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Recife, 2010
Teoria da Literatura
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO (UFRPE)
COORDENAÇÃO GERAL DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EAD/UFRPE)
Telma Maria Dutra
Volume 3
Universidade Federal Rural de Pernambuco
Reitor: Prof. Valmar Corrêa de Andrade
Vice-Reitor: Prof. Reginaldo Barros
Pró-Reitor de Administração: Prof. Francisco Fernando Ramos Carvalho
Pró-Reitor de Extensão: Prof. Paulo Donizeti Siepierski
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação: Prof. Fernando José Freire
Pró-Reitor de Planejamento: Prof. Rinaldo Luiz Caraciolo Ferreira
Pró-Reitora de Ensino de Graduação: Profª. Maria José de Sena
Coordenação Geral de Ensino a Distância: Profª Marizete Silva Santos
Produção Gráfica e Editorial
Capa e Editoração: Rafael Lira, Italo Amorim e Everton Felix
Revisão Ortográfica: Elias Vieira
Ilustrações: Allyson Vila Nova
Coordenação de Produção: Marizete Silva Santos
Sumário
Apresentação ................................................................................................................. 4
Conhecendo o Volume 3 ................................................................................................ 5
Capítulo 1 – Os Gêneros Literários nas Poéticas de Platão e de Aristóteles ..................... 7
Os Gêneros Literários ......................................................................................................8
O Gênero Lírico ................................................................................................................9
Galeria de Talentos Literários ........................................................................................19
Capítulo 2 – O Gênero Épico ......................................................................................... 24
O Gênero Épico ou Narrativo .........................................................................................24
Voltando ao Assunto......................................................................................................26
Diferentes Modalidades da Narrativa ............................................................................27
Voltando aos Textos Narrativos .....................................................................................37
Capítulo 3 – Gênero Dramático .................................................................................... 45
A Arte Dramática ...........................................................................................................46
O Gênero Dramático na Grécia Antiga ...........................................................................48
O Teatro Brasileiro .........................................................................................................51
Galeria de Talentos Brasileiros .......................................................................................54
Considerações Finais .................................................................................................... 60
Conheça a Autora ........................................................................................................ 62
4
Apresentação
Olá, amigo(a) cursista,
Seja bem-vindo(a) ao terceiro módulo da disciplina Teoria da Literatura. Esperamos que você tenha 
concluído de forma bastante satisfatória o nosso segundo módulo e que esteja movido por novas expectativas para 
este presente módulo. Aqui iremos abordar a questão dos gêneros literários. Faremos um passeio teórico de Platão 
a Aristóteles, Horacio. Dos filósofos gregos à contemporaneidade, pretendemos desenvolver a problemática dos 
gêneros literários. 
Você terá oportunidade de formular seus próprios conceitos a partir dos princípios apresentados em nosso 
estudo. Incluiremos alguns exemplos de nossa literatura brasileira para fundamentar a nossa compreensão acerca 
dos gêneros. 
Você será convidado a dedicar-se mais à leitura e a vê-la como um instrumento de lazer e deleite. Afinal, 
a leitura poderá representar uma forma de diversão? Quantos livros você leu por mero prazer de ler? É muito 
significativo realizarmos esta reflexão nessa altura de nosso curso, não é mesmo? Afinal você será um professor de 
Língua Portuguesa. E, não somente nós que trabalhamos mais precisamente com a língua portuguesa, mas todos os 
docentes de quaisquer disciplinas, deveríamos vivenciar a prática da leitura como uma atividade lúdica que poderia 
estar presente em nossos dias sempre que possível. Essa vivência dará a nossos alunos um exemplo vivo do que 
teorizamos sobre a importância do hábito da leitura. 
Não podemos incentivar em alguém aquilo que não praticamos em nossa própria vida cotidiana, não é 
mesmo? Quantos de nós, em idade estudantil nos cursos fundamental e médio, vimos nossos professores com 
livros que não fossem os didáticos ou aqueles recomendados para leitura, os paradidáticos, apenas destinados às 
notas dos bimestres? Não se pode estimular nos alunos aquilo que não vivenciamos!
Vamos dar vida aos nossos exemplos, meus prezados! Contamos com sua dedicação para mais esse nosso 
módulo. Pretendemos fazê-lo o mais claro e simples possível para que você obtenha conhecimentos e não antipatize 
a teorização exigida pela temática. Acreditamos que você apreciará o presente conteúdo. Inclusive, é muito 
provável que retomemos alguns conceitos já abordados nos módulos anteriores. Dessa forma, haverá momentos 
de maior intimidade com o texto literário. Então, vamos recomeçar nossos estudos? Não esqueça, seu empenho é 
imprescindível para o seu sucesso! Bons estudos!
Telma Maria Dutra
Professora Autora
5
Teoria da Literatura
Conhecendo o Volume 3
Módulo 3 – Visão Panorâmica dos Gêneros Literários
O presente módulo proporcionará a você o contato com algumas das diversas 
conceituações sobre os gêneros literários. Iremos da teorização à exemplificação de textos 
referentes aos respectivos gêneros estudados. Você terá oportunidade de conhecer os 
princípios teóricos de Platão e Aristóteles, os quais deram origem à maioria das ideias 
voltadas para os gêneros literários estudadas ainda nos dias atuais. Vamos lá!
Carga horária: 15h
» Os Gêneros Literários nas Poéticas de Platão e de Aristóteles;
» O Gênero Lírico;
» O Gênero Épico;
» O Gênero Dramático.
Objetivos do Módulo 3:
1. Reconhecer os princípios teóricos de Platão e de Aristóteles, referentes aos gêneros 
literários;
2. Identificar o gênero lírico e reconhecer suas características em textos propostos 
para análises;
3. Distinguir o gênero épico e apontar suas características em exercícios sugeridos;
4. Indicar os elementos que compõem a estrutura do texto dramático em exercícios 
propostos.
6
Teoria da Literatura
Capítulo 1
O que vamos estudar no 1° capítulo?
Nesse capítulo, iremos estudar e dialogar sobre Os Gêneros Literários nas Poéticas 
de Platão e de Aristóteles, focalizando mais de perto o Gênero Lírico.
Metas
Após o estudo desse capítulo, esperamos que você seja capaz de:
1. Identificar o pensamento de Platão e de Aristóteles sobre os gêneros literários, 
apontando-os como precursores do estudo relativo a esta temática.
2. Distinguir as características do gênero lírico, sendo capaz de reconhecê-las em 
textos propostos para atividade.
7
Teoria da Literatura
Capítulo 1 – Os Gêneros Literários nas 
Poéticas de Platão e de Aristóteles
Vamos conversar sobre o assunto?
Caro(a) cursista,
Neste capítulo, iremos conhecer um pouco sobre o pensamento grego relativo 
aos gêneros literários. Você se familiarizará com princípios teóricos que servirão para seus 
estudos atuais e futuros. Você perceberá que já ouviu falar nesses conceitos e que os livros 
didáticos se apóiam nessa teorização. Vamos aos nossos estudos?
Minibiografia
 
Aristóteles
Filósofo grego, nascido em Estágira (384-322 a. C). Aos 17 anos conheceu a Academia de Platão 
em Atenas, lá permanecendo durante vinte anos, a princípio como discípulo, em seguida como 
professor. De lá só saiu depois da morte de seu mestre em 347 a. C. Aristóteles elaborou estudos 
em diversasáreas do conhecimento humano, tais como: moral, ética, teologia, pedagogia, 
metafísica didática, poética, retórica, antropologia, psicologia, filosofia, lógica, física, biologia, 
política. Sua base filosófica prioriza uma observação detalhada da natureza, da sociedade e dos 
indivíduos, moldando esse conhecimento de maneira enciclopédica. Detinha-se na classificação 
e divisão das coisas conforme sua semelhança ou diferença. Suas ideias filosóficas foram originais 
e reformuladoras da tradição grega, as quais exercem influência relevante na educação e no 
pensamento ocidental contemporâneo.
Aristóteles é considerado o fundador do pensamento lógico. No ano de 335 a. C. fundou em 
Atenas a escola Liceu, a qual concentrava seus estudos nas ciências naturais. Segundo Aristóteles, 
a inteligência humana poderia ser considerada como o único caminho para se alcançar a verdade 
e a educação seria um dos meios de crescimento intelectual e humano. Sua grande obra intitula-
se Organon, livro que é composto por vários de seus pensamentos mais significativos. Uma 
de suas obras de maior destaque no campo da linguagem e da estética é Arte Retórica e Arte 
Poética. Conheça mais sobre Aristóteles no site 
http://www.euniverso.com.br/Psyche/Filosofia/Aristoteles.htm
8
Teoria da Literatura
Minibiografia
 
Platão1
Considerado um dos filósofos gregos que mais influenciou a filosofia ocidental. Nasceu em 
Atenas em torno de 427 a. C. e faleceu em 347 a. C. Platão aos vinte anos conheceu Sócrates e 
tornou-se seu discípulo, com quem conviveu oito anos e através do qual iniciou-se na Filosofia.
Fundou a Academia, escola de filosofia em 387 a. C. com o objetivo de resgatar e desenvolver as 
ideias e pensamentos de seu mestre. Dedicou-se aos estudos de várias áreas do conhecimento 
humano, tais como: ciências, matemática, retórica (arte de falar em público), além da filosofia. 
Seus escritos são elaborados em forma de diálogo. Platão interessou-se profundamente pela 
política e pela filosofia. Em Platão, o conhecimento humano encontra-se dividido em dois níveis: 
o conhecimento sensível, particular, mutável e relativo de um lado e de outro, o conhecimento 
intelectual, universal, imutável, absoluto. 
A filosofia para esse filósofo grego encerra um objetivo prático, moral. É através dela que são 
resolvidos os problemas da vida. Sócrates abordava a pesquisa filosófica sob um ponto de 
vista antropológico e moral, e seu discípulo Platão estende esses estudos ao campo metafísico 
e cosmológico, ou seja, a toda a realidade. Platão considera o espírito humano prisioneiro da 
matéria. O espírito deve libertar-se do corpo para alcançar a contemplação do inteligível. Suas 
obras e maior destaque são: Apologia de Sócrates, trabalho em que evidencia os pensamentos 
do mestre; O Banquete, obra na qual escreve sobre o amor de uma forma dialética; A República, 
livro em que apresenta análises sobre a política grega, a ética, o funcionamento das cidades e 
aspectos referentes à imortalidade da alma. 
Saiba Mais
1 Você poderá 
conhecer mais 
sobre as ideias de 
Platão visitando o 
site http://www.
mundodosfilosofos.
com.br/platao.htm
Os Gêneros Literários
A teoria dos gêneros literários tem como seus precursores Platão e Aristóteles. A 
abordagem de Platão nesses estudos é considerada como a primeira teoria explícita sobre 
a literatura, a qual não apenas reflete sobre o processo de produção literária, mas articula 
a construção de um modelo teórico. Surge inicialmente na obra “A República”, de Platão, 
estabelecendo uma classificação da obra literária focando o seu conteúdo, a sua temática. 
Aristóteles, sendo o mais famoso discípulo de Platão, dá sequência ao estudo dos gêneros 
e suas especificidades em sua obra-prima “A Poética”, a partir dos tópicos mais importantes 
da obra: a Mímese e a Verossimilhança2. Os textos literários, na Antiguidade Clássica, eram 
divididos em três gêneros: lírico, épico e dramático.
Glossário
2 Mímese: Do gr. 
mímesis, imitação 
(imitatio, em latim), 
designa a acção ou 
faculdade de imitar; 
cópia, reprodução 
ou representação 
da natureza, o que 
constitui, na filosofia 
aristotélica, o 
fundamento de toda 
a arte. http://www.
dicionarioinformal.
com.br/buscar.
php?palavra=mimese
Verossimilhança
Ligação, nexo ou 
harmonia entre fatos, 
ideias, etc. numa obra 
literária, ainda que os 
elementos imaginosos 
ou fantásticos sejam 
determinantes no 
texto; coerência.
(Dicionário Eletrônico 
Antônio Houaiss)
9
Teoria da Literatura
O Gênero Lírico
O termo lírico origina-se de lira, instrumento musical que era usado em 
apresentações de cantos dos gregos. Com o tempo, o texto substituiu sua apresentação 
cantada para adquirir sua forma lida. Durante a Idade Média, os poemas eram normalmente 
cantados. Com o tempo, a letra e o ritmo que representavam o poema foram separados 
e para manter a musicalidade própria do poema, o mesmo foi organizado por métricas 
(a medida de um verso, estabelecida pelo número de sílabas poéticas), combinação 
de palavras, aliterações e rima. Dessa forma é que é explicada a origem da métrica e do 
ritmo na poesia. O gênero lírico emprega essencialmente a função emotiva3 ou expressiva 
da linguagem, embora faça uso também da poética, da metalinguistica, e até mesmo da 
referencial ao abordar questões sociais.
Gênero Lírico
Você Sabia?
3 Função emotiva é aquela que está centralizada no emissor, expressando sua opinião, sua emoção.
Manifesta-se através da 1ª pessoa do singular (EU). Usada em poesias, autobiografias,cartas de 
amor.
Função metalingüística é aquela que usa a linguagem para falar dela mesma. Por exemplo, a 
poesia que fala da poesia, de sua função e do fazer poético; um texto que fala de outro texto. 
Usada em dicionários, ou poesia sobre poesia. Conheça mais no site http://www.algosobre.com.
br/gramatica/funcoes-da-linguagem.html
10
Teoria da Literatura
Os textos denominados de líricos possuíam teor emocional, focados na 
subjetividade dos sentimentos da alma de seu autor. É representado na voz de um eu-
lírico. Este termo você já conhece do módulo anterior, lembra? É apenas a voz que nos 
fala no poema. Geralmente destacam-se as palavras e pontuações em primeira pessoa. Foi 
chamada por Aristóteles de palavra cantada. Essa voz que nos fala no texto lírico (eu-lírico) 
pode ser masculina ou feminina, independentemente da voz de seu autor. Lembramos aqui 
a diferença entre autor e eu-lírico. Você conheceu essa distinção no módulo anterior. 
Caso não recorde com clareza, seria aconselhável você fazer uma leitura nesse 
tópico, para que não fique com dúvidas que poderão confundi-lo mais adiante, quando 
precisar desse conceito. As canções de Chico Buarque de Hollanda servem muito bem 
para exemplificar o contraponto entre a voz do texto poético e seu autor real. Em algumas 
canções, Chico Buarque faz uso de uma voz feminina.
Sugestão de Atividade
Que acha de realizar um levantamento das ideias dos filósofos gregos que acabamos 
de estudar? Trace um perfil do gênero lírico. Pesquise na web algumas canções de Chico 
Buarque de Hollanda que tenham como eu-lírico uma voz feminina. Garanto a você que não 
encontrará dificuldade nesta investigação. Vamos lá?
A composição lírica é elaborada através de versos, empregando recursos melódicos 
e os recursos da linguagem poética. Em suas origens gregas, a manifestação lírica classificava-
se de acordo com os sentimentos que exprimissem, sejam os guerreiros, políticos, morais, 
amorosos, os quais eram cantados em coro ou individualmente. Com o tempo, os textos 
líricos passaram a ser chamados apenas de poemas. Algumas formas líricas permaneceram 
por mais tempo. Observe algumas delas:
11
Teoria da Literatura
1. Soneto: composição poética de quatorze versos, distribuídos em dois quartetos e 
dois tercetos, com métrica composta de versos decassílabos (dez sílabas) e versos 
alexandrinos (12 sílabas).
Considerada uma das construções poéticas mais complexas para sua criação, isto 
porque possuium método exato e por exigir um poder de síntese muito grande, obedecendo 
a uma rigorosa construção de rimas. Veja o exemplo a seguir.
Amor é Fogo que Arde
Camões
Amor é fogo que arde sem se ver; 
É ferida que dói e não se sente; 
É um contentamento descontente; 
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer; 
É um andar solitário entre a gente; 
É nunca contentar-se de contente; 
É um cuidar que se ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade 
É servir a quem vence o vencedor, 
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor 
Nos corações humanos amizade; 
Se tão contrário a si é o mesmo amor?
(http://www.pensador.info/amor_e_fogo_que_arde/)
12
Teoria da Literatura
Soneto
Álvares de Azevedo
Pálida, à luz da lâmpada sombria, 
Sobre o leito de flores reclinada, 
Como a lua por noite embalsamada, 
Entre as nuvens do amor ela dormia!
Era a virgem do mar! Na escuma fria 
Pela maré das águas embalada... 
- Era um anjo entre nuvens d’alvorada, 
Que em sonhos se banhava e se esquecia!
Era mais bela! o seio palpitando... 
Negros olhos, as pálpebras abrindo... 
Formas nuas no leito resvalando...
Não te rias de mim, meu anjo lindo! 
