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EU ESTIVE NO PLANETA VÊNUS - SALVADOR VILLANUEVA MEDINA

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EU ESTIVE NO PLANETA VÊNUS SALVADOR VILLANUEVA MEDINA 
FUNDASAW www.fundasaw.org.br 1 
EU ESTIVE NO PLANETA VÊNUS 
I Edição Brasileira 
Título original espanhol: 
Estuve en el planeta Vênus 
Autor: Salvador Villanueva Medina 
Tradução da terceira edição impressa na Colômbia em 1973 de: 
KARL BUNN 
DIREITOS AUTORAIS DESTA EDIÇÃO: 
Fundação Samael Aun Weor 
Curitiba PR Brasil 
 
 
 
EU ESTIVE NO PLANETA VÊNUS SALVADOR VILLANUEVA MEDINA 
FUNDASAW www.fundasaw.org.br 2 
SUMÁRIO 
Capítulo 1: O contato 
Capítulo 2: A nave 
Capítulo 3: A nave-mãe 
Capítulo 4: Chegada à Vênus 
Capítulo 5: Primeiras impressões 
Capítulo 6: Examinando o passado venusiano 
Capítulo 7: Um vôo sobre Vênus 
Capítulo 8: Encontro com os franceses 
Capítulo 9: Como os venusianos se divertem 
Capítulo 10: A despedida 
Capítulo 11: De volta aTerra 
Apêndice: Naves interplanetárias 
 
EU ESTIVE NO PLANETA VÊNUS SALVADOR VILLANUEVA MEDINA 
FUNDASAW www.fundasaw.org.br 3 
Apresentação 
Por Karl Bunn 
 
Traduzi este livro nos anos 70, logo que tive oportunidade de adquiri-lo. Depois, fizemos uma edição 
impressa – mas foi um fracasso de vendas. Aparentemente, as pessoas sempre estiveram mais interessadas 
em histórias de ET’s monstruosos e assassinos do que em relatos simples, diretos e honestos, de gente 
simples, falando de bondade, respeito, altruísmo e fraternidade. Portanto, quase 30 anos após a tradução, 
dispondo hoje de canais próprios de comunicação com o mundo, graças à internet, novamente iniciamos a 
distribuição desta obra referendada pelo Mestre Samael Aun Weor, que conheceu o autor deste livro 
pessoalmente. 
 
Dentro deste campo da vida extra-terrestre temos ouvido muitas histórias. Muitas, sem dúvida, honestas e 
verdadeiras; outras, puras fantasias. Todos os que tiveram experiências reais com seres de outros planetas 
foram, literalmente levados à fogueira das calúnias pelos que se dizem “especialistas” no tema. Dentre esses 
“especialistas” há aqueles que sequer até hoje avistaram alguma nave, mas, ainda assim, se julgam 
superiores aos que nelas viajaram dentro e fora de nosso sistema solar. 
 
Este livro, junto com mais alguns poucos que tivemos oportunidade de conhecer, graças aos trabalhos sérios, 
mas anônimos, desenvolvidos por pessoas de nossa confiança em diferentes partes do mundo, dá uma 
mostra real e autêntica de como vivem essas humanidades que estão em estágios bem mais avançados que 
nós, os primitivos e atrasados moradores deste planeta selvagem chamado terra. 
 
A questão mais real e palpitante que os leitores desta obra sempre colocam é: Como pode o planeta Vênus 
ser habitado se o clima é hostil, venenoso e que as sondas da NASA mostram como impróprio para a vida 
humana? 
 
Bem, isso também me deu muitos nós em minha pobre mente. Mas, um dia pude compreender como a vida 
nasce, cresce e se desenvolve em várias dimensões simultaneamente. Aí, tudo ficou simples de ser entendido 
e aceito. Portanto, meus caros amigos, a NASA pode enviar centenas de aparelhos científicos para qualquer 
planeta de nosso sistema solar, telescópios podem ir além do sistema solar, fotografar, filmar, sondar, mas, 
nunca encontrarão vida humana na terceira dimensão como nós a temos aqui na terra. 
 
Bem, aí nasce outra questão: Mas, como v. podem provar que há vida em outras dimensões? 
 
A resposta é: Nunca provaremos nada. Não queremos provar nada. Mas, se v. quiser “comprovar” isso que 
dizemos, bem, venha estudar nossos métodos de pesquisa e investigação nas dimensões superiores da 
natureza e aí v. mesmo poderá ver pessoalmente essas realidades. 
 
E mais questionamentos surgem: Mas, se os venusianos vivem na quinta dimensão como podem viajar para 
a terceira dimensão? 
 
Bem, caros amigos, isso nem a física quântica – hoje supremo apanágio da vida inteligente deste planeta – 
consegue ainda explicar. Mas, isso é fruto de nosso desconhecimento, como também foram certas barreiras 
imaginárias que criamos no passado. Houve um tempo que se acreditava que se alguém ultrapassasse os 60 
EU ESTIVE NO PLANETA VÊNUS SALVADOR VILLANUEVA MEDINA 
FUNDASAW www.fundasaw.org.br 4 
km / h se desintegraria. Depois, mudaram para a barreira do som. Hoje, existe a barreira da velocidade da 
luz – que a ciência dos ET’s simplesmente ignora o que seja – porque eles viajam a velocidades muitas 
vezes superiores à velocidade da luz [e nunca se desintegraram como crêem nossos cientistas]. 
 
Enquanto nossa ciência vive no mundo das cavernas em termos de conquistas cósmicas, os místicos de todos 
os tempos e épocas sempre tiveram contato e comunicação com os ET’s – porque o místico desenvolve 
dentro de si certas habilidades psíquicas que o levam naturalmente a conhecer, ver, investigar e pesquisar 
dentro das sete dimensões básicas da natureza. 
 
Mas, tudo isso é bem complicado explicar às mentes cartesianas de nosso tempo. Nunca irão entender muito 
menos aceitar essas realidades que estão bem além de sua limitada compreensão intelectual condicionada 
por uma ciência ateísta e materialista. 
 
Dito isto, só nos resta desejar uma boa leitura. 
 
Obrigado. 
 
PS – Não deixe de ler alguns trechos do ARCANO 9 de nosso CURSO DE INICIAÇÃO À GNOSE – que 
está disponível em nosso site www.fundasaw.org.br . Ali apresentamos vários relatos de contatos com seres 
e humanidades de outros planetas. 
 
 
 
 
http://www.fundasaw.org.br/
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PREFÁCIO 
Por: Samael Aun Weor 
Conheço Salvador Villanueva Medina há muito tempo. É pessoa amiga e digna de crédito. A bem da 
verdade enfatizo que se trata de um homem prático. Não tem nada de extraordinário. Nunca o vimos em 
devaneio. Sempre ganhou a vida como motorista, ultimamente como mecânico de automóveis. Sem dúvida, 
trata-se de uma pessoa exemplar, excelente pai de família, bom amigo. 
Entretanto, esse livro só lhe trouxe problemas. Essa obra já foi traduzida para o alemão, japonês, inglês, 
francês, tendo vendido milhares de exemplares. O autor limita-se a contar o que viu e testemunhou. 
Considera uma obrigação narrar seu caso à humanidade. E diz a verdade, só a verdade. 
Medina foi examinado por vários psicólogos, e esses atestaram que se trata de uma pessoa lúcida, inteligente 
e equilibrada. O que aconteceu com ele - ter ido à Vênus a bordo de um disco voador - poderia ter 
acontecido a qualquer um. A Phillips examinou amostras de terra e arbustos recolhidos no local onde a nave 
que levou Medina à Vênus pousou. Os especialistas daquele laboratório descobriram uma estranha desordem 
atômica e molecular. As marcas deixadas pela nave foram fotografadas. Assim, a narração de Medina está 
baseada em fatos e provas. 
O Movimento Gnóstico Internacional está de parabéns com esse evento cósmico, cujo protagonista principal 
foi Salvador Medina. Sempre dissemos que a Terra não é o único mundo habitado, e isso ficou demonstrado 
com esse caso vivido por Medina. Vários terrícolas têm sido levados a outros mundos como pôde evidenciar 
Medina em Vênus, onde se avistou com dois franceses, os quais nem por sonho querem voltar à Terra. 
Samael Aun Weor 
Fundador do Movimento Gnóstico Internacional 
México - DF 
EU ESTIVE NO PLANETA VÊNUS SALVADOR VILLANUEVA MEDINA 
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A TÍTULO DE PRÓLOGO 
Por: Salvador Villanueva Medina 
 
