Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

Perícia Contábil 
e Arbitragem
Conciliação
Perícia Contábil e Arbitragem 1
Produção: Gerência de Desenho Educacional - NEAD
Desenvolvimento do material: Andreia Marques Maciel de Carvalho
1ª Edição
Copyright © 2020, Unigranrio
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por 
qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, 
por escrito, da Unigranrio.
Núcleo de Educação a Distância 
www.unigranrio.com.br
Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 
25 de Agosto – Duque de Caxias - RJ
Reitor
Arody Cordeiro Herdy
Pró-Reitoria de Programas de Pós-Graduação
Nara Pires
Pró-Reitoria de Programas de Graduação
Lívia Maria Figueiredo Lacerda
Pró-Reitoria Administrativa e Comunitária
Carlos de Oliveira Varella
Núcleo de Educação a Distância (NEAD)
Márcia Loch
Perícia Contábil e Arbitragem 2
Sumário
Conciliação 
Para Início de Conversa... ................................................................................. 4
Objetivo ......................................................................................................... 4
1. Facilitador para a solução de um conflito ............................................ 5
2. A Cláusula Compromissória no Direito Societário ............................. 8
3. Mediação e Impactos Positivos para o Judiciário ............................... 10
Referências: ......................................................................................................... 14
Perícia Contábil e Arbitragem 3
Para Início de Conversa...
A conciliação é um método em que as partes, por intermédio de um 
terceiro imparcial – chamado de conciliador – soluciona a controvérsia. 
Nesse caso, o conciliador poderá, após conversar e ouvir as partes, sugerir 
soluções – de acordo com sua expertise de mercado – que atendam aos 
interesses de ambos os lados.
O papel do conciliador é incentivar, facilitar e auxiliar as partes 
conflitantes a chegarem a um acordo, admitindo-se que formule uma 
proposição objetiva de resolução para o conflito. O conciliador tem 
uma participação mais incisiva do que o mediador, posto que manifesta 
a sua opinião sobre uma solução justa para o conflito e propõe os 
termos do acordo. Entretanto, o conciliador não tem poder para impor 
uma decisão às partes.
A conciliação é um método mais rápido de negociação e é indicado 
quando as partes de conflito não têm relação continuada, em outras 
palavras, em casos de conflitos objetivos, em que há uma controvérsia 
pontual entre as partes. Sua utilização é indicada quando o conflito advém 
de uma situação circunstancial e não há necessidade de preservação do 
relacionamento entre as partes. Normalmente, a conciliação realiza-se 
apenas com uma sessão.
Exemplos de situações em que a conciliação é indicada: relações de 
consumo e acidentes de trânsito. A conciliação trata o conflito de modo 
pontual e visa à obtenção de um acordo.
Objetivo 
Identificar as vantagens do uso da mediação.
Perícia Contábil e Arbitragem 4
1. Facilitador para a solução de um conflito
De acordo com Vale e Vial (2020), atualmente, a conciliação é aplicada 
pelos Tribunais de Justiça por meio dos Centros Judiciários de solução 
de conflitos e cidadania – CEJUSC. A principal característica que a 
distingue da mediação é a possibilidade do terceiro imparcial, que a 
conduz, apresentar às partes soluções para que se realize um acordo.
Figura 1: Atuação de um terceiro imparcial na mediação. Fonte: Dreamtime:
Trata-se de uma importante ferramenta para os Juizados Especiais 
Cíveis, graças à sua aplicação nos casos de menor complexidade e 
valor. Outra vantagem é a sua previsão de solução das controvérsias 
em poucas sessões.
A conciliação judicial ocorre quando já há um pedido de solução do 
problema na justiça, assim, o próprio juiz ou um conciliador treinado 
têm a oportunidade de atuar de forma a possibilitar um acordo.
A conciliação é muito incentivada pois é considerada a melhor forma de 
resolução de conflitos: é mais rápida, mais barata, mais eficaz e pacífica 
muito mais. O risco injustiça é muito menor, pois os próprios envolvidos, 
com ajuda do juiz ou conciliador, definem a solução para o problema, 
assim, todos saem vitoriosos.
