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Estratégia na prática SST Guerra, Bruno da Silva; Oliveira, Leandro Zanqueti de. Estratégia na prática / Bruno da Silva Guerra; Leandro Zanqueti de Oliveira Ano: 2020 nº de p.: 10 Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados. Estratégia na prática 3 Apresentação Vamos aprender sobre o crescimento interno das organizações e quais estratégias utilizar para atingir esse crescimento, de acordo com o objetivo organizacional de cada empresa. Apontaremos a existência de alguns entraves para determinadas estratégias, o que inviabiliza sua utilização. Faremos uma abordagem sobre os termos fusão e aquisição, demonstrando a diferença de cada um. Vamos estudar ainda, em que momento as organizações identificam que uma aliança ou parceria é estrategicamente viável e propícia de acontecer. Crescimento Interno A estratégia de crescimento interno ocorre quando as empresas se desenvolvem a partir de seu ambiente interno, ou seja, usam seus próprios recursos ou adquirem os mesmos para crescer por meio da escala de operações, recursos (financeiros e não financeiros) e inserção no mercado. As empresas também podem crescer aumentando suas operações, o que acontece por meio da expansão do produto ou pela expansão do mercado. Essa estratégia se concentra em produtos e mercados que ainda não atingiram seu estágio de maturidade. O crescimento interno pode ser alcançado aumentando: • As vendas de produtos existentes no mesmo mercado por meio de maio- res esforços promocionais ou pela introdução de novos usos de produtos existentes, como objetivo de aumentar o market-share. Por exemplo, uma empresa de café pode vender o mesmo café de forma gelada para aumentar as vendas no verão; • As receitas por meio da introdução de novos produtos nos mercados exis- tentes. A adição de produtos similares aos produtos existentes promove o crescimento nos mercados. Por exemplo, as empresas que vendem choco- late também podem vender milk-shake para atingir resultados maiores de crescimento; 4 • As vendas de produtos existentes a novos clientes em novos mercados. As empresas reduzem o preço dos produtos para se aproximarem dos grupos de renda média e baixa em novos mercados. Isso significa vender produtos existentes em mercados até então inexplorados. É a chamada “estratégia de desenvolvimento de mercado”, naquala empresa está visando ao aumento das vendas ao entrarem novos mercados com os mesmos produtos. Por exemplo, as empresas móveis tiveram crescimento nos últimos anos ven- dendo telefones celulares com preços mais acessíveis nas áreas rurais. Em outra situação, empresas de cosméticos podem vender em diferentes merca- dos com diferentes preferências de consumidores e faixas de preços; e • As receitas adicionando novos serviços aos produtos existentes e modifi- cando-os para atender a novos segmentos de mercado. Alterações na cor, tamanho, forma ou características aumentam as vendas em mercados exis- tentes e novos. Dessa forma, é possível afirmar que a estratégia do crescimento interno pode ser muito eficiente, pois depende basicamente do posicionamento da empresa em relação ao mercado. Entretanto, essa estratégia pode ser barrada por algum movimento do concorrente ou alguma mudança de demanda provocada por um movimento não esperado, o que pode torná-la limitada. Como exemplo, podemos citar o início do Google para realização de pesquisas e forma de divulgação, a popularização do Uber para transporte, o uso do Facebook como forma de interação social, entre outros. Fusões e Aquisições A área da Gestão Estratégica que lida com a compra ou junção com outras empresas é chamada de “fusões e aquisições”. Em uma fusão, duas organizações unem forças para desenvolver um novo negócio, geralmente com um novo nome. Como as empresas envolvidas são tipicamente de tamanho e estatura semelhantes, o termo “fusão de iguais” às vezes é usado. Em uma aquisição, por outro lado, uma empresa adquire uma segunda empresa, geralmente menor, que pode ser absorvida pela organização maior ou executada como subsidiária. O princípio de fusões e aquisições, também conhecimento como M&A, do inglês Mergers and Aquisitions, atua quando duas empresas em conjunto são mais valiosas do que duas empresas separadas (pelo menos, esse é o raciocínio). 