Anteriormente, Smith havia estabelecido uma teoria das vantagens absolutas fundamentada em sua teoria do valor e da produção. Conforme a teoria, os países auferem ganhos de renda e de bem-estar ao manterem uma situação de livre-comércio entre si. 12 Fonte: Jurado, 2013. Tais fatores e, ainda, assimetrias entre as economias podem levar à especialização parcial, havendo tendência à especialização mais em certos países do que em outros. Eis porque encontramos países produzindo maior variedade de bens que outros. A tendência à especialização é impulsionada pelo comércio e pela abertura que o induz, mas estes não são condições suficientes para alterar a estrutura das economias. A teoria clássica do comercio exterior se classifica em vantagem comparativa e vantagem absoluta, como definida a seguir. 13 Fonte: Dias; Rodrigues, 2004. TEORIA DA VANTAGEM ABSOLUTA Na Teoria das vantagens absolutas em 1776, Adam Smith publicou o livro “Riqueza das Nações” que inovou a concepção da condução do processo econômico. Ressaltava em sua obra, a necessidade de se por fim a exclusividade do Estado na gerência econômica em detrimento do empreendedor individual. Nessa nova organização, seguindo seu próprio interesse, o investidor direcionava seu capital no intuito de maximizar seu lucro, impulsionado pela “mão invisível”. Segundo Faro (2010), as trocas econômicas seriam reguladas pela oferta e demanda de produtos e pela livre concorrência. A partir desse novo entendimento, Faro (2010) destaca que as trocas comerciais somente seriam viáveis se a capacidade de produção de um país utilizasse o menor coeficiente de trabalho quando comparado com outros países. Assim, haveria vantagem absoluta na compra de bens. Segundo Maia (2001), o liberalismo defendido por Smith – por meio de suas características de livre mercado e concorrência, 14 iniciativa individual e desregulamentação – traria benefícios para toda a comunidade através do acesso de produtos mais baratos. Esse mecanismo de redução de custos seria possível graças à divisão internacional da produção, à melhor utilização de recursos naturais de cada país e à economia em escala. Entretanto, nesse ambiente de liberdade total, torna-se evidente o conflito de interesses entre o Estado e a iniciativa privada que é normalmente demonstrado pela formação de oligopólios, cartéis, trustes e dumpings. Como exemplo negativo dessa inércia estatal, pode-se citar a assinatura do Tratado de Methuen, firmado entre Portugal e Inglaterra, em 1703, que garantia aos ingleses – indefinitivamente - a venda de seus produtos têxteis em troca de vinhos portugueses. Esse desiquilíbrio, segundo Maia (2001), ocasionou a desestruturação da indústria têxtil portuguesa. TEORIA DA VANTAGEM COMPARATIVA A vantagem comparativa é definida como a ocorrência de indicadores de performance econômicos superiores à média de mercado. Atualmente um modelo conceitual bastante difundido é o da nova organização industrial, que por sua vez baseia-se no modelo conhecido como SCP (Structure-Conduct-Perfomance). Segundo Vasconcelos et al. 2000, a performance empresarial de cada setor é dependente da estratégia adotada por compradores e vendedores no que diz respeito à fixação de preços, níveis de cooperação e de competição, políticas de pesquisa e desenvolvimento, publicidade, investimento, entre outros. Já o comportamento da empresa é definido pela estrutura da indústria em questão, caracterizada pela quantidade e pelo porte dos concorrentes, compradores e vendedores, pelo grau de diferenciação dos produtos, pela existência de barreiras de entrada de novas firmas, pelo grau de integração vertical existente, etc. Na teoria da vantagem comparativa, em 1817, David Ricardo destacou a obtenção de vantagem na importação de produtos que exigissem maior emprego de 15 mão de obra. Assim, os países poderiam deslocar a mão de obra local para a produção de outras mercadorias que trouxessem maior rendimento e vantagens comparativas com outros países (GRIECO, 1999). Gonçalves (1998) resume a teoria das vantagens comparativas apresentando a proposição de que “o comércio bilateral é sempre mais vantajoso que a autarquia para duas economias cujas