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ESTUDOS INTRODUTÓRIOS DA PSICOPEDAGOGIA ESTUDOS INTRODUTÓRIOS DA PSICOPEDAGOGIA DÚVIDAS E ORIENTAÇÕES editorafamart@famart.edu.br TUTORIA ONLINE Segunda a Sexta de 09:30 às 17:30 Acesse a aba Tutoria EaD em seu portal do aluno. SUMÁRIO 1 O QUE É A PSICOPEDAGOGIA? .................................................................. 3 2 ÁREAS DE ATUAÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA ........................................... 5 2.1 Quem é o psicopedagogo? ....................................................................... 6 2.2 Alguns aspectos importantes de serem observados ............................. 6 3 UMA BREVE HISTÓRIA DA PSICOPEDAGOGIA ....................................... 10 3.1 A psicopedagogia no Brasil .................................................................... 15 3.2 Formação do psicopedagogo na instituição ......................................... 19 4 REEDUCAÇÃO ............................................................................................. 22 4.1 A reeducação: a atenção às adversidades ............................................ 22 5 PSICOPEDAGOGIA: MEDICINA E EDUCAÇÃO ........................................ 25 5.1 Psicopedagogia e a patologia ................................................................. 26 6 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA – ABPP ................. 29 6.1 História ...................................................................................................... 29 6.2 Código de ética da ABPp ......................................................................... 31 7 REGULAMENTAÇÃO DA ATIVIDADE DE PSICOPEDAGOGIA ................ 39 8 CLASSIFICAÇÃO BRASILEIRA DE OCUPAÇÕES (CBO) ......................... 43 9 JUSTIFICAÇÃO ............................................................................................ 44 ENCERRAMENTO ........................................................................................... 48 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 49 3 1 O QUE É A PSICOPEDAGOGIA? A Psicopedagogia é o campo que estuda a aprendizagem em suas diferentes relações e circunstâncias. Ela se ocupa do processo de aprendizagem e suas variações e da construção de estratégias para a superação do não aprender, tendo como um de seus focos principais a autoria do pensamento e da aprendizagem. A Psicopedagogia tem uma visão integrada da aprendizagem, entendendo que todas as dimensões do sujeito são coparticipantes de seus processos de aprendizagem, por meio do entrelaçamento e da manifestação dos processos cognitivos, afetivo-emocionais, sociais, culturais, orgânicos, psíquicos e pedagógicos, concebendo o sujeito como individual e coletivo. A Psicopedagogia transita entre os aspectos pedagógicos e psíquicos e entre os processos de desenvolvimento e aprendizagem dos sujeitos. Sua intervenção possibilita que indivíduos, grupos e instituições desenvolvam seus processos de aprendizagem de forma saudável, resgatando o prazer de aprender e descobrindo- se como autores de seus próprios processos. Nota-se, com base na experiência na área da Psicopedagogia, que é preciso diferenciá-la da Educação Especial, conforme o Artigo 58 da Lei nº 12.796, de 2013: 4 Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação (BRASIL, 2013). Assim, pode-se dizer que a Psicopedagogia atende aos sujeitos que necessitam de um olhar articulador sobre seu processo de aprendizagem, criando estratégias para a superação do não aprender e a autoria. Já a Educação Especial, conforme a Lei n° 12.796 de 2013, tem o seu trabalho direcionado para os sujeitos com Necessidades Educativas Especiais. 5 2 ÁREAS DE ATUAÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA A atuação da Psicopedagogia pode acontecer a partir da perspectiva Clínica, Institucional e da Pesquisa. A Psicopedagogia Clínica ocupa-se do entendimento do sujeito que aprende, através de sua história pessoal, de seus vínculos familiares, de sua modalidade de aprendizagem, compatibilizando conhecimento e saber. Procura compreender o sujeito a partir de seu processo de aprender e de não aprender, indagando como, o que e de que maneira ele pode aprender. A psicopedagogia clínica exerce suas funções nas dimensões terapêutica e institucional, buscando a compreensão das complexas relações de aprendizagem, dos lugares e papéis de sujeitos em suas redes históricas e pela formulação de espaços e dispositivos adequados ao resgate e à promoção da aprendizagem. Realiza também ações voltadas para o resgate da aprendizagem, através da formulação de espaço e vínculo de confiança e da proposição de recursos adequados e específicos. Busca possibilitar que o sujeito construa sua autoria na aprendizagem. A Psicopedagogia Institucional considera as amplas e intrincadas relações de aprendizagem de uma instituição, analisando as relações institucionais e buscando elaborar condições de articular a qualificação dos processos de aprendizagem. Objetiva fazer com que os sujeitos de um grupo possam se conceber e agir como protagonistas de seus próprios processos de aprendizagem. A psicopedagogia instituicional pode também ter como objetivo, na escola, a diminuição da incidência dos problemas de aprendizagem. Além disso, ela analisa e age em relação às questões da didática e da metodologia, através da intervenção: na formação permanente e na assessoria junto aos professores; no atendimento familiar; no diagnóstico de sujeitos; no relacionamento entre alunos e professores; nas relações afetivas envolvidas nos processos de aprender; no significado que os alunos e professores dão à aprendizagem; na elaboração de currículos e ações pedagógicas que tenham efetivo desempenho junto ao 6 processo de aprendizagem. A Psicopedagogia como área de Pesquisa compõe um conjunto de conhecimentos que auxiliam na investigação sobre os fenômenos dos processos de aprendizagem humana. 2.1 Quem é o psicopedagogo? O Psicopedagogo é um especialista em Psicopedagogia. Sua formação ocorre, geralmente, através de cursos de Especialização, possibilitando o aprofundamento dos conhecimentos obtidos nos cursos de graduação e a ampliação da discussão sobre os aspectos da aprendizagem, de sua autoria e da superação do não aprender. Assim, se uma pessoa tem a graduação em Licenciatura em Matemática e a especialização em Psicopedagogia, ela será Licenciada em Matemática e Especialista em Psicopedagogia. Se a pessoa tem graduação em Pedagogia e Especialização em Psicopedagogia, ela será uma Pedagoga e Especialista em Psicopedagogia. Se ela tiver a graduação em Psicologia e Especialização em Psicopedagogia, ela será uma Psicóloga e Especialista em Psicopedagogia. O especialista em Psicopedagogia é um profissional habilitado a lidar com os processos de aprendizagem e suas dificuldades junto às crianças, aos adolescentes, aos adultos ou às instituições, instigando aprendizagens significativas, de acordo com suas possibilidades e interesses. Em sua prática, o especialista em Psicopedagogia pode auxiliar na busca do prazer de aprender, na construção de um novo significado para as formas de aprender, da compreensão, por parte dos sujeitos, da maneira como aprendem e de como utilizar suas estratégias em relação a novos conhecimentos. 2.2 Alguns aspectos importantes de serem observados Entre os diferentes aspectos que precisam ser considerados ao longo de um atendimento psicopedagógico, seja institucional ou clínico, destacam-se alguns que necessitam de atenção, tais como o momento do diagnóstico,a 7 anamnese, a elaboração de hipóteses e a análise do processo de construção da lecto-escrita. O processo diagnóstico caracteriza-se como os primeiros encontros nos quais se interage de forma mais direta com o sujeito encaminhado e com sua família, procurando conhecer mais detalhes de sua história. Porém, não é um momento fechado, que tenha como objetivo atribuir um rótulo ao sujeito. Há diagnósticos como transtorno de hiperatividade e déficit de atenção, autismo, entre outros, que não podem ser dados por um especialista em Psicopedagogia, que pode sugerir para a família procurar um profissional como um psiquiatra ou um neurologista para avaliar e realizar tal diagnóstico. O especialista em Psicopedagogia deve sempre realizar os encaminhamentos que julgar necessários, mencionando que há outras questões que também atrapalham a aprendizagem do sujeito e que só podem ser avaliadas por outro profissional habilitado. Por isso, fala-se tanto das parcerias nos atendimentos psicopedagógicos e de um trabalho interdisciplinar. Na medida em que o trabalho interdisciplinar é fundamental na ação psicopedagógica, é importante conhecer as ferramentas que existem e são usadas pelos outros profissionais envolvidos, para saber entendê-las adequadamente, quando se recebe um diagnóstico. Porém, isso não significa que se possa utilizá-las, já que algumas ferramentas são de uso exclusivo do psicólogo, do fonoaudiólogo ou do médico. O diagnóstico psicopedagógico necessita concentrar-se nos processos de aprendizagem. Esse momento não pode estar focado apenas no sujeito, mas em todas as relações que ele mantém seja na família, na escola ou no grupo de amigos, dentre outros. O diagnóstico é um momento no qual se pode iniciar o levantamento de hipóteses sobre como e o que o sujeito aprende, bem como o que o impede de aprender. Nessa ocasião, já se inicia também o tratamento. Quando se analisa a situação do sujeito, é necessário propor desafios de superação, para que novas hipóteses possam ser levantadas e questões já possam ser superadas. Logo, não há uma separação rígida entre o período do diagnóstico e o do tratamento. Ao iniciar o diagnóstico, já se está começando o tratamento. 