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Unidade IV Metodologias do ensino da dança Fundamentos de Ritmo e Dança Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial ALESSANDRA VANESSA FERREIRA DOS SANTOS Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria BRUNO SILVA JULIARI LEANDRO AUGUSTO DE OLIVEIRA AUTORIA Bruno Silva Juliari Olá. Sou graduado em Educação Física pelas Faculdades Associadas de Ensino (UniFae), pós-graduado em Docência do Ensino Superior pela faculdade Campos Elíseos e pós-graduando em Treinamento Desportivo pela faculdade Campos Elíseos. Realizei os Cursos Complementares de Fisiologia do Treinamento Resistido, Fisiologia do Treinamento Desportivo e Nutrição para o Desporto. Sou apaixonado pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso, fui convidado pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz por poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! Leandro Augusto de Oliveira Olá. Sou bacharel em Educação Física pelo Centro Universitário de Araraquara (2011) e sou mestre (2015) e doutor (2020) em Ciências Fisiológicas pelo Programa Interinstitucional UFSCar/UNESP. Realizei Doutorado Sanduíche no Departamento de Farmacologia, Fisiologia e Neurociência da Universidade da Carolina do Sul (USC, Columbia, EUA), por meio da Bolsa Estágio e Pesquisa no Exterior (BEPE/FAPESP) em 2018. Atuo em estudos que envolvem os mecanismos neurais na função cardiovascular durante o repouso e estresse. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova competência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de apresentar um novo conceito; NOTA: quando necessárias observações ou complementações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamento do seu conhecimento; REFLITA: se houver a necessidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido; ACESSE: se for preciso acessar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso fazer um resumo acumulativo das últimas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de autoaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando uma competência for concluída e questões forem explicadas; SUMÁRIO As concepções teórico-metodológicas da dança ........................ 10 Teorias e metodologias no ensino da dança ............................................................. 10 A importância da dança para as aulas de educação física ....... 21 A dança na Educação Física .................................................................................................. 21 O improviso como método de ensino da dança ........................... 32 A dança e o improviso ................................................................................................................32 Práticas em ambientes educativos e de lazer na educação básica ..............................................................................................................42 O lazer ....................................................................................................................................................42 A dança como lazer na escola ............................................................................................ 49 7 UNIDADE 04 Fundamentos de Ritmo e Dança 8 INTRODUÇÃO Nesta Unidade, vamos estudar as concepções teórico- metodológicas da dança, além da sua inclusão nas aulas de Educação Física, bem como sobre a inserção de passos improvisados como processo de ensino-aprendizagem. Por fim, vamos nos aprofundar nas práticas pedagógicas utilizadas para o ensino da dança. Assim, ao final dessa Unidade, você será capaz de compreender as concepções teórico- metodológicas da dança; discernir sobre a importância da dança para as aulas de Educação Física; entender a improvisação como processo de ensino-aprendizagem para a dança; e selecionar e identificar práticas pedagógicas em ambientes educativos e de lazer, nos diferentes níveis da Educação Básica. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva, você vai mergulhar neste universo! Fundamentos de Ritmo e Dança 9 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 4 – Metodologias do ensino da dança. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Compreender as concepções teórico-metodológicas da dança. 2. Discernir sobre a importância da dança para as aulas de Educação Física. 3. Entender a improvisação como processo de ensino-aprendizagem para a dança. 4. Selecionar e identificar práticas pedagógicas em ambientes educativos e de lazer, nos diferentes níveis da Educação Básica. Fundamentos de Ritmo e Dança 10 As concepções teórico-metodológicas da dança OBJETIVO: Neste capítulo, vamos compreender as concepções teórico-metodológicas da dança. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Vamos lá. Avante! Teorias e metodologias no ensino da dança Embora a maioria dos profissionais da área da Educação Física reconheça a dança como um conteúdo educacional que colabora para o desenvolvimento de maneira integral do indivíduo, docentes e pesquisadores ainda estão investigando a possibilidade de introduzir a dança nas escolas, desenvolvendo conceitos e estabelecendo estratégias metodológicas para ensinar essa modalidade (SOARES; SARAIVA, 1999). Figura 1 – Ensino da dança Fonte: Freepik . Compreendendo a dança como um movimento cultural histórico, esses professores e pesquisadores buscaram compreender quais as possibilidades de dança deveriam ser inseridas nos contextos educacionais, visto que sua construção se dá de forma dinâmica com a edificação de relações, além de buscar a participação de meninos e meninas que possam dar foco sobre temas culturais desportivos que venham a colaborar para sua respectiva autonomia, desenvolvendo, assim, sua expressão, sensibilidade, criatividade e aptidão física (SOARES; SARAIVA, 1999). Fundamentos de Ritmo e Dança 11 Logo, ainda segundo Soares e Saraiva (1999), a dança deverá colaborar para um autoconhecimento, de modo que o indivíduo venha a ter mais consciência das suas sensibilidades. Em seu conceito, expõe-se o termo “dança-experiência”, objetivando tornar a dança o conteúdo da cultura esportiva da escola, como corporificação do mundo sensível. IMPORTANTE: Por meio da dança e dos movimentos há condições de fazer uma exploração da subjetividade do ser humano, em outras palavras, conhecer e compreender o próprio mundo interior e incorporá-lo na construção do mundo exterior, experimentar a infinita abertura da dança à capacidade e intenção de movimento, reconhecendo que se é um corpo sensível e abrindo um canal de percepção e expressão de si mesmo, bem como um canal de comunicação com o mundo. Uma forma decisiva de os alunos desenvolverem essas habilidades é diversificar as possibilidades de ação, o que abre espaço para que os estudantes identifiquem suas expressões individuais e construam coletivamente expressões grupais, aprofundando seu potencial criativo e expressivo. Assim, a experiência da dança é apresentada em três momentos, sendo eles: percepção pelos sentidos, alcançando os sentimentos; construção, contemplando a elaboração de algo mediante a sensibilidade; e a experimentação, contemplando o conhecimento de si mesmo, bem como dos outros. Figura 2 – A dança na aula de Educação Física Fonte: Freepik .Fundamentos de Ritmo e Dança 12 Nas respectivas aulas da disciplina de Educação Física, os estudantes expressam suas emoções por meio do movimento, e a dança estética é um elemento importante do conteúdo e da temática dessas aulas. A estética na dança, além da forma graciosa, principalmente a sensibilidade, não é o movimento em si, mas o quão sensível ele é para quem o vivencia ou assiste. Nessa perspectiva, tanto professores quanto alunos