estruturas de produção não sejam similares”. Nesse modelo, observa-se a necessidade de distinção entre as quantidades relativas de trabalho para produção de duas mercadorias, como por exemplo, vinho e tecido. Assim, essa característica torna vantajoso o comércio exterior. Para Ricardo (1982, p.103), os dois países saem vitoriosos na comercialização de produtos, cuja vantagem comparativa é decorrente de ganhos de eficiência, respeitando suas características, pois: É tão importante para o bem da humanidade que nossas satisfações sejam aumentadas pela melhor distribuição do trabalho, produzindo cada país aquelas mercadorias que, por sua situação, seu clima e por outras vantagens naturais ou artificiais, encontra-se adaptado, trocando-as por mercadorias de outros países (..) (Ricardo 1982, p.103). Segundo Faro (2010), a Teoria de Ricardo enfatiza a influência do desenvolvimento tecnológico no comércio internacional. Assim, países produtores de tecnologia tendem a concentrar seus esforços na venda de produtos industrializados. Nesse sentido, Ricardo (1982, p. 43) ressalta que “O valor de uma mercadoria, ou a quantidade de qualquer outra pela qual pode ser trocada, depende da quantidade relativa de trabalho necessário para sua produção, e não da maior ou menor remuneração que é paga por esse trabalho”. Cada país se especializa, em alguma medida, na produção e na exportaçãodos bens que produz a custos inferiores, comparados estes em termos absolutos com os de seus parceiros. As trocas pelo comércio permitem que os países compartilhem as vantagens de menores custos de produção que cada um tem ou desenvolveu em um setor ou outro. Em bases semelhantes às de Smith, mas elaborando sobre o papel do trabalho como principal fonte da riqueza, Ricardo formulou a teoria das vantagens 16 comparativas. Procedeu de modo especialmente rigoroso e formal, ao estabelecer claramente as hipóteses dessa teoria (RUFFIN, 2002; DEARDORFF, 2007). Esclareceu ser indispensável a mobilidade doméstica do trabalho, sendo este o fator de produção primordial e único, em última análise. Argumentou advir dessa mobilidade os ajustes necessários para que uma economia obtenha as vantagens de uma abertura comercial. Com base nesse requisito e na hipótese de equilíbrio das contas comerciais, demonstrou a tese de que um país, mesmo que tenha vantagens absolutas em todos os bens por ele produzidos, poderia ter vantagens comparativas mais em certos bens do que em outros em condições de livre-comércio. Nessas condições, seu parceiro comercial, conquanto desprovido de vantagens absolutas, poderia ter certas vantagens comparativas. Ricardo concluiu que os ganhos do comércio não dependiam apenas do intercâmbio de bens produzidos a menores custos, mas também do uso globalmente mais eficiente e pleno das capacidades produtivas disponíveis nos países. Para tanto, cada país deveria especializar-se nos bens em que é mais eficiente, em termos relativos, independentemente de haver países que sejam ainda mais eficientes nesses mesmos bens. Em suma, um país – mesmo sem vantagens absolutas – pode auferir ganhos e também proporcionar outros a seus parceiros em situação de livre-comércio, especializando-se de acordo com as vantagens comparativas. A teoria de Ricardo tem o mérito de compreender o primeiro e, talvez, o mais simples princípio das ciências sociais com resultados não triviais. Independentemente de sua simplicidade, as teorias clássicas contêm uma mensagem fundamental: o comércio induz processos de especialização que podem tornar as economias mutuamente mais eficientes, com mais alto padrão de produção e de consumo. A chave para esses ganhos de eficiência, que podem comportar algum crescimento econômico temporário, reside no aumento médio da produtividade global dos países. O emprego do modelo ricardiano na análise dos fatos pode ser muito útil, embora requeira cautela. 