5 O princípio M&A é particularmente atraente para as empresas quando os tempos são difíceis. Empresas fortes atuarão para comprar outras, para, então, criar uma empresa mais competitiva e econômica e, teoricamente, tem-se mais valor para os acionistas. Enquanto isso, as empresas-alvo geralmente concordam em comprar quando sabem que não podem sobreviver sozinhas. Atenção Mas, antes de aprofundar mais sobre o princípio de fusões e aquisições, vamos conhecer um pouco sobre a definição econômica de fusão. Economicamente, a fusão é definida como a operação econômica destinada a integrar, em uma única empresa, todos os meios de produção disponíveis para a empresa ou as empresas. Dessa maneira, ela é a operação pela qual duas ou mais empresas combinam suas atividades e seus meios de produção dentro de uma delas ou em uma nova forma de treinamento moral. Cada empresa possui recursos materiais e pessoais de produção e o objetivo da fusão é reuni-los em uma única entidade econômica. Disso provém o efeito de agrupar, na mesma organização, as atividades que podem estar localizadas no mesmo nível de produção ou em estágios sucessivos no processo de produção dentro de duas ou mais empresas. Na definição legal, a fusão é um fenômeno contratual pelo qual, para uma pluralidade de sociedades, duas possíveis variantes são substituídas por “um único”, pela incorporação de uma nova sociedade em que duas ou mais empresas pré-existentes se juntam.Também pode ser definida como um acordo passado entre duas ou mais empresas que decidem unir seus ativos em um. Isso pressupõe a reunião de, pelo menos, duas sociedades pré-existentes, ou seja, que uma e outra se fundem para construir uma sociedade única, na qual uma delas absorve a outra. A incorporação implica a dissolução sem liquidação das empresas desaparecidas e a alteração do estatuto de parceiro das empresas beneficiárias. 6 Fusão e aquisição Fonte: Plataforma Deduca (2020). Retomando o termo M&A, entendemos que ele também se refere ao departamento (em instituições financeiras) que lida com fusões e aquisições, que, por sua vez, podem incluir várias transações diferentes, conforme apresentamos de forma detalhada aseguir. • Fusão: em uma fusão, os conselhos de administração de duas empresas aprovam a junção e solicitam a aprovação dos acionistas. Após a fusão, a empresa adquirida deixa de existir e faz parte da empresa adquirente. É, por exemplo, o que aconteceu com a Sadia e a Perdigão, que se tornaram BRFS/A. • Aquisição: em uma aquisição simples, a empresa adquirente obtém a parti- cipação maioritária na empresa adquirida, que não altera seu nome ou es- trutura legal. • Aquisição de ativos: na aquisição de ativos, é um conceito econômico e fi- nanceiro. Ao contrário da noção de aquisição de imóveis, a aquisição de ati- vos pressupõe que é possível adquirir os elementos que permitem à empresa atingir um volume de negócios. Há dois pontos importante que valem ser destacados. O primeiro é referente a ideia de que os termos fusão e aquisição significam coisas ligeiramente diferentes, embora sejam frequentemente usados indistintamente. O segundo refere-se, diante do que temos destacado, à sinergia entre fusões e aquisições, que é frequentemente citada como a força que permite melhor eficiência de custos do novo negócio e um motivo para justificar a transação. Essas são as operações horizontais, ou seja, entre empresas com a mesma atividade (ex.: dois bancos) ou 7 atividades relacionadas (ex.: um banco e uma companhia de seguros). Há também as operações verticais, ou seja, entre empresas que operam em diferentes níveis da cadeia no mesmo setorde atividade (ex.: uma companhia aérea e um operador turístico). Os dois tipos de operação podem levar a uma redução nos custos de produção. As fusões e aquisições horizontais são uma maneira rápida de alcançar economias de escala (mesma atividade) ou escala (atividades relacionadas). Na prática, a diminuição do custo é médio. Saiba mais É importante ressaltar que mudanças trazem questões delicadas à tona. No entendimento de Ghemawat (2007, p. 132-136), é importante mobilizar mudanças, forçá-las por meio de uma posição firme do comando da instituição, o que é comumente necessário no ambiente público devido à perda de interesse de seus participantes: Em alguns contextos, é mais natural discutir o inverso de lassidão, que poderia ser referido com eficiência organizacional[...]