8 Ao longo do processo diagnóstico, é importante ser realizada uma entrevista de anamnese, que se constitui numa técnica de investigação e análise, a partir da retomada da história de vida do sujeito através de uma conversa com a família. Ela é utilizada para auxiliar a compreender o funcionamento familiar, no sentido de se observar como o sujeito é visto por esse grupo, qual o seu papel, como o veem e compreendem sua situação ao longo da vida e como descrevem a dificuldade de aprendizagem. A anamnese auxilia o especialista em psicopedagogia a compreender o processo de aprendizagem do sujeito em diferentes momentos de sua vida. Por isso, suas perguntas devem se centrar mais no “como” do que no “quando”, como, por exemplo: Como foi que ele começou a andar? Como foi que ele aprendeu a falar? O quando traz uma questão mais relacionada com a temporalidade, o que tem importância, mas não tanto quando o processo de cada aprendizagem. A elaboração de hipóteses sobre como o sujeito aprende e o que o impede é de suma importância para o atendimento, pois é a partir dela que a ação do especialista em psicopedagogia é planejada e organizada. Ao longo de todo o tratamento, as hipóteses são elaboradas, superadas e redefinidas. A partir da superação de uma questão, outra poderá ser elaborada pelo especialista em Psicopedagogia. É significativo sempre partir do que o sujeito sabe fazer, o que conhece, aquilo no que tem sucesso. Além de reforçar suas possibilidades, com essa perspectiva também se consegue, muitas vezes, observar e analisar as estratégias utilizadas e lhe ajudar a usá-las nas situações de dificuldades. Outro aspecto relevante tem relação com as inúmeras vezes em que os especialistas centram a investigação psicopedagógica na leitura e na escrita quando o encaminhamento ocorre devido a uma dificuldade nessa área. Porém, é importante sempre se lembrar de também analisar questões relativas ao pensamento lógicomatemático. Várias vezes recebe-se dos educadores a avaliação de que o sujeito domina as questões relacionadas ao conhecimento matemático, mas o que ele consegue fazer são cálculos mecanizados, sem compreensão. A construção do pensamento lógico-matemático é estruturante da construção da leitura e da 9 escrita, ou seja, é a base para a aprendizagem da leitura e da escrita. A testagem do nível de leitura e escrita precisa ser realizada juntamente com a observação, pois é importante observar as estratégias que o sujeito utiliza para ler e escrever sua própria produção. 10 3 UMA BREVE HISTÓRIA DA PSICOPEDAGOGIA O novo dicionário Aurélio da língua portuguesa conceitua o termo psicopedagogia como “aplicação da psicologia experimental à pedagogia”. Os autores que tratam da psicopedagogia enfatizam o seu caráter interdisciplinar, cujo significa admitir a sua especificidade enquanto área de estudos, buscando conhecimentos em outros campos, criando seu próprio objeto. Ela nasceu com o objetivo de trabalhar na área clínica e foi ampliando para a escolar, ou seja, vai da prioridade curativa à preventiva. Contudo, Bossa (2007), relata que “a psicopedagogia enquanto produção de um conhecimento científico nasceu da necessidade de uma melhor compreensão do processo de aprendizagem, não basta como aplicação da psicologia à pedagogia” (p.19). E assim a psicopedagogia é tratada apenas como aplicação da psicologia à pedagogia. Ainda que se tratasse de recorrer apenas a estas duas disciplinas para solucionar os problemas de aprendizagem, não seria uma aplicação de uma à outra, mas sim como constituição de uma nova área que recorrendo aos conhecimentos dessas, pensa o seu objeto de estudo a partir de um corpo teórico próprio que busca se formar. A psicopedagogia tem procurado sistematizar um corpo teórico próprio, definir seu objeto de estudo (só que ainda não delimitou seu campo de atuação e com isso procura outros profissionais como psicólogos, fonoaudiólogos, entre outros). A autora traz o pensamento de Golbert apud Bossa (2007), que diz “o objeto de estudo da psicopedagogia deve ser entendido a partir de dois enfoques: preventivo e terapêutico” (p.22). O enfoque preventivo considera como objeto de estudo da psicopedagogia, o ser humano em desenvolvimento enquanto educável. Seu objeto é a pessoa a ser educada, seus processos de desenvolvimento e as alterações de tais processos. Focaliza as possibilidades do aprender num sentido amplo. Não deve se restringir a uma só agência como a escola, mas ir também à família, comunidade. A psicopedagogia poderá esclarecer de forma mais ou menos sistemática 11 a professores, pais e administradores sobre as características das diferentes etapas do desenvolvimento, sobre o progresso nos processos de aprendizagem, sobre as condições determinadas de dificuldades de aprendizagem. E o enfoque terapêutico considera o objeto de estudo a identificação, análise, elaboração de uma metodologia de diagnóstico e tratamento das dificuldades de aprendizagem. Entre diversos conceitos de psicopedagogia, Bossa (2007), identifica-se com seguinte escrita de Golbert: “não devemos nos limitar a uma escola” (p.22), ou seja, devemos ampliar nosso campo de visão, não devemos nos focar a um único diagnóstico e sim há vários até chegarmos a uma solução do caso em questão e não podemos deixar de participar a família para que o apoio da mesma ajude num melhor tratamento. Jorge Visca por sua vez relata: A psicopedagogia foi uma ação subsidiária da medicina e da psicologia, perfilou-se como um conhecimento independente e complementar, possuidora de um objeto de estudo – o processode aprendizagem – e de recursos diagnósticos, corretores e preventivos próprios” (Visca apud Bossa, 2007, p.23). A autora também nos trás alguns questionamentos, tais como: é função da psicopedagogia pensar: o que é educar? O que é ensinar e aprender? Como se desenvolvem as atividades? Quais as problemáticas estruturais que intervém no surgimento do transtorno da aprendizagem? E sua resposta é: “temos em mente que é o sujeito que aprende, por isso é motivo de pergunta para os psicopedagogos” (Id, p.23). A psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana, de uma demanda – o problema de aprendizagem que é pouco explorado e evoluiu devido a alguns recursos raros, mas que atendiam a essa demanda, constituindo assim a prática. Portanto, a psicopeagogia estuda as características da aprendizagem humana: como se aprende? Como essa aprendizagem varia gradativamente e está condicionada por vários fatores? Como se produzem as alterações na aprendizagem? Como reconhecê-las, tratá-las e previni-las? Esse objeto, que é um sujeito a ser estudado por outro sujeito, adquire características específicas a depender do trabalho clínico ou preventivo, como diz Golbert apud Bossa (2007), “a definição do objeto de estudo de psicopedagogia passou por fases distintas 12 em diferentes momentos históricos que repercutiam nas produções científicas, pois ele era entendido de várias maneiras” (p.23). Primeiramente, o trabalho psicopedagógico priorizava a reeducação, o processo de aprendizagem era avaliado em função dos seus déficits e o trabalho era para vencer esses déficits. O objeto em questão era o sujeito que não aprendia, concebendo-o a “não-aprendizagem”. Com isso, buscava estabelecer as semelhanças entre grandes grupos de sujeito, ou seja, o esperado para determinada idade. Mais tarde, a psicopedagogia passou a se chamar o “não-aprendizagem” de o “não-aprender”. Essa fase era fundamentada na psicanálise e na psicologia genética, porque essa nova concepção levava em conta a singularidade do sujeito no grupo, buscando o sentido particular de suas características de acordo com sua própria história e seu mundo sociocultural. Alicia Fernandez apud Bossa (2007) refere que o processo evolutivo pelo qual essa nova área de estudo se estruturou, entende-se que o objeto de estudo é sempre o sujeito “aprendendo”. E essa concepção mudou conforme a visão do homem em cada momento histórico, relacionando-o à concepção de aprendizagem. Hoje, a psicopedagogia trabalha com uma concepção de aprendizagem com um equipamento biológico com disposições afetivas e intelectuais que interferem na forma de relação do sujeito com o meio, sendo que essas disposições influenciam e são influenciadas pelas condições socioculturais do sujeito e do seu meio. Sua origem deu-se na Europa no séc. XX onde foram verificados os problemas de aprendizagem. Neste século tínhamos o avanço do capitalismo industrial e com ele os ideais burgueses de igualdade e fraternidade, o que ficava mais distante a possibilidade de uma sociedade fraterna e igual para todos. Surge também a necessidade de justificar as desigualdades das sociedades de classes que seda por meio dos avanços científicos e concepções teóricas. Ao longo do séc. XIX surgem teorias relacionadas à ciência e a teoria evolucionista de Charles Darwin que enquadra o homem dentro do esquema da evolução biológica, abolindo as linhas divisórias das ciências naturais, humanas e sociais (Bossa, 2007). 