17 Diferenças absolutas de tamanho e diferenças absolutas de produtividade entre as economias podem limitar sua especialização com base nas vantagens do comércio internacional. Podem, também, minorar a intensidade dessa especialização outros fatores não incluídos em geral nas teorias tradicionais, como custos de transporte e imperfeições que dificultam a mobilidade doméstica dos fatores de produção, além das próprias barreiras ao comércio. TEORIAS NEOCLÁSSICAS As teorias neoclássicas do comércio demonstram que o comércio internacional resulta de dotações distintas dos fatores de produção entre os países. Foram originalmente desenvolvidas em artigos dos suecos Eli Heckscher (1919) e Bertil Ohlin (1924, 1933) e formalizadas de modo definitivo por Paul Samuelson (1948 e 1949) e Ronald Jones (1956, 1965). Concebidos para sistemas de duas economias, dois bens e dois fatores de produção, os modelos Heckscher-Ohlin foi largamente estendidos e generalizados, para múltiplos bens e fatores, desde Vanek (1968). As teorias neoclássicas diferemse das teorias clássicas na formulação das vantagens comparativas. Nas teorias clássicas, tais vantagens se originam de diferenças tecnológicas ou, mais precisamente, de produtividade do trabalho. No marco das teorias neoclássicas, resultam das diferenças de dotação ou de abundância relativa dos fatores. Para tanto, as teorias neoclássicas deixam de assumir um fator de produção, como no modelo Ricardiano, e passam a assumir dois ou mais fatores de produção. A TEORIA DE HECKSHER-OHLIN A Teoria de Hecksher-Ohlin é um modelo neoclássico de comércio cuja mão de obra por si não é suficiente para obtenção de vantagens comparativas. Essa teoria 18 destacava a abundância de insumos utilizados na produção como estímulo da especialização no comércio internacional de um país. Segundo Willianson (1989, p.30), “um país com oferta abundante de capital considera relativamente barato produzir bens cuja produção precise de muito capital e pouca mão de obra, tendo, portanto, uma vantagem comparativa nestes bens intensivos de capital e Fonte: Jurado, 2013. No marco das teorias neoclássicas foram estabelecidos importantes teoremas sobre os ajustes de preços. Estes podem ser agrupados em ordem a partir do menos restritivo: A. Da insensibilidade dos preços de fatores: em uma pequena economia aberta, as demandas por fatores são infinitamente elásticas; B. Da igualdade de preços de fatores: os países que produzem o mesmo conjunto de produtos, com as mesmas tecnologias e com os mesmos preços de produtos, devem ter os mesmos preços de fatores, além de dispor de idênticas proporções de fatores na produção; exportando - os”. 19 C. Da convergência de preços de fatores: a eliminação das barreiras ao comércio entre dois países leva, mediante a equalização de preços de produtos, à eliminação de diferenças entre preços de fatores, ou seja, à chamada “equalização” de preços de fatores; e D. De Stolper-Samuelson: uma elevação do preço do bem intensivo em um determinado fator causa a elevação do preço desse fator e a redução do preço do outro fator. De acordo com as hipóteses (não extremas) em geral empregadas, os modelos resultam em ganhos do comércio. Esses ganhos, todavia, são invariavelmente de natureza estática, sem que a elevação da corrente de comércio determine a continuada elevação do nível de produção e da renda. Nessas condições, por exemplo, a redução generalizada de tarifas de importação de certo país ou entre países pode produzir ganhos de produção e de renda nos países envolvidos na importação e exportação, mas não indefinidamente. Uma vez esgotadas as possibilidades de eliminação de barreiras ao comércio, tarifárias e não tarifárias, não mais se expandiriam os ganhos de produção e de renda derivados do comércio internacional. Estes ganhos podem ser consideravelmente desiguais entre agentes e setores econômicos, em função da abundância relativa de fatores em cada país e de quanto são estes agentes e setores dependentes desses fatores. Cientes das implicações de desigualdade de renda, vários economistas, como Deardorff e Stein (2002), chegam a propor que, para auferir os seus possíveis ganhos, a liberalização comercial deveria ser conduzida com certo gradualismo, de modo que pudessem ser suavizados no tempo os ajustes consequentes. Entretanto, Faro (2010, p.117) destaca a existência de outras condições sócio- naturais na comercialização de bens: Nem sempre os países desenvolvidos e abundantes de capital