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1 A)Quatro a seis TIPOGRAFIA 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia-se com a ideia visionária e da realização do sonho de um grupo de empresários na busca de atender à crescente demanda de cursos de Graduação e Pós-Graduação. E assim foi criado o Instituto, como uma entidade capaz de oferecer serviços educacionais em nível superior. O Instituto tem como objetivo formar cidadão nas diferentes áreas de co- nhecimento, aptos para a inserção em diversos setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e assim, colaborar na sua formação continuada. Também promover a divulgação de conhecimentos científicos, técnicos e culturais, que constituem patrimônio da humanidade, transmitindo e propagando os saberes através do ensino, utilizando-se de pu- blicações e/ou outras normas de comunicação. Tem como missão oferecer qualidade de ensino, conhecimento e cul- tura, de forma confiável e eficiente, para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética, primando sempre pela inovação tecno- lógica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. E dessa forma, conquistar o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cur- sos de qualidade. 3 Sumário NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2 1. TIPOGRAFIA .................................................................................. 4 1.1 Definições e conceitos básicos ................................................... 4 1.1.1 Terminologias Caixa-alta e caixa- baixa ................................ 9 1.1.2 Itálico ....................................................................................... 9 1.1.2 Versalete (Small Caps) ....................................................... 10 1.1.3 Serifa ................................................................................... 10 1.1.4 Corpo (Tamanho) ................................................................ 11 1.1.5 Espaçamento e entrelinha ................................................... 11 1.1.6 Kerning ................................................................................ 13 1.1.7 Alinhamento de texto à direita .............................................. 13 1.1.7 Alinhamento de texto centralizado ...................................... 14 1.1.9 Alinhamento de texto justificado ............................................ 14 2. CLASSIFICAÇÕES TIPOGRÁFICAS ........................................... 15 2.1 Principais classificações tipográficas ........................................ 15 2.1.1 Fontes serifadas .................................................................... 16 2.1.2 Tipos não serifados ............................................................... 17 2.1.3 fontes manuscritos ................................................................ 18 2.1.4 Fontes fantasiosas ou decorativas ........................................ 19 3. RETÓRICA TIPOGRÁFICA .......................................................... 19 3.1 Pecados tipográficos ................................................................. 20 3.2 Lettering .................................................................................... 26 4. REFERÊNCIAS: ........................................................................... 28 4 1. TIPOGRAFIA A tipografia é a evolução do processo milenar de escrita, proveniente da invenção da prensa de tipos móveis – que possibilitou a produção em larga escala. Atualmente, o termo tipografia remete aos atos de desenhar uma fonte, à fonte resultante desse processo e também ao estudo das formas de se aplicar essa fonte corretamente. No que se refere à aplicação da tipografia, existem vários erros muito comuns e que devem ser evitados, uma vez que o objetivo da comunicação é, em essência, a eficiência na transmissão da mensagem - o desenho de uma fonte, por exemplo, pode ajudar ou atrapalhar essa eficiência. Outro tópico importante são os tipos de fonte. Há diferentes classificações de fontes, sendo a mais importante a divisão em fontes serifadas e não serifadas. Nesse âmbito, é importante salientar, ainda, que existem formas mais livres e flexíveis de se trabalhar com o desenho das letras: o lettering. 