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Perícia Contábil e Arbitragem Conciliação Perícia Contábil e Arbitragem 1 Produção: Gerência de Desenho Educacional - NEAD Desenvolvimento do material: Andreia Marques Maciel de Carvalho 1ª Edição Copyright © 2020, Unigranrio Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Unigranrio. Núcleo de Educação a Distância www.unigranrio.com.br Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 25 de Agosto – Duque de Caxias - RJ Reitor Arody Cordeiro Herdy Pró-Reitoria de Programas de Pós-Graduação Nara Pires Pró-Reitoria de Programas de Graduação Lívia Maria Figueiredo Lacerda Pró-Reitoria Administrativa e Comunitária Carlos de Oliveira Varella Núcleo de Educação a Distância (NEAD) Márcia Loch Perícia Contábil e Arbitragem 2 Sumário Conciliação Para Início de Conversa... ................................................................................. 4 Objetivo ......................................................................................................... 4 1. Facilitador para a solução de um conflito ............................................ 5 2. A Cláusula Compromissória no Direito Societário ............................. 8 3. Mediação e Impactos Positivos para o Judiciário ............................... 10 Referências: ......................................................................................................... 14 Perícia Contábil e Arbitragem 3 Para Início de Conversa... A conciliação é um método em que as partes, por intermédio de um terceiro imparcial – chamado de conciliador – soluciona a controvérsia. Nesse caso, o conciliador poderá, após conversar e ouvir as partes, sugerir soluções – de acordo com sua expertise de mercado – que atendam aos interesses de ambos os lados. O papel do conciliador é incentivar, facilitar e auxiliar as partes conflitantes a chegarem a um acordo, admitindo-se que formule uma proposição objetiva de resolução para o conflito. O conciliador tem uma participação mais incisiva do que o mediador, posto que manifesta a sua opinião sobre uma solução justa para o conflito e propõe os termos do acordo. Entretanto, o conciliador não tem poder para impor uma decisão às partes. A conciliação é um método mais rápido de negociação e é indicado quando as partes de conflito não têm relação continuada, em outras palavras, em casos de conflitos objetivos, em que há uma controvérsia pontual entre as partes. Sua utilização é indicada quando o conflito advém de uma situação circunstancial e não há necessidade de preservação do relacionamento entre as partes. Normalmente, a conciliação realiza-se apenas com uma sessão. Exemplos de situações em que a conciliação é indicada: relações de consumo e acidentes de trânsito. A conciliação trata o conflito de modo pontual e visa à obtenção de um acordo. Objetivo Identificar as vantagens do uso da mediação. Perícia Contábil e Arbitragem 4 1. Facilitador para a solução de um conflito De acordo com Vale e Vial (2020), atualmente, a conciliação é aplicada pelos Tribunais de Justiça por meio dos Centros Judiciários de solução de conflitos e cidadania – CEJUSC. A principal característica que a distingue da mediação é a possibilidade do terceiro imparcial, que a conduz, apresentar às partes soluções para que se realize um acordo. Figura 1: Atuação de um terceiro imparcial na mediação. Fonte: Dreamtime: Trata-se de uma importante ferramenta para os Juizados Especiais Cíveis, graças à sua aplicação nos casos de menor complexidade e valor. Outra vantagem é a sua previsão de solução das controvérsias em poucas sessões. A conciliação judicial ocorre quando já há um pedido de solução do problema na justiça, assim, o próprio juiz ou um conciliador treinado têm a oportunidade de atuar de forma a possibilitar um acordo. A conciliação é muito incentivada pois é considerada a melhor forma de resolução de conflitos: é mais rápida, mais barata, mais eficaz e pacífica muito mais. O risco injustiça é muito menor, pois os próprios envolvidos, com ajuda do juiz ou conciliador, definem a solução para o problema, assim, todos saem vitoriosos. O Código de Processo Civil possui diversos artigos que incentivam a conciliação. Art. 277. O juiz designará a audiência de conciliação a ser realizada no prazo de trinta dias, citando-se o réu com a antecedência mínima de dez dias