exportam bens intensivos em capital e importam bens intensivos em mão de obra. Isso porque os preços dos bens não são equalizados automaticamente pela própria dinâmica das trocas comerciais (Faro 2010, p. 117) 20 Já Krugman e Obstfeld (2001) apontam algumas considerações falsas do modelo de Hecksher-Ohlin. Por exemplo, no caso de dois países produzirem dois bens simultaneamente, a proposição de que cada país tenderá a produzir aquilo cujo insumo for abundante é carente de verdade, pois – segundo esses autores – exige- se que a equalização de preços entre os países seja decorrente da adoção similar de fatores. Além desse caso, esses autores apontaram ressalva quanto ao enunciado de quea equalização de preços seria exercida pelo comércio entre dois países. Segundo Krugman e Obstfeld (2001), a convergência de preços é decorrente de barreiras comerciais - como por abandonam formulações tecnológicas lineares e adotam função de produção “marginalista”, em geral do gênero Cobb-Douglas, a qual impõe diferenças intersetoriais de alocação e de distribuição de renda nos países. Os resultados dos modelos neoclássicos de comércio derivam da convergência de preços de bens engendrada pela abertura comercial. Considerando hipoteticamente as tecnologias idênticas, os países se especializam nos bens mais intensivos nos fatores de que dispõem em maior abundância, em comparação com seus parceiros. No interior de cada país, os detentores dos fatores mais são mais beneficiados pela abertura comercial e pela especialização, implicando assim diferenças intersetoriais na distribuição dos ganhos do comércio. TEORIA DE HECKSHER-OHLIN- SAMUELSON Teoria de Hecksher-Ohlin- Samuelson foi desenvolvida pelo economista Paul Samuelson que é um corolário da Teoria de Hecksher-Ohlin. Assim, respeitadas as hipóteses da Teoria de Hecksher-Ohlin, Faro (2010, p.119) apresenta que “o comércio de bens equaliza a remuneração dos fatores de bens”. Assim, Faro (2010, p.119) destaca que: Se há circunstância adequada ou favorável à mobilidade completa dos fatores de produção entre as nações, é bastante 21 razoável pensar que o fator capital humano pode migrar para lugares onde é clara a prática de melhores salários e, da mesma forma, o capital também pode buscar mercados onde é possível encontrar maiores retornos e menores riscos (Faro 2010, p.119). Dessa forma, observa-se que – no comércio de bens - a mobilidade dos fatores de produção exerce o mesmo efeito sobre as taxas de salário e a taxa de retorno do capital. TEOREMA DE STOLPER-SAMUELSON Nesse teorema formulado por Paul Samuelson e Wolgang Stolper, em 1941, são analisados os efeitos da prática comercial sobre a distribuição de renda (FARO, 2010). A partir da premissa do pleno emprego, os autores discutem as diferenças nas dotações relativas dos fatores, que influenciam na determinação de diversos níveis de taxas de salários. A partir dessa análise, Faro (2010, p.120) afirma que “haverá uma concentração de renda em favor daqueles que são fiéis proprietários do “capital físico”, pois os salários apresentar-se-ão mais baixos que a taxa de retorno do capital nas nações onde o fator trabalho mostra-se abundante”. Como exemplo, citam-se os incentivos concedidos pelo governo dos Estados Unidos da América às empresas que demandam mão de obra não qualificada. Segundo Willianson (1989, p.45), as tarifas protecionistas de importação aumentam a renda dos trabalhadores que atuam em empresas diretamente beneficiadas pelas medidas protecionistas, mesmo que a sociedade perca como um todo. NOVAS TEORIAS DO COMÉRCIO EXTERIOR 22 As novas teorias do comércio se caracterizam por contemplar as chamadas economias de escala. Ausente das teorias convencionais, as economias de escala podem advir de fatores tecnológicos e de estruturas dos mercados. Tipicamente, esses fatores se complementam. Essenciais a essas teorias, são comuns igualmente às teorias de crescimento endógeno. Tecnologias que permitem rendimentos crescentes de escala garantem condições favoráveis de competição às firmas que as detêm. Em geral, verificam-se nos modelos dois tipos de estruturas de concorrência imperfeita: A. Concorrência monopolística, apoiada