O Código de Processo Civil possui diversos artigos que incentivam a 
conciliação.
Art. 277. O juiz designará a audiência de conciliação a ser realizada no prazo de trinta 
dias, citando-se o réu com a antecedência mínima de dez dias e sob advertência 
prevista no § 2º deste artigo, determinando o comparecimento das partes. Sendo ré 
a Fazenda Pública, os prazos contar-se-ão em dobro.
§ 1º A conciliação será reduzida a termo e homologada por sentença, podendo o juiz 
ser auxiliado por conciliador.
Art. 331. Se não ocorrer qualquer das hipóteses previstas nas seções precedentes, 
e versar a causa sobre direitos que admitam transação, o juiz designará audiência 
preliminar, a realizar-se no prazo de 30 (trinta) dias, para a qual serão as partes 
Perícia Contábil e Arbitragem 5
intimadas a comparecer, podendo fazer-se representar por procurador ou preposto, 
com poderes para transigir.
§ 1o Obtida a conciliação, será reduzida a termo e homologada por sentença.
Art. 447. Quando o litígio versar sobre direitos patrimoniais de caráter privado, o 
juiz, de ofício, determinará o comparecimento das partes ao início da audiência de 
instrução e julgamento.
Parágrafo único. Em causas relativas à família, terá lugar igualmente a conciliação, 
nos casos e para os fins em que a lei consente a transação.
Art. 448. Antes de iniciar a instrução, o juiz tentará conciliar as partes. Chegando a 
acordo, o juiz mandará tomá-lo por termo.
Art. 449. O termo de conciliação, assinado pelas partes e homologado pelo juiz, terá 
valor de sentença.
Art. 125. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, 
competindo-lhe:
I - assegurar às partes igualdade de tratamento;
II - velar pela rápida solução do litígio;
III - prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da Justiça;
IV - tentar, a qualquer tempo, conciliar as partes.
Em razão da sua importância e eficácia, a conciliação passou a 
ser o fundamento dos juizados especiais, nos quais, para todas as 
causas, é primordial a tentativa de conciliação. Ao lado da mediação, 
está a conciliação, que é um processo consensual ou uma fase do 
processo heterocompositivo, em que se aplicam algumas técnicas 
autocompositivas e no qual há, em regra, restrição de tempo para sua 
realização. 
É um processo autocompositivo breve aplicado a conflitos menos 
complexos ou lides de menor importância. Sob o ponto de vista material, 
as partes são auxiliadas por um terceiro sem interesse na causa, que 
atua sob a orientação do juiz. 
O conciliador auxilia as partes a chegarem a uma solução ou acordo 
com o uso de técnicas adequadas, orientando e facilitando a composição, 
que pode resultar de concessões mútuas. Ele pode, inclusive, sugerir 
soluções, participando do conteúdo das decisões, conforme prevê o 
Código de Processo Civil. 
Figura 2: O conciliador auxilia as partes. Fonte: Dreamstime.
Perícia Contábil e Arbitragem 6
Desse modo, o conciliador pode ter um papel mais ativo, sendo possível 
fazer propostas de solução, bem como emitir opinião acerca do objeto 
da disputa, sempre mantendo a imparcialidade. Ele sai da postura de 
mero facilitador do diálogo, como acontece com o mediador, e ajuda, 
junto às partes, a desenhar uma solução de ganhos mútuos.
A potencial diferença na conduta do conciliador, em comparação à do 
mediador, se justifica em razão da teórica distinção de objetivos entre 
um método e outro. Potencial porque o conciliador não é obrigado a 
sugerir solução, podendo muito bem atuar como facilitador do diálogo, 
catalisador das negociações entre as partes. Eventual postura mais 
passiva não desnatura a sessão autocompositiva e nem a transforma em 
uma sessão de mediação. Trata-se de perfil do facilitadore das demandas 
próprias de cada conflito e predisposição dos envolvidos.
