Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
[O CATECISMO DO APRENDIZ - ADONHIRAMITA] RABANEDA, F.S. (João Borralho) AVISO DE CONFIANÇA O presente exemplar é um “manuscrito” da segunda edição do Livro “O CATECISMO DO APRENDIZ – ADONHIRAMITA”, e é destinado a uso pessoal e de avaliação do Ir∴ ______________________________________________________ que se compromete a dispensar-lhe a mesma proteção dedicada ao Ritual do Grau, proibindo-se sua reprodução total ou parcial, e a sua apresentação a não-maçons ou maçons irregulares, sob pena de incursão em delito maçônico previsto em Lei. Selado e timbrado por mim, o autor. Fabiano Rabaneda dos Santos. Os direitos autorais da primeira edição pertencem a Editora Trolha. O Catecismo do Aprendiz – Adonhiramita 3 Manuscrito de Primeira Versão – Proibida a Reprodução Conteúdo Introdução .................................................................................................................................... 6 Quem é o autor? ......................................................................................................................... 10 A origem da Maçonaria .............................................................................................................. 11 O Livro das Constituições – A Carta Constitutiva ........................................................................ 20 Os princípios dos Landmarks. ..................................................................................................... 23 A Maçonaria Moderna ................................................................................................................ 28 As Obediências Internacionais .................................................................................................... 29 Estrutura de Obediências no Brasil ............................................................................................. 29 As lojas de São João .................................................................................................................... 34 Gnosiologia Maçônica ................................................................................................................ 37 As Escolas do Conhecimento Maçônico ................................................................................. 41 A Escola Autêntica .............................................................................................................. 41 A Escola Antropológica ....................................................................................................... 44 A escola mística .................................................................................................................. 46 A escola oculta .................................................................................................................... 48 Os símbolos e rituais maçônicos ................................................................................................. 49 A inteligência e verdade ......................................................................................................... 49 A verdade e a lógica simbólica ................................................................................................ 51 Os ritos ........................................................................................................................................ 54 Rito Escocês Antigo e Aceito ................................................................................................... 55 Rito Moderno ......................................................................................................................... 56 Rito Brasileiro ......................................................................................................................... 57 Rito Schroeder ........................................................................................................................ 60 Rito York ................................................................................................................................. 62 Rito Adonhiramita .................................................................................................................. 63 A denominação Adonhiramita ................................................................................................ 66 A iniciação Adonhiramita ............................................................................................................ 69 A câmara de reflexão. ............................................................................................................. 72 O pão, a água, o enxofre e o sal .............................................................................................. 73 A bandeirola “Vigilância e Perseverança” ............................................................................... 75 Os ossos, a caveira, a foice e a ampulheta ............................................................................. 76 O V.I.T.R.I.O.L .......................................................................................................................... 77 As cinco perguntas .................................................................................................................. 78 O Ir∴ Terrível ........................................................................................................................... 79 O doce do amargo .................................................................................................................. 80 Os quatro elementos e as viagens. ......................................................................................... 80 O juramento ........................................................................................................................... 83 O Batismo (Nome Histórico) ................................................................................................... 84 João Borralho ...................................................................................................................... 84 Descrição e detalhamento do Templo Adonhiramita ................................................................. 88 Forma e disposição da Loja ..................................................................................................... 89 A localização das colunas e dos vigilantes .............................................................................. 91 A orientação do templo .......................................................................................................... 95 A abóboda celeste .................................................................................................................. 97 O sol e a Lua ............................................................................................................................ 99 A corda de 81 nós ................................................................................................................. 100 O painel do Grau ................................................................................................................... 101 A pedra Bruta ........................................................................................................................ 102 A pedra cúbica ...................................................................................................................... 103 A letra G ................................................................................................................................ 104 O delta luminoso .................................................................................................................. 104 O pavimento Mosaico e a orla dentada ................................................................................ 105 Os degraus ............................................................................................................................107 O compasso e o esquadro .................................................................................................... 109 O nível e o prumo ................................................................................................................. 110 O maço e o cinzel .................................................................................................................. 111 As velas, os candelabros e o Cerimonial do Fogo ................................................................. 112 O livro sobre o altar .............................................................................................................. 113 O incenso e o altar dos perfumes ......................................................................................... 113 A espada flamejante ............................................................................................................. 114 A circulação no templo ......................................................................................................... 115 A gravata branca ................................................................................................................... 