1.1 Definições e conceitos básicos Tipografia e escita têm histórias e conceitos intimamente relacionados. Como afirmam Meggs e Purvis (2009), a história da escrita se inicia com os sumérios, que criaram a escrita cuneiforme por volta de 3500 a. C na região da Mesopotâmia, atual Iraque. Naquele tempo, ainda não existia um alfabeto reduzido e simplificado, o que exigia a criação de um símbolo específico para representar cada palavra. Os egípcios seguiram a mesma lógica dos sumérios com os hieróglifos, por volta de 3000 a.C. Como você pode imaginar, pela quantidade de palavras e conceitos que existem para ser representados, esses eram sistemas complexos de escrita, com um número elevado de símbolos a serem aprendidos, o que restringiu o aprendizado da leitura e da escrita a uma pequena elite. Para simplificar esse processo, os fenícios desenvolveram um alfabeto com apenas 22 caracteres por volta de 1500 a.C. (Meggs; Purvis, 2009). Esse alfabeto foi adotado pelos gregos por volta do ano 1000 a.C., mas com algumas modificações. Várias letras são semelhantes ao alfabeto grego atual, com 5 apenas algumas diferenças no formato. No entanto, algumas letras antigas foram excluídas, assim como letras novas foram inseridas, Por fim, os romanos adotaram o alfabeto grego e o transformaram praticamente no alfabeto que conhecemos atualmente, com a única diferença de que ainda não existiam as letras J, V e W. Outro momento importante da história da escrita ocorreu por volta do século VIII, na Europa Central, quando surgiu a escrita carolíngua, a primeira a apresentar letras minúsculas. Até então, utilizavam-se apenas caracteres maiúsculos. Conforme é possivel perceber, a invenção e a implementação do alfabeto foram passos importantes para a popularização da escrita, já que o sistema ficou mais simples de se aprender, de se utilizar e de se entender. Porém, o processo de produção da escrita ainda continuou muito manual, o que limitava o número de cópias que um livro ou qualquer outro texto poderiam ter. nesse sentido, o acesso aos textos continuou elitizado. Essa questão só foi resolvida no século XV, quando Johann Gutenberg (ca. 1398-1468) desenvolveu a prensa de tipos móveis. Dessa forma, o lento processo de reprodução caligráfico de livros pôde ser substituído pela impressão em série (Fontoura; Fukushima, 2012). Nesse sistema, cada caractere só precisava ser desenhado e esculpido em relevo uma vez pelo tipógrafo, que, em seguida, fazia um molde desse original. Esse molde permitia produzir diversas cópias em metal da mesma letra, num processo que era repetido para todo o alfabeto e demais caracteres ortográficos. Dessa forma, em vez de escrever manualmente uma página, o tipógrafo a montava encaixando lado a lado os tipos móveis. Como as letras estavam em relevo, era possível utilizá-las como carimbo, reproduzindo tantas cópias quanto fossem necessárias. Todo o processo de desenhar esses caracteres e pensar a composição da página impressa deram origem ao que hoje chamamos de tipografia, campo prático-teórico que busca formas de pensar e aplicar a representação da escrita. Observe nas figuras abaixo, a evolução histórica da escrita e da tipografia.6 Linha do tempo da evolução da escrita e da tipografia Imagem: 1 Escrita cuneiforme Imagem: 2 Escrita Hieróglifos 7 Imagem: 3 Alfabeto fenício Imagem: 4 Escrita monumental romana Aproximadamente século I 8 Imagem: 5 Escrita carolíngua Aproximadamente século VIII Por mais que tenha surgido no contexto específico desse tipo de impressão, o conceito de tipografia cresceu e atualmente abrange todo estudo e aplicação da representação da excrita, tanto impressa quanto digital. O conceito está ligado a três aspectos, todos relacionados entre si. ● Tipografia é o processo de criar novas fontes tipográficas, ou seja, novos conjuntos de caracteres para representar a escrta. ● Tipografia é o resultado desse processo. Podemos afirmar, por exemplo, que a Ariel e a Times New Roman, fontes de amplo uso e conhecimento, são tipografias. ● Tipografia e a aplicação de tipos, ou seja, de todos os conhecimentos e técnicas envolvids na hora de se utilizar a tipografia na comunicação. 