devem abrir seus corações para uma experiência sensível, ou seja, a partir do sentimento (SOARES; SARAIVA, 1999). VOCÊ SABIA? A dança existe desde os primórdios do homem, quando as pessoas dançavam em todos os momentos solenes de sua existência, constituindo uma expressão cultural rítmica, impulsionada pelos mais diversos fatores, como religioso, fúnebre, comemorativo, entre outros. Assim, de acordo com Basso (2001), a dança nasce da necessidade do homem de vivenciar e expressar sua relação com a natureza com máxima intensidade física. Assim, a dança é, antes de mais nada, criar uma relação positiva entre o homem e a natureza, participando e dominando-a. Figura 3 – Dança como expressão Fonte: Freepik . Fundamentos de Ritmo e Dança 13 A dança é fruto da necessidade humana de expressão, considerada antes da linguagem, como um modo de vida no mundo que integra conhecimento, arte e religião, constituindo-se em elemento de educação e parte da vida das pessoas. No Brasil há uma riqueza de expressões rítmicas, como danças trazidas pelos africanos na época colonial, danças associadas aos mais diversos rituais, danças levadas com eles por imigrantes, danças aprendidas com vizinhos de fronteira, danças vistas na televisão, entre outros exemplos. Assim, a dança foi criada, fundida, transformada e multiplicada. Figura 4 – Dança africana Fonte: Commons Wikimedia. No que se refere à prática da dança nas escolas, uma das preocupações da Educação Física escolar é buscar desenvolver nas crianças a motivação e os hábitos de atividade física como manutenção da saúde ao longo da vida, aquisição e conscientização de hábitos saudáveis e integração social (BASSO, 2001). Logo, o aluno deve entender o motivo pelo qual ele está fazendo exercício físico e ficar feliz com isso. Nesse processo motivacional, professores e pais têm a grande responsabilidade de orientar e instruir as Fundamentos de Ritmo e Dança 14 crianças em atividades condizentes com sua faixa etária e possibilidades, para que exercícios ou exigências excessivas não acabem frustrando ou até mesmo prejudicando os indivíduos. Por meio da dança, os alunos serão capazes de compreender os atributos dos movimentos expressivos, por exemplo, lento e rápido, pesado ou leve, fraco ou forte, fluência/interrupção, duração e intensidade, podendo analisá-los a partir desses referenciais, entendendo alguma execução e usar as habilidades do movimento, sendo capaz de improvisar, coreografar e, por fim, adotar uma atitude de apreciação e valorização dessas manifestações. Dessa maneira, pessoas que praticam dança ou qualquer outra atividade física têm maiores oportunidades de engajamento social e, geralmente, vivem mais. IMPORTANTE: A disponibilidade de espaço para lazer e atividades recreativas e físicas é uma necessidade básica e, portanto, um direito de cidadania. Os alunos podem entender que esportes e outras atividades físicas não devem ser prerrogativas de atletas ou daqueles que podem pagar por uma academia ou clube. Dar valor a essas atividades e afirmar que estão disponíveis para todos é uma posição que pode ser assumida a partir do conhecimento adquirido na aula de ginástica (BASSO, 2001). De acordo com Kunz et al. (2019), a partir da chamada “crise da Educação Física”, na década de 1980, a dança foi compreendida como uma das categorias que, juntamente com a Educação Física, a ginástica e o combate constituíram os blocos de conteúdo da disciplina. Tal classificação busca superar os paradigmas movimentistas e tecnocráticos que dominam o cenário esportivo brasileiro. Logo em seguida, houve a publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais – Educação Física (PCN), reforçando o foco na diversidade de conteúdos. Fundamentos de Ritmo e Dança 15 O processo epistemológico de recuperação de conteúdos de dança nas aulas de Educação Física a partir de abordagens teóricas após 1980, sugere uma necessidade cada vez maior de ampliar as pesquisas relacionadas aos espaços e contextos educacionais para gerar novos conhecimentos, que ainda são poucos discutidos. Na prática cotidiana, no entanto, essa gama de tópicos entra em conflito com questões de formação profissional, tradição e consenso de que o esporte deve ser parte integrante do currículo. Muitas vezes, os professores de Educação Física formados acham que não dominam a linguagem da dança e, por isso, não a utilizam como estratégia nas aulas que ministram. Figura 5 – Professores de Educação Física Fonte: Freepik. Assim, é preciso construir novamente as possibilidades e espaços de trabalho da dança na escola, superando a representação como sinônima das coreografias em eventos de escola, para, assim, ser um elemento com presença nas aulas, estando inserida no currículo da Educação Física escolar (KUNZ et al., 2019). Fundamentos de Ritmo e Dança 16 IMPORTANTE: Segundo Cruz e Medeiros (2020), a dança também é usada para registrar eventos, que são representados por fatos constantemente atualizados. A dança é uma obra temporal, ou seja, nasce, desenvolve-se e morre no momento da sua execução, mas há sempre um substituto para o facto anterior. Constatou-se que a dança sempre esteve associada à vida social como expressão de diferentes culturas. Ao longo dos séculos, essa manifestação evoluiu de uma fusão entre fatos históricos, além de diferentes raças e classes sociais. A dança, portanto, parece ser um feito coletivo, com cada participante envolvido com emoção, sentimento, ação e toda a comunidade. A dança é o processo de formação humana e, assim, a história da dança se entrelaça com a do ser humano, de modo que os movimentos básicos inerentes à existência humana são repensados e ressignificados. O papel da escola é ser agente de mudança social e, nesse sentido, entende-se que a principal função da escola é a socialização do conhecimento, historicamente produzido e consolidado em diversos conteúdos escolares. Figura 6 – Função social da escola Fonte: Pixabay . Fundamentos de Ritmo e Dança 17 Parte-se da ideia de que as relações sociais humanas ao longo da história interferiram diretamente no trabalho docente nas salas de aula, o que tem em vista a libertação das pessoas das disciplinas envolvidas no processo. A emancipação humana só é efetiva na construção de uma forma social em que o poder humano possa dominar livre e conscientemente as objetivações produzidas pela sociedade para servir a todos e proporcionar a cada um o desenvolvimento multilateral da individualidade (CRUZ; MEDEIROS, 2020). Portanto, é estratégico situar a dança no contexto da escola, estabelecendo um referencial teórico-metodológico para sua prática docente a fim de atingir os objetivos da escola. Essa abordagem deve tratar o aluno como um agente social que contempla e modifica a realidade em que vive. Em alguns aspectos metodológicos, relacionados à forma com que o currículo os trata, o conteúdo é selecionado de acordo com princípios como a contemporaneidade dos conteúdos, relevância social, concordância da possibilidade de cognição social dos alunos, simultaneidade de conteúdo como dados reais e combinação espiral de referência de pensamento e conhecimento provisórios. Essa compreensão dos princípios de seleção de conteúdo fundamenta a concretização dos currículos escolares, organizados no processo de construção de um programa político de ensino (CRUZ; MEDEIROS, 2020). Isso representauma intenção de intervir em uma determinada direção, refletindo sobre o comportamento das pessoas na realidade. Entende-se que a socialização do conhecimento não se dá apenas pela mera disseminação do conhecimento, mas também pela assimilação ativa dos alunos e a possibilidade de constante reavaliação crítica do que é estudado. Fundamentos