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Ultrassom _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Curso de Inspetor de Soldagem Página | 1 Ensaio por Ultrassom Sons extremamente graves ou agudos, podem passar desapercebidos pelo aparelho auditivo humano, não por deficiência do mesmo, mas por caracterizarem vibrações com frequências muito baixas, até 20Hz (infrassom) ou com frequências muito altas acima de 20 kHz (ultrassom), ambas inaudíveis. Os sons produzidos em um ambiente qualquer, refletem-se ou reverberam nas paredes que consistem o mesmo, podendo ainda ser transmitidos a outros ambientes. Fenômenos como este, apesar de simples e frequentes em nossa vida cotidiana, constituem os fundamentos do ensaio ultrassônico de materiais. Assim como uma onda sonora reflete ao incidir num anteparo qualquer, a vibração ou onda ultrassônica, ao percorrer um meio elástico, refletirá da mesma forma, ao incidir numa descontinuidade ou falha interna a este meio considerado. Através de aparelhos especiais, detectamos as reflexões provenientes do interior da peça examinada, localizando e interpretando as descontinuidades. A figura 1 mostra o princípio básico da inspeção de materiais por ultrassom. Ultrassom _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Curso de Inspetor de Soldagem Página | 2 Figura 1: Princípio básico da inspeção por ultrassom. O ensaio por ultrassom caracteriza-se num método não destrutivo que tem por objetivo a detecção de defeitos ou descontinuidades internas, presentes nos mais variados tipos ou forma de materiais ferrosos ou não- ferrosos. Tais defeitos são caracterizados pelo próprio processo de fabricação da peça ou componentes a ser examinada como, por exemplo: bolhas de gás em fundidos, dupla laminação em laminados, micro-trincas em forjados, escórias em uniões soldadas e muitos outros. Portanto, o exame ultrassônico, assim como todo exame não destrutivo, visa diminuir o grau de incerteza na utilização de materiais ou peças de responsabilidade. Na inspeção de soldas por ultrassom, um feixe sônico (energia mecânica sob a forma de ondas com frequência acima de 20 KHz), cujas características devem ser compatíveis com a estrutura do material a ser ensaiado, ao ser introduzido num ângulo favorável em relação a uma Ultrassom _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Curso de Inspetor de Soldagem Página | 3 descontinuidade, encontra uma interface sendo refletido pela mesma, com consequente registro na tela do aparelho, como um pico (eco). Na figura 2 estão sendo mostrados exemplos do ensaio de ultrassom. Figura 2: inspeção por ultrassom em conexão soldada e em um virabrequim. Como já vimos, o teste ultrassônico de materiais é feito com o uso de ondas mecânicas ou acústicas colocadas no meio em inspeção, ao contrário da técnica radiográfica, que usa ondas eletromagnéticas. Qualquer onda mecânica é composta de oscilações de partículas discretas no meio em que se propaga. A passagem de energia acústica no meio faz com que as partículas que compõem o mesmo, executem o movimento de oscilação em torno da posição de equilíbrio, cuja amplitude do movimento será diminuída com o tempo em decorrência da perda de energia adquirida pela onda. Ultrassom _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Curso de Inspetor de Soldagem Página | 4 Se assumirmos que o meio em estudo é elástico, ou seja, que as partículas que o compõem, apesar de rigidamente ligadas, podem oscilar em qualquer direção, então podemos classificar as ondas acústicas conforme o seu movimento. No ensaio de materiais por ultrassom existem diversos tipos de ondas sônicas, que dependem do tipo de excitação e da forma do material, porém as mais importantes são as ondas longitudinais e transversais. Ondas longitudinais (Ondas de compressão): São ondas cujas partículas oscilam na direção de propagação da onda, podendo ser transmitidas a sólidos, líquidos e gases (figura 3). Figura 3: Ondas longitudinais. Pelo desenho nota-se que o primeiro plano de partículas vibra e transfere