Por ti - as noites eu velei chorando, 
Por ti - nos sonhos morrerei sorrindo!
2. ODE: de extensão normalmente bem maior do que o soneto. Traz como conteúdo 
a manifestação de diversos sentimentos, agregando a análise de conceitos, 
pensamentos e reflexões. Criação poética, inicialmente destinada para ser cantada, 
representada por uma forma de canto alegre ou triste.
Cruz e Sousa
13
Teoria da Literatura
Antífona
Cruz e Sousa
Ó Formas alvas, brancas, Formas claras 
De luares, de neves, de neblinas!... 
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas... 
Incensos dos turíbulos das aras...
Formas do Amor, constelarmente puras, 
De Virgens e de Santas vaporosas... 
Brilhos errantes, mádidas frescuras 
E dolências de lírios e de rosas...
Indefiníveis músicas supremas, 
Harmonias da Cor e do Perfume... 
Horas do Ocaso, trêmulas, extremas, 
Réquiem do Sol que a Dor da Luz resume...
Visões, salmos e cânticos serenos, 
Surdinas de órgãos flébeis, soluçantes... 
Dormências de volúpicos venenos 
Sutis e suaves, mórbidos, radiantes...
Infinitos espíritos dispersos, 
Inefáveis, edênicos, aéreos, 
Fecundai o Mistério destes versos 
Com a chama ideal de todos os mistérios.
Do Sonho as mais azuis diafaneidades 
Que fuljam, que na Estrofe se levantem 
E as emoções, sodas as castidades 
Da alma do Verso, pelos versos cantem.
Que o pólen de ouro dos mais finos astros 
Fecunde e inflame a rime clara e ardente... 
Que brilhe a correção dos alabastros 
Sonoramente, luminosamente.
Forças originais, essência, graça 
De carnes de mulher, delicadezas... 
Todo esse eflúvio que por ondas passe 
Do Éter nas róseas e áureas correntezas...
Cristais diluídos de clarões alacres, 
Desejos, vibrações, ânsias, alentos, 
Fulvas vitórias, triunfamentos acres, 
Os mais estranhos estremecimentos...
Flores negras do tédio e flores vagas 
De amores vãos, tantálicos, doentios... 
Fundas vermelhidões de velhas chagas 
Em sangue, abertas, escorrendo em rios.....
Tudo! vivo e nervoso e quente e forte, 
Nos turbilhões quiméricos do Sonho, 
Passe, cantando, ante o perfil medonho 
E o tropel cabalístico da Morte...
14
Teoria da Literatura
Caro(a) cursista, não se constranja, caso sinta a necessidade de consultar o 
dicionário para verificar alguns termos que estão fora de seu uso diário. Isto é muito comum 
em se tratando de um poeta de tamanha erudição. Com certeza, uma segunda leitura, de 
posse dos conceitos pesquisados, lhe mostrará mais facilmente a beleza desse texto poético. 
Vale à pena uma leitura atenta.
3. Balada: construção destinada para ser dançada, era produzida a partir de aspectos 
narrativos ou líricos. Composta por estrofes que narram uma lenda popular ou uma 
tradição histórica, as vezes acompanhada por instrumentos musicais.
Olavo Bilac
Baladas Românticas - Verde...
Olavo Bilac
Como era verde este caminho! 
Que calmo o céu! que verde o mar! 
E, entre festões, de ninho em ninho, 
A Primavera a gorjear!... 
Inda me exalta, como um vinho, 
Esta fatal recordação! 
Secou a flor, ficou o espinho... 
Como me pesa a solidão! 
Órfão de amor e de carinho, 
Órfão da luz do teu olhar, 
- Verde também, verde-marinho, 
Que eu nunca mais hei de olvidar! 
Sob a camisa, alva de linho, 
Te palpitava o coração... 
Ai! coração! peno e definho, 
Longe de ti, na solidão! 
Oh! tu, mais branca do que o arminho, 
Mais pálida do que o luar! 
- Da sepultura me avizinho, 
Sempre que volto a este lugar... 
E digo a cada passarinho: 
“Não cantes mais! que essa canção 
Vem me lembrar que estou sozinho, 
No exílio desta solidão!”
15
Teoria da Literatura
No teu jardim, que desalinho! 
Que falta faz a tua mão! 
Como inda é verde este caminho... 
Mas como o afeia a solidão!
4. Elegia: abordava geralmente temáticas mais relacionadas à tristeza e à melancolia.
Cântico do Calvário
Fagundes Varela
À memória de meu Filho 
morto a 11 de dezembro de 1863
Eras na vida a pomba predileta 
Que sobre um mar de angústias conduzia 
O ramo da esperança. Eras a estrela 
Que entre as névoas do inverno cintilava 
Apontando o caminho ao pegureiro. 
Eras a messe de um dourado estio. 
Eras o idílio de um amor sublime. 
Eras a glória, a inspiração, a pátria, 
O porvir de teu pai! - Ah! no entanto, 
Pomba, - varou-te a flecha do destino!
Astro, - engoliu-te o temporal do norte! 
Teto, - caíste!- Crença, já não vives! 
Correi, correi, oh! lágrimas saudosas, 
Legado acerbo da ventura extinta, 
Dúbios archotes que a tremer clareiam 
A lousa fria de um sonhar que é morto! 
Correi! um dia vos verei mais belas 
Que os diamantes de Ofir e de Golconda 
Fulgurar na coroa de martírios 
Que me circunda a fronte cismadora! 
São mortos para mim da noite os fachos, 
Mas Deus vos faz brilhar, lágrimas santas,
Não mais perdido em vaporosas cismas 
Escutarei ao pôr-do-sol, nas serras, 
Vibrar a trompa sonorosa e leda 
Do caçador que aos lares se recolhe! 
Não mais! A areia tem corrido, e o livro 
16
Teoria da Literatura
De minha infanda história está completo! 
Pouco tenho de andar! Um passo ainda 
E o fruto de meus dias, negro, podre, 
Do galho eivado rolará por terra! 
Ainda um treno, e o vendaval sem freio 
Ao soprar quebrará a última fibra 
Da lira infausta que nas mãos sustenho! 
Tornei-me o eco das tristezas todas 
Que entre os homens achei! o lago escuro 
Onde o clarão dos fogos da tormenta 
Miram-se as larvas fúnebres do estrago! 
Por toda a parte em que arrastei meu manto 
Deixei um traço fundo de agonias!... 
Oh! quantas horas não gastei, sentado 
Sobre as costas bravias do Oceano, 
Esperando que a vida se esvaísse 
Como um floco de espuma, ou como o friso 
Que deixa n’água o lenha do barqueiro! 
Quantos momentos de loucura e febre 
Não consumi perdido nos desertos, 
Escutando os rumores das florestas, 
E procurando nessas vozes torvas 
Distinguir o meu cântico de morte? 
Quantas noites de angústias e delírios 
Não velei, entre as sombras espreitando 
A passagem veloz do gênio horrendo 
Que o mundo abate ao galopar infrene 
Do selvagem corcel!... E tudo embalde! 
A vida parecia ardente e doida 
Agarrar-se a meu ser!... E tu tão jovem, 
Tão puro ainda, ainda n’alvorada, 
Ave banhada em mares de esperança, 
Rosa em botão, crisálida entre luzes, 
Foste o escolhido na tremenda ceifa! 
Ah! quando a vez primeira em meus cabelos 
Senti bater teu hálito suave: 
Quando em meus braços te cerrei, ouvindo 
Pulsar-te o coração divino ainda; 
Quando fitei teus olhos sossegados, 
Abismos de inocência e de candura, 
E baixo e a medo murmurei: meu filho! 
Meu filho! Frase imensa, inexplicável, 
Grata como o chorar de Madalena 
Aos pés do Redentor... ah! pelas fibras 
Senti rugir o vento incendiado 
Desse amor infinito que eterniza 
O consórcio dos orbes que se enredam 
Dos mistérios do ser na teia augusta 
Que prende o céu à terra e a terra aos anjos! 
17Teoria da Literatura
Que se expande em torrentes inefáveis 
Do seio imaculado de Maria! 
Cegou-me tanta luz! Errei, fui homem! 
E de meu erro a punição cruenta 
Na mesma glória que elevou-me aos astros, 
Chorando aos pés da cruz, hoje padeço! 
O som da orquestra, o retumbar dos bronzes, 
A voz mentida de rafeiros bardos, 
Torpe alegria que circunda os berços 
Quando a opulência doura-lhes as bordas, 
Não te saudaram ao sorrir primeiro, 
Clícia mimosa rebentada à sombra! 
Mas, ah! se pompas, esplendor faltaram-te, 
Tiveste mais que os príncipes da terra! 
Templos, altares de afeição sem termos! 
Mundos de sentimento e de magia! 
Cantos ditados pelo próprio Deus! 
Oh! quantos reis que a humanidade aviltam, 
E o gênio esmagam dos soberbos tronos, 
Trocariam a púrpura romana 
Por um verso, uma nota, um som apenas 
Dos fecundos poemas que inspiraste! 
Que belos sonhos! Que ilusões benditas! 
Do cantor infeliz lançaste à vida, 
Arco-íris de amor! luz da aliança, 
Calma e fulgente em meio da tormenta! 
Do exílio escuro a cítara chorosa 
Surgiu de novo e às virações errantes 
Lançou dilúvios de harmonia! O gozo 
Ao pranto sucedeu. As férreas horas 
Em desejos alados se mudaram. 
Noites fugiam, madrugadas vinham, 
Mas sepultado num prazer profundo 
Não te deixava o berço descuidoso, 
Nem de teu rosto meu olhar tirava, 
Nem de outros sonhos que dos teus vivia! 
Como eras lindo! Nas rosadas faces 
Tinhas ainda o tépido vestígio 
Dos beijos divinais, - nos olhos langues 
Brilhava o brando raio que acendera 
A bênção do Senhor quando o deixaste! 
Sobre teu corpo a chusma dos anjinhos, 
Filhos do éter e da luz, voavam, 
Riam-se alegres, das caçoilas níveas 
Celeste aroma te vertendo ao corpo! 
E eu dizia comigo:- teu destino 
Será mais belo que o cantar das fadas 
Que dançam no arrebol, - mais triunfante 
Que o sol nascente derribando ao nada 
18
Teoria da Literatura
Muralhas de negrume!... Irás tão alto 
Ai! doido sonho!... Uma estação passou-se
E tantas glórias, tão risonhos planos 
Desfizeram-se em pó! O gênio escuro 
Abrasou com seu facho ensangüentado 
Meus soberbos castelos. A desgraça
Sentou-se em meu solar, e a soberana 
Dos sinistros impérios de além-mundo 
Com seu dedo real selou-te a fronte! 
Inda te vejo pelas noites minhas, 
Em meus dias sem luz vejo-te ainda, 
Creio-te vivo, e morto te pranteio!... 
Ouço o tanger monótono dos sinos, 
E cada vibração contar parece 
As ilusões que murcham-se contigo! 
Cheias de frases pueris, estultas, 
O linho mortuário que retalham 
Para envolver teu corpo! Vejo esparsas 
Saudades e perpétuas, sinto o aroma 
Do incenso das igrejas, ouço os cantos 
Dos ministros de Deus que me repetem 
Que não és mais da terra!... E choro embalde. 
Mas não! Tu dormes no infinito seio 
Do Criador dos seres! Tu me falas 
Na voz dos ventos, no chorar das aves, 
Talvez das ondas no respiro flébil! 
Tu me contemplas lá do céu, quem sabe? 
No vulto solitário de uma estrela. 
E são teus raios que meu estro aquecem! 
Pois bem! Mostra-me as voltas do caminho! 
Brilha e fulgura no azulado manto, 
Mas não te arrojes, lágrima da noite, 
Nas ondas nebulosas do ocidente! 
Brilha e fulgura! Quando a morte fria 
Sobre mim sacudir o pó das asas, 
Escada de Jacó serão teus raios 
Por onde asinha subirá minh’alma. 
5. Cantiga: originada na Idade Média, possuía caráter popular. Construção poética de 
versos curtos, cantada por trovadores. Há dois tipos de cantiga: as lírico-amorosas 
(denominadas cantigas de amor e cantigas de amigo) e as satíricas (as cantigas de 
escárnio e as cantigas de maldizer)
Cantigas de Amor
Nessas cantigas, a voz lírica é de um homem que se dirige a uma mulher da nobreza 
e que, na maioria das vezes, é casada. Fala, portanto, de um amor impossível que, embora 
não faça segredo desse amor, não menciona o nome da amada, a qual desconhece os 
sentimentos desse trovador. A mulher aqui é idealizada. O tema central é um amor sem 
correspondência.
19
Teoria da Literatura
Cantiga de Amigo
Nessa cantiga, o trovador apresenta como personagem uma mulher solteira, 
pertencente à classe popular. Ela canta a ausência do amigo (amado ou namorado) que está 
longe por prestar serviço ao rei, em expedição ou guerra. Nessas cantigas a mulher confessa 
seus sentimentos de amor à mãe, às amigas, ao mar, às arvores, etc. Sua estrutura obedece 
ao aspecto narrativo e descritivo.
Cantiga Satírica
Essas cantigas pretendiam satirizar pessoas e costumes da época. São chamadas 
também de canções de escárnio ou maldizer. Às vezes chegaram a uma manifestação em 
linguagem de baixo nível.
Galeria de Talentos Literários
Luís Vaz de Camões
20
Teoria da Literatura
Luís Vaz de Camões nasceu por volta de 1524/1525, não se tem informação exata 
do local de seu nascimento, e morreu a 10 de Junho de 1580, em Lisboa. As informações 
sobre sua biografia não são muito precisas, mas acredita-se que estudou Literatura e 
Filosofia em Coimbra, teve como protetor o seu tio paterno, D. Bento de Camões. Há indícios 
de que tenha pertencido à pequena nobreza. Entre poemas, odes, sonetos, sextilhas, a obra 
de maior destaque foi Os Lusíadas. Afirma-se que os seus últimos anos foram amargurados 
pela doença e pela miséria. O que leva a crer que se não morreu de fome foi devido à ajuda 
de um escravo, o qual havia sido trazido da Índia. Conheça mais sobre Camões visitando o 
site www.netsaber.com.br/biografias/ver_biografia_c_1431.html.
Manuel Antônio Álvares de Azevedo
Manuel Antônio Álvares de Azevedo nasceu em São Paulo em 12 de setembro 
de 1831 e morreu no Rio de Janeiro em 25 de abril de 1852. Integrou a Segunda Geração 
do Romantismo Brasileiro. Essa fase marcou pela poesia ultra-romântica, recebendo a 
influência do poeta Byron. As poesias desse período Romântico caracterizavam-se excessivo 
subjetivismo e possuíam uma forte carga de pessimismo diante da vida por conta da 
tuberculose, cuja doença ficou conhecida como Mal do Século. Grande parte dos poemas 
de Álvares Azevedo apresentava a morte como tema central. O que faz supor que ele 
imaginava que iria morrer jovem. Embora mestre em versos sombrios e cinzentos, introduziu 
o humorismo na poesia brasileira, através da ironia de parte de seus poemas. Uma outra 
temática de sua preferência foi a mulher, a qual possuía umas vezes a imagem de virgem, 
bondosa, amada, outras, era prostituta, ordinária e vadia. Poetizava também temas como o 
patriotismo, o saudosismo e o satanismo. Álvares de Azevedo morreu devido à tuberculose 
aos 21 anos. Teve suas obras publicadas após sua morte. Um dos poemas mais conhecidos 
é “Lira dos Vinte Anos. Pertence à Academia Brasileira de Letras. Visite o site http://www.e-
biografias.net/biografias/alvares_azevedo.php
Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac
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Teoria da Literatura
Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac nasceu no Rio de Janeiro em 16 de 
dezembro de 1865. Veio a falecer em 28 de dezembro de 1918, na mesma cidade. Estudou 
no Colégio do Padre Belmonte, onde fez o Curso de Humanidades. Iniciou a Faculdade de 
Medicina, mas abandonou-a no 5º ano, vindo a ingressar na Faculdade de Direito de São 
Paulo, onde estudou apenas um ano. Jornalista, poeta, crítico, orador. Ocupou o cargo de 
secretário do Congresso Pan-Americano, em Buenos Aires. Como poeta integrou a Escola 
Parnasiana e se tornou um de seus maiores representantes devido a excelência de seus 
versos. Foi um dos mais ardorosos defensores da abolição, aliando-se a José do Patrocínio. 
