Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4 1 DESPESAS PROCESSUAIS NA JUSTIÇA DO TRABALHO ............................. 5 1.1 Custas e emolumentos na Justiça do Trabalho ............................................. 5 1.2 Pagamentos de custas e emolumentos na Justiça do Trabalho .................. 10 1.3 Isenção ou dispensa do pagamento das despesas processuais na Justiça do Trabalho .................................................................................................................... 10 2 HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NA JUSTIÇA DO TRABALHO .................... 12 3 TIPOS DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NA JUSTIÇA DO TRABALHO ... 15 3.1 Honorários Contratuais na Justiça do Trabalho ........................................... 16 3.2 Honorários Advocatícios de Sucumbência na Justiça do Trabalho .............. 17 3.3 Divergência Jurisprudencial relativo aos honorários recíprocos de sucumbência na Justiça do Trabalho ........................................................................ 20 3.3.1 Do Princípio da Sucumbência ............................................................... 21 3.3.2 Consequências da aplicação do princípio da sucumbência aos honorários sucumbenciais na sucumbência recíproca ................................................................ 22 3.3.3 Violação dos limites legais estabelecidos à fixação dos honorários de sucumbência na Justiça do Trabalho ........................................................................ 23 3.4 Honorários Arbitrados na Justiça do Trabalho ............................................. 23 3.5 Honorários Assistenciais .............................................................................. 24 4 BASE DE CÁLCULO DOS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS ....................... 24 5 HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS E SUCUMBENCIAIS VERSUS JUSTIÇA GRATUITA ................................................................................................................ 26 6 HONORÁRIOS PERICIAIS ................................................................................ 27 7 HONORÁRIOS DO ASSISTENTE TÉCNICO .................................................... 29 8 HONORÁRIOS DE PROCEDÊNCIA PARCIAL ................................................ 30 9 HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NA SUBSTITUIÇÃO JUDICIAL ................... 30 10 PRESCRIÇÃO DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NA JUSTIÇA DO TRABALHO .............................................................................................................. 32 11 A RELEVÂNCIA DO ADVOGADO TRABALHISTA NA JUSTIÇA DO TRABALHO ..............................................................................................................32 11.1 Princípio da Proteção ................................................................................... 33 11.2 Princípio da Primazia da Realidade ............................................................. 34 11.3 Princípio da irrenunciabilidade ..................................................................... 34 11.4 Princípio da Continuidade ............................................................................ 34 12 ATRIBUIÇÕES DO ADVOGADO NA JUSTIÇA DO TRABALHO .................... 35 12.1 Comunicação e Oratória na Justiça do Trabalho ......................................... 35 13 REFERÊNCIAS: ................................................................................................ 37 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 5 1 DESPESAS PROCESSUAIS NA JUSTIÇA DO TRABALHO LEITE (2021) traz um conceito de Marinoni e Mitidiero, relativo as despesas processuais, eles dizem que as despesas processuais são todos os gastos econômicos que são indispensáveis os quais os participantes do processo tiveram de despender em virtude da instauração, do desenvolvimento e do término da instância. Quando se fala em honorários advocatícios deve-se falar também em despesas processuais uma vez que essas correspondem aos custos econômicos e financeiros do processo suportados pelos que dele participam. As despesas são classificadas como: custas; honorários do perito; do assistente técnico e do advogado; os emolumentos; as indenizações de viagens; as diárias de testemunhas; as multas impostas pelo juiz e todos os demais gastos realizados pelos participantes da relação processual. Ainda existem algumas despesas que são voluntárias, a exemplo dos honorários dos assistentes técnicos, bem como as obrigatórias as quais são custas e emolumentos. 1.1 Custas e emolumentos na Justiça do Trabalho As custas no processo do trabalho são direcionadas a União, tendo natureza jurídica de taxa judiciária, conforme os arts.145, II, da CF e do art. 77 do CTN. Já os emolumentos são conforme preleciona LEITE (2021) são considerados como uma forma de ressarcimento das despesas realizadas pelos órgãos da Justiça do Trabalho a exemplo: fornecimento de traslados, certidões, cartas etc. disponibilizados as partes do processo com o objetivo de dar bom andamento ao processo. Podendo os emolumentos ser enquadrados na categoria de taxa, uma vez que se tratam de um valor pago pelo usuário como contraprestação do serviço público 6 jurisdicional federal o qual é prestado via Justiça do Trabalho, que integra o Poder Judiciário da União. A partir da Lei n. 10.537, de 27 de agosto de 2002 (DOU de 28-8-2002), os arts. arts. 789 e 790 passaram a ter uma nova redação, acrescentando ainda os arts. 789- A, 789-B, 790-A e 790-B, a Reforma Trabalhista (Lei n. 13.467/2017) também trouxe mudanças a respeito das custas e emolumentos na Justiça do Trabalho. Devendo as custas no caso do processo trabalhista de conhecimento, sejam, dissídios individuais, ou coletivos bem como, quaisquer outras ações ou procedimentos que sejam de competência da Justiça do Trabalho deverão incidir na base de 2% (dois por cento), observado o mínimo de R$ 10,64 (dez reais e sessenta e quatro centavos) e o máximo de quatro vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, os quais serão calculadas: - Sobre o valor do acordo homologado ou da condenação; - Sobre o valor da causa, nos casos em que houver extinção do processo sem resolução do mérito ou o pedido for julgado totalmente improcedente; - Sobre o valor da causa, no caso de procedência do pedido formulado em ação declaratória e em ação constitutiva; - Sobre o valor que o juiz fixar, quando o valor da causa for indeterminado. Ainda assim, a EC n. 45/2004, ampliou a competência da Justiça do Trabalho para outras demandas originárias da relação de trabalho (CF, art. 114 e IN TST n. 27/2005), no processo do trabalho, o princípio da sucumbência mútua (salvo com relação a honorários advocatícios, a teor do § 3- do art. 791- Ada CLT), o qual será aplicado de acordo com a espécie de demanda. Dessa forma, o art. 3º da IN/TST n. 27/2005 versa que relativamente às custas relativas a justiça do Trabalho, serão pagas pelo vencido, após o trânsito em julgado da decisão (§ 1º). Sendo que: na hipótese de interposição de recurso, as custas deverão ser pagas e comprovado seu recolhimento no prazo recursal (arts. 789, 789-A, 790 e 790- A da CLT). (§ 2º). Versa ainda que: Salvo nas lides derivadas da relação de emprego, é aplicável o princípio da sucumbência recíproca, relativamente às custas, (§3º). 