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TEORIAS DA COMUNICAÇÃO Rafaela Queiroz Ferreira Cordeiro Revisão técnica: Deivison Moacir Cezar de Campos Especialista em História contemporânea Mestre em História Social Doutor em Ciências da Comunicação Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin – CRB 10/2147 T314 Teorias da comunicação / Rafaela Queiroz Ferreira Cordeiro [et al.] ; [revisão técnica: Deivison Moacir Cezar de Campos]. – Porto Alegre : SAGAH, 2017. 295 p. il. ; 22,5 cm. IISBN 978-85-9502-236-2 1. Comunicação - Teoria. I. Cordeiro, Rafaela Queiroz Ferreira. CDU 007 TC_Iniciais_Impressa.indd 2 10/11/2017 15:24:31 O Modelo Informacional Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Apresentar a Teoria da Informação dos Meios de Comunicação de Massa (MCM). � Identificar o Modelo Informacional de Shannon e Weaver. � Elencar as noções principais da Teoria da Informação. Introdução O Modelo Informacional foi um esquema de comunicação proposto por Shannon em 1948 e publicado em 1949, acrescido dos comentários de Weaver. Esse esquema se tornou popular a partir dos estudos desen- volvidos pela Teoria Matemática da Comunicação, também conhecida como Teoria da Informação. Nessa época, é importante que você saiba, a comunicação era observada mais em termos de transmissão de informa- ção do que de partilha de significados ou sentidos. Dito de outro modo, a comunicação era estabelecida a partir de um sistema linear de transmissão de uma mensagem entre dois polos fixos. Para isso, era preciso que o emissor e o receptor compartilhassem, ao menos parcial- mente, um código necessário para transcrevê-la. Neste texto, você vai identificar a Teoria da Informação, a qual ganhou destaque nos estudos sobre os meios de comunicação nos anos 1940. Também vai conhecer o Modelo Informacional de Shannon e Weaver e estudar algumas das noções que foram levantadas pela abordagem informacional. Entre essas noções estão a de entropia, ruído e código. Por fim, você vai refletir sobre o esquema comunicativo de Jakobson, o qual foi influenciado pelo modelo informacional. TC_U4_C18.indd 281 10/11/2017 15:17:57 A Teoria da Informação dos MCM A Teoria da Informação ou Teoria Matemática da Comunicação repre- senta a tendência dos estudos sobre os meios de comunicação de massa que se realizavam no território norte-americano. Entre esses estudos, você pode considerar aquele que originou a Teoria da Agulha Hipodérmica. Essa tendência se preocupa em compreender a comunicação mais em torno do significado de transmitir uma informação do que do de partilhar um conteúdo semântico (WOLF, 1999). Segundo Mattelart e Mattelart (1997), a abordagem infor- macional ocupa um papel central no final dos anos 1940. Essa época estava marcada pelo uso de máquinas de comunicar provenientes da guerra, pela relevância atribuída à noção de informação e pela influência dos paradigmas de cientificidade provenientes das ciências exatas. Contudo, embora tenha ganhado destaque na década de 40, a Teoria da Informação resultou de trabalhos bem anteriores, os quais datam de 1910. Entre eles, estão as pesquisas do matemático russo Andrei A. Markov (1856-1922) sobre os símbolos na literatura, as hipóteses do norte-americano Ralph V. L. Hartley (1888-1970) sobre a medida da informação associada à emissão de símbolos em 1927 e os estudos do matemático inglês Alan Turing (1912-1954), que, por volta de 1936, elaborou o esquema de uma máquina capaz de tratar dessa informação. A abordagem informacional proposta por Shannon foi também precedida pelos trabalhos do matemático húngaro-americano John von Neumann (1903-1957). Ele ajudou a construir uma grande máquina de calcular eletrônica, entre 1944 e 1946, a pedido do exército americano, que desejava medir as trajetórias das balas. Weaver também foi precedido, nesse sentido, pelas pesquisas do matemático e filósofo norte-americano Norbert Wiener (1894-1964), considerado o fundador da