Participou ativamente da vida pública, exercendo vários cargos públicos no estado do 
Rio de Janeiro e na antiga Guanabara. Participou da fundação da Academia Brasileira de 
Letras. Seus poemas manifestam uma carga de emotividade, o que não era próprio do 
Parnasianismo. Seus versos trazem a marca do rigor da forma e a espontaneidade. Escreveu 
poesias, crônicas, novelas, entre outros. Leia mais sobre Bilac no site http://www.sampa.art.
br/biografias/olavobilac/
Luís Nicolau Fagundes Varela
Luís Nicolau Fagundes Varela nasceu no Riode Janeiro, em 18 de agosto de 1841, e 
veio a falecer em Niterói (Rio de Janeiro) em 17 de fevereiro de 1875. É o patrono da Cadeira 
nº 11 da academia Brasileira de Letras. Matricula-se na Faculdade de Direito em 1862, mas 
não concluiu o curso, por preferir dedicar-se à vida literária e à vida boêmia. Publicou o 
primeiro livro de poesias (Noturnas) em 1861. O poema Cântico do Calvário foi escrito 
sob inspiração pela tristeza da perda de um filho aos três meses de idade. A partir dessa 
experiência vivida é levado ao alcoolismo. Sua obra prima, Cantos e fantasias, é publicada 
em 1865. Participa da terceira geração do Romantismo, é considerado um dos poetas mais 
significativos de seu período. Suas temáticas de maior relevo são a angústia e o sofrimento, 
mas manifesta em sua poesia também o patriotismo, o amor, a natureza, o misticismo e a 
religião, o abolicionismo. Conheça mais sobre Fagundes Varela no site www.casadobruxo.com.
br/poesia/.../fagundesbio.htm.
Fique Conectado
Agora, faça você: consulte a web e pesquise alguns exemplos de cantigas. Amplie 
as informações sobre as características de cada uma e anexe em seu caderno de anotações 
um ou dois exemplos de cada. Depois, não se esqueça de socializar essa atividade com seus 
colegas. Bom trabalho!
22
Teoria da Literatura
Resumo
O gênero lírico possui as seguintes marcas:
1. Subjetividade – tom intimista, uma visão de um mundo pessoal e particular, 
estabelecida através de um “eu lírico”.
2. Ilogismo – não se submete às regras da língua padrão; rompe a lógica das normas 
rígidas, permitindo ao poeta a liberdade para criar.
3. Musicalidade – caracterizada pelo uso de métrica, da repetição, das rimas, que 
podem ser internas e externas, pausas, as figuras de linguagem. 
4. Antidiscursiva – transgride a sequência natural da linguagem, fazendo uso do 
insólito e do inesperado.
5. Livre Associação de Ideias – liberdade para uso da imaginação. Ao poeta se permite 
o emprego do recurso de associação livre de ideias, ainda que sejam extravagantes 
ou inexplicáveis. 
6. Uso do Verso Livre – com chegada do século XX o rítmo dos versos passou a ser mais 
solto e sem a obrigatoriedade de obedecer às regras tradicionais da composição 
poética. Os poemas apresentam o verso livre. 
7. Versos Brancos – são também chamados de versos com rima órfã, ou perdida. Não 
há rima; passam a ser versos regulares, curtos, podem se manifestar até mesmo 
sem sons semelhantes entre eles. 
8. Livre estrofação – o poeta não obedece ao número de versos nas estrofes.
Vamos Revisar?
Vimos até agora algumas ideias de Platão e Aristóteles sobre gêneros literários. Você 
aprofundou seus conhecimentos sobre o gênero lírico. Entrou em contato com as marcas do 
texto lírico. Reviu distinções acerca do eu-lírico e do autor da obra. Teve oportunidade de 
ler alguns textos poéticos e acrescentou à sua bagagem literária alguns dados biográficos 
de alguns poetas brasileiros. Conheceu também um pouco sobre Camões e sobre o 
maior poema épico português na voz desse autor. Que acha de agora fazer uma leitura 
detalhada, com o fim de repassar tudo o que você aprendeu nesse capítulo? Deixamos 
com você sempre a orientação de ser persistente em seus estudos. Não guarde dúvidas 
para o próximo capítulo. É sempre aconselhável seguirmos para o próximo assunto, tendo a 
certeza de que entendemos tudo que acabamos de estudar. Prepare-se! Iremos adentrar no 
capítulo referente ao texto épico. Vamos lá, conto com o seu interesse e empenho!
23
Teoria da Literatura
Capítulo 2
O que vamos estudar neste capítulo?
Neste capítulo, vamos estudar os seguintes temas:
1. O Gênero Épico e suas características.
Metas
Após o estudo deste capítulo, esperamos que você seja capaz de:
1. Reconhecer o gênero épico entre textos propostos para análise.
2. Apontar as características do gênero épico em atividades sugeridas.
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Teoria da Literatura
Capítulo 2 – O Gênero Épico
Vamos conversar sobre o assunto?
Caro(a) cursista,
Neste capítulo, você conhecerá algumas ideias acerca do gênero épico. Terá 
oportunidade de ler alguns textos que representam esse gênero literário. Poderá articular 
um exercício de comparação entre o lírico, estudado no primeiro capítulo, e o épico, temática 
do presente capítulo. Que acha? Dessa maneira ficarão mais claras, mais determinadas as 
distinções entre ambos: o lírico e o épico. Vamos, amplie seu conhecimento!
O Gênero Épico ou Narrativo
Você conhece o termo épico? O que acha que ele nos leva a conhecer? Quando 
criança você costumava brincar de espadas, lanças, heróis, grandes aventuras, enfim? Quais 
eram seus heróis preferidos? Chegou a assistir alguns filmes nos quais os heróis salvavam as 
donzelas, lutavam em prol de alguma nação? Basicamente é esta atmosfera narrativa que 
constitui a representação do gênero épico! Histórias grandiosas de um povo, façanhas de 
grandes heróis, contadas em longos versos são a matéria-prima da Epopeia. 
Considerado como sendo talvez a mais antiga expressão literária, o gênero épico 
surgiu da necessidade que os homens sentiram para contar sobre as experiências vividas, 
seja logo em seguida as suas batalhas, caçadas, ou ainda acerca de aventuras de toda a 
espécie. Já naquele período, os contadores de histórias tendiam a escolher as melhores 
passagens, os momentos que reservavam maiores suspenses e talvez acrescentassem 
alguns dados que não tinham sido realmente vividos para assim atraírem a atenção dos 
ouvintes. Observando bem, assim nascia então a ficção, considerando que extrapolando 
os fatos reais ocorridos, os narradores apimentavam suas histórias com opiniões pessoais 
objetivando tornar mais atraente suas narrativas. Essas primeiras manifestações narrativas 
já traziam em seu bojo os elementos que integram o gênero narrativo, ou seja: as histórias 
partiam sempre da presença de um narrador, o qual contava sobre fatos, personagens que 
viviam a história narrada, descreviam sobre ambientes, tempo. Dessa forma observamos 
25
Teoria da Literatura
que os primeiros narradores orais dominavam a arte de narrar em sua essência.
De origem latina, ficção (fictionem) significa ato ou efeito de fingir, simular, criar a 
partir de algo inventado, algo imaginário. Essa definição que possui em sua base o artifício 
da invenção é o que permite fazermos a distinção entre história e biografia, considerando 
que esta última representa o narrar de fatos reais da vida de alguém. Embora saibamos que 
o artista da palavra foca sua criação na observação da realidade humana e atinge em seu 
fazer literário uma transfiguração do real, levando em consideração que ele não pretende 
uma recriação do real.
O gênero épico é em sua origem representado pela epopeia, poema que narra 
grandes acontecimentos históricos de um certo povo, no qual enfoca os seus heróis. Os 
exemplos de maior relevo na epopeia clássica são a IIíada e a Odisseia, obras de Homero. 
No Brasil, temos epopeias de reconhecido valor, são Caramuru, de Santa Rita Durão e O 
Uruguai, de Basílio da Gama. Outros títulos famosos de epopeias da História da Literatura 
são Eneida, de autoria de Virgílio e Os Lusíadas, de Luiz Vaz de Camões.
A estrutura de uma epopeia obedece a cinco etapas, as quais você pode observar 
a seguir:
1. Proposição (ou Exórdio): apresentação do tema e do herói.
2. Invocação: o poeta evoca as musas inspiradoras para que o episódio seja contado.
3. Dedicatória: a epopeia é dedicada a uma pessoa importante, a um protetor.
4. Narração: apresentação e desenvolvimento do tema e das experiências heróicas 
dos personagens.
5. Epílogo: conclusão da narrativa, encerramento do poema.
Sugestão de Atividade
Que acha de pesquisar um pouco mais sobre as epopeias que você acaba de 
conhecer? Navegue um pouco na web e investigue cada um desses títulos. De que trata cada 
uma dessas obras? Pois sabemos que a epopeia narra feitos históricos de um dado povo, 
de uma nação. Elabore uma pesquisa, colocando em destaque os temas tratados na IIíada,Odisseia, Os Lusíadas, Caramuru, Eneida e O Uraguai. Faça também um quadro com uma 
mini biografia de cada um de seus autores. Participe da construção de seu aprendizado, seja 
você também o responsável por seu conhecimento. Quando seu trabalho estiver pronto, 
não esqueça, socialize-o com seus colegas de curso, coloque-o na web. Participe de fóruns e 
chats sobre as informações novas que você adquiriu. Vamos lá, boa pesquisa!
Saiba Mais
Epopeia: poema épico ou longa narrativa em prosa, em estilo oratório, que exalta 
as ações, os feitos memoráveis de um herói histórico ou lendário que representa uma 
coletividade; sucessão de eventos extraordinários, ações gloriosas, retumbantes, capazes 
de provocar a admiração, a surpresa, a maravilha, a grandiosidade da epopeia (Dicionário 
Eletrônico Antonio Houaiss)
26
Teoria da Literatura
Voltando ao Assunto...
Os poemas épicos a partir do final do século XVIII são substituídos pelo gênero 
narrativo em prosa, o qual passa a ser denominado apenas de narrativa ou ficção. 
Assim sendo, o que era chamado de gênero épico recebeu o nome de gênero narrativo, 
apresentando diferentes modalidades, tais como: romance, conto, novela, crônica, fábula e 
apólogo.
Em sua opinião, por que será que a epopeia assumiu a forma narrativa em 
prosa? Pense sobre isto. Será que este fato tem relação com o contexto histórico? Com as 
mudanças ocorridas na sociedade moderna? Vá até a estruturação do poema épico, vista 
anteriormente, e observe quais daqueles itens já não encontram eco em nossos dias. Nós 
já aprendemos que a Literatura carrega em si muitas manifestações de seu contexto de 
produção, você recorda? Pois bem, reflita sobre estas questões. Seja você mesmo o crítico. 
Tire suas conclusões.
Para Refletir...
Qual a diferença entre um poema lírico e um poema épico? Quais as características que podemos 
estabelecer entre um e outro? Procure a resposta para estas duas perguntas. Em seguida, 
participe de chats com seus colegas sobre isto.
Uma definição sobre ficção na voz do crítico literário brasileiro Afrânio Coutinho:
“A essência da ficção é, pois, a narrativa. É a sua espinha dorsal, correspondendo ao velho 
instinto humano de contar e ouvir estórias, uma das mais rudimentares e populares formas de 
entretenimento. Mas nem todas as estórias são arte. Para que tenha valor artístico, a ficção exige 
uma técnica de arranjo e apresentação, que comunicará à narrativa beleza de forma, estrutura 
e unidade de efeito. A ficção distingue-se da história e da biografia, por estas serem narrativas 
de fatos reais. A ficção é produto da imaginação criadora, embora, como toda arte, suas raízes 
mergulhem na experiência humana. Mas o que a distingue das outras formas de narrativa é que ela 
é uma transfiguração ou transmutação da realidade, feita pelo espírito do artista, este imprevisível 
e inesgotável laboratório. Ela coloca a massa da experiência de modo a fazer surgir um plano, que 
se apresenta como uma entidade, com vida própria, com um sentido intrínseco, diferentes da 
realidade.
A ficção não pretende fornecer um simples retrato da realidade, mas antes criar uma imagem da 
realidade, uma reintegração, uma revisão. É o espetáculo da vida através do olhar interpretativo 
do artista, a interpretação artística da realidade.”(COUTINHO, Afrânio. Crítica e teoria literária. Rio 
de Janeiro, Tempo Brasileiro,1987. p. 748).
27
Teoria da Literatura
Minibiografia
Afrânio Coutinho é baiano, de Salvador, nasceu em 1911. Professor, crítico literário e ensaísta. 
Dedicou-se aos estudos de crítica, história literária, organizando juntamente com outros 
estudiosos a publicação de uma história literária, A Literatura no Brasil, a qual foi publicada em 
quatro volumes, entre os anos de 1955 a 1959. Essa obra foi ampliada para seis volumes quando 
foi editada entre os anos de 1968 e 1971. Foi atualizada e revista em 1986. Leia mais sobre 
Afrânio Coutinho no site www.biblio.com.br/conteudo/.../afraniocoutinho.htm
Diferentes Modalidades da Narrativa
1. Romance: narrativa baseada em fatos geralmente imaginários, porém obedecendo 
à verossimilhança. Pode desenvolver-se a partir de um aspecto da vida familiar e 
social do homem. Conforme os temas abordados são classificados em romance de 
cavalaria, romance de costumes4, romance policial, romance psicológico, romance 
histórico, etc. Em nossa Literatura Brasileira podemos citar José de Alencar 
como exemplo de romances de costumes, histórico, psicológico. Como romance 
de costumes, consideram-se as obras: Diva, Lucíola e A Viuvinha; romances 
regionalistas: O Sertanejo, O Tronco do Ipê, O Gaúcho e Til. Alguns são registrados 
como romances históricos: As Minas de Prata e A Guerra dos Mascates. Além 
desses, temos os renomados indianistas: Ubirajara, Iracema e O Guarani.
Você Sabia?
4 Romance de costumes focalizava e criticava os costumes da sociedade carioca da época (séc.
XIX). Os autores que seguiam esse tipo de romance foram Manuel Antonio de Almeida, José de 
Alencar, Érico Veríssimo, entre outros. A característica essencial desses romances é a preocupação 
em relatar os costumes, as manias, e inclusive as mediocridades da sociedade carioca. O aspecto 
descritivo do espaço urbano fez com que esses romances adquirissem um caráter documental. 
Conheça mais no site http://recantodasletras.uol.com.br/cartas/374583
 
Tomemos como exemplo de romance de costume a obra Lucíola, de José de Alencar.
28
Teoria da Literatura
A senhora estranhou, na última vez que estivemos juntos, a minha excessiva indulgência pelas 
criaturas infelizes, que escandalizam a sociedade com a ostentação do seu luxo e extravagâncias. 
Quis responder-lhe imediatamente, tanto é o apreço em que tenho o tato sutil e esquisito da 
mulher superior para julgar de uma questão de sentimento. Não o fiz, porque vi sentada no sofá, do 
outro lado do salão, sua neta, gentil menina de 16 anos, flor cândida e suave, que mal desabrocha 
à sombra materna. Embora não pudesse ouvir-nos, a minha história seria uma profanação na 
atmosfera que ela purificava com os perfumes da sua inocência; e — quem sabe? — talvez por 
ignota repercussão o melindre de seu pudor se arrufasse unicamente com os palpites de emoções 
que iam acordar em minha alma. Receei também que a palavra viva, rápida e impressionável não 
pudesse, como a pena calma e refletida, perscrutar os mistérios que desejava desvendar-lhe, sem 
romper alguns fios da tênue gaza com que a fina educação envolve certas ideias, como envolve a 
moda em rendas e tecidos diáfanos os mais sedutores encantos da mulher. Vê-se tudo; mas furta-se 
aos olhos a indecente nudez. Calando-me naquela ocasião, prometi dar-lhe a razão que a senhora 
exigia; e cumpro o meu propósito mais cedo do que pensava. Trouxe no desejo de agradar-lhe a 
inspiração; e achei voltando a insônia de recordações que despertara a nossa conversa. Escrevi as 
páginas que lhe envio, as quais a senhora dará um título e o destino que merecerem. É um perfil 
de mulher apenas esboçado. Desculpe, se alguma vez a fizer corar sob os seus cabelos brancos, 
pura e santa coroa de uma virtude que eu respeito. O rubor vexa em face de um homem; mas em 
face do papel, muda e impassível testemunha, ele deve ser para aquelas que já imolaram à velhice 
os últimos desejos, uma como essência de gozos extintos, ou extremo perfume que deixam nos 
espinhos as desfolhadas rosas. De resto, a senhora sabe que não é possível pintar sem que a luz 
projete claros e escuros. Às sombras do meu quadro se esfumam traços carregados, contrastam 
debuxando o relevo colorido de límpidos contornos. 
ALENCAR, José. Lucíola. MINISTÉRIO DA CULTURA / Fundação Biblioteca Nacional / Departamento 
Nacional do Livro.