O mês de agosto para mim é significativo, pois, nesse mês vim ao mundo, ainda que daquela data até hoje 
haja transcorrido quase meio século. Foi também no mês de agosto que tive o maior privilégio que alguém 
poderia desejar. Em ambos os casos,a aventura aconteceu sem meu conhecimento. Este último é difícil de 
provar, porque nem testemunhas havia, porém, é mais rico em incidentes que o primeiro. 
Disso tudo, o que mais fundas raízes lançou em minha mente, foi um motorista: ele foi a primeira pessoa 
que se colocou no meu caminho quando terminava a fantástica aventura. Foi fácil transbordar meu 
otimismo, sem imaginar suas conseqüências, que me colocavam no limite do sublime com o ridículo. 
Mas tratei de aproveitar minha experiência com o motorista. Dali por diante acautelei-me, mesmo que 
falando a verdade. Confesso que após a primeira decepção com as pessoas, com suma facilidade encerrei 
dentro de mim a gloriosa experiência, ainda que às pessoas que a proporcionaram tivesse prometido fazê-la 
pública. Por dezoito meses fiz caso omisso de minha promessa para com eles, apoiando-me na desculpa de 
que não tinha preparo intelectual. Mas insistiram assegurando-me que se valeriam de algum meio para me 
ajudar na transcendental tarefa. 
Não me pareceu raro ver nas primeiras páginas dos jornais, notícias a respeito de pessoas que haviam tido 
experiências semelhantes, ainda que menores que a minha. Novamente começou a mexer em mim a 
curiosidade de saber se a população me acreditaria. Propunha-me a contar tudo a um intelectual e acredito 
que fiquei atinado quanto à escolha. Por aqueles dias um colunista que, sob o pseudônimo de M.G.B., 
escrevia uma série de artigos sobre o assunto, chamou-me a atenção. Pela seriedade com que atuava, decidi 
fazer contato com ele, mandando-lhe uma parte do relato, pois, não podia desenterrar de mim a incerteza que 
provocara o motorista, e por isso julgo que cometi outro erro não lhe contando toda a experiência em 
detalhes. 
Agora era ele quem recebia com reservas as minhas palavras, e ainda que me tivesse dado oportunidade de 
justificar-me, creio que não soube aproveitar, agravando as suas desconfianças. Exatamente naqueles dias 
estava no México, em viagem de férias, um casal de norte-americanos que havia tido a oportunidade de ver 
uma nave espacial à pouca altura. Isso lhes entusiasmou tanto que decidiram documentá-la e documentar-se 
devidamente e ditar algumas conferências. No México colocaram-se em contato com o senhor M.G.B. o 
qual teve a gentileza de me convidar para assistir a primeira conferência ditada por eles na capital asteca. 
Compareceram à conferência umas trezentas entusiasmadas pessoas, a maioria documentada, e algumas, 
com experiências pessoais. Também os jornalistas fizeram-se presentes, pelo que ficou muito interessante o 
novo incidente que iria aumentar meu acervo pessoal. 
Em companhia de meu filho mais velho ocupamos uma poltrona do salão, deixando que a conferência 
transcorresse. Esquentaram-se os ânimos; várias pessoas subiram ao palco para relatar suas experiências, 
aumentando o interesse de todos. De repente, o conferencista, num recurso de oratória, perguntou se alguém 
dos presentes alguma vez fizera contato com tripulantes de naves espaciais. A pergunta me fulminou. Sem 
saber com certeza o alcance de minha decisão, sentindo que uma extraordinária força obrigava-me a isso, 
levantei a mão, sendo em seguida convidado a ir ao palco ante a expectativa geral. Alguns passos depois o 
arrependimento já tomara conta de mim. Mas fui em frente. Felizmente trataram-me com cortesia e houve 
até um grande escritor, Francisco Struk, que acorreu em defesa de minhas palavras, acalmando o rebuliço 
que elas provocaram na assistência. 
Os norte-americanos interessaram-se em investigar meu relato, e com a aquiescência de M.G.B. 
convidaram-me para lhes ensinar o caminho e o lugar onde vira e entrara na nave. Acompanhou-nos um 
engenheiro militar, um professor de matemática americano e Salvador Gutierrez, experiente fotógrafo da 
imprensa mexicana. A excursão foi exitosa. O engenheiro, guiado por minhas palavras, fez cálculos e não 
demoramos a achar o lugar exato, comprovando-se as dimensões do aparelho. Isso me fez recobrar a 
confiança perdida com o motorista quando lhe contara o episódio. E adquiri nova informação: as naves 
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aterrissam deixando profundas marcas. No presente caso, como havia aterrissado num local de vegetação 
alta, esta ficou queimada de um modo raro, totalmente desconhecida para nós; e assim encontrava-se dezoito 
meses depois. 
Tiramos amostras de terra, de dentro e de fora das marcas deixadas pela nave, que posteriormente foram 
mandadas para análise nos laboratórios da Phillips, quando se comprovou que em ambas as amostras 
recolhidas havia uma diferença molecular bastante acentuada. Pouco depois veio da Califórnia - EUA - 
Jorge Adamski que também pronunciou uma conferência no Teatro Insurgentes, asseverando que tivera 
numerosos contatos com tripulantes de naves extra- terrestres. 
Fui apresentado a ele na casa do colunista M.G.B. onde me limitei a responder suas perguntas sem 
estender-me demasiadamente, pois, tinha, então, a firme convicção de que nenhuma pessoa que conhecera 
tivera uma experiência tão rica de detalhes e incidentes quanto a minha; parecia-me que todos buscavam 
unicamente respostas e experiências para benefícios pessoais. 
Pela capital asteca passou também o escritor inglês Desmond Leslie e tive oportunidade de conhecê-lo e 
acompanhá-lo por um dia e meio, graças ao interesse do agudo investigador e jornalista M.G.B. que não 
perdia tempo em aproveitar quantas oportunidades surgissem para investigar minhas experiências. Esclareço 
que tampouco a M.G.B. contara toda minha aventura. Como aos demais, limitara-me em contar-lhe somente 
uma parte da experiência, já que o restante julgava inverossímil; temia que me ridicularizassem, pois, estava 
crente que ninguém acreditava em algo que não tivessem visto com os próprios olhos. Contudo, a promessa 
que fizera aos tripulantes da nave continuava mordendo minha consciência. Este é o motivo pelo qual 
resolvi escrever este relato, amplo e sem as limitações impostas pelos jornais. Espero que me perdoem a 
ousadia. 
No final deste trabalho, aos versados em telepatia, relato algo que tenho tido o martírio de captar sem, 
contudo, poder decifrar inteiramente, mas que julgo obrigado a dizer. 
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CAPÍTULO 01 
O CONTATO 
Corria a segunda dezena do mês de agosto de 1953 ... ! Cobrindo meu turno num carro de aluguel, servi a 
dois norte-americanos, um casal, que me pediu recomendar-lhes um motorista que lhes ajudasse a conduzir 
um automóvel para os Estados Unidos pela estrada de Laredo. Contra o meu costume, o trabalho me 
interessou e me coloquei a seu serviço, saindo do México dois dias depois. O automóvel, um Buick modelo 
52, ganhava estrada com facilidade. O casal tinha pressa em chegar e por isso revezávamos no volante. 
Havíamos percorrido menos de 500 quilômetros - 484 para ser exato - quando se ouviu um ruído na 
transmissão do carro. Temerosos de causar maiores estragos ao veículo, paramos. Meus acompanhantes 
decidiram voltar em busca de socorro, já que em plena estrada, sem ferramentas, era impossível fazer 
qualquer conserto. Quando meus temporários patrões se afastaram peguei o macaco, para investigar de onde 
provinha o ruído. Coloquei-o sob o carro, levantando uma roda; deixei o motor ligado à transmissão e 
deslizei para baixo do veículo para ouvir melhor. Nesta posição ouvi alguém se aproximar, pois, escutava 
passos na areia acumulada ao lado da pista. Alarmado - porque quando meus patrões se foram, ao me 
colocar em baixo do carro e olhando à volta não vira ninguém, e o lugar era deserto - tratei de sair 
rapidamente de baixo do carro. Não terminei meu intento quando uma voz estranha, em perfeito espanhol, 
perguntava-me o que aconteceracom o veículo. Não respondi sem antes ter deslizado para fora, ficando 
sentado e encostado à carroceria. 
À minha frente, a uma distância de metro e meio, havia um homem de pequena estatura e estranhamente 
vestido. Não media mais que um metro e vinte. Vestia-se com um traje feito de material parecido com a 
paina ou um tecido de lã. Exceto a cabeça e o rosto, o resto do seu corpo estava totalmente coberto. 
Surpreendentemente, a cor de seu rosto parecia de marfim. Seus cabelos, prateados e ligeiramente ondeados, 
caíam até abaixo dos ombros, por trás das orelhas que, em conjunto com as sobrancelhas, nariz e boca, 
formava um todo harmonioso, complementado por um par de olhos verdes, brilhantes, que me recordavam 
os de um felino. Sobre o traje trazia um grosso cinturão, arredondado em suas bordas e cheio de 
pequeníssimas perfurações sem ter, aparentemente. um ponto de união. Trazia também um capacete 
parecido com os que se usa para jogar futebol americano, um pouco deformado na parte posterior na altura 
da nuca, onde havia um abaulamento do tamanho de um maço de cigarros, coberto, por sua vez, de 
perfurações desvanecidas nas bordas. À altura das orelhas, viam-se dois buracos redondos, medindo um 
centímetro mais ou menos, dos quais saía grande quantidade de fios metálicos tremelicantes que, nivelados 
sobre as costas do capacete, formava uma circunferência de três polegadas e meia; tanto os fios quanto a 
protuberância eram de uma cor azulada, igual ao cinturão e ao colarinho que arrematava o traje, que era de 
cor cinza opaca. 
O homem levou sua mão direita à boca, no característico gesto de quem pergunta se eu falava. Pareceu-me 
alucinante a sonoridade e a musicalidade de sua voz, que saía de uma boca perfeita, marcada por duas 
fileiras de pequeninos e branquíssimos dentes. Fazendo um esforço levantei-me, valorizando-me um pouco 
ao notar minha superioridade física. O indivíduo animava-me esboçando um sorriso de plena doçura, mas eu 