9 Essa é a visão geral do como surgiu a tipografia e de sua concepção atual. No entanto, para conhcê-la a fundo e saber, de fato, utilizá-la, há um série de outros termos e conceitos específicos que precisamos conhcer, confome apresentamos a seguir: 1.1.1 Terminologias Caixa-alta e caixa- baixa CAIXA-ALTA caixa-baixa No campo da tipografia, as letras maiúsculas são denominadas caixa- alta e as minúsculas caixa-baixa. Essa denominação é herança da época da prensa de tipos móveis, quando os tipos maiúsculos ficavam em uma gaveta superior e os minúsculos na gaveta de baixo. 1.1.2 Itálico Regular itálico Falso Itálico Quando as primeiras tipografias começaram a ser criadas no século XV, elas ainda guardavam muitas semelhanças com a escrita caligráfica feita na época, principalmente da caligrafia italiana. Porém, à medida que o tempo passou, as tipografias começaram a se distanciar dessa herança caligráfica e a ganhar uma estética própria. Nesse novo contexto, surgiu o itálico, que é a versão adaptada de uma fonte que lembra as características manuscritas. Perceba, portanto, que o itálico não é apenas inclinar o desenho dos caracteres, como algumas pessoas acreditam - é necessário mudar o desenho das letras. Quando a fonte é apenas inclinada, obtém-se uma versão obliqua, também conhecida como falso itálico. 10 1.1.2 Versalete (Small Caps) Há situações em que gostaríamos de usar apenas o desenho das letras caixa-alta em uma composição. Porém, o uso da caixa-alta costuma ser mais pesado, já que ela ocupa toda a altura da linha. Para equilibrar essas duas questões, utiliza-se um recurso chamado Versalete (ou small caps, como é conhecida nos softwares gráficos da Adobe). Esse recurso utiliza apenas o desenho da caixa-alta, mas apresenta letras tanto na altura da caixa-alta original quanto na altura da caixa-baixa, tornando possível a composição de textos mais leves. Para que a Versalete seja considerada verdadeira, o tipógrafo que desenhou a fonte precisa ter desenhado também as maiúsculas em tamanho menor, a fim de que o traçado de ambas fique na mesma proporção. Já a falsa Versalete é aquela que pode ser utilizada em qualquer fonte, bastando diminuir o tamanho da caixa alta. O problema, nesse caso, é que as proporções do traçado da fonte ficam diferentes, com a caixa-alta original parecendo ser mais grossa. 1.1.3 Serifa A serifa é uma contribuição dos romanos ao desenho das letras que sobreviveu à passagem dos séculos. Trata-se de um recurso que aumenta as hastes de um caractere - algo que não interfere em seu reconhecimento. Em outras palavras, trata-se de um adorno que, teoricamente, não faria falta para identificarmos a letra representada. Muitos defendem que a serifa melhora a legibilidade de um texto - e, de fato, há estudos que comprovam que fontes serifadas tendem a ser mais legíveis. 11 1.1.4 Corpo (Tamanho) 6pt 12pt 24pt 48 pt Corpo é o nome correto para nos referirmos ao tamanho de uma fonte. Em softwares para impressão, o corpo da fonte é expresso em pontos (pt). Fontes com corpo entre 4 pt e 7 pt são bem pequenas, mas ainda assim legíveis em condições normais. Para a leitura de textos mais longos, geralmente utiliza-se um corpo entre 8 pt e 12 pt. Acima disso, salvo exceções, o tamanho já começa a ficar pouco apropriado para textos longos. Já títulos e informações destacadas utilizam corpo acima de 13 pt. 1.1.5 Espaçamento e entrelinha Espaçamento normal Nos cursos relacionados à comunicação, como Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Design Gráfico, usualmente aprendemos como se escreve uma matéria ou como se diagrama uma página. 12 Espaçamento forçado (positivo) N o s c u r s o s r e l a c i o n a d o s à c o m u m i c a ç ã o, c o m o J o r n a l i s m o, P u b l i c i d a d e e P r o p a g a n d a e D e s i g n G r á f i c o, u s u a l m e n t e a p r e n d e m o s c o m o s e e s c r e v e u m a m a t é r i a o u c o m o s e d i a g r a m a u m a p á g i n a. (+140) Espaçamento forçado (Negativo) Noscursosrelacionadosàcomunicação,comoJornalismo,Publicidadee PropagandaeDesignGráfico,usualmenteaprendemoscomoseescreveumamat éria ou como se diagrama uma página. (- 95). Espaçamento (ou tracking) É o espaço entre os caracteres e palavras. Entrelinha, com o nome já sugere, é o espaço entre as linhas. Essas medidas podem ser manipuladas nos softwares gráficos de acordo com a necessidade de ocupar mais ou menos espaço – por exemplo, para deixar o texto mais leve, aumenta-se os espaços em branco. Exemplos de diferentes entrelinhas Nos cursos relacionados à comunicação, como Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Design Gráfico, usualmente aprendemos como se escreve uma matéria ou como se diagrama uma página. (12/1,0) 13 Nos cursos relacionados à comunicação, como Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Design Gráfico, usualmente aprendemos como se escreve uma matéria ou como se diagrama uma página. (12/1,5) Nos cursos relacionados à comunicação, como Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Design Gráfico, usualmente aprendemos como se escreve uma matéria ou como se diagrama uma página.