de Ritmo e Dança 18 VOCÊ SABIA? A dança é apresentada na proposta da educação formal. Portanto, é importante deixar claro que, quando falamos de educação, nos referimos a um processo amplo e dinâmico que existe na vida humana, não apenas nas escolas. A educação é a transmissão ativa das aquisições culturais para as novas gerações. Todavia, a opção pela instituição escolar justifica-se por ela ser, entre os ambientes formais de ensino, o local privilegiado no qual o ensino acontece de forma sistemática e intencional na sociedade capitalista. Dessa forma, a escola é nosso campo de análise, pois o conhecimento do mais sistemático e desenvolvido permite o entendimento do menos sistemático, do menos evoluído. Segundo Basso (2001), o estímulo e o aconselhamento do professor são fundamentais, devendo ser compreendidos pelos alunos, mas, ao mesmo tempo, dinâmicos e felizes, desenvolvendo a dança escolar e os acadêmicos, uma vez que na dança escolar, o professor deve ter uma postura de pesquisador, devendo estar atento, receptivo e flexível. Ainda, Basso (2001) afirma que é necessário diálogo e escuta, de forma a trocar experiências que constroem o conhecimento da dança. A criatividade do professor é muito importante, visto ser constituída por diferentes formas de abordagem dos conteúdos, que se dão por meio de estímulos, meios e estratégias, com exemplos como experiência de movimento, exploração da imaginação e engenhosidade. Fundamentos de Ritmo e Dança 19 Figura 7 – Criatividade Fonte: Freepik . Logo, a performance livre e ativa proporciona imagens visuais e/ ou auditivas (pintura, literatura, poesia, pintura e outros estilos de dança), delineando o desenvolvimento composicional da coreografia e sua relação com o tipo de assunto (figurativo, abstrato etc.). Portanto, permitir a invenção por meio do engenho individual e/ ou grupal é essencial para a criatividade e o processo criativo, visto proporcionar uma exploração da estrutura fundamental da dança, necessária para o desenvolvimento da expressão estética por meio de um vocabulário formal. Fundamentos de Ritmo e Dança 20 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido os aspectos teóricos e metodológicos da dança, abordando, principalmente, seu aspecto educacional. Assim, foi abordado sobre a inclusão da dança nas escolas, em que a maior parte dos colaboradores da área da Educação Física reconhecem a dança como um conteúdo educacional que contribui para o desenvolvimento integral do ser humano. Além disso, estudados sobre as opiniões dos profissionais de Educação Física, que, em muitas situações, não utilizam a dança nas aulas que ministram, por não achar que há uma formação suficiente para tal. Logo, é preciso construir possibilidades e espaços de trabalho da dança na escola, superando a representação como sinônima das coreografias em eventos de escola, para, assim, ser um elemento com presença nas aulas, estando inserida no currículo da Educação Física escolar. Fundamentos de Ritmo e Dança 21 A importância da dança para as aulas de educação física OBJETIVO: Neste capítulo, vamos discernir sobre a importância da dança para as aulas de Educação Física. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Vamos lá. Avante! A dança na Educação Física De acordo com Dias e Oliveira (2017), a dança está presente desde a era das cavernas, tendo muitos significados como caça, colheita, alegria, tristeza, exorcismo, cerimônia de casamento, sacrifício aos deuses, natureza, entre outros. Assim, a dança é a primeira arte a vivenciar o nascimento. A dança, sendo uma maneira de se expressar e um formato de transformação da existência do mundo, evoluiu com o homem, e o relacionamento do ser humano com o mundo nos diferentes modos de vida tem se revelado ao longo da história. Logo, a dança vivencia muitas manifestações como magia, rituais, expressões populares, e até mesmo na alegria e diversão, sendo uma manifestação da experiência humana, influenciando o que o mundo lhe apresenta (DIAS; OLIVEIRA, 2017). Figura 8 – Dança ritualística Fonte: Freepik. Fundamentos de Ritmo e Dança 22 A dança é apresentada como um grande desafio para os professores de Educação Física escolar, devido às dificuldades encontradas como o preconceito de pais e alunos, a influência da mídia que determina determinados ritmos, o desconhecimento que os professores têm sobre o assunto e as opiniões de alguns profissionais sobre o assunto, além da falta de interesse em trabalhar em conjunto. Logo, isso dificulta a compreensão de seus benefícios e seu importante papel no ambiente escolar (ARAÚJO, 2015). Ainda segundo Araújo (2015), este tópico começou como um estudo acadêmico, ao perceber a exclusão da dança do conteúdo escolar e vê-la utilizada apenas em aniversários, Carnaval, dia do Índio, dia dos pais, dia das mães, entre outras datas comemorativas, ou como atividade extracurricular. Desde que foi incorporada ao PCN em 1997, a dança é conhecida por ajudar na socialização, no equilíbrio, na coordenação motora, na flexibilização, no raciocínio, na autoestima, entre outros fatores, dependendo do tipo da abordagem na qual é empregada (ARAÚJO, 2015). Figura 9 – Dança no ambiente escolar Fonte: Freepik. Fundamentos de Ritmo e Dança 23 VOCÊ SABIA? Os profissionais de Educação Física devem conscientizar pais, alunos e diretores sobre a importância do uso dessa arte no ambiente escolar, pois proporciona aos alunos experiências diversas por meio de situações em que criam, inventam, descobrem novos movimentos e compreendem o próprio corpo. Então, é necessário indagar questões como: por que há tanta resistência para os professores trabalharem essa modalidade nas escolas? A dança como conteúdo da Educação Física trata-se de um complemento, e os professores encontrarão mais subsídios da dança sendo uma linguagem artística. Por meio da dança com ritmo ilimitado no Brasil, os alunos poderão compreender diferentes movimentos expressivos, além de conhecer as habilidades de execução dos movimentos, além de aprender improvisação e coreografia e, acima de tudo, começar a apreciar e também dar valor a distintas formas de expressão (LISBOA, 2012). Figura 10 – Danças brasileiras (Carnaval) Fonte: Freepik. Ainda segundo Lisboa (2012), o conteúdo dos esportes, incluindo a dança, é projetado para a melhora do comportamento e do desenvolvimento físico e mental. Portanto, pode-se dizer que o esporte está inserido nas escolas como um campo de conhecimento cada vez Fundamentos de Ritmo e Dança 24 mais rico e diversificado, fazendo com que a dança seja reconhecida como um conteúdo importante no desenvolvimento de crianças e adolescentes, bem como no conteúdo dos esportes. Figura 11 – Dança nos esportes Fonte: Pixabay. Como forma de cultura física, a dança deve ser o conteúdo da Educação Física escolar, pois, embora seja algo que deve ser aprendido nas aulas de Educação Física, é ignorado pela maior parte dos professores e limitado aos festivais escolares. Logo, a dança é um método de ensino que permite diversas maneiras de expressão, no qual as crianças sabem que a dança está relacionada à música e, geralmente, elas gostam de dançar. É por isso que a dança precisa ser integrada às aulas de Educação Física desde as séries iniciais, porque é uma maneira divertida de as crianças lidaremcom seus corpos e uma cultura corporal lúdica que ensina e aprende ao longo do tempo LISBOA (2012). Fundamentos de Ritmo e Dança 25 IMPORTANTE: Na década de 1920, a dança orientada ao esporte surgiu no Brasil, começando com a forma mais básica de ginástica. 