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AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DE VOLTA PARA O FUTURO: 
EXPERIÊNCIAS INOVADORAS 
EM EDUCAÇÃO AO REDOR DO 
MUNDO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Elayne Thays de Lara Sena 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
O cooperativismo é um assunto que permeia o meio social atualmente, 
visando agrupar pessoas que tenham interesses mútuos, sejam eles em âmbitos 
sociais, econômicos ou educacionais de caráter democrático, que presem pelos 
valores éticos morais dos sujeitos envolvidos no processo. 
Em um breve histórico, pode-se dizer que o cooperativismo se originou na 
Inglaterra em meados do século XVIII. Passa a existir numa ideia organizacional 
de vencer as dificuldades econômicas pelo surgimento do capitalismo; 
historicamente, se sabe que o cenário era de dificuldades para os trabalhadores, 
que se deparavam com uma jornada de trabalho excessiva e com baixa 
remuneração. Neste sentido, trabalhadores se associam na tentativa de buscar 
um meio para que, através de seus interesses comuns, pudessem transpor essa 
dificuldade vigente. Nasce então o cooperativismo, com um grupo determinado 
em formalizar uma ideia de beneficiamento mútuo, devidamente organizado, 
regido por normas e uma filosofia de atuação, que resultassem em beneficiamento 
coletivo e resultados compartilhados. 
Em 1895, foi fundada a Aliança Cooperativa Internacional (AIC), que 
representaria a classe, agregando 272 federações e confederações de 94 países, 
em sua entidade qualificada como entidade não-governamental. 
No Brasil, a consciência cooperativa aflorou no final do século XIX, no 
mesmo intuito de luta por melhorias nas condições trabalhistas em variados 
setores, estendendo-se ao meio rural, que contava com mão de obra imigrante 
que tinha uma noção da prática cooperativa de trabalho, exercendo assim 
influência cultural no Brasil. Apesar das dificuldades enfrentadas, por falta de 
conhecimento aprofundado no assunto, o cooperativismo ganha força e cresce, 
organizando-se quando da criação da Organização das Cooperativas Brasileiras 
(OCB), que surge para dar representatividade ao que era apenas uma ideia, e que 
assim passa a ser um sistema organizado de trabalho, pautado na ideia de 
equanimidade filosófica quanto a interesses políticos e religiosos. O Estado, por 
sua vez, tenta interferências na nova concepção, a fim de lhe cercear a autonomia 
de ação, tentativa que é invalidada com a Constituição de 1988, quando o 
cooperativismo assume de vez sua independência para gerir e administrar suas 
práticas. 
 
 
3 
Há de se destacar que um marco importante para o Brasil na questão do 
cooperativismo foi a eleição, à presidência da AIC, de Roberto Rodrigues, primeiro 
presidente não europeu a assumir o cargo. 
Na busca por organizar os cooperados, dando assistência formativa e 
social à classe, surge, em 1998, a Sescoop (Serviço Nacional de Aprendizagem 
do Cooperativismo), regulamentando e proporcionando o crescimento da prática 
no Brasil. Segundo informação do Sebrae (2017) podemos elencar alguns dos 
princípios pelos quais esta ação cooperativa é norteada: 
 Livre e aberta adesão dos sócios: As cooperativas são organizações 
voluntárias, abertas a todas as pessoas interessadas em utilizar seus 
serviços, e dispostas a aceitar as responsabilidades da sociedade, sem 
discriminação social, racial, política, religiosa e sexual (de gênero). 
 Gestão e controle democrático dos sócios: As cooperativas são 
organizações democráticas controladas por seus associados, que 
participam ativamente na fixação de suas políticas e nas tomadas de 
decisões. Homens e mulheres, quando assumem como representantes 
eleitos, respondem pela associação. Nas cooperativas de primeiro grau, os 
sócios têm direitos iguais de voto (um sócio, um voto). Cooperativas de 
outros graus são também organizadas de forma democrática. 
 Participação econômica do sócio: Os associados contribuem 
equitativamente e controlam democraticamente o capital de sua 
cooperativa. Ao menos parte desse capital é de propriedade comum da 
cooperativa. Os associados geralmente recebem benefícios limitados pelo 
capital subscrito, quando houver, como condição de associação. Os sócios 
destinam as sobras para algumas das seguintes finalidades: desenvolver 
sua cooperativa, possibilitando a formação de reservas, se ao menos parte 
delas forem indivisíveis; beneficiar os associados na proporção de suas 
transações com a cooperativa; sustentar outras atividades aprovadas pela 
sociedade. 
 Autonomia e independência: As cooperativas são autônomas, como 
organizações de autoajuda controladas por seus membros. Nas relações 
com outras organizações, inclusive governos, ou quando obtêm capital de 
fontes externas, o fazem de modo a garantir o controle democrático pelos 
seus associados, com autonomia da cooperativa. 
 