Vamos Refletir
Vejamos como anda a sua atenção. Você é capaz de apresentar as razões pelas 
quais o romance Lucíola, o qual você acabou de ler o primeiro capítulo, é considerado pela 
crítica literária brasileira como um romance de costume? Pense um pouco. Se necessário, vá 
à webe investigue. Encontre pelo menos duas razões para respaldar essa afirmação sobre o 
romance Lucíola. Vamos lá? Converse sobre isto com seus colegas.
29
Teoria da Literatura
Minibiografia
 
José Martiniano de Alencar, cearense, nasceu em 1829 e faleceu em 1877. Considerado o maior 
escritor brasileiro representante da literatura indianista. Foi político, jornalista, advogado. Passou 
um período da adolescência na Bahia. Formou-se em Direito e foi jornalista no Rio de Janeiro. 
Deu início à carreira literária em 1857, ao publicar O guarani, a princípio lançado como folhetim. 
Essa sua obra teve grande repercussão no cenário literário da época e lhe favoreceu fama 
imediata. Sua obra pode ser dividida em três etapas: 1) Romances urbanos (ou de costumes): 
Cinco minutos (1860), A viuvinha (1860), Lucíola (1862), Diva (1864), A pata da gazela (1870), 
Sonhos d’ouro (1872), Senhora (1875) e Encarnação (1877). 2) Romances históricos: O Guarani 
(1870), Iracema (1875), As Minas de prata (1865), Alfarrábios (1873), A guerra dos mascates 
(1873) e Ubirajara (1874). 3) Romances regionalistas: O gaúcho (1870), O tronco do Ipê (1871), 
Til (1872), O sertanejo (1876). Conheça mais sobre José de Alencar, visitando o site http://www.
netsaber.com.br/biografias/ver_biografia_c_1434.html
2. Conto: Para melhor definirmos o conto, transcreveremos algumas afirmações do 
crítico literário brasileiro Magalhães Júnior (1972):
“Além de ser a mais antiga expressão da literatura de ficção, o conto é também a mais generalizada, 
existindo mesmo entre povos sem o conhecimento da linguagem escrita”. (MAGALHÃES JÚNIOR, 
1972, p. 9)”.
“Na antiguidade, o conto tanto podia constituir uma história isolada, independente, como vir 
inserido, incidentalmente, no corpo de uma narrativa mais extensa”. (MAGALHÃES JÚNIOR, 1972, 
p. 9)”.
“A finalidade dessa forma literária [ o conto] é narrar uma história, que tanto pode ser breve como 
relativamente longa, mas obedecendo num e noutro caso a certas características próprias do 
gênero”. (MAGALHÃES JÚNIOR, 1972, p. 9)”.
“O conto é uma narrativa linear, que não se aprofunda no estudo da psicologia dos personagens 
nem nas motivações de suas ações. Ao contrário, procura explicar aquela psicologia e essas 
motivações pela conduta dos próprios personagens”. (MAGALHÃES JÚNIOR, 1972, p. 9)”.
30
Teoria da Literatura
Na verdade, às vezes parecem bastante sutis as diferenças entre conto, romance 
e novela, chegando a se confundirem no passado. Indicar a extensão da obra como traço 
característico para distinguir essas ficções nem sempre resolve a questão. Aponta-se a obra 
de Alencar Cinco Minutos e A Viuvinha, como novela por alguns críticos e editores, e como 
romance, por outros. Observe-se que a referida obra tem quase cem páginas.
Não é possível estudar Literatura, sem ler Literatura. Adquirir conhecimento 
teórico acerca dos princípios que a regem nos permite uma visão muito vaga do que seja 
realmente o texto literário e de como se manifestam os artifícios da criação literária em 
uma obra propriamente. Dessa forma, você poderá ler e aferir todas as afirmações dispostas 
anteriormente sobre o conto. 
A obra a seguir é um dos contos mais consagrados de Machado de Assis. Recorda 
desse nosso autor? Machado de Assis é um dos mais reconhecidos escritores brasileiros. 
Escreveu peças de teatro, romances, contos e até poesias. Existe uma infinidade de 
trabalhos, dissertações de mestrado e teses de doutorado abordando as características 
literárias desse autor. 
Pesquise um pouco sobre ele, garantimos que você se surpreenderá com o número 
de estudos realizados em torno desse brilhante brasileiro. Crie uma mini biografia dele, a 
exemplo de tantas que você já leu em nosso material didático. Comece investigando quem 
foi Machado. Em seguida, acrescente alguns dados sobre sua vida pessoa, profissional e,por 
fim, some a estas informações seu estilo literário, quais suas obras mais conhecidas do 
público brasileiro. Quais os prêmios que ele recebeu ao longo de sua carreira.
Uma biografia se constrói mais ou menos nessa linha. É importante você conhecer 
quais os passos que deve seguir para elaborar sua pesquisa. A qualquer tempo poderá ser 
solicitado a você o desenvolvimento de uma pesquisa nessa linha de estudo. 
Você já pensou escrever sua própria biografia? Que acha de produzir um texto, 
cuja essência seja construir um perfil sobre você mesmo? Então comece por levantar 
dados referentes a sua origem. Onde nasceu? Quem são seus pais? Onde você estudou? 
Quais fatos se destacaram ao longo de sua vida. De que modo você construiu sua carreira 
31
Teoria da Literatura
acadêmico-profissional? Você se destacou em alguma área profissional? 
Tenha atenção, nesse momento estamos tecendo o perfil de um simples mortal , 
não compare seus feitos aos de grandes homens e mulheres que tomamos conhecimento 
ao longo de nossos estudo, mas não esqueça: talvez essa seja a biografia mais importante 
que você poderia redigir. Afinal, falar de nós mesmos requer atenção e bastante senso 
crítico. Como você quer que as gerações futuras lhe conheçam? Quais os aspectos que você 
gostaria de colocar em destaque? Quais características de seu caráter melhor falam sobre 
você?
Então, vamos à elaboração de sua biografia? Em seguida, não esqueça, coloque seus 
textos finais na web. Socialize com seus colegas. Participe de um chat onde o tema seja você! 
Dessa forma, você permitirá que os seus amigos lhe conheçam e você terá a oportunidade 
de adquirir informações sobre seus amigos. Afinal, quem são as pessoas que dividem com 
você o mesmo ideal profissional? Por que todos vocês possuem algo em comum para 
escolherem o mesmo curso. Então pense: o que os aproxima e o que os diferencia? Esse é 
um dado significativo para integrar sua biografia. O que o levou a procurar o curso de Letras. 
Qual o objetivo que há por trás dessa iniciativa. Pense. Talvez a resposta a essa questão seja 
o alento que lhe desafie e o motive ao final do curso. É muito bom conhecermos em nós o 
princípio que nos move aos nossos objetivos de vida. Mas, vamos lá?
Mas, antes, você irá ler o conto A Cartomante, aquele sobre o qual afirmamos 
representar um dos textos mais citado em estudos sobre Machado de Assis. Mas, lembre: 
deixamos com você nesse momento três compromissos: primeiro, leia atentamente 
o conto; em seguida, elabore a mini biografia de Machado de Assis, e por fim, construa 
sua própria biografia. Tenha em mente que nesse tipo de texto apenas fatos e dados reais 
são mencionados. Inclusive é essa característica que distingue um texto ficcional de um 
biográfico. Entendeu? Vamos lá, levante as informações necessárias e escreva seu perfil, 
faça uma mini biografia desse personagem importante que é você!
A Cartomante
Machado de Assis
Hamlet observa a Horácio que há mais cousas no céu e na terra do que sonha a 
nossa filosofia. Era a mesma explicação que dava a bela Rita ao moço Camilo, numa sexta-
feira de novembro de 1869, quando este ria dela, por ter ido na véspera consultar uma 
cartomante; a diferença é que o fazia por outras palavras.
— Ria, ria. Os homens são assim; não acreditam em nada. Pois saiba que fui, e que 
ela adivinhou o motivo da consulta, antes mesmo que eu lhe dissesse o que era. Apenas 
começou a botar as cartas, disse-me: “A senhora gosta de uma pessoa...” Confessei que sim, 
e então ela continuou a botar as cartas, combinou-as, e no fim declarou-me que eu tinha 
medo de que você me esquecesse, mas que não era verdade...
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Teoria da Literatura
— Errou! interrompeu Camilo, rindo.
— Não diga isso, Camilo. Se você soubesse como eu tenho andado, por sua causa. 
Você sabe; já lhe disse. Não ria de mim, não ria...
Camilo pegou-lhe nas mãos, e olhou para ela sério e fixo. Jurou que lhe queria 
muito, que os seus sustos pareciam de criança; em todo o caso, quando tivesse algum receio, 
a melhor cartomante era ele mesmo. Depois, repreendeu-a; disse-lhe que era imprudente 
andar por essas casas.Vilela podia sabê-lo, e depois...
— Qual saber! tive muita cautela, ao entrar na casa.
— Onde é a casa?
— Aqui perto, na Rua da Guarda Velha; não passava ninguém nessa ocasião.
Descansa; eu não sou maluca.
Camilo riu outra vez:
— Tu crês deveras nessas cousas? perguntou-lhe.
Foi então que ela, sem saber que traduzia Hamlet em vulgar, disse-lhe que havia 
muita cousa misteriosa e verdadeira neste mundo. Se ele não acreditava, paciência; mas 
o certo é que a cartomante adivinhara tudo. Que mais? A prova é que ela agora estava 
tranqüila e satisfeita.
Cuido que ele ia falar, mas reprimiu-se. Não queria arrancar-lhe as ilusões.
Também ele, em criança, e ainda depois, foi supersticioso, teve um arsenal inteiro 
de crendices, que a mãe lhe incutiu e que aos vinte anos desapareceram. No dia em que 
deixou cair toda essa vegetação parasita, e ficou só o tronco da religião, ele, como tivesse 
recebido da mãe ambos os ensinos, envolveu-os na mesma dúvida, e logo depois em uma só 
negação total. Camilo não acreditava em nada. Por quê?
Não poderia dizê-lo, não possuía um só argumento: limitava-se a negar tudo. E digo 
mal, porque negar é ainda afirmar, e ele não formulava a incredulidade; diante do mistério, 
contentou-se em levantar os ombros, e foi andando. Separaram-se contentes, ele ainda mais 
que ela. Rita estava certa de ser amada; Camilo, não só o estava, mas via-a estremecer e 
arriscar-se por ele, correr às cartomantes, e, por mais que a repreendesse, não podia deixar 
de sentir-se lisonjeado. A casa do encontro era na antiga Rua dos Barbonos, onde morava 
uma comprovinciana de Rita. Esta desceu pela Rua das Mangueiras, na direção de Botafogo, 
onde residia; Camilo desceu pela da Guarda Velha, olhando de passagem para a casa da 
cartomante.
Vilela, Camilo e Rita, três nomes, uma aventura e nenhuma explicação das 
origens. Vamos a ela. Os dois primeiros eram amigos de infância. Vilela seguiu a carreira 
de magistrado. Camilo entrou no funcionalismo, contra a vontade do pai, que queria vê-lo 
médico; mas o pai morreu, e Camilo preferiu não ser nada, até que a mãe lhe arranjou um 
emprego público. No princípio de 1869, voltou Vilela da província, onde casara com uma 
dama formosa e tonta; abandonou a magistratura e veio abrir banca de advogado. Camilo 
arranjou-lhe casa para os lados de Botafogo, e foi a bordo recebê-lo.
— É o senhor? exclamou Rita, estendendo-lhe a mão. Não imagina como meu 
marido é seu amigo, falava sempre do senhor.
Camilo e Vilela olharam-se com ternura. Eram amigos deveras. Depois, Camilo 
confessou de si para si que a mulher do Vilela não desmentia as cartas do marido. Realmente, 
era graciosa e viva nos gestos, olhos cálidos, boca fina e interrogativa. Era um pouco mais 
velha que ambos: contava trinta anos, Vilela vinte e nove e Camilo vinte e seis. Entretanto, 
o porte grave de Vilela fazia-o parecer mais velho que a mulher, enquanto Camilo era um 
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Teoria da Literatura
ingênuo na vida moral e prática.
Faltava-lhe tanto a ação do tempo, como os óculos de cristal, que a natureza põe no 
berço de alguns para adiantar os anos. Nem experiência, nem intuição. Uniram-se os três. 
Convivência trouxe intimidade. Pouco depois morreu a mãe de Camilo, e nesse desastre, que 
o foi, os dois mostraram-se grandes amigos dele. Vilela cuidou do enterro, dos sufrágios e do 
inventário; Rita tratou especialmente do coração, e ninguém o faria melhor. 
Como daí chegaram ao amor, não o soube ele nunca. A verdade é que gostava 
de passar as horas ao lado dela, era a sua enfermeira moral, quase uma irmã, mas 
principalmente era mulher e bonita. Odor di feminina: eis o que ele aspirava nela, e em volta 
dela, para incorporá-lo em si próprio. Liam os mesmos livros, iam juntos a teatros e passeios. 
Camilo ensinou-lhe as damas e o xadrez e jogavam às noites; — ela mal, — ele, para lhe ser 
agradável, pouco menos mal. Até aí as cousas. Agora a ação da pessoa, os olhos teimosos 
de Rita, que procuravam muita vez os dele, que os consultavam antes de o fazer ao marido, 
as mãos frias, as atitudes insólitas. Um dia, fazendo ele anos, recebeu de Vilela uma rica 
bengala de presente e de Rita apenas um cartão com um vulgar cumprimento a lápis, e foi 
então que ele pôde ler no próprio coração, não conseguia arrancar os olhos do bilhetinho.
Palavras vulgares; mas há vulgaridades sublimes, ou, pelo menos, deleitosas. A 
velha caleça de praça, em que pela primeira vez passeaste com a mulher amada, fechadinhos 
ambos, vale o carro de Apolo. Assim é o homem, assim são as cousas que o cercam.
Camilo quis sinceramente fugir, mas já não pôde. Rita, como uma serpente, foi-
se acercando dele, envolveu-o todo, fez-lhe estalar os ossos num espasmo, e pingou-lhe o 
veneno na boca. Ele ficou atordoado e subjugado. Vexame, sustos, remorsos, desejos, tudo 
sentiu de mistura, mas a batalha foi curta e a vitória delirante. Adeus, escrúpulos! Não 
tardou que o sapato se acomodasse ao pé, e aí foram ambos, estrada fora, braços dados, 
pisando folgadamente por cima de ervas e pedregulhos, sem padecer nada mais que 
algumas saudades, quando estavam ausentes um do outro. A confiança e estima de Vilela 
continuavam a ser as mesmas.
Um dia, porém, recebeu Camilo uma carta anônima, que lhe chamava imoral 
e pérfido, e dizia que a aventura era sabida de todos. Camilo teve medo, e, para desviar 
as suspeitas, começou a rarear as visitas à casa de Vilela. Este notou-lhe as ausências. 
Camilo respondeu que o motivo era uma paixão frívola de rapaz. Candura gerou astúcia. 
As ausências prolongaram-se, e as visitas cessaram inteiramente. Pode ser que entrasse 
também nisso um pouco de amor-próprio, uma intenção de diminuir os obséquios do 
marido, para tornar menos dura a aleivosia do ato.
Foi por esse tempo que Rita, desconfiada e medrosa, correu à cartomante para 
consultá-la sobre a verdadeira causa do procedimento de Camilo. Vimos que a cartomante 
restituiu-lhe a confiança, e que o rapaz repreendeu-a por ter feito o que fez. Correram ainda 
algumas semanas. Camilo recebeu mais duas ou três cartas anônimas, tão apaixonadas, 
que não podiam ser advertência da virtude, mas despeito de algum pretendente; tal foi a 
opinião de Rita, que, por outras palavras mal compostas, formulou este pensamento: — a 
virtude é preguiçosa e avara, não gasta tempo nem papel; só o interesse é ativo e pródigo. 
Nem por isso Camilo ficou mais sossegado; temia que o anônimo fosse ter com Vilela, e a 
catástrofe viria então sem remédio. Rita concordou que era possível.
— Bem, disse ela; eu levo os sobrescritos para comparar a letra com as das cartas 
que lá aparecerem; se alguma for igual, guardo-a e rasgo-a... Nenhuma apareceu; mas daí a 
algum tempo Vilela começou a mostrar-se sombrio, falando pouco, como desconfiado. Rita 
deu-se pressa em dizê-lo ao outro, e sobre isso deliberaram. A opinião dela é que Camilo 
devia tornar à casa deles, tatear o marido, e pode ser até que lhe ouvisse a confidência de 
algum negócio particular. Camilo divergia; aparecer depois de tantos meses era confirmar 
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Teoria da Literatura
a suspeita ou denúncia. Mais valia acautelarem-se, sacrificando-se por algumas semanas. 
Combinaram os meios de se corresponderem , em caso de necessidade, e separaram-se com 
lágrimas.