(12/2,5) 1.1.6 Kerning O Kerning é o ajuste necessário entre pares de caracteres específicos para melhorar a integração visual entre eles. Devido à herança da época dos tipos móveis, cada caractere é desenhado “dentro de uma caixa”. Entretanto, como cada letra tem um desenho diferente e irregular, qunado as “caixas” são colocadas lado a lado, às vezes, surgem espaços em branco excessivos entre elas. Nesse caso, precisamos de um Kerning negativo para aproximar esses carcateres. Fontes profissionais costumam ter o Kerning muito bem-resolvido, enquanto as fontes gratuitas, baixadas da internet, nem sempre têm esse cuidado. 1.1.7 Alinhamento de texto à direita Uma flor nasceu na rua! Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfeco. Uma flor ainda desbotada ilude a polícia, rompe o asfalto. Façam completo silêncio, paralisem os negócios, Garanto que uma flor nasceu(...).14 No alinhamento à direita, os textos são alinhados à direita e suas linhas têm diferentes tamanhos e irregulares nas margens externas esquerdas. Isso acaba dificultando a legibilidade, pois força o olhar para usuários já habituados aos sistemas ocidentais. 1.1.7 Alinhamento de texto centralizado Uma flor nasceu na rua! Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfeco. Uma flor ainda desbotada ilude a polícia, rompe o asfalto. Façam completo silêncio, paralisem os negócios, Garanto que uma flor nasceu(...). Exemplo de texto alinhado ao centro Fonte: Extraído de andrade (2009). Neste tipo de alinhamento, as linhas de textos têm tamanho irregulares em ambos os lados e são dispostas de acordo com a tabulação do Tracking. 1.1.9 Alinhamento de texto justificado Uma flor nasceu na rua! Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfeco. Uma flor ainda desbotada ilude a polícia, rompe o asfalto. Façam completo silêncio, paralisem os negócios, Garanto que uma flor nasceu(...). Entre as opções de alinhamento, o justificado é o mais formal eusual de todos. Nesta opção de alinhamento, as linhas têm o mesmo comprimento, com margens “duras” e retas (ou uniformes) em ambos os lados do bloco de texto. É muito utilizado me textos longos como revistas, jornais e livros digitais e impressos. Além disso, é o padrão adotado pela ABNT no Brasil para escrita científica-acadêmica. 15 2. CLASSIFICAÇÕES TIPOGRÁFICAS São os grandes grupos de tipografias e famílias tipográficas reunidas por algum motivo em comum. Algumas das maiores e mais relevantes classificações são as serifadas, não serifadas, manuscritas e fantasia. Há também outras classificações, muitas delas dentro de cada uma dessas categorias maiores. 2.1 Principais classificações tipográficas Existem diversas classificações tipográficas, que podem envolver tanto grupos bem abrangentes quanto grupos bem específicos. Neste capítulo, apresentaremos as classificações que julgamos essenciais para um profissional de comunicação envolvido na construção de uma mensagem visual. São elas: Tipos serifados: como o nome já indica, são aqueles que apresentam serifa. Tipos não serifados: oposto ao anterior, são aqueles que não apresentam serifa. Tipos manuscritos: são aqueles que simulam letras escritas à mão. Tipos fantasia: são todos os tipos que apresentam alguma característica exótica que faz com que a fonte não enquadre em nenhuma das classificações anteriores. Analisaremos cada um desses tipos mais detidamente nas seções a seguir. 