 
4 
 Educação, treinamento e informação: As cooperativas fornecem 
educação e treinamento aos seus sócios, aos representantes eleitos e aos 
administradores e empregados, para que eles possam contribuir 
efetivamente ao desenvolvimento de sua cooperativa. Eles informam ao 
público em geral, particularmente aos jovens e líderes de opinião, a 
natureza e os benefícios da cooperação. 
 Parceria entre as cooperativas: As cooperativas servem seus associados 
mais efetivamente e fortalecem o movimento cooperativista, trabalhando 
juntas por meio de estruturas locais, regionais, nacionais e internacionais. 
 Interesse pela comunidade: As cooperativas trabalham para o 
desenvolvimento sustentável de suas comunidades por meio de políticas 
aprovadas por seus associados. Dessa forma, as cooperativas caminham 
seguindo regras e diretrizes que norteiam todo o trabalho visionário em 
franca expansão. 
TEMA 1 – EDUCAÇÃO COOPERATIVA 
 Como apontamos anteriormente, a cooperação é um assunto que está 
presente nos meios sociais atuais. Tentar relacionar este tema com a educação 
pode parecer estranho à primeira vista, mas ao compreender seu significado, fica 
evidente a importância da introdução de suas práticas nos processos 
educacionais. Antes, porém, de aprofundar os questionamentos acerca do tema, 
vale resgatar o pano de fundo remoto da trajetória da educação. 
Rebuscando os primórdios a respeito do “educar”, percebe-se um cenário 
que envolvia um detentor absoluto do saber, que subjugava seus aprendizes a 
simples ouvintes, incapazes de manifestar opiniões ou anseios durante a aula. O 
tradicionalismo que reconhecia o suposto/imposto “respeito” pelo mestre acaba 
sendo um ambiente frio e hostil, pois a priori o professor dominava a sabedoria, 
subindo num pedestal de poder e supremacia. Talvez tal discurso pareça exagero, 
mas para os amantes da educação e os conhecedores da trajetória que ela vem 
cursando na humanidade, este panorama é claro. 
 Freire, em sua luta por uma educação libertadora, vislumbra em seus 
escritos uma educação remodelada, com um novo pano de fundo; ela passa por 
metamorfoses progressistas rumo à libertação do ser. O autor salienta o fato de o 
homem, desde os primórdios, viver acomodado à situação de opressão, sem 
sequer ter condições de sair da inatividade e passar pela transformação, na luta 
 