116 O terno preto ........................................................................................................................ 117 O calçamento das luvas ........................................................................................................ 118 As doze pancadas argentinas ................................................................................................ 119 A Saudação ........................................................................................................................... 120 O Saco de propostas e informações ..................................................................................... 121 O tronco de solidariedade .................................................................................................... 122 A cadeia de união ................................................................................................................. 123 Os cargos em Loja e suas jóias .................................................................................................. 124 Venerável Mestre ................................................................................................................. 124 1º e 2º Vigilantes .................................................................................................................. 127 Orador .................................................................................................................................. 127 Secretário ............................................................................................................................. 129 Tesoureiro ............................................................................................................................. 130 Chanceler .............................................................................................................................. 131 OS Expertos ........................................................................................................................... 131 Mestre de Cerimônias .......................................................................................................... 132 Hospitaleiro .......................................................................................................................... 132 Os Cobridores ....................................................................................................................... 133 Porta-Estandarte ................................................................................................................... 134 Porta-Bandeira ...................................................................................................................... 135 Mestre-de-Harmonia ............................................................................................................ 135 Mestre-de-Banquetes ........................................................................................................... 136 Arquiteto .............................................................................................................................. 137 A cultura do silêncio e a atitude da descrição .......................................................................... 137 Apêndice 1 – Questionário para elevação do Apr∴ ao Grau de Companheiro ......................... 141 Bibliografia ................................................................................................................................ 163 Para minha esposa, Michelle. Para meu filho, Fabiano Rabaneda. Introdução Escrever um livro não é tarefa fácil. Essa dificuldade se amplia quando falamos em Maçonaria, e no Rito Adonhiramita. Com pouco material de consulta, o Rito é extremamente rico, e precisamos passar por todos os aspectos de forma clara e crítica. As fontes de pesquisa vieram através dos livros do Ir∴ Mário Sá (Castro Alves)1, que, certamente, possui a maior biblioteca particular maçônica do Estado de Mato Grosso, e, quiçá, do Brasil, com mais de quinhentos exemplares. Sua ajuda foi de vital importância para a constituição dessa obra, já que o Maçom deve sempre buscar a verdade, e essa tarefa precisa se antever de muita pesquisa e dedicação. O Grau de Apr∴ é fascinante, já que leva ao neófito os primeiros raios de Luz, alem de descobrir essa sociedade “sui generis” chamada Maçonaria. A primeira parte desse livro foi escrita quando ainda era Apr∴, e isso deu uma vida única para essa fase, tanto de minha vida maçônica, quanto desse livro, já que a curiosidade me fez buscar entendimento para o que acontecia em Loja. Passamos pela história da ordem, se estendendo pelas Escolas do Conhecimento Maçônico, pela estrutura de Obediência, inseridos na Gnosiologia Maçônica, revelando cada momento da etapa de 1 Mário Ribeiro de Sá, Fundador da A∴R∴L∴S∴ Poeta Fernando Pessoa – G∴O∴B∴ – nº 3.983/Cuiabá-MT. aprendizado, referenciando o Maçom Adonhiramita, os detalhes da Loja, a Iniciação e os Cargos. Foram dois anos de dedicação: aos sábados, domingos, durante o dia, noite e madrugada (o melhor momento para a escrita, já que os telefones não tocavam). Ao concluir o último parágrafo, vejo que falta muito mais, são questões diversas que precisam ser esclarecidas e debatidas. Dessa forma não dou como concluída a obra, e passo a estudar um segundo volume, tratando de temas com mais profundidade. Essa tarefa não é só minha, e vou dividir com o leitor, que tem por obrigação buscar o entendimento dos auspícios mistérios da Arte Real. Espero que goste do conteúdo, e estarei sempre de Pé e a Ordem para contribuições. Um grande abraço, O autor. A segunda edição. Elaborar uma segunda edição é tarefa tão árdua quanto a primeira, afinal, revisar e reordenar requer tempo e atenção. A ideia surgiu após receber muitos pedidos de IIr∴ que não mais encontravam a primeira edição nas livrarias. Como sabido, o conhecimento deve ser compartilhado. Para que isto ocorra necessário que façamos aperfeiçoamentos. Assim, me dedico à tarefa de escrever esta segunda edição, que passa constantemente por revisões até a prancha final. Por isso que envio a você, meu Ir∴, este manuscrito, com o objetivo que analise a obra e me ajude a completar as lacunas. Meu muito obrigado. Quem é o autor? Fabiano Rabaneda dos Santos é maçom iniciado desde 24/04/2007, na A∴R∴L∴S∴ Luzesda Chapada nº 3.405 – GOB/MT, localizada em Chapada dos Guimarães, Mato Grosso. Ainda quando Apr∴, foi editor responsável do Boletim Luzes da Chapada, Secretário de Informática e Adjunto da Secretaria. Elevado em 10/05/2008 e Exaltado em 16/12/2008. É fundador e Obr∴ da A∴R∴L∴S∴ Poeta Fernando Pessoa nº 3.983 – GOB/MT, localizada em Cuiabá, Mato Grosso. É Obr∴ da A∴R∴L∴S∴ Razão e Justiça, nº 2202 – GOB/MT, localizada em Cuiabá, Mato Grosso. Na vida profana é Advogado, Professor Universitário, Palestrante, Escritor, Articulista, Bloggeiro e Fotógrafo. A origem da Maçonaria Antes de adentrarmos aos estudos filosóficos que envolvem a doutrina maçônica, é de extrema importância conhecer a sua origem, para que seja possível entrelaçar os entendimentos de modo a extrair a verdadeira essência contida nos rituais2. Melkisedek, em sua obra Iniciação à Maçonaria Adonhiramita, nos ensina que a Maçonaria tem sua etimologia no frâncio, língua germânica ocidental dos francos responsável pelo grande estrato de elementos germânicos do vocabulário francês3, “makjo”, latinizado para “macio”. “Makjo” derivaria, segundo alguns, de “makôn”, daí “machen”, “maurer” (pedreiro em alemão atual). Uma analogia poderia ser feita ao verbo “make”, em inglês, que significa fazer. Joaquim Gervásio de Figueiredo4, por sua vez, retrata que as origens reais da Maçonaria se perdem nas brunas da antiguidade. Dizem que “Adão” foi nosso primeiro pai, criado a imagem de Deus, aonde tinha escrito em seu coração as ciências liberais, e particularmente a geometria. Outros 2 Na Maçonaria, se entende como tal, o conjunto de regras, segundo as quais se praticam cerimônias, e se comunicam os graus, sinais, toques, palavras e todas as demais instruções secretas, daí recorrentes. (Gervásio de Figueiredo, Dicionário de Maçonaria, Pg. 391). 3 Dicionário Aurélio Eletrônico, versão 3.0/99. 4 Dicionário de Maçonaria, Editora Pensamento, p.239. remontam sua origem a Abraão, Moises ou Salomão, e escritos mais recentes, datados da primeira parte do século dezenove, indicam que a Maçonaria foi a única e verdadeira religião dos patriarcas antes do dilúvio. O renomado autor Rizardo da Camino5 insculpe a origem ás épocas de construções de abrigos, quando o homem deixou de viver em cavernas, que por sua vez, exigiam mão-de-obra capaz, que mais tarde evoluiria a palácios, em especial ao conhecido Grande Templo de Salomão, mas antes deste, retrata, Nabucodonosor6, já possuía palácios magníficos, com detalhes arquitetônicos ditados por Jeová, envolvendo, assim, segredos da construção material. Fato é que a Maçonaria tem através dos tempos prodigalizado a seus adeptos ensinamentos variados, ricos em conteúdos científicos e filosóficos, como forma de transmissão do conhecimento. Atualmente, a Maçonaria como conhecemos, adveio do Iluminismo, movimento intelectual e filosófico surgido na segunda metade do século XVIII, o chamado "século das luzes". 