No dia seguinte, estando na repartição, recebeu Camilo este bilhete de Vilela: “Vem 
já, já, à nossa casa; preciso falar-te sem demora.” Era mais de meio-dia. Camilo saiu logo; 
na rua, advertiu que teria sido mais natural chamá-lo ao escritório; por que em casa? Tudo 
indicava matéria especial, e a letra, fosse realidade ou ilusão, afigurou-se-lhe trêmula. Ele 
combinou todas essas cousas com a notícia da véspera.
— Vem já, já, à nossa casa; preciso falar-te sem demora, — repetia ele com os olhos 
no papel.
Imaginariamente, viu a ponta da orelha de um drama, Rita subjugada e lacrimosa, 
Vilela indignado, pegando da pena e escrevendo o bilhete, certo de que ele acudiria, e 
esperando-o para matá-lo. Camilo estremeceu, tinha medo: depoissorriu amarelo, e em todo 
caso repugnava-lhe a ideia de recuar, e foi andando. De caminho, lembrou-se de ir a casa; 
podia achar algum recado de Rita, que lhe explicasse tudo. Não achou nada, nem ninguém. 
Voltou à rua, e a ideia de estarem descobertos parecia-lhe cada vez mais verossímil; era 
natural uma denúncia anônima, até da própria pessoa que o ameaçara antes; podia ser que 
Vilela conhecesse agora tudo. A mesma suspensão das suas visitas, sem motivo aparente, 
apenas com um pretexto fútil, viria confirmar o resto.
Camilo ia andando inquieto e nervoso. Não relia o bilhete, mas as palavras 
estavam decoradas, diante dos olhos, fixas, ou então, — o que era ainda pior, — eram-lhe 
murmuradas ao ouvido, com a própria voz de Vilela. “Vem já, já, à nossa casa; preciso falar-
te sem demora.” Ditas assim, pela voz do outro, tinham um tom de mistério e ameaça. Vem, 
já, já, para quê? Era perto de uma hora da tarde. A comoção crescia de minuto a minuto. 
Tanto imaginou o que se iria passar, que chegou a crê-lo e vê-lo. Positivamente, tinha medo. 
Entrou a cogitar em ir armado, considerando que, se nada houvesse, nada perdia, e a 
precaução era útil. Logo depois rejeitava a ideia, vexado de si mesmo, e seguia, picando o 
passo, na direção do Largo da Carioca, para entrar num tílburi. Chegou, entrou e mandou 
seguir a trote largo.
“Quanto antes, melhor, pensou ele; não posso estar assim...” Mas o mesmo trote 
do cavalo veio agravar-lhe a comoção. O tempo voava, e ele não tardaria a entestar 
com o perigo. Quase no fim da Rua da Guarda Velha, o tílburi teve de parar, a rua estava 
atravancada com uma carroça, que caíra. Camilo, em si mesmo, estimou o obstáculo, e 
esperou. No fim de cinco minutos, reparou que ao lado, à esquerda, ao pé do tílburi, ficava 
a casa da cartomante, a quem Rita consultara uma vez, e nunca ele desejou tanto crer na 
lição das cartas. Olhou, viu as janelas fechadas, quando todas as outras estavam abertas e 
pejadas de curiosos do incidente da rua. Dir-se-ia a morada do indiferente Destino.
Camilo reclinou-se no tílburi, para não ver nada. A agitação dele era grande, 
extraordinária, e do fundo das camadas morais emergiam alguns fantasmas de outro tempo, 
as velhas crenças, as superstições antigas. O cocheiro propôs-lhe voltar à primeira travessa, 
e ir por outro caminho: ele respondeu que não, que esperasse. E inclinava-se para fitar a 
casa... Depois fez um gesto incrédulo: era a ideia de ouvir a cartomante, que lhe passava ao 
longe, muito longe, com vastas asas cinzentas; desapareceu, reapareceu, e tornou a esvair-
se no cérebro; mas daí a pouco moveu outra vez as asas, mais perto, fazendo uns giros 
concêntricos... Na rua, gritavam os homens, safando a carroça:
— Anda! agora! empurra! vá! vá!
Daí a pouco estaria removido o obstáculo. Camilo fechava os olhos, pensava em 
outras cousas: mas a voz do marido sussurrava-lhe a orelhas as palavras da carta: “Vem, já, 
já...” E ele via as contorções do drama e tremia. A casa olhava para ele. As pernas queriam 
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Teoria da Literatura
descer e entrar . Camilo achou-se diante de um longo véu opaco... pensou rapidamente no 
inexplicável de tantas cousas. A voz da mãe repetia-lhe uma porção de casos extraordinários: 
e a mesma frase do príncipe de Dinamarca reboava-lhe dentro: “Há mais cousas no céu e na 
terra do que sonha a filosofia... “ Que perdia ele, se... ?
Deu por si na calçada, ao pé da porta: disse ao cocheiro que esperasse, e rápido 
enfiou pelo corredor, e subiu a escada. A luz era pouca, os degraus comidos dos pés, o 
corrimão pegajoso; mas ele não, viu nem sentiu nada. Trepou e bateu.
Não aparecendo ninguém, teve ideia de descer; mas era tarde, a curiosidade 
fustigava-lhe o sangue, as fontes latejavam-lhe; ele tornou a bater uma, duas, três 
pancadas. Veio uma mulher; era a cartomante. Camilo disse que ia consultá-la, ela fê-lo 
entrar. Dali subiram ao sótão, por uma escada ainda pior que a primeira e mais escura. 
Em cima, havia uma salinha, mal alumiada por uma janela, que dava para o telhado dos 
fundos. Velhos trastes, paredes sombrias, um ar de pobreza, que antes aumentava do que 
destruía o prestígio.
A cartomante fê-lo sentar diante da mesa, e sentou-se do lado oposto, com as 
costas para a janela, de maneira que a pouca luz de fora batia em cheio no rosto de Camilo. 
Abriu uma gaveta e tirou um baralho de cartas compridas e enxovalhadas.
Enquanto as baralhava, rapidamente, olhava para ele, não de rosto, mas por baixo 
dos olhos. Era uma mulher de quarenta anos, italiana, morena e magra, com grandes olhos 
sonsos e agudos. Voltou três cartas sobre a mesa, e disse-lhe:
— Vejamos primeiro o que é que o traz aqui. O senhor tem um grande susto...
Camilo, maravilhado, fez um gesto afirmativo.
— E quer saber, continuou ela, se lhe acontecerá alguma cousa ou não...
— A mim e a ela, explicou vivamente ele.
A cartomante não sorriu: disse-lhe só que esperasse. Rápido pegou outra vez das 
cartas e baralhou-as, com os longos dedos finos, de unhas descuradas; baralhou-as bem, 
transpôs os maços, uma, duas. três vezes; depois começou a estendê-las. Camilo tinha os 
olhos nela. curioso e ansioso.
— As cartas dizem-me...
Camilo inclinou-se para beber uma a uma as palavras. Então ela declarou-lhe que 
não tivesse medo de nada. Nada aconteceria nem a um nem a outro; ele, o terceiro, ignorava 
tudo. Não obstante, era indispensável muita cautela: ferviam invejas e despeitos. Falou-
lhe do amor que os ligava, da beleza de Rita... Camilo estava deslumbrado. A cartomante 
acabou, recolheu as cartas e fechou-as na gaveta.
— A senhora restituiu-me a paz ao espírito, disse ele estendendo a mão por cima da 
mesa e apertando a da cartomante. Esta levantou-se, rindo.
— Vá, disse ela; vá, ragazzo innamorato...
E de pé, com o dedo indicador, tocou-lhe na testa. Camilo estremeceu, como se fosse 
a mão da própria sibila, e levantou-se também. A cartomante foi à cômoda, sobre a qual 
estava um prato com passas, tirou um cacho destas, começou a despencá-las e comê-las, 
mostrando duas fileiras de dentes que desmentiam as unhas. Nessa mesma ação comum, a 
mulher tinha um ar particular. Camilo, ansioso por sair, não sabia como pagasse; ignorava 
o preço.
— Passas custam dinheiro, disse ele afinal, tirando a carteira. Quantas quer mandar 
buscar?
— Pergunte ao seu coração, respondeu ela.
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Teoria da Literatura
Camilo tirou uma nota de dez mil-réis, e deu-lha. Os olhos da cartomante fuzilaram. 
O preço usual era dois mil-réis.
— Vejo bem que o senhor gosta muito dela... E faz bem; ela gosta muito do senhor. 
Vá, vá, tranqüilo. Olhe a escada, é escura; ponha o chapéu...
A cartomante tinha já guardado a nota na algibeira, e descia com ele, falando, com 
um leve sotaque. Camilo despediu-se dela embaixo, e desceu a escada que levava à rua, 
enquanto a cartomante, alegre com a paga, tornava acima, cantarolando uma barcarola. 
Camilo achou o tílburi esperando; a rua estava livre. Entrou e seguiu a trote largo.
Tudo lhe parecia agora melhor, as outras cousas traziam outro aspecto, o céu 
estava límpido e as caras joviais. Chegou a rir dos seus receios, que chamou pueris; recordou 
os termos da carta de Vilela e reconheceu que eram íntimos e familiares.
Onde é que ele lhe descobrira a ameaça? Advertiu também que eram urgentes, e 
que fizera mal em demorar-se tanto; podia ser algum negócio grave e gravíssimo.
— Vamos, vamos depressa, repetia ele ao cocheiro.
E consigo, para explicar a demora ao amigo, engenhou qualquer cousa; parece que 
formou também o plano de aproveitar o incidente para tornar à antiga assiduidade... De 
volta com os planos, reboavam-lhe na alma as palavras da cartomante. Em verdade, ela 
adivinhara o objeto da consulta, o estado dele, a existência de um terceiro; por que não 
adivinharia o resto? O presente que se ignora vale o futuro. Era assim, lentas e contínuas, 
que as velhas crenças do rapaz iam tornando ao de cima, e o mistério empolgava-o com as 
unhas de ferro. Às vezes queria rir, e ria desi mesmo, algo vexado; mas a mulher, as cartas, 
as palavras secas e afirmativas, a exortação: — Vá, vá, ragazzo innamorato; e no fim, ao 
longe, a barcarola da despedida, lenta e graciosa, tais eram os elementos recentes, que 
formavam, com os antigos, uma fé nova e vivaz.
A verdade é que o coração ia alegre e impaciente, pensando nas horas felizes de 
outrora e nas que haviam de vir. Ao passar pela Glória, Camilo olhou para o mar, estendeu 
os olhos para fora, até onde a água e o céu dão um abraço infinito, e teve assim uma 
sensação do futuro, longo, longo, interminável. Daí a pouco chegou à casa de Vilela. Apeou-
se, empurrou a porta de ferro do jardim e entrou. A casa estava silenciosa. Subiu os seis 
degraus de pedra, e mal teve tempo de bater, a porta abriu-se, e apareceu-lhe Vilela.
— Desculpa, não pude vir mais cedo; que há?
Vilela não lhe respondeu; tinha as feições decompostas; fez-lhe sinal, e foram para 
uma saleta interior. Entrando, Camilo não pôde sufocar um grito de terror: — ao fundo sobre 
o canapé, estava Rita morta e ensangüentada. Vilela pegou-o pela gola, e, com dois tiros de 
revólver, estirou-o morto no chão. 
Reflita
Quais as características que podemos encontrar nesse texto machadiano que fazem parte de 
um conto? Ou seja, esse texto possui algum aspecto que o caracterize como conto? Releia as 
afirmações sobre esse gênero literário que apresentamos anteriormente e responda.
37
Teoria da Literatura
Voltando aos Textos Narrativos
Você acabou de analisar um texto que pertence à classificação de conto. Por certo 
reviu as características desse gênero literário e teve oportunidade de identificá-las no conto 
A Cartomante, obra de Machado de Assis. A seguir, iremos conhecer um pouco o que vem 
a ser novela. Você está acostumado a assistir na televisão as telenovelas. Quais serão os 
aspectos que marcam o gênero novela? Como ele se define? Vamos discutir um pouco 
sobre este tema. Não esqueça, leia sempre com bastante atenção cada parágrafo para que 
não fique nenhuma dúvida para os próximos capítulos.
3. Novela: a denominação de novela foi dada “a contos excessivamente longos como 
a romances excepcionalmente breves (Magalhães Júnior 1972)” A crítica aponta 
O alienista, de Machado de Assis como exemplo de novela. Definir precisamente 
a novela não é muito fácil, considerando que os críticos literários não encontram 
pontos precisos que possam determinar esse conceito. Afirma-se que a novela 
constrói de forma mais aprimorada o protagonista, tem um número reduzido de 
personagens e expande melhor o tempo e o espaço do que o gênero narrativo 
conto. Quanto à diferenciação em relação ao romance, a novela limita-se a uma 
quantidade menor de acontecimentos e desenvolve menos o cenário. 
4. Fábula: geralmente fundamentada em conteúdo didático, tem como intenção 
transmitir uma lição de moral, possuindo caráter inverossímil. O objetivo principal 
da fábula é a fusão de dois elementos: o lúdico e o pedagógico. Apresenta animais 
como personagens, os quais vivem situações e expressam sentimentos que seriam 
experimentados por seres humanos, tais como, inveja, vaidade, orgulho, astúcia, 
ingenuidade, entre outros. Ainda que existam informações de que a fábula tenha 
surgido no século XVIII a. C. na Suméria, considera-se que tenha sido na Grécia 
a sua invenção efetiva. Foi reinventada no século V a. C. pelo grego Esopo. Em 
seguida haveria recebido riqueza de estilo por Fedro, século I a. C., vindo a serem 
reconhecidas apenas no século X. No cenário ocidental a fábula foi introduzida por 
Jean La Fontaine (1621/1692). O brasileiro que se destaca na Literatura escrevendo 
fábulas e outras histórias infanto-juvenis é Monteiro Lobato. Leia a seguir uma 
fábula desse autor brasileiro.
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Teoria da Literatura
O cavalo e o burro
Monteiro Lobato
O cavalo e o burro seguiam juntos para a cidade. O cavalo contente da vida, 
folgando com uma carga de quatro arrobas apenas, e o burro — coitado! gemendo sob o 
peso de oito. Em certo ponto, o burro parou e disse:
— Não posso mais! Esta carga excede às minhas forças e o remédio é repartirmos o 
peso irmãmente, seis arrobas para cada um.
O cavalo deu um pinote e relichou uma gargalhada.
— Ingênuo! Quer então que eu arque com seis arrobas quando posso tão bem 
continuar com as quatro? Tenho cara de tolo?
O burro gemeu:
— Egoísta, Lembre-se que se eu morrer você terá que seguir com a carga de quatro 
arrobas e mais a minha.
O cavalo pilheriou de novo e a coisa ficou por isso. Logo adiante, porém, o burro 
tropica, vem ao chão e rebenta.
Chegam os tropeiros, maldizem a sorte e sem demora arrumam com as oito arrobas 
do burro sobre as quatro do cavalo egoísta. E como o cavalo refuga, dão-lhe de chicote em 
cima, sem dó nem piedade.
— Bem feito! exclamou o papagaio. Quem mandou ser mais burro que o pobre 
burro e não compreender que o verdadeiro egoísmo era aliviá-lo da carga em excesso? 
Tome! Gema dobrado agora…
http://peregrinacultural.wordpress.com/2009/06/25/o-cavalo-e-o-burro-fabula-texto-de-monteiro-
lobato/
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Teoria da Literatura
Esta é uma adaptação que Lobato realizou de uma fábula de Esopo. Tendo vivido no 
século VI a.C. , Esopo5 é um escritor grego, que teve suas fábulas reunidas e reconhecida a 
sua autoria através de trabalho de Demétrius em 325 a.C. A partir daquela época, as fábulas 
de Esopo tornaram-se verdadeiros clássicos da literatura ocidental. Muitas de suas fábulas 
foram reescritas por Fedro e por Jean La Fontaine. 
Minibiografia
 
Monteiro Lobato
José Renato Monteiro Lobato nasceu em São Paulo, em Taubaté (1882) e faleceu em 1948. 
Lobato é considerado pela crítica literária brasileira como o mais significativo escritor de 
literatura infanto-juvenil brasileira. Conseguiu ultrapassar as preocupações de fundo moral tão 
característico das histórias infantis. Estudou Direito. No ano de 1918 Lobato compra a Revista 
Brasil e funda aquela que seria a primeira editora do Brasil, a Monteiro Lobato e Cia, através 
da qual dá início à publicação de seus livros e de vários outros escritores brasileiros. Uma de 
suas obras mais conhecida, inclusive bastante divulgada através da televisão, é O Sítio do Pica 
Pau Amarelo. Leia mais sobre Monteiro Lobato visitando o site http://pt.shvoong.com/books/
biography/1771313-monteiro-lobato/.