e sob advertência prevista no § 2º deste artigo, determinando o comparecimento das partes. Sendo ré a Fazenda Pública, os prazos contar-se-ão em dobro. § 1º A conciliação será reduzida a termo e homologada por sentença, podendo o juiz ser auxiliado por conciliador. Art. 331. Se não ocorrer qualquer das hipóteses previstas nas seções precedentes, e versar a causa sobre direitos que admitam transação, o juiz designará audiência preliminar, a realizar-se no prazo de 30 (trinta) dias, para a qual serão as partes Perícia Contábil e Arbitragem 5 intimadas a comparecer, podendo fazer-se representar por procurador ou preposto, com poderes para transigir. § 1o Obtida a conciliação, será reduzida a termo e homologada por sentença. Art. 447. Quando o litígio versar sobre direitos patrimoniais de caráter privado, o juiz, de ofício, determinará o comparecimento das partes ao início da audiência de instrução e julgamento. Parágrafo único. Em causas relativas à família, terá lugar igualmente a conciliação, nos casos e para os fins em que a lei consente a transação. Art. 448. Antes de iniciar a instrução, o juiz tentará conciliar as partes. Chegando a acordo, o juiz mandará tomá-lo por termo. Art. 449. O termo de conciliação, assinado pelas partes e homologado pelo juiz, terá valor de sentença. Art. 125. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, competindo-lhe: I - assegurar às partes igualdade de tratamento; II - velar pela rápida solução do litígio; III - prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da Justiça; IV - tentar, a qualquer tempo, conciliar as partes. Em razão da sua importância e eficácia, a conciliação passou a ser o fundamento dos juizados especiais, nos quais, para todas as causas, é primordial a tentativa de conciliação. Ao lado da mediação, está a conciliação, que é um processo consensual ou uma fase do processo heterocompositivo, em que se aplicam algumas técnicas autocompositivas e no qual há, em regra, restrição de tempo para sua realização. É um processo autocompositivo breve aplicado a conflitos menos complexos ou lides de menor importância. Sob o ponto de vista material, as partes são auxiliadas por um terceiro sem interesse na causa, que atua sob a orientação do juiz. O conciliador auxilia as partes a chegarem a uma solução ou acordo com o uso de técnicas adequadas, orientando e facilitando a composição, que pode resultar de concessões mútuas. Ele pode, inclusive, sugerir soluções, participando do conteúdo das decisões, conforme prevê o Código de Processo Civil. Figura 2: O conciliador auxilia as partes. Fonte: Dreamstime. Perícia Contábil e Arbitragem 6 Desse modo, o conciliador pode ter um papel mais ativo, sendo possível fazer propostas de solução, bem como emitir opinião acerca do objeto da disputa, sempre mantendo a imparcialidade. Ele sai da postura de mero facilitador do diálogo, como acontece com o mediador, e ajuda, junto às partes, a desenhar uma solução de ganhos mútuos. A potencial diferença na conduta do conciliador, em comparação à do mediador, se justifica em razão da teórica distinção de objetivos entre um método e outro. Potencial porque o conciliador não é obrigado a sugerir solução, podendo muito bem atuar como facilitador do diálogo, catalisador das negociações entre as partes. Eventual postura mais passiva não desnatura a sessão autocompositiva e nem a transforma em uma sessão de mediação. Trata-se de perfil do facilitadore das demandas próprias de cada conflito e predisposição dos envolvidos. No tocante aos objetivos, então, a conciliação visa a alcançar o acordo entre as partes referentes ao objeto do conflito, servindo mais ao processo. Os critérios discutidos entre o conciliador e as partes estão mais relacionados às regras aplicadas ao caso concreto. Ainda, a conciliação é mais voltada ao acordo, à resolução pontual da controvérsia, sem a necessidade de englobar a pauta subjetiva (questões subjacentes). Ao passo que a mediação “pretende a desconstrução do conflito como um todo, razão pela qual a pauta de discussão abrange também os componentes subjetivos, como forma de restabelecer o diálogo entre os participantes e dar-lhes a possibilidade de gerir os novos desentendimentos que eventualmente surgirem”. (ALMEIDA; PANTOJA, 2019, p.95) Com efeito, também pelo CPC (art. 165, §2º), como dito anteriormente, o conciliador atua “preferencialmente nos casos em que não houver vínculo anterior entre as partes”, podendo sugerir soluções para o litígio, entretanto, é “vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem”. Assim, destinou a conciliação para casos, a princípio, menos complexos, entendida a complexidade como inexistência de vínculos anteriores, cuja carga emocional presume-se que seja mais branda, em razão de não haver relação preliminar entre as partes. Todavia, nada obsta que, em um caso concreto no qual não haja vínculos anteriores, a profundidade do drama justifique a utilização de técnicas de mediação, com vistas a englobar questões subjacentes, abordando o conflito de uma forma mais ampla e trabalhando, também, o empoderamento das partes, fortalecendo seu protagonismo e melhorando a comunicação, mesmo que não haja relações continuadas. Perícia Contábil e Arbitragem 7 Figura 3: Fortalecendo o seu protagonismo e melhorando a comunicação. Fonte: Dreamstime. Por outro lado, também nada impede que, em um caso de relações multiplexas, se assim demandado, o facilitador adote uma postura mais ativa, mas sem sugerir soluções. É o perfil dos envolvidos, sua predisposição em participar das sessões autocompositivas e em resolver a disputa, seu comportamento e a forma de se comunicar que guiarão a postura do facilitador e que determinarão a melhor abordagem a ser adotada, permitindo uma verdadeira justiça artesanal, adequada às particularidades do caso concreto. Portanto, na prática, há interpenetração entre mediação e conciliação, sendo mais adequado definir qual abordagem adotar após um prévio mapeamento do cenário da disputa, levando-se em conta a disposição das partes, o objeto do litígio, dentre outros fatores. 2. A Cláusula Compromissória no Direito Societário A cláusula compromissória é uma espécie de convenção de arbitragem mediante a qual os contratantes se obrigam a submeter seus futuros e eventuais conflitos que possam surgir do contrato à solução arbitral. Dessa forma, não é relevante se a mesma é instituída contemporaneamente ou posteriormente ao contrato, mas sim que seja instituída antes da existência dos conflitos e contenha a obrigação de as partes submeterem suas divergências à solução arbitral (SCAVONE, 2016). Compromisso arbitral é uma espécie de convenção de arbitragem em que as partes, diante de um conflito já existente, pactuam a solução deste por meio de uma solução arbitral, podendo ser judicial – na qual as partes decidem, por intermédio de um termo no processo em andamento, submeter a decisão à arbitragem – ou extrajudicial – firmada depois do conflito, mas antes da propositura da ação judicial (SCAVONE, 2016). Perícia Contábil e Arbitragem 8 Figura 4: As cláusulas compromissórias no direito societário. Fonte: Dreamstime. Somente poderão utilizar a cláusula compromissória ou o compromisso arbitral, sujeitos capazes e titulares de direitos patrimoniais e disponíveis. Nota-se que as decisões arbitrais, segundo o que dispõe o ordenamento jurídico brasileiro pela Lei 9.307/1996 (BRASIL, 1996), só poderão ser submetidas ao controle judicial quanto à sua validade, mas não quanto ao seu mérito, o que evidencia o reconhecimento do legislador à prevalência da vontade das partes contratantes (THEODORO JÚNIOR, 2015). Tal fato representa um importante aspecto para o adequado e célere cumprimento das obrigações empresariais no ambiente de negócios. Prevista no artigo 3° e 4° da Lei de Arbitragem, a cláusula compromissória é o documento que constará nos contratos assinados entre as partes, prevendo que os litígios oriundos do instrumento contratual assinado serão resolvidos por meio da arbitragem. - Importante salientar que, nesse ponto, o consensualismo é primordial, por não ser um método de resolução de demandas obrigatório, faz-se necessário um acordo entre as partes, que é o conhecimento e concordância das partes que assinam um contrato, de que qualquer demanda oriunda do negócio jurídico por eles acertado será resolvido pelo meio arbitral. Desse modo, havendo concordância entre as partes, essa eventual demanda, deve obrigatoriamente ser solucionada por arbitragem. Segundo Figueira Júnior (1999, s.d): “A cláusula compromissória possui natureza vinculante, reforçando assim o princípio da obrigatoriedade das convenções que vinculam as partes no que é previamente acertado”. Cláusula