20 anos depois, passou a compor o conteúdo de formação dos docentes da Educação Física e, em 1980, foi reeditada como parte dos programas de licenciatura e bacharelado em resposta à necessidade dos docentes dessa área continuarem desenvolvendo seus conhecimentos e saberes relacionados às técnicas de dança e suas distintas manifestações. Assim, pode-se indagar questões como: o que se quer alcançar dançando na escola? Essa resposta significa que a dança pode ser utilizada como ferramenta para facilitar as interações internas e interpessoais entre os alunos, ao mesmo tempo em que melhora a saúde e a qualidade de vida destes. Há diversos motivos que demonstram a importância e viabilidade do ensino da dança nas escolas, como: proporcionar o autoconhecimento; incentivar a vivência material nas escolas; permitir aos alunos uma relação estética com o outro e o mundo; estimular a expressão pessoal; encorajar o diálogo físico e a comunicação; e incitar a sensibilização das pessoas, ajudando-as a receber uma educação estética, promovendo uma relação mais equilibrada e harmoniosa com o mundo, desenvolvendo, assim, a valorização e a realização da dança (ABREU, 2017). IMPORTANTE: A dança como uma proposta educacional pode e deverá oferecer aos professores diferentes possibilidades para atingir os objetivos estabelecidos em seus respectivos planos de aula. No entanto, para isso, as atividades propostas deverão proporcionar aos alunos a possibilidade de desenvolver habilidades para criar e realizar ações que expressem seus sentimentos e pensamentos. Com isso, eles poderão criar movimentos sobre temas relacionados ao cotidiano, principalmente às rotinas escolares (ABREU, 2017). Fundamentos de Ritmo e Dança 26 A dança acompanha o processo contínuo de mudanças históricas da civilização, sendo uma espécie de herança cultural que foi transmitida, não limitada à repetição de maneiras acadêmicas e tradicionais, ousando e explorando padrões, contatos e movimentos, o que possibilitou a esse modo de expressão não verbal, cultural, corporal e artístico a não estagnação, se transformando segundo as necessidades e ideias em cada lugar e tempo, inserindo novas técnicas, ritmos, possibilidades, visuais e expressões, bem como linguagens variadas. A importância e o significado do esporte implicam uma reflexão sobre seu paradigma, pois vivemos em uma sociedade dinâmica, e entende-se que este campo deve incluir os diversos saberes do corpo que são produzidos e utilizados pela sociedade. A Educação Física é desenvolvida de forma consciente, respeitando as diferenças, ou seja, a individualidade de cada indivíduo, em vez de ser dicotômica, não separando o corpo do espírito, entendendo que ambos trabalham de forma holística (BERNARDINO et al., 2010). Assim, a prática de Educação Física em sua completude equilibra o processo educativo e agrega todas as formas de dança como opção no campo, destacando-a como uma das atividades mais completas. Figura 12 – Dança nas aulas de Educação Física Fonte: Freepik. Fundamentos de Ritmo e Dança 27 Portanto, pensar em uma escola libertadora é refletir em um local não só de escuta, mas um espaço permanente de expressão, construção e criação, procurando interagir por meio da linguagem corporal a prática da Educação Física com os diferentes saberes que a dança traz (BERNARDINO et al., 2010). IMPORTANTE: Nas escolas, essas diferentes linguagens podem e devem ser utilizadas na Educação Física. Os PCNs , introduzem o bloco de conteúdo “Ritmo e Atividade Expressiva”, compreendido como uma manifestação da cultura do corpo, com características comuns para fins de comunicação e expressão, que vão desde gestos e presença de voz, até estímulos como identificadores de movimentos físicos, ou seja, canto ou jogos de dança. O PCN também confirma que há muitas expressões rítmicas e expressivas no Brasil, por exemplo, xaxado, baião, xote, maracatu, afoxé, frevo, catira, bumba meu boi, entre outras manifestações (ABREU, 2017). Figura 13 – Xaxado Fonte: Wikimedia Commons. Fundamentos de Ritmo e Dança 28 Ainda de acordo com Abreu (2017), a combinação de dança escolar e Educação Física realiza uma função essencial na evolução de forma integral dos estudantes. A inclusão e persistência da dança na Educação Física escolar e sua prática efetiva como processo educativo facilita o desenvolvimento físico adequado, a educação do ritmo, a expressão não verbal, bem como a evolução do ser humano e a formação global dos estudantes, além de contribuir para o desenvolvimento social, expressivo e o desenvolvimento emocional e cognitivo. IMPORTANTE: De acordo com Souza (2013), a dança faz parte da construção da cultura humana, por isso, hoje, constitui tema dos exercícios físicos, entendido como o conteúdo do esporte escolar. Nesse sentido, tem um elemento que pertence à cultura corporal como continuidade. Portanto, o esporte, assim como outros campos da Educação, é muito importante, tendo em vista que desenvolve as competências e habilidades do indivíduo, sempre tendo um papel secundário na Educação. O professor de Educação Física tem um papel preponderante no processo de ensino, pois cabe a ele auxiliar os alunos. No entanto, o educador deve estar atento ao tipo de ajuda prestada, ele tem conhecimentos específicos para realizar a ensino do diálogo, de acordo com a situação escolar. VOCÊ SABIA? A partir desses conteúdos, pode-se expressar a dança como a expressão física de cada pessoa. As danças da área escolar, muitas vezes, não têm credibilidade, sendo usadas apenas para festivais e apresentações de pais. As crianças que praticam dança são capazes de adquirir mais autoconhecimento sobre seus corpos, além de ter uma visão e entendimento sensível e crítico do mundo em que vivem. De acordo com Souza (2013), a dança ajuda a desenvolver habilidades físicas como coordenação, equilíbrio, ritmo, pressão, postura Fundamentos de Ritmo e Dança 29 e socialização, além de possibilitar que os alunos explorem o espaço e manipulem os gestos e seus movimentos, promovendo a integração dos participantes, bem como o respeito, a diversidade e a convivência. A dança é realizada por meio da expressão física, o que exige que os praticantes experimentem, por meio da criatividade, emoção e outras formas de expressão. Dessa forma, é defendida que a dança pode fazer parte do currículo escolar e contribuir para o desenvolvimento e progresso humano (SOUZA, 2013). Segundo Lima (2016), é perceptível que a dança na área da Educação Física escolar colabora para a formação de indivíduos autônomos, que reconhecem suas diversas habilidades, tendo a capacidade e a responsabilidade de assumir o destino e as responsabilidades das crianças disciplinadas. Assim, movimentos e expressões específicas vêm de cada indivíduo, pois esta dança para revelar seus traços mais íntimos. Por meio do movimento físico, pode-se aprender a conectar nosso “eu interior” com o mundo exterior, perceber estímulos externos que nos fazem responder e projetar nossos impulsos internos. Ainda de acordo com Lima (2016), a dança auxilia a evolução da criatividade nas crianças. A atitude criativa inerente à evolução humana deve ser estimulada, pois desempenha um papel importante na transformação da personalidade. Portanto, fica claro que a falta de conhecimento de dança dos professores determina sua falta na aula de Educação Física. VOCÊ SABIA? A aplicação deste conhecimento de forma bem elaborada e criativa, a partir da primeira série do Ensino Fundamental, e não apenas esporadicamente, é essencial para a construção de uma educaçãoinovadora, como é possível ver na Educação Física escolar atual. Dessa forma, a dança não existe no esporte escolar porque carece de uma abordagem teórica e interdisciplinar do ensino. Entende-se que, na maior parte das situações, a dança está voltada apenas para a sua Fundamentos de