não conseguia desfazer a rara impressão que me produziu a súbita aparição daquele tipo tão singular. Como 
não me sentira obrigado a responder a sua pergunta, perguntei-lhe se era aviador. Usando de generosa 
amabilidade, respondeu-me que sim, que seu avião, como chamávamos, estava perto dali. Reconfortado pela 
sua resposta, ocorreu-me convidá-lo a subir no carro, pois, fazia um ar frio bastante desagradável que 
aumentava de quando em quando ao passar um veículo em grande velocidade. A obscuridade começava 
encobrir o homem. Em vez de aceitar meu convite ou de agradecê-lo, arrumou cuidadosamente seu traje, 
deixando-se ouvir um ruído parecido como o produzido por um carro em grande velocidade. Nas 
perfurações do cinturão começou a acender e a apagar com profusão diversas luzes que aumentavam de 
intensidade. O homem levantou o braço direito, como a despedir-se, aproximou-se de um monte de terra, 
escalando-o com facilidade de onde saltou para o bosque que margeava a estrada. Decorrido um momento 
subi ao mesmo monte e tratei de localizá-lo, o que fiz pelo seu cinturão que, à certa distância, se 
assemelhava a um grupo de numerosos vagalumes. Permaneci ali até perdê-lo de vista na obscuridade do 
bosque. 
EU ESTIVE NO PLANETA VÊNUS SALVADOR VILLANUEVA MEDINA 
FUNDASAW www.fundasaw.org.br 9 
Voltei ao carro, retirei o macaco e, por conselho de alguns patrulheiros rodoviários, tirei o carro do asfalto, 
colocando-o no acostamento. Acomodei-me no assento matutando sobre o estranho ser, pensando que talvez 
fosse um aviador que havia sofrido algum acidente ou pane e tivesse destroçado o aparelho no bosque. Por 
fim, adormeci. Devia ter passado bastante tempo, pois, estava profundamente adormecido quando ouvi 
golpes no vidro da porta dianteira direita que me despertaram. Vi duas pessoas fora do carro. Imaginei que 
fossem meus patrões que tivessem voltado. Sem pensar em mais nada, abri a porta. Enorme foi a minha 
surpresa ao encontrar meu “conhecido” acompanhado, agora, de outro indivíduo com o mesmo aspecto e 
trajado igual ao primeiro. Sem me dar conta convidei-os a entrar no carro, coisa que aceitaram 
imediatamente. Foi assim quando, pela primeira vez, tive a rara sensação de que aqueles estranhos seres 
eram algo superiores a mim. Como se fosse uma premeditada advertência, ao esticar o braço direito sobre 
eles para ajudar a fechar a porta, senti uma dor, seguida de um entumescimento que o paralisou 
momentaneamente. Foi tão forte a impressão que, instintivamente, apertei-me contra o veículo para o lado 
esquerdo, deixando espaço entre eles e eu. Um instante depois senti um calorzinho emanado de seus corpos 
ou de seus trajes que se tornava agradável, já que naquela época a temperatura da região era fria. 
Sem nenhuma apresentação, meu “conhecido”, agora sentado na parte central do banco do automóvel, 
perguntou-me se havia conseguido arrumar o carro. Disse-lhe que não trazia ferramentas suficientes para 
tentar o conserto, de modo que não havia outra saída a não ser esperar o regresso de meus acompanhantes 
que tinham ido em busca de socorro. Seguiu-se um momento de expectativa, quando percebi que estavam 
me observando com certo entusiasmo. Acendi as luzes do interior do carro e só para perguntar-lhes algo, 
quis saber se eram europeus. A perfeição de seus traços levaram-me a compreender que não pertenciam a 
uma raça ao alcance de meu conhecimento. O do meio, que conduzia a conversa, sorrindo ligeiramente, 
disse que eram de um lugar muito mais distante do que eu conhecia ou podia imaginar. A questão do “lugar” 
dava-me uma sensação esquisita, mas, não me ocorria pensar em outros planetas; só em outros países. 
“Nosso lugar”, disse, “está muito mais habitado que este. É difícil encontrar muito espaço entre pessoa e 
pessoa”. 
Então, o homem começou a falar tanto que fiquei perplexo. Faziam contraste os dois: o do meio era a 
própria loquacidade; o da direita, o mutismo em pessoa. Entretanto, este era mais cheio de rosto e mais 
robusto de modo geral e só fazia pequenos movimentos com a cabeça, deixando, de vez em quando, seus 
pequenos dentes à mostra, que se destacavam pela sua alvura; contudo, não dizia uma palavra. O “baixinho” 
seguiu dizendo que sua terra podia ser chamada de “uma cidade contínua”, porque “cobria tudo”. “As ruas 
prolongam-se infinitamente, nunca se cruzando no mesmo nível. A quantidade de veículos e a sua 
diversidade é tanta que facilmente ficaria pasmado”. 
Continuando, assegurou que seus veículos não usavam combustíveis minerais, nem vegetais, pois, os gases 
dessa classe de combustível são prejudiciais ao organismo. Disse também que a propulsão era proporcionada 
pelo calor central do planeta e pelo sol - fontes inesgotáveis de energia. Nas suas cidades as pessoas 
poupavam esforços porque havia calçadas rolantes e que ninguém jamais usava o meio da rua, que era 
metálico para conduzir a força de propulsão dos numerosos veículos. “Estes são totalmente diferentes dos 
que vocês usam; verás que com o material e o espaço que vocês usam para transportar seis pessoas nós 
levamos 25, e em alguns casos, até 50. Isso só tio primeiro andar”. Enquanto dizia isso, corria os olhos pelo 
espaçoso interior do veículo onde estávamos. “Porém, nós os temos até com 10 andares”. 
Tudo isso já estava começando a me aborrecer. Não conhecia nenhum país da Terra que usasse tal 
combustível em seus veículos. Talvez fosse verdade que houvesse algum demasiadamente povoado, mas até 
aí chegava a coisa com relação às suas cidades. Também desconhecia que existia no mundo tal grau de 
mecanização. Aqueles homens estavam me parecendo um par de “gozadores”. Perguntei como faziam para 
produzir legumes, “já que são tão povoado”. Minha pergunta saiu em tom de gozação, mas ele, 
tranqüilamente, me respondeu: “Faz tempo que cultivamos legumes em maior número que os conhecidos 
por vocês; fazemos perfurações, empregando as paredespara esse fim. Nossas hortas são subterrâneas ou 
interiores”. 
Alguma coisa do que tinha me dito parecia-me lógico; nem tudo, porém. Tratando de me orientar, 
perguntei-lhe se tinham mar. Respondeu, sem dar importância à minha pergunta: “Temos um só, mas é três 
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vezes mais profundo”. A coisa estava me cheirando a mentira e reprovei seu procedimento. Então os dois 
explodiram numa gargalhada que acabou de me aborrecer, porém pensei que minha ignorância fosse maior 
do que imaginava. Assim, não me ofendi. Diante de minha impassividade o homenzinho espetou: “Espero 
que entendas que estamos falando de outro planeta”. 
“De outro planeta?”, retruquei entre indignado e espantado. 
“Sim, homem; um outro mundo, como vocês dizem; creio que sabes que eles existem” 
--Claro que sim”, apressei-me em responder, porque a pergunta me pareceu ofensiva. “Ora, imagine! Como 
é que não sei da existência de outros mundos?!” 
E para terminar, quis demonstrar meus conhecimentos de astronomia, asseverando que, segundo nossos 
cientistas, nenhum outro planeta além do nosso, poderia ter habitantes racionais. 
“O que os leva a pensar assim?”, perguntou-me. “Acaso os deficientes meios de que dispõem para fazer seus 
cálculos? Não lhes parece demasiada pretensão acreditar que são os únicos seres que povoam o universo?” 
Aquilo estava tomando uma direção mais séria do que imaginava. De repente voltei a me dar conta da dor 
que ainda sentia em meu braço e também da singularidade daqueles tipos com seus trajes, os cinturões, a 
rara cor da pele, a expressão de seus olhos, a estranha voz, cujo som nada podia encontrar de parecido. Para 
meu pobre intelecto isso tudo eram provas demais. Decidi seguir resistindo, dizendo que tudo o que me 
falavam parecia-me inacreditável. 
-- “Certo! É inacreditável para a mentalidade de vocês, mas, me diga uma coisa: por que?” 
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CAPÍTULO 02 
A NAVE 
A pergunta foi tão imprevisível que me deixou confuso. Ao acaso respondi que o supunha apoiado nos 
estudos dos nossos cientistas, astrônomos e matemáticos, que diziam que alguns dos planetas que formam 
nosso sistema solar são demasiadamente frios e outros demasiadamente quentes. 
“Muito bem” disse. “Vou te dar um exemplo muito simples: vocês, na Terra, têm lugares extremamente 
frios, e mesmo assim, neles vivem pessoas que, sem artifícios e sem auxílio mecânico de espécie alguma, 
conseguem sobreviver, valendo-se unicamente de seus próprios recursos. Agora imagine esses mesmos 
indivíduos dotados dos elementos necessários e úteis para formar o clima ou ambiente de que precisam. Que 
importância teria para eles a distância do sol se este lhes dá os recursos necessários para se protegerem e, 
ademais, converterem o negativo em positivo? Outro pequeno exemplo”. 
Segui escutando. 
“Já percebeste que um indivíduo, valendo-se tão só de um pequeno tanque onde armazena o que necessita 
para respirar, pode estar fora de seu meio sem perigo para sua integridade física?” 
O exemplo iluminou meu cérebro. Sem perder tempo, perguntei: 
-- Vocês devem respirar algo diferente que nós!? 
-- Claro: respondeu satisfeito. 
-- Mas eu não vejo nada adicional ... ? 
-- Não vê nada porque, segundo tua mentalidade, deve ser adicional; toque aqui. 
Enquanto dizia convidava-me a tocá-lo no que deveria ser o estômago e ali dava para sentir uma 
consistência semidura, diferente de como a temos. Em seguida completou a explicação: 
-- Nós levamos aqui o que nos dá a vida, injetado diretamente nos pulmões. 
-- Isso sim é maravilhoso!, exclamei com entusiasmo. Mas, ... que diabo!... 
As dúvidas continuavam me assaltando. Ele me advertiu dizendo que perguntasse tudo que quisesse, que me 
responderia. Para começar, perguntei-lhe, já que vinham de outro planeta, que espécie de veículos usavam. 
Respondeu-me dizendo o que tinha dito antes: que a sua nave estava a pouca distância dali e que logo teria 
oportunidade de conhecê-la se assim o quisesse. Em minha mente revolvia-se uma pergunta, mas não 
encontrava jeito de faze-Ia. Havia me ocorrido que sendo os adultos tão pequenos, como seriam as crianças. 
