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Violência intrafamiliar contra crianças e adolescentes Cuidados de enfermagem na atenção básica

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VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR CONTRA 
CRIANÇAS E ADOLESCENTES: 
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA 
ATENÇÃO BÁSICA
MARTA ANGÉLICA IOSSI SILVA
LYGIA MARIA PEREIRA DA SILVA
MARIA DAS GRAÇAS CARVALHO FERRIANI
 INTRODUÇÃO 
As ações de saúde têm contribuído para prevenção de mortes e melhoria da qualidade de vida das 
crianças e dos adolescentes. Entretanto, o enfrentamento das várias formas de violência cometidas 
contra esses grupos etários ainda se configura um grande desafio.1 
Todos os anos, inúmeros adolescentes e crianças, tanto no âmbito intrafamiliar como no cotidiano 
institucional ou social, têm sido vítimas de violência, negligência e discriminação, tendo seus direitos 
e sua cidadania cruelmente desrespeitados. Evidencia-se, portanto, com grande frequência e 
gravidade, a presença da violência nos diferentes espaços da sociedade brasileira. Tanto a violência 
intrafamiliar, como social e estrutural, às quais muitas crianças e adolescentes estão submetidos, 
constituem uma questão de direitos humanos.
A violência contra crianças e adolescentes encontra-se em um contexto complexo, no qual se 
incluem outras formas de violência.2 A vivência de situações violentas causa sofrimento à criança; 
como exemplo, podem ser citados os conflitos familiares, especialmente as agressões entre os 
pais. É frequente a reprodução da violência, pois as crianças crescem e se desenvolvem nesse 
contexto, em que aprendem e reproduzem os comportamentos violentos como forma de resolver 
conflitos ou de exercer o poder.3 
Ressalta-se, ainda, a violência causada por parceiros íntimos (VPI), seja no período pré ou 
pós-natal, a que muitas mulheres estão submetidas. Essa forma de violência influencia de maneira 
direta a saúde e o comportamento das crianças e dos adolescentes. A VPI mostra-se associada 
aos problemas de comportamento dos filhos, que aumentam conforme a gravidade da violência e 
o número de problemas comportamentais associados.4,5
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ICA O impacto da violência pode ser visto de várias formas, em diversas partes do mundo. Todo ano, 
mais de 1 milhão de pessoas perde suas vidas, e muitas outras sofrem lesões não fatais resultantes 
da violência interpessoal, autoinfligida (comportamento suicida e autoagressão) ou coletiva. As 
evidências mostram que as vítimas de violência intrafamiliar têm mais problemas de saúde, 
custos com assistência à saúde significativamente mais elevados e demandam mais dos serviços 
de emergência do que as pessoas que não têm histórico de violência.6
 Independentemente da forma de apresentação da violência, as principais consequências 
da violência intrafamiliar na infância e na adolescência refletem-se no crescimento 
e no desenvolvimento das crianças e dos adolescentes, nas esferas física, social, 
comportamental, emocional e cognitiva.6,7
As unidades de saúde, em todos os seus níveis, caracterizam-se como a porta de entrada preferencial 
dos casos de violência. As suspeitas de violência intrafamiliar surgem, muitas vezes, no decorrer 
do atendimento prestado, como em uma consulta ou em um exame demandados por outros sinais 
e sintomas que não necessariamente aqueles possivelmente desencadeados por alguma forma 
de violência.
Os serviços de saúde objetivam atender às necessidades de saúde decorrentes da violência, tendo 
como perspectiva a promoção da saúde, as ações preventivas e as ações para a qualificação 
profissional, previstas e delineadas como uma linha de cuidado para a atenção integral à saúde de 
crianças, adolescentes e suas famílias em situação de violência.1 
Em todos os casos de violência, visando ao alcance dos padrões de assistência adequados, além 
de outros recursos, o serviço de saúde deve ter normas e rotinas definidas. Todavia, cada caso 
deve ser avaliado particularmente e atendido conforme as prioridades identificadas.8
Os profissionais de saúde, incluindo os enfermeiros, têm dificuldades em lidar com casos 
de violência intrafamiliar, pois precisam estar em contato com aspectos de sua existência, seus 
conceitos, seus medos, sua visão de mundo e suas experiências relacionadas à família, ao afeto 
e à sexualidade.2,7
Guias e protocolos que deem suporte ao trabalho da enfermagem junto às crianças e aos 
adolescentes em situação de violência são necessários para uma atuação eficiente e tecnicamente 
orientada. Igualmente importante é a capacitação dos profissionais, mediante proposta de 
discussão dos dilemas éticos, para reflexão e aperfeiçoamento da sua prática profissional.6,9
 OBjETIVOS
Ao final da leitura deste artigo, espera-se que o leitor seja capaz de: 
■ reconhecer os diferentes tipos de expressão da violência intrafamiliar; 
■ identificar os possíveis sinais e sintomas indicativos dos diferentes tipos de violência intrafamiliar;
■ conhecer as etapas essenciais para a atenção a crianças e adolescentes vítimas de violência 
intrafamiliar;
■ compreender os danos à saúde das crianças e adolescentes causados pela violência intrafamiliar 
e propor ações para prevenção dessa forma de violência por meio da educação em saúde;
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1 │■ reconhecer o papel do enfermeiro e os aspectos prioritários para a consulta de enfermagem 
junto a crianças, adolescentes e familiares em situação de violência intrafamiliar, com ênfase às 
situações de risco, à escuta qualificada, ao exame físico e a encaminhamentos na perspectiva 
da proteção integral.
 ESqUEMA CONCEITUAL
Prevenção e ações educativas
Violência intrafamiliar contra 
crianças e adolescentes: 
conceito e tipologia
O papel do enfermeiro perante 
a violência intrafamiliar
Uma rede de proteção para 
crianças e adolescentes 
a partir da atenção básica
Conclusão
Consulta de enfermagem
Caso clínico
Roteiro para escuta do relato
Exame físico
Quando a criança e o 
adolescente revelam a 
violência sofrida
Acompanhamento
Percurso das crianças e dos 
adolescentes quando os casos 
de violência intrafamiliar são 
notificadosFluxograma do atendimento
O cuidado de enfermagem
Negligência
Violência psicológica
Violência sexual
Síndrome de Müchausen 
por procuração
Violência física
Suspeitar
Investigar e diagnosticar
Notificar
Tratar
Orientar
Proteger
Encaminhar
Acolher
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ICA VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR CONTRA CRIANÇAS 
 E ADOLESCENTES: CONCEITO E TIPOLOGIA 
 A Organização Mundial da Saúde (OMS) define como violência intrafamiliar toda ação ou 
omissão que cause prejuízo ao bem-estar, à integridade física e psicológica ou à liberdade 
e ao direito do pleno desenvolvimento de outro membro da família. Pode ser cometida 
dentro ou fora de casa por algum membro da família, incluindo pessoas que passam 
a assumir função parental, ainda que sem laços de consanguinidade, e em relação de 
poder sobre a outra.1 
A expressão violência intrafamiliar se refere, portanto, ao tipo de relacionamento entre 
as pessoas envolvidas e não tem relação com o lugar em que ocorre.7,10
 O processo de violência intrafamiliar contra a criança e o adolescente caracteriza-se como 
um fenômeno que não está vinculado a somente uma classe social. Pelo contrário, é um 
processo transversal, que corta verticalmente a sociedade, sem distinção de fronteiras 
sociais. Logo, a violência intrafamiliar é uma questão que deve ser tratada com cuidado, 
sem perder de vista o contexto em que ocorre.
A violência intrafamiliar na infância e na adolescência é frequentemente apresentada na literatura 
com a seguinte classificação:
■ violência física;
■ negligência;
■ violência psicológica;
■ violência sexual;
■ síndrome de Müchausen por procuração.VIOLÊNCIA FíSICA
 A violência física é o uso da força física contra a criança, causando-lhe desde uma leve 
dor, passando por danos e ferimentos de média gravidade, até a tentativa ou execução 
de homicídio. 