 
5 
pela sua libertação. A acomodação causa inércia, que por sua vez petrifica os 
ideais humanos de autoconhecimento. Concomitantemente a essa ideia, vale 
lembrar de Platão que, no Mito da caverna, ilustra essa situação tratando da 
passividade dos seres humanos e do possível medo do desconhecido. Com isso, 
percebe-se um panorama de alienação e consciência opressora. 
Nos dias atuais, este panorama só muda de roupagem; a opressão ainda 
existe, mas de forma mascarada, em um modo de vida baseado em modelos pré-
estabelecidos. A esse respeito, Zatti (2007, p. 51) afirma que hoje se vive uma 
vida massificada e instrumental, pautada em padrões inquestionados: 
A massificação é uma forma de heteronomia, pois fazcom que grandes 
multidões adotem valores e padrões que não se originam de si ou de sua 
cultura. Além desta tendência nociva de destruir a liberdade pública, o 
modelo vida instrumental solapa os focos locais de autogoverno, gera 
relações desiguais de poder que negam a igualdade. 
Neste sentido, a “razão humana que potencialmente é libertadora, 
promotora de autonomia, acaba sendo fonte de hetoronomia” (Zatti, 2007, p. 51). 
Enganado, o sujeito acredita que é livre para decidir, para se posicionar e para 
obter seu lugar na sociedade como ser social, mas por vezes não percebe que lhe 
falta se desvencilhar das amarras opressoras das convenções pré-estabelecidas. 
Freire (1987, p. 17) afirma: “querem ser, mas temem ser”. Nesta perspectiva, a 
libertação ocorre quando a consciência de julgo é instaurada e o ser sai do 
patamar de inferioridade a ele estabelecido, para compreender sua importância 
no meio social em que está inserido, reconhecendo-se como “homem” construtor 
de sua história e participante dela. 
1.1 A educação baseada na prática cooperativa 
 Numa perspectiva visionária, introduzir a prática cooperativa na educação 
é um intento contestador que visa quebrar paradigmas educacionais 
tradicionalistas, que ainda são os fantasmas do presente. Retomando o conceito 
de cooperação, Frantz (2001, p. 242) afirma: 
a cooperação como um processo social, embasado em relações 
associativas, na interação humana, pela qual um grupo de pessoas 
busca encontrar respostas e soluções para seus problemas comuns, 
realizar objetivos comuns, busca produzir resultados, através de 
empreendimentos coletivos com interesses comuns. 
 
 
 
6 
 Neste aspecto, percebe-se que essa prática tenciona agrupar pessoas de 
forma que seus questionamentos, decisões e ações possam ser geridos em grupo 
de uma fora plurilateral. Se valer desse processo na educação é no mínimo 
desafiador, quando vislumbramos uma atmosfera educacional em que os 
processos educacionais se utilizam das práticas cooperativas para chegar ao seu 
objetivo-alvo, que é o processo ensino aprendizagem. Entendendo essa ação 
como parte de um processo social ambíguo, podem-se produzir resultados 
surpreendentes, uma vez que a educação tende a proporcionar mudanças e 
desenvolvimento em seus educandos, e a prática cooperativa busca dinamizar 
mutuamente a ação de busca por resultados para problemas comuns. Frantz 
(2001, p. 243) afirma que “no processo da educação, podem-se identificar práticas 
cooperativas e, no processo da cooperação, podem-se identificar práticas 
educativas”. Assim sendo, é fácil perceber que a introdução da prática cooperativa 
no ambiente escolar pode trazer benefícios significativos, uma vez que as 
prioridades da cooperação estão baseadas na ação dialógica, na troca de 
informação, na comunicação, na partilha de interesses e objetivos comuns. A 
partilha de interesses converge aos fins objetivados, resultando numa troca 
salutar de saberes. 
Assim, no diálogo da cooperação, cumpre-se a educação, fundada no 
processo de construção e reconstrução dos diferentes saberes daqueles 
que participam da organização e das práticas cooperativas. Há, portanto, 
uma estreita relação entre esses dois fenômenos, entre essas duas 
práticas sociais: na prática cooperativa, para além de seus propósitos e 
interesses específicos, produz-se conhecimento, educação e 
aprendizagem; na prática educativa como processo complexo de 
relações humanas, encontra-se cooperação. (Frantz, p. 244) 
 A proposta da inserção da prática cooperativa no ambiente escolar é antes 
de tudo garantir meios de os educandos compreenderem os processos envolvidos 
nos relacionamentos humanos. Socializar os envolvidos é um grande desafio, por 
conta do universo individualista em que a sociedade está inserida e pela 
oportunidade de, através dos processos sociais e culturais, permitir aos 
educandos a possibilidade de reflexão e reconhecimento dos conflitos sociais 
antagônicos da atualidade. A ação pedagógica tem então a possibilidade de 
contribuir para a transformação social do indivíduo educando, oferecendo-lhe a 
possibilidade de interagir com os demais numa troca de saberes, contextualizando 
sua ação real, politizando os educandos e elevando-os ao nível de cidadãos 
sociais reflexivos. Sendo assim, a possibilidade de engajamento no aprendizado 
vem a despertar maior interesse no educando, uma vez que ele é parte 
 