Para minha surpresa, corno se estivesse lendo meus pensamentos, respondeu minha pergunta mental, meu 
pensamento, da seguinte maneira: 
--“Vou te explicar o que quer saber, ou seja, o relacionado com as crianças. Em nosso mundo não vemos 
crianças nas ruas. Desde que nascem, ficam sob a tutela do que poderíamos chamar de “governo” que se 
encarrega de seu controle e de sua educação até que atinjam a maioridade. Então, são classificadas de acordo 
com as suas qualidades físicas e mentais, encaminhando-as para um lugar onde haja necessidade. 
Geralmente realiza-se essa operação por casais, homem e mulher”. 
Ocorreu-me, então, de perguntar-lhe como faziam para aclimatar uma pessoa de um clima frio para o quente 
e vice-versa. 
-- “Como verás, não temos esse problema. Pela simples razão de que todo nosso mundo dispõe de um só 
clima, uniforme, e este, não é natural, e sim, artificial, criado e feito por nós. Compreendes agora porque 
desfrutamos de um só clima benigno sem ter, corno vocês, regiões extremas? Além do mais, nossa 
população não nos permitiria esse luxo”. 
Aquilo para mim ia se tornando completamente convincente. Tudo o que dizia começava a fazer sentido. 
Imediatamente minha mente formulou nova pergunta, relacionada com seu único mar. Não cheguei a 
formulá-la e ele já cortou meu pensamento, respondendo: 
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-- Já te disse que temos um mar e este contém tanto líquido quanto os da Terra juntos. Dele tiramos tudo, 
que precisamos para construir nossos edifícios, para fabricar nossas roupas, nossos veículos e sessenta por 
cento ou mais de nossa alimentação. Prosseguiu: 
-- Nossos barcos atuais não são como os vossos, como vocês concebem e constroem. Os nossos tanto podem 
navegar quanto voar ou ir a qualquer lugar sem oferecer perigo algum. Em nosso mar, à grandes 
profundidades, existem fábricas descomunais com sistemas diferentes aos que vocês usam. Esses sistemas 
atraem a população marinha que é selecionada e aproveitada cientificamente. 
Diante de meu assombro, acrescentou: 
-- Como compreenderás, em nosso mar não há agitações de nenhum tipo, pois o temos a nosso serviço e sob 
nosso controle, ficando eliminadas essas contingências. 
Ficava cada vez mais preocupado. Ansiava saber mais sobre aquelas pessoas. Perguntei, então, como é que 
falavam tão bem o espanhol. Respondeu-me que poderiam aprender qualquer idioma, por mais difícil que 
fosse, e que em seu mundo, um dia, também falaram muitos idiomas e que agora empregavam um só - uma 
língua universal - formado pelas palavras mais fáceis, tendo conseguido tal intento de um modo simples e 
eficaz. 
Perguntei em seguida se conheciam todo nosso mundo - a Terra. Asseguraram-me que conheciam não 
somente sua superfície como também sua contextura e todos os costumes das diferentes regiões, por mais 
afastadas que fossem ou que a nós parecessem. 
-- Primeiro o conseguimos com nossos aparelhos apropriados, dos quais estão dotados nossas naves; 
segundo, com nossa própria população, alguns selecionados que mais se pareçam com vosso tipo físico. 
Costumamos deixá-los bem providos próximo ao lugar que queremos investigar, recolhendo-os 
posteriormente no momento propício. 
Brotou em mim a preocupação das finalidades pelas quais perseguiam nosso mundo. Ao ser perguntado a 
respeito, ilustrou-me com uma história: 
-- A etapa que vocês atravessam atualmente há milhões de anos passamos também. Em nosso mundo houve 
guerras edestruições, atrasos e progressos. Um belo dia chegou a igualdade. Arrijaram os líderes políticos e 
em seus lugares foram colocados sábios e destacados humanistas. No lugar dos soberbos, ambiciosos e 
egoístas, que só buscavam o lucro em benefício pessoal, foram colocados homens que se interessavam pelo 
bem de todos indistintamente. 
Após breve pausa: 
-- Houve uma mudança total na administração pública e pouco a pouco foi desaparecendo a vaidade que era 
a maior aliada dos exploradores. A moral em todos seus profundos aspectos assentou-se firmemente. Hoje, 
verdadeiros sábios nos governam, procurando - sempre - melhor alimentação, melhor vestuário e melhor e 
uniforme educação. Acabaram-se os privilégios. Agora, no mesmo lugar educa-se física e mentalmente 
quem, provavelmente, descende de ricos ou de pobres. Quem se destaca nessa educação é destinado para 
locais onde possa desenvolver livremente suas aptidões sem qualquer preocupação. Isso que vocês chamam 
de “nação” ou “pátria” desapareceu totalmente. Somos cidadãos de nosso mundo. Não usamos bandeira, 
nem identificação alguma. Cada criança, ao nascer, é tatuada na planta dos pés. É como uma ficha que fala 
de sua origem e de suas faculdades. Assim cresce sem complexos, sadia e livre. 
As horas transcorreram rapidamente. Começava a clarear quando descemos do carro. Para dizer a verdade 
não sabia se tudo aquilo era verdade, mas devia ser, pois estava a poucos centímetros daqueles personagens, 
disposto a certificar ou confirmar tudo que me haviam dito. Adiantaram-se um pouco, subindo o monte de 
terra. De repente voltaram-se como que querendo surpreender-me num movimento suspeito. Dei-me conta 
que de seus capacetes e cinturões saíam sons intermitentes e em grande escala, as vezes subindo de tom até 
doer os ouvidos. 
A curiosidade me invadiu e não tive outra solução que lhes perguntar a finalidade de tais cinturões. A 
pergunta parece que os agradou. O baixinho fixou seus olhos no cinturão. Seu acompanhante só levou as 
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mãos ao seu sem deixar de me observar. Mas sua expressão era tal que dava a entender que com aquela 
maravilha, sentiam-se imunes a qualquer perigo. Pelo menos é o que me pareceu. Seus olhos fulgurantes, 
brilhantes, demonstravam carinho e segurança. Finalmente o baixinho levantou os olhos e disse: 
-- Este é um aparelho que serve para imobilizar qualquer mecanismo ou inimigo. Diga-me agora, 
prosseguiu, satisfeita a tua curiosidade, tens desejo de conhecer nossa máquina? Venha conosco, então! 
E rubricou o convite com amplo e amável sorriso. O terreno era pantanoso. Meus acompanhantes vadeavam 
o charco buscando lugares mais firmes. De repente percebi que no lugar onde eles colocavam os pés, o lodo 
parecia abrir-se, sem grudar em seus pés, num efeito parecido ao produzido por ferro quente. Olhei meus 
sapatos. Estavam totalmente cobertos de lama, já atingindo as pernas da calça. A observação deu-me a 
impressão de estar caminhando atrás de dois fantasmas e, inconscientemente, comecei a aumentar a 
distância entre eles e eu, sem, contudo, perdê-los de vista. 
Aquilo foi a primeira de uma série de surpresas que se gravariam profundamente em meu cérebro. Alguns 
metros adiante, de chofre, ante minhas vistas, vi a majestosa nave de que me haviam falado. Deslumbrante, 
imergia rodeada das folhagens como gigantesco ovo em descomunal ninho. Parei em seco e pus-me a 
contemplar o que tinha adiante. Uma majestosa esfera achatada que se apoiava em três pés que formavam 
um triângulo. Tinha, na parte superior, uma cabine ligeiramente inclinada para dentro, como de um metro de 
altura, circundada de buracos que se assemelhavam a olhos de boi, como aqueles que se vê nos barcos. 
O conjunto era impressionante e dava a sensação de grande fortaleza. Era de uma cor parecida com as 
faíscas produzidas pelo aço contra o esmeril, mas, de uma transparência difusa. Quando os homens estavam 
a um metro e meio da nave, ambos levaram a mão direita apoiando-a no cinturão e, em seguida, na parte 
inferior da esfera surgiu uma abertura que depois converteu-se em escada. À guisa de corrimão, havia dois 
cabos, elásticos a meu ver, pois se flexionaram quando os dois se apoiaram neles. Entretanto, eu permanecia 
a cerca de sete metros de distância, mas, como a nave estava numa baixada, observei que os homens não 
deixavam nenhuma marca de lodo que pudesse, eventualmente, estar grudado aos seus sapatos. Pude ver, 
também, como o mais avantajado se perdia no interior da nave, e o outro, parado no meio da escada e 
apoiando-se no corrimão, voltou-se para mim, convidando-me para me aproximar; e ainda que algo me 
impelisse em direção contrária, fiz um esforço e segui caminhando até a distância de um metro da nave. 
Algo devia ter mudado em mim, pois, o medo ou o receio que sentia, havia passado, convertendo-se em 
audácia. Comecei a imaginar que o que tinha diante de meus olhos, não passava de uma casa de 
exploradores, que não era nenhuma nave, e até achei-a parecida com uma casa convencional. Quando o 
homem repetiu seu convite, decididamente avancei e comecei a subir logo atrás dele. 
Saímos por uma espécie de clarabóia ou buraco redondo, de pouco mais de meio metro de circunferência, 
numa plataforma horizontal. Quando me dei conta, o buraco por onde entráramos, fechara-se em forma 
inesperada. 
Claro que estava impressionado. Mesmo encerrado dentro daquela coisa, a luz a atravessava, e a parte que 
devia dar para a escada por onde subimos, parecia de cristal, porque dava para se ver fora com absoluta 
clareza. 
Passei a vista sobre aquilo que se apresentava aos meus olhos no interior da nave. Uma parede baixava 
desde o teto fazendo canto com a plataforma. Nessa parede adivinhava-se algo que bem poderia ser um 
espaldar, ainda que parecesse demasiadamente alto. Na junção daquele disforme espaldar, pois não era outra 
coisa, estava o que devia ser um assento, dividido em três partes vistas de frente, com algo parecido com 
tampos, mas esses estavam levantados para os lados. 
Eu devia parecer um bicho numa jaula, pois os homens limitavam-se a me observar. Finalmente, o que 
falava espanhol, convidou-me a passear um pouco, mas pareceu-me que aquilo não ia se levantar nem um 
centímetro com meu peso pelo que, ironicamente, disse que gostaria de experimentar. 
Indicaram-me o assento do meio, ficando eles um em cada ponta. O assento era estofado de uma maneira 
desconhecida para mim, isso que passei pelo menos dois terços de minha vida ocupando assentos de carros. 