sua energia cinética para os próximos planos de partículas, e passam a oscilar. Desta maneira, todo o meio elástico vibra na mesma direção de Ultrassom _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Curso de Inspetor de Soldagem Página | 5 propagação da onda (longitudinal), e aparecerão “zonas de compressão” e “zonas diluídas”. As distâncias entre duas zonas de compressão determinam o comprimento de onda. Ondas Transversais (Ondas de Cisalhamento): Uma onda transversal, também chamada de onda de cisalhamento, é definida, quando as partículas do meio vibram na direção perpendicular a de propagação. Neste caso, observamos que os planos de partículas, mantem-se na mesma distância um do outro, movendo-se apenas verticalmente (figura 4). Figura 4: Ondas transversais. As partículas oscilam na direção transversal à direção de propagação, podendo ser transmitidas somente a sólidos. As ondas transversais são praticamente incapazes de se propagarem nos líquidos e gases, pelas Ultrassom _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Curso de Inspetor de Soldagem Página | 6 características das ligações entre partículas, destes meios. O comprimento de onda é a distância entre dois “vales” ou dois “picos”. O ensaio pela técnica pulso-eco consiste basicamente de pulsos de alta frequência (*), emitidos pelo cristal, que caminham através do material. Estes pulsos refletem quando encontram uma descontinuidade ou uma superfície do material. Esta energia mecânica (ecos de som) é recebida de volta pelo cristal que transforma o sinal mecânico em sinal elétrico, que é visto na tela do aparelho (ver esquema na figura 5 e o detalhamento da chegada do feixe sônico na descontinuidade na figura 5a). (*)Nota - “Frequência” As ondas acústicas ou som propriamente dito são classificados de acordo com suas frequências e medidos em ciclos por segundo, ou seja, o número de ondas que passam por segundo pelos nossos ouvidos. A unidade “ciclos por segundos” é normalmente conhecida por “Hertz”, abreviatura “Hz”. Assim sendo, se tivermos um som com 280 Hz, significa que por segundo passam 280 ciclos ou ondas por nossos ouvidos. As frequências acima de 20.000 Hz são inaudíveis, denominadas frequência ultrassônica. Ultrassom _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Curso de Inspetor de Soldagem Página | 7 Figura 5: Forma mais comum da inspeção ultrassônica pela técnica pulso- eco. O traço na tela representa as reflexões ocorridas: a primeira (à esquerda) ocorre na passagem do feixe do cabeçote paraa peça, a do meio é devida à descontinuidade e, a da direita resulta na reflexão no lado oposto da peça. Figura 5a : Detalhe da chegada do feixe sônico na descontinuidade. Da esquerda para a direita: feixe sonoro antes de atingir a descontinuidade; no momento em que atinge a descontinuidade; pulsos sonoros refletidos e, recebimento pelo cabeçote do pulso sonoro refletido. Ultrassom _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Curso de Inspetor de Soldagem Página | 8 Nas figuras 6 e 6a são mostrados exemplos de, respectivamente, aparelho básico de ultrassom e aparelho digital de ultrassom ambos da marca Krautkramer. Figura 6: Exemplo de aparelho básico de ultrassom. Figura 6a: Exemplo de aparelho digital de ultrassom. Ultrassom _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Curso de Inspetor de Soldagem Página | 9 Requisitos básicos para o ensaio • Operador treinado e qualificado; • Norma técnica e procedimento; • Aparelho de ultrassom; • Transdutores; • Acoplante; • Blocos de calibração e de referência; • Material a ser ensaiado. Transdutores Os transdutores utilizados na construção dos cabeçotes de ultrassom são os responsáveis pela transmissão de energia mecânica para a peça, e também são eles que transformam a energia mecânica recebida, no sinal elétrico que é visto na tela do aparelho. Um transdutor transforma uma tensão pulsante de alta frequência em energia mecânica (vibracional) e vice-versa. O transdutor é um cristal especial polarizado, que muda de dimensão quando uma