 
7 
fundamental do processo, devendo agir como ser social consciente, capaz de se 
valer de sua capacidade cooperativa de desenvolvimento e da produção de seu 
próprio conhecimento. Frantz (2001, p. 246) afirma que “a riqueza das nações 
depende hoje da capacidade de pesquisa, de inovação, de aprendizado rápido e 
de cooperação ética de suas populações”. Este apontamento vem reforçar a ideia 
de que o ambiente escolar necessita se valer da prática cooperativa, uma vez que 
os seres humanos têm em seu âmago a necessidade de viver em sociedade e 
compartir seus anseios de vida em todas as dimensões possíveis, com seus 
interesses, suas necessidades seus conceitos e as construções históricas que o 
qualifiquem como ser social. 
 Essa proposta visa sem dúvidas desenvolver meios para promover 
conhecimento significativo, que venha desencadear um processo transformador 
no educando. Explorar novas metodologias ativas e organizadas e permitir que o 
educando venha se perceber participante de todo o processo garantirá um 
resultado diferenciado. É importante que os educadores se sintam desafiados e 
dispostos ao uso da prática cooperativa, e que também tenham consciência de 
que rumos querem que seus educandos sigam neste processo. O educador é uma 
das peças fundamentais, pois ele é sem ressalvas o norteador de todo o sistema 
que se busca inserir. A educação pautada na cooperação assume um carácter 
muito mais social do que anteriormente. Politizar o processo é preciso, uma vez 
que a intenção é formar cidadãos, sujeitos construtores da historicidade humana. 
Democratizar a educação através da cooperação é uma das necessidades dessa 
modalidade como prática educativa. Entender o aluno como agente de 
transformação social é primordial, uma vez que este é o foco da educação 
remodelada. Aceitar seus saberes, suas experiências, e alinhá-los à dimensão 
pedagógica, é fundamental para que se possa construir uma educação 
cooperativa efetiva, focada no sujeito (Frantz, 2001, p. 248) aponta: 
a educação se dá, centrada na questão da produção do conhecimento, 
pela interlocução dos diferentes saberes sempre em reconstrução 
através das aprendizagens no mundo das tradições culturais que se 
ampliam, nos espaços sociais dos distintos âmbitos linguísticos e do 
convívio em grupos e nos processos da singularização dos sujeitos. 
 Neste sentido, produzir conhecimento passa por uma visão ampliada. Esta 
é uma construção que não cessa; é cíclica, o sujeito aprende com as experiências 
de outro, numa perspectiva de troca de saberes e compartilhamento de culturas. 
A educação ocorre globalmente, numa esfera harmoniosa que permite aos 
 