5 Dicionário Macônico, Editora Madras, p. 258. 6 Nabucodonosor II [em acadiano Nabu-cudurri-utsur], (c. 632 a.C.- 562 a. C.), é o filho e sucessor do Rei Nabopolasar, e governou durante 43 anos o Império Neo-babilónico, entre 604 a.C. a 562 a.C.. Não deve ser confundido com Nabucodonosor I. É o mais conhecido governante do Império Neo-babilónio. Casou-se em 612 a.C. com a filha de Ciáxares, rei da Média. Foi sucedido pelo seu filho Evil-Merodaque. Ficou famoso pela conquista do Reino de Judá e pela destruição de Jerusalém e seu Templo em 587 a.C., além de suas monumentais construções na cidade da Babilónia: entre elas, os Jardins Suspensos da Babilônia, que ficaram conhecidos como uma das sete maravilhas do mundo antigo. (Wikipédia, acesso em 05/02/08). Enfatizava a Razão e a Ciência como formas de explicar o Universo. Foi um dos movimentos impulsionadores do capitalismo e da sociedade moderna. Foi muito dinâmico nos países protestantes e lento, porém com gradual influência, na maioria dos países católicos7. Com pilares no evolucionismo, filantropia, liberalismo, solidariedade, amor, estudo e à pesquisa, a liberdade de pensar e de examinar a coisa pensada, a Maçonaria a partir deste momento passa a ser dividida em dois momentos, a Operativa e a Especulativa. A Maçonaria Operativa, que surgiu nas origens humanas, “pós-caverna”, era semelhante às corporações de oficio8, constituída 7 Wikipédia, acesso em 05/02/08. 8 As Corporações de Ofício foram associações que surgiram na Idade Média, a partir do século XII, para regulamentar o processo produtivo artesanal nas cidades que contavam com mais de 10 mil habitantes. Cada corporação agregava pessoas que exerciam o mesmo ofício. Eram elas as responsáveis por determinar preços, qualidade, quantidades da produção, margem de lucro, o aprendizado e a hierarquia de trabalho.Todos aqueles que desejavam entrar na corporação deveriam ser aceitos para a função de aprendiz, que não recebia salário, por um exclusivamente em preservar os interesses comuns e profissionais da classe de obreiros9, transmitindo o conhecimento matemático/geométrico de forma segura e fidedigna. Os documentos afirmam que a Maçonaria Operativa possuem prova de origem em 02 de fevereiro de 1356, por iniciativa de doze maçons, que deram entrada na prefeitura de Londres com um pedido, onde estava previsto que suas reuniões seriam vetadas a não membros e que seriam submissos às leis e às autoridades constituídas. Se considerarmos que a Maçonaria Operativa é a transmissão de conhecimento científico a determinado grupo de pessoas, com interesse em resguardar a propagação da informação, de modo a construir um “nincho” de mercado, transmitindo conhecimento cientifico, criando e valorizando a mão de obra qualificada, é de se constatar que essa Maçonaria teve inicio com a descoberta do fogo, uma vez que naquele momento, o detentor do conhecimento, ao transmiti-lo a um determinado grupo de “escolhidos” praticava a arte maçônica. Assim, por este ângulo da verdade, o mestre, aquele que detinha as ferramentas e fornecia a matéria-prima. As corporações de ofício delimitavam suas áreas de atuações de forma estrita, de modo que não existia sobreposição de competências, por exemplo, uma alfaiataria não poderia consertar roupas, assim como uma oficina de conserto não tinha permissão de confeccionar peças novas. (Wikipédia, acesso em 05/02/08). 9 Melkisedek aponta que não existe relação comprovada entre as antigas corporações de construtores do período bíblico, egípcio ou romano com a Maçonaria Operativa do tempo Iluminista. Diz que as últimas corporações romanas desapareceram em torno do ano 600, na Itália, e cita que segundo Nicola Aslan, na Inglaterra, não havia nem mesmo vestígios da antiga arte. entendimento é que ela existiu desde sempre, logo, podemos constatar que outras afirmações são especulações em busca de um momento histórico que realmente defina seu inicio. É irrelevante isso. De outra dicotomia, a Maçonaria Especulativa surgiu como iniciativa da filosofia moderna, em 166610, como iniciativada filosofia moderna e sua luta para conseguir a autonomia do pensamento frente aos ditames do dogma teológico e seu esforço no sentido de elaborar uma interpretação nova do mundo e da vida, que não elimina o motivo religioso, mas que atende em primeiro lugar, e cada vez mais, a compreensão das coisas, mediante o livre uso da inteligência e com uma firme predileção pelo natural, concretamente humano, o terreal11. O marco de existência da Maçonaria Especulativa, ou Maçonaria Livre (freemassons), data de 24 de junho de 1717, com a criação da Grande Loja de Londres. Esta organização reclamou a jurisdição sobre os construtores de Londres e arredores e um dos seus objetivos nos primeiros vinte anos da sua existência eram a organização e articulação de uma estrutura administrativa de controle sobre as Lojas existentes nessa área, designadamente com a 10 Melkisedek cita o Ir.:. Vanildo de Senna, em tese que a Maçonaria Especulativa desenvolveu-se em três períodos, em primeiro a Reforma, que pôs termo a construção de grandes edifícios religiosos católicos, segundo, à Renascença, que destronou o estilo gótico terceiro, ao grande incêndio de Londres, que fez perder a Companhia dos Maçons e seus privilégios medievais e permitiu emprego aos estrangeiros o emprego na reconstrução da grande metrópole. 11 Raimundo Rodrigues, A Filosofia da Maçonaria Simbólica, Editora A Trolha, Pag. 22. emissão de cartas-constitutivas das Lojas pela Grande Loja e a exigência desta de que aquelas obedecessem às regras por si instituídas. Paralelamente a este controle administrativo foi desenvolvida uma apreciável atividade cultural e social, para um alinhamento político no apoio ao Príncipe de Gales contra seu pai, o rei Jorge II. Por outro lado, exerceu um forte esforço no estudo e divulgação da geometria, em conexão com os desenvolvimentos do pensamento científico da época. Teve também um papel importante ao nível estético, pois as primeiras atividades da Grande Loja estiveram explicitamente ligadas ao suporte da arquitetura vitruviana12, em oposição à tradição gótica. Esta Maçonaria é caracterizada como resultado de uma evolução com a iniciação do primeiro não profissional, em 08 de junho de 1600, e depois, passa pela iniciação de brilhantes pensadores, tendo suas bases reformadas em 1717 e 1725, renovada pelos graus superiores. 12 Marcos Vitrúvio Polião, em latim Marcus Vitruvius Pollio, foi um arquiteto e engenheiro romano que viveu no século I a.C. e deixou como legado a sua obra em 10 volumes, aos quais deu o nome de De Architectura (aprox. 40 a.C.) que constitui o único tratado europeu do período grego-romano que chegou aos nossos dias e serviu de fonte de inspiração a diversos textos sobre construções, hidráulicas, hidrológicas e arquitetônicas desde a época do Renascimento. Na obra de Vitrúvio, definem-se três os elementos fundamentais da arquitetura: a firmitas (que se refere à estabilidade, ao caráter construtivo da arquitetura), a utilitas (que originalmente se refere à comodidade e ao longo da história foi associada à função e ao utilitarismo) e a venustas (associada à beleza e à apreciação estética). Desta forma, e segundo este ponto de vista, uma construção passa a ser chamada de arquitetura quando, além de ser firme e bem estruturada (firmitas), possuir uma função (utilitas) e for, principalmente, bela (venustas). Há que se notar que Vitrúvio contextualizava o conceito de beleza segundo os conceitos clássicos. Portanto, a venustas foi, ao longo da história, um dos elementos mais polémicos das várias definições da arquitetura (Wikipédia, acesso em 05/02/08). Em síntese, podemos dizer que a Maçonaria Operativa foi o fertilizante necessário para o surgimento da Maçonaria Especulativa, já que as regras básicas da Operativa estavam relacionadas a talhar a pedra bruta, de forma a transformá-la em uma pedra polida e utilizável nas construções. Esta transição iniciou-se quando, utilizando recintos de tabernas e hospedarias, lojas eram criadas para a discussão de projetos, entre os quais, em 1275, ocorria a Convenção de Estrasburgo, convocada pelo mestre dos canteiros e da catedral de Estrasburgo, Erwin de Steinbac, para terminar as obras do templo. A essa convocação acorreram os mais famosos arquitetos da Inglaterra, da Alemanha e da Itália, que criaram uma Loja, para as assembléias e discussão sobre o andamento dos trabalhos, elegendo Erwin como Mestre de Cátedra (Meister von sthul). A palavra Loja, por sinal, foi mencionada pela primeira vez em 1292, em documento de uma guilda13. Loja, do germânico leubja (pronúncia: lóibja), através do francês lodge, designava o lar, a casa, o abrigo, o pátio, o alpendre e, também, a entrada de edifício, ou galeria usada para exposições artísticas e venda de produtos artesanais. As guildas de mercadores assim designavam seus locais de depósito e venda de produtos manufaturados, enquanto que as guildas artesanais adotaram o termo para designar o seu