16 2.1.1 Fontes serifadas As tipografias serifadas foram as primeiras a serem desenvolvidas e utilizadas na prensa de tipos móveis, a partir do século XV. O uso da serifa era uma influência do desenho das letras feito pelos romanos séculos antes. Mesmo sendo tão antigas, muitas tipografias criadas nessa época continuam sendo muito utilizadas até hoje, como é o caso da Garamond. É comum se afirmar que as tipografias com serifa são as que apresentam melhor legibilidade, embora nem sempre seja bem assim. Ao longo desses mais de cinco séculos de existência, o desenho das tipografias serifadas sofreu várias transformações, ao ponto de Lupton (2013) afirmar que existem, pelo menos, quatro classificações diferentes de fontes serifadas: 1) humanistas (ou old-style); 2) transicionais; 3) modernas e; 4) egípcias. Dessa classificação, as humanistas ou old-style são as que apresentam a melhor legibilidade para textos longos em corpo pequeno, seguidas pelas transicionais. Já as modernas e as egípicias apresentam péssima legibilidade para textos longos em corpo pequeno, sendo mais indicadas para títulos ou textos curtos. As fontes serifadas apresentam um traço que muda de espessura ao longo da letra, gerando, portanto, um contraste entre os lados - há um lado mais fino e outro mais espesso. Nas tipografias humanistas, o eixo que divide esses dois lados é inclinado. O equilíbrio do contraste dessas fontes, aliado ao uso da serifa, faz com que elas sejam as mais legíveis para textos longos em corpos pequenos. A evolução do desenho das tipografias serifadas levou à criação das transicionais, criadas no século XVIII. Essas tipografias ainda guardam alguma legibilidade para textos longos, mas a presença de um lado com o traço ainda mais fino começa a prejudicar a leitura em tamanhos pequenos. No final do século XVIII, surgiram as tipografias serifadas modernas. Abandonando de vez qualquer semelhança com a caligrafia, essas fontes se tornaram extremamente retas e geométricas, com alto contraste no traçado e 17 serifas retas, finas e sem transição com a haste. São fontes que guardam um refinamento e estilo muito característico, sendo muito utilizadas atualmente no mundo da moda. Porém, fontes desse grupo apresentam péssima legitibilidade, pois o lado mais fino desaparece em corpos pequenos. No século XIX, surgiu a última classificação: as egípicias. Se a tipografia surgiu no século XV, principalmente para ser utilizada para a reprodução de livros, o crescimento da publicidade séculos mais tarde criou a necessidade de tipos de maior impacto visual para serem utilizados nos cartazes que começavam a tomar conta das cidades. Foi nesse contexto que as fontes egípcias (também conhecidas como serifa slab ou serifa quadrada) foram criadas. São tipos com traços espessos e serifas pesadas, que chamam muito a atenção quando utilizados em títulos. No entanto, assim como as transicionais, as egípcias são péssimas para leitura de textos longos em corpos pequenos. É válido salientarmos que não são só as questões ligadas à forma e à legibilidade que permeiam essas quatro classificações. Cada uma delas funciona melhor para comunicar tipos específicos de mensagem. Vários fatores determinam isso, o que impossibilita definir, de fato, o que uma classificação pode ou não representar. 2.1.2 Tipos não serifados As tipografias sem serifa são relativamente mais recentes se comparadas com as serifadas, visto que ganharam força e uso efetivo apenas na virada do século XIX para o século XX. Por esse motivo, normalmente essas fontes apresentam um aspecto mais moderno e contemporâneo - os modernistas, inclusive, priorizavam muito o uso de tipos não serifados, até mesmo em textos extensos. É possível utilizar fontes sem serifa (em corpo pequeno) em textos longos, mas é preciso escolher bem. Conforme esclarece Lupton (2013), as fontes sem serifa também apresentam categorias com características e recomendações de uso diferentes: as humanistas, as transicionais e as geométricas. Diferentemente das serifadas, as fontes sem serifa não são fruto de um processo de evolução histórica, uma vez que as três categorias surgiram em épocas próximas. As fontes humanistas sem serifa são aquelas que estão 18 menos distantes da origem caligráfica da escrita, sendo, portanto, mais orgânicas, além de apresentarem variação de espessura no traçado. A abertura de letras como o “e” e o “C” são maiores, pois não tentam fechar em círculo ou uma elipse. Justamente por essas aberturas maiores, esse tipo de fonte é o mais legível entre as classificações sem serifa, podendo ser utilizado em textos mais longos e também em placas de sinalização. Já