No tocante aos objetivos, então, a conciliação visa a alcançar o acordo 
entre as partes referentes ao objeto do conflito, servindo mais ao 
processo. Os critérios discutidos entre o conciliador e as partes estão 
mais relacionados às regras aplicadas ao caso concreto. 
Ainda, a conciliação é mais voltada ao acordo, à resolução pontual da 
controvérsia, sem a necessidade de englobar a pauta subjetiva (questões 
subjacentes). Ao passo que a mediação “pretende a desconstrução do 
conflito como um todo, razão pela qual a pauta de discussão abrange 
também os componentes subjetivos, como forma de restabelecer o 
diálogo entre os participantes e dar-lhes a possibilidade de gerir os 
novos desentendimentos que eventualmente surgirem”. (ALMEIDA; 
PANTOJA, 2019, p.95)
Com efeito, também pelo CPC (art. 165, §2º), como dito anteriormente, 
o conciliador atua “preferencialmente nos casos em que não houver 
vínculo anterior entre as partes”, podendo sugerir soluções para o litígio, 
entretanto, é “vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento 
ou intimidação para que as partes conciliem”. 
Assim, destinou a conciliação para casos, a princípio, menos complexos, 
entendida a complexidade como inexistência de vínculos anteriores, 
cuja carga emocional presume-se que seja mais branda, em razão de não 
haver relação preliminar entre as partes. Todavia, nada obsta que, em 
um caso concreto no qual não haja vínculos anteriores, a profundidade 
do drama justifique a utilização de técnicas de mediação, com vistas 
a englobar questões subjacentes, abordando o conflito de uma forma 
mais ampla e trabalhando, também, o empoderamento das partes, 
fortalecendo seu protagonismo e melhorando a comunicação, mesmo 
que não haja relações continuadas. 
Perícia Contábil e Arbitragem 7
Figura 3: Fortalecendo o seu protagonismo e melhorando a comunicação. Fonte: Dreamstime.
Por outro lado, também nada impede que, em um caso de relações 
multiplexas, se assim demandado, o facilitador adote uma postura mais 
ativa, mas sem sugerir soluções. 
É o perfil dos envolvidos, sua predisposição em participar das sessões 
autocompositivas e em resolver a disputa, seu comportamento e a forma 
de se comunicar que guiarão a postura do facilitador e que determinarão 
a melhor abordagem a ser adotada, permitindo uma verdadeira justiça 
artesanal, adequada às particularidades do caso concreto. 
Portanto, na prática, há interpenetração entre mediação e conciliação, 
sendo mais adequado definir qual abordagem adotar após um prévio 
mapeamento do cenário da disputa, levando-se em conta a disposição 
das partes, o objeto do litígio, dentre outros fatores.
2. A Cláusula Compromissória no Direito 
Societário
A cláusula compromissória é uma espécie de convenção de arbitragem 
mediante a qual os contratantes se obrigam a submeter seus futuros 
e eventuais conflitos que possam surgir do contrato à solução 
arbitral. Dessa forma, não é relevante se a mesma é instituída 
contemporaneamente ou posteriormente ao contrato, mas sim que seja 
instituída antes da existência dos conflitos e contenha a obrigação de 
as partes submeterem suas divergências à solução arbitral (SCAVONE, 
2016).
Compromisso arbitral é uma espécie de convenção de arbitragem em 
que as partes, diante de um conflito já existente, pactuam a solução 
deste por meio de uma solução arbitral, podendo ser judicial – na qual as 
partes decidem, por intermédio de um termo no processo em andamento, 
submeter a decisão à arbitragem – ou extrajudicial – firmada depois do 
conflito, mas antes da propositura da ação judicial (SCAVONE, 2016).
Perícia Contábil e Arbitragem 8
Figura 4: As cláusulas compromissórias no direito societário. Fonte: Dreamstime.
Somente poderão utilizar a cláusula compromissória ou o compromisso 
arbitral, sujeitos capazes e titulares de direitos patrimoniais e 
disponíveis. Nota-se que as decisões arbitrais, segundo o que dispõe 
o ordenamento jurídico brasileiro pela Lei 9.307/1996 (BRASIL, 1996), 
só poderão ser submetidas ao controle judicial quanto à sua validade, 
mas não quanto ao seu mérito, o que evidencia o reconhecimento do 
legislador à prevalência da vontade das partes contratantes (THEODORO 
JÚNIOR, 2015).