13 Independente, surge a psicologia neste período, como ciência que exemplifica algumas áreas do conhecimento, utilizando os princípios da biologia na construção do seu corpo, o corpo humano, objeto de estudo da psicologia. A partir dessa ideia começaram a serem desenvolvidos nas escolas testes que procuravam explicar as diferenças de rendimentos dos alunos e o acesso diferenciado a diversos graus de escolarização. E assim, esse conhecimento científico foi à base do pensamento dos psicólogos e educadores daquela época. Aos poucos, o conceito de anormalidade ia sendo deslocado das psiquiatrias para as escolas. A criança que não conseguia aprender era chamada de “anormal”, sua causa era atribuída a anormalia anatomofisiológica. Na França surgiu Janine Mery, psicopedagoga que apresentou em seus trabalhos algumas considerações e ideias sobre o termo psicopedagogia e adotou este termo para caracterizar uma ação terapêutica, onde apresentavam dificuldades de aprendizagem. E também o francês George Mauco, que foi o fundador do primeiro centro médico-psicopedagógico na França e que se percebeu as primeiras tentativas de articulação entre medicina, psicologia, psicanálise e pedagogia para a solução dos problemas de comportamento e de aprendizagem (Bossa, 2007). Meados do séc. XIX Janine começou a apontar diferentes sensoriais, debilidade mental e outros problemas associados com a aprendizagem a partir dela surgiram educadores como Pestalozzi, Pereire, Itard e Seguin que começaram a se dedicar às crianças que apresentavam problemas de aprendizado. Jean Itard realizou estudos sobre percepção e retardo mental. Pestalozzi inspirado por Rousseau fundou na Suíça um Centro de educação onde abrigava crianças pobres. Seu método era intuitivo e natural, estimulava a percepção. Pereire se preocupou com a educação dos sentidos, em especial a visão e o tato. Seguin fundou na França a primeira escola de reeducação, denominou o método fisiológico de educação em 1837, fundou uma escola para crianças com deficiência mental. Suas técnicas de treinamento dos sentidos e dos músculos são usadas até hoje. Esses educadores foram os pioneiros no tratamento dos problemas de aprendizagem, porém eles se preocupavam mais com as 14 deficiências sensoriais e com a debilidade mental do que com a desadaptação infantil. Aos poucos foram surgindo educadores voltados para crianças com deficiência e que se aprimoravam e buscavam formas para tratamento deles. E então no séc. XX é que surgiu os primeiros Centros de Reeducação para deficientes infantis. Nos EUA e na Europa cresceu o número de escolas particulares com ensino individualizado para aquelas que tinham aprendizagem lenta. Em 1930, na França, surgem os primeiros Centros de Orientação Educacional Infantil com equipes formadas por médicos, psicólogos, educadores e assistentes sociais. Conforme Mery apud Bossa (2007) foram fundados em 1946, por J. Boutonier e George Mauco os primeiros Centros Psicopedagógicos, nos quais se buscava a união de conhecimentos da psicologia, psicanálise e pedagogia para tratar comportamentos sociais impróprios a crianças tanto na escola como em casa. Eles procuravam utilizar os conhecimentos originais da psicologia, psicanálise e pedagogia através das crianças com dificuldade de comportamento tanto na escola quanto na família, visando manter uma readaptação por meio de um acompanhamento psicopedagógico. Através dessa união esperava obter um resultado total da criança, o que tornaria possível a compreensão do caso. Com isso, a ação reeducadora poderia ser determinada e prevista de acordo com a orientação e gravidade do caso. Contudo, o Centro Psicopedagógico teve desde o início a ideia de direção: médica e pedagógica, dando abrangência a outros centros inaugurados a partir deste (Bossa, 2007). Finalmente no ano de 1948, o termo psicopedagogia passa a ser definido com o objetivo de atender crianças e adolescentes desadaptados, embora inteligentes, que tinham dificuldades. Vejamos qual é a definição do objeto de estudo da psicopedagogia segundo alguns teóricos: O objetivo do tratamento psicopedagógico é o desaparecimento do sintoma e a possibilidade do sujeito aprender normalmente em condições melhores enfatizando a relação que ele possa ter com a aprendizagem, ou seja, que o sujeito seja o agente da sua própria 15 aprendizageme que se aproprie do conhecimento” (Páin apud Bossa, 2007, p.21). A psicopedagoga argentina, relata que: A psicopedagogia é uma disciplina na qual encontramos a confluência do psicólogo, a subjetividade, os seres humanos enquanto tais, como educacional, atividade especificamente humana, social e cultural, implica uma síntese: os seres humanos, seu mundo psíquico individual e grupal, em relação à aprendizagem e aos sistemas e processos educativos” (Muller apud Bossa , 2007, p.22). E Scoz define: “a psicopedagogia como uma área que estuda e lida com o processo de aprendizagem e suas dificuldades e que em uma ação profissional, deve englobar vários campos do conhecimento, integrando-os e sistematizando-os” (p.22). Esses diversos sentidos relacionados à psicopedagogia falam-nos de um processo que está sendo estruturado, cuja identidade se encontra em maturação. Como afirma Macedo apud Bossa (2007), “a psicopedagogia é uma (nova) área de atuação profissional que busca uma identidade que requer uma formação de nível interdisciplinar” (p.34). 3.1 A psicopedagogia no Brasil O movimento da psicopedagogia no Brasil remete ao seu histórico na Argentina, devido ao acesso fácil à literatura, as ideias argentinas têm influenciado a prática dos brasileiros. Antigamente os problemas de aprendizagem eram considerados como fatores orgânicos e determinava a forma de tratamento, inclusive no Brasil. Só na década de 70 é que foi difundida a ideia de que esses problemas eram causados devido a uma disfunção neurológica não detectável em exame clínico, chamada de disfunção cerebral mínima (DCM). Cypel apud Bossa (2007) relata que em curto espaço de tempo pais e professores adotaram o rótulo DCM para qualquer problema de aprendizado sem antes terem o diagnóstico médico. A autora Nadia Bossa (2007), é uma das grandes historiadoras da Psicopedagogia no Brasil. Vejamos alguns dos principais fatos e descobertas que 16 ela destaca: No início da década de 80, começa a se configurar uma teoria sóciopolítica a respeito do “problema de aprendizagem escolar”, que passou a ser chamado de “problema de ensinagem”. Em 1970, surgiram os primeiros cursos de especialização em psicopedagogia no Brasil, idealizados para complementar a formação dos psicólogos e educadores que buscavam solucionar certos problemas. Eles foram estruturados com base em conhecimentos científicos e dentro de um contexto histórico. Entretanto, antes desses cursos, surgiram alguns grupos de profissionais que atuavam com a problemática de aprendizado no sentido de organizar os núcleos para estudos e aprofundamentos, como o professor Júlio Bernaldo de Quirós, médico e professor de Buenos Aires, dedicou aos estudos de leitura- escrita durante muitos anos e realizou pesquisas na Argentina e publicou-os nas décadas de 50 e 60 e essas foram baseadas em sua experiência. Em 1967, foi desenvolvido pelo CPOE um curso com duração de dois anos para professores especializados no atendimento psicopedagógico das clínicas de leitura, supervisionado por ele, que publicou vários livros e seu objetivo era focar questões relacionados à linguagem e a aprendizagem. E em 70, fez uma conferência pelo Brasil. Em Porto Alegre profissionais organizaram umcentro de estudos destinados à formação em psicopedagogia. O professor Nilo Fichtner fundou o Centro de Estudos Médicos e Psicopedagógicos no Rio grande do sul. Essa formação dá-se um quadro de referências baseado em um modelo médico de atuação. Em 1954, foi patrocinado pelo Centro de Pesquisas e Orientação Educacional (CPOE) da Secretaria de Educação e Cultura, o primeiro registro de um curso de orientação psicopedagógica pelas coordenadoras Aracy Tabajara e Dorothy Fossati e foi criado o Departamento de Educação Especial, orientado para o atendimento com crianças excepcionais. Em 1969, o RS havia uma distinção: os psicomotricistas trabalhavam com a parte corporal e os fonoaudiólogos com a linguagem oral, audição, voz e leitura- escrita. E devido a isso no ano de 1970 iniciaram os cursos de formação 17 de especialistas em psicopedagogia na Clínica Médico – Pedagógica de Porto Alegre com duração também de dois anos. Em seguida foi desenvolvido o FACED com nível de especialização, pelo coordenador Nilo Fichtner, o curso enfatizava duas especializações: uma era a área de deficiências específicas da aprendizagem e a outra era a área dos excepcionais (deficiência menta, auditiva e visual). A PUCRS realizou cursos de especialização relacionados a um curso de reeducação em linguagem em 1979/80 e um curso de psicoeducação em 1982/83. Ela mantém desde 1972 a área de concentração em aconselhamento psicopedagógico dentro do curso de pós-graduação em Educação. Outro fato importante na história da psicopedagogia foi o primeiro encontro de psicopedagogia em SP, em novembro de 1984, com Clarissa Golbert e Sônia Kiguel que apresentaram trabalhos direcionados as atividades dos psicopedagogos de Porto Alegre. A partir deste evento foi fundado o grupo Livre de Estudos em Psicopedagogia (como era chamado), agora passou a ser Associação de Psicopedagogos com o objetivo de discutir as questões psicopedagógicas mensalmente. Em setembro do mesmo ano aconteceu o primeiro seminário de estudos em psicopedagogia, organizado pelos integrantes da Associação dos Psicopedagogos, onde foram discutidos os trabalhos apresentados em SP. Segundo Sonia Kiguel apud Bossa (2007), diz que “embora a psicopedagogia seja uma área interdisciplinar, teve uma ampliação considerável nos últimos anos, ela está ligada historicamente à Educação, mais do que a Medicina e a psicologia” (p.55). Com isso, em 1970, surgiram no âmbito institucional cursos com enfoques psicopedagógicos, antecedendo a criação dos cursos formais de especialização e