Em geral, as justificativas para a violência física vão desde a preocupação com a segurança e a 
educação até a hostilidade intensa.1 Essa forma de violência tem sido a mais notificada, por ser a 
mais visível e fácil de se conceituar e identificar.1,8
NEGLIGÊNCIA
 A negligência é caracterizada como uma forma insidiosa de violência, que representa 
uma omissão em relação às obrigações da família no que se refere a cuidar e a prover 
as necessidades físicas e emocionais das crianças e dos adolescentes, o que coloca em 
risco seu desenvolvimento saudável. 
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1 │Deve haver cuidado para não se confundir negligência com dificuldades reais, em razão das 
condições sociais de vida familiar.1,8 No Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA),11 observa-
se a preocupação com a possível confusão entre negligência e dificuldades reais em função das 
condições sociais de vida familiar ao mencionar, em seu artigo 23, que “a falta ou a carência de 
recursos materiais não constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão do pátrio poder”. 
A falta ou carência de recursos materiais se apresenta como uma questão de extrema relevância, 
ao se levar em consideração a população prioritariamente atendida na rede pública de saúde; ou 
seja, aquela com graves problemas de ordem socioeconômica.
 Deve-se atentar para a cronicidade e a intencionalidade da negligência. 
VIOLÊNCIA PSICOLóGICA
 A violência psicológica consiste em toda forma de rejeição, depreciação, discriminação, 
desrespeito, cobrança e punição exageradas, isolamento e aterrorização, por meio de 
opressões verbais e ameaças, de modo que cause danos na estruturação mental da vítima. 
Na rejeição afetiva, observa-se a depreciação da criança, o bloqueio de seus esforços de autoestima 
e realização, ameaças de abandono e crueldade.1,10 A violência psicológica é uma forma de violência 
que, invariavelmente, não deixa marcas no corpo; por isso, é considerada uma das mais difíceis 
de ser identificada.9
VIOLÊNCIA SExUAL 
 A violência sexual contra crianças e adolescentes é conceituada pela OMS como uma 
situação de “envolvimento de uma criança em atividade sexual que ele ou ela não 
compreende completamente, é incapaz de dar seu consentimento informado ou para o qual 
a criança não está preparada e não pode consentir, ou que viola as leis da sociedade”.6
Muitas vezes, a violência sexual é imposta à criança e ao adolescente pela violência física, por 
ameaças e chantagens, pela indução de sua vontade ou por meio de sedução. Essa forma de 
violência pode variar desde atos em que não exista contato físico, a exemplo do voyeurismo e do 
exibicionismo, até diferentes atos com contato físico, com ou sem penetração. Engloba, ainda, a 
situação de exploração sexual visando a lucros, como prostituição e pornografia.
A violência sexual produz efeitos nefastos à saúde física e mental da criança/do adolescente, 
apresentando maior gravidade
■ quando há penetração;
■ conforme o vínculo do agressor com a vítima;
■ se, ao revelar a violência sofrida, a vítima não for acreditada;
■ se a criança ou o adolescente vitimizado não contar com a proteção da família ou de responsáveis. 
Verificam-se efeitos negativos imediatos e em longo prazo para crianças e adolescentes vítimas 
de violência sexual, principalmente quando não há qualquer tipo de intervenção.1,6,8
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ICA SíNDROME DE MüCHAUSEN POR PROCURAÇÃO
 A síndrome de Müchausen é caracterizada pela situação na qual os pais ou outro cuidador 
simulam ou provocam sinais e sintomas de doenças.1 
O quadro da síndrome de Müchausen é persistente e recidivante, as queixas são dramáticas, se 
repetem-se a cada visita ao serviço de saúde, sempre informadas pelo mesmo responsável, que 
solicita a realização de exames complementares. Essa simulação pode ocorrer por meio de falsos 
relatos durante a anamnese, podendo se constituir no motivo da visita ao serviço de saúde. 
 A síndrome de Müchausen apresenta relevância específica para os profissionais de 
saúde, pois, a partir de uma informação falsa, a criança pode ser submetida a exames 
e receber tratamentos desnecessários. 
Por estarem preocupados em colher a história da criança ou do adolescente com vistas à assistência 
à sua saúde, os enfermeiros/profissionais que realizam o atendimento podem não perceber 
que se trata de uma simulação. 
 1. Por que é frequente a reprodução da violência intrafamiliar entre seus membros ou 
gerações?
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2. Independentemente da forma de apresentação da violência, em que aspectos do 
crescimento e do desenvolvimento ocorrem as principais consequências da violência 
intrafamiliar na infância e na adolescência? 
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3. Por que os profissionais de saúde, incluindo os enfermeiros, têm dificuldades em lidar 
com casos de violência intrafamiliar?
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 4. De acordo com a OMS, como pode ser definida a violência intrafamiliar?
A) Violência gerada dentro do contexto familiar e por estruturas institucionalizadas, 
que se expressa na forma de agressão física e exploração das pessoas.
B) Toda ação ou omissão que cause prejuízo ao bem-estar, à integridade física 
e psicológica, à liberdade e ao direito do pleno desenvolvimento da pessoa, 
podendo ser cometida dentro ou fora de casa por algum membro da família. 
C) Todo ato (ou omissão) cometido exclusivamente por pais, que transgride o 
dever de proteção da família e da sociedade para com seus membros.
D) Somente agressão física, cometida contra familiares, apenas dentro dos 
domicílios, que caracteriza um abuso de poder no sentido de oprimir e de 
humilhar o outro.
5. Analise as seguintes afirmativas.
I – A violência física pode ser definida somente quando o uso da força física 
contra a criança lhe causa ferimentos ou traumatismos graves.
II – A violência psicológica se refere a todaforma de rejeição, depreciação, 
discriminação, desrespeito, cobrança e punição exageradas, isolamento e 
aterrorização.
III – Envolver uma criança ou um adolescente em atividade sexual que ela ou ele 
não compreende, isto é, que seja incapaz de dar seu consentimento informado, 
violando as leis vigentes, considera-se violência sexual.
IV – É fácil identificar um caso de negligência, pois ela se caracteriza pela omissão 
em relação às obrigações da família no que se refere a cuidar e a prover as 
necessidades físicas e emocionais das crianças e adolescentes.
Estão INCORRETAS:
A) Apenas I e II.
B) Apenas I, II e III.
C) Apenas I e IV.
D) Todas afirmativas.
Resposta no final do artigo
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ICA O PAPEL DO ENFERMEIRO PERANTE A VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR
A seguir, serão explicitadas algumas considerações acerca do papel da enfermagem, mais 
especialmente do enfermeiro, perante situações de violência intrafamiliar.
O CUIDADO DE ENFERMAGEM 
A enfermagem tem como essência e objeto do seu trabalho o cuidado.12 Esse cuidado se 
estabelece na ação, na atitude e no movimento cotidiano da equipe e dos serviços de saúde ao 
considerar a presença do outro no espaço assistencial, na otimização e na diversificação das formas 
e qualidade da interação “eu-outro” e no “enriquecimento dos horizontes de saberes e fazeres” na 
saúde em uma perspectiva interdisciplinar e intersetorial.13
 A atuação do enfermeiro junto às crianças e aos adolescentes em situação de violência 
intrafamiliar deve contemplar ações para prevenção e enfrentamento do problema, 
demandando uma mudança de paradigma, já que requer atuação multidisciplinar e intersetorial. 
Abordar o papel da enfermagem e do enfermeiro no cuidado às crianças e aos adolescentes em 
situação de violência intrafamiliar na atenção básica requer enfoque da prevenção por meio da 
educação em saúde.12
Em relação à atuação da enfermagem no tocante a casos de violência contra crianças e adolescentes, 
identificam-se as seguintes ações:
■ reconhecer os casos de violência; 
■ realizar a consulta de enfermagem;
■ orientar/aconselhar;
■ realizar visita domiciliar;
■ registrar no prontuário os achados clínicos e emocionais com detalhes;
■ discutir a possibilidade de gravidez ou de doença sexualmente transmissível (DST)/síndrome 
da imunodeficiência adquirida (Aids) como consequência da violência;
■ explicar atendimentos e exames a serem realizados durante o acompanhamento até a alta, 
ressaltando a importância da adesão ao que for proposto; 
■ participar da execução de procedimentos diagnósticos e terapêuticos em DST/hepatite e vírus 
da imunodeficiência adquirida (HIV);
■ encaminhar para atendimento médico, psicológico e social; 
■ preencher registros e protocolos; 
■ elaborar e executar treinamento/supervisão da equipe acerca do tema;
■ reconhecer as possibilidades e os limites do serviço em que atua;
■ reconhecer as possibilidades e os limites dos serviços referenciados, com vistas a melhorar a 
efetividade dos encaminhamentos futuros;
■ estabelecer novas parcerias para aumentar a efetividade das ações do serviço em que atua.