Tal fato representa um importante aspecto para o adequado e célere 
cumprimento das obrigações empresariais no ambiente de negócios. 
Prevista no artigo 3° e 4° da Lei de Arbitragem, a cláusula 
compromissória é o documento que constará nos contratos assinados 
entre as partes, prevendo que os litígios oriundos do instrumento 
contratual assinado serão resolvidos por meio da arbitragem.
-
Importante salientar que, nesse ponto, o consensualismo é primordial, 
por não ser um método de resolução de demandas obrigatório, 
faz-se necessário um acordo entre as partes, que é o conhecimento 
e concordância das partes que assinam um contrato, de que qualquer 
demanda oriunda do negócio jurídico por eles acertado será resolvido 
pelo meio arbitral.
Desse modo, havendo concordância entre as partes, essa eventual 
demanda, deve obrigatoriamente ser solucionada por arbitragem.
Segundo Figueira Júnior (1999, s.d): “A cláusula compromissória possui 
natureza vinculante, reforçando assim o princípio da obrigatoriedade 
das convenções que vinculam as partes no que é previamente acertado”.
 Cláusula compromissória.
 Convenção de arbitragem. 
 Solução arbitral.
Compromisso arbitral.
Perícia Contábil e Arbitragem 9
Caso uma das partes ingresse na via judicial, em uma demanda com 
cláusula compromissória, o juiz deverá extinguir o processo sem 
julgamento do mérito, em conformidade com o que dispõe os arts. 485, 
VII e 337, X do Código de Processo Civil.
Dentro do conceito de cláusula arbitral, temos uma diferenciação 
do que é denominada “cheia” e “vazia”, relacionadas às disposições 
existentes e previamente acertadas entre as partes, conforme vemos 
a seguir:
 ▪ Cláusula arbitral cheia: Nesse tipo de cláusula arbitral, temos o 
estabelecimento antecipado dos requisitos mínimos para instauração 
do procedimento arbitral, como a identificação das partes, a indicação 
dos árbitros, o local, entre outros requisitos, previstos no art. 10 da 
Lei de arbitragem. Existindo a seguinte divisão nesse conceito: 
quando as partes pactuam todas as condições previstas em lei para 
a instauração da arbitragem ou quando as partes indicam entidade 
especializada que já contém as condições formais para a instauração 
da arbitragem, geralmente em nível internacional.
 ▪ Cláusula arbitral vazia: Apenas prevê a instauração do procedimento 
arbitral, ou seja, não necessariamente constarão na cláusula 
compromissória, os requisitos presentes no art. 10 da Lei 9.307 de 
1996. Sendo acertado, posteriormente, de que forma se dará o 
procedimento, em uma eventual demanda oriunda do contrato com 
esse tipo de cláusula compromissória.
 ▪ Da extensão da cláusula compromissória: Os contratos e cláusulas 
compromissórias, a priori, obrigam apenas as partes signatárias 
a se submeterem aos efeitos oriundos daquilo que fora acertado 
em instrumento contratual. Porém, o amadurecimento dos 
entendimentos jurisprudenciais e doutrinários permitem que 
os efeitos de instrumentos contratuais se estendam a terceiros 
que não estiveram diretamente associados no momento inicial da 
assinatura do contrato, mas que de alguma forma se beneficiam dos 
efeitos da operação contratual.
Acontece que, em situações de comportamentos, situações econômicas e 
empresariais que levem ao entendimento do árbitro de que se houver 
benefício ou mera presunção de benefício, acontece a extensão dos 
efeitos da cláusula compromissória a terceiros não signatários.
3. Mediação e Impactos Positivos para o 
Judiciário
O Judiciário brasileiro, apresenta sintomas críticos que se sustentam por 
uma estrutura pesada, comeficiência limitada, em que a morosidade na 
solução de conflitos de maneira coercitiva resulta em consequências 
danosas à sociedade, entre elas, a ineficácia da tutela jurisdicional e os 
impactos negativos na economia do país (VIEIRA; PINHEIRO, s.d). 