Não podia negar o fato de que gostaria de colocar um assento desses no carro onde trabalho. Se o assento era 
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surpreendentemente macio, o espaldar era melhor ainda, pois, bastava recostar um pouco o corpo e 
facilmente me perdia naquela massa agradavelmente aconchegante. Baixaram-se os tampos e imediatamente 
senti uma ligeira pressão sobre minhas pernas e parte de meu abdômen. Ajustavam-me com tal pressão e 
firmeza que me dava a impressão de estar metido dentro de uma esponja. 
O tampo sobre minhas pernas não era outra coisa que uma mesa de instrumentos, e tal como a dos lados, as 
mesas eram geminadas, de modo que cada um ou qualquer um deles podia operar a nave. 
Gostaria de descrever uma dessas mesas de comando. É como uma mesinha retangular, ligeiramente 
inclinada para mim junto ao peito.Sobressaindo-se dos demais instrumentos, havia uma tela, não maior que 
o farol de um automóvel, de superfície convexa. Era límpida e luminosa, de uma claridade ímpar. Junto à 
tela, nos seus lados da parte anterior, havia duas protuberâncias redondas, uma branca e outra negra. Devo 
esclarecer que as cores de todos os instrumentos eram luminosas,mais brilhantes que a nossa luz 
fluorescente. 
Na frente, junto à tela, havia três botões: dois colocados em forma vertical e um no meio, em forma 
horizontal. Ao lado direito via-se uma série de teclas; a primeira larga e as outras estreitas. Na metade da 
primeira, este teclado começa na maior, de cor branca, e conforme se afasta, vai escurecendo até terminar 
em negro brilhante. Até o extremo oposto e a cada lado havia, ao alcance dos dedos polegares dos pequenos 
homens, dois diminutos descansos para os mesmos (dedos), angulares e para fora. No lado esquerdo, em 
fileira, igual ao teclado, surgiam chaves em forma de pequenas raquetes que se manipulavam para frente. 
Finalmente, diante da tela, e aproximadamente no centro do painel, havia quatro peças em forma de meia 
lua, tendo a parte inferior circular e a superfície plana. Operava pelo centro visto que admitiam em cada um 
delas somente dois movimentos. Essas peças formam uma cruz. Esses painéis eram complementados com 
um cilindro no extremo posterior. Dentro do cilindro moviam-se cinco seções com diferentes velocidades 
tendo as leituras em diagonal. Mudava de cor conforme girava, indo do branco ao negro. Assim era, mais ou 
menos, o painel. 
Nele se reproduziam os movimentos da máquina à vontade do operador. Observando tudo não percebi 
quando começamos a subir. A decolagem foi suave, lenta e em forma vertical. 
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CAPÍTULO 03 
A NAVE-MÃE 
Pude ver aos meus pés o carro abandonado. Continuamos subindo, sempre em forma vertical e sempre tendo 
aos meus pés o carro como referência, enxergando-o por último como uma forma borrada e não mais que do 
tamanho de um carro de brinquedo. Meus acompanhantes instruiram-me a operar a tela. Bastava fazer girar 
qualquer dos botões laterais do painel, para atrair, de forma nítida e precisa, tudo que havia fora da nave: da 
parte superior, da inferior, da direita e da esquerda. O botão do centro servia para aproximar a imagem até 
dar a impressão de ficar a pouco mais de um metro de distância. 
Antes que me esqueça, no extremo direito do painel há uma bola incrustada num côncavo, terminando numa 
alavanca redonda, que fazia mover, em toda a extensão da tela, um ponto negro que serve de mira quando há 
necessidade de se usar diferentes armas. que mais tarde descreverei. 
Por fim, tudo ficou coberto de nuvens, e nós continuamos subindo. Os homens buscavam um buraco nas 
nuvens para que eu pudesse ver nosso planeta, pois, acreditavam, e com razão, que aquilo iria me 
impressionar. De minha parte sentia-me tranqüilo. Tratei de buscar o motivo dessa tranqüilidade, pois, não 
me parecia normal. Meu temperamento é nervoso por natureza e ainda mais eu que nunca subira antes em 
avião, e isso já me parecia motivo mais que suficiente para ficar nervoso. Recordei que somente momentos 
antes de entrar na nave me sentira nervoso. Recordava que o tipo mais avantajado perdera-se na escada e 
ansiava o momento que o segundo fizesse o mesmo para eu voltar “voando” para a estrada e meter-me no 
carro, único lugar que me dava segurança. 
No entanto, de repente todo aquele medo desapareceu de mim e agora até indiferença sentia pela sorte que o 
carro podia ter, abandonado lá embaixo. 
Uma sombra de preocupação assaltou meu espírito: estar sob domínio daqueles seres. Mas tratei de afastar a 
idéia da cabeça distraindo-me observando como operavam o painel e olhando para fora através das paredes 
para comprovar o efeito das manobras. Até sentia admiração pela simplicidade dos comandos daquela nave, 
que até uma criança poderia manejar. Quando entramos no espaço sem nuvens, fizeram-me sinal para o que 
tínhamos sob nossos pés. Confesso que, por mais ressentido que pudesse estar, além da convicção de que 
subira na nave sob estranha influência, agora isso me parecia coisa perdoável. O que tinha ao alcance de 
minhas vistas era um espetáculo maravilhoso: uma esfera ligeiramente opaca, algo fora de foco que por 
momentos converteu-se numa massa redonda e sacolejante como inimaginável gelatina. Pareceu-me 
estarmos voando sobre a parte central do continente americano, já que se divisava, com relativa facilidade, e 
perdendo-se num abismo sem fim, as terras americanas conjuntamente com a parte larga da República 
Mexicana e a parte estreita do continente. 
Logo, os homens indicaram-me a pequena tela, aconselhando-me a acionar o botão central. Por que haveria 
de negar-me? Não tenho nem sinto palavras para expressar o que senti e vi a uns poucos metros de mim com 
meus assombrados olhos que, para dar crédito ao que via, tinha que afastá-los da tela e volvê-los através da 
parede da nave que me parecia mais real e mais verossímil. Dentro daquela pequena e claríssima 
circunferência, na qual, a meu capricho e só com um simples movimento daquele controle, podia trazer e 
reduzir todo um mundo a detalhes, até os mais insignificantes; vi o nosso alargado continente nadar numa 
massa líquida que se desvanecia em cores azuis e vermelhas até desaparecerem seus contornos num vazio 
infinito. Esse incrível espetáculo gravou-se de tal maneira em minha mente que muitas vezes tenho 
despertado sobressaltado, sentindo-me no vazio e atraído por aquela enorme esfera que uma vez contemplei, 
quiçá, sem minha vontade. 
Quando os homens acreditaram que era suficiente (digo “acreditaram” porque, se dependesse de minha 
vontade, olharia sem parar), porque para eles o tempo contava, imediatamente metemo-nos numa nuvem de 
grandes massas, algumas tão negras que escureciam o interior da nave. Aqui tive outra maravilhosa visão. 
Acabávamos de sair do ventre obscuro de uma nuvem negra quando, intempestivamente, uma luz 
vermelho-sangue invadiu o interior da nave de forma vivíssima. Tudo mudou de aparência. As fisionomias 
dos homens tornaram-se ossudas e espectrais. A minha também devia ter adquirido outro aspecto porque o 
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pequeno homem apressou-se em me dizer para não ter medo porque era o sol que estava dando esse aspecto. 
A mim me pareceu estarmos dentro de um poderoso refletor. 
Repentinamente cessou o movimento, ou melhor dizendo, a sensação de que íamos a aterradoras 
velocidades. Ficamos suspensos no ar. Em seguida outra não menos agradável surpresa. Tratavase de um 
gigantesco disco de cor negra, deslumbrante a ponto de cegar. Andamos lentamente ao seu redor como que o 
reconhecendo. Os raios de sol refletiam-se em sua superfície. Estava imóvel como que deixando-se farejar 
pelo pequeno aparelho que ocupávamos. Finalmente voltamos a ficar imóveis frente ao gigantesco aparato. 
Vimos como se abria na parte superior uma tampa das mesmas dimensões que nossa nave e também como 
esta começou a deslizar dentro daquele monstro. Sentia-se perfeitamente sua parte inferior roçar como se 
estivesse em trilhos. Terminada a sensação, levantaram-se os tampos da mesa de controle, deixando-nos 
novamente livres. Os homens convidaram-me a segui-los. Abriu-se uma clarabóia e por ela saímos da 
pequena nave. A porta estava aberta e por ela descemos a uma enorme abóboda, onde não havia mais 
colunas que as formadas pelo aparelho onde ficou ajustada nossa pequena nave. 
Dentro havia intensa iluminação, sem, contudo, saber-se de onde vinha a luz. Mais parecia-me que todas as 
superfícies ao alcance de nossa vista produziam luz. Os homens dirigiram-se além do lugar onde haviam 
“estacionado” a nave, onde uma parede cortava a circunferência. Eu, atrás deles, com urna indiferença que 
só em me lembrar hoje, me dá calafrios. Pouco antes de chegar na parede, uma seção de um metro deslizou 
para o lado. Seguimos por ali, encontrando-nos agora num espaço em forma de meia lua. A parte 
semicircular era ocupada por umaespécie de tela panorâmica de cinema só que intensamente luminosa. Ao 
pé da tela, uma mesa comprida coberta materialmente de instrumentos, entre os quais, grande quantidade de 
pequenos, porém incrivelmente visíveis, mostradores com diferentes leituras. Destacavam-se três fileiras de 
botões ou teclas semelhantes as de um piano dispostas para um concerto; grande quantidade de 
protuberâncias completavam aquele quadro maravilhoso de instrumentos e, junto à este, três volumosos 
assentos. 
Estava tão distraído observando tudo aquilo que não me havia dado conta de estar rodeado de pessoas que, 
com meus dois amigos, somavam oito. Pedi-lhes perdão por meu indiscutível adormecimento. 
Responderam-me que estavam contentes com minha visita ali na sua nave - o monstro que vira de fora. Algo 
me chamou a atenção: quatro daquelas pessoas vestiam-se como meus amigos; os outros dois, não havia 
dúvida, eram seus superiores, não só pelo seu aspecto geral que denotava maior idade, como também por 