 
8 
educandos entender sua importância na participação e no crescimento de uma 
educação descentralizada, promovida pela comunicação aberta. Libâneo (1998a, 
p. 24) entende que a educação assume uma função revolucionária, e nela se 
desenvolvem os “processos de comunicação e interação pelos quais os membros 
de uma sociedade assimilam saberes, habilidades, técnicas, atitudes, valores”. 
Desta forma, acontece o desenvolvimento cidadão e a consciência social do 
sujeito alvo do processo. 
1.2 Aluno autônomo 
Considerando o contexto em pauta, outro quesito importante a ser levado 
em conta é a responsabilização do aluno, permitindo que ele entenda sua 
autonomia dentro do processo. As experiências adquiridas dão a oportunidade de 
reinventar-se, com consciência de que os seres humanos são inacabados, e que 
a construção de sua históriaintervém no mundo. A cooperação, nesta ótica, visa 
proporcionar enriquecimento social ao educando, buscando a autodeterminação 
do sujeito e corroborando com uma educação transformadora, politizada, 
reflexiva, autoconsciente e crítica. 
 Compreender que o mundo atual busca sujeitos aptos a protagonizar sua 
história é perceber que o cooperativismo está ligado ao social learning, que faz 
referência a uma educação dinamizada, em que se prioriza a interação dos 
educandos, levando em conta suas competências e conhecimentos. A 
proatividade é manifesta, uma vez que sujeitos envolvidos entendem sua 
importância no contexto de um ambiente colaborativo, onde se sintam capazes de 
refletir, planejar, gerenciar e consumar seu aprendizado através de trocas de 
conhecimentos proporcionadas pela cooperação em diferentes perspectivas. 
TEMA 2 – EDUCAÇÃO DIALÓGICA E REFLEXIVA 
Entendendo a prática da cooperação na educação, percebe-se que ela 
proporciona uma condição diferenciada ao sujeito. Nesta linha de pensamento, 
fica compreensível que o ser educando alcança aos poucos patamares de 
compreensão que o permitem tornar-se questionador, dialógico e reflexivo. 
Aprender a dialogar faz parte do processo de ascensão social. Entender a 
importância da reflexão dialógica é um fator importantíssimo na busca do 
 
 
9 
autoconhecimento e da problematização questionadora. Só questiona e usa da 
crítica criativa ou problematiza quem adquire a devida liberdade para tal ação. 
A educação deve ser o meio pelo qual cada educando venha a adquirir a 
oportunidade de libertar seu eu crítico, de dialogar, questionar, concordar ou 
discordar, investigar e com tudo isso aprender. O educador, por sua vez, é neste 
ambiente o promotor do evento singular, o problematizador que visa a desafiar os 
educandos de maneira que venham a aceitar este desafio, sendo forjados à 
prática da reflexão. Percebe-se então que a passividade dá lugar a um universo 
em movimento de ideias, com provocações instigadoras e novas compreensões, 
que abrem espaço à prática autêntica do conhecimento de si e do mundo. Desta 
forma, se procede à educação humanizadora, consciente, que visa deixar claro 
que a educação é uma ação contínua numa via de mão dupla. Como se percebe 
nos apontamentos de Freire, ninguém educa ninguém, ninguém educa a si 
mesmo, mas todos se educam entre si, mutuamente, mediatizados pelo mundo. 
Freire (1987, p. 39) afirma que “o educador já não é o que apenas educa, mas o 
que, enquanto educa, é educado, em diálogo com o educando que, ao ser 
educado, também educa”. 
Fica claro então que o rumo que a educação vem tomando é outro, 
diferente daquele que até então se conhecia. O ato reflexivo proporciona novos 
conceitos, que por sua vez oportunizam novas ações, que culminam em novos 
resultados. Mas como essa educação pode vir a acontecer? Visando estimular 
práticas organizadas em torno do processo educacional, buscando de forma 
objetiva ações de carácter coletivo, para um crescimento comum que viabilize as 
transformações esperadas. É importante ressaltar a cultura através da 
cooperação nas relações sociais colaborativas, destacando a importância que 
cada educando assume neste processo, sua participação e envolvimento na 
busca pelo conhecimento, que não vem pronto, fabricado, industrializado, mas 
que acontece à medida que se permite a ponderação entre as considerações 
realizadas durante o processo ensino-aprendizagem. 
2.1 Professor versus aluno: uma relação indissociável 
 O professor é uma peça fundamental em toda essa esfera, que envolve um 
novo norte à educação. Saber reconhecer as peculiaridades de cada aluno é 
imprescindível ao professor que deseja fazer parte desta nova visão. Buscar 
estratégias inovadoras, que valorizem as diferenças de cada aluno, é 
 