Perícia Contábil e Arbitragem 10
Segundo Watanabe (2005), essa “cultura da sentença” provoca o aumento 
cada vez maior da quantidade de recursos, com o congestionamento 
das instâncias ordinárias, dos Tribunais Superiores e da Suprema Corte. 
Mais do que isso, aumenta também a quantidade de execuções judiciais 
(WATANABE, 2005).
Contudo, a crescente demanda judicial faz com que surja a necessidade 
de desenvolver novos meios para atender as necessidades da sociedade. 
Um marco na Reforma do Judiciário foi a criação do Conselho Nacional 
de Justiça que promulgou a Resolução 125, que dispõe sobre a Política 
Judiciária Nacional de tratamento adequado dos conflitos de interesses 
no âmbito do Judiciário. 
A mediação judicial está prevista na Lei da Mediação e no Novo 
Código de Processo Civil (art. 165). Portanto, a mediação deve ser 
praticada como uma forma de pacificação social e não somente de 
resolução de conflitos, tendo em vista as relações sociais mediadas 
(WATANABE, 2005).
Figura 5 : Mediação judicial. Fonte: Dreamstime. 
Segundo Silva (2013, p.53), “a solução do conflito por meio da 
mediação ou conciliação enseja maior efetividade, já que se dá por 
meio do consenso, promovido pela mediação, ao invés da imposição, 
implementada pela sentença”. 
“Uma população de 202 milhões de habitantes propicia o espetáculo 
de mais de 100 milhões de processos judiciais, como se toda a nação 
estivesse a demandar”. (NALINI, 2016, p.27)
Contudo, a justiça estatal clássica que apresenta apenas a solução 
adjudicada para o caso concreto não é mais o único meio adequado de 
Perícia Contábil e Arbitragem 11
solução dos conflitos. Ao lado dessa justiça, a justiça multiportas, em 
que a solução adjudicada passa a ser a ultima ratio. Saímos da tutela 
processual para a tutela dos direitos. 
Esse modelo, como já mencionado, vem produzindo resultados 
muito positivos em outros países, demonstrando que as negociações 
preliminares são convenientes em qualquer tipo de litígio, indicando, 
porém, que essas tratativas iniciais não devem ser promovidas pelo juiz 
que fará a análise da contenda na fase do julgamento.
Já se sabe, também, que é na fase pré-processual que se deve produzir 
todo o empenho, concentrando a maior energia inicial possível e 
que levará à solução mais efetiva. Situação diversa é a que não raro 
vivenciamos hoje em dia, quando verificamos o desenvolvimento do 
processo e, ao meio ou ao final, percebemos a falta de pressuposto ou 
nulidade ou mesmo da produção de alguma prova imprescindível ao 
deslinde do feito. 
Com base nessas experiências exitosas e na mesma linha do que já 
vem determinado na Resolução 125/2010 do Conselho Nacional de 
Justiça, o novo CPC determina a criação de centros judiciários de solução 
consensual de conflitos, em que deverão ser realizadas as sessões de 
conciliação ou mediação por profissionais devidamente treinados e 
formados para exercer tal atividade. 
Esse fato não impede a existência de câmaras privadas de conciliação 
e mediação, que poderão funcionar, desde que estejam habilitadas em 
cadastros junto aos Tribunais. 
Especialmente quando quem protagoniza a tentativa de abordagem 
consensual é o juiz, a situação pode se tornar ainda mais perigosa por 
força da autoridade que detém. Por fim, não se pode deixar de anotar 
que o desenvolvimento da mediação passa necessariamente pela 
valorização da liberdade e da autonomia das partes. Bem por isso o 
direito de acesso ao Direito, pilar fundamental do Estado de Direito, 
vem sofrendo profundas transformações. Deixou de ser um direito de 
acesso ao Direito por meio do direito de acesso aos tribunais para passar 
a ser um direito de acesso ao direito, de preferência sem contato ou sem 
passagem pelos tribunais [...] Agora, o direito de acesso aos tribunais é 
um direito de retaguarda, sendo seu exercício legítimo antecedido de 
uma série de filtros. 