7 Destarte na ação oriunda da relação de emprego (e da relação de trabalho avulso, por extensão), havendo sucumbência recíproca, apenas o empregador estará obrigado ao pagamento das custas. Noutro falar, se o autor (empregado) cumular pedidos e apenas um for acolhido, a sentença condenará o réu (empregador) ao pagamento integral das custas. Já na hipótese de procedência parcial dos pedidos, caso ocorra de reclamante e reclamado forem simultaneamente vencedores e vencidos nas ações oriundas da relação de emprego ainda que, por extensão, relação de trabalho avulso, não haverá sucumbência recíproca para fins de pagamento de custas. Nos casos em que houver acordo entre as partes, se outra forma não for convencionada, o pagamento das custas será pro rata, isto é, rateado em partes iguais para as partes, podendo o juiz, no entanto, dispensar o empregado da parte que lhe couber. Em ações oriundas de relações de trabalho diversas da relação de emprego (ou da relação de trabalho avulso), deverão ser aplicadas as regras do CPC (art. 86), no que concerne à sucumbência recíproca, no que couber. Se o pedido for julgado improcedente in totum, o autor (empregado) só ficará livre do pagamento das custas se estiver litigando sob o pálio da assistência judiciária (Lei n. 5.584/70, art. 14) ou se o juiz dispensá-lo (benefício da gratuidade) do respectivo pagamento (CLT, art. 790, § 3°). (LEITE, 2021. p. 1.319) LEITE (2021), ainda traz que apenas no caso em que o beneficiário da justiça gratuita não tenha alcançado em juízo créditos capazes de suportar a despesa referida no caput, ainda que em outro processo, a União responderá pelo encargo, conforme versa o art. 790-B, § 4º, da CLT, incluído pela Lei n. 13.467/2017. Vale ressaltar que de acordo com a nova redação dada ao art. 790 da CLT, em todos os órgãos da Justiça do Trabalho, bem como nos Juízos de Direito com Jurisdição estendida, a forma de pagamento das custas e emolumentos obedecerá às instruções que serão expedidas pelo Tribunal Superior do Trabalho. Podendo ser oferecido pelos juízes e tribunais o benefício da justiça gratuita a requerimento ou de ofício, quanto a traslados e instrumentos, àqueles que 8 perceberem salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social. Assim, quando se tratar de empregado que não tenha obtido o benefício da justiça gratuita, ou isenção de custas, o sindicato que houver intervindo no processo responderá solidariamente pelo pagamento das custas devidas. Conforme versa o § 1º do art. 790 da CLT. Ainda prevê o art. 790-A da CLT além dos beneficiários da justiça gratuita, a isenção do pagamento de custas: - À União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios e às respectivas autarquias e fundações públicas federais, estaduais ou municipais que não explorem atividade econômica; - Ao Ministério Público do Trabalho. Não alcançando as entidades responsáveis por fiscalizar o exercício profissional, a exemplo: OAB, Conselhos de Medicina, Engenharia, Enfermagem etc. nem eximem as pessoas jurídicas, a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e respectivas autarquias e fundações públicas federais, estaduais ou municipais de reembolsar as despesas judiciais realizadas pela parte vencedora. (LEITE, 2021) Cabendo, no caso de não pagamento das custas, a execução da importância devida, seguindo os procedimentos elencados nos arts. 876 e seguintes da CLT. Ainda a respeito do processo de execução das custas processuais diz o art. 789-A da CLT que no processo de execução são devidas custas, sempre de responsabilidade do executado e pagas ao final. (BRASIL, 1943) Ainda assim, o art. 789-A traz as custas devidas no processo de execução: I - autos de arrematação, de adjudicação e de remição: 5% (cinco por cento) sobre o respectivo valor, até o máximo de R$ 1.915,38 (um mil novecentos e quinze reais e trinta e oito centavos); II - atos dos oficiais de justiça, por diligência certificada: em zona urbana: R$ 11,06 (onze reais e seis centavos); b) em zona rural: R$ 22,13 (vinte e dois reais e treze centavos); 9 III - agravo de instrumento: R$ 44,26 (quarenta e quatro reais e vinte seis centavos); IV - agravo de petição: R$ 44,26 (quarenta e quatro reais e vinte e seis centavos); V - embargos à execução, embargos de terceiro e embargos à arrematação: R$ 44,26 (quarenta e quatro e reais e vinte e seis centavos); VI - recurso de revista: R$ 55,35 (cinquenta e cinco reais e trinta e cinco centavos); VII - impugnação à sentença de liquidação: R$ 55,35 (cinquenta e cinco reais e trinta e cinco centavos); VIII - despesa de armazenagem em depósito judicial por dia: 0,1% (um décimo por cento) do valor da avaliação; IX - cálculos de liquidação realizados pelo contador do juízo - sobre o valor liquidado: 0,5% (cinco décimos por cento) até o limite de R$ 638,46 (seiscentos e trinta e oito reais e quarenta e seis centavos). (BRASIL, 1943) Quanto aos emolumentos não constituem requisito essencial ou complementar da sentença trabalhista, pois a responsabilidade pelo seu pagamento não é do sucumbente e, sim, do requerente, conforme dicção do art. 789-B da CLT (com redação dada pela Lei n. 10.537, de 27-8-2002). Este dispositivo estabeleceu os valores dos emolumentos com base na seguinte tabela: I - autenticação de traslado de peças mediante cópia reprográflca apresentada pelas partes - por folha: R$ 0,55 (cinquenta e cinco centavos de real); II - fotocópia de peças - por folha: R$ 0,28 (vinte e oito centavos de real); (Incluído pela Lei n. 10.537. de 27- 8-2002); III - autenticação de peças - por folha: R$ 0,55 (cinquenta e cinco centavos de real); IV - cartas de sentença, de adjudicação, de remição e de arrematação - por folha: R$ 0,55 (cinquenta e cinco centavos de real); V - certidões - por folha: R$ 5,53 (cinco reais e cinquenta e três centavos), (grifos nossos) (BRASIL, 1943) 10 Os procedimentos para o recolhimento das custas e emolumentos devidos à União no âmbito da Justiça do Trabalho, o TST editou a Instrução Normativa n. 20, de 24 de setembro de 2002, alterada parcialmente pela RA n. 900/2002. 1.2 Pagamentos de custas e emolumentos na Justiça do Trabalho A partir de 1º de janeiro de 2011, conforme versa o art. 1º, o pagamento das custas e dos emolumentos no âmbito da Justiça do Trabalho deverá ser realizado, exclusivamente, mediante Guia de Recolhimento da União - GRU Judicial, sendo ônus da parte interessada efetuar seu correto preenchimento. Já o art. 2º estabelece: A emissão da GRU Judicial deverá ser realizada por meio do sítio da Secretaria do Tesouro Nacional na internet (www.stn.fazenda.gov.br), ou em Aplicativo Local instalado no Tribunal, devendo o recolhimento ser efetuado exclusivamente no Banco do Brasil ou na Caixa Econômica Federal. §1º O preenchimento da GRU Judicial deverá obedecer às orientações contidas no Anexo I. §2º O pagamento poderá ser feito em dinheiro em ambas as instituições financeiras ou em cheque somente no Banco do Brasil. Art. 3º Na emissão da GRU Judicial serão utilizados os seguintes códigos de recolhimento: 18740-2 - STN-CUSTAS JUDICIAIS (CAIXA/BB); 18770-4 - STN- EMOLUMENTOS (CAIXA/BB) (Eis o teor do Ato Conjunton. 