 Quanto ao atendimento a meninas, a enfermagem deve registrar a data da última 
menstruação, avaliar atraso menstrual e, nesse caso, orientar o retorno ao serviço de 
saúde.
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1 │Considera-se que a atenção básica, nos casos de vitimização, deve se pautar nos seguintes passos:8
■ acolher;
■ suspeitar;
■ investigar e diagnosticar;
■ tratar;
■ proteger;
■ notificar;
■ orientar;
■ encaminhar;
■ acompanhar.
Acolher
 O acolhimento tem o objetivo de fortalecer a criança, o adolescente e o familiar protetor 
para os passos necessários à proteção.
O acolher refere-se a uma das diretrizes de maior relevância da Política Nacional de Humanização 
do Sistema Único de Saúde (SUS), constituindo-se em uma atitude ética, estética e política. O 
acolher expressa uma aproximação, um “estar com” e um “estar perto de”.14
Quanto à atitude ética, reitera-se o compromisso que todos os profissionais devem ter com 
o reconhecimento do outro, na atitude de acolhê-lo em suas diferenças, necessidades e 
especificidades. Esse compromisso, singular entre os sujeitos, os usuários e os profissionais de 
saúde, deve ganhar centralidade nas ações de saúde.15 No que diz respeito à estética, ressaltam-
se estratégias inovadoras para as relações e para a prática assistencial cotidiana, que contribuem 
para a dignificação da vida. A política, por sua vez, implica o compromisso coletivo, potencializando 
protagonismos, resolutividade e vida nos diferentes encontros.14
O acolhimento é uma ação caracterizada pela interação sistemática entre usuários e profissionais 
da saúde mediante escuta, coleta de dados e, eventualmente, exames complementares. Refere-se 
também a ações intersetoriais e multiprofissionais, a fim de garantir o melhor acesso, a melhor 
resposta e resolubilidade dos problemas identificados na assistência à saúde. 
No processo do acolhimento, a relação profissional/usuário deve ser pautada pela aceitação da 
diversidade e da tolerância aos diferentes, com inclusão social e solidariedade. Acolher pressupõe 
que cada usuário tem necessidades próprias e uma forma de identificá-las e apresentá-las, em 
função do seu modo de vida.16 
A promoção da escuta e da investigação, associada à oferta de ações no próprio serviço de saúde, 
na rede assistencial ou na sociedade, mediante ações intersetoriais, deve assegurar a continuidade 
da assistência e suprir ou minimizar as necessidades apresentadas.6,8,16
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ICA Suspeitar 
A suspeita de violência contra crianças e adolescentes, em geral, surge durante o atendimento, 
no momento da anamnese ou do exame físico. Entretanto, as vítimas nem sempre apresentam 
evidências físicas da violência sofrida.
Os sinais e os sintomas relacionados à violência são inespecíficos, o que requer a qualificação 
do enfermeiro para suspeitar, valorizar a sua suspeita e realizar a investigação, para chegar a um 
diagnóstico com fundamentação e segurança. 
 É essencial que o enfermeiro atente-se para o fato de que o segredo por parte dos 
familiares ou até mesmo da vítima, que se vê ameaçada de punição, é um componente 
primordial para a manutenção da violência intrafamiliar contra crianças e adolescentes.15,17 
 A manutenção da violência intrafamiliar dificulta sua revelação.
Investigar e diagnosticar
A consulta de enfermagem é um importante instrumento no atendimento às crianças, aos 
adolescentes e às suas famílias. A anamnese e o exame físico são imprescindíveis para a 
identificação de sinais físicos e comportamentais, e todos os sinais devem ser contextualizados. A 
partir do diagnóstico, será possível providenciar imediata proteção às crianças e aos adolescentes 
em situação de violência. 
 Na investigação e no diagnóstico, é indispensável a atuação em equipe, e a busca de 
evidências inclui a participação de outros profissionais que também atendem a criança 
ou o adolescente.17
O diagnóstico da violência pode ser confundido com outras patologias orgânicas e psíquicas, já 
que, ao chegar ao serviço de saúde, a vítima frequentemente apresenta relato mascarado sobre 
o verdadeiro motivo da visita. 
 É essencial que o enfermeiro reúna os dados e as evidências observadas na visita domiciliar, 
na consulta de enfermagem aos vários membros da família, sempre considerando o caráter 
sistêmico da violência intrafamiliar.12,17
Tratar
Nos casos de lesões físicas em geral, resultantes da violência física ou da negligência, os 
tratamentos não diferem daqueles utilizados para as lesões de origem não intencional. Os 
procedimentos utilizadossão os que fazem parte da formação generalista dos enfermeiros, aos 
quais estão habituados.17
Nos casos de violência sexual, as condutas terapêuticas seguem as normas padronizadas pelo 
Ministério da Saúde (MS).18,19 
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1 │Os profissionais de saúde/enfermeiros devem ter conhecimentos sobre a indicação dos diferentes 
tratamentos e procedimentos a serem adotados frente à violência sexual, devendo estar, por 
exemplo, qualificados para a profilaxia de DSTs, hepatites virais e HIV, tétano e gravidez, medidas 
que devem ser tomadas nas primeiras 72 horas do evento, como a anticoncepção de emergência 
e a quimioprofilaxia.18,19 
 Quando não são adotadas as profilaxias específicas, pode ocorrer gravidez, causa de 
transtornos adicionais à saúde física e psíquica da vítima.18 Nessas situações, a vítima 
e sua família devem receber esclarecimentos, para que possam escolher entre levar a 
gravidez a termo e criar a criança, ou doar o bebê ou ainda optar pelo abortamento.20
No caso de gravidez decorrente de estupro, a interrupção da gestação é permitida por lei, conforme 
o Art. 128, inciso II do Código Penal.21 A interrupção de gravidez está prevista na Portaria GM/MS 
Nº 1.508, de 1º de setembro de 2005.22 O procedimento não está condicionado à decisão judicial 
ou apresentação de boletim de ocorrência policial, mas à assinatura de termo de responsabilidade 
pelos responsáveis.18
Proteger
A proteção integral, prevista no ECA, considera crianças e adolescentes pessoas em 
desenvolvimento, prevendo, para esses grupos etários, o atendimento às suas necessidades com 
prioridade absoluta, o que representa um novo paradigma para atenção à infância e à adolescência.11
Notificar
 A notificação consiste em uma informação emitida pelo setor saúde, ou por qualquer outro 
órgão ou pessoa, para o Conselho Tutelar, com a finalidade de promover ações voltadas 
à proteção das vítimas. 
A notificação inicia um processo que visa a interromper as atitudes e os comportamentos 
violentos no âmbito da família e por parte de qualquer agressor, desencadeando, ainda, ações para 
a proteção integral às vítimas.7,8,17 Além disso, os dados obtidos por meio das notificações contribuem 
para o planejamento de políticas, planos e ações no âmbito da promoção e da assistência à saúde. 
 A despeito da relevância da notificação, é fato que muitos profissionais de saúde ainda 
não estão cientes dos seus benefícios, seja por medo ou desconhecimento.1,7 Por isso, 
salienta-se que a notificação não é opção pessoal, e sim um dever do profissional de 
saúde.8,17
O artigo 245 do ECA,11 no capítulo II, que trata das infrações administrativas, prevê punição para os 
profissionais e instituições que atuam junto a crianças e adolescentes se “deixar o médico, professor 
ou responsável por estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental, pré-escola ou 
creche, de comunicar à autoridade competente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo 
suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente”.