apresentarem maior personalidade, sem contar com o traje de cores diferentes - um marrom brilhante que os 
tornava distintos dos demais. Como se isso não bastasse, era só observar a reverência com que os outros a 
eles se dirigiam. 
Tudo o que estava me acontecendo desde cedo quando deixáramos o carro na estrada, parecia-me tão irreal 
que comecei a sentir uma sensação de vazio, temendo ter que voltar novamente e me descobrir no carro. 
Mas não era assim! Estava vivo e muito bem desperto! Os chefes daquela nave convidaram-me a 
permanecer com eles algum tempo, pois, disseram-me que sentiam verdadeiro prazer em ter um homem de 
minha raça como convidado. 
Ao lado direito e em frente a enorme tela, havia uma fileira de camas. Não creio que alguém de minha raça, 
que as visse, fosse pensar em algo diferente. Lógico que havia algumas diferenças se comparadas com as 
nossas, mas somente pela simplicidade, pois reduziam-se a umas macas de um metro e meio de 
comprimento, por um metro de largura e umas duas polegadas de espessura. O material de estofamento era 
acolchoado, poroso, suave, e devia estar sustentado por outro material resistente e pouco elástico. Ao lado da 
cama havia dois punhos em forma de mão, os quais, fazendo girar, colocava a cama em diferentes posições, 
podendo convertê-la em confortável poltrona sem pés de nenhum tipo, pois estava fixa na parede. 
Aceitando o oferecimento que me faziam de demonstrar o funcionamento daquele extraordinário veículo, as 
camas, mediante comando, transformaram-se em cadeiras ou poltronas, onde se sentaram meus amigos, os 
chefes, e alguém mais daqueles que estavam na nave. Os três restantes perderam-se nos monstruosos 
assentos defronte à tela, junto ao painel de instrumentos. Repentinamente começou a se ouvir uma espécie 
de sibilo agudíssimo e a tela dividiu-se em três seções em todo seu tamanho. Na seção do meio começou a 
surgir umas luzes vermelhas que iniciavam nos mais inesperados lugares vindo a morrer sempre no extremo, 
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aumentando sua espessura antes de desaparecer na maioria das vezes. Isso me chamou a atenção. Perguntei a 
um dos chefes o que era aquilo (eu ocupava um lugar ao meio deles). Explicaram-me que eram partículas 
cósmicas que uma poderosa força de repulsão gerada pela máquina afastava de nosso trajeto para não 
prejudicar a nave. 
Aquilo era interessante, pois como se cruzavam em diferentes direções formavam figuras caprichosas que 
bastariam para me entreter vários dias. Não havia dúvida que muito tempo tinha decorrido, pois meu 
estômago assim estava advertindo. Inesperadamente um dos homens que nos acompanhava parou e 
dirigindo-se ao lado esquerdo de cada uma das poltronas mexeu uma peça que formava parte de um 
comprido e articulado braço. Logo dirigiu-se ao lugar do canto contrário que ocupávamos e voltou com duas 
pequenas bandejas, uma em cada braço. 
As bandejas formavam um quadro de seis polegadas e estavam divididas em cinco fundas seções, cada uma 
repleta de algo consistente com um sabor tão agradável que era difícil encontrar algo parecido que houvesse 
comido anteriormente. Não só o sabor era agradável, como também era muito reconfortante. Pouco depois 
de haver comido esses alimentos, senti uma agradável satisfação de reconfortante otimismo que borrava de 
minha mente todos os problernas e preocupações. Os olhos fechavam-se. Naturalmente que isso tinha uma 
explicação. A noite anterior quase não havia dormido; guiara por uns trezentos quilômetros. Em seguida, as 
diferentes emoções que passara, e, se isso não fosse pouco, agora estava no interior de uma fantástica nave 
rodeado de estranhas pessoas. Sim, estranhas! Mas que me faziam sentir-me o homem mais importante da 
Terra. Eram gentis, amáveis, como se estivessem em obrigação comigo. Porque negar: faziam-me sentir 
insignificante. Por fim, por mais esforços que fizesse, não pude vencer o sono e não soube de mais nada por 
largo tempo. 
Quando me despertaram eu estava transformado, ainda que não tivesse mudado de posição e de lugar. Tudo 
que levava vestido, sumira. Agora meu corpo estava coberto com um traje parecido com o deles, mas sem 
cinturão. Faltava-me também a espécie de colarinho do pescoço e os sapatos; os que calçava, que me haviam 
colocado, era uma espécie de galocha que me envolvia até os tornozelos. Levava também uma calça tão 
justa que me lembrava as roupas de um toureiro. Sentia-a materialmente aderida às pernas sem contudo 
atrapalhar o mínimo movimento. Da cintura para cima estava coberto por uma espécie de pulôver desses que 
se colocam pelo pescoço. As mangas do pulôver iam até os pulsos, e no pescoço, até o pomo de Adão. Não 
tinha nenhuma daquelas coisas como fechos, botões, bolsos e nem se notava sinal de costura de nenhuma 
espécie. O material era grosso, pois algumas partes o sentia como tendo uma polegada de espessura. De uma 
frescura incomparável. Dava-me a sensação de estar nu. 
Ante minha estranheza, os homens explicaram-me que haviam tomado essa liberdade por ser absolutamente 
necessário para minha proteção. Haviam tentado despertar-me, mas não o conseguiram. Com isso 
deixaram-me magoado. Afinal considerava o cúmulo trocar de roupa sem me comunicar. Mas, acreditei 
porque, uma vez, quando menino, alguns amigos tinham me tirado de um carro onde estava dormindo e me 
colocaram numa árvore. Por que não acreditar no que diziam? Além do mais não havia tempo para perder 
em futilidades. Os homens me acordaram para que com meus olhos visse o maravilhoso espetáculo que 
pouco depois iriam me oferecer. 
Disseram-me para não tirar os olhos da tela e para não perder nenhum detalhe. Realmente, pouco depois 
apareceu uma bola do tamanho de uma bolinha de gude. Era vista de uma maneira completamente diferente 
de tudo o que cruzava a tela em diferentes direções e com rapidez vertiginosa. A bolinha não mudava de 
lugar. Só aumentava de tamanho. Agora já apresentava-se das dimensões de uma bola de golfe. Parecia 
maravilhosa e vinha em nossa direção em linha reta. 
Mais tarde chegou a atingir o tamanho de uma bola de futebol. Não mudava de cor. Era de um vermelho 
incandescente como de carvão em brasa. Pouco depois, era do tamanho de um balão. Não mudava de lugar. 
Se a coisa continuasse nesse rumo, em pouco tempo invadiria toda a tela, na qual quase não mais se viam 
aqueles riscos. Será que aquela bola estava me obcecando, hipnotizando, já que não afastava a vista dela? 
Comecei a sentir medo. Todos os que permaneciam a bordo também sentiam. Dava para notar em suas 
fisionomias. Também estavam atentos e creio que preocupados. Nosso objetivo tinha agora pelo menos um 
metro de diâmetro. Tratei de parar. Os dois chefes ao mesmo tempo me indicaram que ficasse em meu 
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assento bem quieto, mas ninguém fazia nada para evitar a colisão. Eu os olhava desesperado, mas não me 
davam importância. 
Aquela fantástica bola cobria toda a tela agora. Tratei novamente de deter-me, e desta vez, senti uma pressão 
em minha perna de dois pequenos, mas poderosos braços. O homem que estava a minha direita disse que 
não estávamos correndo nenhum tipo de perigo e que só estávamos entrando em outro mundo - no mundo no 
qual viviam - e o que agora estávamos vendo era somente a camada atmosférica que o cobria. 
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CAPÍTULO 04 
CHEGADA À VÊNUS 
O inevitável chegou. A bola cresceu e cobriu as três telas. Comecei a sentir um calor sufocante. Mas, só eu. 
Os demais continuavam do mesmo jeito que antes. Atribuí essa sensação ao meu estado psicológico ou 
nervoso. A perigosa sensação de choque fora superada. Agora a tela inferior cobriu-se com quadros 
pequenos, divididos em canais profundos e retos. A medida que cresciam eram distinguidos melhor. 
Estavam cobertos com algo que parecia arbusto e sobre eles havia outras coisas. Acabávamos de passar por 
alguns, onde se viam naves pequenas, como aquela que trazíamos dentro. Começamos a descer em forma 
vertical, indo direto para um dos quadros divisados na tela inferior de maneira perfeita. 
Todos param. Dispomo-nos a sair. Abre-se a porta da cabine. Ao nosso lado esquerdo há uma coluna grossa, 
pegada à parede que não tinha visto quando entrara. Gira uma seção ficando a descoberto uma escada de 
degraus semi-circulares. Os chefes adiantam-se. Desce um, logo outro. Perdem-se na coluna oca. Meus 
amigos fazem sinal para que os siga. Aquela operação recordou-me a descida em pára-quedas. Ponho um pé 
num degrau e ao me sujeitar com as mãos ao que estava diante de mim, suavemente comecei a descer como 
num elevador, parando quando chegou no piso inferior, cinco metros abaixo da parede inferior da nave. 
Agora estamos sob sua barriga. Efetivamente esta é negra e brilhante. Ao meu redor está cheio de pequenas 
árvores, todas cobertas de frutas. Dá para sentir seu aroma. Entre as árvores há alguns postes grossos de 
metal também negros. Neles descansa nossa nave. Também há corredores em todas as direções que estão, 
pelo menos, meio metro sobre o nível do pavimento. Ao pisarmos nele, soa ocamente. 
As árvores medem pouco mais de dois metros, mas são frondosas. Seus ramos e galhos não têm folhas. Nem 
no chão vêem-se folhas caídas. Seus galhos são bastante grossos e não guardam proporção com o tronco. Há 
frutos em abundância. Toquei um e me deu a sensação de ter a casca muito fina. O fruto era macio, como 
quando está maduro. Cada árvore estava sustentada pelo tronco com quatro pés que vinham do chão. 
Examinei a terra, mas não é nada parecida com a nossa. Parece pó de algo como borracha moída ou areia 
fina. Era negra e estava úmida, muito úmida, porém, não de água, mas de um líquido viscoso. Meus amigos 
me garantiram que efetivamente não era terra, mas um produto químico e que as árvores não se mantém 
presas pelas raízes e que estas lhes servem somente de fonte ou canal de alimentação. Dizem também que 
estamos num terraço, e este, é um tanque para conter todo o material que alimenta sua fruticultura. 