21/TST.CSJT.GP.SG, de 7 de dezembro de 2010, que dispõe sobre o recolhimento de custas e emolumentos na Justiça do Trabalho, in verbis) 1.3 Isenção ou dispensa do pagamento das despesas processuais na Justiça do Trabalho O art. 790-A versa que são isentos do pagamento de quaisquer das despesas processuais são isentos do pagamento de quaisquer despesas processuais: 11 - Os trabalhadores que litiguem sob o pálio da assistência judiciária gratuita (Lei n. 5.584/1970, arts. 14 a 19); - As pessoas jurídicas de direito público (CLT, art. 790-A, I); - O Ministério Público do Trabalho (CLT, art. 790-A, II). - Não alcançando as entidades fiscalizadoras do exercício profissional, nem exime as pessoas jurídicas de direito público referidas no inciso I da obrigação de reembolsar as despesas judiciais realizadas pela parte vencedora. (§ único) Podem ser dispensados do pagamento de despesas processuais os trabalhadores que não litiguem sob o pálio da assistência judiciária gratuita, mas tenham recebido judicialmente o benefício da gratuidade (CLT, art. 790, § 3°). As pessoas físicas empregadoras ou a família empregadora que declararem, sob as penas da lei, que não têm condições de arcar com as despesas do processo em prejuízo do sustento próprio ou de suas famílias. As pessoas jurídicas de direito privado que comprovarem insuficiência econômica, não bastando a simples declaração unilateral. Sendo concedido o benefício da Justiça Gratuita aqueles que comprovar insuficiência de recursos a fim de realizar o pagamento das custas processuais. Quanto ao benefício da Justiça Gratuita o art. 5º, inciso XXXV da CF/88, culminado com o art. 99 do CPC de acordo com o que se expõe: I - o pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso: II - o juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento dos referidos pressupostos (CPC, art. 99, § 2s); III - presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural (CPC, art. 99, § 3a); IV - a assistência do requerente por advogado particular não impede a concessão de gratuidade da justiça (CPC, art. 99, § 4s). Neste caso, o recurso que verse exclusivamente sobre valor de honorários de sucumbência fixados em favor do 12 advogado de beneficiário estará sujeito a preparo, salvo se o próprio advogado demonstrar que tem direito à gratuidade (CPC, art. 99, § 5s); V - O direito à gratuidade da justiça é pessoal, não se estendendo a litisconsorte ou a sucessor do beneficiário, salvo requerimento e deferimento expressos (CPC, art. 99, § 6s); VI - Requerida a concessão de gratuidade da justiça em recurso, o recorrente estará dispensado de comprovar o recolhimento do preparo, incumbindo ao relator, neste caso, apreciar o requerimento e, se indeferi-lo, fixar prazo para realização do recolhimento (CPC, art. 99, § 7s). (BRASIL, 1943. apud. LEITE, 2021). Relativo às pessoas jurídicas de direito privado, inclusive os sindicatos, há necessidade de comprovação de insuficiência econômica. Conforme versa, a Súmula 463, II, do TST prevê que: “No caso de pessoa jurídica, não basta a mera declaração: é necessária a demonstração cabal de impossibilidade de a parte arcar com as despesas do processo”. 2 HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NA JUSTIÇA DO TRABALHO O art. 5º inciso XXXV versa: - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito, por ser um direito constitucional automaticamente busca-se garantir que seja efetivado através de normativas criadas com o fim de fazer valer cada um desses direitos. Desta forma a Justiça do Trabalho possui o jus postulandi que é a possibilidade que o cidadão tem de postular em causa própria, buscando alcançar seus interesses, assim, existe também efetivado com o fim de fazer valer o direito do cidadão o princípio da gratuidade da justiça, onde o artigo 5º, LXXIV, estabelece: o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos. Diante disto como fica a questão dos honorários advocatícios nestes casos? A Lei nº 13.467/2017, a chamada Reforma Trabalhista, alterou diversos dispositivos da CLT entre eles os arts. 790-B e 791-A, relativos aos honorários advocatícios na Justiça do Trabalho. 13 Art. 790-B. A responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais é da parte sucumbente na pretensão objeto da perícia, ainda que beneficiária da justiça gratuita. § 1. Ao fixar o valor dos honorários periciais, o juízo deverá respeitar o limite máximo estabelecido pelo Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT) (BRASIL, 1943). A lei objetiva garantir os honorários aos advogados trabalhistas, ainda assim, a Resolução CSJT n. 66/2010 institui: nos casos em que o cliente for beneficiário da Justiça Gratuita, será fixado o valor dos honorários periciais, onde deverá se observar o limite de R$ 1.000,00 (um mil reais), o qual deverá ser fixado pelo juiz, onde deverá observar: a complexidade da matéria; o grau de zelo profissional; o lugar e o tempo exigidos para a prestação do serviço; as peculiaridades regionais. Versando ainda o § único do supracitado artigo que a fixação dos honorários periciais, que forem em valor maior do que o limite estabelecido neste artigo, deverá ser devidamente fundamentada. (BRASIL, 2010) O Ministro Barroso, ao votar o agravo regimental no recurso extraordinário, sobre honorários advocatícios, traz o seguinte conceito: “Os honorários advocatícios incluídos na condenação ou destacados do montante principal devido ao credor consubstanciam verba de natureza alimentar cuja satisfação ocorrerá com a expedição de precatório ou requisição de pequeno valor, observada ordem especial restrita aos créditos dessa natureza”). [Rcl 26.840 AgR, rel. min. Roberto Barroso, dec. monocrática, j. 23-11-2017, DJE 268 de 27-11-2017.] No que a CLT for silente, aplica-se o CPC em relação aos honorários advocatícios, os artigos 85 a 90 do CDC vão versar a respeito dos honorários advocatícios, o § 1º do art. 85 prevê então em quais situações, serão devidos os honorários advocatícios cumulativamente, são eles: reconvenção; cumprimento de sentença, provisório ou definitivo; execução, resistida ou não; recursos interpostos. Podendo também as execuções fundadas em título executivo extrajudicial de obrigação de: fazer; não fazer; entrega de coisa, versando também sobre tal tema o art. 827 do NCPC, bem como o Enunciado 451 do FPPC. O § 5º, do art. 85, ainda especifica nos casos em que sejam concernentes a Fazenda Pública, o Enunciado 240 do FPPC, assim, dispõe: São devidos honorários 14 nas execuções fundadas em título executivo extrajudicial contra a Fazenda Pública, a serem arbitrados na forma do § 3º do art. 85. O § 11 do art. 85 do CPC relativos a honorários sucumbenciais os Enunciados 241, 242 e 243 do FPPC preveem, então, que: 241. (art. 85, caput e § 11). Os honorários de sucumbência recursal serão somados aos honorários pela sucumbência em primeiro grau, observados os limites legais. (Grupo: Advogado e Sociedade de Advogados. Prazos). 242. (art. 85, § 11). Os honorários de sucumbência recursal são devidos em decisão unipessoal ou colegiada. (Grupo: Advogado e Sociedade de Advogados. Prazos). 