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ICA O MS tornou a notificação obrigatória para os profissionais por meio da Portaria nº 1.968, de 
25 de outubro de 2001.23 Essa portaria orienta que a comunicação dos casos também deve ser 
encaminhada para a vigilância epidemiológica, pois os dados obtidos auxiliam no planejamento de 
políticas públicas e permitem o desenvolvimento de pesquisas.7
O Código de Ética de Enfermagem considera dever do profissional a proteção de seus clientes em 
situações graves e esclarece, no Artigo 34, que é proibido provocar, cooperar, ser conivente ou 
omisso com qualquer forma de violência.24
 A notificação informa que há uma criança ou adolescente em situação de violência, e não 
que uma determinada pessoa é autora de violência. Assim, após a notificação, haverá 
uma investigação para a responsabilização do autor da violência.8,17
Orientar 
Na abordagem dos familiares, o profissional de enfermagem deve orientar sobre o direito que as 
crianças e os adolescentes têm de crescerem sem violência. Além disso, é preciso informar sobre 
os efeitos da violência para a saúde das vítimas e a dinâmica familiar, além de deveres dos adultos 
responsáveis em relação ao bem-estar dessas crianças e adolescentes. Tal orientação contribuirá 
para a adesão aos tratamentos dos agravos resultantes da violência.12,20 
Uma das finalidades do atendimento é o alcance de mudanças culturais e subjetivas que geram, 
mantêm ou facilitam a dinâmica e a ameaça abusiva, o que se constitui em importante política 
de prevenção e controle da reincidência.6,10,17 Para tanto, é relevante que o enfermeiro oriente as 
famílias sobre a ressignificação das relações familiares em prol da tolerância e da formação de 
vínculos protetores, acompanhe e apoie as famílias no processo de construção de novos modos 
de agir e de educar crianças e adolescentes, busque apoio de outros profissionais quando julgar 
pertinente e articule as ações desenvolvidas no serviço com a rede de cuidados e de proteção social.1
Encaminhar 
Os encaminhamentos objetivam atender às necessidades de saúde e sociais decorrentes da 
violência. O enfrentamento da violência envolve, entre outras ações, o tratamento dos traumas 
físicos e emocionais, além da proteção integral às vítimas a partir de uma abordagem multiprofissional 
e intersetorial.8,17 
 A relação do enfermeiro com os demais profissionais deve ser de parceria e colaboração 
mútuas, para uma assistência integral às crianças e aos adolescentes. É necessário que 
haja uma rede organizada, a fim de garantir que os encaminhamentos tenham efetividade 
e que as necessidades das crianças e dos adolescentes sejam atendidas.
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1 │FLUxOGRAMA DO ATENDIMENTO
Para que os papéis do setor de saúde e de cada profissional sejam cumpridos e assimilados, a 
equipe deve estabelecer fluxos de atendimento às crianças, aos adolescentes e às famílias em 
situação de violência intrafamiliar.
Considera-se, nesse momento, a necessidade da definição dos fluxos internos (dentro da unidade) 
e externos (da unidade para outros serviços de saúde e de outros setores), estabelecendo uma 
relação de referência e contrarreferência. Por meio dessa relação, a criança, o adolescente e sua 
família podem ser atendidos simultaneamente por várias instituições, em ações integradas, dado 
o caráter multidisciplinar do problema.3,8,20
A Figura 1 apresenta o fluxograma de atendimento a crianças e adolescentes vítimas de violência 
intrafamiliar.
Violência 
psicológicaNegligência
Suspeita e/ou confirmação de violência 
intrafamiliar contra crianças e adolescentes
■ Acolhimento.
■ Atendimento médico e/ou de enfermagem na atenção básica.
■ Preenchimento da ficha de notificação.
■ Comunicação ao Conselho Tutelar.
■ Discussão do caso com a equipe local para definir intervenções 
e acompanhamento multiprofissional e intersetorial.
■ Encaminhamento para assistência psicológica, social, jurídica e 
inclusão social sempre que necessário.
Violência 
sexual
Violência física recém-
ocorrida com lesõs graves
Violência sexual
recém-ocorrida
■ Conservar as provas 
da violência
■ Não fazer higiene 
pessoal
■ Primeiro atendimento.
■ Encaminhar, se necessário, para consulta 
médica e para uma unidade hospitalar ou 
de referência estabelecidas.
■ Notificar o caso ao Conselho Tutelar.
■ Notificar o caso à Vigilância Epidemiológica.
■ Orientação/encaminhamento para rede 
social de apoio frente às...
■ Primeiro atendimento.
■ Encaminhar, se necessário, para consulta 
médica e para uma unidade hospitalar ou 
de referência estabelecidas.
■ Notificar o caso ao Conselho Tutelar.
■ Notificar o caso à Vigilância Epidemiológica.
■ Orientação/encaminhamentopara rede 
social de apoio frente às...
Violência 
física
Figura 1 – Fluxograma de atendimento a crianças e adolescentes vítimas de violência intrafamiliar.
Fonte: Arquivo de imagem das autoras.
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ICA Percurso das crianças e dos adolescentes quando 
os casos de violência intrafamiliar são notificados
É preciso que o enfermeiro e os profissionais da saúde conheçam o percurso das crianças e dos 
adolescentes quando os casos de violência intrafamiliar contra eles são notificados, conforme 
apresenta a Figura 2.
Vara de crimes contra 
crianças e adolescentes ou 
vara da infância e juventude
Delegacia Ministério públicoConselho tutelar
IML
Inquérito policial
(apuração dos fatos, depoimentos)
Relatório final da delegacia
Casos de violência notificados
Figura 2 – Percurso dos casos de violência após a notificação.
Fonte: Adaptada de Mendonça (2002).25
Acompanhamento
Ações devem ser garantidas a fim de que, de acordo com o conceito de acolhimento,14,16 sejam 
efetivadas a resolutividade e a articulação com outros serviços para a continuidade do atendimento.
O acompanhamento psicossocial paralelo ao percurso fora do setor de saúde fortalece cada indivíduo 
e sua família, por conduzir a mudanças no padrão de comportamento de cada membro da família 
e do sistema familiar de modo global. 
 Considerando-se os danos causados pela violência, o acompanhamento das crianças e 
adolescentes, em alguns casos, pode levar meses ou anos.12 
 6. Por que se pode afirmar que a atuação do enfermeiro junto às crianças e aos 
adolescentes em situação de violência demanda uma mudança de paradigma?
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1 │ 7. Cite pelo menos cinco ações que podem ser identificadas na atuação da enfermagem 
em relação a casos de violência intrafamiliar contra crianças e adolescentes.
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8. Em que passos, especificamente, o enfermeiro deve se pautar para melhor 
qualificar a atenção prestada aos casos de vitimização?
A) Acolher, coletar dados, escutar, examinar, diagnosticar, notificar e encaminhar.
B) Recepcionar, acolher, suspeitar, investigar, diagnosticar, notificar, orientar e 
encaminhar.
C) Acolher, suspeitar, investigar, diagnosticar, tratar, proteger, notificar, orientar, 
encaminhar e acompanhar.
D) Acolher, suspeitar, colher dados, investigar, examinar, diagnosticar, encaminhar 
e acompanhar.
Resposta no final do artigo
9. Qual é o objetivo do acolhimento de crianças e adolescentes vítimas de violência?
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10. Cite um componente importante para a manutenção da violência intrafamiliar contra 
crianças e adolescentes que dificulta sua revelação.
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11. Em caso de violência sexual, o que pode ocorrer quando não são adotadas medidas 
preventivas específicas? Como se deve proceder nessa situação?
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ICA 12. Qual é o objetivo do processo iniciado com o ato de notificar um caso de violência 
intrafamiliar contra criança ou adolescente?
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13. O que prevê o artigo 245 do ECA aos profissionais e instituições que atuam junto a 
crianças ou adolescentes?
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14. Na abordagem dos familiares de crianças ou adolescentes vítimas de violência, que 
tipo de orientação deve ser prestada?
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15. Quais são os objetivos doencaminhamento de crianças ou adolescentes vítimas de 
violência intrafamiliar?
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16. Por que é importante estabelecer os fluxos de atendimento às crianças, aos 
adolescentes e às famílias em situação de violência intrafamiliar?