cibernética (MATTELART; MATTELART, 1997). A comunicação como informação No sentido atribuído pela engenharia da telecomunicação, a comunicação representa a transmissão de uma informação de um ponto a outro – po- dendo ser esses pontos lugares ou pessoas. A transferência dessa informação é feita por meio de uma mensagem que recebe certa formatação e pode ser codificada e decodificada. Na abordagem informacional da comunicação, a primeira condição colocada para que a comunicação possa se estabelecer é a codificação da informação. Isto é, a transformação da mensagem sensível e concreta em um sistema de sinais. Esse sistema ou código se caracteriza por apresentar uma convenção preestabelecida, sistemática e categórica – se não O Modelo Informacional282 TC_U4_C18.indd 282 10/11/2017 15:17:57 fosse dessa forma, como o outro poderia decodificá-la? Quando a comunica- ção se estabelece, se diz que as partes que a constituem formam um sistema ou esquema comunicativo. Nesse esquema, se supõe que a transmissão da mensagem entre um emissor e um receptor possui em comum, ao menos parcialmente, o código necessário para transcrevê-la (DUBOIS et al., 2001). De maneira geral, os elementos principais que constituem o sistema de comunicação são os seguintes: 1. O código, o qual compreende os sinais específicos e um conjunto de regras de combinação próprias ao sistema de sinais. 2. O canal, o qual se caracteriza como o suporte físico da transmissão da mensagem, ou seja, é o meio pelo qual o código ou os sinais são transmitidos (por exemplo, o ar, no caso da comunicação verbal). 3. O emissor, que é a fonte da mensagem, o qual tem o papel de selecionar no interior do código certo número de sinais que permitem transmitir a mensagem. 4. O receptor, que recebe a mensagem, o qual pode se caracterizar como um aparelho decodificador (por exemplo, a orelha ou o receptor de rádio) e como um destinatário propriamente dito (por exemplo, um espectador de um programa). 5. A recodificação, que é a operação pela qual a mensagem é codificada, decodificada e, depois, recebe uma nova forma. Como exemplo, considere um sujeito que dita uma mensagem de telegrama (forma acústica) que é transcrita numa folha de papel (forma gráfica), depois digitada em código Morse (forma mecânica) e finalmente transmitida sob a forma de impulsos elétricos (DUBOIS et al., 2001). O Modelo Informacional de Shannon e Weaver A Teoria Matemática da Comunicação ficou conhecida pelo modelo formal de Claude Elwood Shannon (1916-2004). Em 1948, o norte-americano Shannon publica a monografia relacionada às pesquisas desenvolvidas nos laboratórios da empresa Bell Systems, filial da American Telegraphy & Telephone (AT&T). 283O Modelo Informacional TC_U4_C18.indd 283 10/11/2017 15:17:57 Essa monografia, intitulada The Mathematical Theory of Communication, foi publicada no ano seguinte pela Universidade de Illinois, com os comentários de Warren Weaver (1894-1978). A título de curiosidade, Weaver foi o coordenador, durante a II Guerra Mundial, das pesquisas sobre as máquinas de calcular; e Shannon começou a trabalhar nos laboratórios da Bell Systems a partir de 1941, tendo atuado durante a guerra principalmente no setor de criptografia. É por meio desse trabalho que Shannon propõe um esquema a respeito do sistema de comunicação (MATTELART; MATTELART, 1997). No entanto, é importante apontar que esse modelo teve influência de alguns estudos das telecomunicações. O trabalho de Nyquist, datado de 1924, sobre a velocidade na transmissão de mensagens telegráficas, o de Hartley, datado de 1928, sobre a medida da quantidade de informação, e, finalmente, o de Shannon, datado de 1948, sobre o rendimento informacional, foram estudos que tiveram o objetivo de melhorar a velocidade de transmissão de mensagens, diminuir distorções nessa transmissão e aumentar o rendimento no processo. Assim, a Teoria da Informaçãocorresponde a uma perspectiva teórica sobre a transmissão ótima de