aperfeiçoamento. Esses cursos tratavam de temas como “a criança problema em uma classe comum”, “dificuldades escolares”, “pedagogia terapêutica”, “problemas de aprendizagem escolar”. Eram oferecidos para psicólogos, pedagogos e professores na área da educação com o objetivo de conter conhecimentos específicos para atuar com as crianças na sala de aula. Em 1979, foi criado o primeiro curso de psicopedagogia no Instituto Sedes 18 Sapientiae em SP pela pedagoga e psicodramatista Maria Alice e pela diretora do Instituto Madre Cristina Sodré. O objetivo desse curso era valorizar a ação do educador. Este curso começou abordando o tema da reeducação em psicopedagogia, depois assumiu um caráter terapêutico com aprofundamento nos aspectos afetivos da aprendizagem. Daí em diante, as mudanças continuam e com espaço para refletir e praticar a psicopedagogia. Hoje o curso privilegia as diferenças no papel do psicopedagogo, buscando análises mais rígidas da identidade profissional. A abordagem deste curso reflete na mudança de conceber o problema do fracasso escolar e a busca pela identidade do professor brasileiro, que nasce como reeducador e aos poucos amplia seu compromisso, sua responsabilidade de diminuir os problemas de aprendizagem nas escolas e assim reduz os altos índices de fracasso escolar. Devemos enfatizar os estados de SP e RS, pois foram os grandes pioneiros em formação de profissionais em psicopedagogia, formando cursos em nível de escolarização e mestrado em Educação, como a PUC-SP, por exemplo, inclusive na UFRGS no RS, vem sendo desenvolvido desde 1984 o curso de especialização em aconselhamento psicopedagógico no programa de pós- graduação na FACED. Somente na década de 90, os cursos de especialização em Lato Sensu, multiplicaram, surgindo cursos por mais estados brasileiros. De acordo com Bossa (2007), a psicopedagogia, enquanto área implica o exercício de uma profissão (que ainda não está registrada legalmente), ou seja, uma forma específica de atuação. Ela surge como compromissode contribuir para a compreensão do processo de aprendizagem e identificação dos fatores facilitadores e comprometedores do processo. A grande necessidade de uma ação efetiva fica evidenciada no interesse que tem havido pela psicopedagogia no país. Há treze anos existe a Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp), órgão responsável pela organização de eventos de dimensão nacional, através de publicações com temas que retratam as preocupações e tendências na área. 19 As temáticas dos encontros e congressos refletem a trajetória da atuação psicopedagógica dos primórdios até os dias de hoje. A Associação visa como principal objetivo, tornar conhecido o campo de atuação de um psicopedagogo. Conforme Scoz apud Bossa (2007), “a psicopedagogia no Brasil é a área que estuda e lida com o processo de aprendizagem e suas dificuldades” (p.56). E numa ação profissional deve englobar vários campos do conhecimento, integrando-os e sintetizando-os. 3.2 Formação do psicopedagogo na instituição A psicopedagogia vem atuando em vários campos: escolar, clínica, como pesquisa científica, entre outros. Contudo, esta parte da apostila será destinada a uma pesquisa acerca da psicopedagogia escolar. Vasconcellos apud Bossa (2007), diz que “a concepção entre docentes se dão por um processo de “reconstrução em ação” – que se dá pela ação de mediadores que organizam situações de problematização entre os professores”. É preciso fornecer informações que os ajudem a progredir até a auto- aprendizagem, oferecendo-lhes recursos do estado em que se encontram. Trazendo o enfoque acima para a psicopedagogia, a questão da formação, o psicopedagogo assume um papel de grande importância na medida em que a partir dela inicia-se um percurso para a formação de identidade desse profissional, ou seja, o profissional que esteja estudando nível de especialização tem que modificar sua práxis. A psicopedagogia auxilia na qualidade do ensino, que vem crescendo no âmbito escolar, atendendo em especial os problemas de educação no Brasil. Na escola ele utiliza instrumentos específicos de avaliação e estratégias capazes de atender os alunos em sua individualidade e auxiliá-los na produção escolar e para isso os coloca em contato com suas reações diante da tarefa e vínculos com o objeto do conhecimento, resgatando assim o ato de aprender. Cabe ao psicopedagogo assessorar a escola no sentido de alertá-la para o papel que lhe compete, seja redimensionando o processo de aquisição e incorporação do conhecimento dentro do espaço escolar, 20 seja reestruturando a atuação da própria instituição junto a alunos e professores e seja encaminhado a alunos e outros professores” (Bossa, 2007, p.67). E como psicopedagogo escolar, ele promove: O levantamento, a compreensão e a análise das práticas escolares e suas relações com a aprendizagem; O apoio psicopedagógico a todos os trabalhos realizados no espaço da escola; A reesignificação da unidade ensino/aprendizagem, a partir das relações que o sujeito estabelece entre o objeto do conhecimento e suas possibilidades de conhecer, observar e refletir, a partir das informações que já possui; A prevenção de fracassos na aprendizagem e a melhoria da qualidade do desempenho escolar. Esse trabalho pode ser desenvolvido em diferentes níveis, propiciando aos educadores conhecimentos para reconstruir seus próprios modelos de aprendizagem, identificar diferentes etapas do desenvolvimento evolutivo dos alunos, preparar o diagnóstico no próprio âmbito escolar e se necessário encaminhá-lo para fora da escola, perceber se processou a evolução dos conhecimentos nos alunos, compreender melhor o processo de construção de conhecimento, saber intervir na melhoria da qualidade do ambiente escolar, compreender a competência técnica e do compromisso político em todas as dimensões do sujeito. Portanto, a formação em psicopedagogia envolve diversos profissionais em diferentes áreas e com isso enfrenta dificuldades em construir sua identidade por ser recente numa área de estudos, pelas suas origens teóricas, mas os profissionais envolvidos nessa busca estão mobilizados pelo desejo de contribuir para tal processo contínuo de construção. De acordo com a LDB 9394/96, no artigo 2º: “A Educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideiais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (p.2). 21 O psicopedagogo deve ser capaz de investir em sua formação pessoal de maneira contínua e significativa, estando apto a desenvolver um papel profissional inovador, no qual quem ensina deve ter aprendido e vivenciado o que vai ensinar. “Trata-se de um compromisso ético entre aqueles que propuserem a experiência de inclusão e aqueles que devem experimentá-la no cotidiano difícil de uma sala de aula.” (Baptista, 2002, p.75). 22 4 REEDUCAÇÃO Entre 1938 e 1956 foi criado o Centro Brasileiro de Pesquisa Educacional e outros centros regionais. Na segunda metade da década de 60 havia dois tipos de trabalho psicopedagógico: um desenvolvido por psicomotricistas, os quais priorizavam a parte corporal e outro que trabalhava a linguagem oral, voz, audição, leitura e escrita. De 1965 a 1970, a produção acadêmica da psicologia, da pedagogia e os estudos psicopedagógicos focavam seus interesses em instrumentos de medição psicológica, principalmente de habilidades específicas e, de alguma maneira, aplicá-los às dificuldades de aprendizagem. Na década de 70, surge a modalidade de trabalho preventivo que tem como objetivo evitar que os alunos chegassem a precisar frequentar clínicas por causa de problemas de aprendizagem. Nos anos 80, ocorre um aumento significativo do número de vagas nas escolas, porém o ensino não tinha qualidade o suficiente para que o problema de evasão e fracasso escolar não tomasse conta do cenário brasileiro. Coincidia com as camadas mais pobres o maior número de repetência e de evasão nesse momento do nosso estudo siga para o tópico a seguir e conheça o enfoque da Reeducação. 4.1 A reeducação: a atenção às adversidades A primeira escola preocupada em resolver problemas de aprendizagem foi fundada no final do século XIX em Séguin, França. Esta escola atendia 23 crianças com deficiência intelectual que eram submetidas ao que os profissionais chamavam de REEDUCAÇÃO. A reeducação consistia em um trabalho que focava o lado disfuncional da criança, ou seja, a pessoa por traz daquela deficiência era colocada em segundo plano. O sujeito da aprendizagem não era a principal preocupação, mas sim a sua limitação orgânica que limitava sua capacidade de aprender. Era um trabalho de natureza adaptativa e chamado de Reeducação Psicopedagógica ou Psicopedagogia Adaptativa, o qual visava ao desenvolvimento de funções cognitivas por meio da adaptação do indivíduo ao lugar que o sistema educacional o designou. Conforme aponta Rubinstein (1999), muito antes de se começar a falar sobre Psicopedagogia, Educação Especial, Pedagogia Terapêutica, a reeducação já se fazia presente. Sua principal preocupação era dar suporte aos profissionais que lidavam com as pessoas que não se enquadravam ao que era minimamente esperado. Reeducar significava apontar e tratar as dificuldades de aprendizagem cujas causas eram consideradas de natureza orgânica ou social. Para definir o quadro da dificuldade, os profissionais buscavam informações relevantes que diziam respeito à: Investigação clínica; Vida familiar (relacionamento dos pais, condições financeiras, formas de educação); Interpretação dos testes de QI da pessoa. Partindo-se de tais informações, eram classificadas as disfunções de comportamento e, posteriormente,se selecionavam as devidas mediações. O reeducador, portanto, dava a orientação sobre o tipo de tratamento necessário, o qual melhor permitiria a adequação do sujeito ao ambiente educativo. As crianças e adolescentes em dificuldade apresentavam limitações orgânicas, daí a necessidade de trata-las, não só com a intervenção reeducativa do psicopedagogo, mas também com intervenções medicamentosas. As crianças e adolescentes com limitações orgânicas não eram as únicas que demandavam a atenção dos reeducadores. Havia também, estudantes 24 considerados inteligentes (fisicamente normais), porém não conseguiam aprender conforme era esperado. Como não se tratava de pessoas com deficiências orgânicas, mentais, sensoriais, o principal objetivo dos profissionais era o desaparecimento da dificuldade de aprendizagem, a qual era interpretada como um sintoma. A atuação com crianças que apresentavam o sintoma de dificuldade de aprendizagem era denominada “Psicopedagogia curativa” ou “Pedagogia Curativa”. O trabalho era desenvolvido visando à reeducação e aos exercícios de readaptação. Drouet (1995). Os reeducadores embasavam seus conhecimentos em diferentes áreas: Psicologia, Psicanálise, Pedagogia e Medicina. 