Ritmo e Dança 30 reprodução isolada. Nesse sentido, faltam profissionais qualificados para buscar novos recursos didáticos e metodológicos para mudar a realidade da Educação Física (LIMA, 2016). A dança como uma experiência física permite que os alunos descubram sua linguagem corporal, expressando-se e comunicando-se em novas formas. Pode-se dizer que a dança, como processo educativo, não é apenas uma habilidade, mas pode ajudar a aprimorar habilidades básicas, padrões básicos de movimento, além de desenvolver a capacidade humana de conviver com o mundo. A dança tem que ser viva, sentida, vivenciada, e ainda é extremamente importante para o ser humano animar, movimentar e dar prazer, desmistificando-a para que possa ser nutrida e compartilhada. Assim, a dança em si é um exercício puramente emocional, no qual o aluno expressa seus sentimentos e sentimentos por meio da influência do movimento e do ritmo (DIAS; OLIVEIRA, 2017). A dança reconhece que os pares são organizados e que grupos equivalentes são formados. Com o ritmo das músicas e movimentação corporal, o desenvolvimento ocorre à medida que o indivíduo se orienta, avança, retorna, se aproxima, se movimenta e aprende a analogia da expansão da mente (DIAS; OLIVEIRA, 2017). Fundamentos de Ritmo e Dança 31 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido sobre a importância da inclusão da dança nas aulas de Educação Física, em que identifica-se que a combinação de dança escolar e Educação Física tem uma função essencial na evolução dos estudantes, e sua inclusão e persistência facilita o desenvolvimento físico adequado, a educação do ritmo, a expressão não verbal, o desenvolvimento humano e a formação global dos alunos, além de contribuir para o desenvolvimento social, expressivo, emocional e cognitivo. Logo, percebe-se que a dança na Educação Física escolar contribui para a formação de indivíduos autônomos, que reconhecem suas diversas habilidades, têm a capacidade e a responsabilidade de assumir o destino e as responsabilidades das crianças disciplinadas. Fundamentos de Ritmo e Dança 32 O improviso como método de ensino da dança OBJETIVO: Neste capítulo, vamos entender a improvisação como processo de ensino-aprendizagem para a dança. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Vamos lá. Avante! A dança e o improviso Na contemporaneidade, a dança improvisada configura-se como um campo infinitamente fértil de desenvolvimento, ensino e criação artística. Pode-se pensar na relação entre bailarinos e improvisação, abrangendo quatro contextos específicos, a saber: o improviso, sendo um processo de evolução poética e técnica do bailarino; a improvisação como procedimento de ensino para o ensino da dança; a improvisação como procedimento de trabalho coreográfico; e a improvisação como linguagem espetacular (ELIAS, 2015). Figura 14 – Dança improvisada Fonte: Freepik. Fundamentos de Ritmo e Dança 33 A dança de improvisação vem antes da nomeação ou mesmo invenção de qualquer etapa de codificação. Dizer que queremos improvisar na dança não é uma ruptura com esta ou aquela forma tradicional de dança, mas um reencontro com suas origens históricas (ELIAS, 2015). VOCÊ SABIA? A chamada “dança criativa” é uma variante da denominada “dança educativa”, que teve sua fundação no continente europeu no ano de 1926, por meio de Rudolf Laban. A proposta original de Laban era ir além da dança pela dança e, como tal, seu método tinha a intenção de tornar mais fácil o encontro holístico do ser humano com o corpo e, assim, a consciência da existência do corpo. O público recomendado por Laban são crianças e adultos. Em âmbito nacional, com o decorrer do tempo, o termo “dança educativa” ficou conhecido como “dança criativa”. Outra inovação dessa abordagem é a combinação de técnicas de composição e improvisação derivadas da dança moderna (NASCIMENTO, 2022). Figura 15 – Rudolf Laban Fonte: Wikimedia Commons . Fundamentos de Ritmo e Dança 34 Ainda de acordo com Nascimento (2022), na dança criativa, as tarefas de improvisação são projetadas para estimular as habilidades criativas dos alunos que se cristalizam a partir de sua própria linguagem corporal. O processo criativo é baseado em comandos verbais fornecidos pelo professor, que, de acordo com o tema central, encontra seus próprios movimentos que representam o conteúdo teórico da sala de aula por meio de sugestões de tarefas de dança. Dessa maneira, o estudante passa a ter o estímulo ao desenvolvimento de seu “eu criador” de forma espontânea e gradual. Esse processo é contínuo e cumulativo, pois a experiência anterior reforça e define a evolução do trabalho. IMPORTANTE: Nas aulas de dança criativa, crianças e adolescentes são treinados para imaginar e criar cenários reais do cotidiano. Ao mesmo tempo, enquanto os alunos improvisavam, constroem um banco de dados que poderia ser chamado de “eu-dança”. Essa forma de consciência do corpo dançante é construída e refinada no diálogo estabelecido entre a percepção e movimento. O corpo físico pode ser entendido como um conjunto de saberes corporificados a partir da experiência do corpo/eu no mundo. No caso da dança, a reflexão sobre o “eu dançante” ajuda a construir um corpo que pensa, ou seja, um corpo que se reconhece quando o movimento físico é exigido (NASCIMENTO, 2022). Fundamentos de Ritmo e Dança 35 Figura 16 – Corpo e dança Fonte: Freepik. Assim, são propostas quatro atitudes docentes: apreciação, criação, realização e improvisação. No que diz respeito à composição, que também pode ser entendida como coreografia, esta pode ser definida como toda a forma do corpo constituída pela bailarina durante a dança. Improvisação, nesse contexto, significa a liberação da imaginação. Tal comportamento significa descobrir as possibilidades do corpo, misturar impulsos e deixar- se enfeitiçar pela exteriorização das emoções e desejos (NÓBREGA, 2015). A improvisação, no que diz respeito ao campo específico do fazer artístico, é um elemento integrante do processo criativo e existe desde que a arte esteja intimamente relacionada às necessidades expressivas do indivíduo criativo. IMPORTANTE: A improvisação é, portanto, um ato espontâneo caracterizado pela prontidão do performer em trazer ao corpo movimentos cheios de informações no momento em que o movimento ocorre, por inspiração do aqui e do agora (NÓBREGA, 2015). Fundamentos de Ritmo e Dança 36 Logo, a improvisação, ao contrário da composição a partir de uma forma pré-desenhada, permite a origem de elementos da dança não apenas do corpo, mas do corpo do aluno, para que este tenha a possibilidade de se aproximar do seu próprio corpo. A coreógrafa, dançarina e diretora alemã Pina Bausch desenvolveu um exemplo de prática criativa de dança derivada do corpo em seu trabalho na Wuppertal Dance Theatre Company. O método de improvisação corresponde a uma estratégia de movimento cognitivamente consciente utilizada por profissionais de dança, coreógrafos, performers e professores para desenvolver respostas de movimento abertas, criativas e intuitivas (NASCIMENTO, 2022). Figura 17 – Pina Bausch Fonte: Wikimedia Commons. Segundo Alves (2012), como prática comum no ensino de dança menos formal, tentamos enfatizar as implicações pedagógicas da improvisação, como forma de incentivar os professores de dança a usar esse método de exploração do movimento, especialmenteaqueles que exigem respostas de movimento fechado. Ainda de acordo com Alves (2012), o uso da dança improvisada trouxe mudanças em sua prática, tanto na produção coreográfica quanto Fundamentos de Ritmo e Dança 37 no pensamento pós-ativo na apreciação de obras de arte, o que teve um claro impacto no ensino-aprendizagem da dança. Portanto, a dança