mensagens, propondo, para isso, um esquema comu- nicativo. Esse esquema, conhecido como Modelo Informacional, pode ser descrito como na Figura 1 (WOLF, 1999). Figura 1. Modelo Informacional de Shannon e Weaver. Fonte: Adaptada de Weaver (1949 apud WOLF, 1999). O Modelo Informacional284 TC_U4_C18.indd 284 10/11/2017 15:17:57 Nesse esquema linear, os polos se caracterizam como uma origem e marcam um fim. A comunicação é observada por meio dos seguintes componentes: a fonte de informação, a qual produz uma mensagem (por exemplo, a palavra no telefone), o emissor ou codificador ou transmissor, o qual transforma a mensa- gem em sinais para torná-la transmissível (por exemplo, o telefone transforma a voz em ondas elétricas), o canal, o qual é o meio usado para transportar os sinais (por exemplo, o cabo telefônico), o receptor ou decodificador, o qual reconstrói a mensagem por meio dos sinais, e o destino ou destinatário, que é a pessoa ou a coisa para a qual a mensagem é transmitida (MATTELART; MATTELART, 1997). Conforme explica Wolf (1999), a transmissão de informação vai da fonte para o destinatário, tendo em vista que a transmissão da energia vai do emissor em direção ao receptor. Em cada processo comunicativo, há uma fonte, que é o local de “nascimento” da informação. A fonte emite um sinal por meio de um aparelho transmissor. Tal sinal, que segue por meio de um canal, pode ou não ser perturbado pelo surgimento de um ruído. Quando o sinal deixa o canal, ele é captado por um receptor, que o converte em mensagem. É dessa última forma que o destinatário compreende o sinal. É importante você saber que esse esquema é constantemente retomado em vários estudos dos meios de comunicação. Embora com algumas variações, sua utilização compreende fenômenos comunicativos diversos, tais como o de comunicação (1) entre duas máquinas, (2) entre dois indivíduos e (3) entre uma máquina e um indivíduo. Além da sua diversa aplicabilidade, a funcio- nalidade do modelo comunicativo se dava porque, a partir da sua construção esquemática, era possível individualizar os fatores que poderiam perturbar a transmissão de informações, isto é, o problema do ruído. Isso constitui um dos aspectos fundamentais dessa abordagem comunicativa. Nesse sentido, é necessário ter em vista que o objetivo a se alcançar era o de transmitir, por meio de um canal, a quantidade máxima de informações com a menor chance de distorção, economizando tempo e energia. 285O Modelo Informacional TC_U4_C18.indd 285 10/11/2017 15:17:57 O Modelo Informacional acabou por transferir às ciências humanas ou sociais a supo- sição de neutralidade dos polos emissor e receptor: “[...] a fonte, ponto de partida da comunicação, dá forma à mensagem que, transformada em ‘informação’ pelo emissor que a codifica, é recebida no outro extremo da cadeia. O que retém a atenção do matemático é a lógica do mecanismo.” (MATTELART; MATTELART, 1997, p. 60). Desse modo, nem o sentido atribuído à mensagem pelo destinatário nem a intenção da emissão daquela são considerados. Essa concepção sobre a comunicação como um processo linear, reto, de um ponto a outro, esquema origem-fim, influenciou escolas e correntes de pesquisa as mais diversas sobre os meios de comunicação, além da linguística estrutural. A comunicação é, portanto, reduzida a um dado, a um instrumento, a uma técnica. Figura 2. O modelo informacional diz respeito a fenômenos comunicativos diversos, como os realizados entre máquinas, entre máquinas e indivíduos, entre indivíduos e entre organizações sociais. Fonte: Golden Sikorka/Shutterstock.com. O Modelo Informacional286 TC_U4_C18.indd 286 10/11/2017 15:17:58 Principais noções da Teoria da Informação A entropia Em 1948, Norbert Wiener, que havia sido professor de Shannon, publica Cybernetics or Control and Communication in the Animal and Machine. Nessa obra, Wiener trata da organização da sociedade do futuro estruturada na informação. O ideal de uma sociedade da