Seguimos por uma passarela até a borda. Olho para baixo e me dou conta que, o que eu acreditava serem 
canais, são ruas. Lá em baixo movem-se vários veículos, e junto às paredes, há grande quantidade de 
pessoas, todas alinhadas. Não se encontram, nem se esbarram. Assim que levanto o rosto para cima, 
encontro algo verdadeiramente assombroso: uma abóbada altíssima e contínua que não se vê onde termina. 
Meus amigos me dizem que cobre todo seu mundo, mas, não é só isso. Ela canaliza e dirige raios luminosos 
em todas as direções. 
Seguem explicando-me que se trata de uma capa de nuvens espessas, às quais estão misturadas substâncias 
que, ao receberem os raios do sol, absorvem seu calor e sua luz, multiplicando-a, e com ela, iluminam todo o 
planeta. Garantem-me que não têm noites. O clima é abafado. Começa a me faltar o ar. O que respiro não é 
suficiente. Sinto-me mal. Estico o colarinho daquela camisa e ela cede. É elástica, mas, não consegui mais 
ar. O rosto me arde. Creio que vou desmaiar e apóio-me na amurada da plataforma. Os homens que estavam 
me cuidando esperavam já essa reação e estavam prevenidos. Ofereceram-me algo de borracha do tamanho 
de um charuto, dizendo-me para chupar como se estivesse fumando. 
A reação é notável. A cada tragada recobro as forças até me sentir normal outra vez. A gola da camisa 
oprime-me novamente, mas, já não me incomoda mais. 
Sob aquela monumental abóbada vêem-se infinidades de naves como aquela que trazíamos dentro e 
muitíssimas como a grande. Todas negras. Cruzam-se rapidamente em diferentes alturas. Noto que, segundo 
sua direção, é a altura em que operam. Há naves de todos os tipos. Tubulares de vários tamanhos, compridas 
e grossas; esféricas de todos os tamanhos parecendo globos de cristal. Agora, passa uma sobre nós, que se 
assemelha a um ovo ou a uma pêra. Vai a pouca altura e desloca-se em pequena velocidade. Asseguram-me 
que também é uma nave de transportes. Uma coisa me chama a atenção: apesar da velocidade e da 
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quantidade de veículos, estes não se chocam. À nossa frente descia agora uma gigantesca nave. Ao cruzar-se 
com uma pequena, esta desviou-se com incrível rapidez. Creio que os pilotos não intervieram nesse 
movimento de desvio. Inquieto, pergunto sobre o fenômeno. Explicam-me dizendo que todas as máquinas 
têm força de repulsão. Aquelas que imprudentemente se colocam no trajeto de outras, são rechaçadas como 
bola de futebol. 
Andamos pela passarela junto à amurada, até chegar a um canto do terraço. Ali estão os elevadores, 
dispostos em toda extensão desse lado. Não são fechados como os da Terra, mas têm três fachadas cobertas 
por grade maciça e rígida, na qual nos encostamos, eu bem preso com as mãos; porém, justamente onde me 
apóio estão os controles. Pergunta-me um dos chefes se tenho fome. Fome? Não! Nem me lembrava disso, 
afirmei. Rindo, disse-me que, casualmente, aquele edifício em que estávamos era um restaurante. 
Efetivamente, ao descermos, parávamos em cada andar e todos estavam cheios de gente. Continuamos 
descendo. Finalmente, num dos andares descobrimos alguns lugares vazios e saltamos. Reinava grande 
harmonia em todos os movimentos das pessoas. Não se atrapalhavam, nem cochichavam. Cada um chegava, 
pegava sua porção de alimento, sentava-se, comia e devolvia a bandeja vazia, retirando-se em seguida. 
Dei-me conta que a parede frontal a que ocupávamos ao descer, também estava cheia de elevadores, e as 
duas restantes, convertidas em armários embutidos em toda volta cheios de bandeja iguais as que usávamos 
na nave. O piso deste local estava coberto de pequenas cadeiras que se completavam com um braço 
reversível, no qual se colocava a bandeja. Não pude conter uma exclamação de surpresa. Agora os alimentos 
eram ainda melhores que os da nave. Meus amigos ofereceram-me ração dobrada e comi até me dar por 
satisfeito. Foram dez sabores diferentes, pois, todos são diferentes. Pude observar também que as bandejas 
eram de cores diferentes, tantas que me cansei de contar, e os homens me garantiram que cada cor tem cinco 
sabores diferentes, porém, todos tinham a mesma consistência. As colherinhas que usavam assemelham-se 
às nossas colheres rasas, porém são ligeiramente curvas muito pequenas. 
As pessoas que vi nesse edifício não mediam mais que um metro. Todos pequenos, mas bem proporcionais. 
Todos vestiam-se do mesmo modo, com roupas iguais às queeu trajava, mas de cores diferentes. Naquele 
mundo de clima condicionado há uma contínua orgia de cores, vistas em qualquer direção que se olhe. 
Homens e mulheres vestem-se iguais. De frente diferenciam-se apenas pela formas próprias da mulher. Ao 
falar, suas vozes soam tranqüilas. Não são como as nossas: broncas, grossas e até certo ponto, desagradáveis 
ao ouvido. Todos têm cabelos prateados e ondulados. E todos chegam a cair nos ombros. A cor verde dos 
olhos é geral, com também o marfim da pele. Meus amigos explicaram-me que a raça é pequena porque 
assim o querem. É um processo científico. Quanto à cor dos olhos, pele e cabelos, é devido ao clima reinante 
no planeta. 
No refeitório havíamos ficado meus dois amigos e eu. Os demais haviam se retirado, pois tinham que fazer o 
relatório de sua missão. Nós ficamos conversando. Era maravilhoso estar entre tantos “bonecos” humanos. 
A eles eu devia parecer um monstro. Saímos do refeitório pelo mesmo elevador e chegamos ao que devia ser 
o sub-solo. Esse pavimento está totalmente vazio. As pessoas cruzam por ele. Não há portas de rua em rua. 
As paredes frontais que não têm elevadores, compôem-se de uma série de entradas em forma de arco. No 
centro há dois mais espaçosos que os demais. Por ali cruzam os veículos. Há muitíssima luz, porém, não se 
sabe a fonte. Pode-se dizer que são as paredes que a produzem. Caminhamos sobre um piso macio, polido 
como metal. 
Saímos em direção à rua e ao chegarmos a parte frontal do prédio, detemo-nos. As calçadas rolantes 
circulam a uma velocidade moderada. Estão divididas em três bandas: duas que se movem em direções 
contrárias e uma, a do meio, que se mantém imóvel. As pessoas mudam de uma para outra, em movimento, 
com agilidade, saltando da em movimento para a imóvel e desta para a outra em sentido contrário. Ou então 
entram num edifício. As fachadas dos prédios são lisas. Não têm janelas. São lisas por completo. Suas belas 
cores parecem de vidro, ou melhor dizendo, de espelho, pois, nossa imagem reflete-se nitidamente. 
Percebe-se a junção do material em cada pavimento, porém formando um todo. Cada edifício é de uma só 
cor. Diferenciam-se por elas. Não há placas de tipo algum. Os edifícios-restaurantes são azuis, existentes a 
cada quatro quadras. O meio da rua é largo, dividido ao centro por um meio-fio estreito, coberto com algo 
parecido a tiras de metal: uma estreita de cor amarela e outra larga de cor marrom-escuro. Descubro só dois 
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tipos de “veículos terrestres”, diria, mesmo que a palavra não seja apropriada. São individuais, pequenos, 
destinados a uma só pessoa e está provido de duas rodinhas. Não coincidem com a idéia de rodas bem 
proporcionadas que temos, porque são rechonchudas e largas. Nesses veículos vai uma só pessoa, porém, há 
veículos de três rodas. Nos primeiros há um assento com encosto, e sobre a roda dianteira só há um guidom 
não maior que a mão deles, operado como uma manivela. No segundo tipo, o assento é largo e também há 
encosto e apoio para os pés. Também são operados como o guidom. Esse tipo de veículo é encontrável em 
quase todos os edifícios, no sub-solo. E qualquer um que os usa, deixa em qualquer lugar que quiser. Nos de 
três rodas, geralmente, vão os casais, homem e mulher. São vistos circulando em boa velocidade e 
geralmente sobre pistas estreitas. O outro tipo de “veículo terrestre” podíamos denominá-lo “coletivo”. São 
parecidos com estruturas de edifícios pequenos por terminar. A maioria tem 10 andares, ainda que haja 
outros com menos. Este tipo de transporte é raro, porque não sobe ou desce só uma pessoa, mas, recolhe e 
deixa andares inteiros. 
Como o sistema me pareceu interessante, vou descrevê-lo em maiores detalhes. Para isso, vejamos primeiro 
como são as ruas, para fazermos melhor idéia. Essas sobem e descem, formando passagens em desníveis em 
cada esquina, onde os veículos passam, a cada duas quadras, sob uma ponte, usando o oco desta para alojar 
as plataformas que recebem os passageiros. 
Vejamos agora como são os veículos que andam a um metro das calçadas. Já que falamos delas, vamos 
completar a sua descrição: correm em toda sua extensão, separadas do olho da rua por rígido pára-peito. No 
que podia ser o meio-fio, está aberta a interminável boca de um coletor-aspirador que se encarrega de chupar 
o pó que poderia produzir no piso o contínuo rodar de veículos, único desperdício admissível num mundo 
onde se percebe a limpeza absoluta. Como já disse, os veículos são armações que estão presas ou ligadas 
numa plataforma que serve de base. Esta por sua vez repousa sobre várias fileiras de rodinhas. Geralmente, 
cada fileira tem cinco fortes rodas. Chega a haver até 10 fileiras de rodinhas. Assim é a armação ambulante e 
exatamente como ela, há duas em cada parada. Estão sem rodas e dispostas umas atrás das outras. 
Tratarei de descrever o complemento, ou seja, onde se sentam os passageiros. Trata-se de uma caixa que tem 
até dez assentos corridos no que cabem cinco ou seis pessoas. Naturalmente pequenas. Cada caixa é todo um 
mecanismo. O veículo chega na sua parada e se ajusta com precisão de milímetros. Emparelha com a 
primeira armação fixa. Ouve-se um golpe seco e desloca-se uma seção da dita armação fixa. Caminha uns 
metros mais até ajustar-se com a armação seguinte e recebe outra caixa repleta de passageiros. Dizia antes 
que cada uma dessas caixas é todo um mecanismo, porque os assentos estão montados sobre uma banda que, 