local de trabalho, ou seja, as oficinas dos artífices. Próximo desse tempo, ou seja, no século XIV, começava, também, a atuação do Compagnonnage (Companheirismo), criado pelos cavaleiros templários. Os membros dessa organização construíram, no Oriente Médio, formidáveis cidadelas, adquirindo certo número de métodos de trabalho herdados da Antiguidade e constituindo, durante as Cruzadas, verdadeiras oficinas itinerantes, para a 13 Associação de auxílio mútuo constituída na Idade Média entre as corporações de operários, artesãos, negociantes ou artistas. (Aurélio Eletrônico, v3.0/99). construção de obras de defesa militar, pontes e santuários. Retornando à Europa, eles tiveram a oportunidade de exercer o seu ofício, construindo catedrais, igrejas, obras públicas e monumentos civis. A Ordem da Milícia do Templo, ou Ordem dos Templários, foi uma ordem religiosa e militar, criada em 1118, com estatutos feitos pelo abade de Clairvaux (São Bernardo). Os Templários organizaram o Compagnonnage, dando-lhes um estatuto chamado Santo Dever, de acordo com sua própria filosofia, e trouxeram para o ocidente uma série de símbolos e cerimônias pertencentes à tradição maçônica, e possuíram certos conhecimentos, que hoje são ministrados apenas em certos graus ritualísticos. Segundo Gervásio de Figueiredo, os Templários foram um dos repositórios da sabedoria oculta na Europa, durante os séculos doze e treze, porem seus segredos eram transmitidos tão só a alguns de seus membros selecionados. Em suas seções religiosas, as cerimônias de recepção eram executadas sobre estrito sigilo, e daí, naturalmente, a razão de lhe haverem os leigos atribuídos as mais horríveis práticas e histórias infundadas. Depois da tomada de Jerusalém pelos Sarrascenos14, em 1921, adveio a queda do Reino Latino, o quartel general da Ordem foi transferido da Cidade Santa para Chipre e Paris passou a categoria de seu principal centro na Europa. Por certo que esta derrota das cruzadas, em que 14 Os Sarracenos (do grego sarakenoi), são um povo nômade pré-islâmico, que habitava os desertos situados entre a Síria e a Arábia (Wikipedia, acesso em 10/02/08). o túmulo de Cristo caiu nas mãos dos “infiéis”,abalou a posição da Ordem dos Templários. Suas posses começaram a ser avidamente cobiçadas por Felipe IV, que necessitava de dinheiro e depois de ter confiscado os haveres dos banqueiros, lombardos e judeus, volveu gulosas vistas aos Templários. Interessado na desmoralização da Ordem, levantaram as mais vis e inverídicas acusações de blasfêmia e imoralidade, idolatria a cultos diabólicos, e numa sexta feira, 13 de outubro de 1307, Felipe IV mandou prender todos os Templários da França, e o seu Grão Mestre, Jacques de Molay15, com a conivência do papa Clemente V, foi executado na fogueira em 1314. No entanto, a destruição da Ordem não acarretou a supressão completa de seus ensinamentos mais profundos. Certos Cavaleiros Templários franceses se refugiaram entre seus Ir∴s nos templos da Escócia, onde suas tradições vieram a se misturar, em certa medida, com ritos celtas de Heredom16. A Maçonaria Especulativa também recebe as influências dos mestres da cabala17, emprestando deles toda a linguagem cifrada e da filosofia hermética e, inclusive o pensamento rosa-cruz. 15 Jacques De Molay (Vitrey, 1243/1244 ou 1249/1250 - Paris, 18 de Março de 1314) nasceu no Condado da Borgonha e pertencia a uma família da pequena nobreza franca. Em 1265 foi recebido na Ordem do Templo, na pequena cidade de Beaune por Hubert de Pérraud que detinha o cargo na ordem de visitador da França. Foi o 23º Grão-mestre dos cavaleiros templários e oficialmente o seu último, quando foi queimado vivo na Ile de la Cité, pequena ilha localizada no meio do Rio Sena, em Paris. Pouco ou nada se sabe da sua juventude, só começando a ter maior evidência depois do seu ingresso na ordem e no capítulo de emergência em Chipre, efetuado devido à morte de Guillaume de Beaujeu, caído heroicamente na defesa de Acre, para eleger um sucessor. 16 Na tradição maçônica, se diz ser Heredom uma montanha mística, o que é alegoricamente certo, pois o monte tem sido tomado na antiguidade como símbolo de iniciação. 17 A "Cabala" é uma doutrina esotérica que visa conhecer a Deus e o Universo, sendo afirmado que nos chegou como uma revelação para eleger santos de um passado remoto, e reservada apenas a alguns privilegiados. Formas antigas de misticismo judaico consistiam inicialmente de doutrina empírica. Mais tarde, sob a influência da filosofia neoplatónica e neopitagórica, assumiu um carácter especulativo. Na era medieval desenvolveu-se bastante com o surgimento do texto místico, Sefer Yetzirah, ou Sheper Bahir que significa Livro da Luz, do qual há menção antes do século XIII. Porém o mais antigo monumento literário sobre a Cabala é o Livro da Formação (Sepher Yetsirah), considerado anterior ao século VI, onde se defende a idéia de que o mundo é a emanação de Deus. O Livro das Constituições – A Carta Constitutiva Os primeiros documentos concretamente maçônicos que implicam uma possibilidade estatutária por escrito, e não oral, como já dissemos acima, data de 1717. Trata-se de obra de dois pastores protestantes: James Anderson18 e J. T. Desaguliers19. Anderson transformou a primitiva estruturação sistemática dessa obra em um compêndio fechado em si mesmo: The Constitutions of the free-masons. Compilando princípios, sendo o primeiro esboço para a sistematização do pensamento maçônico, Anderson pensou na Maçonaria como uma estrutura aberta, de horizonte amplo para a liberdade do homem e sua religiosidade pessoal. Transformou-se em objeto de estudo sistemático do eleito, chamado o "baale ha-kabbalah-kabbalah" (בעלי הקבלה "possuidores ou mestres da Cabala "). Os estudantes da Cabala tornaram-se mais tarde conhecidos como maskilim משכילים) "o iniciado"). Do décimo terceiro século em diante ramificou-se em uma literatura extensiva, ao lado e frequentemente na oposição ao Talmud. Grande parte das formas de Cabala ensinam que cada letra, palavra, número, e acento da Escritura contêm um sentido escondido e ensina os métodos de interpretação para verificar esses significados ocultos (Wikipédia, acesso em 10/02/08). 18 James Anderson (n.1679-1739) nasceu e foi educado em Aberdeen, na Escócia. Ordenado ministro de Igreja da Escócia em 1707, deslocou-se para Londres, onde ministrou a congregação de "Glass House Street" até 1710, e a igreja Presbiteriana na Swallow Street até 1734, terminando em Lisle Street Chapel até à data da sua morte. É relatado por ter perdido uma soma grande de dinheiro no crash de South Sea Company em 1720. James Anderson é sobretudo conhecido pela sua associação com a Maçonaria (Wikipédia, acesso em 10/02/08). 19 John Theophilus ou Jean Théophile Desaguliers (La Rochelle, 13 de Março de 1683 - Londres, 29 de Fevereiro de 1744). Filósofo natural, nascido em França. Membro da Royal Society de Londres, assistente e divulgador de Isaac Newton(Wikipédia, acesso em 10/02/08). Naquele tempo, a maioria dos integrantes eram maçons operativos: pedreiros e carpinteiros, e o restante tinham traços distintos, compondo fundamentalmente por cavaleiros e nobres. O nobre “Livro de Constituição da antiga e honorável Fraternidade de Maçons Livres e Aceitos”, na qual estipula como primeira obrigação “deixar a todos os homens a liberdade de consciência”. Com este principio em tela, houve a possibilidade de que maçons europeus abrissem lojas a todos os livres-pensadores que quisessem se incorporar. Em 1723, quando a Grande Loja de Londres, então com sete anos de existência, promulgou o livro fundacional de Anderson, a franco- Maçonaria moderna foi apresentada ao mundo como uma instituição única em sua universalidade. A constituição de Anderson foi revisada e corrigida por quatorze intelectuais maçons, sendo dividida em três partes: uma seção histórica, uma segunda que exporia as obrigações e a terceira dedicada as canções que glorificavam a irmandade, para uso dos três graus: Apr∴, peão (companheiro) e mestre. A constituição, aprovada, foi levada a imprensa pelas autoridades da Grande Loja Inglaterra, aonde posteriormente, na Maçonaria francesa, seriam estipulados os 33 graus. Essa questão foi motivo de muita polêmica e causa do primeiro cisma maçônico, acusou-se a Grande Loja de Londres de apresentar um racionalismo imoderado, o que deu origem a Loja de York, quando introduziram um quarto grau, de caráter sincrético, um amalgama de doutrinas diversificadas de idéias, muitas vezes, inconciliáveis, batizado de Real Arco. Ali se origina um nome que pretende ser o denominador comum da divindade, “Jahbulon” ou “Jah-Bel-On” (Jah de Jahveh, Bel do caldeu Baal e On de divindade egípicia). Essa necessidade maçônica de juntar as religiões, de uniformizar pensamentos ou línguas em prol de um homem sem diferenças, levou à criação de um nome para o inominável. Sempre trabalhando sobre a idéia de unir e integrar a humanidade, foram maçons que pensaram em um idioma único, que se falasse universalmente, o esperanto20. 