25 5 PSICOPEDAGOGIA: MEDICINA E EDUCAÇÃO A influência da medicina no campo da Psicopedagogia é muito relevante. Então, por causa disso, na década de 70, eram recorrentes as interpretações psiconeurológicas do desenvolvimento humano, o que reduziam a dificuldade de aprendizagem a uma patologia orgânica não relevando os aspectos emocionais, afetivos, ou seja, o componente psicológico de tal dificuldade. Sabe como a medicina respondia aos casos de dificuldades de aprendizagem que não estavam atrelados a limitações orgânicas. Era considerado que as disfunções neurológicas eram tão pequenas e, por isso, não eram identificadas nos exames clínicos, muito embora causassem alterações de comportamento. Patologizar a dificuldade de aprendizagem era tão comum que até as escolas adotaram uma postura de rotular os estudantes sem critérios científicos rigorosos. Bossa (1994) afirma que alguns termos como dislexia, disritmia, disfunção cerebral mínima tornaram-se recorrentes em ambientes escolares. O que complicou a situação foi que, devido à massificação do sistema educacional brasileiro da época sugerida pela democratização do ensino no país, os rótulos patologizantes das dificuldades de aprendizagem camuflavam e justificavam os gravíssimos problemas da educação brasileira. O problema cresceu ainda mais quando os pais e professores começaram a se iludir com o cientificismo dos diagnósticos e passaram a recorrer aos médicos em casos de dificuldade de aprendizagem. Procurar os médicos, muitas vezes, dá aos pais certa tranquilidade, uma vez que se sentem atuantes no problema acadêmico de seus filhos. Scoz (1994) aponta que os termos diagnósticos recorrentes na época viabilizaram a aceitação dos pais e professores no que tange à dificuldade de aprendizagem, porém desmotivou o investimento na educação de tais crianças e adolescentes. 26 5.1 Psicopedagogia e a patologia Uma discussão muito interessante gira entorno das patologias. Geralmente vêm algumas ideias negativas, que remetem e exclusivamente a algo que nos prejudica, como: Doença; Problemas; Anormalidade; Deficiência; Sofrimento; Mal-estar; Dor, etc. Entretanto, a Psicologia remete ao PATHOS de uma forma que lhe é peculiar. Esta é uma questão importante porque há uma enorme confusão que se desenvolveu sobre este conceito, uma vez que se reduz a noção de PATHOS à doença. Se observarmos a origem do termo PATHOLOGIA, perceberemos que não se está falando de algo exclusivamente relacionado à área médica, mas também à Psicologia, Humanismo, Psicanálise, Educação, Antropologia, Sociologia, etc. É fundamental que tomemos bastante cuidado no trato com o termo pathologico, já que todos nós possuímos a Disposição afetiva fundamental, o que não significa que tal termo se relaciona unicamente com o que é doente. Muito pelo contrário, podemos estar nos referindo à saúde. O estudo da psicopathologia, por exemplo, não é o mesmo que acumular e descrever sintoma, ou pesquisar o CID 10 ou o DSM IV para encontrar o código que melhor convém a nossa situação. A pathologia qualifica o pathos enquanto disposição fundamental, a qual move o sujeito, constituindo-o na sua humanidade; está relacionado a sentimento, afeição, sofrimento, padecer, 27 deixar-se levar por, deixar-se convocar por. Está na essência do ser humano e não só na excepcionalidade do adoecer. Dentro deste contexto que os primeiros cursos de Psicopedagogia no Brasil surgiram com o intuito de complementar a formação do psicólogo e do educador. Os cursos eram oferecidos em diferentes regiões: Clínica Médico-Pedagógica de Porto Alegre (1971); PUC-RS, com mestrado em Aconselhamento Psicopedagógico (1972); Instituto Sedes Sapientiae em São Paulo, com o primeiro curso de especialização em Psicopedagogia inicialmente chamado de Curso de Reeducação Psicopedagógica (1979). Andrade (2004) afirma que a escola paulista, em vez de optar pela legalização do curso, preferiu não validar os certificados, porém formava profissionais mais comprometidos com o caráter humano do ser. São Paulo passou concentrar muitos cursos de conteúdo psicopedágogico nas Faculdades de Educação, com o passar do tempo, outras regiões também passaram a oferecer formações similares, principalmente na década de 90. No Brasil, conforme mencionado anteriormente, a formação do psicopedagogo é mais rápida e, até que a nova resolução seja aprovada, pode ser ministrada em cursos de, no mínimo, 360 horas de duração. De forma similar a outros países, a Psicopedagogia no Brasil teve seu caráter reeducativo, isto é, a aprendizagem era avaliada em função de seus déficits e a reeducação brasileira visava à redução da distância entre o que os alunos estavam de fato aprendendo e o que eles deveriam aprender. Além disso, tinha-se a ideia de uniformizar o ato de aprender, para que, dessa forma, o ataque aos problemas educacionais brasileiros fosse mais assertivo. Com tais objetivos em mente, o Psicopedagogo possuía um viés mais terapêutico, mais clínico, já que tratava exclusivamente dos problemas de aprendizagem. Com o tempo, este profissional comprometeu-se com aspectos preventivos, o que o aproximou do ambiente escolar. Já na década de 50, alguns grupos profissionais, muitas vezes por 28 iniciativas isoladas, atuavam com a problemática da aprendizagem. Com isso, ficou constatado que a Psicopedagogia surgiu antes na prática, depois na teoria. O primeiro registro de curso nesta área data de 1954, um “Curso de Orientação Psicopedagógica” em Porto Alegre, patrocinado pela Secretaria de Educação e Cultura. 29 6 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA – ABPP Discutiremos a Associação Brasileira de Psicopedagogia e seu papel. A Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) iniciou suas atividades em 1980, com o nome de Associação Estadual de Psicopedagogos de São Paulo. As atividades giravam entorno de encontros para reflexão e troca de experiências dos profissionais. A ABPp é uma entidade de caráter científico-cultural, sem fins lucrativos, que congrega profissionais militantes na área da Psicopedagogia. Desde sua fundação tem promovido conferências, mesas-redondas, cursos, seminários, congressos, bem como a divulgação de trabalhos sobre sua área de atuação, através da Revista Psicopedagogia. 6.1 História Em 1984 um evento de grande relevância ocorreu em São Paulo: o Primeiro Encontro de Psicopedagogos. O enfoque foi as abordagens terapêuticas e preventivas das intervenções psicopedagógicas. Com o intuito de aprimorara atuação psicopedagógica, promoveram-se cursos, palestras, conferências, seminários com profissionais de áreas variadas de atuação: psiquiatras, neuropsicologistas, arteterapeutas, psicologia, pedagogia, e, obviamente, Psicopedagogia. Em 1986 já havia vários núcleos associativos em diferentes estados e o núcleo de São Paulo transformou-se em Associação Brasileira de 30 Psicopedagogia. Nesse ano, foi realizado o 2º Encontro com o tema: Psicopedagogia - O Caráter Interdisciplinar na Formação e Atuação Profissional, o qual abriu espaço para um vasto número de profissionais com conhecimentos científicos diversificados. Foram promovidas trocas de experiências muito relevantes para a Psicopedagogia e, com isso, se passou a ter uma visão ainda mais abrangente do processo de aprendizagem. Com a expansão da área da Psicopedagogia, a associação, até então denominada Associação Estadual de Psicopedagogos de São Paulo, passou a ser chamada Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp). Em 1988, ocorreu o I Congresso e o III Encontro de Psicopedagogos com o tema: Processo de Integração Ensino/Aprendizagem. O foco da atenção neste encontro foi a necessidade de se desenvolver uma abordagem mais convergente no sentido de promover uma integração de conhecimentos para a compreensão da aprendizagem humana. O IV Encontro ocorreu em 1990 com o tema: A Identidade do Psicopedagogo - Formação e Atuação Profissional. A ABPp aproveitou a oportunidade para divulgar e aprofundar alguns pontos importante sobre a identidade profissional do Psicopedagogo, bem como os objetivos da Psicopedagogia a partir da delimitação de seu campo de estudos e atuação psicopedagógica. O II Congresso e V Encontro aconteceram em 1992 com o tema: A Práxis Psicopedagógica na Realidade Educacional Brasileira. Fica selada a prática psicopedagógica como sendo capaz de oferecer alternativas de ação no sentido de uma transformação, o que geraria uma melhora significativa no