as transicionais sem serifa são o meio do caminho até se chegar às geométricas. Por essa razão, esse tipo já apresenta traços mais retos e com pouca variação de espessura. Caracteres como o "e" e o "c" têm aberturas menores, sendo que esse traçado mais fechado sugere uma elipse(uma espécie de "círculo espremido"). A abertura menor dessas tipografias faz com que elas percam a legibilidade em textos com corpos pequenos, já que dificulta o reconhecimento do caractere. Por fim, as geométricas, como o nome já sugere, são as mais geometricamente construídas. Esse tipo de fonte apresenta traços bem retos e dificilmente tem variação de espessura. A abertura das letras é pequena e o traço tende a formar um circulo geométrico. A letra "a" dessa categoria normalmente é um "a" geométrico, que pode se confundir um pouco com o "o" em tamanhos pequenos. Por esses motivos, são as fontes sem serifa menos indicadas para textos longos em corpos pequenos. 2.1.3 fontes manuscritos As fontes manuscritas, também conhecidas como caligráficas ou script, são aquelas que simulam a escrita manual. Ao longo da história da tipografia, o desenho das letras foi gradativamente se afastando da escrita manual, o que, de certa forma, também foi deixando esses caracteres mais artificiais, abstratos e pouco "humanos". As fontes manuscritas são uma forma de manter essa presença humana no ato de comunicar, sendo, portanto, muito utilizadas na publicidade para passar mensagens que visem provocar mais empatia no leitor. Há milhares de tipos manuscritos disponíveis hoje em dia; alguns remetem à caligrafia formal, outros simulam uma letra adulta despojada, e há até os que remontam a caligrafia infantil. A legibilidade desse tipo de fonte varia muito, sendo alguns tipos quase ilegíveis. Via de regra, as manuscritas devem 19 ser evitadas em textos longos, sendo mais adequados para títulos ou textos curtos. 2.1.4 Fontes fantasiosas ou decorativas As fontes fantasiosas ou decorativas dificilmente podem ser classificadas em grupos homogêneos ou com muitas caracteristicas em comum (Fontoura; Fukushima, 2012). Como o nome já diz, são tipos "diferentões" de fontes, que geralmente são utilizados em títulos ou textos curtos, pois dificilmente apresentam legibilidade para textos longos ou em corpo pequeno. São ótimos tipos para gerar contraste com fontes mais convencionais serifadas ou sem serifa. Contudo, dificilmente dois tipos diferentes da própria categoria ficam bem ao serem combinados. 3. RETÓRICA TIPOGRÁFICA Imagem: 6 Conforme ressaltamos em outros momentos, os tipos comunicam de duas formas: 1) pelo conteúdo que eles expressam e; 20 2) pela forma que eles têm. Se a tipografia comunicasse apenas o seu conteúdo escrito, bastaria descobrirmos qual é a tipografia mais legível que existe e passaríamos a utilizar apenas ela. Contudo, existem milhares de fontes diferentes, e cada pequena mudança em sua forma representa também mudanças nos conceitos para os quais elas são menos ou mais adequadas para comunicar. Ao encararmos uma tipografia como um artefato estético, podemos atribuir a ela tanto funções práticas quanto simbólicas. A primeira está relacionada justamente com a transmissão eficiente do conteúdo escrito, dependendo, portanto, de sua legibilidade. Já a segunda é justamente a capacidade que a tipografia tem de expressar conceitos por meio de sua forma, como significados subjetivos que não estão no texto, mas em memórias e ideias que são despertadas ao olharmos para o seu desenho - nível reflexivo. O ato de articular esses aspectos simbólicos é denomidado retórica tipográfica. Assim como a retórica tradicional tenta convencer por meio do conteúdo da mensagem, a retórica tipográfica tenta convencer por meio da escolha da tipografia mais adequada para reforçar a mensagem. 3.1 Pecados tipográficos Existem uma série de erros na aplicação da tipografia que precisam ser evitados. Apresentaremos os principais deles, assim como formas de resolvê- los. ► Evitar a utilização de textos longos em caixa-alta ou negrito ► Texto em caixa-alta OBS: Abaixo os exemplos. 