compromissória. Convenção de arbitragem. Solução arbitral. Compromisso arbitral. Perícia Contábil e Arbitragem 9 Caso uma das partes ingresse na via judicial, em uma demanda com cláusula compromissória, o juiz deverá extinguir o processo sem julgamento do mérito, em conformidade com o que dispõe os arts. 485, VII e 337, X do Código de Processo Civil. Dentro do conceito de cláusula arbitral, temos uma diferenciação do que é denominada “cheia” e “vazia”, relacionadas às disposições existentes e previamente acertadas entre as partes, conforme vemos a seguir: ▪ Cláusula arbitral cheia: Nesse tipo de cláusula arbitral, temos o estabelecimento antecipado dos requisitos mínimos para instauração do procedimento arbitral, como a identificação das partes, a indicação dos árbitros, o local, entre outros requisitos, previstos no art. 10 da Lei de arbitragem. Existindo a seguinte divisão nesse conceito: quando as partes pactuam todas as condições previstas em lei para a instauração da arbitragem ou quando as partes indicam entidade especializada que já contém as condições formais para a instauração da arbitragem, geralmente em nível internacional. ▪ Cláusula arbitral vazia: Apenas prevê a instauração do procedimento arbitral, ou seja, não necessariamente constarão na cláusula compromissória, os requisitos presentes no art. 10 da Lei 9.307 de 1996. Sendo acertado, posteriormente, de que forma se dará o procedimento, em uma eventual demanda oriunda do contrato com esse tipo de cláusula compromissória. ▪ Da extensão da cláusula compromissória: Os contratos e cláusulas compromissórias, a priori, obrigam apenas as partes signatárias a se submeterem aos efeitos oriundos daquilo que fora acertado em instrumento contratual. Porém, o amadurecimento dos entendimentos jurisprudenciais e doutrinários permitem que os efeitos de instrumentos contratuais se estendam a terceiros que não estiveram diretamente associados no momento inicial da assinatura do contrato, mas que de alguma forma se beneficiam dos efeitos da operação contratual. Acontece que, em situações de comportamentos, situações econômicas e empresariais que levem ao entendimento do árbitro de que se houver benefício ou mera presunção de benefício, acontece a extensão dos efeitos da cláusula compromissória a terceiros não signatários. 3. Mediação e Impactos Positivos para o Judiciário O Judiciário brasileiro, apresenta sintomas críticos que se sustentam por uma estrutura pesada, comeficiência limitada, em que a morosidade na solução de conflitos de maneira coercitiva resulta em consequências danosas à sociedade, entre elas, a ineficácia da tutela jurisdicional e os impactos negativos na economia do país (VIEIRA; PINHEIRO, s.d). Perícia Contábil e Arbitragem 10 Segundo Watanabe (2005), essa “cultura da sentença” provoca o aumento cada vez maior da quantidade de recursos, com o congestionamento das instâncias ordinárias, dos Tribunais Superiores e da Suprema Corte. Mais do que isso, aumenta também a quantidade de execuções judiciais (WATANABE, 2005). Contudo, a crescente demanda judicial faz com que surja a necessidade de desenvolver novos meios para atender as necessidades da sociedade. Um marco na Reforma do Judiciário foi a criação do Conselho Nacional de Justiça que promulgou a Resolução 125, que dispõe sobre a Política Judiciária Nacional de tratamento adequado dos conflitos de interesses no âmbito do Judiciário. A mediação judicial está prevista na Lei da Mediação e no Novo Código de Processo Civil (art. 165). Portanto, a mediação deve ser praticada como uma forma de pacificação social e não somente de resolução de conflitos, tendo em vista as relações sociais mediadas (WATANABE, 2005). Figura 5 : Mediação judicial. Fonte: Dreamstime. Segundo Silva (2013, p.53), “a solução do conflito por meio da mediação ou conciliação enseja maior efetividade, já que se dá por meio do consenso, promovido pela mediação, ao invés da imposição, implementada pela sentença”. “Uma população de 202 milhões de habitantes propicia o espetáculo de mais de 100 milhões de processos judiciais, como se toda a nação estivesse a demandar”. (NALINI, 2016, p.27) Contudo, a justiça estatal clássica que apresenta apenas a solução adjudicada para o caso concreto não é mais o único meio adequado de Perícia Contábil e Arbitragem 11 solução dos conflitos. Ao lado dessa justiça, a