Saiba Mais
Pesquise sobre La Fontaine e sobre Fedro. Leia algumas de suas fábulas. Procure 
refletir um pouco sobre a moral das fábulas lidas. Deixamos com você o desafio: questione-
se, em sua opinião, a Literatura Infanto-juvenil deve carregar como objetivo fundamental a 
intenção moralizadora? Ou deve contribuir para que crianças e jovens aprimorem o gosto e 
hábito pelo prazer de ler?
5. Crônica: para definir o gênero crônica apresentamos a seguir dois modelos desse 
gênero literário de autores de épocas bastante distantes um do outro. Leia-as 
atentamente e trace um resumo que expresse uma conceituação clara e objetiva. 
Nada melhor do que o próprio escritor escrevendo sobre o estilo de seu texto. 
Vamos lá! Faça esta atividade proposta. Afinal, o que é uma crônica? O que a 
caracteriza? Quais os temas que melhor seriam utilizados para a criação de uma 
crônica? Você seria capaz de escrever uma crônica? Tente. Escolha um fato que lhe 
aconteceu nos últimos meses e articule um texto que possa receber o nome de 
Saiba Mais
5 Esopo: escritor de 
fábulas, nasceu na 
Trácia, região da Ásia 
Menor, no século VI 
a.C. . Considerado 
um personagem 
quase mítico. Ficou 
conhecido pela 
capacidade de 
escrever, focalizando 
animais como 
personagens e incluir 
sempre em suas 
histórias um cunho 
moral. Foram as 
chamadas Fábulas, 
as quais inspiraram 
Jean de La Fontaine. 
Suas primeiras 
histórias datam do 
século III d.C. Leia 
mais no site http://
recantodasletras.
uol.com.br/
biografias/621597
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Teoria da Literatura
crônica. Não esqueça: socialize com seus amigos de curso a sua produção literária. 
Gostaríamos muito de encontrar essa sua atividade na web. Mas,antes, leia as 
crônicas a seguir, as quais discorrem sobre o próprio ato de escrever crônicas. 
O Nascimento da Crônica
Machado de Assis
Há um meio certo de começar a crônica por uma trivialidade. É dizer: Que calor! 
Que desenfreado calor! Diz-se isto, agitando as pontas do lenço, bufando como um touro, ou 
simplesmente sacudindo a sobrecasaca. Resvala-se do calor aos fenômenos atmosféricos, 
fazem-se algumas conjeturas acerca do sol e da lua, outras sobre a febre amarela, manda-
se um suspiro a Petrópolis, e La glace est rompue; está começada a crônica.
Mas, leitor amigo, esse meio é mais velho ainda do que as crônicas, que apenas 
datam de Esdras. Antes de Esdras, antes de Moisés, antes de Abraão, Isaque e Jacó, antes 
mesmo de Noé, houve calor e crônicas. No paraíso é provável, é certo que o calor era 
mediano, e não é prova do contrário o fato de Adão andar nu. Adão andava nu por duas 
razões, uma capital e outra provincial. A primeira é que não havia alfaiates, não havia sequer 
casimiras; a segunda é que, ainda havendo-os, Adão andava baldo ao naipe. Digo que esta 
razão é provincial, porque as nossas províncias estão nas circunstâncias do primeiro homem.
Quando a fatal curiosidade de Eva fez-lhes perder o paraíso, cessou, com essa 
degradação, a vantagem de uma temperatura igual e agradável. Nasceu o calor e o inverno; 
vieram as neves, os tufões, as secas, todo o cortejo de males, distribuídos pelos doze meses 
do ano.
Não posso dizer positivamente em que ano nasceu a crônica; mas há toda a 
probabilidade de crer que foi coetânea das primeiras duas vizinhas. Essas vizinhas, entre o 
jantar e a merenda, sentaram-se à porta, para debicar os sucessos do dia. Provavelmente 
começaram a lastimar-se do calor. Um dia que não pudera comer ao jantar, outra que tinha 
a camisa mais ensopando que as ervas que comera. Passar das ervas às plantações do 
morador fronteiro, e logo às tropelias amatórias do dito morador, e ao resto, era a coisa 
mais fácil, natural e possível do mundo. Eis a origem da crônica.
Que eu, sabedor ou conjeturador de tão alta prosápia, queira repetir o meio de que 
lançaram mãos as duas avós do cronista, é realmente cometer uma trivialidade; e contudo, 
leitor, seria difícil falar desta quinzena sem dar à canícula o lugar de honra que lhe compete. 
Seria; mas eu dispensarei esse meio quase tão velho como o mundo, para somente dizer 
que a verdade mais incontestável que achei debaixo do sol é que ninguém se deve queixar, 
porque cada pessoa é sempre mais feliz do que outra.
Não afirmo sem prova.
Fui há dias a um cemitério, a um enterro, logo de manhã, num dia ardente como 
41
Teoria da Literatura
todos os diabos e suas respectivas habitações. Em volta de mim ouvia o estribilho geral: que 
calor! Que sol! É de rachar passarinho! É de fazer um homem doido!
Íamos em carros! Apeamo-nos à porta do cemitério e caminhamos um longo 
pedaço. O sol das onze horas batia de chapa em todos nós; mas sem tirarmos os chapéus, 
abríamos os de sol e seguíamos a suar até o lugar onde devia verificar-se o enterramento. 
Naquele lugar esbarramos com seis ou oito homens ocupados em abrir covas: estavam de 
cabeça descoberta, a erguer e fazer cair a enxada. Nós enterramos o morto, voltamos nos 
carros, e daí às nossas casas ou repartições. E eles? Lá os achamos, lá os deixamos, ao sol, de 
cabeça descoberta, a trabalhar com a enxada. Se o sol nos fazia mal, que não faria àqueles 
pobres-diabos, durante todas as horas quentes do dia?
O texto acima foi publicado no livro “Crônicas Escolhidas”, Editora Ática – São Paulo, 1994.
Considerando que o texto de Machado de Assis data de 1877, nota-se ser necessário 
irmos ao dicionário para entendermos claramente o significado de algumas palavras e 
consequentemente melhor realizarmos a sua compreensão.
Literatura de Jornal (O que é a Crônica)
Artur da Távola
A crônica é a expressão das contradições da vida e da pessoa do escritor ou 
jornalista, exposto que fica, com suas vísceras existenciais à mostra no açougue da vida, 
penduradas à espera do consumo de outros como ele, enrustidos, talvez, na manifestação 
dos sentimentos, ideias, verdades e pensamentos.
Já escrevi mais de cinco mil crônicas. E a uns estudantes que me pediram uma 
síntese sobre o gênero, respondi o seguinte:
É o samba da literatura. É, ao mesmo tempo, a poesia, o ensaio, a crítica, o 
registro histórico, o factual, o apontamento, a filosofia, o flagrante, o mini conto, o retrato, 
o testemunho, a opinião, o depoimento, a análise, a interpretação, o humor. Tudo isso ela 
contém, a polivalente. Direta a simples como um samba. Profunda como a sinfonia.
É compacta, rápida, direta, aguda, penetrante, instantânea (dissolve-se com o uso 
diário), biodegradável, sumindo sem poluir ou denegrir, oxalá perfume, saudade e algum 
brilho de vida no sorriso ou na lágrima do leitor.
A literatura do jornal. O jornalismo da literatura. É a pausa de subjetividade, ao 
lado da objetividade da informação do restante do jornal. Um instante de reflexão, diante da 
opinião peremptória do editorial.
É tímida e perseverante. Não se engalana com os grandes edifícios da literatura, 
mas pode conter alguns de seus melhores momentos. Não se enfeita com os altos sistemas 
de pensamento, mas pode conter a filosofia do cotidiano e da vida que passa. Não se 
empavona com a erudição dos tratados, mas pode trazer agudeza de percepção dos bons 
ensaios.
Para ser boa, não deve ser mastigada. Deve dissolver-se na boca do leitor, deixando 
um sabor de vivência comum. Deve parecer que já estava escrita há muito tempo na 
sensibilidade de quem a lê e foi apenas lembrada ou ativada pelo escritor/jornalista que lhe 
deu forma.
Deve ser rápida como a percepção e demorada como a recordação. Verdadeira 
como um poente e esperançosa como a aurora. Irreverente como um carioca. Suave como 
pele de mulher amada e irritada como uma criança com fome.
42
Teoria da Literatura
Terna como a amamentação e insegura como toda primeira vez. Religiosa como a 
portadora do mistério e agnóstica como um livre pensador. A crônica nos obriga à síntese, 
à capacidade de condensar emoções em parágrafos-barragem. Faz-nos prosseguir, mesmo 
quando nos sentimos repetitivos. É, pois, a expressão jornalístico-literária da necessidade de 
não desistir de ser e sentir. A crônica é o samba da literatura.
Jornal O Dia, 27 de junho de 2001
Minibiografia
Artur da Távola
Paulo Alberto Monteiro de Barros, nome verdadeiro de Artur da Távola. Nasceu no Rio de Janeiro 
em 1936 e faleceu no mesmo estado em 2008. Político, escritor, poeta e jornalista brasileiro. 
Deu início à sua carreira política em 1960. Trabalhou como jornalista, redator e editor em várias 
revistas, particularmente na Bloch Editores. Foi colunista dos jornais O Globo e O Dia. Conheça 
mais sobre Artur da Távola visitando o site http://mesquita.blog.br/artur-da-tavola-jornalista-
biografia
Para Recordar 
No módulo I, vimos diferenças básicas entre o romance e o conto. Retomemos a 
título de revisão aquela distinção entre uma modalidade e outra de narrativa.
Conto Romance
Densidade dramática 
Poucos personagens 
Foco narrativo único 
Centrado em um episódio 
Espaço reduzido 
Tempo limitado 
Descrições breves 
Reflexões rápidas
Temática variada 
Múltiplos personagens 
Variados focos narrativos 
Aborda vários episódios 
Ampla descrição de ambientes 
Transcende o tempo cronológico 
Aborda o tempo psicológico 
Descrições minuciosas 
Profundas reflexões
Vamos Revisar?
Nesse capítulo, você adquiriu conhecimento suficiente para fazer distinções entre 
vários gêneros literários. Por exemplo, vimos diversas características referentes ao romance, 
ao conto, à novela, à fábula, à crônica. Fizemos questão de inserir alguns textos para você 
ler e conferir na própria obra alguns dos aspectos que marcam a essência de sua criação. Na 
verdade, sabemos que, no momento da leitura lúdica, não nos interessa aspectos estruturais 
do texto. Estamos diante de um divertimento,de uma leitura descompromissada. Todavia, 
43
Teoria da Literatura
considerando nosso curso, haverá oportunidade em que você sentirá a necessidade de 
identificar algumas obras e enquadrá-las em uma certa classificação. Dessa forma, ser-lhe-á 
bastante útil o aprendizado que você acabou de adquirir no capítulo que acaba de estudar. 
Qualquer dúvida, não pense duas vezes, recorra às páginas lidas, tire suas dúvidas. Participe 
de chats para discutir sobre os novos conceitos apreendidos. O importante é não acumular 
dúvidas. Sugerimos, inclusive, que você faça um breve quadro com as características que 
melhor marcam a essência de cada um dos gêneros estudados. Use para esta atividade 
proposta aquele caderno de anotação que indicamos desde o primeiro módulo para ser 
utilizado para pequenos resumos. Agora é uma oportunidade que será de grande valor 
realizar uma síntese de todo este capítulo. Bons estudos! 
44
Teoria da Literatura
Capítulo 3
O que vamos estudar neste capítulo?
Neste capítulo, estudaremos o seguinte tema:
1. O gênero literário dramático.
Metas
Após o estudo deste capítulo, esperamos que você seja capaz de:
1. Identificar o gênero dramático entre os diversos gêneros.
2. Reconhecer as características do gênero dramático em textos propostos para 
atividade.
3. Distinguir os princípios teóricos de Platão e Aristóteles em abordagem 
contemporânea dos gêneros literários.
45
Teoria da Literatura
Capítulo 3 – Gênero Dramático
Olá, amigo(a) cursista, 
Nesse capítulo, iremos dialogar sobre O Gênero Dramático. Você terá condições de 
articular um estudo comparativo entre os gêneros ao longo de sua evolução teórica. Poderá 
relacionar estudiosos e seus respectivos pontos de vista. Identificar em algumas abordagens 
princípios de um e outro teórico. E, finalmente, será capaz de identificar em certas obras 
literárias qual o aspecto de cada gênero que mais a caracteriza.
Então, vamos dar início a mais uma etapa de nossa Teoria da Literatura?
Vamos conversar sobre o assunto?
Quantas vezes você costuma ir ao teatro em sua cidade? Você já havia pensado 
no teatro como uma forma de gênero literário? Recordando alguma peça assistida ou 
representada, quem sabe, você é capaz de determinar algumas das características que 
compõem o teatro? Algumas dessas características poderiam ser suprimida? Por que o 
teatro ainda é um lazer para poucos? Já pensou nisso? Embora haja iniciativas de baratear o 
teatro, objetivando ampliar o público apreciador da arte cênica, ainda contamos com preços 
altos para peças de reconhecimento nacional, não é mesmo? Mas vamos investigar essas 
nossas indagações? Vamos lá!
46
Teoria da Literatura
A Arte Dramática
O termo drama origina-se do grego, drâo = fazer, que significa ação. O gênero 
literário dramático são textos que têm como característica principal serem criados para 
representação ou dramatização. As danças ritualísticas são apontadas como possível origem 
do drama, considerando que as pessoas nesses eventos representavam vários papéis. 
Outra possibilidade também para a origem do teatro são as celebrações dos festivais anuais 
que ocorriam na Grécia Antiga. Nessas ocasiões homenageavam o deus Dionísio, ou Baco 
para os romanos, bebendo e cantando para louvá-los. Acreditava-se que a embriaguez 
favorecia a entrada dos participantes em outra dimensão. Esses rituais eram representados 
a princípio por um coro entoando hinos, nomeados de ditirambo. Nesse momento eram 
narradas passagem da vida do deus Dionísio. Em seguida, o coro passou a ser expresso 
através de perguntas e respostas por um regente ou diretor de coro (corifeu). Daí surgem 
dois elementos imprescindíveis para a essência da arte dramática: o público e a condição de 
desencadear emoções através da representação.
O crítico literário brasileiro Afrânio Coutinho (1987) nos informa que “o gênero 
dramático é aquele em que o artista usa como intermediário entre si e o público a 
representação. A sua interpretação da realidade é dada sob uma forma representada, 
que imita essa realidade. Em vez da estória ou dos artifícios líricos, o drama recorre à 
representação, outro tipo de método indireto de atingir o público ou leitor. Portanto, define-
se o gênero dramático ou o drama como a representação de uma ação sob forma dialogada”. 
Dessa forma, a arte dramática implica essencialmente a arte de representar e há 
quem diga que o texto dramático só adquire vida, quando posto no palco de um teatro. 
Pessoas dialogando entre si, diante de um público, encenando papéis, gesticulando, 
seguindo a indicação de entonação apropriada para cada ocasião, assim se corporifica a cena 
dramática. Através dos diálogos, manifestam-se os antecedentes da estória, os personagens 
que a integram, as razões do conflito.
Afrânio Coutinho (1987) define a ação dramática, inicialmente como a soma do 
enredo, trama, entrecho e nos acrescenta que a ação dramática:
“É o conjunto de atos dramáticos (capazes de desencadear ou testemunhar conflitos entre os 
personagens), maneiras de ser e de agir dos personagens, encadeados à unidade do efeito e 
segundo uma ordem composta de exposição, conflito, complicação, clímax e desfecho, e podendo 
incluir incidentes secundários, visando a auxiliar a marcha dos fatos ao desfecho. A ação deve ser 
verossímil aos espectadores, que a aceitam ou nela acreditam através dos diálogos. O suspense é o 
meio de criar e manter o interesse ao longo da complicação.”
Podemos observar que a estruturação do conflito dramático assemelha-se ao 
conflito narrativo. Há muita relação entre essas duas espécies de manifestação literária. O 
que sobressai na cena dramática é a representação do texto, através dos diálogos, os quais 
propiciam vida aos personagens e à história dramatizada. O público espectador tomará 
conhecimento de toda a história apenas mediante a troca de informação veiculada nos 
diálogos. 
Ao escrever seu texto, o dramaturgo indica todos os detalhes que deverão ser 
postos em cena. A atmosfera das situações vividas, o sentimento que deve ser passado ao 
público, os gestos dos personagens. Quando você for ao teatro, observe todos os elementos 
que compõem a cena dramática. Em seguida, imagine se você estivesse apenas lendo 
aquele texto encenado. É muito provável que você não sentiria a mesma emoção que 
estará experimentando diante da obra levada ao público. As ideias do autor, os ambiente, 
incluindo cenário, vestuário, características dos personagens adquirem vida e uma emoção 
47
Teoria da Literatura
insuperáveis. 