informação evocado como utopia traz um alerta contra os riscos da sua perversão. Dito de outro modo, a entropia, caracterizada como a tendência da natureza de destruir a ordem e precipitar a desordem biológica e social, é uma grande ameaça. Nessa visão, a tendência à entropia só pode ser combatida pela informação, pelas máquinas dela e pelas redes que ela estabelece. A entropia é colocada como o negativo da soma da informação em um sistema. Assim, a informação precisa e deve circular. “A sociedade da informação só pode existir sob a condição de troca sem barreiras. Ela é, por definição, incompatível com o embargo ou com a prática do segredo, com as desigualdades de acesso à informação e sua trans- formação em mercadoria.” (MATTELART; MATTELART, 1997, p. 66-67). O progresso só poderá continuar se a entropia recuar. É importante você perceber que a perspectiva de Wiener sobre a evolução da sociedade se dá em virtude dos impactos e das consequências causadas pela II Guerra Mundial. O matemático, portanto, não hesita em se opor à entropia, aos seus riscos, condenando-a como um “fator anti-homeostático”. Os meios de comunicação, do seu ponto de vista, tinham um importante papel, a saber, deveriam auxiliar a homeostase (o equilíbrio) social (MATTELART; MATTELART, 1997). O ruído O ruído é caracterizado como a distorção provocada na mensagem. A partir do modelo informacional proposto, se buscava quantificar matematicamente o custo de uma mensagem, isto é, de uma comunicação entre os dois polos do sistema diante da presença de desordens aleatórias chamadas de ruídos. Esses eram indesejáveis, tendo em vista que impediam o chamado isomorfismo, ou 287O Modelo Informacional TC_U4_C18.indd 287 10/11/2017 15:17:58 seja, a correspondência plena entre os dois polos do sistema (MATTELART; MATTELART, 1997). É importante que você conheça algumas noções referidas na teoria. Isomorfismo é um termo empregado pela lógica e pela matemática para indicar relações homogêneas de dois ou mais termos. Isto é, consiste na correspondência de termo a termo entre os termos das relações. A título de exemplo, você pode considerar dois minerais que apresentam uma composição química diferente, porém têm ao mesmo tempo uma textura semelhante (ABBAGNANO, 2007). Homeostase é uma expressão criada por Walter Cannon que designa o equilíbrio do organismo e a sua constância interna. Dito de outro modo, é a habilidade de manter o meio interno em um equilíbrio constante, independentemente das mudanças ocorridas no ambiente externo. Por exemplo, quando alguém está com pressão alta, numerosas reações ocorrem no seu organismo para que essa pressão caia (SANTOS, c2017). Além da avaliação sobre a entropia, o teorema do canal de ruído é um dos méritos de Shannon. Na opinião de Escarpit (1976 apud WOLF, 1999), esse teorema constitui um mérito ainda maior do que a noção de entropia oferecida pelo matemático. Tal canal se baseia no melhor uso da codificação. Ou seja, com ele, os defeitos da cadeia energética seriam corrigidos por meio de melhoras no rendimento da cadeia informacional. Essa forma seria, por- tanto, mais econômica, rápida e segura no processo de codificação de uma mensagem. Dito de outro modo, a mensagem seria codificada de tal jeito que, caso houvesse a presença de ruídos, estes não trariam dificuldades na transmissão da informação. Desse modo, passa a se observar nesse esquema a presença de outro elemento, que é o código. O código O código é o elemento necessário para que o destinatário compreenda ade- quadamente o sinal. Ou seja, nos momentos da transmissão e da recepção, é preciso que se faça uso de um mesmo código. É importante apontar que o código é caracterizado não em termos de significado, mas como um sistema de regras que dão um valor a um conjunto de sinais. Assim como o modelo informacional pode ser aplicado à comunicação entre máquinas ou entreO Modelo Informacional288 TC_U4_C18.indd 288 10/11/2017 15:17:58 máquina e