justiça multiportas, em que a solução adjudicada passa a ser a ultima ratio. Saímos da tutela processual para a tutela dos direitos. Esse modelo, como já mencionado, vem produzindo resultados muito positivos em outros países, demonstrando que as negociações preliminares são convenientes em qualquer tipo de litígio, indicando, porém, que essas tratativas iniciais não devem ser promovidas pelo juiz que fará a análise da contenda na fase do julgamento. Já se sabe, também, que é na fase pré-processual que se deve produzir todo o empenho, concentrando a maior energia inicial possível e que levará à solução mais efetiva. Situação diversa é a que não raro vivenciamos hoje em dia, quando verificamos o desenvolvimento do processo e, ao meio ou ao final, percebemos a falta de pressuposto ou nulidade ou mesmo da produção de alguma prova imprescindível ao deslinde do feito. Com base nessas experiências exitosas e na mesma linha do que já vem determinado na Resolução 125/2010 do Conselho Nacional de Justiça, o novo CPC determina a criação de centros judiciários de solução consensual de conflitos, em que deverão ser realizadas as sessões de conciliação ou mediação por profissionais devidamente treinados e formados para exercer tal atividade. Esse fato não impede a existência de câmaras privadas de conciliação e mediação, que poderão funcionar, desde que estejam habilitadas em cadastros junto aos Tribunais. Especialmente quando quem protagoniza a tentativa de abordagem consensual é o juiz, a situação pode se tornar ainda mais perigosa por força da autoridade que detém. Por fim, não se pode deixar de anotar que o desenvolvimento da mediação passa necessariamente pela valorização da liberdade e da autonomia das partes. Bem por isso o direito de acesso ao Direito, pilar fundamental do Estado de Direito, vem sofrendo profundas transformações. Deixou de ser um direito de acesso ao Direito por meio do direito de acesso aos tribunais para passar a ser um direito de acesso ao direito, de preferência sem contato ou sem passagem pelos tribunais [...] Agora, o direito de acesso aos tribunais é um direito de retaguarda, sendo seu exercício legítimo antecedido de uma série de filtros. A lógica do julgamento formal, impositivo, está completamente dissociada da lógica conciliatória, na medida em que nesta deve-se valorizar as pessoas e seus sentimentos; reconhecer-se sua dignidade e promover a inclusão dos envolvidos, mostrando-lhes que elas são capazes de encontrar a melhor solução para o seu conflito. Não há, portanto, espaço para condutas autoritárias e prognósticos ameaçadores. Perícia Contábil e Arbitragem 12 Em nossos estudos, vimos que os meios alternativos de solução de conflitos são instrumentos de pacificação social, que permitem a toda população a desburocratização do Judiciário por meio desses serviços, uma nova gestão democrática do Poder Judiciário e o fortalecimento da cultura de Direitos Humanos. Cumpre dizer que o Poder Judiciário é visto, geralmente, pelos seus personagens, o juiz, o promotor, o advogado, o autor e o réu, nos quais se pretende buscar judicialmente a solução do litígio. Porém, atualmente, o judiciário enfrenta grandes problemas no que diz respeito à quantidade de processos aguardando por julgamento e é partindo desse princípio que as medidas alternativas devem e são utilizadas para a resolução daqueles conflitos mais simples e flexíveis de serem solucionados. Percebemos, que as principais formas autocompositivas de resolução de litígios, enfatizadas no Código de Processo Civil, cada qual com sua característica, ensejam uma alternativa de descongestionar o Poder Judiciário, possibilitando meios com valores acessíveis, que permitem chegar a um acordo efetivo mais rápido e igualitário entre as partes. Assim, vimos que a conciliação, então, no dever de fazer diálogo entre as partes, intervindo como um terceiro imparcial e ativo (conciliador), facilitando a comunicação entre as mesmas e mostrando as vantagens de uma composição e os riscos de a demanda ser judicializada até chegar a uma solução. Aprendemos que, conforme o Código de Processo Civil de 2015, que estabelece o dever de todos os aplicadores de direito de estimularem a conciliação, a mediação e a arbitragem, é possível ver e oferecer, assim, mais celeridade aos processos judiciais, a otimização dos procedimentos, contribuindo