243. (art. 85, § 11). No caso de provimento do recurso de apelação, o tribunal redistribuirá os honorários fixados em primeiro grau e arbitrará os honorários de sucumbência recursal. (Grupo: Advogado e Sociedade de Advogados. Prazos). (BASTOS, 2019) O § 14 do art. 85 do CPC vai tratar dos casos de sucumbência recíproca: “os honorários constituemdireito do advogado e têm natureza alimentar, com os mesmos privilégios dos créditos oriundos da legislação do trabalho, sendo vedada a compensação em caso de sucumbência parcial” (BRASIL, 2015). Ainda assim, o Enunciado 244 expressa: Ficam superados o enunciado 306 da súmula do STJ (“Os honorários advocatícios devem ser compensados quando houver sucumbência recíproca, assegurado o direito autônomo do advogado à execução do saldo sem excluir a legitimidade da própria parte”) e a tese firmada no REsp Repetitivo n. 963.528/PR, após a entrada em vigor do CPC, pela expressa impossibilidade de compensações. Ainda, o Enunciado 621 expõe: Ao cumprimento de sentença do capítulo relativo aos honorários advocatícios, aplicam-se as hipóteses de penhora previstas no §2º do art. 833, em razão da sua natureza alimentar. (arts. 85, §14, 771, 833, § 2º) O § 18 do art. 85 expressa: Caso a decisão transitada em julgado seja omissa quanto ao direito aos honorários ou ao seu valor, é cabível ação autônoma para sua definição e cobrança. (BRASIL, 2015) 15 Neste sentido conforme o Enunciado 8 do FPPC, resta superada a Súmula 453 do STJ, segundo a qual, “os honorários sucumbenciais, quando omitidos em decisão transitada em julgado, não podem ser cobrados em execução ou em ação própria”. O Estatuto da OAB em seu art. 23 ainda declara: Os honorários incluídos na condenação, por arbitramento ou sucumbência, pertencem ao advogado, tendo este direito autônomo para executar a sentença nesta parte, podendo requerer que o precatório, quando necessário, seja expedido em seu favor. (BRASIL, 1994) Ainda o § 19, do art. 85, versa: Os advogados públicos perceberão honorários de sucumbência, nos termos da lei. (BRASIL, 2015), ainda assim, o Enunciado 384 do FPPC expressa: a lei regulamentadora não poderá suprimir a titularidade e o direito à percepção dos honorários de sucumbência dos advogados públicos”. No caso do art. 86 que trata da sucumbência recíproca, observa-se o seguinte: as despesas processuais serão proporcionalmente distribuídas entre as partes, assim, quando a sucumbência for em uma parte mínima do pedido, o outro responderá, por inteiro, pelas despesas e pelos honorários. Já o art. 87 trata dos casos em que hajam litisconsórcio ativo ou passivo, onde, os vencidos responderão proporcionalmente pelas despesas e pelos honorários advocatícios. Dessa forma a sentença distribuirá, desse modo, a responsabilidade proporcional sobre eles. Caso, todavia, não o faça, os vencidos responderão solidariamente. 3 TIPOS DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NA JUSTIÇA DO TRABALHO Conforme estabelece o art. 22 do Estatuto da Advocacia e da OAB: A prestação de serviço profissional assegura aos inscritos na OAB o direito aos honorários convencionados, aos fixados por arbitramento judicial e aos de sucumbência. (BRASIL, 1943) No entanto a Lei nº 13.725 de 2018, trouxe uma nova classificação aos honorários advocatícios na Justiça do Trabalho em: - Honorários contratuais. 16 - Honorários sucumbenciais. - Honorários arbitrados. - Honorários assistenciais. Dentre estas espécies, os honorários contratuais têm caráter privado e, por tal natureza, não tem maiores tratamentos pela legislação. Os arbitrados, por sua vez, costumam seguir determinado tabelamento, havendo estabelecimento legal de critérios pelos quais serão fixados, mas não havendo disposição exauriente dos valores a serem arbitrados. O maior tratamento dado pela lei fica com os honorários sucumbenciais (NEVES. apud. COUTINHO, CARMO. p. 149, 2020). 3.1 Honorários Contratuais na Justiça do Trabalho Dessa forma quanto aos honorários contratuais pode-se observar que eles são em regra pactuados entre as partes, advogado e seu cliente, o qual deverá ser pago independentemente do sucesso na causa. Com o objetivo de auxiliar o advogado no momento de especificar os preços dos honorários, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), possui uma tabela de honorários, de acordo com os serviços prestados e o padrão da localidade. As partes (advogado e cliente), podem arbitrar como será a forma de pagamento, no entanto, podem seguir o disposto no parágrafo 3º do artigo 22 da Lei 8.906/94. Assim, os honorários advocatícios serão devidos: - 1/3 no início do serviço; - 1/3 até a decisão em primeira instância; - O restante ao final. O § 4º do art. 22 da Lei n. 8.906/94 ainda dispõe: § 4º Se o advogado fizer juntar aos autos o seu contrato de honorários antes de expedir-se o mandado de levantamento ou precatório, o juiz deve determinar que lhe sejam pagos diretamente, por dedução da quantia a ser recebida pelo constituinte, salvo se este provar que já os pagou. (BRASIL, 1994) Ainda, a Lei nº 13.725 de 2018 incluiu algumas alterações relativas aos honorários advocatícios, a exemplo, do parágrafo 7º do dispositivo, o qual dispõe: 17 § 7º Os honorários convencionados com entidades de classe para atuação em substituição processual poderão prever a faculdade de indicar os beneficiários que, ao optarem por adquirir os direitos, assumirão as obrigações decorrentes do contrato originário a partir do momento em que este foi celebrado, sem a necessidade de mais formalidades. (BRASIL, 1994) 3.2 Honorários Advocatícios de Sucumbência na Justiça do Trabalho A Reforma Trabalhista conforme supracitado inseriu o art. 719-A o qual tem como objetivo instituir honorários advocatícios sucumbenciais na Justiça do Trabalho, onde estabelece: são devidos os honorários advocatícios no Processo do Trabalho ao advogado da parte vencida (sucumbente). (BRASIL, 1943) A Lei 8.906/94, em seu art. 22 já versava sobre os direitos aos inscritos na OAB, de receber os honorários de sucumbência. O Código de Processo Civil ainda traz elencado nos arts. 20 e 21, instituindo, como deverá funcionar o pagamento dos honorários sucumbenciais na justiça do trabalho. DIAS (2020) cita em seu artigo o fato de os Honorários advocatícios sucumbenciais, serem, os honorários devidos, de acordo com a circunstância, pela parte vencida em demanda judicial ou por quem suscitou à judicialização da demanda, em conformidade com o princípio da causalidade. (BRASIL, 2009). Existe pactuado entre as partes advogado e cliente os honorários contratuais, estabelecidos de forma privada, os quais são decorrentes das demandas, geralmente convencionados em contrato escrito, no entanto existe também os honorários de sucumbência fixados pelo juiz da causa. De acordo com o que se lê no art. 133 da Constituição Federal de 1988: o advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei. (BRASIL, 1988) Dessa forma, os seus honorários precisam ser pagos e como preleciona DIAS (2020): os honorários convencionais e de sucumbência são devidos aos advogados e podem ser cumulados uma vez que é a forma de remuneração pelos serviços prestados. 18 Destarte o art. 791–A, caput, estabelece que ainda que o advogado esteja atuando em causa própria tem direito aos honorários de sucumbência, sendo fixados os percentuais entre o mínimo de 5 % (cinco por cento) e o máximo de 15 % (quinze por cento), porcentagem esta que será cobrada sobre o valor que resultar da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa. (BRASIL, 1943) Ainda assim, o § 2º do supracitado artigo expressa que no momento de fixar os honorários de sucumbência o juiz deverá observar: o grau de zelo do profissional; o lugar de prestação do serviço; a natureza e a importância da causa; o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço. (BRASIL, 1943) Ainda conforme versa o § 3º, caso o juiz entenda pela procedência parcial do pedido, deverá arbitrar honorários de sucumbência recíproca, estando vedada a compensação doshonorários. DIAS (2020) ainda explana que a Reforma Trabalhista não foi capaz de regular rodos os aspectos relativos aos honorários, aplicando-se assim, a fim de complementação, os arts. 85 a 90 do CPC conforme já prevê o art. 769, da CLT: - Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas deste Título. (BRASIL, 1943) O § 4º do art. 719 – A da CLT ainda institui que caso seja vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário.. (BRASIL, 1943) COUTINHO E CARMO (2021) trazem um conceito de NERY JÚNIOR, relativo aos honorários de sucumbência na justiça do trabalho: Aludida orientação, sem dúvida muito acertada, já vinha sendo seguida pelo STJ (BRASIL, 2011, p.1), e foi incorporada ao NCPC. A nova regulamentação dos honorários advocatícios estabeleceu diversos critérios a serem utilizados para sua fixação, especialmente no caso de sucumbência, inclusive prevendo possibilidades de base para incidência da verba honorária, que antes era 19 limitada ao valor da condenação, agora prevendo também o proveito obtido e o valor da causa, a serem utilizados conforme a natureza da causa. Certo ponto, contudo, tem causado divergências (NERY JUNIOR. apud. COUTINHO. CARMO. 