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17. Qual é o percurso das crianças e dos adolescentes vítimas de violência quando os 
casos são notificados?
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1 │ UMA REDE DE PROTEÇÃO PARA CRIANÇAS 
 E ADOLESCENTES A PARTIR DA ATENÇÃO BÁSICA
A primeira rede de proteção à criança e ao adolescente vítimas de violência intrafamiliar a ser organizada 
é a rede interna, ou intrassetorial, constituída pelos profissionais dos serviços de saúde.20
Alguns profissionais de saúde têm dificuldades em admitir que estão realmente diante de um caso 
de violência intrafamiliar, em razão, entre outros fatores, da dificuldade de compreender que 
mães e pais possam causar danos intencionais aos seus filhos.7 Por isso, o enfermeiro não deve 
permanecer só com as suspeitas de violência intrafamiliar. Alguns recursos podem ser utilizados 
para compartilhar impressões e esclarecer dúvidas em relação ao diagnóstico, como as reuniões 
de equipes multiprofissionais. 
É fundamental a atuação de todos os profissionais em uma rede organizada, seja a rede 
interna do serviço (quando possui), seja a rede dos serviços de saúde e de outros setores, como 
o Conselho Tutelar, os Centros de Defesa de Direitos, os Centros de Referência de Assistência 
Social (CRAS), os Centros de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) e o Sistema 
Judiciário, dentre outros.26 
 A atenção à criança e ao adolescente vítimas de violência intrafamiliar implica uma prática 
assistencial voltada à proteção e promoção da saúde e à qualidade de vida. 
A atenção à criança e ao adolescente vítimas de violência intrafamiliar compreende integrar 
os aspectos macroestruturais, a exemplo das políticas públicas sociais, como a articulação e a 
integração de diferentes setores e serviços na perspectiva da intersetorialidade e da integralidade, 
definindo-se e estabelecendo-se redes de apoio e proteção.27
A adoção de uma estratégia de atenção que visa à assistência e proteção integral significa a 
inclusão da família, das crianças e dos adolescentes, sejam vítimas ou agressores, em redes sociais 
e de proteção mais amplas, solidárias e coesas. Essas redes devem incluir um conjunto de sistemas, 
instituições, pessoas significativas e a multiplicidade de mecanismos que compõem os elos de 
apoio, proteção e relacionamento, inclusive afetivos, existentes e percebidos pelos envolvidos.1,8,26
Trabalhar em rede significa, sobretudo: 26
■ romper com a lógica do trabalho setorizado e verticalizado;
■ promover o constante exercício de comunicação e de troca de informações;
■ capacitar permanentemente os profissionais e as pessoas que se envolvem na rede; 
■ incorporar a família nas ações de proteção e de prevenção;
■ promover a participação de amplos setores sociais.
PREVENÇÃO E AÇõES EDUCATIVAS
Prevenir a violência intrafamiliar contra a criança e o adolescente é possível e, quanto mais 
cedo se inicia essa ação, maiores serão as chances de proteger as vítimas e evitar o problema. 
Desde o pré-natal, é possível trabalhar preventivamente, promovendo, por exemplo, melhores 
vínculos afetivos e de cuidados para com o bebê, discutindo as expectativas para a nova fase da 
vida dos pais e dos familiares.1
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ICA Discussões sobre violência intrafamiliar devem ser estimuladas na equipe de saúde e na 
comunidade. 
As ações educativas devem ser realizadas dentro e fora das unidades de saúde, envolvendo 
outros espaços de discussão e oportunidades para orientação, a exemplo das escolas, dos núcleos 
assistenciais e dos domicílios, onde podem ser apresentadas as formas de violência, suas causas 
e consequências e o que pode ser feito para que sejam evitadas. A educação em saúde é um 
caminho pelo qual as ações de proteção integral podem se materializar.
 A educação em saúde se constitui em um caminho integrador do cuidar, um espaço de 
reflexão-ação, apoiado por distintos saberes, culturalmente significativos para o exercício 
democrático, capazes de provocar mudanças individuais e coletivas. 
Deve-se superar a postura positivista, cuja visão reducionista e medicalizada da saúde prescreve 
de modo impositivo uma conduta para os sujeitos, submetendo-os a medidas de intervenção 
descontextualizadas, verticalizadas e coercitivas.
As ações educativas requerem um modelo de intervenção que possibilite uma metodologia ativa 
e atenta às características peculiares das crianças e dos adolescentes em situação de violência 
intrafamiliar.
Em razão da complexidade da violência intrafamiliar, as condutas para o seu manejo devem ser 
pensadas dentro do contexto específico de cada caso, não perdendo de vista as normas que 
orientam o enfrentamento do problema.28
 18. Por que o enfermeiro deve compartilhar suas suspeitas de violência intrafamiliar?
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19. Que tipo de prática implica a atenção à criança e ao adolescente vítimas de violência 
intrafamiliar?
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...........................................................................................................................................20. O que significa trabalhar em rede para atenção e proteção integral em saúde?
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1 │ 21. Por que as discussões sobre violência intrafamiliar devem ser estimuladas na equipe 
de saúde e na comunidade?
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22. Em que se constitui a educação em saúde e o que requerem as ações educativas?
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...........................................................................................................................................
 CONSULTA DE ENFERMAGEM
A consulta de enfermagem tem como fundamentos e princípios: 29-30
■ universalidade;
■ equidade;
■ integralidade;
■ escuta ampliada;
■ diálogo comunicativo;
■ reconhecimento das vulnerabilidades sociais, institucionais e individuais;
■ promoção da saúde;
■ humanização das práticas de saúde. 
A violência intrafamiliar não é um tema de fácil abordagem mesmo para profissionais treinados, 
e o momento da anamnese pode se constituir em experiência difícil, tanto para as crianças e os 
adolescentes, como para o enfermeiro. Admitir as dificuldades é o primeiro passo, que permite 
a preparação para se realizar, da melhor maneira possível, uma tarefa tão complexa quanto a 
consulta de enfermagem. 
No atendimento, o enfermeiro deve prestar atenção aos sinais comportamentais tanto em relação 
às crianças ou adolescentes como em relação aos seus familiares. Algumas situações devem ser 
consideradas para a avaliação da família,1,8,12,20 pois podem apontar condições de risco para a 
violência intrafamiliar em geral, como:
■ relato dos pais sobre experiências próprias enquanto vítimas de alguma forma de violência na 
infância;
■ adultos apontam a criança ou o adolescente como problema;
■ problemas maternos relacionados à gravidez, ao fato de a mãe ser solteira, à gravidez indesejada, 
ao não comparecimento às consultas de pré-natal, a tentativas frustradas de abortamento, à 
separação do casal, a mães adolescentes sem apoio social, à falta de apoio da família e de 
recursos materiais adequados;
■ múltiplas visitas ao serviço de saúde com sinais e sintomas de ansiedade;
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ICA ■ relatos discordantes quando os responsáveis são entrevistados separadamente;
■ história de depressão, distúrbio do sono e/ou do apetite, uso de álcool e drogas, tentativa de 
suicídio e problemas de saúde mental;
■ enurese ou ecoprese acima dos 7 anos de idade, quando não há problema orgânico;
■ dificuldade de aprendizagem e queda do rendimento escolar.
A seguir, serão elencados alguns comportamentos indicativos de violência intrafamiliar que a 
equipe de enfermagem pode observar:8,20 
■ conhecimento insuficiente por parte do responsável sobre a situação de saúde da criança;
■ tratamentos inadequados (não cumprimento do calendário vacinal, não seguimento de 
recomendações médicas, comparecimento irregular ao acompanhamento de patologias crônicas 
e internações frequentes);
■ criança cuja frequência é irregular à escola, escolaridade inadequada à idade, não participação 
dos pais nas tarefas escolares;
■ história familiar apontando presença de alcoolismo e uso de drogas ilícitas.
Os comportamentos a seguir podem ser indicativos de violência física:1,4,14
■ história incompatível com as lesões existentes; 
■ lesões incompatíveis com o estágio de desenvolvimento da criança ou do adolescente;
■ relatos discordantes entre os responsáveis ou entre eles e a vítima;
■ supostos acidentes ocorridos de forma repetitiva e/ou com frequência acima do esperado;
■ suposto acidente para o qual a procura de assistência à saúde ocorre muito tempo após o evento. 