tensão elétrica é aplicada (efeito piezoeléctrico). Quando a tensão é aplicada, o cristal aumenta ligeiramente de espessura, e quando a tensão é retirada, o cristal retorna à sua espessura original. Quando o cristal é ligado a um gerador de pulsos de alta frequência, o cristal aumenta e diminui de espessura em ressonância com os pulsos de tensão. Se o cristal for acoplado à superfície Ultrassom _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Curso de Inspetor de Soldagem Página | 10 de uma peça de aço, ele vai agir como um "martelo" ultrassônico. O som ou energia vibracional é transmitido, através do aço, em uma linha relativamente reta, a uma Frequência tão alta que não se pode ouvi-lo, e a uma amplitude tão pequena que não se pode senti-la. Aos cristais que se deformam em função de uma tensão elétrica aplicada, e que geram uma tensão elétrica quando deformados, dá-se o nome de cristais piezoeléctricos. Na figura 7 estão sendo mostrados um conjunto de cabeçotes transdutores. Figura 7: Exemplos de cabeçotes transdutores de ultrassom. Ultrassom _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Curso de Inspetor de Soldagem Página | 11 Tipos de Ondas Sônicas A parte da física que estuda o som denomina-se acústica, na mesma são descritos os fenômenos relacionados às oscilações mecânicas (vibrações) que originam as ondas sonoras ocorrentes, bem como a propagação das ondas nos sólidos, líquidos e gases. As ondas sonoras são ondas periódicas, classificadas em audíveis (entre 20 Hz e 20KHz) e inaudíveis, dependendo dos períodos que ocorram na unidade de tempo (frequência). No caso dos ensaios de ultrassom, as ondas sônicas são transmitidas a uma frequência entre 1 e 20 MHz (entre 1 milhão e 20 milhões de Hertz). Nota.: Hertz (Hz) é a unidade de frequência que expressa o número de ciclos por segundo. 1 Hz = 1 ciclo por segundo. Cabeçotes Cabeçote Normal Compõe-se basicamente de um cristal piezoeléctrico, disposto em um plano paralelo ao plano da peça a ser examinada, conforme apresentado na figura 8. São assim chamados os cabeçotes monocristal geradores de ondas longitudinais normais à superfície de acoplamento. Os transdutores normais são construídos a partir de um cristal piezoeléctrico colado num Ultrassom _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Curso de Inspetor de Soldagem Página | 12 bloco rígido denominado de amortecedor com sua parte livre protegida ou por uma membrana de borracha ou por uma resina especial. O bloco amortecedor tem função de servir de apoio para o cristal e absorver as ondas emitidas pela face colada a ele. O transdutor emite um pulso ultrassônico que atravessa o material a inspecionar e reflete nas interfaces, originando o que chamamos “ecos”. Estes “ecos” retornam ao transdutor e geram, no mesmo, o sinal elétrico correspondente. Figura 8: Cabeçote Normal. Cabeçote Angular Na inspeção de soldas, a existência do reforço da solda dificulta o acoplamento e o uso de cabeçotes retos (nos quais o feixe sônico entra na peça perpendicularmente à superfície de contato). Neste caso, é comum o uso de cabeçotes angulares (o feixe sônico penetra com um ângulo determinado diferente de 90 0). Ultrassom _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Curso de Inspetor de Soldagem Página | 13 O cabeçote angular é composto basicamente de um cristal piezoeléctrico disposto em ângulo em relação ao plano da peça a ser examinada, conforme apresentado nas figuras 9 e 9a. Opera-se normalmente com diversos ângulos (35, 45, 60, 70 e 80 graus), sendo que os mais usuais são os de 45 0, 60 0 e 70 0. Figura 9: Cabeçote angular. Figura 9a: Esquema de emprego de cabeçote angular em inspeção de solda. Ultrassom _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Curso de Inspetor de Soldagem Página | 14 Cabeçote Duplo-Cristal Compõe-se basicamente de dois cristais piezoeléctricos, um agindo como emissor e outro como receptor, dispostos em um plano aproximadamente paralelo ao da peça a ser examinada ou focados num ponto situado a uma distância determinada, conforme