2021) Ainda relativo a sucumbência recíproca, o art. 86 do CPC versa: “Art. 86. Se cada litigante for, em parte, vencedor e vencido, serão proporcionalmente distribuídas entre eles as despesas. (BRASIL, 2015) Existe ainda, a necessidade de estabelecer a inexistência de previsão legislativa expressa para fixação dos honorários no caso de sucumbência reciproca, relativo ao artigo 86 o qual trata tão somente das despesas, bem como o artigo 85 estabelece tão somente o regramento geral (BRASIL, 2015). A existência desta lacuna legislativa que, tem causado divergência. Destarte houve uma queda nas ajuizações de ações na Justiça do Trabalho após a reforma conforme demonstra o gráfico ao qual a doutrina acredita que o que deu causa a esta queda foi a inovação dos honorários sucumbenciais que devem ser cobrados até mesmo dos beneficiários da justiça gratuita. Fonte: https://www.aurum.com.br/blog/reforma-trabalhista-lei-13467/ 20 3.3 Divergência Jurisprudencial relativo aos honorários recíprocos de sucumbência na Justiça do Trabalho COUTINHO. CARMO (2021) trouxeram em seu artigo o exemplo da divergência surgida em Santa Catarina a respeito dos honorários advocatícios de sucumbência recíproca, onde surgiram duas linhas de entendimento a respeito do assunto. De acordo com o primeiro entendimento, fixaram-se os honorários da seguinte forma: Verificando-se a sucumbência recíproca, aplicou-se o artigo 85, caput e § 2º, fixando-se os honorários entre 10 e 20% sobre o valor da condenação (base de cálculo utilizado como regra) e, após, para fins de respeito à sucumbência recíproca, realizou-se divisão equânime, isto é, no percentual do ganho de cada parte, nos termos do artigo 86 do CPC (BRASIL, 2015). Diante disso, o Desembargador Luiz César Medeiros, da Quinta Câmara de Direito Civil, julgou em 23-4-2019 (SANTA CARATINA, 2019a): AÇÃO DE COBRANÇA - SEGURO VEICULAR - TRANSFERÊNCIA DO BEM - AUSÊNCIA DE COMUNICAÇÃO À SEGURADORA - AGRAVAMENTO DE RISCO - NÃO CONFIGURAÇÃO - CPC, ART. 373, INC.[...] ÔNUS SUCUMBENCIAIS - SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA - MANUTENÇÃO 1 "Se cada litigante for, em parte, vencedor e vencido, serão proporcionalmente distribuídas entre eles as despesas" (CPC, art. 86). 2 Em face da sucumbência recíproca, são devidas custas processuais e honorários advocatícios por ambas as partes, que deverão ser calculadas de forma equitativa, na proporção em que forem vencidos autor e réu[...]. Isto posto, tem-se que ambas as partes foram vencedoras e sucumbentes, devendo, portanto, arcarem com as custas processuais de forma proporcional ao sucesso obtido. Nesse norte, mostra-se adequada a divisão feita pelo Togado a quo ("na proporção de 60% a cargo dos réus e 40% a cargo do autor" – fl.287), não merecendo reforma no ponto. 3.2 Quanto ao valor fixado a título de remuneração dos causídicos, nota-se que o MM. Juiz fixou-os em 15% do valor da condenação, observando a divisão supramencionada. A repartição, como dito anteriormente, revela-se adequada e o montante atende à disposição da norma, uma vez que, costumeiramente, este Órgão Fracionário, em causas semelhantes a esta, arbitra os honorários advocatícios de sucumbência neste percentual (COUTINHO. CARMO. 2021. p. 12) 21 Existe um segundo entendimento sobre a forma de realizar a fixação dos honorários de sucumbência recíprocos, a exemplo da decisão do Desembargador André Carvalho, da Sexta Câmara de Direito Civil do TJSC decidiu em 26-3-2019 (SANTA CARATINA, 2019b): [...]PLEITO DE AFASTAMENTO DOS HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA FIXADOS EM FAVOR DO PATRONO DA PARTE ADVERSA. INACOLHIMENTO. SUCUMBÊNCIA PARCIAL. VERBA FIXADA DE FORMA ACERTADA. PEDIDO DE MINORAÇÃO DO PERCENTUAL ARBITRADO A TÍTULO DE VERBA HONORÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. FIXAÇÃO DO PATAMAR MÍNIMO LEGAL (ART. 85, § 2º, CPC/2015). HONORÁRIOS RECURSAIS. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. [...] Diante da sucumbência recíproca (art. 86 do CPC), custas pro rata. Condeno cada parte ao pagamento dos honorários sucumbenciais ao advogado ex adverso, o qual arbitro em 10% sobre o valor da causa para o advogado do réu, e 10% sobre o proveito econômico da demanda, a ser considerado o valor do débito declarado inexistente (R$ 55.742,80 - p. 39), para o advogado do autor, vedada a compensação. [...] agiu com acerto o magistrado de origem ao reconhecer a ocorrência de sucumbência recíproca e, por conseguinte, determinar o rateio as despesas processuais e arbitrar honorários de sucumbência em favor dos patronos de ambas as partes [...]. COUTINHO. CARMO (2021) traz uma reflexão relativa aos dois entendimentos supracitados: as decisões supracitadas, trazem dois meios pelos quais é possível fixar os honorários advocatícios em caso de sucumbência recíproca. Onde, a primeira utiliza o valor da condenação como base para fixar os honorários e repartir para cada um dos advogados na proporção do ganho das partes; a segunda realiza a fixação individualmente, estabelecendo bases de cálculo distintas para cada parte, fixando sobre tal base o percentual dos honorários. 3.3.1 Do Princípio da Sucumbência Diante da divergência supracitada a respeito dos honorários advocatícios de sucumbência recíproca, para apontar a solução adequada diante da divergência é necessário analisar o princípio da sucumbência. MINTO E VIEIRA, (2018) especificam: O significado da palavra sucumbência é o próprio efeito ou ato de sucumbir ou perder; trata-se da rejeição parcial ou total do 22 pedido formulado na ação judicial. (MINTO. VIEIRA apud. COUTINHO. CARMO, 2021) NERY JUNIOR, (2017), traz outro entendimento sobre o conceito de sucumbência: O conceito de sucumbência parte da impossibilidade de diminuição do patrimônio da parte que fora lesionada em seu direito e que requer no judiciário a tutela devida. (NERY JUNIOR apud. COUTINHO. CARMO, 2021) Ainda COUTINHO. CARMO (2021) prelecionam que a sucumbência vem atribuir a responsabilidade do pagamento dos referidos ônus àquele que, com a vênia do pleonasmo, sucumbiu; fora vencido. Assim não fosse, os ônus processuais correriam por conta daqueleque requereu os atos a elas correspondentes, a eles dando causa (princípio da causalidade) independente de quem causou a lesão ao direito material tutelado (NERY JUNIOR. apud. COUTINHO. CARMO, 2021). Assim, a sucumbência consiste na situação daquele que saiu vencido no processo, e implica no dever de suportar as consequências decorrentes do resultado negativo. (ALVIM, apud. COUTINHO. CARMO, 2021.) Ainda, o Código, adotou o princípio da sucumbência, que consiste em atribuir à parte vencida na causa a responsabilidade por todos os gastos do processo (THEODORO JUNIOR, apud. COUTINHO. CARMO, 2021). 