Denomina-se de situação ou ambiente ao conjunto de circunstâncias físicas, sociais, 
espirituais em que se estabelece a ação. Como afirmamos anteriormente, essas condições 
são descritas pelo autor. Quanto ao tema, este será veículo das concepções pessoais 
do autor, ou seja, sua transfiguração do real que transmite ao seu público mediante a 
representação. Outro elemento integrador da estrutura teatral são as chamadas convenções 
dramáticas6. Delas fazem parte os atores, a música, o canto, o monólogo, o aparte, o 
pensamento em voz alta, o isolamento da plateia, a narração indireta pelos personagens de 
fatos não colocados no palco, a decoração, vestuários, máscaras, entre outros elementos. 
Uma figura importante para que o texto tome forma e seja representado é a do diretor ou 
metteur-enscène, ou seja, aquele a quem é atribuída a tarefa de colocar em cena o texto 
produzido pelo dramaturgo. 
O texto dramático procura essencialmente acentuar a ação através da representação 
dos personagens. Uma especificidade do teatro é a divisão da representação em atos e estes 
em cenas. A partir do romantismo o teatro passou por uma inovação. A obrigatoriedade da 
unidade entre tempo, lugar e ações comum no período do neoclassicismo foi quebrada. 
O teatro não se permite a variedade de pontos de vista própria do texto narrativo, pois 
o dramaturgo centra-se fora da ação, em uma posição objetiva de quem observa os 
acontecimentos.
Atividade Proposta
Pesquisena web sobre os elementos que compõem a estrutura do texto dramático. 
Ou seja, a ordem disposta entre exposição, conflito, complicação, clímax e desfecho. Essa 
sequência perfaz o bojo da construção posta em palco. Investigue esses itens na web e 
Saiba Mais
6 As convenções 
dramáticas são os 
atores, a música, o 
canto, o monólogo, o 
aparte, o pensamento 
em voz alta, o 
isolamento da plateia, 
a narração indireta 
pelas personagens 
de fatos não postos 
no palco, as partes, 
os acessórios de 
ação. Leia mais 
no site http://
pt.shvoong.com/social-
sciences/1776341-
g%C3%AAnero-
dram%C3%A1tico/
48
Teoria da Literatura
socialize com seus amigos de curso o resultado de sua pesquisa. Sem dúvida, seu olhar 
sobre o teatro adquirirá um amadurecimento e você poderá ser crítico no momento em que 
assistir a uma peça teatral.
O Gênero Dramático na Grécia Antiga
A tragédia e a comédia são expressões do gênero dramático. Esses dois estilos nem 
sempre surgem isolados e puros. Não raro fazem parte de uma mesma peça, considerando-
se que a experiência humana em muitas ocasiões permite uma miscelânea entre trágico 
e cômico. Para que isto seja possível, vai depender do olhar que o dramaturgo direciona 
sobre um ou outro aspecto. A maneira que irá desenvolver a ação, colocando em foco o tom 
trágico ou o cômico, definirá a classificação desse gênero.
A Tragédia em Cena
Você já usou a expressão “Que tragédia”? Por que será que as pessoas costumam 
dizer isto? Em qual situação se enquadram estas palavras? Já havia pensado sobre isto? 
Outra manifestação popular que tem origem na essência da dramaturgia é “ Seria cômico 
se não fosse trágico!” Quantas vezes você já empregou esta expressão? A cultura popular 
mostra indícios da erudita? Vamos ver o que vem a ser tragédia. 
A princípio, a tragédia focalizava ações humanas que representavam a transgressão 
da ordem no contexto familiar ou social. De origem grega, a tragédia surge a partir das 
celebrações ao deus Dionísio.
49
Teoria da Literatura
O Culto a Dionísio
As festas dionisíacas, também chamadas de bacantes, representavam celebrações 
a Dionísio, deus protetor das vindimas. No período das colheitas de uvas, eram dedicados 
cinco dias a homenagens a esse deus. Essas festas eram regadas a vinho e se estendiam 
até à embriaguez. Ninguém poderia ser preso nessa época e aqueles que assim estivessem 
recebiam a liberdade, para participarem dessas comemorações. Durante as festas 
organizavam-se encenações, ora dramáticas ora satíricas para o deleite do povo. Um 
personagem, tido como emissário de Dionísio, era o coordenador dessas encenações. 
A este personagem denominava-se de Corifeu. Ao lado do corifeu, estava o coro, que se 
responsabilizava por externar através de gestos e passos ensaiados a alegria ou terror 
existentes na narrativa representada. 
Assim, esses dois elementos entraram para a representação teatral: o corifeu e o 
coro. 
Ainda a Tragédia
A tragédia fundamenta-se na focalização das “ lutas de um indivíduo contra uma 
doença, um conflito íntimo de paixão, uma força superior, um ambiente hostil, um destino 
adverso, um caráter defeituoso, ambições desmedidas, contra os quais ele se atira e 
experimenta a sua fortaleza (COUTINHO, 1987, p. 786).
Os grandes representantes da tragédia grega são Sófocles, Ésquilo e Eurípedes. 
Entre os romanos, destaca-se Sêneca. No Renascimento inglês, encontramos William 
Shakespeare. No século XII, marcando a tragédia clássica francesa, temos Corneille e Racine. 
50
Teoria da Literatura
Minibiografia
 
William Shakespeare, poeta e dramaturgo inglês. Nasceu na cidade de Atratford-Avon, em 
1564. Sua primeira peça teatral, Comédia dos Erros, foi escrita durante quatro anos, tendo sido 
iniciada em 1590. Sua produção poética possui reconhecido valor, mas foi na dramaturgia que 
Shakespeare se tornou o célebre autor até nos dias atuais. Em 1594, integrou a Companhia 
de Teatro Lord Chamberlain. Sua obra literária é composta de tragédias, dramas históricos e 
comédias que se destacaram no cenário teatral e mantêm-se influenciando o teatro até hoje. 
Seus textos enfocam problemáticas como amor, relacionamentos afetivos, questões sociais, 
temas políticos, enfim, temas próprios da natureza humana, independente de sua época 
histórica. Faleceu em 1616. Algumas de suas obras são O Mercador de Veneza, Sonho de uma 
noite de verão, Romeu e Julieta, Macbeth, entre outras. Leia mais sobre este autor, visitando o 
site: http://www.suapesquisa.com/shakespeare/
A Comédia Grega
Nascida na Grécia, a comédia(comos, aldeia; ode, canto) também tem origem nas 
festas dionisíacas. Naquelas encenações, as quais já citamos anteriormente, pretendiam 
provocar o riso através da satirização de situações individuais ou sociais. As comédias 
perpassavam também a intenção de corrigir a quebra das leis ou convenções sociais e 
morais. Esse tipo de arte apresentava-se sob as formas de intriga, de costumes, de caracteres 
ou a mista. Os autores comediógrafos mais significativos foram os gregos Aristófanes e 
Menandro. Na comédia romana, considera-se Plauto o de maior destaque. Chegando à 
época moderna, na Inglaterra, Shakespeare também se destaca na escrita de comédias e 
Molière, na França.
Teatro Santa Isabel (RECIFE/PE)
51
Teoria da Literatura
O Teatro Brasileiro
A história do teatro brasileiro é bastante rica e se fôssemos discorrer por ela, 
destacando seus pontos mais marcantes, iríamos nos alongar muito. Iremos apresentar 
apenas alguns breves tópicos dessa arte em nosso cenário nacional. Entretanto, seria 
interessante para seu conhecimento que você recorresse às fontes na web e ampliasse suas 
informações. Sem dúvida, é uma atividade extra que iria lhe ser muitíssimo enriquecedora. 
Diversos dos atores que participaram da construção do teatro moderno são nossos 
conhecidos através da TV. É de nosso conhecimento que na maioria dos casos esses atores 
e atrizes começaram no teatro, inclusive participando da criação de companhia de teatro. 
Mas, como disse, essa temática tem muito a nos ensinar, vale a pena uma leitura mais 
apurada na história de nosso teatro brasileiro. Então, confira. 
No cenário brasileiro, o teatro surgiu no período da colonização.
Um dos primeiros textos é de autoria do padre José de Anchieta, Auto da Festa de 
São Lourenço. As peças dos jesuítas possuíam intenção de catequizar os índios, de forma que 
a essência desses textos era sempre de fundo religioso, moral e didático. O teatro nacional 
estabeleceu-se em cerca da metade do século XIX, quando do surgimento do Romantismo. 
O escritor Martins Pena iniciou produzindo suas comédias de costumes. Outros nomes 
que marcaram o teatro daquela época são Artur Azevedo, o ator e empresário teatral João 
Caetano e Machado de Assis.
A partir da Independência do nosso país, uma onda de nacionalidade expandiu-
se no cenário brasileiro e isto se refletiu também no teatro. O espírito do movimento 
romântico chegou até às manifestações na dramaturgia brasileira. Temas como a grandeza 
territorial do Brasil, a opulência da natureza nacional, a igualdade de todos os brasileiros, a 
hospitalidade do povo eram encontrados em Joaquim Manuel de Macedo. Considera-se que 
A Tragédia Antônio José ou O Poeta e a Inquisição, obra de Gonçalves de Magalhães, seja a 
primeira manifestação de um teatro brasileiro. Essa obra foi encenada por João Caetano no 
teatro Constitucional Fluminense, em março de 1838.
Com a entrada do Realismo na Literatura Brasileira, o teatro também dá 
demonstrações de reagir aos exageros românticos. Machado de Assis escreve A Lição de 
botânica. As questões políticas do 2º Império são discutidas em peças de Joaquim José da 
França Júnior Como se faz um deputado e Caiu o ministério.
A Semana de Arte Moderna, realizada em 1922, não manifestou grandes novidades 
para o Teatro Brasileiro, mas destaca-se a criação do Teatro de Brinquedo, de Álvaro 
Moreira. A estreia de ‘’Adão, Eva e outros membros da família’’ (1927). Com linguagemcoloquial, inova, apresentando pela primeira vez como personagens centrais dois marginais, 
um mendigo e um ladrão. Escrita em linguagem coloquial, coloca em cena, pela primeira 
vez, como protagonistas, dois marginais: um mendigo e um ladrão. 
Nelson Rodrigues é considerado o pioneiro da moderna dramaturgia brasileira, 
levando a público uma obra coerente e bastante original. Seus temas preferidos são os 
dramas da sociedade, tais como ciúmes, loucuras, incestos e adultérios. Sua obra, Vestido 
de Noiva, é um texto ousado e marca o teatro brasileiro.
A título de conhecimento, sugerimos a leitura de um trecho de uma peça clássica 
do teatro grego, de autoria de Sófocles, Édipo Rei.
52
Teoria da Literatura
Édipo Rei
(Sófocles)
Personagens:
Édipo, rei de Tebas
Sacerdote 
Creonte, irmão de Jocasta
Tiresias, adivinho cego
Jocasta, rainha de Tebas
Mensageiro de Corinto
Servo, da casa de Laios
Emissário, do palácio real
Coro, dos anciões de Tebas
Figurantes:
Aia, acompanhante de Jocasta 
Um menino, guia de Tirésias 
Um grupo de suplicantes 
As duas filhas de Édipo, Antígona e Ismênia
Guardas e servidores do palácio
A ação passa-se em Tebas (cidade-estado fundada por Cadmo, herói lendário), 
diante do palácio do rei Édipo.
Junto a cada porta há um altar, a que se sobe por três degraus. O povo está 
ajoelhado em tomo dos altares, trazendo ramos de louros ou de oliveira. Entre os anciãos 
está um sacerdote de Júpiter.
Abre-se a porta central; ÉDIPO aparece, contempla o povo, e fala em tom paternal.
Édipo
Ó meus filhos, gente nova desta velha cidade de Cadmo, por que vindes assim, 
junto a estes altares, tendo nas mãos os ramos dos suplicantes? Sente-se, por toda a cidade, 
o incenso dos sacrifícios; ouvem-se gemidos, e cânticos fúnebres. Não quis que outros me 
informassem da causa de vosso desgosto; eu próprio aqui venho, eu, o rei Édipo, a quem 
todos vós conheceis. Diga! Responde tu, ó velho; por tua idade veneranda convém que fales 
em nome do povo. Dize-me, pois, que motivo aqui vos trouxe? Que terror, ou que desejo 
vos reuniu?
Careceis de amparo? Quero prestar-vos todo o meu socorro, pois eu seria insensível 
53
Teoria da Literatura
à dor, se não me condoesse de vossa angústia.
O Sacerdote
Édipo, tu que reinas em minha pátria, bem vês esta multidão prosternada diante 
dos altares de teu palácio; aqui há gente de toda a condição: crianças que mal podem 
caminhar, jovens na força da vida, e velhos curvados pela idade, como eu, sacerdote de 
Júpiter. E todo o restante do povo, conduzindo ramos de oliveira, se espalha pelas praças 
públicas, diante dos templos de Minerva, em torno das cinzas proféticas de Apolo Ismeno! 
Tu bem vês que Tebas se debate numa crise de calamidades, e que nem sequer pode erguer 
a cabeça do abismo de sangue em que se submergiu; ela perece nos germens fecundos da 
terra, nos rebanhos que definham nos pastos, nos insucessos das mulheres cujos filhos não 
sobrevivem ao parto.
Brandindo seu archote, o deus maléfico da peste devasta a cidade e dizima a raça 
de Cadmo; e o sombrio Hades se enche com os nossos gemidos e gritos de dor. Certamente, 
nós não te igualamos aos deuses imortais; mas, todos nós, eu e estes jovens, que nos 
acercamos de teu lar, vemos em ti o primeiro dos homens, quando a desgraça nos abala 
a vida, ou quando se faz preciso obter o apoio da divindade. Porque tu livraste a cidade 
de Cadmo do tributo que nós pagávamos à cruel Esfinge; sem que tivesses recebido de 
nós qualquer aviso, mas com o auxilio de algum deus, salvaste nossas vidas. Hoje, de novo 
aqui estamos, Édipo; a ti, cujas virtudes admiramos, nós vimos suplicar que, valendo-te 
dos conselhos humanos, ou do patrocínio dos deuses, dês remédios aos nossos males; 
certamente os que possuem mais longa experiência é que podem dar os conselhos mais 
eficazes! Édipo! Tu, que és o mais sábio dos homens, reanima esta infeliz cidade, e confirma 
tua glória! Esta nação, grata pelo serviço que já lhe prestaste, considera-te seu salvador; 
que teu reinado não nos faça pensar que só fomos salvos por ti, para recair no infortúnio, 
novamente! Salva de novo a cidade; restitui-nos a tranqüilidade, ó Édipo! Se o concurso dos 
deuses te valeu, outrora, para nos redimir do perigo, mostra, pela segunda vez, que és o 
mesmo! Visto que desejas continuar no trono, bem melhor será que reines sobre homens, 
do que numa terra deserta.
De que vale uma cidade, de que serve um navio, se no seu interior não existe uma 
só criatura humana?
Édipo
Ó meus filhos, tão dignos de piedade! Eu sei, sei muito bem o que viestes pedir-me. 
Não desconheço vossos sofrimentos; mas na verdade, de todos nós, quem mais se aflige 
sou eu. Cada um de vós tem a sua queixa; mas eu padeço as dores de toda a cidade, e as 
minhas próprias.
Vossa súplica não me encontra descuidado; sabei que tenho já derramado 
abundantes lágrimas, e que meu espírito inquieto já tem procurado remédio que nos salve. 
E a única providência que consegui encontrar, ao cabo de longo esforço, eu a executei 
imediatamente. Creonte, meu cunhado, filho de Meneceu, foi por mim enviado ao templo 
de Apolo, para consultar o oráculo sobre o que nos cumpre fazer para salvar a cidade. E, 
calculando os dias decorridos de sua partida, e o de hoje, sinto-me deveras inquieto; que 
lhe terá acontecido em viagem? Sua ausência já excede o tempo fixado, e sua demora não 
me parece natural. Logo que ele volte, considerai-me um criminoso se eu não executar com 
presteza tudo o que o deus houver ordenado.
O Sacerdote
Realmente, tu falas no momento oportuno, pois acabo de ouvir que Creonte está 
54
Teoria da Literatura
de volta.
Édipo
Ó rei Apolo! Tomara que ele nos traga um oráculo tão propício, quanto alegre se 
mostra sua fisionomia!
www.virtualbooks.com.br
Para uma melhor compreensão, é necessário nos transportar para o cenário 
mitológico da Grécia Antiga e procurar desvendar mitos e símbolos. Esta tarefa fica com 
você. Seja um pesquisador, não perca a prática da pesquisa. 