20 O esperanto é a língua planejada mais vastamente falada. Ao contrário da maioria das outras línguas planejadas, o esperanto saiu dos níveis de projeto (publicação de instruções) e semilíngua (uso em algumas poucas esferas da vida social). Suas regras fundamentais estabelecemcritérios de expansão lógicos e naturais, de modo que a língua se enriquece continuamente, seja através dos usos que se faz dela, seja agregando conteúdos novos, que não existiam nos primóridos de sua existência. Em 1954, a UNESCO passou a reconhecer formalmente o valor do esperanto para a educação, a ciência e a cultura, e, em 1985, novamente a UNESCO recomendou aos países membros a difusão do esperanto. Atualmente, após 1995, com a popularização e disseminação da internet, o movimento esperantista ganhou uma nova força propulsora. Um exemplo de como está a situação atual do esperanto é ver o número de artigos na língua na Wikipédia: mais de 90.000 em setembro de 2007, com índice de profundidade 1 — números maiores do que os de muitas línguas étnicas (Wikipédia, acesso em 10/02/08). No cortejo de sepultamento de Anderson, no ano de 1739, o jornal “The Daily Post” fez um relato de seu funeral: “Ontem foi sepultado, em um túmulo anormalmente profundo, o corpo do Dr. Anderson, professor não conformista. Os cordões do pano eram sustentados por quatro professores da mesma religião e pelo reverendo Dr. Desaguliers. O cortejo estava formado por uma dúzia de franco-maçons que rodeavam o túmulo. Depois que o Dr. Esrle pronunciou uma alocução sobre a certeza da existência (...), os Ir∴s tomaram uma atitude fúnebre, elevaram suas mãos, suspiraram e golpearam três vezes seus aventais em honra ao defunto”21. Pelo ano de 1815, quando a Grande Loja da Inglaterra se fundiu com a Grande Loja de York, tomando o nome de Grande Loja Unida da Inglaterra, acrescentaram novos aspectos de funcionamento, observados nos costumes e usos do oficio, “os ancient landmarks”. Os princípios dos Landmarks. Tendo como fundamentação a de princípios imutáveis, aceitos pelas obediências. Para Gervásio de Figueiredo, “os landmarks são invenção moderna e seus partidários nunca puderam chegar a um acordo quanto a sua fixação”. A.H. de Oliveira marques, em dicionário da Maçonaria Portuguesa, ensina que as origens de deve, provavelmente, a influência bíblica (Deut, XIX,14: Não tomarás nem mudarás os limites do teu próximo 21 Ralph T. Beck, A Maçonaria e outras sociedades secretas, Editora Planeta, Pag. 39. que os antigos estabeleceram na tua propriedade (...); Prov. XXII,28: Não transgredirás os antigos limites que puseram os teus pais”). Fato é que nunca conheceram compilação unanimemente aceite e autorizada, que pudesse funcionar como “declaração de princípios”, as duas compilações célebres e mais citadas são do norte-americano Albert Mackey e da Grande Loja Unida da Inglaterra. Desde Mackey, os landmarks tem sido matéria de especulação, tanto assim que em algumas publicações, seus números variam em até trinta, e alguns versam matéria que é mais pertinente ao Regulamento Geral ou ao Regime Interno da Loja. O que é proeminente é a vontade de não se alterar os princípios básicos da iniciação (isto é, dos três graus), que são comuns a todos os sistemas de “mistérios”. Na edição de Mackey são colocados três características básicas: 1. notional immemorial antiquity 2. universality 3. absolute "irrevocability". • Os processos de reconhecimento são os mais legítimos e inquestionáveis de todos os LANDMARKS. Não admitem mudança de qualquer espécie, pois, sempre que isso se deu, funestas conseqüências vieram demonstrar o erro cometido. • A divisão da Maçonaria Simbólica em três Graus é um LANDMARK que, mais do que nenhum, tem sido preservado de alterações, apesar dos esforços feitos pelo daninho espírito inovador. Certa falta de uniformidade sobre o ensinamento final da Ordem, no grau de Mestre, foi motivada por não ser o terceiro grau considerado como finalidade. • Lenda do Terceiro Grau é um LANDMARK importante, cuja integridade tem sido respeitada. Nenhum Rito existe na Maçonaria, em qualquer país ou em qualquer idioma, em que não sejam expostos os elementos essenciais dessa Lenda. • O governo da Fraternidade por um Oficial que a preside, denominado Grão Mestre, eleito pelo povo maçônico, é o quanto LANDMARK da Ordem. • A prerrogativa do Grão Mestre de presidir a todas as reuniões maçônicas realizadas onde e quando se fizerem é o quinto LANDMARK. • A prerrogativa do Grão Mestre de conceder licença para conferir graus em tempos anormais é outro importantíssimo LANDMARK. Os estatutos maçônicos exigem um mês, ou mais, para o tempo em que deva transcorrer entre a proposta e a recepção de um candidato. O Grão Mestre, porém, tem o direito de permitir a Iniciação imediata de qualquer candidato. • A prerrogativa que tem o Grão Mestre de autorização para fundar e manter Lojas é outro importante LANDMARK. Em virtude dele, pode o Grão Mestre conceder, a número suficiente de Mestres Maçons, o privilégio de se reunirem e conferirem graus. • A prerrogativa do Grão Mestre de formar Maçons, por sua deliberação, é outro importante LANDMARK, que carece ser explicado, controvertida como tem sido a sua existência. • Outro LANDMARK é o que afirma a necessidade de os Maçons se congregarem em Lojas. Sempre se prescreveu que os Maçons deviam congregar-se com o fim de se entregarem a tarefas operativa e que a essas reuniões fosse dado o nome de “Loja”. • O governo da Fraternidade, quando congregado em Lojas, por um Venerável e dois Vigilantes é também um LANDMARK. A presença de um Venerável e dois Vigilantes é tão essencial que, no dia da congregação, é considerada como uma Carta Constitutiva. • A necessidade de estar uma Loja “a coberto” quando reunida é um importante LANDMARK, que não deve ser descurado. O cargo de Guarda do Templo que vela para que o lugar das reuniões esteja absolutamente vedado à intromissão de profanos, independe, em absoluto, de qualquer lei de Grande Loja ou de Lojas subordinadas. • O direito representativo de cada Ir∴ nas reuniões gerais é um importante LANDMARK. Nas reuniões gerais, outrora chamadas de Assembléias Gerais, todos os Ir∴s, mesmo os simples Apr∴es, tinham o direito de tomar parte. Na Grande Loja só tem direito de assistência os Veneráveis e os Vigilantes, na qualidade de representantes de todos os Ir∴s da Loja. • O direito de recurso de cada Maçom das decisões de seus Ir∴s, em Loja, para a Grande Loja ou Assembléia Geral dos Ir∴s é um LANDMARK essencial para a preservação da Justiça e para prevenir a opressão. • O direito de todo Maçom visitar e tomar assento em qualquer Loja é um inquestionável LANDMARK da Ordem. É o consagrado direito de visitar, que sempre foi reconhecido como um direito inerente que todo Ir∴ exerce, quando viaja pelo Universo. É a conseqüência de encarar as Lojas como meras divisões por conveniência da Família Maçônica Universal. Nenhum visitante, desconhecido dos Ir∴s de uma Loja, pode ser admitido à visita, sem que, antes de tudo, seja examinado, conforme os antigos costumes. Esse exame só pode ser dispensado se o Maçom for conhecido de algum Ir∴ do Quadro que por ele se responsabilize. • Nenhuma Loja pode intrometer-se em assuntos que digam respeito a outras, nem conferir graus a Ir∴s de outros Quadros. • Todo Maçom está sujeito às Leis e Regulamentos da jurisdição maçônica em que residir, mesmo não sendo membro de qualquer Loja. A falta de filiação já é, em si, uma falta maçônica. • Por este LANDMARK os candidatos à Iniciação devem ser isentos de defeitos físicos ou mutilações, livresde nascimento e maiores. Uma mulher ou um escravo não pode ingressar na Ordem. • A crença no Grande Arquiteto do Universo é um dos mais importantes LANDMARK da Ordem. A negação desta crença é impedimento absoluto e insuperável para Iniciação. Subsidiariamente a esta crença é exigida a crença na prevalência do espírito sobre a matéria e em uma nova vida. • É indispensável a existência, no Altar, de um “Livro da Lei” – o Livro que, conforme a crença, se supõem conter a Verdade Revelada pelo G.A.D.U., Não cuidando a Maçonaria de intervir nas peculiaridades de fé religiosa de seus membros, esses livros podem variar de acordo com os credos. • Todos os Maçons são absolutamente iguais dentro da Loja, sem distinções de prerrogativas profanas, de privilégios que a sociedade confere. A Maçonaria a todos nivela nas reuniões maçônicas. • Este LANDMARK prescreve a conservação secreta dos conhecimentos havidos por Iniciação, tanto dos métodos de trabalho como de suas Lendas e Tradições, que só podem ser comunicadas a outros Ir∴s. O sigilo dos trabalhos em Loja é perpétuo. • A fundação de uma ciência especulativa, segundo métodos operativos, o uso simbólico e a explicação dos ditos métodos e dos termos neles empregados, com propósito de ensinamento moral, constitui outro LANDMARK. A preservação da Lenda do Templo de Salomão é o fundamento deste LANDMARK. • O último LANDMARK é o que afirma a inalterabilidade dos anteriores, nada podendo ser-lhes acrescido ou retirado, nenhuma modificação podendo ser-lhes introduzida. Assim como de nossos antecessores os recebemos, assim os devemos transmitir aos nossos sucessores. NOLONUM LEGES MUTARI. Melkisedek