21 NOS CURSOS RELACIONADOS À COMUNICAÇÃO, COMO JORNALISMO, PUBLICIDADE E PROPAGANDA E DESIGN GRÁFICO, USUALMENTE APRENDEMOS COMO SE ESCREVE UMA MATÉRIA OU COMO SE DIAGRAMA UMA PÁGINA. EM ALGUNS DESSES EXERCÍCIOS, TEMOS MAIS LIBERDADE NA LINGUAGEM E NO ESTILO QUE VAMOS USAR; CONTUDO, NO CONTEXTO DE UMA ORGANIZAÇÃO, É NECESSÁRIO MANTER UM PADRÃO NA DIAGRAMAÇÃO. Nos cursos relacionados à comunicação, como jornalismo, publicidade e propaganda e design gráfico, usualmente aprendemos como se escreve uma matéria ou como se diagrama uma página. em alguns desses exercícios, temos mais liberdade na linguagem e no estilo que vamos usar; contudo, no contexto de uma organização, é necessário manter um padrão na diagramação. 22 Nos cursos relacionados à comunicação, como jornalismo, publicidade e propaganda e design gráfico, usualmente aprendemos como se escreve uma matéria ou como se diagrama uma página. em alguns desses exercícios, temos mais liberdade na linguagem e no estilo que vamos usar; contudo, no contexto de uma organização, é necessário manter um padrão na diagramação. A caixa-alta, quando utilizada em excesso, deixa o bloco de texto pesado e retarda a leitura. Além disso, simbolicamente, ela costuma ser interpretada como se o emissor da mensagem estivesse “gritando” com o leitor. Isso pode ser bom para um título ou destaque, mas é um excesso em textos longos. Textos longos em negrito também deve ser evitados, já que também deixam o visual pesado, retardando a leitura. Evitar viúvas e órfãs Viúvas são palavras isoladas no final de um parágrafo. Em colunas pequenas, elas não geram problema, mas em colunas mais largas, o aspecto visual fica desequilibrado e amador. Para evitá-las, basta diminuir o espaçamento entre as letras para fazer a palavra subir para alinha anterior ou aumentar o espaçamento para fazer mais palvras irem para essa linha. 23 Evitar dentes-de-cavalo Quando utilizamos texto justificado em blocos de texto, principalmente em colunas estreitas, podem aparecer os chamados dentes-de-cavalo, que são espaços grandes e irregulares entre as palavras. Isso dificulta a leitura e deixa a aparência amadora e pouco atraente. Para evitar esse problema, é possível tentar aumentar a largura da coluna ou utilizar o recurso de hifenização. Se isso não resolver, a única solução restante é mudar o alinhamento justificado para alinhado à esquersa. Texto justificado, com dentes de cavalo Nos cursos relacionados à comunicação, como Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Design Gráfico, usualmente aprendemos como se escreve uma matéria ou como se diagrama uma página. Em alguns desses exercícios, temos mais liberdade na linguagem e no estilo que vamos usar; contudo, no contexto de uma organização, é necessário manter um padrão na diagramação. Isso porque não faz sentido justaor um texto escrito em uma linguagem coloquial, direcionada para adolescentes, em um texto jurídico cheio de termos técnicos, assim como não faz sentido que duas páginas pareçam pertencentes publicações diferentes. Solução 1: hifenizar 24 Nos cursos relacionados à comunicação, como Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Design Gráfico, usualmente aprendemos como se escreve uma matéria ou como se diagrama uma página. Em alguns desses exercícios, temos mais liberdade na linguagem e no estilo que vamos usar; contudo, no contexto de uma organização, é necessário manter um padrão na diagramação.Isso porque não faz sentido justaor um texto escrito em uma linguagem coloquial, direcionada para adolescentes, em um texto jurídico cheio de termos técnicos, assim como não faz sentido que duas páginas pareçam pertencentes publicações diferentes. Solução 2: alinhar à esquerda Nos cursos relacionados à comunicação, como Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Design Gráfico, usualmente aprendemos como se escreve uma matéria ou como se diagrama uma página. Em alguns desses exercícios, temos mais liberdade na linguagem e no estilo que vamos usar; contudo, no contexto de uma organização, é necessário manter um padrão na diagramação. Isso porque não faz sentido justaor um texto escrito em uma linguagem coloquial, direcionada para adolescentes, em um texto jurídico cheio de termos técnicos, assim como não faz sentido que duas páginas pareçam pertencentes publicações diferentes. 