 
10 
fundamental. Dispor de novas possibilidades que ofereçam variadas formas de 
ensinar, valorizando as diferenças e singularidades de cada educando, é sem 
dúvidas um requisito necessário ao professor inovador. Valorizar as multifacetas 
educacionais num prisma de possibilidades garante mais chances de sucesso. 
Cabe ao professor buscar maneiras de ensinar que despertem no aluno o desejo 
pelo aprender, independentemente de suas possíveis dificuldades. O contexto 
educacional envolve muito mais do que a mera transmissão de conhecimentos; 
envolve uma estreita relação entre o aluno e o professor, numa esfera de amizade 
e aceitação onde se desenvolvem laços emocionais que podem ser trabalhados 
corretamente e favorecer esta educação com solidez, promovendo no aluno a 
autoconfiança. Como consequência desse ambiente educacional 
emocionalmente positivo, que favorece grandemente o processo de ensino-
aprendizagem, percebe-se que surgem vínculos que proporcionam ao aluno a 
capacidade de confiar em sua criatividade e capacidade de reflexão. Acredita-se 
com isso que a relação professor-aluno irá resultar em troca de saberes mútuos, 
numa relação harmoniosa de afetividade e confiança, resultando em aprendizado 
significativo. 
 Vejamos os apontamentos de Vygotsky (1999, p. 110): "toda aprendizagem 
envolve ensino, uma vez que inclui aquele que aprende e aquele que ensina". O 
autor também corrobora com a ideia que a educação se constrói num sentido de 
mão dupla, no qual o professor, quando no mesmo nível do aluno, permite que 
ambos desfrutem de um ambiente educativo coparticipativo, que inclui as esferas 
cognitivas, emocionais, sociais e culturais nas quais a educação de estabelece. O 
grande desafio do educador, como facilitador de um novo processo, é utilizar-se 
de todas as possibilidades disponíveis para mudar o foco educacional, 
vislumbrando o novo, o futuro, em que a educação desafiará conceitos pré-
estabelecidos. 
TEMA 3 – A ESCOLA VISIONÁRIA 
 Com base em todos os aspectos já mencionados, que norteiam uma 
educação evolucionista, visionária e futurista, é necessário reforçar a ideia de que 
esta educação deve estar sempre centrada no aluno. A sendo maior responsável 
pela educação de forma sistematizada, é valido ainda ressaltar que ela deve sem 
dúvidas levar o educando a ser cidadão, no sentido mais amplo da palavra. Assim 
sendo, a escola tem a grande responsabilidade de assumir o papel de promotora 
 