aponta que os principais Landmarkes relacionados são: A. De Mackey; B. De Enrique A. Lecerff; C. De Albert Pike; D. De Jean-Pierre Berthelon; E. De Joaquim Gervásio de Figueiredo; F. De Findel. Ainda explica que no momento em que vivemos, suscita inúmeras dúvidas com relação aos Landmarks, destacando-se a participação da mulher e de deficientes físicos, são questões que necessitamos discutir, mesmo que no fim, vença a tese de não alterar absolutamente nada. A visão do autor, mesmo que ainda iniciática, é resguardar o principio fundamental da igualdade, utilizada como um dos três pilares que sustentam a “idéia” maçônica, de modo a seguir os princípios, inclusive os constitucionais brasileiros, da não discriminação e de tolerância, nem que para isso seja necessário aprimorar os métodos de reconhecimentos, de modo a permitir que o deficiente físico faça parte, pela sua capacidade de ser humano, a de receber os ensinamentos dos Augustos Mistérios. Cabe finalizar que isso é discussão para outra prancha. A Maçonaria Moderna A história da Maçonaria se estende no tempo pelos diferentes países do mundo, sem conhecer fronteiras, raças ou idiomas. Cada país adota um modelo de loja ou, eventualmente, distintas maneiras de conceber a Maçonaria. Algumas são mais conservadoras, como as chamadas lojas regulares, que são reconhecidas e admitidas por uma Grande Loja, e existem aquelas que não seguem os alinhamentos-diretrizes, e são chamadas de lojas irregulares, como as lojas femininas ou mistas. O certo é que a Maçonaria está atravessada por uma diversidade de correntes filosóficas, religiosas, ideológicas, mais liberais ou ortodoxicas, que marcam diferenças no pensamento e na ação. As “obediências” são federações administrativas, ou de grupos nacionais de lojas. Várias “lojas formam uma “obediência”, e aceitam a prioridade de uma loja originária ou pelo menos concordam em submeter- se a uma certa coordenação. As Obediências Internacionais Em primeiro lugar, está a Grande Loja Unida da Inglaterra, a qual é reconhecida como loja-mãe para a maioria dos maçons no mundo. Outra obediência é constituída pelo Centro de União e Informações das Potências Maçônicas, assinantes do “apelo de E strasburgo”. Ela reúne, desde 1971, os Grandes Orientes da França, Bélgica e Alemanha e as Grandes Lojas da Holanda, Dinamarca e Itália. Estas ultimas obediências tem presença na América Latina e denunciam a Grande Loja da Inglaterra por seu caráter conservador e dogmático, e por sua impossibilidade de produzir modificações em seu pensamento. Estrutura de Obediências no Brasil Inicialmente, a Maçonaria Brasileira centralizava-se em um só Grande Oriente, mais tarde, esse dividiu-se em dois corpos independentes entre-si, fruto de uma dissidência, posteriormente, por mais outra dissidência, surgiu um segundo Supremo Conselho. O remanescente, legitimado por Carta Constitutiva procedente as Suiça, aglomerou as lojas dispersas, criando oito Grandes Lojas e outrogando-lhes Cartas Constitutivas, finalmente cada estado passou a criar sua própria Grande Loja, independente uma das outras. Com dois Grandes Orientes, o denominado “Beneditinos” e “Lavradio”, com sucessivas dissidências, alguns Estados formaram seus próprios Grandes Orientes Independentes. Embora a primeira Loja maçônica tenha surgido em águas territoriais da Bahia, em 1797, numa fragata francesa, a primeira Loja regular do Brasil foi a “Reunião”, fundada em 1801, no Rio de Janeiro, movida pela liturgia e com fins sócio-politicos. Antes disso, já existiam anteriormente agrupamentos secretos, em moldes mais ou menos Maçônicos, mas que não eram lojas, como o exemplo do “Areópago de Itambé”, fundado por Arruda Câmara22, nas raias das províncias de Pernambuco e da Paraíba. Existem, todavia, autores que, aproveitando de um período nebuloso e de total falta de registros históricos, falam de existências de Lojas, principalmente na Bahia, nos meados do Século XVIII, e apontam que os conjurados mineiros, principalmente Tiradentes, como maçons, sem que haja qualquer apoio histórico documental para tal afirmação. 22 Manuel Arruda Câmara (Pombal, Paraíba, segunda metade do século XVIII) foi um médico e botânico brasileiro (Wikipédia, acesso em 10/02/08). O barão de Rio Branco, Maçon iniciado em 1872 e acatado historiador, fala sobre uma Loja anterior a Reunião, com o título de União. Mas como o primeiro templo Maçônico do mundo, o da Grande Loja de Londres, só surgiu em 1776, é pouco provável que no Brasil colonial de 1800 já existissem templos. Em 12 de setembro de 1813, era fundada na Bahia, a Loja “União”, que juntamente com duas outras Lojas baianas, a “Virtude e Razão Restaurada” e a “Humanidade”, e com uma Loja do Rio de Janeiro, a “Beneficência”, teria dado origem a uma Grande Loja, e tomada como um “Grande Oriente Brasileiro”, o qual, segundo José Martins Jurado, em Maçonaria Adonhiramita, não pode ser considerada, pois alem de não ter existência legal, não era verdadeiramente um núcleo central e não exercia qualquer influência sobre as demais Lojas existentes. A importante, para a história do Grande Oriente do Brasil, foi a “Comércio e Artes”, fundada em 1815, que trabalhava inicialmente no Rito Adonhiramita23, porque os seus membros pretendiam criar uma Obediência brasileira, já desde a instalação da Loja, ocorrida em 1815, na casa de José Vahia. 23 O mais antigo documento conhecido referindo-se ao mestre arquiteto do Templo sob a denominação de Adonhiram é o Cathécisme des Francs Maçons ou Le Secret des Francs Maçons (Catecismo dos Franco-Maçons ou O Segredo dos Franco-Maçons),editado em 1744, de autoria, possivelmente, um abade, cujo nome seria Leonardo Gabanon. Em 1730, nasceu o Théodore de Tschoudy, considerado o organizador da segunda parte da obra Recueil Précieus de la Franc-maçonnerie Adonhiramite (Compilação Preciosa da Maçonaria Adorinamita), cuja primeira edição ocorreu em 1787. O Barão Tschoudy foi membro do parlamento de sua cidade natal, Metz, França, onde residiu de 1756 a 1765. Maçom entusiasta e estudioso, Tschoudy utilizou seu aguçado espírito crítico para bater-se contra a proliferação desordenada dos altos graus do Rito de Heredon, do qual derivariam alguns dos ritos atuais, como o escocês, o moderno e o Adonhiramita. Inicialmente, Tschoudy se propôs a reformar os graus então existentes, reduzindo-os a quinze e depurando-os de tudo o que não fosse fiel à tradição maçônica. Em 1766, Tschoudy publicou L'Étoile Flamboyante ou La Société des Francs-Maçons (a Estrela Flamígera ou A Sociedade dos Franco-Maçons), obra em que propôs a criação de uma nova Ordem de altos graus, a Ordem da Estrela Flamígera, com três graus: Cavaleiro de Santo André, Cavaleiro da Palestina e Filósofo Desconhecido. Desentendendo-se com os membros do novo Conselho, dedicou-se ao já citado Recueil Précieus de la Franc-maçonnerie Adonhiramite (Wikipédia, acesso em 10/02/08). Após o fracasso da Revolução Pernambucana24, de inspiração Maçônica, por força do Alvará Real25, que proibia as sociedades secretas, as Lojas resolveram cessar seus trabalhos, até que pudessem ser reabertas sem perigo. Os maçons, todavia, continuaram a trabalhar secretamente, no Clube da Resistência, fundado por José Joaquim da Rocha, e em 1821, alguns acontecimentos fariam com que a Maçonaria brasileira voltasse à atividade. A partir de 1822 a Maçonaria brasileira deixava de ser um grupo heterogêneo de Lojas para se transformar em mais uma célula do sistema obediêncial, o qual empolgava toda a Maçonaria mundial. Aos vinte e oito dias do terceiro mês do Ano da Verdadeira Luz de 5.822, achando-se abertos os Augustos trabalhos da nossa Ordem, no Grau de Apr∴ e havendo descido do Oriente o Ir∴ Graccho, Venerável da Loja Comércio e Artes, única até este dia existente e regular no Rio de Janeiro 24 A chamada Revolução Pernambucana, também conhecida como Revolução dos Padres, eclodiu em 1817 na então Província de Pernambuco, no Brasil. Dentre as suas causas destacam-se a crise econômica regional, o absolutismo monárquico português e a influência das idéias Iluministas, propagadas pelas sociedades maçônicas (Wikipédia, acesso em 10/02/08). 