. Forçar alterações no topo pode, quase sempre, ser necessário para reverter problemas relacionados com a lassidão, mas tal atitude raramente é suficiente em si mesma. Pesquisa em gerenciamento de mudanças sugere uma série de táticas complementares que se referem a barreiras de inércia: criando insatisfação como status quo, comunicando uma visão influente do que pode ser realizado com a mudança e alterando pessoas e processos tanto quanto a estrutura organizacional. Dessa forma, é possível afirmar que o Gerenciamento da Mudança é essencial para o sucesso das operações de aquisições e fusões. Alianças ou Parcerias Estratégicas Uma parceria estratégica pode ser considerada como qualquer relacionamento com outra empresa ou indivíduo que possa ajudar a conseguir um resultado melhor. Isso pode ser um relacionamento com um fornecedor ou um cliente. Ou seja, trata-se de uma cordo de cooperação entre duas ou mais empresas independentes para 8 trabalhar em conjunto em direção a objetivos comuns. Ao contrário de uma joint venture, as empresas, em uma aliança estratégica, não formam uma nova entidade para promover seus objetivos, mas colaboram enquanto permanecem separadas e distintas. Não há necessariamente uma exigência de documentos formais, arranjos de comissão ou estrutura (embora possam ajudar). Então, como se pode fazer uma parceria estratégica? Não existe uma única resposta, pois todo parceiro potencial tem outra coisa que eles querem do negócio. As alianças estratégicas proporcionam uma vantagem a todas as partes da aliança, as quais podem ser dividida sem quatro grandes categorias: • Vantagens organizacionais: A empresa pode desejar formar uma aliança es- tratégica para aprender as habilidades necessárias e obter competências operacionais de seu parceiro estratégico. Os parceiros estratégicos também podem ajudá-la a melhorar sua capacidade produtiva, fornecer um sistema de distribuição ou ampliar sua cadeia de suprimentos. Seu parceiro estra- tégico pode, ainda, fornecer um bem ou serviço que complementa o que a empresa fornece, criando assim uma sinergia. Se aempresa é relativamente nova, ou não, se é experiente o suficiente em uma determinada indústria, ter um parceiro estratégico bastante conhecido e respeitado ajuda a agregar le- gitimidade ecredibilidade ao seu empreendimento. • Vantagem econômica: Você pode reduzir custos e riscos da operação com- partilhando os processos e as operações. A empresa também pode obter maiores economias de escala em uma aliança, pois o volume de produção pode aumentar, fazendo com que o custo por unidade diminua. • Vantagens estratégicas: Você pode se juntar com seus rivais para cooperar em vez de competir. Você também pode criar alianças para criar integração vertical, em que seus parceiros fazem parte de sua cadeia de suprimentos. As alianças estratégicas também podem ser úteis para criar uma vantagem competitiva pelo agrupamento de recursos e habilidades. Isso também pode ajudar com futuras oportunidades de negócios e desenvolvimento de novos produtos e tecnologias. Alianças estratégicas também podem ser usadas para obter acesso a novas tecnologias ou para buscar pesquisas e desenvol- vimento conjuntos. • Vantagens políticas: Às vezes, você precisa formar uma aliança estratégica com um negócio estrangeiro local para ganhar entrada em um mercado es- trangeiro, seja por preconceitos locais ou barreiras legais à entrada. A forma- ção de alianças estratégicas com parceiros politicamente influentes também pode ajudar a melhorar sua própria influência e posição. 9 Assim, concluímos que, para sobreviver nesse novo mercado, são necessários: entendimento sobre as estratégias disponíveis e um grande esforço para redirecionamento estratégico; bem como a existência de empresas que conseguem assimilar o movimento estratégico das demais empresas do contexto em que estão inseridas. No mais, a melhoria na operação pode ser maior à medida que há um processo frequente e claro de comunicação entre diferentes áreas da organização. Fechamento Aprendemos que a estratégia de crescimento interno, nas empresas, acontece em seu próprio ambiente interno, por meio de estratégias como a maximização das vendas de produtos existentes no mercado, ou ainda, aumentando as vendas de novos produtos em mercado já existentes, entre outras. Observamos que o uso de estratégias de crescimento interno pode apresentar resultado significativos para as empresas, porém, é preciso atentar para ameaças não previstas, como ações de empresas concorrentes ou ainda, variações na demanda, o que pode gerar o enfraquecimento da estratégia. Vimos que, em uma fusão, duas empresas tornam-se apenas uma e que, na aquisição, uma empresa de porte maior adquire uma de porte menor. Dessa forma, concluímos que a empresa deverá decidir entre fusão ou aquisição, levando em consideração o que agregar maior valor a organização. Estudamos, também, que a vantagem de uma aliança ou parceria estratégica tem que se estender a todos os envolvidos; e que ela é apresentada em quatro categorias, sendo Vantagens: Organizacionais, Econômicas, Estratégicas e Políticas. 10 Referências GHEMAWAT, P. A estratégia e o cenário dos negócios. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2007.