Os comportamentos a seguir podem ser indicativos de violência psicológica:1,8,14
■ distúrbios no desenvolvimento psicomotor, intelectual, emocional e social;
■ labilidade emocional e distúrbios de comportamento, como agressividade, passividade e 
hiperatividade;
■ problemas psicológicos que vão desde a baixa autoestima a problemas no desenvolvimento 
moral, ou seja, o modo como se considera certo ou errado um determinado ato, e dificuldades 
em lidar com a agressividade e a sexualidade;
■ distúrbios do controle de esfíncteres (enurese, ecoprese);
■ psicose, depressão e tendências suicidas.
Os comportamentos a seguir podem ser indicativos de violência sexual:1,15,32 
■ iniciais – dizem respeito a reações emocionais e à autopercepção: medo excessivo, inibição, 
depressão, agressividade, comportamento antissocial, distúrbio de comportamento, raiva, 
hostilidade, autoagressão, sentimentos de inferioridade e autodesvalorização; 
■ na sexualidade – refere-se a alterações no comportamento sexual, curiosidade excessiva para 
assuntos sexuais, masturbação diante de outras pessoas e exposição frequente dos genitais; 
outros efeitos que dizem respeito ao convívio em sociedade são dificuldades escolares, com 
queda do rendimento, falta às aulas e até abandono escolar, fuga de casa e casamento precoce 
como meio de escapar da violência e da delinquência; 
■ em longo prazo – 
• reações emocionais e autopercepção: depressão, comportamentos autodestrutivos, idealização 
e tentativa de suicídio, autoagressão (desejo de se ferir, de se magoar);
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1 │• distúrbios somáticos e dissociação: ansiedade, insônia, pesadelos, desordens alimentares 
(anorexia ou bulimia), dissociação (sentir-se fora do corpo); 
• efeitos na autoestima: sentimentos de isolamento, estigmatização pela vitimização, conceitos 
negativo de si mesmo, autoimagem negativa; 
• impacto nas relações interpessoais: sentimento de hostilidade para com suas mães, 
autodesprezo, medo, hostilidade, sentimento de traição (sentem-se traídos), falta de confiança 
no ser humano de modo geral; 
• efeitos na sexualidade: ansiedade em relação à sexualidade, insatisfação com relações 
sexuais (dificuldade de relaxar e usufruir a relação), abstinência, desejo sexual compulsivo, 
prostituição, uso abusivo de substâncias psicoativas (bebidas alcoólicas, drogas lícitas ou 
ilícitas).
Outro tipo de violência que se pode encontrar, como já explicitado, é a síndrome de Müchausen 
por procuração1. Nesse caso, é preciso que o enfermeiro observe se:
■ há coerência entre o relato e os achados clínicos;
■ o quadro é persistente e recidivo;
■ asqueixas são dramáticas e se repetem a cada ida ao serviço de saúde;
■ a criança é levada ao serviço de saúde sempre pelo mesmo responsável;
■ há solicitação para realizar de exames complementares.
qUANDO A CRIANÇA E O ADOLESCENTE REVELAM A VIOLÊNCIA SOFRIDA
Frequentemente, as crianças e os adolescentes não relatam a violência sofrida, em especial quando 
cometida por um familiar. Não é fácil falar sobre experiências, pois o relato expõe a disfunção do 
sistema familiar, e os desdobramentos possíveis podem levar à punição de membros da família. As 
dificuldades para o relato estão relacionadas à própria criança, à dinâmica do fenômeno, à cultura 
da sociedade e da instituição, assim como às características peculiares (pessoais e profissionais) 
de quem faz a escuta.33 
 A criança e o adolescente vítimas de violência intrafamilar silenciam-se em razão de fatores 
externos, como ameaças do agressor e o medo de não serem acreditados, e em função 
de fatores internos, como a baixa autoestima e o sentimento de culpa desenvolvidos em 
decorrência da violência vivenciada.15 
É possível que o agressor permaneça em contato com a criança ou o adolescente, podendo continuar 
ameaçando a vítima, que, por isso, não revelará a violência. Deve-se levar em conta o fato de 
que muitas vezes a revelação da criança/adolescente é parcial, ao referir algumas situações 
ou ações e omitir outras.8,20,34
 Quando são consideradas as dificuldades referidas, falar sobre a violência sofrida está 
ligado a um grande incômodo para a vítima. Por isso, a revelação requer diálogo, uma 
abordagem acolhedora e humanizada, respeitando o tempo da criança ou adolescente. 
Todas as crianças/adolescentes devem ser abordados com sensibilidade e ser 
reconhecidos e compreendidos em sua vulnerabilidade.35
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No momento do relato sobre a violência sofrida, o enfermeiro deve evitar perguntas ou 
expressões que sugerem que a criança ou adolescente é culpado pela violência praticada, 
como:
■ o que você fez para ele(a) agir assim?
■ você deixou?
■ por que você não evitou?
O profissional de enfermagem deve criar um ambiente apropriado, com sala adequada, garantindo 
privacidade, segurança e tranquilidade para a criança ou adolescente. Nessa sala, é preciso que 
temperatura e iluminação estejam adequadas, além de instrumentos necessários disponíveis. 
 Durante a consulta, o cuidado em não expor a vítima ao possível agressor é imprescindível 
para evitar o constrangimento da criança ou adolescente. 
O profissional não deve confrontar os relatos. Ele deve ouvir cada membro da família 
separadamente, evitando expor a criança ou adolescente, sob o risco de retaliação. A atitude do 
interlocutor compõe o ambiente a ser criado para a escuta, no qual a criança deve ser acolhida. 
Durante o relato, o enfermeiro deve demonstrar boa disposição para com a vítima e a família, 
mostrando-se atento à fala da criança ou do adolescente.
De acordo com a idade da criança ou do adolescente, o seu vocabulário pode ser mais ou menos 
restrito, requerendo do interlocutor um esforço para a compreensão do relato, bem como para se 
fazer compreender.
 É necessário um protocolo estruturado para que se reduza a polarização do entrevistador 
e se preserve a objetividade.6,8,34 
Quando um caso é notificado, a vítima será ouvida em várias instâncias. Por isso, para evitar a 
revitimização, o profissional de saúde deve perguntar o mínimo possível, ou seja, apenas o 
necessário para fundamentar a notificação.
ROTEIRO PARA ESCUTA DO RELATO
Nos casos de suspeita, ou quando há alegação de violência durante a entrevista, o enfermeiro deve 
evitar perguntas que questionem diretamente a criança. Isso é recomendado somente quando a 
narrativa livre das perguntas abertas foi esgotada.6,34 
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1 │Na ocasião da escuta do relato de crianças e adolescentes, o enfermeiro pode adotar o roteiro 
apresentado no Quadro 1, a seguir. 
quadro 1
ROTEIRO PARA A ESCUTA DO RELATO DA CRIANÇA OU ADOLESCENTE
Fase Ações
Introdutória ■ Buscar estabelecer um bom relacionamento com a criança ou adolescente 
antes de começar o relato propriamente dito. Deve haver um esforço do 
enfermeiro para o estabelecimento de um bom relacionamento com a criança 
ou adolescente.
■ O enfermeiro deve dizer o seu nome e perguntar o nome da criança para 
iniciar a comunicação.
■ Identificar-se como alguém que tem interesse no bem-estar da criança ou 
adolescente.
■ Considerar o nível de desenvolvimento da criança ou adolescente, a fim de 
compreender as possibilidades e as limitações para a comunicação, bem 
como encontrar a interação apropriada. Antes de ter contato com a criança 
ou adolescente, o enfermeiro deve fazer a leitura do prontuário, dos relatórios, 
dos estudos ou de outros apontamentos que informem sobre esses aspectos 
da criança ou adolescente. É importante compreender que as crianças mais 
novas têm quase nenhum conceito dos números ou do tempo, e que podem 
usar a terminologia diferentemente dos adultos, o que torna a interpretação 
das perguntas e das respostas uma questão delicada.