apresentado na figura 10. Existem problemas de inspeção que não podem ser resolvidos nem com transdutores retos nem com angulares. Quando se trata de inspecionar ou medir materiais de reduzida espessura, ou quando se deseja detectar descontinuidades logo abaixo da superfície do material, a “zona morta” existente na tela do aparelho impede uma resposta clara. O cristal piezoeléctrico recebe uma “resposta” num espaço de tempo curto após a emissão, não tendo suas vibrações sido amortecidas suficientemente. Neste caso, somente um transdutor que separa a emissão da recepção pode ajudar. Para tanto, desenvolveu-se o transdutor de duplo cristal. Neste transdutor, dois cristais são incorporados na mesma carcaça, separados por um material acústico isolante, devendo os mesmos estar levemente inclinados em relação à superfície de contato. Cada um deles funciona somente como emissor ou somente como receptor, sendo indiferentequal deles exerce qual função. São conectados ao aparelho de ultrassom por um cabo duplo; o aparelho deve ser ajustado para trabalhar agora com 2 cristais. Ultrassom _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Curso de Inspetor de Soldagem Página | 15 O transdutor duplo-cristal é o mais indicado e largamente utilizado nos procedimentos de medição de espessura por ultrassom. Na figura 10a está sendo apresentado um exemplo de medidor de espessura duplo- cristal do tipo digital. Figura 10: Cabeçote duplo cristal. Figura 10a: Medidor de espessura digital com transdutor duplo cristal. Ultrassom _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Curso de Inspetor de Soldagem Página | 16 Acoplante O acoplante é qualquer substância (usualmente líquida, semilíquida ou pastosa), introduzida entre o cabeçote e a superfície da peça em inspeção com o propósito de transmitir vibrações de energia ultrassônica entre ambos. Ele tem a finalidade de fazer com que a maior parcela possível de som seja transmitida do cabeçote à peça e vice-versa, o que não aconteceria se existisse ar entre o cabeçote e a peça. Ao acoplarmos o transdutor sobre a peça a ser inspecionada, imediatamente se estabelece uma camada de ar entre a sapata do transdutor e a superfície da peça. Esta camada de ar impede que as vibrações mecânicas produzidas pelo transdutor se propaguem para a peça em razão das características acústicas (impedância acústica) muito diferente do material a inspecionar. Por esta razão, deve-se usar um líquido que estabeleça uma redução desta diferença, e permita a passagem das vibrações para a peça. Tais líquidos, denominados líquido acoplante são escolhidos em função do acabamento superficial da peça, condições técnicas e tipo da peça. Os acoplantes mais utilizados são: óleo diesel, água, glicerina, óleo SAE 20 ou 30 e carbox metil celulose (15g/l). Ultrassom _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Curso de Inspetor de Soldagem Página | 17 Tipos usuais de ensaio por ultra-som Medição de Espessura Como o próprio nome diz, é o ensaio que visa determinar a espessura de uma peça. O ensaio é feito normalmente com o auxílio de cabeçotes duplo-cristal, depois de calibrado o aparelho. Esta calibração é feita em blocos de dimensões padronizadas, de material similar ao da peça a ser medida. Detecção de Dupla-Laminação É o ensaio feito em chapas, a fim de se detectar as duplas-laminações porventura existentes. Esta modalidade de ensaio é muito útil na orientação do plano de corte de chapas. O ensaio é feito com o auxílio de cabeçotes normal e/ou duplo-cristal, após feita a calibração da escala e a determinação da sensibilidade do ensaio. Inspeção de Solda É a modalidade de ensaio que visa detectar descontinuidades oriundas de operações de soldagem, tais como, falta de penetração, falta de fusão, inclusões de escória, poros, porosidades, trincas e trincas interlamelares. Ultrassom _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Curso de Inspetor de Soldagem Página | 18 O ensaio é feito com o auxílio de cabeçotes normal e/ou duplo-cristal e cabeçotes angulares, depois