processo de aprendizagem frente à instituição escolar e nos resultados dramáticos da educação brasileira. O VI Encontro ocorreu em 1994. O principal ponto discutido foi o trabalho do psicopedagogo nas instituições, já que o tema foi definido como: A Psicopedagogia Institucional. Já o III Congresso e o VII Encontro solidificaram a ideia da Psicopedagogia como uma prática que se sobrepõe ao cartesianismo das interpretações dos problemas de aprendizagem oferecendo uma concepção 31 mais humana, global, relacional que considera o sujeito como o centro das atenções. Considera-se, desde então, que não há nenhuma verdade absoluta no processo de aprendizagem, ou seja, todos os indivíduos do processo devem ser relativizados, bem como sua inserção no mundo da aprendizagem. Com a crescente expansão da Psicopedagogia no Brasil, temos seções nos seguintes estados: Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo, Aracaju, Mato Grosso do Sul. Um documento de muita importância foi elaborado ao longo da história da ABPp, o Código de Ética. A ética profissional deve ser uma constante na prática psicopedagógica, devendo o Psicopedagogo atuar somente nas questões que lhe dizem respeito, devendo o mesmo ter o bom senso de fazer os devidos encaminhamentos, para outros profissionais tais como, médicos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicomotricistas, psicólogos, sempre que achar necessário. A seguir, apresentamos o Código de Ética do psicopedagogo: os princípios, as responsabilidades do psicopedagogo, as relações com outras profissões, etc. 6.2 Código de ética da ABPp Elaborado pelo Conselho Nacional do biênio 91/92 e reformulado pelo Conselho Nacional e Nato do biênio 95/96. Foi desde então reformulado diversas vezes sendo elas o triênio de 2008/2010, o triênio 2011/2013 e a mais recente até a data deste trabalho o triênio 2017/2019 aprovado em assembléia no dia 26 de Outubro de 2019. Disponível em https://www.abpp.com.br/Codigo-de-Etica-do- Psicopedagogo-2019.pdf (acessado em 11 de Março de 2021) nele ficam definidos alguns parâmetros. Para o presente trabalho houve utilizamos como base o texto aprovado no triênio de 2011/2013 disponível em versão anterior pela abpppara no site: http://www.abpppara.com.br/wp- content/uploads/2012/03/C%C3%B3digo-de-%C3%89tica-%C3%BAltima- https://www.abpp.com.br/Codigo-de-Etica-do-Psicopedagogo-2019.pdf https://www.abpp.com.br/Codigo-de-Etica-do-Psicopedagogo-2019.pdf http://www.abpppara.com.br/wp-content/uploads/2012/03/C%C3%B3digo-de-%C3%89tica-%C3%BAltima-revis%C3%A3o-Simp%C3%B3sio.pdf http://www.abpppara.com.br/wp-content/uploads/2012/03/C%C3%B3digo-de-%C3%89tica-%C3%BAltima-revis%C3%A3o-Simp%C3%B3sio.pdf 32 revis%C3%A3o-Simp%C3%B3sio.pdf (acessado em 11 de Março de 2021) Para uma leitura mais atualizada sugerimos ao leitor a busca pelo texto do triênio mais atual no site da associação. Segundo o código de ética: O Código de Ética tem o propósito de estabelecer parâmetros e orientar os profissionais da Psicopedagogia brasileira quanto aos princípios, normas e valores ponderados à boa conduta profissional, estabelecendo diretrizes para o exercício da Psicopedagogia e para os relacionamentos internos e externos à ABPp – Associação Brasileira de Psicopedagogia. A revisão do Código de Ética é prevista para que se mantenha atualizado com as expectativas da classe profissional e da sociedade. CAPITULO I- DOS PRINCÍPIOS Artigo 1º A Psicopedagogia é um campo de atuação em Educação e Saúde que se ocupa do processo de aprendizagem considerando o sujeito, a família, a escola, a sociedade e o contexto sócio-histórico, utilizando procedimentos próprios, fundamentados em diferentes referenciais teóricos. Parágrafo 1º A intervenção psicopedagógica é sempre da ordem do conhecimento, relacionada com a aprendizagem, considerando o caráter indissociável entre os processos de aprendizagem e as suas dificuldades. Parágrafo 2º A intervenção psicopedagógica na Educação e na Saúde se dá em diferentes âmbitos da aprendizagem, considerando o caráter indissociável entre o institucional e o clínico. Artigo 2° A Psicopedagogia é de natureza inter e transdisciplinar, utiliza métodos, instrumentos e recursos próprios para compreensão do processo de http://www.abpppara.com.br/wp-content/uploads/2012/03/C%C3%B3digo-de-%C3%89tica-%C3%BAltima-revis%C3%A3o-Simp%C3%B3sio.pdf 33 aprendizagem, cabíveis na intervenção. Artigo 3º A atividade psicopedagógica tem como objetivos: a) promover a aprendizagem, contribuindo para os processos de inclusão escolar e social; b) compreender e propor ações frente às dificuldades de aprendizagem; c) realizar pesquisas científicas no campo da Psicopedagogia; d) mediar conflitos relacionados aos processos de aprendizagem. Artigo 4º O psicopedagogo deve, com autoridades competentes, refletir e elaborar a organização, a implantação e a execução de projetos de Educação e Saúde no que concerne às questões psicopedagógicas. CAPÍTULO II – DA FORMAÇÃO Artigo 5º A formação do psicopedagogo se dá em curso de graduação e/ou em curso de pós-graduação – especialização “lato sensu” em Psicopedagogia -, ministrados em estabelecimentos de ensino devidamente reconhecidos e autorizados por órgãos competentes, de acordo com a legislação em vigor. CAPÍTULO III – DO EXERCÍCIO DAS ATIVIDADES PSICOPEDAGÓGICAS Artigo 6º Estarão em condições de exercício da Psicopedagogia os profissionais graduados e/ou pós-graduados em Psicopedagogia – especialização “lato sensu” - e os profissionais com direitos adquiridos anteriormente à exigência de titulação acadêmica e reconhecidos pela ABPp. É indispensável ao psicopedagogo submeter-se à supervisão psicopedagógica e recomendável processo terapêutico pessoal. 34Parágrafo 1º O psicopedagogo, ao promover publicamente a divulgação de seus serviços, deverá fazê-lo de acordo com as normas do Estatuto da ABPp e os princípios deste Código de Ética. Parágrafo 2º Os honorários deverão ser tratados previamente entre o cliente ou seus responsáveis legais e o profissional, a fim de que: a) representem justa contribuição pelos serviços prestados, considerando condições socioeconômicas da região, natureza da assistência prestada e tempo despendido; b) assegurem a qualidade dos serviços prestados. Artigo 7º O psicopedagogo está obrigado a respeitar o sigilo profissional, protegendo a confidencialidade dos dados obtidos em decorrência do exercício de sua atividade e não revelando fatos que possam comprometer a intimidade das pessoas, grupos e instituições sob seu atendimento. Parágrafo 1º Não se entende como quebra de sigilo informar sobre o cliente a especialistas e/ou instituições, comprometidos com o atendido e/ou com o atendimento. Parágrafo 2º O psicopedagogo não revelará como testemunha, fatos de que tenha conhecimento no exercício de seu trabalho, a menos que seja intimado a depor perante autoridade judicial. Artigo 8º Os resultados de avaliações só serão fornecidos a terceiros interessados, mediante concordância do próprio avaliado ou de seu representante legal. 35 Artigo 9º Os prontuários psicopedagógicos são documentos sigilosos cujo acesso não será franqueado a pessoas estranhas ao caso. Artigo 10º O psicopedagogo procurará desenvolver e manter boas relações com os componentes de diferentes categorias profissionais, observando para esse fim, o seguinte: a) trabalhar nos estritos limites das atividades que lhe são reservadas; b) reconhecer os casos pertencentes aos demais campos de especialização, encaminhando-os a profissionais habilitados e qualificados para o atendimento. CAPÍTULO IV – DAS RESPONSABILIDADES Artigo 11º São deveres do psicopedagogo: a) manter-se atualizado quanto aos conhecimentos científicos e técnicos que tratem da aprendizagem humana; b) desenvolver e manter relações profissionais pautadas pelo respeito, pela atitude crítica e pela cooperação com outros profissionais; c) assumir as responsabilidades para as quais esteja preparado e nos parâmetros da competência psicopedagógica; d) colaborar com o progresso da Psicopedagogia; e) responsabilizar-se pelas intervenções feitas, fornecer definição clara do seu parecer ao cliente e/ou aos seus responsáveis por meio de documento pertinente; f) preservar a identidade do cliente nos relatos e discussões feitos a título de exemplos e estudos de casos; g) manter o respeito e a dignidade na relação profissional para a harmonia da classe e a manutenção do conceito público. 36 CAPÍTULO V – DOS INSTRUMENTOS Artigo 12º São instrumentos da Psicopedagogia aqueles que servem ao seu objeto de estudo – a aprendizagem. Sua escolha decorrerá de formação profissional e competência técnica, sendo vetado o uso de procedimentos, técnicas e recursos não reconhecidos como psicopedagógicos. CAPÍTULO VI – DAS PUBLICAÇÕES CIENTÍFICAS Artigo 13º Na publicação de trabalhos científicos deverão ser observadas as seguintes normas: a) as discordâncias ou críticas deverão ser dirigidas à matéria em discussão e não ao seu autor; b) em pesquisa ou trabalho em colaboração, deverá ser dada igual ênfase aos autores e seguir normas científicas vigentes de publicação. Em nenhum caso o psicopedagogo se valerá da posição hierárquica para fazer publicar, em seu nome exclusivo, trabalhos executados sob sua orientação; c) em todo trabalho científico devem ser indicadas as referências bibliográficas utilizadas, bem como esclarecidas as ideias, descobertas e as ilustrações extraídas de cada autor, de acordo com normas e técnicas científicas vigentes. CAPÍTULO VII – DA PUBLICIDADE PROFISSIONAL Artigo 14º Ao promover publicamente a divulgação de seus serviços, deverá fazê-lo com exatidão e honestidade. 