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FMU – Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas INICIATIVAS DA ESG EM CONSTRUTORA Fernanda Nascimento Silva Projeto de experiência apresentado como requisito parcial para aprovação do curso de Pós-graduação em Controladoria, Auditoria e Compliance da FMU – Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas São Paulo 2023 INTRODUÇÃO Devido ao consumidor que a cada dia esta mais preocupado com assuntos ambientais, a siglaESG(Environment,Social,and Governance – Meio Ambiente, SocialeGovernança Coorporativa) esta cada vez mais notoria em todos os segmentos, inclusive na construção civil. AESG(Environment,Social,and Governance – Meio Ambiente, SocialeGovernança Coorporativa)surgiu em 2005 em um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU). A governança ambiental, social e corporativa é uma abordagem que avalia até que ponto uma corporação trabalha em prol de objetivos sociais que vão além da função de maximizar os lucros. ESG nada mais é do que a ideia de que as empresas privadas do sistema de produção capitalista devem contribuir com a sociedade, por meio de ações e políticas pontuais, bem como programas e fundações, além da promoção do desenvolvimento sustentável (VASCONCELOS, ALVES e PESQUEUX, 2012). Ao longo das últimas décadas, está em ascensão a quantidade de empresas que estáaderindo às políticas de ESG, e com ela o número de pesquisas acadêmicas voltadas ao estudodos impactos da adoção dessas políticas nas organizações. Em outro prisma, o conceito de ESG abrange um conjunto de critérios e valores para nortear a conduta de empresas, principalmente no âmbito da análise de investimentos. Existe uma diversidade de índices e métricas para avaliar uma empresa, e quanto mais delas forem utilizadas, melhores serão as análises e conclusões para um possível investimento (BOFF; PROCIANOY; HOPPEN, 2006). Neste sentido, o conceito de ESG fundamenta-se em três pilares: sustentabilidade ambiental; responsabilidade social; e melhores práticas de governança. O primeiro pilar é sustentabilidade ambiental (E), tem como objetivo trazer o conceito de desenvolvimento sustentável para as práticas corporativas. Nada mais é o desenvolvimento sustentável que o “desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazer as suas próprias necessidades” (BRÜNDTLAND, 1987 in VASCONCELOS, ALVES e PESQUEUX, 2012). O segundo pilar, de responsabilidade social (S), segundo o autor Linhares, resume- se na igualdade e respeito pelos direitos humanos a todos indivíduos da sociedade. Promove uma sociedade justa com inclusão social com foco na extinção da pobreza, evita qualquer forma de exploração humana e procura o bem das comunidades locais. Este pilar é, então, uma visão sobre como a empresa trata não só o seu público interno, do ponto de vista de relações trabalhistas, mas também o seu público externo, com ações sociais. O ultimo pilar é Governança Corporativa (G). A ideia que está por trás do conceito de governança corporativa, é de um sistema de controles, medidas e ferramentas para garantir que a empresa atue dentro das mais modernas práticas, sejam elas regulatórias, societárias e legais, garantindo o bom funcionamento dos negócios. A responsabilidade social corporativa tornou-se um tema recorrente no âmbito das organizações ao longo da última década. Esse movimento se caracteriza fundamentalmente por uma proposta de retomada das questões éticas tanto no âmbito interno das organizações como no seu relacionamento com o público externo, qual seja, consumidores, clientes, fornecedores, Governo e acionistas, os chamados stakeholders (SOARES, 2004, p. 1). Considerando que a ESG é indipensavel para uma organização no mercado atual, iremos seguir com a iniciativa de entender o que e como a empresa atende o mercado e como podemos destacar a ESG dentro da organização. Além de entender que a ESG é essencial, o principal motivador para utilizar é quem atua no meio corporativo não precisa mais escolher entre construir um mundo mais sustentável ou ter bons resultados financeiros. Boas práticas de ESG, ou seja, de governança, responsabilidade social e com o meio ambiente, agora são fatores que contribuem para o balanço das empresas METODOLOGIA Inicialmente revisamos a bibliográfica sobre os principais conceitos de ESG e sua perspectiva histórica, as pesquisas seguem pelos conceitos já existentes, considerando a visão que o mercado financeiro de forma geral, enfrenta a questão do ESG e quais os indicadores mais conhecidos. Feita a análise dos