de improvisação muda a prática da dança da seguinte forma: • Enriquece a coreografia com efeitos na performance. • Desloca o foco da dança como objeto de apreciação do espectador, por meio de sua aparência, para os movimentos que ocorrem entre os bailarinos durante a evolução do processo de trabalho. • Muda a escolha e o uso dos espaços de performance por meio do efeito da dança improvisada. • Induz uma mudança no pensamento das pessoas sobre a decisão de realizar satisfatoriamente. • Leva à dissipação do conceito de repertório no sentido tradicional. VOCÊ SABIA? A improvisação é a composição sem fronteiras linguísticas, sem manual, em que o improvisador aprende tocando, tocando para criar e vivenciar seu próprio programa, criando como improvisador em ação. Improvisar dançando é uma improvisação, mas não apenas um movimento inscrito no espaço e no tempo que pode ser visto, mas outro movimento, definido como “movimento total” (ELIAS, 2015). Segundo Elias (2015), o movimento que convoca o corpo inteiro, um corpo que não é apenas físico, mas, como sugere Espinosa, um conjunto de partes interligadas. As partes são invisíveis ou visíveis, perceptíveis ou materiais, porém todas igualmente existentes, compondo um plano de imanência em que esses corpos vão dançar com todas as possibilidades de improvisação, pensar e pensar de todo pensamento, movimento e inatividade, imaginação imaginária e inimaginável etc. Portanto, independentemente da faixa etária, as tarefas de improvisação permitem que os indivíduos desenvolvam seu próprio Fundamentos de Ritmo e Dança 38 vocabulário físico. Isso significa uma melhora nos hábitos de movimento criativo, que são importantes para o desenvolvimento de um estilo de dança individual (NASCIMENTO, 2022). Improvisações criadas durante as dinâmicas de dança também podem gerar novas ideias para coreografias. Outro fator a ser levado em consideração é na improvisação, na qual os alunos são estimulados a não se sentirem como um dançarino, mas como o próprio criador. Dessa forma, cada aluno contribui para o desempenho do grupo. Ainda de acordo com Nascimento (2022), a improvisação também permite que os dançarinos aprendam a se adaptar às circunstâncias, pessoas e situações inesperadas da vida. Outra característica da dança criativa é sua natureza conversacional. Isso significa que, enquanto dança, o aluno faz a interação não somente com seus amigos, mas também com diferentes informações sobre o mundo. Portanto, nos pontos em comum da dança, , os alunos ganham uma variedade de experiências integradas que decorrem da sobreposição de experiências atléticas com as culturas locais. IMPORTANTE: A relação existente entre cultura, corpo e movimento não se trata de uma categoria biológica ou sociológica, mas um elemento essencial do firmamento natural da existência individual (NASCIMENTO, 2022). Neste cenário, as atividades de improvisação servem como uma técnica que valoriza a criação de movimentos espontâneos que permitem que os alunos se expressem e liberem emoções. A improvisação é uma técnica que o professor utiliza para facilitar a aprendizagem do aluno, de maneira que ele encontre equilíbrio e segurança ao descobrir novas formas de movimento. Fundamentos de Ritmo e Dança 39 Figura 18 – O improviso Fonte: Wikimedia Commons . Dessa maneira, um aluno criativo é considerado um indivíduo que resolve uma tarefa de dança, encontra sua própria solução, sabe que não existe certo ou errado, bonito ou feio, apenas seus próprios movimentos. Vale destacar que o processo criativo da dança escolar, além do corpo, também é altamente sensual e imaginativo, o que é um atributo cognitivo (NASCIMENTO, 2022). VOCÊ SABIA? A improvisação contrasta fortemente com os métodos tradicionais de ensino, pois o centro do movimento não vem apenas do professor, mas prioriza, principalmente, a experiência, o movimento e a expressão que cada indivíduo traz enquanto dança. Assim, a improvisação ajuda a desconstruir modelos de movimento padronizados, aumentando o repertório de movimentações, orientando seus praticantes a criar, imaginar, construir e desconstruir movimentos simples do cotidiano, traduzindo-os em dança. Fundamentos de Ritmo e Dança 40 Além disso, atende às mais diversas formas de comunicação e expressão humana, que podem ser realizadas em todas as idades, na Educação, tanto de meninos quanto de meninas, respeitando a diversidade. Portanto, como método e conteúdo do ensino da dança nas escolas, a improvisação pode ser um meio viável e eficaz de inserir e implementar novas consciências da dança na Educação (LIMA, 2009). Ainda de acordo com Lima (2009), a improvisação permite ao indivíduo criar novas formas de movimento (na verdade, novas combinações), ou em outro espaço, com outro estímulo, resgatar seu próprio movimento e cotidiano, dando-lhes outra dimensão. Nesse sentido, a improvisação proporciona uma desadaptação do movimento entregue por meio de formas tradicionais de trabalho nas quais os indivíduos regulam o movimento. Assim, a improvisação, além de proporcionar uma ampliação do repertório atlético, pode também ampliar a consciência da vida, orientar suas diretrizes para além das necessidades da sociedade de consumo, proporcionar uma experiência que supere as limitações da experimentação padronizada etc. (LIMA, 2009). Fundamentos de Ritmo e Dança 41 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido sobre o improviso na dança, em que foi apresentado que a dança improvisada é configurada como um campo infinitamente fértil de desenvolvimento, ensino e criação artística. A improvisação é um ato espontâneo caracterizado pela prontidão do performer em trazer ao corpo movimentos cheios de informações no momento em que ocorrem, por inspiração do aqui e do agora. Logo, a improvisação, ao contrário da composição a partir de uma forma pré-desenhada, permite a origem de elementos da dança não apenas do corpo, mas do corpo do aluno, para que este tenha a possibilidade de se aproximar do seu próprio corpo. Estudamos, ainda, que, como método e conteúdo do ensino da dança nas escolas, a improvisação pode ser um meio viável e eficaz de inserir e implementar novas consciências da dança na Educação. Fundamentos de Ritmo e Dança 42 Práticas em ambientes educativos e de lazer na educação básica OBJETIVO: Neste capítulo, vamos selecionar e identificar práticas pedagógicas em ambientes educativos e de lazer, nos diferentes níveis da Educação Básica. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Vamos lá. Avante! O lazer O estudo do lazer permite a compreensão da integração social, uma vez que o lazer em sua pratica, geralmente envolve atividades coletivas e não individuais, sendo importante frente a uma sociedade repleta de traços de violência e desrespeito, quando muitos valores são subvertidos, e o sujeito vive cada vez mais sua individualidade e não mais se preocupa com a sociedade coletiva (SILVA; MARCONCIN, 2013). Figura 19 – O individualismo Fonte: Freepik . Fundamentos de Ritmo e Dança 43 De acordo com Silva e Marconcin (2013), a maior parte dos indivíduos esquece o que realmente significa lazer e se concentra apenas em eventos ditos “da moda” que, em uma sociedade marcada por inovações tecnológicas, impactam de maneira direta os hábitos de vidaexperenciados durante o tempo livre, ou seja, o tempo de folga. IMPORTANTE: O lazer é um conceito complexo que precisa ser definido no campo da Ciência. Para muitos autores, o lazer existe desde a Antiguidade, com brincadeiras e jogos. Outros autores, no entanto, dizem que o lazer é a consequência da sociedade pós-industrial da sociedade moderna, pois suas características permeiam conceitos e significados surgidos em um contexto