A lógica do julgamento formal, impositivo, está completamente 
dissociada da lógica conciliatória, na medida em que nesta deve-se 
valorizar as pessoas e seus sentimentos; reconhecer-se sua dignidade 
e promover a inclusão dos envolvidos, mostrando-lhes que elas são 
capazes de encontrar a melhor solução para o seu conflito. Não há, 
portanto, espaço para condutas autoritárias e prognósticos ameaçadores.
Perícia Contábil e Arbitragem 12
Em nossos estudos, vimos que os meios alternativos de solução de 
conflitos são instrumentos de pacificação social, que permitem a toda 
população a desburocratização do Judiciário por meio desses serviços, 
uma nova gestão democrática do Poder Judiciário e o fortalecimento 
da cultura de Direitos Humanos. Cumpre dizer que o Poder Judiciário 
é visto, geralmente, pelos seus personagens, o juiz, o promotor, o 
advogado, o autor e o réu, nos quais se pretende buscar judicialmente 
a solução do litígio.
Porém, atualmente, o judiciário enfrenta grandes problemas no que 
diz respeito à quantidade de processos aguardando por julgamento e 
é partindo desse princípio que as medidas alternativas devem e são 
utilizadas para a resolução daqueles conflitos mais simples e flexíveis 
de serem solucionados. 
Percebemos, que as principais formas autocompositivas de resolução 
de litígios, enfatizadas no Código de Processo Civil, cada qual com sua 
característica, ensejam uma alternativa de descongestionar o Poder 
Judiciário, possibilitando meios com valores acessíveis, que permitem 
chegar a um acordo efetivo mais rápido e igualitário entre as partes. 
Assim, vimos que a conciliação, então, no dever de fazer diálogo entre 
as partes, intervindo como um terceiro imparcial e ativo (conciliador), 
facilitando a comunicação entre as mesmas e mostrando as vantagens 
de uma composição e os riscos de a demanda ser judicializada até 
chegar a uma solução. 
Aprendemos que, conforme o Código de Processo Civil de 2015, que 
estabelece o dever de todos os aplicadores de direito de estimularem a 
conciliação, a mediação e a arbitragem, é possível ver e oferecer, assim, 
mais celeridade aos processos judiciais, a otimização dos procedimentos, 
contribuindo significativamente para a pacificação social entre os 
litigantes, fazendo com que esses institutos cumpram seu real papel na 
resolução dos litígios. 
Ao final, concluímos que, cabe ao Estado, garantir a real justiça para 
todos, responsabilizando-se em adotar os métodos adequados para 
que o sistema consensual de conflitos atinja os objetivos propostos, em 
busca de uma sociedade igualitária e menos conflituosa. Essa mudança 
de paradigmas é assegurada pelos direitos constitucionais e permite 
realizar a justiça material tão desejada pelo cidadão. 
Perícia Contábil e Arbitragem 13
Referências:
ALMEIDA, D. A. R.; PANTOJA, F. M. Natureza da Mediação de Conflitos. 
In: ALMEIDA, T., et al. (Coord.). Mediação de Conflitos: para iniciantes, 
praticantes e docentes. Salvador: JusPodivm, 2019, p.89-100.
BRASIL. Lei n. 9.307, de 23 de setembro de 1996. Dispõe sobre a 
arbitragem. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
l9307.htm. Acesso em 08 de set de 2020.
FIGUEIRA JÚNIOR, J. D. Arbitragem, jurisdição e execução: análise crítica 
da Lei 9307. São Paulo, Revista dos Tribunais, jun., 1999. 
NALINI, J. R. É urgente construir alternativas à justiça. In: ZANETI JÚNIOR. 
H.; CABRAL, T. N. X. Justiça Multiportas: Mediação, Conciliação, Arbitragem 
e outros meios de solução adequada de conflitos. Salvador: Juspodium. 
2016.