25 Não alterar a proporção original dos tipos Nunca se deve achatar, espremer ou alargar uma tipografia, pois isso altera a proporção do seu traçado. Se for necessário que o texto fique mais estreito, deve-se utilizar uma tipografia condensada ou diminuir o espaçamento entre as letas. Se for preciso que o texto fique mais largo, deve-se utilizar uma tipografia estendida ou aumentar o espaçamento. Não colocar os tipos sob fundos com baixo contraste Letras em cores claras (principalmente o amarelo precisam ser colocadas em fundos escuros para gerar contraste suficiente para leitura). Da mesma forma, fontes em preto ou em outras cores escuras precisam esta em fundos brancos ou de cores claras. Tipografia Tipografia Tipografia Tipografia 26 Não colocar tipos sob fundos com muito ruído Aplicar textos em fotos ou em fundos texturizados é sempre um desafio, pois a variação de cor do fundo gera ruído e atrapalha a leitura. Nas fotos, a dica é procurar áreas nas quais a variação de cor e de formas seja menor. Caso não seja possível encontrarf áreas assim, deve-se usar contornos ou sombras na fonte para isolá-la do ruído e aumentar o contraste. Não esquecer de marcar o início dos parágrafos Parágrafos existem para estruturar o texto e marcar divisões de ideias, motivo pelo qual eles devem ser claramente definidos na diagramação. É possivel marcar parágrafos aumentando o espaço vertical entre eles ou aumentando o espaço horizontal da primeira linha de cada parágrafo (o que chamamos de indentação). Evite usar duas fontes parecidas Lembre-se dos princípios básicos de design (repetição e contraste): ou se usa a mesma fonte para gerar unidade, ou se usa duas completamente diferentes para gerar contraste. Ficar no meio termo gera conflito. 3.2 Lettering Tipografias completas são criadas para serem sistemas flexíveis, que permitam ao publicitário ou designer escrever qualquer palavra que seja necessária para o projeto em questão. Isso obviamente é bom, mas também traz algumas limitações formais. O desenho das letras precisa ocupar espaços limitados, devendo seus tamanhos ser proporcionais. Isso torna difícil viabilizar que partes do caractere se prolonguem muito para fora desse espaço, pois corre-se o risco de ele se sobrepor ao caractere ao lado. 27 Entretanto, há ocasiões em que é preciso criar desenhos de letras específicos para uma mensagem, para expressar algumas palavras só e nada mais. Nesses casos, não temos a obrigação de criar todas as letras, pois elas não precisam oferecer todas as possibilidades de formação de palavras. Esse recurso é chamado lettering. Tradução possível seria letramento, ou seja, criar apenas as letras necessárias ao projeto em pauta. Perguntas e respostas Tendo em vista o que já estudamos até aqui, existe vantagem no uso de lettering? Sim. A principal vantagem do lettering é liberdade criativa que ele permite. As letras podem ter tamanhos diferentes, prolongamentos, ligações entre si e qualquer outro tipo de mudança formal que dificultaria a criação de uma tipografia convencional. É muito comum que os lettering sejam desenhados manualmente, sem nenhuma tipografia pronta sendo utilizada como base. Esse aspecto manual que muitos letterings apresentam pode ser explorado para criar mensagens mais humanizadas, orgânicas e atraentes. Criar lettering manualmente não é tão simples e requer habilidade específicas, mas você pode treinar ou fazer cursos específicos, assim como também pode contratar profissionais especializados. Mesmo sem essas habilidades manuais, tenha em mente que é possível construir bons letterings com base em tipografias que já existem, editando-as para que ganhem detalhes únicos no seu projeto. Independentemente do caso, é importante notar que o lettering é um recurso muito útil para o design gráfico e para a publicidade, alcançado resultados originais e de grande impcto visual que, ás vezes, não podem ser atingidos só com o uso de tipografias prontas. 28 4. REFERÊNCIAS: FARIAS, P. L. Tipografia digital: O impacto das novas tecnologias. E. ed. Rio de Janeiro: 2AB, 2013. FONTOURA, A. M.; FUKUSHIMA, N. Vade- mécum de tipografia. 2. Ed, curitiba: Insight, 2012. GARFIELD, S. Esse é meu tipo: um livro sobre fontes. Tradução de Cid Knioel. Rio de Janeiro: Zahar, 2012. LUPTON, E. Pensar com tipos. Tradução de André Stolarki. 2. Ed. São Paulo: Cosac Naify, 2013. MEGGS, P. B.; PURVIS, A. W. História do design gráfico. Tradução de Cid Knipel. São Paulo: Cosac Naify, 2009.
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