37 CAPÍTULO VIII - DOS HONORÁRIOS Artigo 15º O psicopedagogo, ao fixar seus honorários, deverá considerar como parâmetros básicos as condições socioeconômicas da região, a natureza da assistência prestada e o tempo despendido. CAPÍTULO IX – DA OBSERVÂNCIA E CUMPRIMENTO DO CÓDIGO DE ÉTICA Artigo 16º Cabe ao psicopedagogo cumprir este Código de Ética. Parágrafo único Constitui infração ética: a) utilizar títulos acadêmicos e/ou de especialista que não possua; b) permitir que pessoas não habilitadas realizem práticas psicopedagógicas; c) fazer falsas declarações sobre quaisquer situações da prática psicopedagógica; d) encaminhar ou desviar, por qualquer meio, cliente para si; e) receber ou exigir remuneração, comissão ou vantagem por serviços psicopedagógicos que não tenha efetivamente realizado; f) assinar qualquer procedimento psicopedagógico realizado por terceiros, ou solicitar que outros profissionais assinem seus procedimentos. Artigo 17º Cabe ao Conselho Nacional da ABPp zelar, orientar pela fiel observância dos princípios éticos da classe e advertir infrações se necessário. Artigo 18º O presente Código de Ética poderá ser alterado por proposta do Conselho Nacional da ABPp, devendo ser aprovado em Assembleia Geral. 38 CAPÍTULO X – DAS DISPOSIÇÕES GERAIS Artigo 19º O Código de Ética tem seu cumprimento recomendado pelos Conselhos Nacional e Estaduais da ABPp. O presente Código de Ética foi elaborado pelo Conselho Nacional da ABPp do biênio 1991/1992, reformulado pelo Conselho Nacional do biênio 1995/1996 , passa por nova reformulação feita pelas Comissões de Ética triênios 2008/2010 e 2011/2013, submetida para discussão e aprovado em Assembleia Geral em 05 de novembro de 2011. 39 7 REGULAMENTAÇÃO DA ATIVIDADE DE PSICOPEDAGOGIA Os cursos brasileiros têm atualmente as modalidades presencial, semipresencial e a distância. Desde 1997 tramita pelo congresso um novo capítulo da nossa Psicopedagogia está prestes a acontecer: está tramitando no Congresso Nacional, desde 1997, a nova Resolução que regulamentará a profissão. Veja o Projeto de Lei que defende essa regulamentação. Desde lá muita coisa aconteceu como o reconhecimento da profissão como parte das profissões da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) entre outros que serão tratados após vermos o projeto de lei que tramita e atualmente está segundo o site da câmara legislativa e do senado federal aguardando a apreciassão do senado, tendo o texto aprovado em 2010. Disponiveis em: https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/- /materia/96399 e https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=3 98499 para consulta. (Para consulta do texto inicial mais atualizado em tramite sugerimos ao leitor o acesso pelo link: https://legis.senado.leg.br/sdleg- getter/documento?dm=4378260&ts=1594031608979&disposition=inline Acessado em 11 de Março de 2021) (Para consulta do texto aprovado pela câmara dos deputados sugeresse ao leitor o acesso em: https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsession id=node05010type5zmw1gwjf0tp6n82s2113392.node0?codteor=748765&filena me=Tramitacao-PL+3512/2008 Acessado em 11 de Março de 2021) PROJETO DE LEI Nº 31, 2010. (Do Senhor Neilton Mulim) Dispõe sobre a regulamentação da profissão de Psicopedagogo com abertura para atuação nas especificidades tangentes à Qualidade da Humanização Hospitalar em Setores Infantis e à Preservação de Incapacidade Proteção à Independência de Idosos. https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/96399 https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/96399 https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=398499 https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=398499https://legis.senado.leg.br/sdleg-getter/documento?dm=4378260&ts=1594031608979&disposition=inline https://legis.senado.leg.br/sdleg-getter/documento?dm=4378260&ts=1594031608979&disposition=inline https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=node05010type5zmw1gwjf0tp6n82s2113392.node0?codteor=748765&filename=Tramitacao-PL+3512/2008 https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=node05010type5zmw1gwjf0tp6n82s2113392.node0?codteor=748765&filename=Tramitacao-PL+3512/2008 https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=node05010type5zmw1gwjf0tp6n82s2113392.node0?codteor=748765&filename=Tramitacao-PL+3512/2008 40 O Congresso Nacional decreta: Art. 1º É reconhecido em todo território nacional o exercício da atividade de Psicopedagogia, observadas as disposições da lei; Art. 2º Poderão exercer a atividade de Psicopedagogia no país: I. Os portadores de diploma em curso de graduação em Psicopedagogia expedido por escola ou instituições devidamente autorizadas ou credenciadas nos termos da legislação pertinente; II. Os portadores de diploma em Psicologia, Pedagogia ou licenciatura que tenham concluído curso de especialização em Psicopedagogia, com duração mínima de 600 horase carga horária de 80% na especialidade; III. Os portadores de diploma de curso superior que já venham exercendo ou tenham exercido, comprovadamente, atividades profissionais de psicopedagogia em entidade pública ou privada, até a data da publicação desta lei. IV. Art. 3º São atividades e atribuições dos profissionais da Psicopedagogia: V. Intervenção psicopedagógica, visando a solução dos problemas de aprendizagem, tendo por enfoque o indivíduo ou a instituição de ensino público ou privado ou outras instituições onde haja a sistematização do processo de aprendizagem na forma da lei; VI. Realização de diagnóstico e intervenção psicopedagógica, mediante a utilização de instrumentos e técnicas próprios de Psicopedagogia; VII. Utilização de métodos, técnicas e instrumentos psicopedagógicos desde que amparados pelos preceitos básicos da multidisciplinaridade da área, com vistas à neurociências, psicologia, pedagogia, fonoaudióloga, entre outros; VIII. Consultoria e assessoria psicopedagógicas, objetivando a identificação, a compreensão e a análise dos problemas no processo de aprendizagem; IX. Apoio psicopedagógico aos trabalhos educacionais realizados em espaços institucionais; X. Supervisão de profissionais em trabalhos teóricos e práticos de Psicopedagogia; 41 XI. Orientação, coordenação e supervisão de cursos de Psicopedagogia; XII. Direção de serviços de Psicopedagogia em estabelecimentos públicos ou privados. Art. 4º Agrega-se a Psicopedagogia institucional a responsabilidade concernente a Qualidade de Humanização em ambientes Hospitalares nos Setores Infantis, seguindo os preceitos: I. Valorização da compreensão harmônica entre familiares a cerca da importância dos aspectos afetivos e emocionais para recuperação e reestabelecimento da saúde física, psicológica e emocional do paciente; II. Entendimento da necessidade de assistência aos responsáveis e familiares para maior aceitação e facilitação do processo de assimilação e acomodação da realidade vivenciada. Art. 5º Constitui-se a possibilidade de atuação efetiva direcionada aos Idosos, sob o aspecto: I. Da Prevenção de Incapacidade Psíquicas, Cognitivas e Emocionais, que proteja e assegura a situação da motivação através de formação de hábitos, criação insight e pensamento reflexivo, preservando assim a possibilidade de maior independência e qualidade de vida aos idosos. Art. 6º Para o exercício da atividade de Psicopedagogia é obrigatória à inscrição do profissional junto ao órgão competente que deve por sua vez estar ligado ao Ministério da Educação. Parágrafo único – São requisitos para a inscrição: I. A satisfação das exigências de habilitação profissional previstas nesta lei; II. Ausência de impedimentos legais para o exercício de qualquer profissão; III. Inexistência de conduta desabonadora no âmbito educacional. Art. 7º São consideradas infrações disciplinares: I. Transgredir preceito de ética profissional; 42 II. Exercer a profissão quando impedido de fazê-la ou facilitar, por qualquer meio, o seu exercício aos não inscritos ou impedidos; III. Praticar, no exercício da atividade profissional, ato que a lei defina como crime; IV. Descumprir determinações dos órgãos competentes depois de regularmente notificado; V. Deixar de pagar, na data prevista, as contribuições e as taxas devidas ao órgão competente. Art. 8º As infrações disciplinares estão sujeitas à aplicação das seguintes penas de acordo com a gravidade do ocorrido: I. Advertência; II. Multa; III. Censura; IV. Suspensão do exercício profissional até trinta dias; V. Cassação do exercício profissional. Art. 9º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Além deste texto com as devidar revisões e alterações feitas na câmara dos deputados aprovadas disponível em: https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=no de05010type5zmw1gwjf0tp6n82s2113392.node0?codteor=748765&filename=T ramitacao-PL+3512/2008 Acessado em 11 de Março de 2021, gostaríamos de ressaltar um dos grandes marcos para a psicopedagogia, o reconhecimento como profissão na CBO. https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=node05010type5zmw1gwjf0tp6n82s2113392.node0?codteor=748765&filename=Tramitacao-PL+3512/2008 https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=node05010type5zmw1gwjf0tp6n82s2113392.node0?codteor=748765&filename=Tramitacao-PL+3512/2008 https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=node05010type5zmw1gwjf0tp6n82s2113392.node0?codteor=748765&filename=Tramitacao-PL+3512/2008 43 8 CLASSIFICAÇÃO BRASILEIRA DE OCUPAÇÕES (CBO) Segundo o ministério do trabalho a Classificação Brasileira de Ocupações - CBO, instituída por portaria ministerial nº. 397, de 