Galeria de Talentos Brasileiros
Nelson Rodrigues
Nelson Rodrigues, pernambucano, nascido em Recife em 1912. Dramaturgo 
brasileiro que conseguiu revolucionar o teatro brasileiro. Abordava as temática focadas 
em tragédias familiares, a vida cotidiana do subúrbio carioca, incestos, crimes, suicídios, 
personagens à beira da loucura, movidos pelo desejo e deixados levar pela paixão sem 
limites. Seus diálogos eram rápidos, diretos, quase telegráficos, num misto de tragédia e 
humor. Em 1943 ao lançar Vestido de Noiva, renovou o teatro nacional, não apenas pela 
qualidade do texto , mas pela direção do ator e diretor Ziembinsky. A peça atingiu grande 
sucesso. Ficou conhecido como autor maldito, obsceno e tarado. Teve várias de suas peças 
interditada pela censura brasileira. Escreveu dezessete peças, centenas de contos e nove 
romances. Entre as peças de maior sucesso estão: Vestido de noiva (1943), A Falecida 
(1953), Os Sete Gatinhos (1958), Boca de Ouro (1959), Beijo no Asfalto (1960) e Toda 
Nudez será Castigada (1965). Conheça mais sobre Nelson Rodrigues visitando os sites: 
http://www.netsaber.com.br/biografias/ver_biografia_c_952.html e http://pt.shvoong.com/books/
biography/1660730-nelson-rodrigues-vida-obra/
55
Teoria da Literatura
Ariano Vilar Suassuna
Ariano Vilar Suassuna, nasceu em Taperoá, cidade da Paraíba em 1927. Aos 16 anos 
deu início à carreira literária, escrevendo poesias. Em 1956 integrou o corpo docente da 
Universidade Federal de Pernambuco como professor de Estética. Uma Mulher Vestida de 
Sol foi sua estreia no teatro no ano de 1947. Recebeu o Prêmio Nacional de Ficção atribuído 
pelo Instituto Nacional do Livro ao romance A Pedra do Reino, publicado em 1971. Fundou 
no Recife o Teatro Popular do Nordeste (TPN) e o Movimento de Cultura Popular (MCP) 
com outros intelectuais. Idealizou o Movimento Armorial7 com o objetivo de criar uma arte 
erudita brasileira com bases nas raízes populares da cultura brasileira.
É considerado pela crítica como umdos principais preservadores da cultura do 
país, pois procura unir os valores mais arraigados de sua região à sua bagagem erudita e 
teórica. Sua produção literária possui elementos do Simbolismo, do Barroco e da literatura 
de cordel. É ficcionista, poeta, dramaturgo e pensador da cultura. Consegue fazer do sertão 
palco de questões humanas universais. Algumas de suas peças já foram transformadas em 
filmes e em minisséries da televisão brasileira. Suas obras mais conhecidas são: O Auto da 
Compadecida (1955), O Santo e a Porca - O Casamento Suspeitoso” (1957), “A Farsa da 
Boa Preguiça” (1960) e o romance A Pedra do Reino. Conheça mais sobre Ariano Suassuna, 
visitando os sites: www.netsaber.com.br/biografias/ver_biografia_c_1580.html e http://pt.shvoong.
com/books/biography/1659153-ariano-suassuna-vida-obra/
Dias Gomes
Dias Gomes
Alfredo de Freitas Dias Gomes, teatrólogo baiano, nasceu em Salvador em 1922. Aos 
quinze anos recebeu um prêmio com a peça teatral A Comédia dos Moralistas, no Serviço 
Saiba Mais
7 O Movimento 
Armorial foi fundado 
em 1970 por Ariano 
Suassuna juntamente 
com outros artistas. 
O objetivo desse 
Movimento seria criar 
uma arte brasileira 
erudita baseada 
na arte popular. A 
intenção inicial foi 
reagir à invasão 
da cultura norte-
americana em nosso 
país. O Movimento 
Armorial contou com a 
participação de artistas 
de todas as áreas, 
como, por exemplo, 
a literatura, música, 
dança, teatro. Alguns 
nomes que integraram 
esse movimento 
foram Antonio Carlos 
Nóbrega, Guerra 
Peixe, Capiba, José 
Madureira, entre 
outros.
Leia mais no site 
http://nandoagra.
sites.uol.com.br
56
Teoria da Literatura
Nacional de Teatro. Aos dezenove anos escreveu PE de Cabra, peça que foi levada a público 
por Procópio Ferreira e foi bem recebida pela crítica e pelos espectadores. Entretanto, 
devido a ser considerada de alto teor marxista, Pé de Cabra seria proibida no dia da estreia. 
Mas, graças à influência de Procópio Ferreira, houve a liberação da peça, com a promessa 
de alguns cortes de algumas passagens, e a mesma é levada à cena, obtendo o merecido 
sucesso. Já naquela época, Procópio Ferreira ofereceu um contrato de exclusividade a Dias 
Gomes ainda bastante jovem. 
As temáticas abordadas em seu texto eram os problemas brasileiros, o que o levou 
a receber o nome de teatro de protesto. Escreveu em torno de quinhentas adaptações de 
grandes obras da Literatura Universal para o rádio. Chegou a ser perseguido politicamente. 
Pelas perseguições sofridas escreveu empregando pseudônimos, inclusive de sua esposa, 
também escritora de novelas para a TV brasileira, Janete Clair. Escreveu diversas novelas 
para a TV, entre elas: Verão Vermelho, Sinal de Alerta, Bandeira 2, Espigão, Saramandaia, 
Roque Santeiro. Embora enveredando para as novelas, permaneceu firme nas produções 
de peças. Várias de suas peças foram premiadas. Entre elas, talvez a mais conhecida do 
público, por ter sido transformada em filme, O Pagador de Promessas. Algumas peças 
de reconhecido valor pela crítica e público são: O Santo Inquérito, O Berço do Herói, A 
invasão, Rei de Ramos, todas focalizando a realidade brasileira. Faleceu em São Paulo, 18 
de maio de 1999. Leia mais sobre Dias Gomes, visitando os sites: http://www.google.com.br/
imgres?imgurl=http://4.bp.blogspot.com/ e http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.
museudatv.com.br/biografias/Dias
Questões para Reflexão
1. O que torna o teatro uma arte ainda de pouco acesso para a maioria da população 
nacional?
2. Quais são os nossos dramaturgos de reconhecimento nacional?
3. Quais as peças teatrais já veiculadas na televisão brasileira?
4. Quem foi Nelson Rodrigues? E Dias Gomes? Recorda algum trabalho assistido na TV 
que trazia o nome desse dramaturgo? Pesquise. Escreva um pouco sobre esses dois 
talentos brasileiros.
5. Você conhece Ariano Suassuna? Quais as suas peças de maior conhecimento do 
público? Escreva um pouco sobre seu trabalho.
57
Teoria da Literatura
Webquest: Pesquisa em Ação
Título da Webquest:
Gêneros Literários e a Literatura Brasileira
Introdução
Os gêneros literários nem sempre se apresentam isolados em uma obra. Por vezes, 
os gêneros se mesclam dentro de um próprio texto literário. Ou seja, em um romance 
encontramos o diálogo que é base fundamental do texto dramático. No drama é possível 
acharmos um personagem a declamar um texto poético e assim por diante. Um romance 
histórico narra a épica de um povo.
A Tarefa
Você irá realizar, nessa etapa de sua pesquisa, um quadro com todas as 
características dos gêneros literários estudados. Em seguida, irá investigar na Literatura 
Brasileira obras que possuam as características elencadas para cada gênero. Escolha uma 
obra de cada. Em seguida, você destacará algumas das características mais representativas 
de cada gênero. Que acha de usar para estudo aquele romance que sugerimos você ler em 
oportunidade anterior? Você poderá guiar-se pelos exemplos de textos vistos até agora, 
inclusive poderá consultar seu material didático de módulos anteriores. Que acha? Gostou 
da dica?
O Processo
4.1 Inicialmente, procure coletar material na web acerca do tema: Gêneros Literários. 
Amplie sua pesquisa.
4.2 Procure fazer uma síntese do material encontrado. Ao se fazer um resumo ou uma 
síntese sobre algum assunto, devemos nos deter nas ideias centrais que o autor 
desenvolve. Portanto, seja objetivo: concentre-se apenas em conceitos chaves. Não 
se esqueça de relacionar o nome do crítico ao lado de suas conceituações. Isso dará 
validade à sua pesquisa. E não esqueça de indicar o site da referida informação.
58
Teoria da Literatura
4.3 Consulte os textos literários dados como exemplos nos módulos anteriores. 
Consulte sites referentes a obras nacionais, teatro, poesia, romances, etc.
4.4 Agora, sim, você está com o material em mãos. Comece a organizar sua atividade. 
Inicialmente coloque as características dos gêneros, em seguida, apresente os 
trechos das obras investigadas para análise. Indique nas obras o que você julga 
serem características representativas dos gêneros. Pronto, está realizado seu 
trabalho. Vamos à avaliação.
A Avaliação
Na avaliação dessa atividade, serão analisados:
5.1 A síntese do material pesquisado na web;
5.2 A disposição das informações adquiridas;
5.3 A clareza e objetividade de seu texto/resumo;
5.4 As características das obras indicadas.
Conclusão
Caro cursista, muito bem! Você demonstrou empenho e seriedade na execução 
de sua atividade. Percebo que você está se engajando muito bem em seu curso. Com 
certeza, será um excelente profissional. Mas, a estrada é longa e sua disposição deverá ser 
ainda maior! Vamos, portanto, continuar a desenvolver esse assunto em chats e fóruns de 
discussões?
Referências
 http://www.portrasdasletras.com.br/pdtl2/sub.php?op=literatura/docs/generos
 http://www.fcsh.unl.pt/invest/edtl/verbetes/G/generos_literarios.htm
 http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:9NFMruIlyHgJ:campus.
fortunecity.com/drew/273/literarios.doc+generos+literarios&cd=7&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br
 www.cocmogi.com.br/download/semienem/linguagens/13b.ppt
 http://www.portalimpacto.com.br/docs/01Anisio1ANOAula03GenerosLiterarios2.pdf
 http://www.slideshare.net/leioomundoassim/gneros-literrios-2213883
 www.letras.ufmg.br/jlinsbrandao/JLB_teoria_generos_literarios.pdfwww.letras.ufmg.br/
jlinsbrandao/JLB_teoria_generos_literarios.pdf
Vamos Revisar?
Chegamos ao final de mais um módulo. O que você aprendeu nesse terceiro 
capítulo? Discutimos sobre o Teatro. As origens da arte dramática. Vimos alguns aspectos da 
tragédia e da comédia. Você conheceu um pouco sobre a mitologia grega, estudando sobre 
as festas dionisíacas. Acreditamos que você assimilou bem a estrutura do texto dramático. 
E, quando tiver uma oportunidade, dedique um pouco de seu tempo para aprofundar seu 
estudo e conhecer de fato o próprio texto, seja drama ou comédia. Amplie seu aprendizado. 
E o mais importante, não perca aoportunidade de ir a um teatro. E, assim, coloque em 
prática o que você estudou. Observe os elementos que fazem parte do teatro. Cenário, 
59
Teoria da Literatura
figurino, entonação das falas dos personagens, entre outros detalhes específicos da arte 
dramática. Esse assunto é bastante extenso e seria impossível abordarmos toda a sua 
essência em um capítulo apenas. Com certeza você irá checar sua curiosidade sobre esse 
assunto em outras fontes de informação. Ao se aprofundar no teatro brasileiro, você sentir-
se-á familiarizado, considerando que encontrará nomes de grandes autores e atores que já 
integram a sua bagagem cultural através de seu contato com a TV brasileira. 
60
Teoria da Literatura
Considerações Finais
Caro(a) cursista,
Esperamos que esteja finalizando esse módulo com suas expectativas atendidas, 
no que diz respeito ao que esperava para essa etapa de nosso estudo. Lembramos 
também que você não deve temer a teorização que a temática exige. Como já afirmamos 
em oportunidade anterior, toda teoria perde seu lado assustador, quando assimilamos 
adequadamente os conceitos adquiridos. O fundamental é que você tenha o hábito de ler e 
reler, se necessário, para que não fiquem sombras no que nós estamos discutindo.
Ao serem concluídos, os capítulos requerem uma nova e detalhada leitura com 
objetivo de eliminar quaisquer dúvidas e refletir no conhecimento conquistado. É sempre 
de grande utilidade refletirmos sobre o que foi assimilado, o que foi apreendido de tudo que 
você leu, questionou, exercitou. Não se limite ao estudo apenas de seu material didático. 
Consulte sites sugeridos e pesquise outros. Você poderá ainda ampliar suas investigações 
literárias em outros livros. Visite uma biblioteca em sua cidade, verifique o que há relativo 
ao que estamos estudando. Essa é uma prática de grande valor para a nossa formação como 
profissionais. Devemos adquirir o hábito da investigação, é assim que se fazem grandes 
estudiosos. 
Iremos entrar no quarto e último módulo. Já pensou? Estamos entrando na reta 
final. Como você se sente, concluindo mais uma disciplina? Como se sente até aqui? Muitas 
foram as conquistas até aqui, não foram? Temos certeza de que você se considera um 
vencedor! Olhe para você e veja o quão forte você é. Embora tenha encontrado diversos 
atropelos pela frente, não desistiu e está aí, cheio de energia para novas aprendizagens. 
Você será um profissional que se destacará entre os demais! Acreditamos profundamente 
nisto! O esforço, a dedicação, a superação de obstáculos fazem de você herói de sua própria 
história. Cuja história daria um livro? E você a contaria em que gênero? Épico, dramático ou 
lírico? Suas experiências dariam para escrever um drama ou uma poesia? 
No próximo módulo, estaremos analisando alguns textos e focaremos suas 
características temáticas e estruturais referentes aos gêneros. Que acha de já dar início à 
leitura de um romance? Vamos lá, escolha um que lhe atraia! Otimize seu tempo, para que 
lhe sobrem algumas horas para seu deleite literário! Um grande abraço e boa leitura! Troque 
ideias com seus colegas, dialogue sobre a preferência de leitura de cada um. Decidam em 
conjunto o que irão ler. Vamos lá!
Telma Maria Dutra
Professora Autora
61
Teoria da Literatura
Referências
 AGUIAR, Vitor Manuel de. Teoria da Literatura. Coimbra: Livraria Almedina.1988.
 ARISTÓTELES. Arte Poética e Arte Retótica. Rio de Janeiro: Editora Tecnoprint S.A. 
 COUTINHO, Afrânio. Crítica e teoria literária. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro,1987. 
p. 748).
 D’ONOFRIO, Salvatore. Forma e Sentido do Texto Literário. São Paulo: Ática, 2007.
 FILHO, Domício Proença. A Linguagem Literária. São Paulo: Ática, 1986. Série 
Princípios. 
 JÚNIOR, R. Magalhães. A Arte do Conto. Rio de Janeiro: Bloch Editores S.A., 1972.
Sites importantes:
 http://www.portrasdasletras.com.br/pdtl2/sub.php?op=literatura/docs/generos
 http://www.fcsh.unl.pt/invest/edtl/verbetes/G/generos_literarios.htm
 http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:9NFMruIlyHgJ:campus.
fortunecity.com/drew/273/literarios.doc+generos+literarios&cd=7&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br
 www.cocmogi.com.br/download/semienem/linguagens/13b.ppt
 http://www.portalimpacto.com.br/docs/01Anisio1ANOAula03GenerosLiterarios2.pdf
 http://www.slideshare.net/leioomundoassim/gneros-literrios-2213883
 www.letras.ufmg.br/jlinsbrandao/JLB_teoria_generos_literarios.pdfwww.letras.ufmg.br/
jlinsbrandao/JLB_teoria_generos_literarios.pdf
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Teoria da Literatura
Conheça a Autora
Olá, caros cursistas, eu sou Telma Maria Dutra, pessoa formada em Letras pela 
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), pós-graduada em Literatura Brasileira e 
Língua Portuguesa. Em 2004, concluí mestrado em Letras, na área de Teoria da Literatura, 
disciplina que é minha verdadeira paixão. Minha formação acadêmica foi toda realizada na 
UFPE. É sempre com muita satisfação que participo de cursos e pesquisas nessa área. Tenho 
como meu objetivo maior articular estratégias para estimular meus alunos a envolverem-se 
na Literatura com paixão semelhante a minha. Sou professora da rede estadual de ensino 
do estado de Pernambuco, leciono também na Faculdade de Olinda (FOCCA) e na Faculdade 
Pernambucana (FAPE). Trabalho com disciplinas no ramo da Literatura e com as práticas 
de ensino. A participação em cursos de Educação a Distância enriqueceu muito minha 
experiência profissional. Espero vivenciar outros momentos nessa modalidade de ensino.

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