SCAVONE JÚNIOR, L. A. Manual de arbitragem: mediação e conciliação. 7 
ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016. 
SILVA, L. A. M. G.(org). Mediação de Conflitos. São Paulo. Atlas, 2013. 
THEODORO JÚNIOR, H. Curso de direito processual civil: volume I. Rio de 
Janeiro: Forense, 2015.
VALE, K. A.; VIAL,R. Mediação extrajudicial de conflitos interempresariais. 
Revista da Seção Judiciária do Rio de Janeiro, [S.l.], v. 23, n. 47, p.135-
153, abr. 2020. Disponível em: http://lexcultccjf.trf2.jus.br/index.php/
revistasjrj/article/view/305. Acesso em: 09 set. 2020.
VIEIRA, J. L.; PINHEIRO, I. A. Contribuições do Conselho Nacional de 
Justiça para a Gestão do Judiciário. Encontro ANPAD, 32, 2008, Rio de 
Janeiro. Rio de Janeiro: ANPAD. 
WATANABE, K. Cultura da Sentença e Cultura da Pacificação. In: F. L., 
YARSHELL; MORAES, M. Z. (Org.), Estudos em Homenagem à Professora 
Ada Pellegrini Grinover, São Paulo, DPJ. 
Perícia Contábil e Arbitragem 14
http://lexcultccjf.trf2.jus.br/index.php/revistasjrj/article/view/305
http://lexcultccjf.trf2.jus.br/index.php/revistasjrj/article/view/305
	Histórico da Administração 
de Recursos Humanos
	Para início de conversa…
	Objetivos
	Perícia 
	Para início de conversa...
	Objetivo
	1. Aspectos Históricos
	1.1 Aspectos Conceituais e Finalidades
	1.2 Inovações Trazidas pelo Novo Código de Processo Civil: 
Lei nº. 13.105/15 para a Perícia
	1.3 Caráter e Objetos da Tecnologia Contábil da Perícia
	Referências
	_GoBack
	Profissionais de Perícia Contábil 
	Para Início de Conversa...
	Objetivo
	1. Perito e Assistente Técnico
	2. Qualidade do Perito
	3. Qualidade do Trabalho do Perito
	Referências
	Tipos de Perícias
	Para Início de Conversa...
	Objetivo
	1. Resolução CFC no 858, de 21/10/1999 – Tipos de Perícias.
	2. Perícia Judicial e Extrajudicial
	3. Elementos Materiais de Exame Pericial
	Referências
	_rehsinfd46eq
	_2ykmu5j73qxw
	_uomna6w29zet
	_hqdopxvvho13
	Laudo e Parecer de Leigos
	Para Início de Conversa:
	Objetivo
	1. Resolução CFC n° 939, de 24 de maio 
de 2002
	2. Parecer Pericial Contábil
	2.1 O Parecer Técnico
	3. Informação pela Perícia – Laudos Periciais
	Referências:
	Ética na Perícia Contábil
	Para Início de Conversa:..
	Objetivo
	1. Resolução CFC no 1056/2005 – NBC P2 – Normas do Perito Contador
	1.2. NBC P 2.1 - Competência Profissional - Normas Brasileiras de Contabilidade - Normas Profissionais do Perito
	2. Legislação Aplicada Envolvendo Responsabilidade Civil e Criminal do Perito-Contador
	3. Fundamentos Teóricos e Éticos da Perícia Contábil e os Métodos Alternativos
	Referências:
	Mediação e Arbitragem
	Para Início de Conversa...
	Objetivo
	1. Auxiliar na Solução de Conflitos e Tomada de Decisões os Julgamentos em Conflitos Controversos
	2. Lei 13.129/2015 (Reforma da Arbitragem)
	3. A Administração Pública na reforma da Lei de Arbitragem
	Referências:
	Conciliação
	Para Início de Conversa...
	Objetivo 
	1. Facilitador para a solução de um conflito
	2. A Cláusula Compromissória no Direito Societário
	3. Mediação e Impactos Positivos para o Judiciário
	Referências:

Mais conteúdos dessa disciplina