benefícios e resultados já alcançados pelas empresas com base nos relatórios oficiais corporativos, resultantes das ações de ESG. Neste sentido, a metodologia do presente trabalho se sustenta inicialmente, na revisão bibliográfica dos principais conceitos e abordagens sobre o que é ESG Por meio de referências no seu respectivo setor, e que estejam listadas na carteira teórica de 2021 do ISE – Índice de Sustentabilidade Empresarial – da B3, com uma análise das principais ações, conquistas e resultados das respectivas empresas, com o objetivo de relacionar estes resultados com o fato de estar no ISE e suas implicações para dentro da companhia. Ou seja, quais os benefícios de estar no ISE e o que isso traz para a companhia? Nas considerações finais, uma reflexão: ESG é estratégia de atuação? Os resultados das empresas demonstram alinhamento com as práticas ESG? Com este trabalho, espera- se contribuir com a literatura e com a sustentabilidade empresarial de forma geral, mostrando os benefícios de se adotar medidas alinhadas com as principais práticas ESG, não só do ponto de vista de resultados financeiros e cumprimento de critérios, mas em uma perspectiva de estratégia de atuação das companhias. O ISE é um importante indicador e, no Brasil, é considerado o segundo indicador mais importante do mercado, ficando atrás somente do Ibovespa. Estudo da B3 demonstra, também, que o ISE está intimamente ligado à adoção de práticas dos ODS pelas empresas, o que demonstra que não é um indicador apenas de discurso e certificação, mas que traz resultados práticos para a sociedade como um todo (B3, 2021). O ÍSE traz ainda, indicadores que são analisados na prática para definição das empresas que farão parte da carteira teórica, tais como: a. Medidas disciplinares para violação de direitos relacionados a orientação sexual e identidade de gênero; b. Existência de discussões com a alta liderança sobre a promoção da equidade quanto à licença parental entre homens e mulheres, incluindo o benefício para casais homoafetivos e famílias monoparentais; c. Existência de compromissos em relação ao combate à prática de discriminação em todas as suas formas, dentre outros (B3, 2021). Além destes indicadores trazidos pelo ISE, outros exemplos de indicadores de ESG são: 1. Redução de emissão de Gases de Efeito Estufa; 2. % de mulheres na liderança; 3. % de mulheres no número total de colaboradores; 4. % de investimentos sociais; 5. % de colaboradores treinados em políticas anticorrupção, dentre diversos outros DESIGN THINKING Design Thinking é uma expressão que se refere ao uso de métodos e técnicas da profissão de designer para estimular e organizar o processo de pensamento crítico, criativo e colaborativo, visando a inovação. Construídas a partir de diversas perspectivas, as idéias são geradas e difundidas de forma empática, funcional e visual. Essa estratégia visa estimular o desenvolvimento do novo para atender às reais necessidades, sem deixar de considerar as condições existentes. O que o Design Thinking faz é promover uma visão diferente, que leva a outras opções de produtos, práticas e soluções.Pode ser usado para mudar a metodologia de tomada de decisão, viabilizar um projeto, eliminar um obstáculo, renovar um procedimento etc. O processo de design thinking geralmente envolve as seguintes etapas: Empatia: Compreender as necessidades e perspectivas dos usuários para os quais você está projetando. Definição: Refinar o problema com base nas informações coletadas, estabelecendo um entendimento claro do desafio a ser enfrentado. Ideação: Gerar uma variedade de ideias para resolver o problema, encorajando a criatividade e o pensamento fora da caixa. Prototipagem: Criar representações tangíveis das soluções propostas para avaliação e iteração. Teste: Colocar os protótipos nas mãos dos usuários para obter feedback e refinamento contínuo. Essas etapas são muitas vezes interativas e não lineares, permitindo flexibilidade no processo de design. Utilizaremos ela no intuito mapear os fatores, levantar as informações pertinentes; identificar o que já foi feito e entender as perspectivas na iniciativa da ESG na Construtora Tegra. O QUE SÃO OS ODS (OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL)? Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são uma agenda mundial adotada durante a Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável em setembro de 2015, composta por 17 objetivos e 169 metas a serem atingidos até 2030. Nesta agenda estão previstas ações mundiais nas áreas de erradicação da pobreza, segurança alimentar, agricultura, saúde, educação, igualdade de gênero, redução das desigualdades, energia, água e saneamento, padrões sustentáveis de produção e de consumo, mudança do clima, cidades sustentáveis, proteção e uso sustentável dos oceanos e dos ecossistemas terrestres, crescimento econômico inclusivo, infraestrutura, industrialização, entre outros. ESG E ODS DENTRO DA CONSTRUTORA Identificando o que a organização poderia fazer dentro da ESG iniciamos então no departamentos de suprimentos que são os mateirais de uma obra, como por exemplo cimento, aço, madeira e o gesso, quase sempre pressupõem algum tipo de extração, com um impacto ambiental relevante. Outra questão a construção civil é responsável por quase metade da geração de resíduos no mundo. Passando para a dimensão social quando você vê a construção de um prédio em um bairro, o impacto gerado na comunidade é enorme. A construção civil, como um todo, sempre foi muito mal avaliada nesse quesito. Sempre foi encarada como uma indústria com altos níveis de acidentes e péssimas condições de trabalho nos canteiros, empregando uma mão de obra despreparada e mal treinada. A questão social, portanto, é muito importante prover um ambiente seguro e saudável para os trabalhadores, com refeições e níveis de nutrição adequados. Oferecer treinamento e recomendações para os trabalhadores que vão além das questões técnicas, algo que possa ser compartilhado também com a família e os amigos. Por último, temos a questão de governança. Se você pensar em qualquer projeto de construção vai reparar que sempre envolve grandes investimentos e muitas empresas e profissionais: fornecedores, clientes, investidores, bancos, órgãos públicos etc. Há diversas interfaces com agências de água, esgoto, energia e a necessidade de muitas aprovações. Então, é muito importante ter um relacionamento transparente, bem administrado e integrado. Ou seja, há muita coisa para fazer nos três pilares de ESG. Contribuindo para o enfrentamento do desafio de criar cidades melhores, a Construtora, hoje trabalha no projeto “O Futuro da Minha Cidade”. A iniciativa visa criar e fortalecer o protagonismo na sociedade civil organizada de pensar e atuar no planejamento de um futuro para as cidades. O programa trabalha a relação com a comunidade e seu protagonismo na gestão urbana, constituída por uma governança capaz de planejar os próximos anos com escolhas feitas no presente, levando em conta os desafios e os potenciais de cada localidade, sendo também capaz de acompanhar e monitorar o poder público no desenvolvimento de suas ações em direção ao planejado. Projeto que reúne desafios e oportunidade para as cidades com essa governança, em um exercício da corresponsabilidade dos cidadãos. A IMPORTANCIA DA SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA Importância da Sustentabilidade Corporativa Uma pesquisa realizada pelo Ministério do Meio Ambiente, em 2012, aponta que 82% das pessoas discordam da seguinte frase: “O conforto que o progresso traz para as pessoas é mais importante do que preservar a natureza". Em 1997, essa mesma pesquisa conquistou a discordância de apenas 67%. Em 2018, o “meio ambiente e riquezas naturais” aparece como maior orgulho nacional para o brasileiro (WWF, 2019). Atualmente, diversas técnicas sustentáveis agregam valor na produção e são bem vistas pelas empresas e seus consumidores, como a técnica de produção mais limpa (P+L). O conceito de Sustentabilidade Corporativa pode ser expresso como uma preocupação contínua na adoção de estratégias econômicas, ambientais e tecnológicas integradas aos processos e produtos, a fim de aumentar a eficiência no uso de matérias-primas, água e energia, possibilitando a não-geração, minimização ou reciclagem de resíduos gerados em um processo produtivo. O risco de se investir em empresas que têm externalidades na sociedade ao seu redor pode ser alto, como o caso da Vale S.A, empresa brasileira que é uma das maiores empresas de minério de ferro do mundo, e teve duas falhas nas barragens de rejeitos de minério de ferro, a primeira em Mariana (2015) e a segunda de Brumadinho (2019) com consequências severas. O resultado paralelo que as empresas têm ganhado junto ao interesse dos novos consumidores é um incentivo para o adensamento de políticas cada vez mais independentes e rigorosas. Atualmente, segundo Flynn e Nechunaev (2020) é “muito raro” encontrar empresas que não estejam cientes das demandas feitas por investidores ESG, como por exemplo, reduzir o consumo de energia – ou gerar a sua própria energia – e outros recursos naturais, reduzir emissão de carbono das operações, dentre outros. O crescimento dos investimentos socialmente responsáveis está criando um fortalecimento de uma cultura de sustentabilidade e responsabilidade. Certificados e prêmios sustentáveis vêm sendo reconhecidos mundialmente, influenciando empresas médias e grandes, principalmente, a se tornarem contribuintes na busca de soluções para os problemas ambientais. Exemplos de prêmios que incentivam as práticas de ESG são: (i) Prêmio Eco, vencido em 2021 pela Natura, que premia empresas com iniciativas inovadoras na 27 área de sustentabilidade6 ; (ii) Prêmio EXAME ESG, que premiou em 2021, empresas de 17 setores diferentes da economia7 . Estes prêmios incentivam as empresas, uma vez que melhora a visão do mercado e da sociedade como um todo para com essas empresas. Além disso, o mercado financeiro utiliza alguns índices para avaliar a sustentabilidade nas companhias listadas, que serão analisados na sequência. VANTAGENS ECONOMICAS Uma das vantagens da ESG na construção civil é a maior economia a partir do consumo consciente de recursos. Outra é a maior facilidade para atrair investidores, já que essa é uma das questões mais valorizadas por bancos e fundos de investimento na hora de identificar novas oportunidades. CONSIDERAÇÕESFINAIS Concluímos que aimplantaçãodeuma política ESG dentro de umaorganização deve ter o alinhamento entre todos os setores. Nestas pequenas atividades do dia a dia de uma organização que é possível adequar e entender a responsabilidadevsociovambientalve devgovernança. Ao iniciar a implantação desta política na empresa deve ser estudado e criado um departamento que siga com essas iniciativas de cuidado ambiental e sociais junto ao público interno e externo. Uma esquipe voltada ao ESG em uma empresa éo ideal para conduzir e dar sequencia a iniciativas de sustentabilidade, sociais e de manter umcomplianceativo. Manter este intuito reforçariaaideiaeaperfeiçoaria cada vez mais a ESG em cada setor. Quando o ESG ainda não era popular, as empresas viam neste conceito um diferencial competitivo, mas atualmente adotar estratégias ESG vem se tornando quase que uma prioridade. Fatores como rápidas mudanças climáticas, violações aos direitos humanos e as consequências da pandemia da Covid-19 foram importantes motivos que aceleraram a popularização do conceito. No entanto, dois são os motivos que realmente fazem a diferença para que o ESG ganhasse em importância: exigência de investidores para realização de novos investimentos e exigência do mercado consumidor. Hoje em dia, a sustentabilidade vem representando um critério fundamental para a tomada de decisões financeiras por parte de fundos de investimento. Estes fundos priorizam direcionar seus investimentos cada vez mais em empresas que seguem as práticas ESG. Por outro lado, muitos consumidores estão tomando suas decisões de compra com base nas ações ESG, ou seja, entre uma empresa que prioriza os cuidados com o meio ambiente e outra que não demostra esses cuidados, o consumidor escolherá cada vez mais a primeira. Além disso, tanto consumidores quanto investidores também buscam certificações externas relacionadas aos indicadores em questão. Por isso, buscar tais certificações pode ser essencial para conquistar o mercado. Na área da construção, existem selos que atestam o comprometimento das construtoras com a sustentabilidade de seus empreendimentos – como, por exemplo, LEED, BREEAM e AQUA-HQE. REFERÊNCIAS ANGROSINO, M. Etnografia e observação participante: Coleção Pesquisa Qualitativa.PortoAlegre: Bookman, 2008. BAID, V.; JAYARAMAN, V. Amplifying and promoting the “S” in ESG investing: the casefor social responsibility in supply chain financing. Managerial Finance, n. ahead-of- print,2022. BARROS, A. J. P.; LEHFELD, N. A. S. Projeto de pesquisa: propostas metodológicas.Petrópolis:Vozes, 1994 BERGAMINI JUNIOR, S. ESG, Impactos Ambientais e Contabilidade. Pensar Contábil, v.23,n. 80, p. 46-54, 2021. HUANG,D.Z.X.Environmental,socialandgovernance(ESG)activityandfirmperformance: MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. Rio deJaneiro:Abrasco; 2004. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS.Themillenniumdevelopmentgoalsreport. NewYork: UnitedNations, 2015. PACTO GLOBAL. A evolução do ESG no Brasil. São Paulo: Rede Brasil do Pacto Global,2021. Roteiro de Estudos. Disponivel em: https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=1233073 acesso em 26 de Novembro de 2023.
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