■ Estabelecer uma relação amistosa, permitindo que a criança ou adolescente 
diga o que ela ou ele não entendeu ou não conhece.
Intermediária ■ Iniciar com as perguntas abertas, pedir que a criança ou adolescente descreva 
com suas próprias palavras o que aconteceu, ou está acontecendo.
■ A partir da descrição da criança ou adolescente, passar a utilizar a mesma 
linguagem utilizada por ela ou ele na narrativa (por exemplo, os nomes dados 
às partes do corpo, às ações praticadas, etc.). 
■ Quando a narrativa livre da criança ou adolescente se esgotar, se ainda for 
necessário obter informações sobre tempo (data, dia da semana, horário, etc.), 
local (se em casa e qual o cômodo, se fora de casa, onde) e pessoas (autor, 
testemunha, a quem a criança ou adolescente relatou a violência) perguntar 
à criança ou ao adolescente, dizendo: eu preciso saber... ou, você poderia 
dizer... ou, você sabe quando, quem...
Final ■ Perguntar se a criança ou adolescente quer dizer mais alguma coisa. 
■ Perguntar se a criança ou adolescente tem alguma dúvida e se quer fazer 
alguma pergunta.
■ Dizer à criança ou adolescente que a conversa terminou e perguntar se ela 
ou ele precisa de alguma coisa.
■ Informar à criança ou adolescente que será realizado o exame físico e proceder 
à orientação quanto ao procedimento a ser realizado.
O uso de prontuário único favorece a coleta de informações, de modo a evitar que as mesmas 
perguntas sejam feitas repetidas vezes por diferentes profissionais. 
 A repetição do relato da situação de violência vivenciada revela-se prejudicial para a 
vítima, por contribuir com o aumento do trauma.8 
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Com relação aos diferentes tipos de violência intrafamiliar, é importante, ainda, considerar:
■ a identificação da violência sofrida, que pode ser feita mediante o relato da vítima ou de 
um dos responsáveis;
■ o cuidado para que a abordagem do assunto não cause mais sofrimento à vítima durante 
o diálogo;
■ falsas denúncias também podem ocorrer, principalmente entre casais em situação de 
litígio.
ExAME FíSICO
O exame físico completo e detalhado deve ser realizado; ou seja, o profissional não deve se deter à 
queixa. Observar pele e mucosas, esqueleto e sistema nervoso central, lesões torácicas e abdominais, 
transtornos genitourinários. Realizar o registro completo e claro dos achados.8,20 Sempre que possível, 
deve ser colhido material para exames laboratoriais e exames forenses para auxiliar no diagnóstico. 
O enfermeiro recorrerá aos seus conhecimentos de semiologia e de semiotécnicapara a detecção 
de sinais decorrentes das vários tipos de violência. Alguns pontos devem ser lembrados:17,20
■ respeitar a privacidade e o pudor da criança e do adolescente, mesmo quando se tratar de 
crianças com menos idade;
■ evitar exames repetidos – se possível, a equipe de saúde deve realizar apenas um exame físico, 
utilizando-se do prontuário único como meio para obtenção das informações sobre o paciente;
■ esclarecer a crianças e adolescentes o procedimento a ser realizado, mantendo o ambiente 
ameno, no qual eles possam fazer perguntas;
■ uma mesma criança ou adolescente pode ser vítima de mais de uma forma de violência; por 
isso, o exame físico deve ser completo.
 Alguns sinais de neligência, violência física e sexual podem ser observados e identificados 
pelo enfermeiro no exame físico.1,8
Em relação à negligência, pode-se observar:1,8,33
■ aspecto crônico de má higiene (corporal, roupas precárias, rasgadas, em desalinho, inadequadas 
para o clima ou a ocasião, dermatite de fraldas, lesões de pele e de repetição);
■ desnutrição por falta de alimentação, por erros alimentares persistentes, por restrições em razão 
de ideologias dos pais (vegetarianos estritos, por exemplo);
■ distúrbios de crescimento e de desenvolvimento sem causa orgânica.
No que se refere à violência física, pode-se observar:6,33
■ hiperemia, escoriações, lacerações, arranhões, equimoses e hematomas, lesões circulares ou 
marcas de dedos em torno do pescoço, petéquias na face e hemorragias subconjuntivais, todas 
sugestivas de enforcamento ou estrangulamento, e queimaduras de terceiro grau;
■ lesões que reproduzam a forma do instrumento utilizado para as agressões (mãos, dedos, 
mordeduras, fivelas, cintos, cigarros, garfos, etc.);
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1 │■ lesões em diferentes estágios de evolução (coloração e aspecto) ou presentes concomitantemente 
em diversas partes do corpo, bem como queimaduras “em meia”, “luva”, caracterizando imersões 
forçadas dos membros inferiores ou superiores na água quente. Queimaduras em nádegas e/
ou genitália também são sugestivas de lesões provocadas;
■ os achados de escoriações, manchas ou sangramento em exame físico não relatados durante 
a anamnese também podem sugerir violência física;
■ fraturas múltiplas inexplicadas de extremidades em diferentes estágios de consolidação são 
típicas de maus-tratos; no entanto, são pouco frequentes;
■ alopecia resultante de arrancar brutal e repetidamente os cabelos;
■ impressões digitais na região do pescoço (tentativa de estrangulamento).
 As queimaduras intencionais são mais profundas e podem ser múltiplas, simétricas com 
margens bem delimitadas, a exemplo das produzidas por ferro quente, cigarro ou imersão 
em água fervente.
Quanto à violência sexual, na avaliação física da criança ou adolescente, o enfermeiro deve estar 
atento a lesões específicas, em região genital ou anal, a lesões em outras áreas do corpo, que 
mostram relação com o ato sexual, e a lesões provocadas na tentativa de conter as reações da 
criança ou do adolescente:8,18,19,33
■ deve-se proceder ao exame físico completo, com atenção especial para áreas usualmente 
envolvidas em atividades sexuais – boca, mamas, genitais, região perineal, glúteos e ânus;
■ observar presença de dor, lesões genitais ou anais do tipo equimoses, hiperemia, erosões, edema, 
hematomas, escoriações, fissuras anais, interrupções das pregas anais, rupturas, lacerações 
genitais e anais, além de sangramentos;
■ examinar lesões localizadas na genitália externa (pênis, bolsa escrotal, vulva, vagina) em busca 
de corrimento uretral ou vaginal e verrugas;
■ cavidade oral – infecções crônicas de garganta;
■ região do pescoço – impressões digitais (tentativa de estrangulamento), equimoses, love bites 
(beijos com sucção).
 23. Quais são os fundamentos e os princípios da consulta de enfermagem?
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24. Assinale a alternativa correta sobre os sinais comportamentais que familiares 
podem relatar e/ou apresentar em casos de crianças e adolescentes vítimas de 
violência intrafamiliar.
A) Queda do rendimento escolar, história da enurese noturna.
B) Distúrbio do sono e/ou apetite.
C) Relato dos pais sobre experiências próprias como vítimas de violência na 
infância, separação do casal, mães adolescentes sem apoio social e familiar.
D) Dificuldades financeiras e problemas psiquiátricos. 
Resposta no final do artigo
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 25. Assinale a alternativa correta em relação aos sinais comportamentais que 
crianças e adolescentes vítimas de violência intrafamiliar podem apresentar.
A) Enurese ou encoprese em crianças acima dos 7 anos de idade, quando não 
há problema orgânico, dificuldade de aprendizagem e/ou queda do rendimento 
escolar.
B) Múltiplas visitas ao serviço de saúde com sinais de taquicardia e problemas 
dermatológicos. 
C) Uso de álcool e drogas, problemas de saúde mental, não participação dos pais 
nas tarefas escolares. 
D) Febre e dor epigástrica.
26. Assinale a alternativa correta em relação aos sinais que podem ser indicativos 
de violência física contra crianças e adolescentes.
A) História incompatível com lesões existentes, acidentes ocorridos de forma 
repetitiva e lesões incompatíveis com o estágio de desenvolvimento da criança.
B) Passividade, hiperatividade e agressividade.