25 Publicado com data de 30 de março de 1818, “Eu El-Rei faço saber aos que este Alvará com força de Lei virem: (...) Sou Servido Declarar por Criminosas e Proibidas todas e quaisquer denominações que elas sejam; ou com os nomes e formas já conhecidas, ou debaixo de qualquer nome ou forma que de novo se disponha ou imagine; pois que todas e quaisquer deverão ser consideradas de agora em diante como feitas para o Conselho, e Confederação contra o Rei e o Estado. (...)Pelo que, Ordeno que todos aqueles, que forem compreendidos em ir assistir em Lojas, Clubes, Comitês ou qualquer outro ajuntamento de Sociedades Secretas; aqueles que para as ditas Lojas, ou Clubes, ou Ajuntamentos convocaremos outros; e aqueles que assistirem à entrada, ou recepção de algum sócio ou ela seja com juramento, - ou sem ele; fiquem incursos nas penas da Ordenação, Livro V, Título VI, parágrafos 5 e 9, as quais penas lhe serão impostas pelos Juizes e pelas formas e processos estabelecidas nas Leis para punir os Réus de Lesa- Majestade..." (...) Nas mesmas penas incorrerão os que forem Chefes ou Membros das mesmas Sociedades, qualquer que seja a denominação que tiverem, em se provando que fizeram qualquer ato, persuasão ou convite de palavra ou por escrito, para estabelecer de novo, ou para renovar, ou para fazer permanecer quaisquer das ditas Sociedades, Lojas, Clubes ou Comitês dentro dos Meus Reinos e seus Domínios; ou para a correspondência com outras fora delas, ainda que sejam praticados individualmente, e não em Associação de Lojas, Clubes ou Comitês (http://samauma.biz/site/portal/conteudo/opiniao/g00305alvaradjoaovi.htm, acesso em 10/02/08). (...)26. Essa é parte da certidão de nascimento do Grande Oriente do Brasil, obediência Maçônica nacional, primeira do Brasil, fundada por ocasião num sobrado localizado na esquina da rua de São Joaquim, com a rua do Fogo, aonde a alta administração (Grande Loja) do GOB ficou assim: José Bonifácio de Andrada e Silva (Grão Mestre), Marechal Joaquim de Oliveira Alvares (Delegado Grão Mestre), Joaquim Gonçalves Ledo (1º Grande Vigilante), Capitão João Mendes Viana (2º Grande Vigilante), Cônego Januário da Cunha Barbosa (Grande Orador), Capitão Manoel José de Oliveira (Grande Secretário), Francisco Luiz Pereira da Nóbrega (Promotor Fiscal), João da Rocha (Grande Cobridor), Joaquim José de Carvalho (Grande Experto). Segundo o site do Grande Oriente do Brasil, na seção do Museu Ariovaldo Vulcano, foram, até a data de 2008, os Grão Mestres do GOB, desde a fundação, os seguintes Maçons: 1) José Bonifácio de Andrada e Silva; 2) Dom Pedro I; 3) Antônio Francisco de Paula Holanda Cavalcanti Albuquerque; 4) Miguel Calmon Du Piu e Almeida Marques (Marquês de Abrantes); 5) Luiz Alves de Lima e Silva (Duque de Caxias); 6) Bento da Silva Lisboa; 7) Joaquim Marcelino de Brito; 8) José Maria da Silva Paranhos (Visconde do Rio Branco); 9) Francisco José Cardoso Júnior; 10) Luiz Antônio Vieira da Silva; 11) João Baptista Gonçalves de Campos; 12) Marechal Deodoro da Fonseca; 13) Antônio Joaquim de Macedo Soares; 14) Quintino de Souza Ferreira; 26 José Martins Jurado, Maçonaria Adonhiramita – Apontamentos, pag. 103. 15) Lauro Nina Sodré e Silva; 16) Francisco Glicério da Cerqueira Leite; 17) Veríssimo José da Costa; 18) Nilo Procópio Peçanha; 19) Thomas Cavalcante de Albuquerque; 20) Mario Marinho de Carvalho Behring; 21) Bernardino de Almeida Senna Campos; 22) Vicente Saraiva de Carvalho Neiva; 23) João Severiano da Fonseca Hermes; 24) Octávio Kelly; 25) José Maria Moreira Guimarães; 26) Joaquim Rodrigues Neves; 27) Benjamim de Almeida Sodré; 28) Cyro Werneck de Souza e Silva; 29) Álvaro Palmeira; 30) Moacyr Arbex Dinamarco; 31) Osmone Vieira de Resende; 32) Osíris Teixeira; 33) Mathatias Bussinger; 34) Jair Assis Ribeiro; 35) Enoc Almeida Vieira; 36) Moacys Sales; 37) Francisco Murilo Pinto; 38) Marcio Octávio Dias dos Santos; 39) Joferlino Miranda Pontes; 40) Manual Rodrigues de Castro; 41) Manir Hahhad; 42) Laelso Rodrigues; 43) Marcos José da Silva. As lojas de São João Os três primeiros graus das oficinas de iniciação na Maçonaria Especulatica (franco-Maçonaria) são denominados “lojas azuis” ou “lojas de São João”, nome este que já desperta uma primeira questão, a qual são João se referem? Para E.F. Bazot, citado por Ralph T. Beck, não se trataria de João Batista e nem João Evangelista, já que nem um, nem outro teria relação com a Ordem, mas de João Esmoleiro, santo da época dos cruzados. De outra forma, aponta a tese que Johanan, significa “misericórdia de Deus” e “louvor de Deus”, esses dois sentidos aplicam-se a ambos: O primeiro ao Batista e o segundo ao Evangelista, a misericórdia é descendente e o louvor é ascendente. Essa dualidade estabelece uma relação direta com as duas metades do ciclo anual, representadasnas festas de solstício de verão e de inverno. Para reforçar essa idéia, quanto ao “louvor de Deus”, João Evangelista aparece nos vitrais da Idade Média, e que o azul das oficinas de iniciação é o primeiro indicio do abandono do mundo profano. O simbolismo reconhece três cores azuis: um que emana do vermelho (martírio de João Batista), outro do branco e o terceiro, do negro. João Batista batiza o neófito com a água (azul), em seguida a regeneração do homem pelo fogo (vermelho). Como suporte a vida, o ar (branco) haverá de ser crucial na vida do ser humano, e por ultimo, a morte (negro) para regressar ao vermelho e á eterna transformação da matéria. Assim não podemos ignorar, tanto que o compendio Recueil Précieux de La Maconnerie Adonhiramite, de 1787, obra básica no qual se fundamenta o Rito Adonhiramita, que foi São João ao purificar, com as águas do Batismo, instituiu esse sacramento. M. J. Outero Pinto, em seu livro Compêndios Maçônicos do primeiro grau, retrata na página 71 a localização de 33 “Joões”, que tiveram seu período áureo e que caíram no esquecimento, tendo suas biografias reservadas aos museus e suas memórias reservadas aos túmulos e altares dedicados a esses “santos” do passado. Jules Boucher, em A Simbólica Maçônica, traz o prólogo de João Evangelista, e o define como um verdadeiro monumento esotérico: “No começo era o verbo,//e o Verbo estava com Deus,//e o Verbo era Deus.//Ele estava, no começo, com Deus.//Tudo era feito por ele//e, sem ele, nada se fez//de tudo o que foi feito.//A vida estava nele,//e a vida era a luz dos homens,//e a luz brilhava nas trevas,//e as trevas não o receberam.” Em certas Lojas, coloca-se a Bíblia aberta na primeira página do Evangelho de São João, qualificado freqüentemente como o “Evangelho do Espirito”. Sabemos que, de acordo com certos autores, São Pedro simbolizaria a igreja “exterior” e São João a igreja “interior”, por isso que se quis ver no vocábulo de São João utilizado pela Maçonaria a prova evidente de sua ligação com a Gnose, considerada como a doutrina secreta e interior da igreja. Anota, Jules Boucher, que o nome de João está ligado a misteriosa lenda do “Padre João”, dos séculos XII e XIII, que seria um soberano tártaro. Deve se notar ainda, que muitos imperadores da Abssínia chamavam-se João. Houve ainda quem relacionasse João a “Janus”, o Deus latino de dois rostos: Um de jovem, outro de velho, simbolizando, diz-se o passado e o futuro. Gnosiologia Maçônica O cristianismo peneirou a filosofia antiga com subjetividade e com direção de seu pensamento. Santo Agostinho27 introduziu o platonismo, enquanto São Thomas de Aquino28 adaptou o universo aristotélico ao cristianismo. Mas as idéias filosóficas antigas foram resguardadas pela corrente hermética, ou seja, pelo complexo mundo da alquimia, do materialismo grego e do racionalismo pitagórico. 27 Aurélio Agostinho (do latim, Aurelius Augustinus), Agostinho de Hipona, São Agostinho ou Santo Agostinho[1] foi um bispo católico, teólogo e filósofo que nasceu em 13 de Novembro de 354 em Tagaste (hoje Souk-Ahras, na Argélia); morreu em 28 de Agosto de 430, em Hipona (hoje Annaba, na Argélia). É considerado pelos católicos santo e Doutor da Igreja (Wikipédia, acesso em 10/02/08). 28 São Tomás de Aquino, OP, (Roccasecca, 1225 — Fossanova, 7 de Março 1274) foi um frade dominicano e teólogo italiano. Foi o mais distinto expoente da Escolástica. Foi proclamado santo pela Igreja Católica e cognominado de Doctor Communis ou Doctor Angelicus (Wikipédia, acesso em 10/02/08). Os pitagóricos valeram-se dos números para fundamentar a racionalidade e de si mesmos para aceitar a irracionalidade. A partir dos números formaram a mística, e os aspirantes a entrar nas confrarias pitagóricas deviam passar por uma iniciação, porque a escola nasceu como uma fraternidade fechada e com regras específicas de convivência. O sentimento de renuncia tornou-se, daí, predominante na Idade Média, significou a mortificação da carne e purgação dos vínculos com o corpo, para libertar-se dessa condição, o homem iniciado deveria possuir conhecimento da alma, do espírito, estando em contato com sua transcendência. Para esta evolução, era necessário condicionar a validade de um principio a todos os outros, por esta extensão de prioridade, temos o estudo da metafísica, já que o saber se organizou e ividiu em diversas ciências, relativamente independentes e capazes de exigir a determinação de suas inter-relações e sua integração com base num fundamento comum. Essa era precisamente a situação que se verificava em Atenas, em meados do séc. IV a.c., graças a obra de Platão, que contribuíram poderosamente para o desenvolvimento da ética, matemática, física e política. Platão apresentou a exigência da formação dessa ciência suprema, depois de esclarecer a natureza das ciências particulares que constituem o currículo do filosofo. Nessa ciência das ciências, Platão reconhecia a dialética, cuja tarefa fundamental seria criticar e joeirar as hipóteses que cada ciência adota como fundamento, mas que “não ousam tocar porque não estão em condições de explica-las”. É neste contexto que a Maçonaria moderna se faz presente, justamente a acenção dos graus não é outra coisa senão a paulatina elevação do conhecimento. Não é uma religião, mas tenta ser um ponto de encontro de religiões, de