 
11 
de autonomia no que diz respeito ao ensino-aprendizagem em todas as suas 
esferas, que envolvem a formação do educando, tendo ciência que este é sem 
dúvidas o centro do processo que se instaura. 
 O professor como “facilitador” do processo deve estar pronto a perceber 
quando as dificuldades surgirem, norteando o aluno a detectar a cada uma delas, 
para juntos buscarem meios e soluções eficazes para que suas práticas sejam 
facilitadas e eficazes. A busca por resolução a possíveis problemas permite ao 
aluno se enquadrar numa condição de participador do processo, sendo então 
valorizado, admitindo que mergulhe numa esfera de satisfação pessoal, uma vez 
que se torna construtor-participador, e não para mero receptor. Uma vez 
utilizando-se dessa prática, que abrange o aluno como um todo, permite-se que 
ele adote uma postura focada no aprender. O ato de aprender de forma 
participativa o permite ressignificar a educação como um todo, e tudo o que 
envolve aos âmbitos do conhecimento científico, implicado no ato de criar e recriar 
seu aprender. 
 Com base nos estudos de Freire, entende-se que essa educação dá “asas” 
ao educando, e passa a libertá-lo da condição de receptor para tornar-se 
participador do processo educacional, processo que é centrado no aluno e não 
mais nos conteúdos, despojando-se do caráter pragmático que a educação 
assumiu ao longo dos tempos. 
 A escola, que se pauta numa nova visão, em novos métodos, em novas 
perspectivas, traz consigo uma nova educação, um novo aluno e um novo 
professor, que podem ser convergidos para uma nova educação. A esta escola 
poderíamos chamar de escola futurista.Ela deve levar em conta a não 
fragmentação disciplinar, quando os blocos duram por tempo determinado, e se 
encerram ali as atenções àquela disciplina, enquanto na verdade elas deveriam 
ser interligadas, inter-relacionadas, de forma a trazer significância ao aluno. O que 
se sugere neste estudo não são receitas que se colocam em prática para que tudo 
dê certo no final, e sim possibilidades de se olhar com outros olhos para a 
educação contemporânea, seus poucos avanços e as possibilidades de mudança. 
Ter em mente que a ação participativa é primordial no processo é dar um grande 
passo para o avanço. 
 Vejamos as características da escola do futuro, escola visionária (Correio 
Braziliense, 2019): 
 
 
12 
 Tem na tecnologia uma aliada do conhecimento, por meio do uso de 
softwares livres, de blogs acadêmicos, de wikipedias locais de criação 
de aplicativos por professores e alunos. 
 Não perde de vista o contexto local. É o caso de uma escola do campo 
que insere nas aulas a previsão do tempo, usando os recursos 
tecnológicos disponíveis. 
 Valoriza a formação inicial e continuada dos professores, preparando-
os para ensinar estudantes do século 21. Por isso, é também uma 
escola que mantém diálogo constante com o ensino superior. 
 Apresenta conteúdos clássicos de maneira conectada à realidade do 
aluno. Relacionar as revoluções Francesa e Industrial, por exemplo, 
com textos de blogueiros ou historiadores contemporâneos. 
 Funciona de maneira interdisciplinar e menos fragmentada em 
comparação ao ensino tradicional. A tecnologia passa a ser um 
componente curricular que permeia todas as disciplinas. 
 Atribui ao aluno o papel de protagonista do processo de aprendizagem. 
Já o professor é o mediador do conhecimento que cada estudante deve 
adquirir ao longo da trajetória escolar. 
 Assim sendo fica claro que a educação necessita ser retrabalhada, a fim 
de atingir seu objetivo maior, oportunizando que alunos de diversas realidades 
tenham novas vivências, aliadas às suas próprias, produzindo com isso 
aprendizado significativo. 
TEMA 4 – EDUCAÇÃO EM EVOLUÇÃO 
 A compreensão de que a humanidade vive em evolução move educadores 
de todo o mundo a repensar na educação e seus primórdios. Compreender que 
as relações sociais e suas práticas se modificam é o ponto de partida para a 
entender a complexidade das mudanças que se deseja. Realizar a leitura do 
passado é fundamental para a escrita do futuro. 
É perceptível que metamorfoses vem ocorrendo na educação, ainda que 
de forma lenta, dando abertura a indagações e novos discursos na luta para 
combater o tradicionalismo e suas abordagens ultrapassadas. Realizar uma 
análise do passado traz à luz questionamentos acerca da eficácia da educação 
que vem ocorrendo ao longo dos tempos. É entender que os educadores 
hodiernos, os realmente apaixonados pela educação, estão cada vez mais 
trocando a passividade tradicionalista pela agilidade de informações que se 
observa no século XXI, que são cada vez mais facilitadas. Entender que a 
educação passa por um processo evolucionista é compreender que os tempos da 
passividade já se foram, e que os alunos que chegam à escola nos dias atuais 
são, sem dúvidas, mais exigentes em todos os aspectos que compreendem sua 
vida, por conta da agilidade e da facilidade que têm de adquirir informação de 
forma facilitada e rápida. É imprescindível que a educação contemporânea 
 