por preferência dos consumidores à variedade de produtos; B. Equilíbrios estratégicos de mercado, por exemplo, na forma de duopólio. As novas teorias do comércio foram inicialmente elaboradas, entre 1978 e 1985, em artigos seminais de Krugman (1979, 1980), Helpman (1981), entre outros. Desenvolveram-se em amplo e rico corpo teórico. Sua evolução pode ser classificada em três gerações ou vertentes: a. Comércio intraindústria; b. Política comercial estratégica (strategic trade policy); c. Nova geografia econômica. As novas teorias do comércio substituíram as hipóteses de concorrência perfeita por hipóteses alternativas de concorrência imperfeita, como base de funcionamento dos mercados. Assumiram economias de escala ou rendimentos crescentes de escala, ao invés de rendimentos constantes. Essas novas hipóteses haviam sido difundidas, com sólida fundamentação microeconômica, em estudos de organização das indústrias, notadamente no marco do modelo de Dixit e Stiglitz (1977). Semelhante abordagem teórica foi inspirada, de um lado, das contribuições seminais de Joan Robinson e Edward H. Chamberlin, respectivamente em “The Economics of Imperfect Competition” e “The Theory of Monopolistic Competition”, ambos publicados em 1933. Do outro lado, remontam a argumentos anteriormente feitos por Adam Smith, Alfred Marshall e Bertil Ohlin. 23 O COMÉRCIO INTRAINDUSTRIA As novas teorias do comércio foram motivadas pela longa expansão do comércio mundial em ritmo mais intenso que o produto mundial e, sobretudo, pela concentração dessa expansão nas trocas intraindustriais, desde as primeiras décadas do pós-Guerra. Semelhante intercâmbio se intensificou especialmente entre economias avançadas, caracterizando o padrão econômico Norte-Norte de relações comerciais. As exportações entre tais economias, que representavam 38% das exportações mundiais em 1953, passaram a corresponder a 76% desses fluxos em 1990. Ao mesmo tempo, verificou-se um aumento considerável da parcela do comércio intraindústria, tornando-se este o maior responsável pela expansão do comércio total entre esses países (OCDE, 2002). O comércio intraindústria é medido na literatura pelo índice desenvolvido por Grubel e Lloyd (1975). Este calcula a proporção da corrente de comércio que corresponde ao comércio intraindústria. Quanto menos concentradas as exportações e as importações em setores ou produtos diferentes, mais elevado é o índice. Seu nível máximo seria 100%, caso em que todo o comércio seria praticado entre os mesmos setores produtivos ou mediante a troca equitativa de bens equivalentes, embora diferenciados. O índice eleva-se à medida que se fortalece a capacidade de o país indistintamente importar e exportar bens dentro de um mesmo setor. Reduz-se quando o país passa a concentrar a exportação em um conjunto de bens e a importação em outro conjunto de bens. O índice pode ser calculado para diferentes níveis de desagregação. Na prática, ao elevar-se o grau de desagregação, reduz-se o índice. Este pode ainda ser aplicado para toda a corrente de comércio de bens ou para seus subconjuntos, por exemplo, apenas para comércio de bens transformados 24 industrialmente (descontados os produtos primários) ou ainda mais restritivamente para bens manufaturados (excluindo-se produtos primários e bens semimanufaturados). Ao restringir-se o subconjunto de bens em favor daqueles de maior valor agregado, tende o índice a elevar-se na prática, sobretudo entre economias avançadas, para o qual tem sido mais frequentemente aplicado (OCDE, 2002). As novas teorias do comércio assumem de modo realista que os consumidores dispõem de preferências por diversos produtos, ainda que pertencentes a uma mesma indústria. Assim, podem os países especializar-se na mesma indústria e não necessariamente em indústrias distintas, que requerem diferentes proporções relativas de fatores de produção. Basta para tanto que a produção transcorra com ganhos de escala, e esses bens sejam comercializados em concorrência imperfeita. Nessas condições, o comércio intrafirma passa a representar um padrão de comércio novo. São reduzidos os contrastes do padrão Norte-Sul de comércio, em que certos países (Norte)assumem a função de exportadores líquidos de bens intensivo em capital (físico e/ou humano), POLÍTICA COMERCIAL ESTRATÉGICA A Política Comercial Estratégica se conforma como conjunto de recomendações de política que derivam das novas teorias do comércio. Confrontase com as propostas livre, cambistas das teorias clássica e neoclássica. Essencialmente, as novas teorias podem fundamentar intervenção governamental via, por exemplo, tarifas e outras barreiras à importação, estímulos e subsídios à exportação, à inovação, à pesquisa e ao desenvolvimento. 