indivíduo, a codificação corresponde a um processo de sinaliza- ção – que remete a um valor –, e não de significação. Desse modo, o teórico da informação não está interessado em correlacionar sinais binários e o seu conteúdo. O estudioso dessa abordagem se volta para a forma mais econômica de transmitir a informação – observada como medida estatística – sem ruídos no canal, produção de ambiguidade ou erros de transmissão. A Teoria da Informação constitui, assim, um método de calcular as unidades de sinais que são transmissíveis, e não um método de calcular as unidades de significado (conteúdo) (ECO, 1972 apud WOLF, 1999). A abordagem teórica sobre a informação se assemelha à atividade dos Correios ao transmitirem uma carta. O ponto de vista dos Correios não é o mesmo do emissor e do destinatário da carta, uma vez que estes últimos se interessam pela troca da mensagem, isto é, pelo seu conteúdo. No entanto, para o funcionário dos Correios, o conteúdo da mensagem que é transmitida não importa. Afinal, a sua função é apenas transmitir a informação do emissor para o destinatário, serviço que ele foi pago para executar (ESCARPIT, 1976 apud WOLF, 1999). Portanto, o código do sistema informacional é meramente sintático e não considera o significado, isto é, a dimensão do conteúdo, que é a parte comu- nicativa da mensagem. Também é importante que você saiba que essa visão sobre o código foi fundamental para conceber a comunicação como mais exata e menos ambígua, isto é, de maneira mais controlada. O esquema comunicativo de Jakobson: uma versão posterior ao modelo informacional Roman Jakobson (1896-1982) foi um linguista e teórico literário nascido e educado em Moscou que imigrou para os Estados Unidos em 1941. Embora tenha desenvolvido pesquisas no campo da literatura e da estética, se tornou conhecido pelos estudos linguísticos sobre fonologia. Em especial, por ter de- senvolvido um conjunto de traços acústicos de caráter universal, os quais foram centrais para o início dos estudos da fonologia gerativa (BROWN; MILLER, 2013). Também é fundamental apontar que Jakobson foi, com os seus colegas Karcevsky e Troubetskoy, o primeiro linguista a empregar o termo estrutura 289O Modelo Informacional TC_U4_C18.indd 289 10/11/2017 15:17:58 (Saussure usa, posteriormente, o termo sistema). Na sua perspectiva, a língua é uma estrutura que apenas reconhece a sua própria ordem. É, assim, a partir desse princípio – de imanência própria da língua – que o linguista russo descobre e sistematiza as regras de funcionamento da linguagem. Propõe então um esquema comunicativo formado por seis elementos que respondem a seis funções: o emissor, o qual determina a função expressiva; o destinatário (ou receptor), a função conativa; a mensagem, a função poética; o contexto (ou referente), a função referencial; o contato (ou canal), a função fática; o código, a função metalinguística (Figura 3) (JAKOBSON, 1963 apud MATTELART; MATTELART, 1997). Figura 3. Esquema da comunicação de Jakobson. Fonte: Adaptada de Jakobson (1963 apud DUBOIS et al., 2001). O desenvolvimento desse esquema linguístico da comunicação tornou Jakobson muito popular. Além disso, tal esquema se articula à teoria ma- temática da comunicação. Nesse diagrama, Jakobson introduziu a noção de contexto (ou referente) apreensível pelo destinatário (ou receptor). O contexto se caracteriza como verbal, pois é suscetível a ser verbalizado. Além disso, há a noção de contato (ou canal), observado como o canal físico e a conexão psicológica entre o destinador e o destinatário. Esse contato poderia permitir o estabelecimento e a manutenção da comunicação (DUBOIS et al., 2001). O Modelo Informacional290 TC_U4_C18.indd 290 10/11/2017 15:17:58 Por fim, é importante você saber que Jakobson não reduziu a linguística à Teoria da Informação. O que ele propôs foi uma integração e um caminho paralelo para se estudar esses dois campos, individualizando pontos de contato. Entre esses