 
13 
assuma seu papel construtor, da mesma forma como se multiplica a facilidade de 
adquirir novos conhecimentos em vias alternativas e tecnológicas. A função da 
escola evolucionista é oferecer ao aluno uma proposta que seja significativa para 
ele, despertando o desejo de adquirir um conhecimento, capazes de trazer 
entusiasmo e curiosidade, de forma agradável e atraente, autônoma e 
responsável. 
TEMA 5 – ESCOLA DO SÉCULO XXI 
 Permitir que o educando conheça a multiplicidade de informações que se 
apresentam no mundo moderno, e delas tirar conhecimento efetivo, é um dos 
desafios da escola do século XXI. A escola deste século precisa levar em 
consideração a rapidez com que as coisas acontecem e entender, seu real papel 
com os educandos. Pensar numa escola que fabrica aprendizes com padrões 
“quadrados” é estar alienado ao passado. Entender a coletividade em que o sujeito 
vive, e dela deve tirar seus conhecimentos, é primordial para o crescimento. Neste 
viés, Myriam Tricate (2018) afirma que “o papel da escola não é preparar jovens 
simplesmente para o trabalho. A escola deve formar cidadãos livres, capazes de 
exercer suas escolhas individuais, sem nunca perder de vista o coletivo”. 
Desta forma, pensar na escola do século XXI é atentar para uma educação 
que visa despertar no aluno a capacidade de aprender a aprender, de forma a 
fazer disso não uma obrigação, mas fomentar o desejo de descobrir, e com isso 
estar preparado para as interações sociais próprias do mundo moderno. Entender 
que a escola tradicionalista, que ainda resiste ao tempo por ser um caminho 
facilitado, deve e vai perder seu formato em breve, é o ponto de partida para a 
inovação, não só que se deseja, mas que se necessita, em virtude da era moderna 
e tecnológica atual. 
 As mudanças na humanidade aconteceram não por força ou por desejo de 
alguns, mas naturalmente por obra do próprio sujeito, que ao longo do tempo se 
tecnologizou em sua forma de viver. Descobertas naturais e avanços históricos 
são provas cabais deste fato. Seria possível questionar a razão de os seres 
humanos não se utilizarem mais de antigas metodologias em simples afazeres 
corriqueiros. Tais mudanças passaram a ocorrer uma vez que os avanços 
racionalistas entraram em evidência, fazendo do ser humano um ser altamente 
evolutivo e progressista. A historicidade humana perfaz um caminho evolutivo 
homogêneo, ao longo do qual os sujeitos buscam sair dos casulos, para se 
 
 
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permitirem uma metamorfose transcendental e libertadora. Entendendo esta 
quebra de paradigma, entende-se que inovar é um bem necessário à humanidade. 
 Em relação à educação que se deva praticar na escola do século XXI, 
acredita-se ser aquela que visa dar sentido ao aprendizado. Ela busca 
proporcionar um conhecimento capaz de interligar o que se aprende na escola 
com as reflexões sociais que cercam o aluno, para que ele possa fazer uso de 
sua razão e argumentação e aplicar tal educação em suas vivências, partindo de 
uma visão cidadã. Neste entendimento, “saber fazer”, “porque fazer” e “como 
fazer” assumem uma ordem flexível, porque se usa a capacidade inventiva. 
Podem, aleatoriamente, construir um saber cíclico e construtivo, no qual todos 
ensinam e todos aprendem, o que resulta em trocas inteligentes de saberes. 
 
 
 
15 
REFERÊNCIAS 
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