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LS INTRODUÇÃO Atualmente, novas tecnologias permitem que o tratamento endodôntico seja realizado em apenas uma sessão. Entretanto, nem sempre é possível realizar o tratamento endodôntico em sessão única. Nestes casos, é necessário utilizar uma medicação intracanal. A medicação intracanal consiste no emprego de medicamentos no interior do sistema de canais radiculares, onde deverão permanecer agindo durante todo o período entre as sessões (7-15 dias). Entre uma sessão e outra, teremos a medicação intracanal (curativo de demora) e o selamento coronário provisório. Após o prazo em que deve permanecer uma medicação intracanal (7-15 dias) começa a perda de propriedades da medicação no canal radicular e aumentando a chance de ter novamente alguma infecção, inflamação ou lesão periapical. INDICAÇÕES PARA O TRATAMENTO ENDODÔNTICO EM MAIS DE UMA SESSÃO Atualmente, a maioria dos casos é feito em sessão única, tendo menos uso de anestesia, radiação (radiografia periapical) e diminuição de fraturas durante o tratamento. Entretando, em alguns casos é indicado ser feito o tratamento endodôntico em mais de uma sessão, como: Sangramento ou exsudação persistentes: quando existe umidade dentro do canal, por sangue ou exsudação. Como o exemplo de uma pulpite, que ao fazer o acesso da câmara pulpar terá um sangramento excessivo e que às vezes não consegue controlar na mesma sessão, sendo impossível a obturação. Até mesmo em casos de abscessos (polpa necrosada) que contém processo agudo infeccioso com secreção purulenta. É preciso o canal seco para obturação! Infecções bacterianas agudas ou de longa duração, principalmente em casos de insucesso endodôntico: como no caso de abscessos com imagem radiolúcida no ápice radicular. Se há infecção também há bactérias, então usa uma medicação antimicrobiana para agir nesses canais radiculares. Dificuldades quanto à anatômica dentária e/ou calcificações: como raízes com curvatura e canais calcificados que dificultam a limpeza do canais (e risco de desvio do canal), então o ideal é fazer em mais de uma sessão para não correr risco de ter um tratamento endodôntico com insucesso. Pode pedir tomografia em alguns casos para melhor visualização das raízes. Uma raiz curva tende a entupir mais rápido os canais radiculares, então precisa ter mais atenção na irrigação e limpeza. Reabsorções radiculares e rizogêneses incompletas: no casos de reabsorção interna que contém no seu interior um tecido granulomatoso que sangra e que precisa ser cauterizado. Na rizogênese incompleta é em casos de crianças/adolescente que ainda não tem a raiz totalmente formada (ausência do limite CDC), fará uma técnica com medicação intracanal para induzir uma barreira de tecido mineralizado no ápice da raiz. Ausência de tempo suficiente para concluir o tratamento ou paciente esgotado: em casos em que o paciente já está 3 horas no tratamento endodôntico e o efeito da anestesia passando. Em casos de polpa viva a indicação é fazer em sessão única, pois tem ausência de contaminação. LS FUNÇÕES DA MEDICAÇÃO IC (INTRACANAL) Eliminar microrganismos que sobreviveram ao preparo químico-mecânico (infecção persistente/ polpa necrótica); Reduzir a inflamação perirradicular através da neutralização de produtos tóxicos, trazendo conforto ao paciente; Controlar a exsudação persistente. O exsudato intracanal impede o selamento adequado do canal radicular; Induzir a formação de tecido mineralizado (medicação específica); Atuar como barreira contra a contaminação e reinfecção dos canais por bactérias da saliva. MEDICAMENTOS INTRACANAIS UTILIZADOS Paramonoclorofenol (PMCF); Tricresol formalina; Hidróxido de cálcio. Paramonoclorofenol (PMCF): Antimicrobiano que age somente por contato direto com o microrganismo; A combinação com outras substâncias como a cânfora ou furacin, visam potencializar a atividade antimicrobiana e reduzir a citoxicidade; Coloca-se uma mecha de algodão com quantidade mínima (com PMCF) na câmara pulpar sobre os canais radiculares (na entrada dos canais). Atua como barreira química contra reinfecção pelos microrganismos da cavidade oral Indicado para casos com pouca ou nenhuma contaminação, quando não for possível completar toda a limpeza e modelagem dos canais radiculares na mesma sessão. Indicado para polpa viva sem contaminação (pulpites). Mantém proteção de barreira química embaixo do curativo contra microrganismos provenientes da boca. O PMCF é uma substância tóxica e