C) Problemas no desenvolvimento moral e dificuldades em lidar com a agressividade 
e a sexualidade.
D) Higiene pessoal comprometida e atraso na imunização.
Respostas no final do artigo
27. Quais são os fatores externos e internos que levam a criança a silenciar-se sobre a 
violência sofrida no meio familiar?
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28. Descreva sucintamente o roteiro para a escuta do relato de violência de criança ou 
adolescente.
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29. Que pontos devem ser lembrados durante o exame físico de criança ou adolescente 
vítima de violência intrafamiliar?
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 30. Quais são os sinais que podem ser identificados durante a avaliação do exame 
físico em relação à negligência?
A) Infecções crônicas de garganta, equimoses no pescoço, marcas de queimadura 
de cigarros no corpo.
B) Desnutrição por falta de alimentação, lesões de pele, má higiene, distúrbios 
do crescimento e no desenvolvimento sem causa orgânica e erros alimentares 
persistentes por restrições. 
C) Alopecia causada pelo arrancar brutal dos cabelos e hematomas no corpo.
D) Lesões genitais, do tipo equimoses, infecções crônicas de garganta e 
impressões digitais na região do pescoço que podem indicar tentativa de 
estrangulamento.
31. São sinais e sintomas a que o enfermeiro deve estar atento para melhor 
identificar e qualificar a avaliação do exame físico de crianças e adolescentes que 
podem ter sofrido violência sexual:
A) Hiperemia, escoriações e equimoses em diferentes regiões do corpo.
B) Lesões de queimadura de cigarro, roupas sujas e dermatite de fraldas.
C) Região do pescoço com marcas de tentativa de estrangulamento, apenas.
D) Lesões em região anal ou genital.
Respostas no final do artigo
 CASO CLíNICO
 A. tem 2 anos, frequenta uma creche e é a filha mais nova de B., que tem outros três 
filhos mais velhos, e vive maritalmente com J. há cerca de um ano. A casa onde moram 
é de J. Ele é o único que sustenta a família financeiramente, pois B. parou de trabalhar 
para cuidar das crianças a pedido dele.
A. é acompanhada pela mãe à unidade básica de saúde (UBS) do bairro onde mora certo 
dia; já na UBS, durante a vacinação, o enfermeiro notou que ela estava com algumas 
escoriações nos membros inferiores e equimoses dispersas, além de marcas de dedos 
nos membros superiores. Ao exame físico, o profissional ainda observou um hematoma 
na região das nádegas e lesões em ambos os lados do corpo, com diferentes graus de 
evolução. 
O enfermeiro solicitou, então, uma conversa reservada com a mãe para tentar esclarecer, 
de forma acolhedora, o que poderia estar acontecendo. O profissional de enfermagem 
relatou o que havia percebido, e B. referiu que as lesões foram ocasionadas por uma 
queda de bicicleta. No entanto, o enfermeiro insistiu, pois, nos casos de queda, as lesões 
se apresentam no local sobre o qual a criança caiu, fundamentalmente nas zonas expostas 
e nas proeminências ósseas. Diante do fato, B. chorou e disse que seu marido, padrasto 
de A., “corrigiu a filha”. Relatou, também, que, em razão de ele ingerir álcool quase todos 
os dias, ela não sabia o que fazer. 
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ICA Como parte do plano de cuidados, o enfermeiro realizou a notificação da suspeita ao 
conselho tutelar, encaminhou a criança para uma consulta pediátrica a fim de tratar as 
lesões e, se necessário, fazer exames complementares, e encaminhou a mãe a um CRAS 
para suporte social. Planejou, ainda, visitas domiciliares e retornos subsequentes da 
criança e da mãe para acompanhamento, busca de estratégias e encaminhamentos que 
pudessem, inclusive, auxiliá-la de alguma forma para lidar com o problema do marido.
 
 32. Em relação ao caso clínico, os sinais apresentados e observados durante o 
atendimento são indicativos de que tipo(s) de violência(s)?
A) Sexual.
B) Psicológica e física.
C) Física.
D) Física e negligência.
33. Analise as afirmativas a seguir.
I – O fato de o enfermeiro ter conversado separadamente com a mãe estabelece 
conduta adequada, pois, ao criar um ambiente apropriado, é possível 
estabelecer melhor vínculo e escuta.
II – Considerando que a criança não pode ser entrevistada, pois tem apenas 
2 anos de idade, o enfermeiro deveria ter usado algum procedimento e/ou 
técnica para questioná-la.
III – O cuidado em não expor a vítima ao possível agressor é imprescindível, e, 
por isso, foi importante primeiro ter ouvido a mãe na UBS.
IV – O enfermeiro deveria ter confrontado os relatos tanto da mãe como do padrasto 
e de outros familiares para a notificação e a condução posterior do caso.
Está(ão) correta(s):
A) Apenas I e III.
B) Apenas I.
C) Apenas II, III e IV.
D) Todas afirmativas.
Respostas no final do artigo
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 34. Quais foram os aspectos, os princípios e as perspectivas estabelecidos pelo 
plano de cuidados inicialmente definido pelo enfermeiro?
I – Interdisciplinaridade.
II – Acolhimento.
III – Intersetorialidade.
IV – Proteção.
Está(ão) correto(s):
A) Apenas I e III.
B) Apenas II.
C) Apenas I, II e III.
D) Todos aspectos.
Resposta no final do artigo
 CONCLUSÃO
Diante da importância, da complexidade e do impacto da violência intrafamiliar na vida de crianças 
e adolescentes e na prática assistencial em enfermagem na atenção básica, este artigo teve 
como objetivo oferecer conhecimentos e subsídios para a atuação da equipe de enfermagem, 
especialmente dos enfermeiros, tendo como base o conhecimento técnico-científico, a humanização, 
o acolhimento e a proteção integral. 
Conhecer os conceitos e os princípios da atenção em saúde que fazem interface com essa 
problemática, o papel dos profissionais, as etapas essenciais para a atenção, a identificação de 
situações de risco, os sinais, os sintomas e os comportamentos indicativos de violência em suas 
diferentes manifestações e possíveis fluxogramas de atendimento são alguns dos aspectos que 
qualificam a assistência de enfermagem prestada às vítimas de violência intrafamiliar.
 RESPOSTAS àS ATIVIDADES E COMENTÁRIOS
Atividade 4
Resposta: B
Comentário: De acordo com a OMS, a violência intrafamiliar pode ser definida como toda ação ou 
omissão que cause prejuízo ao bem-estar, à integridade física e psicológica ou à liberdade e ao 
direito do pleno desenvolvimento de outro membro da família. Pode ser cometida dentro ou fora 
de casa por algum membro da família, incluindo pessoas que passam a assumir função parental, 
ainda que sem laços de consanguinidade.
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ICA Atividade 5
Resposta: C
Comentário: Apenas as afirmativas I e a IV estão incorretas, pois a violência física não é definida 
como aquela que somente causa ferimentos ou traumatismos graves. Esse tipo de violência pode 
ser definido também por causar desde uma dor leve até danos e ferimentos de média gravidade. Não 
é fácil identificar um caso de negligência, e deve haver cuidado para não se confundir negligência 
com dificuldades reais em função de condições sociais. É preciso considerar sua forma insidiosa, 
cronicidade e intencionalidade.
Atividade 8
Resposta: C
Comentário: O enfermeiro, para melhor qualificar a atenção prestada aos casos de violência 
intrafamiliar contra crianças e adolescentes, deve acolher, suspeitar, investigar, diagnosticar, tratar, 
proteger, notificar, orientar, encaminhar e acompanhar.
Atividade 24
Resposta: C
Comentário: Importante atentar que os sinais devem ser considerados no contexto em que a família, 
e, consequentemente, a criança ou o adolescente estão inseridos. O enfermeiro, ou qualquer outro 
profissional da área da saúde, deve discutir o caso com a equipe para conduzir a investigação com 
vistas ao diagnóstico. 
Atividade 25
Resposta: A
Comentário: Muitas crianças manifestam sinais de enurese ou encoprese acima dos 7 anos de idade 
sem apresentar problema orgânico associado; entretanto, podem ter vivenciado uma situação de 
violência, seja

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