pontos, estão a abordagem linguística da informação semântica e a definição da informação pelo modelo informacional (WOLF, 1999). Lembre-se das funções da linguagem apontadas por Jakobson. A função expressiva, referente ao emissor, está relacionada às emoções transmitidas por ele na mensagem. A função conativa, por sua vez, diz respeito ao destinatário ou receptor e se associa à influência produzida naquele que recebe a mensagem. A função poética se refere à mensagem e engloba as figuras da retórica. Já a função referencial diz respeito ao contexto, transmite uma informação como um dado/um fato “objetivo”. Há também a função fática, referente ao código, que mostra se a escuta de fato ocorreu com o receptor. Por último, existe a função metalinguística, que diz respeito ao código e se liga à linguagem tomada como objeto. Isto é, é a explicação do código a partir dele mesmo (JAKOBSON, 1963 apud MATTELART; MATTELART, 1997). Algumas considerações sobre a Teoria Informacional Apesar da limitação a respeito da noção de código, o Modelo Comunicativo Informacional se difundiu e obteve sucesso. Aqui se faz essa ressalva, a partir da discussão de Wolf (1999), porque não é só o conceito de código como sintaxe interna da sequência de sinais que limita essa abordagem. É, principalmente, o esvaziamento da dimensão comunicativa, referente à significação, que restringe a Teoria Informacional. Esse limite heurístico, na opinião do autor supracitado, não foi suficientemente considerado, em especial quanto aos seus efeitos globais. Ora, como falar da relação entre sociedade e mass media sem tocar na significação, a qual parece ser um ponto nodal nesse tipo de pesquisa? Apesar dessa incongru- ência, o Modelo Informacional foi por muito tempo, para a Mass Communication Research, o paradigma de dominância, isto é, o mais frequentemente usado e raramente colocado em questão. Wolf (1999) aponta algumas razões para tal, tais como a difusão do modelo informacional, cuja forma esquemática acabou se transformando em um sistema de comunicação geral; o recebimento desse modelo pela linguística de Roman Jakobson; e o alinhamento da terminologia linguística de Jakobson pela Teoria Matemática da Comunicação. 291O Modelo Informacional TC_U4_C18.indd 291 10/11/2017 15:17:58 Segundo Wolf (1999), a credibilidade e a difusão que Jakobson deu à versão “moderada” da Teoria Informacional foi um dos motivos do seu sucesso como teoria comunicativa. Além disso, a sua funcionalidade pode se dar quanto ao tema dos efeitos, que permanece de grande importância para as pesquisas da Mass Communication Research; e ainda para as reflexões desenvolvidas sobre os modelos de educação. Em resumo, com um modelo linear de transmissão da comunicação, os efeitos poderiam ser conceituados conforme um esquema bem representativo. Dito de outro modo, o modelo emissor × receptor se prestava muito bem às análises experimentais e às pesquisas semelhantes às das ciências naturais. Não se pode, contudo, deixar de apontar que o modelo de troca de informações elaborado por Shannon e acrescido dos comentários de Weaver, ainda parcialmente presente na Communication Research, se adequou a uma necessidade metodológica da época, em especial por visar à análise de amostras vastas de mensagens. 1. Marque a alternativa correta sobre como se caracteriza o sistema geral de comunicação da Teoria da Informação. a) A comunicação é observada como um processo em que há a partilha de significados. b) A comunicação é observada como uma atividade dinâmica de envio de mensagens. c) A comunicação é observada como uma transmissão de informação circular do emissor ao receptor. d) A comunicação é observada como uma transmissão da informação de um ponto a outro. e) A comunicação é observada como uma atividade de compreensão do conteúdo da mensagem. 