25 Fonte: Jurado, 2013. Semelhantes formas de intervenção podem permitir os investimentos necessários para o surgimento e a consolidação de empresas em setores mais desenvolvidos tecnologicamente, que operam em ambiente de concorrência imperfeita e com possíveis rendimentos crescentes de escala. Assim, as novas teorias também atribuem especial importância às economias de escala que podem derivar de investimentos internos das firmas em inovação, bem como externos às firmas nas áreas de educação e de capacitação científica e tecnológica. Trata-se, portanto, não só de uma reedição revigorada de antigos argumentos em favor da proteção e do estímulo à indústria nacional, mas também um golpe teórico nas correntes tradicionais que favorecem o automatismo do livrecambismo. Ademais, tal golpe se opera em bases solidamente fundamentadas na teoria econômica, enfraquecendo pressupostos neoclássicos que levaram a uma visão marcadamente estática das vantagens comparativas. 26 NOVA GEOGRAFIA ECÔNOMICA Formulada por Fujita, Krugman e Venables (1999), a Nova Geografia Econômica pode ser entendida como uma extensão das novas teorias do comércio. Vários dos seus aspectos temáticos já estavam presentes em trabalhos que ajudaram a conformar a Economia da Urbanização ou Spatial Economics (von Thünen, 1783- 1850) e a Economia do Desenvolvimento. Os backward and forward linkages intersetoriais e intermercados eram enfatizados nos anos 1960, em particular nas High Development Theories de Paul Rosentein-Rodan (1943), Fleming (1954) e Hirschman (1958). Todavia, como discute Krugman (1997), esses trabalhos não chegaram a constituir teorias econômicas no sentido moderno. Eram conceitos e delineamentos, sem constituir modelos econômicos capazes de explicar qualitativa e quantitativamente os fenômenos em questão, como a localização da produção e do comércio. A Nova Geografia Econômica procura projetar a produção e o comércio na dimensão espacial, como sugere o termo geografia. Destarte, passa a prover as novas teorias do comércio de atributos adicionais para aproximar potencialmente estas de uma compreensão do comércio como aspecto indissociável do crescimento econômico. A Nova Geografia Econômica se fundamenta nas mesmas hipóteses essenciais das novas teorias e acrescenta importantes elementos antes negligenciados, sobretudo pelas teorias tradicionais de comércio. Entre esses elementos, sobressaem: A. Os custos de transação no espaço, em particular custos de transporte; B. O tamanho das economias ou a escala dos mercados; C. As cadeias verticais de produção – a montante e a jusante. A introdução de custos de transação física corresponde a um ajuste realista nos modelos de comércio. Com efeito, os chamados modelos gravitacionais têm estimado empiricamente papel adverso dos custos de transporte na expansão do 27 comércio internacional. Tal expansão tende a ocorrer comparativamente mais entre economias situadas próximas ou que dispõem de conexões de transporte a custos menores. REFERÊNCIAS CHANG, Há-Joon; GRABEL, Ilene. Reclaiming development from the Washington Consensus. Journal of Post Keynesian Economics, v. 27, no 2, pp. 273-291, dez. 2004. DEARDORFF, Alan V.; STERN, Robert Stern. What the Public Should Know about Globalization and Trade Organization. Review of Economics, v. 10, 2002. DIAS, Reinaldo; RODRIGUES, Waldemar. Comercio exterior teoria e gestão. Atlas, São Paulo: 2004. DIXIT, A. K.; STIGLITZ, J . E. Monopolistic competition and optimum product diversity. American Economic Review, v. 67, no 3, pp. 297-308, 1977. FARIA, Bernardo Machado. 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