3.3.2 Consequências da aplicação do princípio da sucumbência aos honorários sucumbenciais na sucumbência recíproca Para que se chegue a resolução da controvérsia demonstra-se que para fixação dos honorários de sucumbência quando a sucumbência for recíproca, com o fim de demonstrar a solução mais adequada à norma, o princípio da sucumbência, regra geral, insculpida no art. 85, §2º, CPC (BRASIL, 2015) deve ser a direção para os honorários sucumbenciais serem fixados. Ou seja, fixou os honorários sobre o valor da condenação, valor do ganho para ambas as partes. 23 COUTINHO. CARMO (2021) explicam que existem duas posições relativos a forma de se fixar os honorários em caso de sucumbência recíproca, um utiliza tão somente uma base de cálculo sobre a qual fixa os honorários nos limites legais, repartindo-os proporcionalmente após. Esta base de cálculo é o valor da condenação, seguindo a previsão do artigo 85, §2º, CPC (BRASIL, 2015). Onde, havendo sucumbência recíproca, o mesmo montante que significa valor da condenação para uma das partes, significa valor do ganho para outra; se para ambas os honorários forem fixados sobre este valor, uma das partes estará pagando sobre a parcela que venceu. Na segunda posição, será feita a escolha de base de cálculo diversa para cada uma das partes, onde se observa o respeito ao § 2º, do Art. 85 do CPC, e, da mesma forma, respeito ao ganho de cada uma das partes, vez que fixadas as verbas individualmente sobre a parcela em que saíram vencidas (BRASIL, 2015). 3.3.3 Violação dos limites legais estabelecidos à fixação dos honorários de sucumbência na Justiça do Trabalho A violação dos limites legais estabelecidos à fixação dos honorários de sucumbência se dá quando ocorrer de ao fixar os honorários na sucumbência recíproca sobre o valor da condenação, fazendo posterior divisão da verba (art. 86, caput, CPC) ocasiona violação aos limites legais inscritos no artigo art. 85 §2º, CPC. Referido artigo estabelece a necessidade de haver fixação dos honorários entre 10% e 20% sobre as bases de cálculo ali expostas (BRASIL, 2015). 3.4 Honorários Arbitrados na Justiça do Trabalho Os honorários arbitrados recebem essa nomenclatura pelo fato de que eles são obrigatoriamente arbitrados pelo juiz, ao fim da demanda, cabendo, ao juiz, fixar o valor devido, de acordo com a remuneração compatível com o trabalho e o valor econômico da questão, respeitadas as tabelas da OAB. 24 Devendo, o juiz fixar os honorários advocatícios, mesmo, quando, o advogado for apontado para atuar em uma causa onde a parte for juridicamente necessitada, onde, a defesa dos interesses não possa ser realizada pela Defensoria Pública. O arbitramento deverá obedecer a tabela do Conselho Seccional da OAB, sendo, a parte hipossuficiente no processo, onde, os honorários deverão ser pagos pelo Estado. 3.5 Honorários Assistenciais A Lei 13.725 de 2018 trouxe outra previsão nova a dos honorários assistenciais, onde, prevê o parágrafo 6º do artigo 22 da Lei 8.906/94 acerca dos honorários fixados em ações coletivas propostas por entidades de classe em substituição processual. (BRASIL, 1994) Hipóteses em que serão aplicadas o que se dispõe no art. 22, da Lei 8.906/94 referente aos honorários advocatícios tipicamente contratuais, de forma que não serão prejudicados os honorários convencionais. 4 BASE DE CÁLCULO DOS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS A OJ 348 da SDI-I do TST, institui que a base de cálculo dos honorários sucumbenciais deverá ser o valor líquido da condenação atualizado, sem a deduzir dos descontos fiscais e previdenciários, sendo em caso de rejeição do pedido do valor atualizado da causa. Após serem fixados os honorários sucumbenciais pelo juiz poderá este ser acrescido, de juros moratórios após o trânsito em julgado, conforme se lê no art. 85 do CPC, sendo devidos os honorários advocatícios de sucumbência nas seguintes hipóteses. Nas ações individuais; Exceção de pré-executividade se for acolhida integralmente acarretando a extinção da execução; No incidente de desconsideração da personalidade jurídica (CLT 855-A e CPC 133); No Dissídio coletivo; Na ação de consignação em pagamento (CPC, 546); Na 25 ação rescisória; Nos embargos de terceiros (Súmula 303 do STJ). (DIAS, 2020. p. 54) O artigo 791 – A da CLT, traz de forma expressa três bases de cálculo para a determinação dos honorários de sucumbência são eles: valor que resultar da liquidação da sentença; proveito econômico auferido ou, não sendo possível mensurá- lo, valor atualizado da causa. Fonte: COUTINHO. CARMO. 2020. p. 154 26 5 HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS E SUCUMBENCIAIS VERSUS JUSTIÇA GRATUITA Conforme prevê o art. 791 da CLT, se admite o jus postulandi, nas varas do trabalho bem como nos Tribunais Regionais do Trabalho, como se extrai da Súmula 425 do TST. No entanto com a informatização da justiça através do Processo Judicial Eletrônico PJE (Resolução 185 de 2013 do CNJ), dificulta a aplicação do chamado jus postulandi na Justiça do Trabalho, levando os litigantes a serem obrigados ainda que sem possibilidade financeira para tal buscar auxílio de advogado no momento de propor a ação. Para socorrer os litigantes existe o direito constitucional da gratuidade da justiça, conforme se lê o art. 5º, inciso LXXIV, assim aquele que possui hipossuficiência para demandar uma causa pode fazer uso da gratuidade da justiça, sem que tenha que arcar com as despesas do processo, bem como pagar honorários de sucumbência. Conforme supracitado, o § 4º do art. 791-A da CLT, estabelece que os honorários sucumbenciais são devidos, inclusive, pelo litigante beneficiário da justiça gratuita, assim como o art. 790-B da CLT que também impõe o pagamento de honorários periciais quando sucumbente no objeto da perícia. Sendo o acesso à justiça um direito positivado não só no Brasil, mas em várias Declarações internacionais, DIAS (2020) traz o seguinte entendimento: Tais dispositivos conflitam com o art. 5º da Constituição Federal, incisos XXXV e LXXIV, os quais estabelecem, respectivamente, que: “A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”; e “O Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que Honorários, Custas e Justiça Gratuita comprovarem insuficiência de recursos”. (DIAS, 2020. p. 55) O art. 60 aponta em seu § 4º, inciso V, que: “Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: [...] IV - os direitos e garantias individuais”. 27 Dessa forma existem diversas súmulas que tratam da inconstitucionalidade em se exigir do beneficiário da Justiça Gratuita o pagamento de honorários de sucumbência e periciais. Podendo o juiz isentar o pagamento quando o empregado for hipossuficiente, aplicando a Súmula 457 do TST e Resolução 66 de 2010. Diante da hipossuficiência da parte autora deve, o Juiz, ao concluir o processo diante da nova versão do 4º do art. 791-A da CLT, a partir da Lei n. 13.467/2017, analisar a situação do beneficiário da justiça gratuita diante da sucumbência, possui possibilidade de arcar com os honorários sem prejuízo a sua subsistência ou de sua família, caso permaneça a hipossuficiência da parte ter-se a suspensão da exigibilidade da despesa,onde depois de decorridos dois anos será extinta a obrigação.