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resumo aula 3 Medicacao intracanal

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LS 
 
 
 INTRODUÇÃO 
Atualmente, novas tecnologias permitem que o tratamento endodôntico seja realizado em 
apenas uma sessão. Entretanto, nem sempre é possível realizar o tratamento endodôntico em 
sessão única. Nestes casos, é necessário utilizar uma medicação intracanal. A medicação 
intracanal consiste no emprego de medicamentos no interior do sistema de canais radiculares, 
onde deverão permanecer agindo durante todo o período entre as sessões (7-15 dias). Entre uma 
sessão e outra, teremos a medicação intracanal (curativo de demora) e o selamento coronário 
provisório. Após o prazo em que deve permanecer uma medicação intracanal (7-15 dias) começa 
a perda de propriedades da medicação no canal radicular e aumentando a chance de ter novamente alguma 
infecção, inflamação ou lesão periapical. 
 
 INDICAÇÕES PARA O TRATAMENTO ENDODÔNTICO EM MAIS DE UMA SESSÃO 
Atualmente, a maioria dos casos é feito em sessão única, tendo menos uso de anestesia, radiação 
(radiografia periapical) e diminuição de fraturas durante o tratamento. Entretando, em alguns casos é 
indicado ser feito o tratamento endodôntico em mais de uma sessão, como: 
 
 Sangramento ou exsudação persistentes: quando existe umidade dentro do 
canal, por sangue ou exsudação. Como o exemplo de uma pulpite, que ao fazer 
o acesso da câmara pulpar terá um sangramento excessivo e que às vezes não 
consegue controlar na mesma sessão, sendo impossível a obturação. Até 
mesmo em casos de abscessos (polpa necrosada) que contém processo agudo infeccioso com secreção 
purulenta. É preciso o canal seco para obturação! 
 
 Infecções bacterianas agudas ou de longa duração, principalmente em casos de insucesso 
endodôntico: como no caso de abscessos com imagem radiolúcida no ápice radicular. Se há 
infecção também há bactérias, então usa uma medicação antimicrobiana para agir nesses 
canais radiculares. 
 
 Dificuldades quanto à anatômica dentária e/ou calcificações: como raízes com 
curvatura e canais calcificados que dificultam a limpeza do canais (e risco de desvio 
do canal), então o ideal é fazer em mais de uma sessão para não correr risco de ter 
um tratamento endodôntico com insucesso. Pode pedir tomografia em alguns 
casos para melhor visualização das raízes. Uma raiz curva tende a entupir mais 
rápido os canais radiculares, então precisa ter mais atenção na irrigação e limpeza. 
 
 Reabsorções radiculares e rizogêneses incompletas: no casos de reabsorção interna 
que contém no seu interior um tecido granulomatoso que sangra e que precisa ser 
cauterizado. Na rizogênese incompleta é em casos de crianças/adolescente que 
ainda não tem a raiz totalmente formada (ausência do limite CDC), fará uma técnica 
com medicação intracanal para induzir uma barreira de tecido mineralizado no ápice 
da raiz. 
 
 Ausência de tempo suficiente para concluir o tratamento ou paciente esgotado: em casos em que o 
paciente já está 3 horas no tratamento endodôntico e o efeito da anestesia passando. 
 
 Em casos de polpa viva a indicação é fazer em sessão única, pois tem ausência de contaminação. 
LS 
 
 FUNÇÕES DA MEDICAÇÃO IC (INTRACANAL) 
 Eliminar microrganismos que sobreviveram ao preparo químico-mecânico (infecção 
persistente/ polpa necrótica); 
 Reduzir a inflamação perirradicular através da neutralização de produtos tóxicos, trazendo 
conforto ao paciente; 
 Controlar a exsudação persistente. O exsudato intracanal impede o selamento adequado 
do canal radicular; 
 Induzir a formação de tecido mineralizado (medicação específica); 
 Atuar como barreira contra a contaminação e reinfecção dos canais por bactérias da 
saliva. 
 
 MEDICAMENTOS INTRACANAIS UTILIZADOS 
 Paramonoclorofenol (PMCF); Tricresol formalina; Hidróxido de cálcio. 
 
 Paramonoclorofenol (PMCF): 
 Antimicrobiano que age somente por contato direto com o microrganismo; 
 A combinação com outras substâncias como a cânfora ou furacin, visam potencializar a 
atividade antimicrobiana e reduzir a citoxicidade; 
 Coloca-se uma mecha de algodão com quantidade mínima (com PMCF) na câmara pulpar 
sobre os canais radiculares (na entrada dos canais). 
 Atua como barreira química contra reinfecção pelos microrganismos da cavidade oral 
 Indicado para casos com pouca ou nenhuma contaminação, quando não for possível 
completar toda a limpeza e modelagem dos canais radiculares na mesma sessão. 
Indicado para polpa viva sem contaminação (pulpites). Mantém proteção de barreira 
química embaixo do curativo contra microrganismos provenientes da boca. 
 O PMCF é uma substância tóxica e pode gerar lesão se tiver contato com tecido orgânico (efeito 
cáustico), por isso é misturada com outra substância (lesão em contato com mucosa e expelir para 
fora do forame apical). Não é indicado quando tem lesão perirradicular. 
 