binário com tempo de trabalho e lazer. Assim, este precisa ser compreendido como um momento para vivenciar os valores que contribuem para a mudança moral e cultural necessária para romper o tecido social atual. Como resultado das sociedades capitalistas, o lazer é, muitas vezes, visto como o consumo de atividades recreativas. Nesse sentido, as atividades culturais, educacionais e de lazer são cada vez menores. Dessa forma, diante de uma sociedade que é marcada por inovações nas tecnologias que não veem a cultura como alternativa de mudança e perspectivas educacionais, pesquisas sobre esse tornam-se necessárias. O lazer visto nos métodos educativos pode ser obtido em pequenas tarefas, sendo parte dos métodos de trabalho. Democratizá-lo é oportunizar sua inserção no meio social, explorar os espaços possíveis de sua vivência e discutir a função social e do poder público nessa democratização (SILVA; MARCONCIN, 2013). No Brasil, os principais escritos e conceitos sobre lazer são baseados nas implicações teóricas do sociólogo francês Joffre Dumazedier. Joffre Dumazedier conceitua o lazer como uma série de ocupações que um indivíduo é livre para exercer, seja descanso, recreação, entretenimento ou desenvolvimento. Sua informação ou treinamento Fundamentos de Ritmo e Dança 44 altruísta, sua participação social voluntária ou sua capacidade de criar livremente após ou livre de obrigações profissionais, familiares e sociais (CARVALHO, 2010). Coerente com Dumazedier, por exemplo, é o conceito de lazer, definido como qualquer atividade não profissional ou doméstica, uma série de atividades livres, prazerosas, voluntárias e libertadoras, caracterizadas por atividades culturais, físicas, intelectuais, artísticas e associativas, realizado no tempo livre roubado, ou no decorrer do trabalho profissional e doméstico (CARVALHO, 2010). VOCÊ SABIA? As pessoas procuram compreender o lazer a partir de uma perspectiva psicossocial, apresentando-o como tempo livre que os indivíduos utilizam em suas realizações pessoais como fins em si mesmos. Assim, o indivíduo é livre para se libertar da fadiga, descansar do tédio, desfrutar da especialização funcional e desenvolver conscientemente suas habilidades físicas e mentais. Portanto, uma questão importante sobre o lazer, hoje, é que a melhoria das condições de vida das pessoas é fundamental para pensar o desenvolvimento do lazer (CARVALHO, 2010). Segundo Corrêa (2019), uma das importâncias do lazer na Educação Física faz parte da compreensão do contexto de nossas relações sociais de produção, pois, ao contrário do trabalho, o lazer é entendido como tempo inútil ou perda de tempo que pode ser gasto. Como tal, a confusão sobre o lazer é comum e, muitas vezes, pensada em termos de uma face do tempo livre. Portanto, o conceito de tempo livre precisa ser considerado para cada época histórica nele habitada para não ficar fora de lugar. Na Grécia, por exemplo, o tempo livre era chamado de “skolé”, conceito que justificava a lógica social da escravidão na sociedade grega, com uma elite no topo de sua pirâmide social ávida por manter esse status. A tradição greco-romana só permitia aos escravos o trabalho manual, considerado incompatível com a dignidade da elite, e o trabalho que exigia reflexão, raciocínio, ou seja, trabalho intelectual, era aceitável (CORRÊA, 2019). Fundamentos de Ritmo e Dança 45 Desde a década de 1970, o lazer foi desvinculado das oportunidades de descanso e recreação, tornando-se um direito social de todos, promovendo a formação da moral pessoal, e o serviço social dos negócios, especializado na sociologia do lazer. Ao enfatizar descanso, diversão e desenvolvimento, Joffre Dumazedier descreve o lazer como uma terceira categoria de atividades fundamentalmente distintas das tarefas de trabalho e responsabilidades sociais. VOCÊ SABIA? Ao abordar essas questões, Dumazedier chama a atenção para a necessidade de mudar o senso comum que existe no lazer. O tempo livre vinculado à iniciativa pessoal é errado porque algumas horas de trabalho e outras tarefas não estão relacionadas a obrigações, mas acontecem no tempo livre quando, na verdade, não acontecem. Figura 20 – Tempo livre Fonte: Freepik. Assim, segundo Côrrea (2019), é preciso considerar que lazer e tempo livre não são a mesma coisa, e o aspecto educativo do lazer é vê- lo como um possível campo contra-hegemônico e, da mesma forma, ao tentar aproximá-lo, em uma visão educacional popular, a partir da ideia de Fundamentos de Ritmo e Dança 46 Paul F. Leary, esboçando uma pedagogia crítica do lazer como uma nova proposta. Assim, compreender a dimensão histórica do lazer possibilita vê- lo como uma prática livre para percebê-lo crítica e conscientemente, questioná-lo e buscar intervenções da educação do lazer e de grupos sociais para licerça-lo por meio da visão humana e do desenho de mundo. Portanto, o ensino do lazer estará na intersecção da teoria e da prática, procurando estabelecer um método concreto para incorporar um método na prática do ensino político, diagnosticar o reconhecimento dos grupos, vincular o lazer ao seu contexto e promover diálogo. Tudo isso é feito por agentes de lazer ou educadores que consigam maximizar o aspecto educativo da atividade, trabalhando pela emancipação das massas, ou seja, dos emancipados, por meio de uma relação pedagógica e hegemônica indissociável da teoria da luta pelo lazer (CORRÊA, 2019). De acordo com Silva e Marconcin (2013), embora o conceito de “instituição escolar” tenha mudado nas últimas décadas, ele permaneceu atrelado à produção e reprodução do trabalho cultural. Nesse sentido, porém, falta espaço de lazer. Essa falta não se limita a uma discussão sobre sua importância, mas a confunde com a falta de espaço, horários, pessoal, enfim, resume a visão da escola sobre o lazer como nada ou quase nada. Logo, a Educação Física oferece, portanto, uma oportunidade de reverter isso gradativamente, pois em seu conteúdo, permite maior foco nessas atividades, sua elaboração para uma sociedade que precisa salvar padrões culturais, sociais e morais (SILVA; MARCONCIN, 2013). Os PCNs apontam para a importância de educar o lazer, questionando e buscando melhores condições de vida. Portanto, esse tema deve ser explorado nas aulas de Educação Física para democratizar a experiência de lazer para todos (SILVA; MARCONCIN, 2013). Fundamentos de Ritmo e Dança 47 IMPORTANTE: Na realidade educacional existente, é importante destacar que a Educação Física tem a função de proporcionar a expansão cultural física do movimento humano e, assim, contribuir para a formação de sujeitos críticos e autônomos na sociedade. Se isso for analisado em escala de lazer, irá proporcionar uma análise de maneira crítica de políticas públicas da região, viabilizando as reivindicações e lutas desses direitos que são de todos (SILVA; MARCONCIN, 2013). Ainda de acordo com Silva e Marconcin (2013), o que se observa nas escolas, hoje, é a cultura pop que foi esquecida pelo tempo, festas, jogos, danças, enfim, esses momentos fazem da tarefa um espaço de educação divertido, haja vista que nessas práticas é possível salvar uma grande tradição. Dessa forma, a escola desempenha um papel importante na democratização do lazer, pois permite que o aluno se envolva mais, tornando-o um indivíduo autônomo e crítico. A Educação Física das escolas necessita pautar essas diretrizes e estar preparadapara cumprir uma de suas principais funções, a de adquirir expressões de cultura, formando, de maneira crítica, indivíduos que percebam a democratização do lazer. Em um mundo em que o “tempo é dinheiro”, onde as atividades diárias são rotineiras, desfrutar do lazer é uma conquista. Por isso é importante