enquanto está dentro da armação fixa, começa a girar, colocando cada assento ao alcance de um tipo de 
escada de barrotes, automático. As pessoa usam tanto as escadas elevadoras, como os assentos com enorme 
facilidade. Ditos elevadores conduzem a uns corredores subterrâneos e para abordar um destes veículos, a 
operação se faz inversamente. 
Não há condutores, nem motoristas. Não usam trole. Tampouco vão sobre trilhos. No entanto, são tão 
perfeitas suas paradas que cheguei a pensar que se uma inteligência os manobrasse, não conseguiria tal 
perfeição. Andam um atrás do outro, algumas vezes em linhas cerradas. Em determinados lugares alcançam 
velocidades de até setenta ou mais quilômetros por hora. Sempre circulam sobre duas das pistas estreitas. 
A luz das ruas é proveniente do céu ou da abóbada celeste. Não é tão viva como a que desfrutamos de dia. 
Assemelha-se mais com a que brilha ao amanhecer e são vistas brotar de milhares de lugares, como raios de 
sol passando através de nuvens brancas e prateadas que formam um infinito refletor. Meus amigos me 
haviam dito que não havia luz artificial nas ruas e que tampouco tinham noites e o fato de nenhum tipo de 
veículo trazer meios de iluminação, parecia comprovar o que eles tinham me dito. Porém dentro dos 
edifícios, é surpreendente a intensidade da luz ali existente, parecendo que emana das paredes e do teto. 
Saímos a andar porque ainda que as calçadas sejam móveis e dotadas de assentos as pessoas sentem prazer 
em usar suas pequenas pernas e ninguém se deixa levar. Ao contrário, parece que muitos se divertem 
saltando de banquinho em banquinho. Eu caminhava devagar e minha única preocupação era não pisar em 
alguém, fato que não me perdoaria. 
Admirável a mudança que se operou em mim. Sinto a mente aliviada e adquiro grande poder de observação. 
Assimilo com facilidade o que eles me explicam e sinto tal grau de despreocupação que quase me esqueço 
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que tenho que voltar ao meu mundo, ainda que meus amigos venusianos ignorem a data. Nem sequer me 
havia dado conta que os “dois” falam espanhol e só retornei à realidade ao ver minha desproporção com 
todos os seres que me rodeavam, não só em estatura, como tambémem feiúra. 
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CAPÍTULO 05 
PRIMEIRAS IMPRESSÕES 
Desde que estive a primeira vez num dos seus hortos de terraço vi algo que me chamou a atenção de forma 
extraordinária. Tratava-se de uns edifícios, parecidos com os demais só até a meia altura, prosseguindo daí 
em forma circular até uma altura de uns duzentos metros talvez, onde terminavam em forma de cúpula, 
redonda e lisa. Essa prolongação era de cor negra, brilhante, tal como a das naves circulares, como aquela 
que nos trouxe até esse mundo de maravilhas. Para qualquer lado que se conte, a cada quatro edifício 
encontra-se um desses, ou seja, cada um deles está localizado entre um grupo de vinte e quatro quadras. São 
os únicos que possuem sinais ou guias, porém, essas indicações, no dizer de meus dois amigos, somente 
marcam o número da zona que ele controla. 
Explicaram meus amigos que esses edifícios eram os mais importantes, pois, deles se administrava todo o 
grupo que os cerca, entre os quais, encontram-se restaurantes, dormitórios, cinemas, salas de jogos, salas de 
música, laboratórios para o preparo de alimento, central médica, fábrica de vestuário e lavanderia (que se 
assemelha mais a um laboratório de limpeza de roupa). Controlam ainda a distribuição de roupas e de 
alimento, o clima e a iluminação da zona. Tudo isso de forma automática. 
Asseguraram-me ainda que a partir dessas cúpulas, mantinham comunicação constante com naves e 
edifícios. Em suas torres são captados sons provenientes de todas as partes do universo, estudando-os e 
classificando-os para materializá-los em seguida. Desde suas cúpulas controlam e mantém a forma e a altura 
da sua abóbada atmosférica, controlando também o clima na parte exterior dos edifícios, e como se tudo isso 
fosse pouco, em cada um há um arquivo vivo no qual se pode investigar o passado, ver o presente e até 
mesmo o futuro em gestação. Sem precisar sair do mesmo, alguém pode ver os processos de construção de 
edifícios e a fabricação e a montagem de toda classe de veículos aéreos e terrestres. Do mesmo modo, pode 
ser vista a preparação do seu alimento e vestuário desde o princípio. Usa-se um maravilhoso sistema de 
auto-sono-visão (que valha a palavra), onde é possível manejar o espetáculo à vontade do operador. Em cada 
uma de suas salas, nas paredes, há umas telas controladas por manipuladores situados em cada lado da 
abertura. Apóia-se as mãos nesses manipuladores, com os dedos polegares sobre um botão e, de modo 
semelhante ao cinema, dá uma sensação de incrível profundidade, possibilitando a idéia de que realmente 
está vendo homens, materiais, máquinas e todo seu processo. Com os manipuladores faz-se passar o 
espetáculo à direita e à esquerda, ou, se preferir, detém-no, dando a impressão de se estar percorrendo a 
região num veículo. Para isso basta apertar ditos botões. 
Como julgo interessante o que vi em algumas delas, tratarei de descrever essas interessantes impressões. 
Começaremos por algo que todos conhecem: pneus de automóvel. Isso é coisa do seu passado, pois, 
atualmente tem o pavimento com brilho de espelho, usando um sistema diferente de rodas. Como estava 
dizendo, no passado usaram um tipo de roda muito parecida com a nossa, ainda que seu princípio de 
fabricação fosse diferente. 
Nós, em matéria de transportes, tanto aéreo como terrestre, temos avançado em velocidade, mas não em 
segurança. Construímos veículos para velocidades de duzentos ou mais quilômetros por hora, deixando as 
conseqüências disso ao sabor da sorte, pois, num veículo qualquer, viajamos sobre quatro rodas com 
câmaras de ar e, sabemos por experiência própria que não só a essa velocidade como também a um terço 
dela, se de forma imprevista estoura o pneu, ou se a roda perde o ar que a mantém, a vida que vai em cima 
do veículo depende exclusivamente da sorte. 
Eles não brincavam com a sorte, nem com sua vida, e por isso, buscavam segurança em algo confiável, na 
solidez de um material. E os seus pneus, suas rodas, estavam construídas dentro desse princípio de 
confiança. E como vi todo o processo de fabricação, através daquele maravilhoso aparelho, estou em 
condições de descrevê-lo. Espero que consigam me entender apesar do meu pobre vocabulário, porque não 
sei se consigo expressar-me devidamente. Começaremos pelo núcleo, ou seja, por aquilo que para nós 
representa a câmara de ar, base para um pneu confiável. 
Para conseguir isso, fixemos em nossa mente um molde para esse núcleo, como se quiséssemos nele alojar 
uma de nossas rodas. Dito molde está aberto em sua parte superior. Além disso, está dividido em sua parte 
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longitudinal, no centro, formando assim duas seções iguais que poderiam abrir-se para desalojar o núcleo 
uma vez construído. As duas paredes que formam o molde estão cobertas de perfurações em toda sua 
extensão. Esse molde gira numa máquina e em seu oco, enrola-se o material que o formará. Esse material, 
conforme vi, é de três tipos, a saber: uma mangueirinha ou tubo do diâmetro de um lápis, feito de um 
plástico especial, mas que também poderia ser borracha (como a que conhecemos). O tipo que o seguia era a 
mesma mangueira, só que agora reforçada com fibra, pelo que, tinha maior resistência. A esse material, 
seguia-se outro, que não era oco, mas que também não era sólido; era um cordel ou corda do mesmo 
diâmetro que os anteriores, construído de fibras, talvez de sisal ou qualquer outro material fibroso, torcido 
naturalmente e tratado quimicamente, para que aceitasse um envolvimento além do plástico, aqui de 
borracha, semelhante às fibras que formam o revestimento dos nossos pneumáticos. 
Muito bem. Uma vez o molde cheio desse material, naturalmente que sempre com a mesma tensão, 
quantidade e peso, entra com todo o conjunto no processo de cozimento, com o objetivo de obter uma 
unidade compacta, que não se desfaz quando retirada do molde. Quando esse núcleo está pronto, ambas 
seções giram em sentido contrário sem retirar-se do material. Assim é como o descolam do núcleo sem 
estragá-lo. Terminado o processo anterior, temos então a base para uma roda semi-sólida confiável. Depois 
disso, passamos ao processo de fabricação de uma malha de metal, destinada a aumentar a resistência e 
conservar sua forma. Essa malha é tecida por uma máquina especial. Conforme é tecida, nela vão entrando 
ditos núcleos, acompanhado de um espaçador que contém uma ranhura na metade de sua extensão. Essa é 
necessária porque, seu trajeto, passa por uma cortadeira circular, que se encarrega de dividir em cada núcleo 
só o material necessário. Pouco depois de cortada a malha, os núcleos se separam dos espaçadores, seguindo 
estes um caminho e aqueles entrando em uns canais que se aprofundam cada vez mais até conseguir que dita 
malha fique aderida nas paredes laterais, formando uma abertura fixa e segura. Logo, passam a cobrir o 
núcleo malhado com o material de cobertura exterior, no nosso caso, borracha. Dali passam aos moldes que 
dará o acabamento. Eles usaram lisas, porém, sigamos com o processo. Uma vez terminado nosso pneu, 
nessa fase de acabamento, não o poderemos montar em nosso tipo atual de roda, que são feitas para usar 
câmaras de ar depois de prontas. 
Mas podemos usar com vantagens o procedimento que eles usaram, ou seja, dois discos de lâmina de boa 
espessura, troquelados com a forma de rodado e unidos pelo centro sobre ele terminado, concluindo com os 
furos necessários para qualquer tipo de automóvel. Poderíamos substituir com unidades completas desse tipo 
nosso atual e inseguro sistema de rodado. Como vêem, esses discos podem ser terminados com maior 
beleza, digno dos carros mais luxuosos. Este sistema tem algumas vantagens

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