 Tricresol formalina (TF): 
 Potente antimicrobiano que agem tanto por contato direto como à distância (volátil). 
 Coloca-se uma mecha de algodão com quantidade mínima de TF na câmara pulpar sobre 
os canais radiculares (entrada dos canais); 
 Atua contra microrganismos alojados no sistema de canais radiculares até o ápice radicular; 
 Extremamente tóxicos aos tecidos vivos (secar antes de aplicar); 
 Indicado para canais muito infectados com exsudação persistente (lesão 
perirradicular/ abscessos). 
 Contém formol na sua fórmula que é volátil, ou seja, evapora. Então ao entrar no 
canal radicular irá evaporar e preencher todo sistema de canais radiculares chegando no ápice 
radicular. 
 
 Hidróxido de cálcio (Ca (OH)2): 
 É uma base forte que se apresenta como um pó branco pouco solúvel. Suas propriedades derivam 
da dissociação iônica em íons cálcio e hidroxila; 
 Possui efeito antinflamatório por sua ação higroscópia (capacidade de absorver exsudato 
inflamatório e sangue); 
 Tem ação antibacteriana por ser extremamente alcalino (pH 12,5); 
 Estimulando a neoformação dentinária (barreira mineralizada) ou cementária (através do 
íon cálcio). 
 Só pode ser usado após finalizada a etapa de limpeza e modelagem (canais mais amplos). 
 Ca (cálcio) e OH (hidroxila). Nos canais terá a dissociação de Ca e OH (Ca+ e OH-). É a dissociação que 
deixa o pH alcalino (ação antibacteriana). 
 O hidróxido de cálcio é colocado dentro do canal principal (não na entrada dos canais) preenchendo. 
LS 
 
 VEÍCULOS PARA HIDRÓXIDO DE CÁLCIO 
Para ser utilizado como medicação intracanal, o hidróxido de cálcio precisa ser misturado a um veículo para 
formar uma pasta. Os veículos podem ser: hidrossolúveis (aquoso ou viscosos) e oleosos. 
 
 Veículo aquoso: é usado para casos onde há muita contaminação (abscessos), porém seu efeito acaba 
logo, impondo a necessidade da troca do curativo (dura em torno de 3 dias). 
 Veículo aquoso: Água destilada, soro fisiológico, soluções anestésicas. 
 Ocorre dissociação iônica (Ca++ e OH-) rápida, tendo elevação rápida do pH e 
efeito antimicrobiano rápido e potente. Também fará uma barreira contra 
infecção de outros microrganismos. Usado em abscessos e infecção persistente. 
 Existe pasta de Ca (OH)² prontas para o uso ou pode preparar o material (injeta dentro do canal). 
 
 Veículo viscoso: usado para casos de contaminação e exsudação. O tempo de ação ideal é de 
14 a 21 dias. Sua ação é mais longa. 
 Glicerina 
 Dissociação iônica um pouco mais lenta, devido a maior viscosidade, tendo efeito 
antimicrobiano prolongado. 
 Existe pasta de Ca(OH)² pronta para o uso (2 tubetes de Hidróxido 
e 1 tubete de glicerina). 
 Coloca a substância 2mm antes do comprimento de trabalho 
(seringa ou uso da lima). Radiopacidade semelhante a dentina. 
 
 
 Veículo oleoso: usado para casos onde é necessária a formação de uma barreira de tecido duro. 
 Óleo de oliva, paramonoclorefenol 
 Dissociação iônica lenta devido à pouca solubilidade e difusão junto aos tecidos, tendo a 
indução de tecido mineralizado (leva em torno de 6 meses essa dissociação).Possui ação 
antimicrobiana menor devido ao longo tempo. 
 Indicado em casos onde é necessária a formação de uma barreira de tecido duro (rizogênese 
incompleta). 
 Pasta HPG: é a união de hidróxido de cálcio P.A, com partes iguais de 
paramonoclorefenol e glicerina, com o intuito de diminuir a citoxicidade da pasta. 
Tendo ideal é de 21 dias no canal. 
 Existe pastas prontas para o uso: Callen PMCC . 
 
 Gluconato de Clorexidina 2% (gel): usado para casos de infecções persistentes. 
 Apresente atividade antimicrobiana de amplo espectro, inclusive sobre fungos e 
o enterococcus faecallis; 
 Possui ação prolongada devido a sua substantividade 
 
A clorexidina em associação com hipoclorito de sódio causa pigmentação castanho-alaranjada, causando o 
escurecimento de dentina. Então se a irrigação do canal radicular foi feito com hipoclorito de sódio não poderá usar 
a clorexidina, somente se irrigar abundante com soro fisiológico. O ideal é fazer a irrigação com outra solução. 
 
 Associação clorexidina (líquida ou gel) com hidróxido de cálcio: 
 Visa potencializar o efeito antimicrobiano da medicação; 
 A clorexidina irá atuar como veículo para o hidróxido de cálcio sem que interfira nas propriedades 
do outro.

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