de feita a calibração da escala e a determinação da sensibilidade do ensaio. É usual o traçado, sobre a tela do aparelho, de curvas denominadas curvas de referência, que servem para avaliar as descontinuidades existentes. Estas curvas são traçadas, a partir de refletores padronizados, de acordo com a norma de projeto ou de construção e montagem do equipamento. Calibração da escala do aparelho e determinação da sensibilidade do ensaio Calibração da escala Os ajustes do ganho, energia, supressor de ruídos, normalmente são efetuados baseado em procedimentos específicos, entretanto a calibração da escala pode ser feita, previamente independente de outros fatores. Calibrar a escala significa mediante a utilização de blocos especiais denominados “blocos padrões”, onde todas as dimensões e formas são conhecidas e calibradas, permitindo ajustar os controles de velocidade e zeragem, concomitantemente até que os ecos de reflexão permaneçam em posições definidas na tela do aparelho, correspondentes ao caminho do som no bloco padrão. Tais blocos são construídos de materiais que permitem o exame ultrassônico em aço carbono não ligado ou de baixa liga, com velocidade sônica de 5920 Ultrassom _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Curso de Inspetor de Soldagem Página | 19 +/- 30 m/s para ondas longitudinais e 3255 +/- 15 m/s para ondas transversais. Figura 11: Calibração da escala. Calibração da sensibilidade do aparelho A sensibilidade do aparelho deve ser calibrada através de um bloco com espessuras e furos de referência calibrados e de material acusticamente similar à peça a ser ensaiada. Caso a calibração do aparelho seja feita em bloco e peça de materiais dissimilares, isto afetará a precisão das medidas efetuadas. A figura 12 descreve o bloco básico de calibração recomendado pela norma “ASME Boiler and Pressure Vessel Code - Seção V Artigo 4” (usado para estabelecer a sensibilidade do ensaio pelo ajuste do controle de ganho do aparelho, que deve ser fabricado com mesmo acabamento Ultrassom _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Curso de Inspetor de Soldagem Página | 20 superficial da área de varredura. Este bloco é válido para superfícies planas ou com curvaturas maiores que 20 polegadas de diâmetro. Figura 12: Bloco básico de calibração. Sequência de Ensaio Medição de Espessura Etapa Descrição 1 Verificar o tipo de material a ser inspecionado; 2 Escolher o aparelho e cabeçote de acordo com o procedimento qualificado; 3 Calibrar o aparelho em bloco padrão, de material similar ao da peça a ser inspecionada e espessura dentro da faixa recomendada; 4 Preparar a superfície tomando os devidos cuidados para peças de aços inoxidáveis austeníticos e ligas de níquel; 5 Aplicar o acoplante; 6 Posicionar o cabeçote; 7 Efetuar a leitura; 8 Relatar os resultados. Ultrassom _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Curso de Inspetor de Soldagem Página | 21 Detecção de Dupla-Laminação Etapa Descrição 1 Verificar o tipo de material e espessura do material a ser inspecionado; 2 Escolher o aparelho e cabeçote conforme procedimento qualificado; 3 Calibrar a escala conforme procedimento qualificado; 4 Ajustar a sensibilidade do ensaio conforme procedimento qualificado; 5 Preparar a superfície tomando os devidos cuidados para peças de aço inoxidável austenítico e ligas de níquel; 6 Aplicar o acoplante;7 Executar a inspeção; 8 Relatar os resultados. Inspeção de Solda Etapa Descrição 1 Verificar o tipo e espessura do material a ser inspecionado; 2 Escolher o aparelho e cabeçote a serem utilizados, conforme procedimento qualificado; 3 Determinar a área de varredura para os cabeçotes angulares, de modo que toda a solda seja inspecionada; 4 Calibrar a escala para os cabeçotes normal e/ou duplo-cristal; 5 Ajustar a sensibilidade de inspeção conforme procedimento qualificado; 6 Preparar a superfície, tomando os devidos cuidados para peças de aço inoxidável austenítico e ligas de níquel; 7 Aplicar o acoplante; 8 Examinar a área de varredura dos cabeçotes angulares; Ultrassom _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Curso de Inspetor de Soldagem Página | 22 9 Calibrar a escala para os cabeçotes angulares; 10 Traçar as curvas de referência para os cabeçotes angulares; 11 Ajustar a sensibilidade de inspeção conforme procedimento qualificado; 12 Aplicar o acoplante; 13 Efetuar a inspeção; 14 Relatar os resultados. Vantagens • Pode ser executado em materiais metálicos e não metálicos. • Não necessita, para inspeção, do acesso por ambas as superfícies da peça. • Permite localizar e dimensionar com precisão as descontinuidades. • É um ensaio mais rápido do que a radiografia. • Pode ser executado em juntas de geometria complexa, como nós de estruturas tubulares. • Não requer paralisação de outros serviços durante a sua execução e não requer requisitos rígidos de segurança, tais como os requeridos para o ensaio radiográfico. Limitações e Desvantagens • Não se aplica em peças cuja forma, geometria e rugosidade superficial impeçam o perfeito acoplamento do cabeçote à peça. • O grão grosseiro de certos metais de base e de solda (particularmente ligas de níquel e aço inoxidável austenítico) pode dispersar o som e causar sinais que perturbem ou impeçam o ensaio. • Materiais com alta atenuação acústica (madeira, concreto, certos fundidos), ou em alta temperatura, são ensaios de difícil realização; Ultrassom _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Curso de Inspetor de Soldagem Página | 23 • O reforço da raiz, cobre-juntas e outras condições aceitáveis podem causar indicações falsas. • Peças pequenas ou pouco espessas são difíceis de inspecionar. • O equipamento de ultrassom é caro. • Os inspetores de ultrassom requerem, para sua qualificação, de maior treinamento e experiência do que para os outros ensaios não- destrutivos. • A melhor detecção da descontinuidade depende da orientação do defeito na solda. • A identificação do tipo de descontinuidade requer grande treinamento e experiência, porém mesmo assim não é totalmente segura. ___________________________________________________________ Você estudou neste texto que o ensaio por ultrassom visa descobrir descontinuidades internas através de ondas mecânicas e/ou acústicas colocadas no interior da peça examinada durante a inspeção. Com este ensaio é possível detectar os mais variados defeitos de peças de material ferroso e não-ferrosos, muitas vezes ocasionadas pelo processo de fabricação ou componente a ser examinado. Teste agora o seu nível de compreensão do texto respondendo às questões de revisão. Caso seja necessário releia o texto e/ou recorra aos tutores para resolver suas dúvidas. Ultrassom _____________________________________________________________________________________ Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Curso de Inspetor de Soldagem Página | 24 Questões de Revisão 1 - Existem diversos tipos de ondas sônicas que podem ser utilizadas no ensaio por ultrassom, contudo as mais recorrentes são as Ondas Longitudinais e as Ondas Transversais. Estabeleça a diferença entre esses dois tipos de ondas a partir de suas definições. 2 – O procedimento do ensaio por ultrassom requer uma série de requisitos básicos para que o ensaio possa ser realizado. Dentre os requisitos que devem estar presente estão os Trandustores, Cabeçotes e Acoplantes. No que tange esses requisitos básicos: a) No que consiste os Transdutores e qual a sua funcionalidade? b) Informe os tipos de cabeçotes usualmente utilizados na inspeção, não se esquecendo de apresentar suas conceituações. c) O que corresponde os Acoplantes e qual a sua finalidade? 3 – Descreva como se realizam cada uma das principais técnicas que podem ser utilizadas no ensaio por ultrassom, detalhando a sequência de seus ensaios. 4 – A localização e interpretação das falhas nos ensaios por ultrassom é realizado mediante o uso de aparelhos especiais. A respeito desses aparelhos, explique o que seriam: (a) Calibração da escala; (b) Calibração da Sensibilidade do Aparelho.
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