correntes filosóficas, de crenças antigas ou de ideologias modernas. Para a Maçonaria, o ser humano leva dentro de si uma partícula divina, a tarefa é chegar a ela e aprender, esse Aprendizado é um caminho de conhecimento de si mesmo e do mundo. Ao alcançar esta partícula, o homem deve liberá-la para morrer, e então renascer, do que se desprende que a natureza do homem é cíclica. Para levar a cabo essa missão pessoal, é necessária a presença de um guia, um “iniciador” que transmita ao “neófito” o segredo da libertação. Os ritos praticados em segredo são a imagem desse processo interior, permitindo a elevação para a sabedoria de maneira progressiva e realizada por meio de adequada dosificação no Aprendizado (“um Apr∴ que recebeu mui fraca luz não tem condições de suportar maior claridade”). O estudo é necessário, uma vez que, por exemplo, a religião Busdista não concebe temer a Deus nem infundir este temor a ninguém. Para essa idéia, “Deus é carne, pois é criação do Homem”, e em exegese ao pensamento filosófico maçônico abre o curso de um dos braços importantes do rio da ordem. Nesta semântica de estudos, segundo a Alquimia, a noção de um espírito incorpóreo, não encarnado, parece absurdo. O homem, segundo Paracelso, abrange e compreende o “mundo sensível e material, os astros e Deus”. O Deus de Paracelso não está fora do mundo, mas sim é o homem quem compreende Deus no mundo, viu o mundo em Deus e Deus no mundo (“No começo era o verbo,//e o Verbo estava com Deus,//e o Verbo era Deus...), e o homem participando dos dois e compreendendo-os. Todos os sinais Maçônicos se relacionam com a natureza, é uma energia dispersada em todo o universo. A água, o ar e o fogo são os três elementos que participam dos rituais maçons, tanto na iniciação, quanto na despedida, quando o Maçom passa a “decorar o oriente eterno”. Temos um quarto elemento que é a terra – simbolicamente a mãe, constitui o ponto de partida e de chegada, sendo necssário dar a volta inteira, do traçadorealizado pelo compasso. Neste sentido, o circulo, então, é o símbolo da vida. Essa simbologia é representada nos templos maçônicos pelo delta luminoso, que brilha no oriente de cada oficina, seus três lados simbolizam nascimento, vida e morte. A alma humana é tão ilimitada como Deus, por ser alma “afim” de Deus, esse é o motivo pelo qual o pensamento e a liberdade do homem são ilimitados. Aqui esta a base da ideologia Maçônica, sustentar a liberdade de consciência e intelecto. As Escolas do Conhecimento Maçônico À medida que os conhecimentos científicos e históricos progrediram em outros campos da pesquisa, e especialmente na análise critica de escrituras, os métodos científicos foram gradativamente sendo aplicados ao estudo da Maçonaria, em conseqüência disto abre-se linhas de investigação, denominadas escolas de conhecimento, agrupadas segundo suas relações. Cada um desses grupos tem características próprias, afins com a Maçonaria, com seus próprios cânones de interpretação dos símbolos e cerimônias, conquanto seja claro, muitos modernos são influenciados por mais de uma escola. A Escola Autêntica A escola Autêntica se sustenta pelo fulcro da análise histórica dos documentos maçônicos, em especial pelo empreendimento de enormes pesquisas nas atas das Lojas e em documentos de diversas espécies, que tratavam do passado e do presente da Ordem. Para Joaqui Gervásio de Figueiredo, neste setor os maçons devem muito a R. F. Gould, o grande historiador maçônico; a W. J. Hughan, G. W. Speth, David Murray-Lyon, o historiador da Maçonaria Escocesa; ao Dr. Chetwod Crawley, cujo tratado sobre a primitiva ordem Irlandesa se tornou clássico; e a outros do Círculo Interno da famosa Loja Quattour Coronati, nº 2076, cujos anais fascinantes são uma mina de preciosos ensinamentos históricos e arqueológicos. Na Alemanha, dois grandes nomes são J. F. Fludelo, historiador; e Dr. Wolhelm Begemann, que fez as mais minuciosas e, esmeradas pesquisas nas Antigas Constituições da Ordem. Uma vasta soma de material de permanente utilidade para os estudiosos de nossa Ordem tornou-se assim acessível graças ao labor dos cultores da Escola Autêntica29. A validade cultural dessa escola deve ser considerada a que esse método de investigação se esbarra a limitações: inúmeras atividades maçônicas jamais foram escritas, uma vez que, até os dias atuais, boa parte do conhecimento maçônico é transmitido oralmente em Lojas, denotando assim um valor parcial a descoberta do conhecimento. Ainda para Gervásio, a tendência desta escola é, portanto, muito naturalmente, de fazer a Maçonaria derivar das Lojas e Guildas operativas da Idade Média, e fazer supor que os elementos especulativos foram enxertados no tronco operativo - hipótese esta não contraditada pelos arquivos existentes. Afirma o Ir∴ R.F. Gould que se pudermos admitir que o simbolismo (ou cerimental) da Maçonaria é anterior a 1717, não 29 Joaquim Gervásio de Figueiredo, Dicionário de Maçonaria, Editora Pensamento, Pag. 240. haverá, praticamente, limites na computação de sua idade30. Mas muitos outros escritores não vão além dos construtores medievais, na procura da origem de nossos Mistérios. Entre os adeptos desta escola há a tendência, também muito natural quando se sustenta tal teoria de origem, de negar a validade dos graus superiores e de declarar, de acordo com o Ato Solene de União entre as duas Grandes Lojas Maçônicas da Inglaterra, em 1813, que a "pura Maçonaria Antiga consiste de três graus e não mais, I. É, os de Apr∴, II. De Companheiro e III. Mestre Maçom, inclusa a Ordem Suprema do Santo Real Arco31. Todos os demais graus e ritos são encarados pelos mais rígidos adeptos desta escola como sendo Inovações continentais e são, conseqüentemente, rejeitados como sendo Maçonaria "espúria". A análise critica dessa escola, na Maçonaria brasileira, se esbarra no abismo cultural da leitura e pesquisa, visto como uma tortura pela maioria. Segundo o Ir.:. Mahon, no artigo Hermenêutica Maçônica: Por uma integração de visões, “o viés histórico é bastante ignorado pelos maçons, relegando as instruções apenas para o prisma simbólico ou gnóstico. Provavelmente, ocorre tal omissão por duas razões – a primeira, de ordem objetiva, falta de leitura. Assim, é muito mais fácil atribuir uma significação bastante subjetiva aos elementos maçônicos de um Templo ou constantes de um ritual do que se debruçar em monografias geralmente em outras línguas. ‘A tradição ensina’, ‘pensamos que’, são típicos complementos de uma origem racional preterida pelo gosto impregnado de subjetivismo”. 30 Joaquim Gervário de Figueiredo, apud Concise History of Pree-rnansory, p. 55. 31 Joaquim Gervásio de Figueiredo, apud Book of Constitutions, 1884, p. 16. A Escola Antropológica A Escola Antropológica é considerada pela gnosiologia como a interpretação simbólica, que pela repetição o neófito será inserido no ensinamento moral. Para Gervásio, essa escola está ainda em processo de desenvolvimento e aplica as descobertas da antropologia aos estudos da história maçônica, com notáveis resultados. Os antropologistas têm reunido um vasto cabedal de informações sobre os costumes religiosos e iniciatórios de muitos povos, antigos e modernos; e os Maçons estudiosos neste campo têm encontrado muitos de nossos símbolos, tanto da Ordem como de graus superiores, nas pinturas murais, gravuras, escultura e edifícios das principais raças do mundo. Portanto, a Escola Antropológica concede à Maçonaria uma antigüidade muito maior do que a tida pela Autêntica, e assinala surpreendentes analogias com os antigos Mistérios de muitas nações, os quais possuíram claramente nossos símbolos e sinais, com toda a probabilidade, cerimônias análogas às executadas atualmente nas Lojas Maçônicas. Os antropologistas não confinam seus estudos apenas ao passado, mas têm investigado os ritos iniciatórios de numerosas tribos selvagens existentes tanto na África como na Austrália, e os têm encontrado possuírem gestos e sinais ainda em uso entre os Maçons. Entre os habitantes da Índia e da Síria têm sido encontradas impressionantes analogias com nossos ritos maçônicos, entremeados com suas filosofias religiosas, de tal maneira que torna inteiramente impossível a idéia de que tivessem sido copiados de fontes européias. Os Maçons estudiosos de modo algum esgotaram os fatos que ainda se podem descobrir neste interessantíssimo campo de pesquisas, porém mesmo com nossos atuais conhecimentos é evidente que ritos análogos aos que chamamos maçônicos existem entre os mais antigos do globo, e podem ser encontrados sob uma forma ou outra em quase todas as partes do mundo. Nossos sinais existem no Egito e México, na China e Índia, na Grécia e Roma, nos templos de Burma e nas catedrais da Europa medieval. Além de que no sul da Índia existem santuários onde são ensinados os mesmos segredos sob compromissos de juramento tal como nos são comunicados na Ordem e nos graus superiores da Europa e América modernas. Gervásio destaca que entre os pioneiros neste campo devemos mencionar o Ir∴ Albert Chuchward, autor de interessantes livros sobre a origem egípcia da Maçonaria, conquanto pareça
Compartilhar