(PAMPLONA, 2020) 6 HONORÁRIOS PERICIAIS Anteriormente, conforme a Súmula n. 457 a União seria responsável pelo pagamento dos honorários do perito, conforme a nova formulação: a União responderá pelo encargo, somente nos casos em que o beneficiário não obtiver em juízo créditos suficientes a pagar as despesas no curso do processo. O § 1º do artigo supracitado versa que o juiz ao fixar o valor dos honorários periciais, deverá respeitar o limite máximo estabelecido pelo Conselho Superior da Justiça do Trabalho. Ainda assim, o § 2º diz que o juízo poderá deferir o parcelamento dos honorários periciais; não podendo exigir o adiantamento os valores para a realização de perícias (§ 3º). Para finalizar o § 4º institui que somente no caso em que o beneficiário da justiça gratuita não tenha obtido em juízo créditos capazes de suportar a despesa referida no caput, ainda que em outro processo, a União responderá pelo encargo”. (BRASIL, 1943) Destarte a responsabilidade dos pagamentos periciais é de responsabilidade da parte sucumbente da pretensão pericial, ainda que beneficiário da justiça gratuita. 28 Quanto ao que versa o § 3º, o TST entende que é ilegal o pagamento antecipado de perícia, sendo cabível o mandado de segurança objetivando a realização da perícia independentemente do depósito (OJ 98 da SDI-II). (PEREIRA, 2019) No entanto quando se tratar de relação de trabalho, a Emenda Constitucional n. 45/ 2004 representou uma ampliação significativa da competência material da Justiça do Trabalho. Portanto, quando se trata de relações de trabalho, o TST entende que o juiz tem o direito de exigir das partes o depósito prévio dos honorários do perito, conforme esclarecido no art. 6º: “Art. 6º. Os honorários periciais serão suportados pela parte sucumbente na pretensão objeto da perícia, salvo se beneficiária da justiça gratuita. Parágrafo único. Faculta-se ao juiz, em relação à perícia, exigir depósito prévio dos honorários, ressalvadas as lides decorrentes da relação de emprego”. (Instrução Normativa nº. 27/2005, TST) 29 7 HONORÁRIOS DO ASSISTENTE TÉCNICO PAMPLONA (2020) explana que a CLT não trouxe especificação a respeito deste assunto, no entanto, a Súmula 341 do TST sugere que uma vez que a indicação do perito assistente seja facultativa a parte responder pelos respectivos honorários, ainda que vencedora no objeto da perícia. A nova redação do art. 791-A com o art. 85 do CPC e o art. 23 da Lei n. 8.906/94, e a mudança de paradigma quanto ao destinatário dos honorários, sendo os honorários em regra direcionados ao patrono da causa ainda que atue em causa própria. PAMPLONA (2020) comenta que, a Lei n. 13.467/2017, alterou o art. 16 da mesma Lei n. 5.584/70: Os honorários do advogado pagos pelo vencido reverterão em favor do Sindicato assistente. Passando os honorários ser revertidos apenas aos advogados: Acontece que previsão do art. 16 foi “reformada”, por assim dizer. A fim de que não restassem dúvidas acerca daquela opção política, firmou-se a compreensão, por meio da Lei n. 13.725/2018, em seu art. 3º, quanto à revogação expressa do art. 16 da Lei n. 5.584/70. Aquela revogação, enfim tornou incontroverso ser o destinatário dos aludidos honorários, ainda que diante da hipótese da assistência sindical, o profissional que atua na demanda. (PAMPLONA, 2020. p. 547) Em regra, os honorários são devidos ao profissional advogado que patrocine em causa própria seus interesses em juízo, conforme se lê no art. 791 – A da CLT, podendo ainda conforme versa o § 15 do art. 86 do CPC o advogado pode requerer que o pagamento dos honorários que lhe caibam seja efetuado em favor da sociedade de advogados que integra na qualidade de sócio, não importando tal medida desnaturação do caráter alimentar da parcela (§ 14). Conforme versa o art. 322, do CPC: O pedido deve ser certo. § 1º Compreendem-se no principal os juros legais, a correção monetária e as verbas de sucumbência, inclusive os honorários advocatícios. 30 8 HONORÁRIOS DE PROCEDÊNCIA PARCIAL Conforme supracitado os honorários advocatícios nos casos em que o juiz julgar parcialmente procedente os honorários serão de sucumbência recíproca, sendo vedada a compensação entre os honorários. O TST já se pronunciou a respeito da procedência parcial: ... HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NA HIPÓTESE DE SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. 1 − Nos termos do art. 21 do CPC, -Se cada litigante for em parte vencedor e vencido, serão recíproca e proporcionalmente distribuídos e compensados entre eles os honorários e as despesas-, e, ainda, -Se um litigante decair de parte mínima do pedido, o outro responderá, por inteiro, pelas despesas e honorários-. 2 − No caso dos autos, após a sentença, o acórdão de recurso ordinário e o acórdão proferido pela Sexta Turma quanto ao recurso de revista da reclamante, a ação foi julgada parcialmente procedente, havendo a sucumbência recíproca, mas a empregada decaiu em parte mínima do pedido, pois ficou vencida apenas quanto a alguns critérios de fixação dos montantes das indenizações por danos morais e materiais. Nesse contexto, fica mantida a condenação da reclamada ao pagamento das custas. 3 − Recurso de revista de que não se conhece (RR 47100- 25.2007.5.12.0008, rel. Min. Kátia Magalhães Arruda, 6ª Turma, j. 27-2- 2013, data de publicação: 1º-3-2013). PAMPLONA (2020) traz uma reflexão a respeito da procedência parcial do pedido relativos as sucumbências parciais, ele diz que a procedência parcial seria em relação a todos os pedidos, não em relação a cada pedido, podendo haver sucumbência apenas da parte que sofreu procedência parcial. 9 HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NA SUBSTITUIÇÃO JUDICIAL LEITE (2021) menciona a respeito dos honorários advocatícios na substituição judicial da seguinte forma: em se tratando de ação na qual o sindicato figura como substituto processual em defesa de interesses individuais homogêneos da categoria a qual representa, o sistema processual aplicável não é mais o do processo trabalhista 31 individual, mas, sim, o consubstanciado nas normas da CF, da Lei da Ação Civil Pública (Lei n. 7.347/85) e do CDC (Lei n. 8.078/90). Sobre esse tema o art. 87 do CDC versa: Art. 87. Nas ações coletivas de que trata este código não haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da associação autora, salvo comprovada má-fé, em honorários de advogados, custas e despesas processuais. Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a associação autora e os diretores responsáveis pela propositura da ação serão solidariamente condenados em honorários advocatícios e ao décuplo das custas, sem prejuízo da responsabilidade por perdas e danos. (1990) O item III na Súmula 219, dispõe: “São devidos os honorários advocatícios nas causas em que o ente sindical figure como substituto processual e nas lides que não derivem da relação de emprego”. A Lei n. 13.467/2017, na alteração feita ao art. 719-A, instituiu que os honorários devidos pela mera sucumbência em qualquer ação (individual ou coletiva) na Justiça do Trabalho passaram a ser devidas. Assim, o § 1º do art. 791-A da CLT prevê expressamente que os honorários advocatícios de sucumbência são devidos também nas ações “em que a parte estiver assistida ou substituída pelo sindicato de sua categoria”. Passando ainda a assegurar honorários assistenciais ao advogado da entidade de classe que atuou como substituta processual em ações coletivas, conforme versa o art. 22, § 6º da Lei n. 8.906, de 4-7-1994. Destarte, os honorários advocatícios de sucumbência pagos pelo vencido na Justiça do Trabalho nas causas em que o sindicato tenha prestando assistência judiciária ao trabalhador passaram a pertencer exclusivamente ao advogado contratado pela entidadesindical (§ 6- ao art. 22 da Lei n. 8.906, de 4- 7-1994). 