pode gerar lesão se tiver contato com tecido orgânico (efeito cáustico), por isso é misturada com outra substância (lesão em contato com mucosa e expelir para fora do forame apical). Não é indicado quando tem lesão perirradicular. Tricresol formalina (TF): Potente antimicrobiano que agem tanto por contato direto como à distância (volátil). Coloca-se uma mecha de algodão com quantidade mínima de TF na câmara pulpar sobre os canais radiculares (entrada dos canais); Atua contra microrganismos alojados no sistema de canais radiculares até o ápice radicular; Extremamente tóxicos aos tecidos vivos (secar antes de aplicar); Indicado para canais muito infectados com exsudação persistente (lesão perirradicular/ abscessos). Contém formol na sua fórmula que é volátil, ou seja, evapora. Então ao entrar no canal radicular irá evaporar e preencher todo sistema de canais radiculares chegando no ápice radicular. Hidróxido de cálcio (Ca (OH)2): É uma base forte que se apresenta como um pó branco pouco solúvel. Suas propriedades derivam da dissociação iônica em íons cálcio e hidroxila; Possui efeito antinflamatório por sua ação higroscópia (capacidade de absorver exsudato inflamatório e sangue); Tem ação antibacteriana por ser extremamente alcalino (pH 12,5); Estimulando a neoformação dentinária (barreira mineralizada) ou cementária (através do íon cálcio). Só pode ser usado após finalizada a etapa de limpeza e modelagem (canais mais amplos). Ca (cálcio) e OH (hidroxila). Nos canais terá a dissociação de Ca e OH (Ca+ e OH-). É a dissociação que deixa o pH alcalino (ação antibacteriana). O hidróxido de cálcio é colocado dentro do canal principal (não na entrada dos canais) preenchendo. LS VEÍCULOS PARA HIDRÓXIDO DE CÁLCIO Para ser utilizado como medicação intracanal, o hidróxido de cálcio precisa ser misturado a um veículo para formar uma pasta. Os veículos podem ser: hidrossolúveis (aquoso ou viscosos) e oleosos. Veículo aquoso: é usado para casos onde há muita contaminação (abscessos), porém seu efeito acaba logo, impondo a necessidade da troca do curativo (dura em torno de 3 dias). Veículo aquoso: Água destilada, soro fisiológico, soluções anestésicas. Ocorre dissociação iônica (Ca++ e OH-) rápida, tendo elevação rápida do pH e efeito antimicrobiano rápido e potente. Também fará uma barreira contra infecção de outros microrganismos. Usado em abscessos e infecção persistente. Existe pasta de Ca (OH)² prontas para o uso ou pode preparar o material (injeta dentro do canal). Veículo viscoso: usado para casos de contaminação e exsudação. O tempo de ação ideal é de 14 a 21 dias. Sua ação é mais longa. Glicerina Dissociação iônica um pouco mais lenta, devido a maior viscosidade, tendo efeito antimicrobiano prolongado. Existe pasta de Ca(OH)² pronta para o uso (2 tubetes de Hidróxido e 1 tubete de glicerina). Coloca a substância 2mm antes do comprimento de trabalho (seringa ou uso da lima). Radiopacidade semelhante a dentina. Veículo oleoso: usado para casos onde é necessária a formação de uma barreira de tecido duro. Óleo de oliva, paramonoclorefenol Dissociação iônica lenta devido à pouca solubilidade e difusão junto aos tecidos, tendo a indução de tecido mineralizado (leva em torno de 6 meses essa dissociação).Possui ação antimicrobiana menor devido ao longo tempo. Indicado em casos onde é necessária a formação de uma barreira de tecido duro (rizogênese incompleta). Pasta HPG: é a união de hidróxido de cálcio P.A, com partes iguais de paramonoclorefenol e glicerina, com o intuito de diminuir a citoxicidade da pasta. Tendo ideal é de 21 dias no canal. Existe pastas prontas para o uso: Callen PMCC . Gluconato de Clorexidina 2% (gel): usado para casos de infecções persistentes. Apresente atividade antimicrobiana de amplo espectro, inclusive sobre fungos e o enterococcus faecallis; Possui ação prolongada devido a sua substantividade A clorexidina em associação com hipoclorito de sódio causa pigmentação castanho-alaranjada, causando o escurecimento de dentina. Então se a irrigação do canal radicular foi feito com hipoclorito de sódio não poderá usar a clorexidina, somente se irrigar abundante com soro fisiológico. O ideal é fazer a irrigação com outra solução. Associação clorexidina (líquida ou gel) com hidróxido de cálcio: Visa potencializar o efeito antimicrobiano da medicação; A clorexidina irá atuar como veículo para o hidróxido de cálcio sem que interfira nas propriedades do outro.
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