2. Qual das alternativas a seguir caracterizacorretamente, de acordo com o Modelo Informacional de Shannon e Weaver, o componente que produz a mensagem e aquele que a recebe? a) O emissor ou codificador e o canal, respectivamente. b) A fonte de informação e o receptor ou decodificador, respectivamente. c) O emissor ou codificador e o receptor ou decodificador, respectivamente. d) O destino ou destinatário e o canal, respectivamente. e) A fonte de informação e o destino ou destinatário, respectivamente. 3. Qual das alternativas a seguir traz a definição correta sobre as noções levantadas pela Teoria da Informação? a) A homeostase é a tendência da natureza em destruir a ordem. O Modelo Informacional292 TC_U4_C18.indd 292 10/11/2017 15:17:59 b) O código é um conjunto de significados da mensagem. c) O ruído é a distorção provocada na mensagem. d) A entropia é a tendência da natureza de manter a ordem. e) O ruído auxilia na correspondência entre os dois polos comunicativos. 4. Marque a alternativa correta a respeito das discussões estabelecidas sobre a Teoria da Informação e o esquema comunicativo de Jakobson. a) O esquema comunicativo de Jakobson influenciou a construção do Modelo Informacional de Shannon e Weaver. b) O esquema comunicativo de Jakobson reduziu a linguística ao campo de estudo da Teoria da Informação. c) O esquema comunicativo de Jakobson se articula ao Modelo Informacional de Shannon e Weaver. d) O esquema comunicativo de Jakobson não obteve sucesso como o Modelo Informacional de Shannon e Weaver. e) O esquema comunicativo de Jakobson introduz a noção de canal, a qual não aparecia no Modelo Informacional de Shannon e Weaver. 5. Leia o trecho: [tal componente] é um sistema de regras que confere a determinados sinais um dado valor. Dizemos valor e não ‘significado’ porque, no caso de um aparelho homeostático (relação entre duas máquinas), não se pode dizer que a máquina destinatária ‘compreende o significado’ do sinal (a não ser em sentido metafórico): essa máquina foi preparada para responder de uma determinada maneira a uma determinada solicitação (ECO, 1972, p. 11 apud WOLF, 1999). Qual das alternativas a seguir se refere ao componente descrito? a) Canal b) Código c) Destino ou destinatário d) Emissor ou codificador e) Mensagem 293O Modelo Informacional TC_U4_C18.indd 293 10/11/2017 15:18:00 ABBAGNANO, N. Isomorfismo. ABBAGNANO, N. Dicionário de filosofia. 5. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007. p. 586-587. BROWN, K.; MILLER, J. Jakobson, Roman. In: BROWN, K.; MILLER, J. The Cambridge dictionary of linguistics. Cambridge: Cambridge University, 2013. p. 244. DUBOIS, J. et al. Communication. In: DUBOIS, J. et al. Dictionnaire de linguistique. Paris: Larousse, 2001. p. 94-97. MATTELART, A.; MATTELART, M. A teoria da informação. In: MATTELART, A.; MATTE- LART, M. História das teorias da comunicação. São Paulo: Loyola, 1997. cap. 3, p. 57-71. SANTOS, V. Homeostase. São Paulo: Brasil Escola, c2017. Disponível em: <http://brasi- lescola.uol.com.br/biologia/homeostase.htm>. Acesso em: 10 out. 2017. WOLF, M. O modelo comunicativo da teoria da informação. In: WOLF, M. Teorias da comunicação. 5. ed. Lisboa: Presença, 1999. p. 112-121. Leituras recomendadas JAKOBSON, R. Linguística e teoria da comunicação. In: JAKOBSON, R. Linguística e comunicação. 8. ed. São Paulo: Cultrix, 1975. p. 73-86. WEAVER, W. A teoria matemática da comunicação. In: COHN, G. (Org.). Comunicação e indústria cultural. São Paulo: Nacional, 1978. p. 25-37. WIENER, N. Cybernetics or control and communication in the animal and the machine. 2. ed. Cambridge: M.I.T., 1985. O Modelo Informacional294 TC_U4_C18.indd 294 10/11/2017 15:18:00 http://lescola.uol.com.br/biologia/homeostase.htm 295Gabaritos Para ver as respostas de todos os exercícios deste livro, acesse o link abaixo ou utilize o código QR ao lado. https://goo.gl/fNYdkW Gabaritos TC_Gabaritos.indd 295 10/11/2017 17:42:52 https://goo.gl/fNYdkW Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo: TC_U4_C18 TC_Gabaritos
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