32 10 PRESCRIÇÃO DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NA JUSTIÇA DO TRABALHO Sobre o artigo 25 do Estatuto da Advocacia e da OAB institui que a ação de cobrança de honorários advocatícios prescreve em 5 anos, contados: - Do vencimento do contrato, se houver; - Do trânsito em julgado da decisão que os fixar; - Da ultimação do serviço extrajudicial; - Da desistência ou transação; e - Da renúncia ou revogação do mandato. Para que não ocorra a prescrição dos honorários existem as formas do advogado cobra-los. O art. 24 da OAB e do Estatuto da Advocacia versa: A decisão judicial que fixar ou arbitrar honorários e o contrato escrito que o estipular são títulos executivos e constituem crédito privilegiado na falência, concordata, concurso de credores, insolvência civil e liquidação extrajudicial. (BRASIL, 1994) Diante do entendimento de que o contrato escrito possui maior validade entende-se que os valores negociados entre as partes irão evitar a necessidade de desacordo entre as partes relativo aos honorários. 11 A RELEVÂNCIA DO ADVOGADO TRABALHISTA NA JUSTIÇA DO TRABALHO A justiça do Trabalho possui o Jus postulandi conforme supracitado, que é necessário muita das vezes pelo fato da parte (trabalhador) hipossuficiente, não tendo condições de pagar um advogado não terá seu direito cerceado, por causa da sua hipossuficiência. 33 A estrutura da Justiça do Trabalho é uma estrutura criada com o objetivo de dar as partes a possibilidade de buscarem seus direitos e de dar a todos o direito a ampla defesa. O Direito do Trabalho é um direito trabalhista que possui diversos princípios e diretrizes para que possa dar validade a sua estruturação. Sua função é instrutiva, interpretativa e normativa, possui princípios que visam garantir o direito das partes. São eles: princípio da proteção; princípio da primazia da realidade; princípio da irrenunciabilidade e princípio da continuidade. 11.1 Princípio da Proteção O princípio da proteção tem como objetivo amparar a trabalhador hipossuficiente, possuindo assim 3 pilares: - O da condição mais benéfica; - O da norma mais favorável; - O in dubio pro operario. O da condição mais benéfica vai tratar de que ainda que exista algum tipo de acordo entre as partes (empregado e empregador) que prejudique o empregado será desconsiderado, uma vez que a posição mais vantajosa é um direito adquirido do trabalhador. O da norma mais favorável vai tratar da possibilidade do trabalhador de em havendo diversos entendimentos, ou dispositivos legais o juiz irá aplicar ao caso concreto aquele que for mais favorável ao trabalhador. No caso do in dubio pro operário, havendo múltiplas interpretações a respeito da norma, vai se aplicar ao caso concreto aquela mais benéfica ao empregado. 34 11.2 Princípio da Primazia da Realidade O art. 9º da CLT traz a seguinte redação: Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação. (BRASIL, 1943) Assim, o princípio da primazia da realidade objetiva fazer cumprir o art. 9º da CLT. Dessa forma, se o trabalhador conseguir provar que a realidade no ambiente de trabalho era diferente da que se encontra no contrato de trabalho ele terá os direitos relativos a esta realidade demonstrada. 11.3 Princípio da irrenunciabilidade O trabalhador não pode renunciar a um direito seu garantido por lei, devendo o juízo fazer valer ainda que o trabalhador renuncie, o direito do trabalhador. 11.4 Princípio da Continuidade Em regra, os contratos de trabalho são firmados por tempo indeterminado a fim de dar segurança jurídica aos trabalhadores. É indispensável a tutela jurídica na Justiça do Trabalho, pois ampara o indivíduo em um aspecto primordial de sua vida, o ramo profissional, e sustenta a dignidade do ser humano, valor constitucional. 35 12 ATRIBUIÇÕES DO ADVOGADO NA JUSTIÇA DO TRABALHO As atribuições do advogado na justiça do trabalho estão diretamente ligadas aos dispositivos que buscam defender o trabalhador, para que o trabalhador não perca tempo e direitos faz-se essencial a tutela de um profissional habilitado. Os detalhes constantes no contrato de trabalho, bem como as diversas leis protetivas existentes, as empresas também precisam da assessoria de um advogado no momento de realizar estes contratos a fim de dar segurança jurídica as empresas. No caso de empresas, o advogado deve auxiliar o setor de recursos humanos e a administração afim de cumprir normas trabalhistas, e também lida com os processos judiciais que forem recebidos. Já os Sindicatos, o advogado deve intervir em negociações de acordos e convenções de trabalho, além de lidar com questões que ultrapassam a esfera individual, como greves e dissídios coletivos. O advogado então poderá atuar em seis áreas principais na Justiça do Trabalho as quais são: - Atuar na defesa dos direitos dos trabalhadores em processos judiciais; - Realizar a defesa dos empregadores, pessoas físicas ou jurídicas; - Exercer atividades relacionadas ao Direito Coletivo do Trabalho; - Fornecer consultoria ou advocacia preventiva para auxiliar empregadores, empregados e sindicatos no cumprimento da legislação. 12.1 Comunicação e Oratória na Justiça do Trabalho Faz-se necessário ao advogado que atua em qualquer área uma boa comunicação e boa oratória, especialmente na Justiça do Trabalho, é de fundamental importância saber se expressar, uma vez que o processo trabalhista se utiliza muito mais de etapas orais do que em outras áreas do direito. 36 As audiências trabalhistas acabam por ter um peso muito maior, fazendo assim cada vez mais necessário saber se comunicar, ter uma boa oratória bem como no trato e negociação com o cliente. É necessário ainda que o advogado trabalhista saiba gerenciar suas emoções, buscando sempre lidar com as exigências relativas aos prazos, diante da necessidade de resolver problemas e tomar decisões. 37 13 REFERÊNCIAS: Aplicação das Súmulas no STF. Súmula 47. [Rcl 26.840 AgR, rel. min. Roberto Barroso, dec. monocrática, j. 23-11-2017, DJE 268 de 27-11-2017.]. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumario.asp?Acesso> em: jun. 2021. BASTOS, ATHENA. Art. 82 ao art. 88 do Novo CPC comentado artigo por artigo. 2019. Disponível em: <https://www.sajadv.com.br/novo-cpc/art-82-a-88-do-novo-cpc/ >Acesso em: jun. 2021. BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumario.asp?> Acesso em: jun. 2021. BRASIL, Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078compilado.htm> Acesso em: jun. 2021. BRASIL, Decreto – Lei nº 5.452 de 1º de maio de 1943. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm> Acesso em: jun. 2021. BRASIL, Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8906.htm>. Acesso em: jun. 2021. COUTINHO, Carlos Marden Cabral, CARMO, Valter Moura do Processo Civil II [Recurso eletrônico on-line] organização CONPEDI Coordenadores: Carlos Marden Cabral Coutinho; Valter Moura do Carmo – Florianópolis: CONPEDI, 2020. Disponível em:<http://conpedi.danilolr.info/publicacoes> Acesso em: jun. 2021. 38 DIAS, Sandra Mara de Oliveira. Justiça gratuita onerosa e honorários advocatícios sucumbenciais na justiça do trabalho. Revista Artigos. P-52-63. 2020. Disponível em: < https://scholar.google.com.br/scholar?>Acesso em: jun. 2021. Honorários advocatícios - natureza alimentar - equiparação aos créditos trabalhistas - impossibilidadede compensação em caso de sucumbência parcial. Disponível em: <https://www.tjdft.jus.br/consultas/jurisprudencia/jurisprudencia-em-temas/> Acesso em: jun. 2021. LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho.19. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2021. PAMPLONA Filho, Rodolfo; SOUZA, Tercio Roberto Peixoto. Curso de direito processual do trabalho. 2. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2020. PEREIRA, Leone. Direito processual do trabalho. ed. Saraiva. 2019. 39
Compartilhar