9 de outubro de 2002, tem por finalidade a identificação das ocupações no mercado de trabalho, para fins classificatórios junto aos registros administrativos e domiciliares. Os efeitos de uniformização pretendida pela Classificação Brasileira de Ocupações são de ordem administrativa e não se estendem as relações de trabalho. Já a regulamentação da profissão, diferentemente da CBO é realizada por meio de lei, cuja apreciação é feita pelo Congresso Nacional, por meio de seus Deputados e Senadores, e levada à sanção do Presidente da República. Assim sendo o documento é um documento normalizador da nomeação de títulos e conteúdo das ocupações do mercado de trabalho brasileiro. Segundo a CBO a profissão de psicopedagogo passou a ser reconhecida como pertencente ao quadro de técnicos em educação fazendo parte da família / ocupação 2394-25 que pode ser encontrada no site: http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/home.jsf Acessado em 09 de Janeiro de 2021. Segundo a CBO os psicopedagogos tem como descrição sumária: Implementam, avaliam, coordenam e planejam o desenvolvimento de projetos pedagógicos/instrucionais nas modalidades de ensino presencial e/ou a distância; participam da elaboração, implementação e coordenação de projetos de recuperação de aprendizagem, aplicando metodologias e técnicas para facilitar o processo de ensino e aprendizagem. Atuam em cursos acadêmicos e/ou corporativos em todos os níveis de ensino para atender as necessidades dos alunos, acompanhando e avaliando os processos educacionais. Viabilizam o trabalho coletivo, criando e organizando mecanismos de participação em programas e projetos educacionais, facilitando o processo comunicativo entre a comunidade escolar e as associações a ela vinculadas. Atuam no contexto clínico, avaliandoas funções cognitivas, motoras e de interação social dos clientes e promovendo a reabilitação das funções prejudicadas dos mesmos. Além disso, é reconhecido a profissão como atuante como programadores, avaliadores e orientadores de ensino. http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/home.jsf 44 9 JUSTIFICAÇÃO Decorridos mais de uma década desde o início da busca pela regulamentação e reconhecimento da importância da Psicopedagogia como profissão, que assume a imprescindível tarefa de mediar o processo complexo de aquisição e estabelecimento de novos saberes, o assunto continua atual e digno de providências. Em referência ao autor da primeira proposta, o então Deputado Babosa Neto, trazemos o caráter emergencial da questão: “Assim, tendo em vista que a formação do Psicopedagogo em ocorrendo em caráter oficial nas Universidades com muita procura, e a grande quantidade de profissionais formados desde a década de sessenta, a regulamentação da profissão torna-se não só legítima, mas urgente”. Deputado Barbosa Neto, 1997. Durante todo esse longo tramitar a proposta vem recebendo emendas que apenas evidenciam seu pujante caráter. As relações humanas são constantes e o processo de aquisição e construção de novos saberes é unipresente e inevitável, daí a importância da extensão da proposta para todas as faixas etárias, já que esse processo é uma constante. Ressaltamos no aspecto clínico a assistência aos idosos vistos as patologias cada vez mais constantes em atualidade. Exercitar, estimular o raciocínio lógico com certeza motivará a produção de modificações nas estruturas cognitivas dos indivíduos expandindo e potencializando a aprendizagem, aumentando a eficiência mental e melhorando a qualidade do desempenho intelectual. Da mesma forma, a atuação institucional do profissional de Psicopedagogia trará uma resposta de fato considerável no processo de assimilação e desenvolvimento favorável em casos de internações de pacientes infantis por períodos prolongados. Manter a relação com o mundo exterior através do compartilhar conhecimentos contemporâneos, voltados para seus interesses com a participação dos entes mais próximos providenciará subsídios para aumento da autoestima, tirando a atenção demasiada antes dedicada somente à 45 enfermidade. A qualidade da Humanização em ambientes hospitalares é uma forma de contribuir para o desenvolvimento de defesas orgânicas essenciais para recuperação. Os atributos para realização de tais ações são preenchidos pelos profissionais de Psicopedagogia que trazem na essência de sua formação a multipluridade necessária para contribuir de forma decisiva no desenvolvimento da aprendizagem em suas diversas instâncias. Sala de Sessões, de 2010. NEILTON MULIM Deputado Federal Não menos importante do que a texto do Projeto de Lei é a justificativa que a deputada e professora Raquel Teixeira, autora e principal representante da luta pela regularização da profissão de Psicopedagogo, apresenta para que fique clara a importância da profissão do Psicopedagogo. Apesar do muito que se tem estudado e discutido sobre a educação brasileira, o fracasso escolar impõe-se de forma alarmante e persistente em nossas estatísticas mostrando que o sistema ampliou o número de vagas, mas não desenvolveu uma política que o tornasse eficiente na garantia do bom desempenho no processo de aprendizagem, possibilitando aos aprendizes o acesso à cidadania. A escola, que deveria ser local de promoção do desenvolvimento das potencialidades de todos os indivíduos, torna-se, para muitos, palco de fracassos ou de desenvolvimento insatisfatório e precário. Esse quadro exige uma urgente revisão do projeto educacional brasileiro, de modo a melhorar a qualidade do que se ensina e de como se ensina; do que se aprende e de como se aprende. Essa situação só poderá ser enfrentada se o processo de aprendizagem for analisado sob uma perspectiva que considere não só o contexto social em que esta prática se dá, mas simultaneamente com a visão global da pessoa que aprende e de suas dificuldades nesse processo. A resposta para tal desafio é a prática psicopedagógica exercida por um profissional especializado, o Psicopedagogo, cuja atuação visa não apenas a sanar problemas de aprendizagem, considerando as características multidisciplinares da pessoa que aprende, mas também busca melhorar seu desempenho e aumentar suas potencialidades de aprendizagem. Tendo adquirido conhecimentos multidisciplinares e manuseio de 46 instrumentos psicopedagógicos específicos que lhes permitem uma atuação eficaz junto aos alunos, os Psicopedagogos são, hoje, os profissionais que apresentam as melhores condições de atuar na melhoria da forma de aprendizagem e na resolução dos problemas decorrentes desse processo. Na relação com o aprendiz, o Psicopedagogo estabelece uma investigação cuidadosa, que permite levantar uma série de hipóteses indicadoras das estratégias capazes de criar a situação mais adequada para que a aprendizagem ocorra. Além de ter fundamental atuação na área educacional, os Psicopedagogos avançaram também na pesquisa cientifica, pois, a partir da eficiência constatada na prática clínica, estruturaram um corpo de conhecimentos psicopedagógicos abrindo, ao mesmo tempo, um vasto campo de investigação de fenômenos envolvidos no processo da aprendizagem. Assim, a Psicopedagogia conta, em todo o mundo, inclusive no Brasil, com um grande acervo de trabalhos científicos publicados em revistas, livros e boletins, bem como dissertações de mestrado e teses de doutorado, que já constituem um conjunto consistente de conhecimentos, no qual está embasada a atuação psicopedagógica. Dessa forma, justifica-se a necessidade de um novo profissional com formação psicopedagógica, a partir de um curso de especialização em nível de pós-graduação, capaz de desempenhar um papel especifico nas dificuldades do processo de aprendizagem com uma sólida fundamentação centrada no conhecimento científico, o qual deve ser trabalhado por um conjunto de disciplinas que possibilitem a compreensão dos problemas no processo de aprendizagem de forma global e não fragmentada, constituindo uma estrutura com programação inter-relacionada e com processo conjunto de avaliação. Assim, tendo em vista a quantidade de crianças e adolescentes que necessitam urgentemente de ajuda e a existência de profissionais que buscam, cada vez mais, a formação oferecida pelos cursos de Psicopedagogia em instituições e universidades brasileiras e desenvolvem uma pesquisa científica pujante, a regulamentação da profissão torna-se não só legitima, mas urgente. Ao ler o Projeto de Lei e a sua justificativa, fica claro que o Psicopedagogo 47 tem ocupado uma posição importantíssima no que tange à educação brasileira. É esperado que este profissional tenha profundo comprometimento e desempenhe muito bem suas funções: Sanar problemas de aprendizagem, Considerar sempre as características multidisciplinares da pessoa que aprende; Oferecer alternativas para melhorar o desempenho acadêmico; Compreender diferentes estilos de aprendizagem e, dessa forma, aumentar as potencialidades de aprendizagem. Oferecer alternativas para melhorar o desempenho acadêmico; Quando a deputada Raquel Teixeira menciona a produção acadêmica brasileira, ela se refere a diversos cursos que são oferecidos atualmente no Brasil, o que fortalece seus argumentos frente à regulamentação da profissão. Fontes (2006) reforça a ideia de que a Psicopedagogia vem escrevendo sua história criando outros cursos: de formação, de mestrado, de doutorado o que aumente significativamente o número de produções teóricas genuinamente brasileiras. Enquanto não regularizar a profissão de Psicopedagogo, este profissional é considerado componente da equipe de “Programadores,
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