encontrar descontração, diversidade cultural, valorização e sentimento de pertencimento a diferentes lugares e espaços. O lazer é uma necessidade de brincar, uma prática cultural que pode ser vivenciada de diversas formas, levando em consideração os valores e interesses de cada sujeito e grupo (DORNELLAS; NEVES; REZENDE, 2022). Logo, é um fenômeno histórico, social e cultural indispensável no processo de formação do sujeito. Geralmente, está associado à recreação e ao esporte, mas precisa de atenção para não se tornar um problema, pois quando as atividades de lazer são limitadas, corre-se o risco de ignorar a relação entre lazer e educação e seu potencial como esporte. Fundamentos de Ritmo e Dança 48 VOCÊ SABIA? Segundo Dornellas, Neves e Rezende (2022), mesmo sabendo que o lazer é multidisciplinar, são muitas as possibilidades para os professores de Educação Física nesse sentido proporcionarem experiências de lazer em ambiente escolar. Isso ocorre porque lazer e esporte têm histórias coexistentes, não apenas devido à atividade física, mas também por conta de restrições históricas e culturais de longa data em ambos. Desse modo, ao analisar os conceitos de lazer, constatando que eles exigem uma série de conceitos e seus sucessivos significados, é uma área que requer muita pesquisa e reflexão, em que são relatadas quatro categorias principais, a saber: condições sociais, bem-estar físico, relaxamento e oposição ao trabalho. Esse tema é amplamente discutido na sociedade porque poucas pessoas têm esse direito. Na conjuntura social atual, ainda acaba prevalecendo a “nova” cultura, ou seja, a inovação tecnológica, que torna os jovens alienados e simples atividades são esquecidas, como a visita de amigos, passear nos finais de semana, visitar museus, assistir óperas e participar de grupos de dança. Enfim, as infinitas possibilidades, em sua maioria, são esquecidas (SILVA; MARCONCIN, 2013). VOCÊ SABIA? Assim, não existe um melhor local para que essa definição seja aprendida do que as escolas, sendo uma empresa capaz de mudar mentes, aproveitando momentos e reivindicando direitos. Portanto, o lazer tem um papel importante, pois pode ser feito no tempo livre, fora do tempo obrigatório, no qual as pessoas podem se expressar, sentir alegria, ser criativas para se divertir, descansar e se desenvolver. Isso pode agregar tópicos com desejos e necessidades semelhantes em um mesmo ambiente. Fundamentos de Ritmo e Dança 49 O lazer, nessa visão, é o resultado de uma condição social em que é necessário um bom emprego, boa educação, moradia e saúde. A questão perde o seu real significado porque o lazer deve ser livre, não dependendo de condição social ou econômica, é uma questão pessoal, cada um pode usufruir dele de maneiras diferentes, prática que pode ser feita de várias formas. Portanto, inclui atividades de descanso, recreação e prática pessoal e social (SILVA; MARCONCIN, 2013). A dança como lazer na escola Como forma de recreação nas escolas, a dança intervém ativamente no desenvolvimento físico, social, emocional, motor e cognitivo dos participantes, além de estimular a criatividade e, como produto final, muitos objetivos podem ser alcançados. Nesse contexto, questões relacionadas à qualidade de vida e saúde são, geralmente, discutidas na mídia, assim como grande número de preocupações atuais das pessoas e questões decorrentes de sintomas da vida moderna, como trabalho diário, estresse, sedentarismo, obesidade etc., portanto, recomenda-se que no ambiente escolar pratique a dança regularmente (SILVANO; SILVA, 2015). Figura 21 – Dança no contexto escolar Fonte: Freepik. Como atividade física regular, a dança pode ser uma importante ferramenta para a manutenção da saúde e, assim, melhorar a qualidade Fundamentos de Ritmo e Dança 50 de vida, pois proporciona um bom condicionamento físico, ajuda a desenvolver habilidades físicas, cognitivas e sociais, além de ser uma atividade muito prazerosa que irá incentivar até os mais sedentários. IMPORTANTE: Segundo Toneli (2007, p. 13), “a dança faz parte da natureza humana, pois é uma expressão instintiva que pode ser definida como a arte de movimentação corporal em um ritmo específico, expressando sentimentos e emoções por meio do movimento”. É uma atividade física regular, que pode ser uma importante ferramenta para a manutenção da saúde e, consequentemente, para a melhoria da qualidade de vida, pois proporciona boas condições físicas, auxilia no desenvolvimento de capacidades físicas, possibilitando uma ampla flexibilização e coordenação, além de benefícios psicológicos. Portanto, a dança é mais do que uma expressão de diversão e arte, torna-se uma poderosa aliada à saúde, sendo praticada como uma atividade física, de integração social ou lazer. IMPORTANTE: O objetivo da dança é utilizar um mecanismo de coordenação que respeite os estados emocionais, fisiológicos; desenvolva habilidades motoras; exercite a possibilidade de autoconhecimento; e alcance benefícios como: prevenir e combater situações de estresse, estimulando a oxigenação cerebral; melhorar a função das glândulas, o fortalecimento dos músculos e a proteção das articulações, proporcionando a consciência corporal; melhorar as habilidades motoras, a capacidade cognitiva, a memória, o foco e a concentração, proporcionando a cooperação e colaboração, como contato social, criatividade, melhora da autoestima e autoimagem e estímulo à recuperação cultural. Dessa maneira, são conhecidas as vantagens da dança como uma atividade física, sendo elas: flexibilidade, melhora das condições aeróbicas e da coordenação motora e perda de peso (GOBBO; CARVALHO, 2005). Fundamentos de Ritmo e Dança 51 Considerando que a dança é uma atividade que engloba três domínios da natureza humana (fisiológico, social e cognitivo), é uma importante ferramenta para a melhoria da qualidade de vida. Além de ser uma atividade física que contribui para a saúde, permite que os praticantes se compreendam melhor, proporcionem uma melhor consciência corporal e ajudem a aprender fatores como lidar com os erros de outros e também com os próprios, melhorando a integração e a comunicação. RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido sobre o lazer e a dança e sua integração no ambiente escolar. Logo, estudamos que a dança é uma forma de lazer que auxilia o indivíduo a melhorar suas habilidades físicas, sociais e cognitivas, além de contribuir com a flexibilidade e a coordenação, ajudando a quebrar estereótipos sociais. A prática também ajuda o aluno a entender melhor seu corpo, pois aumenta seu equilíbrio, flexibilidade e habilidades de comunicação. A atividade física regular melhora a saúde geral e permite que os indivíduos tenham uma vida com mais qualidade. Conhecendo diferentes tipos de exercícios e danças, as pessoas podem incorporá-los em sua rotina diária. Isso adiciona variedade à rotina, além de ajudar a prevenir muitas doenças. Os alunos, em particular, podem se beneficiar da incorporação desses exercícios em sua rotina, pois criam uma condição muito relaxada e agradável. Sendo assim, a dança cria uma linguagem própria, proporcionando autoconhecimento e consciência do mundo a quem pratica. Fundamentos de Ritmo e Dança 52 REFERÊNCIAS ABREU, R. 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Fundamentos de Ritmo e Dança As concepções teórico-metodológicas da dança Teorias e metodologias no ensino da dança A importância da dança para as aulas de educação física A dança na Educação Física O improviso como método de ensino da dança A dança e o improviso Práticas em ambientes educativos e de lazer na educação básica O lazer A dança como lazer na escola
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