significativamente para a pacificação social entre os litigantes, fazendo com que esses institutos cumpram seu real papel na resolução dos litígios. Ao final, concluímos que, cabe ao Estado, garantir a real justiça para todos, responsabilizando-se em adotar os métodos adequados para que o sistema consensual de conflitos atinja os objetivos propostos, em busca de uma sociedade igualitária e menos conflituosa. Essa mudança de paradigmas é assegurada pelos direitos constitucionais e permite realizar a justiça material tão desejada pelo cidadão. Perícia Contábil e Arbitragem 13 Referências: ALMEIDA, D. A. R.; PANTOJA, F. M. Natureza da Mediação de Conflitos. In: ALMEIDA, T., et al. (Coord.). Mediação de Conflitos: para iniciantes, praticantes e docentes. Salvador: JusPodivm, 2019, p.89-100. BRASIL. Lei n. 9.307, de 23 de setembro de 1996. Dispõe sobre a arbitragem. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ l9307.htm. Acesso em 08 de set de 2020. FIGUEIRA JÚNIOR, J. D. Arbitragem, jurisdição e execução: análise crítica da Lei 9307. São Paulo, Revista dos Tribunais, jun., 1999. NALINI, J. R. É urgente construir alternativas à justiça. In: ZANETI JÚNIOR. H.; CABRAL, T. N. X. Justiça Multiportas: Mediação, Conciliação, Arbitragem e outros meios de solução adequada de conflitos. Salvador: Juspodium. 2016. SCAVONE JÚNIOR, L. A. Manual de arbitragem: mediação e conciliação. 7 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016. SILVA, L. A. M. G.(org). Mediação de Conflitos. São Paulo. Atlas, 2013. THEODORO JÚNIOR, H. Curso de direito processual civil: volume I. Rio de Janeiro: Forense, 2015. VALE, K. A.; VIAL,R. Mediação extrajudicial de conflitos interempresariais. Revista da Seção Judiciária do Rio de Janeiro, [S.l.], v. 23, n. 47, p.135- 153, abr. 2020. Disponível em: http://lexcultccjf.trf2.jus.br/index.php/ revistasjrj/article/view/305. Acesso em: 09 set. 2020. VIEIRA, J. L.; PINHEIRO, I. A. Contribuições do Conselho Nacional de Justiça para a Gestão do Judiciário. Encontro ANPAD, 32, 2008, Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: ANPAD. WATANABE, K. Cultura da Sentença e Cultura da Pacificação. In: F. L., YARSHELL; MORAES, M. Z. (Org.), Estudos em Homenagem à Professora Ada Pellegrini Grinover, São Paulo, DPJ. Perícia Contábil e Arbitragem 14 http://lexcultccjf.trf2.jus.br/index.php/revistasjrj/article/view/305 http://lexcultccjf.trf2.jus.br/index.php/revistasjrj/article/view/305 Histórico da Administração de Recursos Humanos Para início de conversa… Objetivos Perícia Para início de conversa... Objetivo 1. Aspectos Históricos 1.1 Aspectos Conceituais e Finalidades 1.2 Inovações Trazidas pelo Novo Código de Processo Civil: Lei nº. 13.105/15 para a Perícia 1.3 Caráter e Objetos da Tecnologia Contábil da Perícia Referências _GoBack Profissionais de Perícia Contábil Para Início de Conversa... Objetivo 1. Perito e Assistente Técnico 2. Qualidade do Perito 3. Qualidade do Trabalho do Perito Referências Tipos de Perícias Para Início de Conversa... Objetivo 1. Resolução CFC no 858, de 21/10/1999 – Tipos de Perícias. 2. Perícia Judicial e Extrajudicial 3. Elementos Materiais de Exame Pericial Referências _rehsinfd46eq _2ykmu5j73qxw _uomna6w29zet _hqdopxvvho13 Laudo e Parecer de Leigos Para Início de Conversa: Objetivo 1. Resolução CFC n° 939, de 24 de maio de 2002 2. Parecer Pericial Contábil 2.1 O Parecer Técnico 3. Informação pela Perícia – Laudos Periciais Referências: Ética na Perícia Contábil Para Início de Conversa:.. Objetivo 1. Resolução CFC no 1056/2005 – NBC P2 – Normas do Perito Contador 1.2. NBC P 2.1 - Competência Profissional - Normas Brasileiras de Contabilidade - Normas Profissionais do Perito 2. Legislação Aplicada Envolvendo Responsabilidade Civil e Criminal do Perito-Contador 3. Fundamentos Teóricos e Éticos da Perícia Contábil e os Métodos Alternativos Referências: Mediação e Arbitragem Para Início de Conversa... Objetivo 1. Auxiliar na Solução de Conflitos e Tomada de Decisões os Julgamentos em Conflitos Controversos 2. Lei 13.129/2015 (Reforma da Arbitragem) 3. A Administração Pública na reforma da Lei de Arbitragem Referências: Conciliação Para Início de Conversa... Objetivo 1. Facilitador para a solução de um conflito 2. A Cláusula Compromissória no Direito Societário 3. Mediação e Impactos Positivos para o Judiciário Referências: