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Unidade 1
Hematopoese e as Fases do Hemograma
Hematologia 
Clínica
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial 
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico 
TIAGO DA ROCHA
Autoria 
ADRIANA DALPICOLLI RODRIGUES
AUTORIA
Adriana Dalpicolli Rodrigues
Sou formada em Biomedicina e tenho mestrado em Biotecnologia. 
Tenho experiência profissional na área de análises clínicas por mais de sete 
anos. Atuei em laboratórios de pesquisa e análises clínicas em diversos 
setores, incluindo Hematologia. Atualmente trabalho como analista 
científica no Laboratório Alfa Ltda. e no Centro Universitário UniFtec. Sou 
apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida 
àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidada 
pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. 
Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e 
trabalho. 
Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
OBJETIVO:
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova compe-
tência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA:
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou dis-
cutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das últi-
mas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO:
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Hematopoese .............................................................................................. 12
Medula Óssea e Demais Órgãos Hematopoéticos ................................................ 13
Células-Tronco .................................................................................................................................. 16
Hematopoese .................................................................................................................................... 18
Eritropoiese....................................................................................................................... 19
Leucogênese .................................................................................................................. 21
Trombocitopoese .........................................................................................................22
Regulação da Hematopoese ...............................................................................23
Fatores que Interferem na Destruição e Renovação Celular .......25
Fase Pré-Analítica do Hemograma e o Controle de 
Qualidade .......................................................................................................28
No que Consiste a Fase Pré-Analítica? ...........................................................................29
Amostra Sanguínea para a Realização do Hemograma ................. 31
Erros da Fase Pré-Analítica do Hemograma ...............................................................34
Controle de Qualidade do Hemograma ........................................................................ 38
Fase Analítica não Automatizada e Automatizada do 
Hemograma ..................................................................................................44
Fase Analítica do Hemograma ..............................................................................................44
O Hemograma não Automatizado ...................................................................45
Contagem não Automatizada do Número Total das 
Células Sanguíneas .............................................................................. 46
Determinação não Automatizada do Hematócrito ........ 50
Determinação não Automatizada da Hemoglobina ....... 51
Determinação não Automatizada dos Índices 
Hematimétricos ........................................................................................52
O Hemograma Automatizado .............................................................................53
Avaliação Morfológica das Células Sanguíneas ...................................55
Fase Pós-Analítica do Hemograma .....................................................59
Fase Pós-Analítica do Hemograma .................................................................................. 59
Emissão de Resultados e Comentários Técnicos ................................61
Retificação de Laudos .......................................................................... 63
Valores de Referência do Hemograma ...................................................... 63
Tomada de Decisão ................................................................................................... 68
9
UNIDADE
01
Hematologia Clínica
10
INTRODUÇÃO
Você sabia que a Hematologia é a área que estuda a Fisiologia 
e Patologia do sangue? Os elementos figurados desse tecido (células 
e fragmentos celulares) são avaliados no hemograma, principal exame 
laboratorial da Hematologia. Para que você possa entender o resultado 
desse exame, é importante que comece compreendendo a hematopoese. 
A hematopoese é responsável pela produção e renovação dos elementos 
celulares do sangue pertencentes às séries: vermelha, branca e plaquetária. 
Esse processo inicia no período embrionário com as células-tronco, que 
irão se diferenciar em células hematopoiéticas especificas, e segue por 
toda vida do indivíduo por meio de  diferentes órgãos hematopoiéticos 
(principalmente a medula óssea), conforme forem as necessidades do 
organismo. Entendeu? O próximo passo é conhecer as fases laboratoriais 
do hemograma, que são elas: pré-analítica (preparo do paciente, cadastro, 
coleta etc.), analítica (análise propriamente dita do hemograma) e pós-
analítica (liberação do laudo e sua avaliação). A atenção dos profissionais 
envolvidos nas três fases é de extrema importância para a garantia de um 
diagnóstico e tratamento correto ao paciente. Pronto para começar? Ao 
longo desta unidade letiva você vai mergulhar nesse universo!
Hematologia Clínica
11
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1 – Hematopoese e as fases 
do hemograma. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento 
das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de 
estudos:
1. Explicar a hematopoese (eritropoese, leucogênese e trobopoese) 
e demais fatores envolvidos nesse processo.
2. Identificar a fase pré-analítica do hemograma e como o controle 
de qualidade é aplicado.
3. Apontar a fase analítica não automatizada e automatizada do 
hemograma.
4. Identificar a fase pós-analítica do hemograma para maior 
confiabilidade na liberação do laudo.
Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao 
conhecimento? Ao trabalho!
Hematologia Clínica
12
Hematopoese 
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo você será capaz de compreender 
quais são os elementos celulares do sangue e como 
eles são produzidos pela medula óssea e demais órgãos 
hematopoiéticos. Isto será fundamental para o exercício de 
sua profissão, pois é a partir desse entendimento que você 
será capaz de futuramente identificar situações clínicas 
ou patológicas. E então? Motivado para desenvolver esta 
competência? Então vamos lá. Avante!
A hematopoese consiste na produção de elementos figurados 
do sangue e podeser dividida em três etapas principais: eritropoese, 
responsável pela produção das células da série vermelha (eritrócitos, 
ou também chamadas de hemácias, são a principal célula do sangue 
periférico), leucogênese, que se refere à produção de células da série 
branca (leucócitos, sendo os principais do sangue periférico: neutrófilos, 
linfócitos, monócitos, eosinófilos e basófilos) e trombopoese, que é 
relacionada a produção da série plaquetária (plaquetas ou também 
chamadas de trombócitos). Mas antes de entrarmos em cada uma dessas 
séries, é importante que você saiba quais são os órgãos hematopoéticos, 
locais onde toda a produção das células sanguíneas ocorre.
NOTA:
Em nosso estudo, as palavras eritrócito, hemácia e glóbulo 
vermelho serão usadas como sinônimos.
Hematologia Clínica
13
Medula Óssea e Demais Órgãos 
Hematopoéticos
DEFINIÇÃO:
A  medula óssea é um tecido líquido-gelatinoso, 
popularmente chamada de tutano, que preenche a 
cavidade interna de vários ossos. Ela e os demais órgãos/
tecidos hematopoéticos apresentam a capacidade de 
produção dos elementos figurados do sangue.
Ao longo da vida de um ser humano, há variação nos órgãos e 
tecidos hematopoiéticos que estão ativados; em outras palavras, que 
estão produzindo células sanguíneas. Pode-se dividir a atuação desses 
tecidos em três períodos hematopoéticos desde o início da vida no útero 
da mãe: 
Período embrionário (início do primeiro mês da vida pré-natal) 
– as primeiras células do sangue surgem externamente ao embrião, 
no mesênquima do saco vitelino (vesícula vitelina ou vitelínica). A série 
celular nesse período é constituída por eritroblastos primitivos, grandes e 
megaloblásticos formados no meio intravascular.
Período fetal – nesse período (na sexta semana de gestação) a 
hematopoese inicia no fígado, que é o maior órgão hematopoético nas 
fases inicial e intermediária do feto. As células são eritroblastos definitivos, 
que se transformam em eritrócitos sem núcleo (eritrócitos maduros) e são 
formados extravascularmente. Nesse momento, ocorre em menor grau 
a granulopoiese (produção de granulócitos, ou seja, grupos específicos 
de leucócitos) e a megacariopoese (produção de megacariócitos, que 
são células precursoras das plaquetas). Até o sexto ou sétimo mês de 
vida fetal, o fígado e o baço são os principais órgãos hematopoéticos. 
Essa produção tem continuidade até em torno de duas semanas após o 
nascimento. 
Hematologia Clínica
14
NOTA:
A placenta também pode colaborar com a hematopoese 
fetal, mas os gânglios linfáticos (linfonodos) apresentam 
atividade reduzida na produção celular durante essa fase.
Figura 1 – Período fetal
Fonte: Pixabay
Período medular – esse período ocorre na vida fetal e também 
na vida pós-natal, que inclui a infância e a vida adulta de um indivíduo. 
No sexto ou sétimo mês de vida fetal, a medula óssea inicia a produção 
celular de modo progressivo. Nesse momento, no fígado esse processo 
começa a ser diminuído. Os eritrócitos, granulócitos e plaquetas após 
o nascimento passam a ser produzidos apenas na medula óssea 
(extravascular). Nesse período, todo espaço da medula está ocupado 
por medula hematopoética ativa (chamada de medula vermelha) e 
se mantém assim até a criança completar em torno de cinco anos de 
idade. Conforme a criança vai crescendo, o espaço medular se amplia e 
apenas uma parte mantém a hematopoese, o restante é preenchido por 
células adiposas (passando a ser chamada de medula amarela). Os ossos 
Hematologia Clínica
15
achatados e longos, como o crânio, as vértebras, o fêmur, continuam 
sendo locais de produção de células do sangue na infância. Entretanto, 
no adulto, a medula hematopoiética é reduzida, ocorrendo formação das 
células sanguíneas no esqueleto central e em regiões proximais do fêmur 
e do úmero. Quando na medula não existe mais produção de células ela 
passa a ser denominada de medula cinzenta.
A medula vermelha é substituída pela medula amarela e assim 
segue por toda a vida do indivíduo. Quando ocorre alguma situação clínica 
ou patológica que exige maior produção celular, a medula amarela pode 
ser substituída pela vermelha por meio de estímulos intensos e contínuos, 
principalmente por fatores de crescimento. O fígado e o baço também 
podem voltar a ser órgãos hematopoéticos, se for necessário.
VOCÊ SABIA?
Hepatoesplenomegalia é uma situação clínica que ocorre 
quando o fígado e o baço aumentam de tamanho. Ocorre 
em casos em que há defesa imunológica intensa ou, em 
algumas situações (doenças hemolíticas ou talassemias), 
pode significar que a hematopoiese está ocorrendo de 
modo extramedular.
Em condições normais da vida adulta, os eritrócitos são formados 
apenas na medula óssea, do mesmo modo que ocorre com os 
granulócitos (neutrófilos, eosinófilos e basófilos) e os monócitos. Os 
granulócitos produzidos vão ficar armazenados na medula até serem 
necessários no sangue periférico (estão armazenados aproximadamente 
três vezes o equivalente de granulócitos circulantes no sangue periférico). 
Os linfócitos podem ser classificados em linfócitos T e linfócitos B, os 
quais são produzidos e armazenados nos órgãos linfoides (tecidos que 
produzem principalmente os linfócitos), em grande proporção na medula 
óssea e abaixo do epitélio na parede intestinal.
Hematologia Clínica
16
NOTA:
Como órgãos linfoides principais no organismo humano 
tem-se: os linfonodos, o baço, o timo, as tonsilas palatinas 
(amídalas) e tonsilas faríngeas (adenoides). Os linfonodos 
são os órgãos linfoides mais numerosos e o baço é o maior 
de todos em tamanho.
Os megacariócitos são células grandes também produzidas na 
medula óssea e que nela mesmo se fragmentam. Os fragmentos, ou 
seja, as plaquetas se dirigem para o sangue periférico e ali permanecem 
para serem utilizadas principalmente em casos de lesões em que há 
sangramento.
Como a maior produção de elementos celulares do sangue ocorre 
na medula óssea, ela é considerada um órgão hematopoético primário, e 
os demais órgãos citados, como secundários. O timo também é um órgão 
linfoide primário importante para a maturação de linfócitos T. Os linfócitos 
B são produzidos na medula óssea e nos órgãos linfoides secundários.
Células-Tronco
As células-tronco podem ser classificadas em totipotentes, 
pluripotentes e multipotentes. As células-tronco totipotentes podem 
gerar qualquer tipo celular do organismo (inclusive as células do sistema 
nervoso), ou seja, um organismo completo e funcional, e correspondem às 
células do embrião recém-formado. As pluripotentes são células capazes 
de gerar qualquer tipo de tecido, mas não um organismo completo como 
as totipotentes. As pluripotentes não geram a placenta e outros tecidos 
de apoio ao feto, mas produzem a massa celular interna do blastocisto 
depois dos quatro dias de vida e participam da formação dos tecidos do 
organismo. As multipotentes estão presentes no indivíduo adulto. São 
ainda mais diferenciadas que as pluripotentes, com capacidade limitada 
de produção de tecidos. São designadas de acordo com o órgão de que 
derivam e podem originar apenas células daquele órgão (regeneração 
tecidual).
Hematologia Clínica
17
IMPORTANTE:
Célula-tronco (do inglês stem cell) é uma célula primitiva 
que apresenta capacidade de autorregeneração (de se 
autorrenovar) e de se diferenciar, podendo originar células 
especializadas, como células do sangue, ósseas, nervosas, 
da pele e demais tecidos. 
As células-tronco estão presentes no embrião (células-tronco 
embrionárias), chamadas de blastocistos, e se diferenciam em qualquer 
célula dos diferentes tecidos do organismo. Tecidos adultos também 
possuem células-tronco, entretanto, essas células apresentam uma 
menor capacidade de diferenciação e se localizam principalmente no 
cordão umbilical, placenta, medula óssea, sangue periférico, fígado, 
rins e na primeira dentição. Os três primeiros tecidos citadossão os que 
apresentam uma maior concentração de células-tronco e por isso são 
os preferidos para a realização de transplante de células-tronco, muito 
realizados em casos de leucemia.
SAIBA MAIS:
Para saber mais sobre os transplantes de células-tronco 
hematopoéticas, não deixe de ler o material produzido 
pelo Ministério da Saúde e Instituto Nacional de Câncer 
intitulado: Tópicos em Transplante de Células-Tronco 
Hematopoéticas. Rio de Janeiro-INCA, 2012. O material 
pode ser acessado aqui. 
Hematologia Clínica
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/topicos_transplante_celtronco_hematopoeticas.pdf
18
Hematopoese
DEFINIÇÃO:
Hematopoese (hematopoiese, hemopoese ou hemopoiese) 
é o processo continuado de produção e renovação dos 
elementos figurados do sangue. Esse processo ocorre por 
toda a vida de um indivíduo por meio da divisão celular 
(processos mitóticos).
Figura 2 – Hematopoese em humanos
Fonte: Wikimedia Commons.
A hematopoese se inicia com uma célula-tronco pluripotente que irá 
se diferenciar em célula-tronco hematopoiética (célula multipotente). Essa 
célula pode se autorrenovar e também dar origem às distintas linhagens 
celulares. Então, uma célula-tronco hematopoiética se divide em duas 
células filhas (células iguais a que lhes originou), uma das células terá a 
função de substituir a célula-mãe (autorrenovação) e a outra se diferencia 
na célula sanguínea que é necessária pelo organismo. Desse modo, em 
condições normais (indivíduo saudável), a velocidade de produção dos 
elementos figurados do sangue e a velocidade de demanda (utilização e 
destruição) pelo organismo é mantida equilibrada. 
Hematologia Clínica
19
Como estudamos, o processo da hematopoese pode ser dividido 
em: eritropoese, leucogênese e trombopoese. Conheça-os a seguir.
Eritropoiese
DEFINIÇÃO:
Eritropoese é o processo que promove a produção e 
renovação das células da série vermelha..
Figura 3 – Eritropoiese 
Fonte: Elaborado pela autora (2021).
A primeira célula identificada dessa série é o pró-eritroblasto, célula 
grande (com aproximadamente de 14 a 19 μm de tamanho) arredondada 
ou ovalada, nucleada (núcleo volumoso e cromatina frouxa) e com 
citoplasma basofílico (cora com corantes básicos - cor azul). 
A célula que dá sequência à linhagem é do eritroblasto basofílico, 
muito semelhante ao pró-eritroblasto, levemente menor (em torno de 
12 a 17 μm de tamanho), núcleo grande, cora com corantes básicos e 
apresenta pouco acúmulo de hemoglobina. O tamanho da célula eritroide 
e seu núcleo vão diminuindo de tamanho a cada divisão que a célula sofre 
Hematologia Clínica
20
e ela vai sendo preenchida com hemoglobina ficando mais avermelhada 
do que azulada. 
A próxima célula da linhagem é o eritroblasto policromatófilo, esse 
é seguido pelo eritroblasto e esse pelo reticulócito. Os reticulócitos são 
arroxeados, não têm mais o núcleo, mas ainda contém restos de núcleo 
espalhados pelo citoplasma, sendo possível a identificação dessas células 
avaliando a amostra com corante azul cresil brilhante. 
A célula mais madura da eritropoese é o eritrócito maduro (também 
chamado de hemácia), o qual não apresenta núcleo e nem restos 
nucleares.
REFLITA:
Você tem ideia de quantas células vermelhas são 
produzidas a partir de um eritroblasto? 
Como vimos, uma célula tronco-hematopoética se divide em duas 
e vai sofrendo sucessivas divisões. Então, um eritroblasto irá dar origem 
a dois eritroblastos basofílicos, esses se dividem e originam mais dois 
eritroblastos basofílicos, ou seja, já são quatro eritroblastos basofílicos. 
Os quatro eritroblastos basofílicos dividem-se e formam oito eritroblastos 
policromáticos, esses por sua vez, produzem 16 eritroblastos que não se 
dividem mais, apenas amadurecem e geram os reticulócitos (16 células) e 
em sequência os eritrócitos maduros (16 células).
Hematologia Clínica
21
SAIBA MAIS:
Assista a esta animação que explica de forma didática o 
processo da Eritropoese. Disponível aqui. 
Leucogênese
DEFINIÇÃO:
Leucogênese ou leucopoese é o processo que promove a 
produção e renovação das células da série branca.
A divisão da produção das linhagens da série branca é em 
mielocítica (mielopoese) e linfocítica (linfopoese). A linhagem mielocítica é 
responsável pela formação de granulócitos (granulopoese) e monócitos, já 
a linhagem linfocítica é pela produção dos linfócitos. Ambas as linhagens 
iniciam com o blasto, podendo essa célula em comum dar origem a um 
mieloblasto ou a um linfoblasto. 
O mieloblasto poderá então se diferenciar em promielócito ou 
promonócito. O promielócito irá originar a seguinte sequência de células 
(da mais imatura para a mais madura): mielócito, metamielócito, neutrófilo 
em bastão e neutrófilo segmentado. O neutrófilo segmentado é o 
leucócito mais encontrado no sangue periférico em condições normais 
de saúde do indivíduo. A mesma sequência de produção ocorre com os 
demais granulócitos (eosinófilos e basófilos), mas em menor proporção 
que os neutrófilos. 
Já o promonócito dará origem ao monócito, que poderá se 
diferenciar em macrófago de acordo com as necessidades do organismo 
a nível tecidual. Em relação à linhagem linfocítica, o linfobasto dá origem 
ao linfócito que se diferenciará em linfócito T ou linfócito B. Todos os 
Hematologia Clínica
https://www.youtube.com/watch?v=21wO9iW1P4I
22
leucócitos são maiores que os eritrócitos e as plaquetas e têm núcleo 
em todas as suas fases de maturação. O que varia entre os leucócitos 
é o formato do núcleo é: a presença de granulação ou não, o conteúdo 
de grânulos, nível de condensação da cromatina, presença ou não de 
nucléolo, entre outros. 
Trombocitopoese
DEFINIÇÃO:
A trombocitopoese, ou também chamada de 
plaquetopoese, é o processo que promove a produção e 
renovação dos trombócitos, ou comumente conhecidas 
como plaquetas, que são fragmentos dos megacariócitos. 
São as menores estruturas celulares do sangue periférico.
A trombocitopoese é a antecedida pela megacariocitopoese, que é 
o processo em que os megacariócitos sofrem proliferação e maturação a 
partir da célula progenitora da medula óssea. Os megacariócitos recebem 
estímulos e tem seus citoplasmas fragmentados, dando origem às 
plaquetas.
Os elementos figurados do sangue mais numerosos são os 
eritrócitos (especializados no transporte de gases sanguíneos), seguidos 
pelas plaquetas (responsáveis pela hemostasia, ou seja, processo da 
coagulação) e em menor número pelos leucócitos (células de defesa do 
organismo como fagócitos ou envolvidas na produção de anticorpos). 
Hematologia Clínica
23
VOCÊ SABIA?
Diariamente em torno de 1.012 eritrócitos são produzidos, 
1.011 plaquetas e 108 leucócitos. Temos no sangue periférico 
a proporção de 500 eritrócitos a cada 30 plaquetas e um 
leucócito. O aumento no número de elementos figurados 
circulantes no sangue depende da população de célula-
hematopoiéticas, da disponibilidade de progenitores e de 
estímulos do organismo devido a condições fisiológicas ou 
patológicas.
Regulação da Hematopoese
As fases da hematopoese são: autorrenovação, proliferação, 
diferenciação e homing (volta à medula óssea). Essas fases são reguladas 
por mecanismos que envolvem o microambiente da medula óssea e 
pelas células hematopoéticas. Esse microambiente da medula óssea é 
provido pelas  células  do estroma que secretam a matriz extracelular e 
fatores de crescimento, constituindo em um ambiente adequado para 
as células progenitoras diferenciadas. As células presentes no estroma 
(mesenquimais, adipócitos, fibroblastos, osteoblastos, endoteliais e 
macrófagos) secretam moléculas extracelulares, como: colágeno, 
glicoproteínas, glicosaminoglicanos, para formar uma matriz extracelular. 
Além disso, secretam vários fatores de crescimento necessários à 
sobrevivência da célula-tronco, sendo uma das principais fontes desses 
fatores. Perdem apenas para o rim, local de maior produçãodo fator 
de crescimento eritropoietina (hormônio glicoproteico regulador da 
eritropoese) especialmente em condições de baixa concentração de 
oxigênio no organismo e para o fígado, que sintetiza a trombopoetina 
(hormônio glicoproteico regulador da trombopoese) em maior 
concentração.
Hematologia Clínica
http://knoow.net/ciencterravida/biologia/celula/
24
EXPLICANDO MELHOR:
Os fatores de crescimento hematopoéticos agem 
em concentrações muito baixas, atuam de forma 
hierárquica, são produzidos por muitos tipos de células, 
conseguem afetar mais de uma linhagem celular, sejam 
elas – progenitora ou diferenciada, podem ter interações 
sinérgicas ou aditivas com outros fatores de crescimento e 
têm como função regular a proliferação e a diferenciação 
das células progenitoras, prevenir apoptose e controlar os 
elementos figurados sanguíneos maduros. Assim como 
os demais hormônios e ou glicoproteínas produzidos 
pelo organismo, eles podem agir no local em que são 
produzidos, por contato célula a célula, ou podem circular 
no plasma e atuar no local que há necessidade.
Outros fatores de crescimento de grande importância para 
hematopoese são as citocinas. Esses fatores  são polipeptídeos ou 
glicoproteínas produzidas por diversos tipos celulares e que apresentam 
a capacidade de modular a resposta celular de diferentes tipos de células, 
incluindo dela mesma. Podem ser divididas em: interleucinas (também 
chamadas de interleuquinas), as quais a maioria se envolve na ativação 
ou supressão do sistema imune e na indução de divisão de outras 
células; fatores estimuladores de colônias, que estimulam a produção ou 
maturação específica de determinada linhagem celular; fator de necrose 
tumoral (TNF), que apresenta a capacidade de provocar apoptose e 
possuem ações pró-inflamatórias; os  interferons, que interferem na 
replicação de microrganismos dificultando a atuação deles e estimulam 
a atividade de defesa do organismo; e fatores de crescimento que 
controlam a divisão celular. 
Hematologia Clínica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Apoptose
https://www.infoescola.com/sistema-imunologico/interferon/
25
NOTA:
Há mais de 36 tipos diferentes de interleucina (IL). Elas foram 
numeradas em ordem conforme foram sendo descobertas 
(IL-1, IL-2, IL-3, IL4, etc.). Algumas podem ser divididas em 
subtipos de acordo com sua atividade (IL-1a, IL-1b e IL-1ra.).
Os sinais que costumam ser transmitidos pelos fatores de 
crescimento ativam fatores de transcrição específicos nos elementos 
celulares do sangue, como as moléculas ligadoras de DNA. Essas 
moléculas atuam como principais acionadores a determinar o programa 
genético a ser aplicado em sequência, e assim conduz ao desenvolvimento 
de diferentes linhagens celulares. Após estímulo apropriado, as células-
tronco hematopoiéticas originam células já comprometidas com uma 
determinada linhagem hematológica, ou seja, podem dar origem tanto 
a progenitores mieloides quanto linfoides dependendo do estímulo 
recebido.
Fatores que Interferem na Destruição e Renovação 
Celular
Os eritrócitos têm o tempo de meia vida estabelecido, pois, como 
não possuem núcleo e outras organelas, não realizam síntese de ácidos 
nucleicos ou proteínas nem carboidratos, ou seja, não há possibilidade 
de geração de energia extra. Desse modo não conseguem prolongar 
sua vida. A redução de níveis energéticos ocorre conforme os eritrócitos 
vão envelhecendo. Isso resulta em alteração na membrana plasmática, 
tornando-a frágil e mais fácil de se romper. Quando essa célula se rompe, 
a hemoglobina liberada é fagocitada por macrófagos, principalmente 
no fígado, no baço e na medula óssea. Há partes da hemoglobina que 
podem ser reaproveitadas pelo organismo, tais como o ferro e a globina 
(proteína). O restante, que é a porção porfirina, é convertida em bilirrubina 
no fígado e excretada via renal e intestinal. 
Hematologia Clínica
26
VOCÊ SABIA?
A renovação celular hematopoética é intensa. Os eritrócitos 
são renovados em condições normais em média a cada 
120 dias, as plaquetas a cada 10 dias e a renovação pode 
levar apenas algumas horas (neutrófilos e monócitos), dias 
(eosinófilos e basófilos) ou de semanas a anos (linfócitos) 
para os diferentes tipos de leucócitos. 
Os leucócitos são destruídos por apoptose, ou seja, morte celular 
programada. Esse processo é importante tanto para eliminação de 
leucócitos velhos quanto para a diminuição da população de leucócitos 
que foi necessário em um processo de defesa do organismo finalizado. 
As plaquetas, por sua vez, conforme vão envelhecendo são fagocitadas 
pelos macrófagos.
Conforme os elementos figurados do sangue vão sendo destruídos 
e eliminados, novos elementos precisam ser produzidos, ou seja, precisa 
haver equilíbrio na produção e na eliminação celular.
O estado de nutrição do organismo de um indivíduo tem relação 
com o desenvolvimento da hematopoese. Deficiência de vitaminas ou de 
oligoelementos provocam insuficiência na maturação da eritropoese.
A diminuição na concentração de  vitaminas do complexo B, 
especialmente a vitamina B12 e o ácido fólico, provoca anemias, como a 
anemia perniciosa e a anemia megaloblástica. Como essas vitaminas são 
necessárias para a síntese de  DNA (ácido desoxirribonucleico), sua 
carência resulta na diminuição desse ácido nucleico e, consequentemente, 
na deficiência na divisão e maturação nuclear. Como resultado tem-
se as células maturando rápido demais, sendo produzidos eritrócitos 
macrocíticos, ou seja, maiores que o tamanho normal e com a membrana 
celular mais frágil, as quais se rompem mais facilmente (tempo de meia 
vida mais curto que o normal). 
Outro exemplo é a deficiência de ferro, característica da anemia 
ferropriva. Como esse composto é imprescindível para a síntese da 
hemoglobina na eritropoese, sua deficiência resulta na produção de 
Hematologia Clínica
http://knoow.net/ciencterravida/biologia/vitamina-b12-cobalamina/
http://knoow.net/ciencterravida/biologia/vitamina-b12-cobalamina/
http://knoow.net/ciencterravida/biologia/vitamina-b9-acido-folico/
http://knoow.net/ciencmedicas/medicina/acido-desoxirribonucleico-adn-ou-dna/
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eritrócitos microcíticos (menores que o tamanho normal) e hipocrômicos 
(células hipocoradas).
RESUMINDO:
Problemas na produção de hormônios, devido a alguma 
patologia de base, também interferem na renovação das 
células sanguíneas. Indivíduos com problemas renais 
podem ter comprometimento na produção de eritropoietina 
e, consequentemente, poderão apresentar anemia devido 
à redução no número de eritrócitos. Doenças hepáticas 
costumam provocar redução no número de plaquetas 
circulantes, visto que o fígado é o principal local de síntese 
de trombopoetina. 
Outra situação que interfere na hematopoese são os tratamentos 
quimioterápicos que normalmente causam efeitos em todas as linhagens 
hematopoéticas, levando à redução no número celular. A infecção pelo 
HIV também pode interferir na hematopoese, assim como o tratamento 
antirretroviral.
Hematologia Clínica
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Fase Pré-Analítica do Hemograma e o 
Controle de Qualidade
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo você será capaz de entender 
a grande preocupação dos laboratórios de análises 
clínicas com a segurança do paciente e confiabilidade 
nos resultados. Assim, exige gestão da qualidade eficiente 
com comprometimento multiprofissional em todas as 
fases laboratoriais: pré-analítica, analítica e pós-analítica. 
Dentre elas, a fase que exige maior atenção de todos 
os profissionais é a pré-analítica, que é a mais suscetível 
a erros por ser a mais manual. Um erro nessa fase irá 
comprometer todos os processos das fases seguintes. Não 
adianta ter os melhores equipamentos automatizados se 
as etapas iniciais não forem realizadas de forma correta. 
A seguir, você verá quais são os elementos que fazem 
parte da fase pré-analítica laboratorial do hemograma e 
que interferem nas demais fases, assim como o controlede qualidade. A partir desse entendimento você será capaz 
de futuramente identificar se o resultado de hemograma 
corresponde à situação clínica do paciente ou se sofreu 
alguma interferência prévia. Isto será fundamental para o 
exercício de sua profissão. .
E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então 
vamos lá. Avante!
Hematologia Clínica
29
No que Consiste a Fase Pré-Analítica?
Figura 4 – Análise laboratorial
Fonte: Freepik 
A fase pré-analítica consiste em todas as etapas que antecedem 
a realização propriamente dita do exame e a avaliação do resultado. 
Essa fase é iniciada com a requisição/solicitação do exame por algum 
profissional da área da saúde (normalmente médico); passando pela leitura, 
entendimento e cadastro da solicitação por profissionais (recepcionistas/
assistentes de laboratório) em postos de coleta ou laboratórios de análises 
clínicas; transmissão de eventuais informações de preparo do paciente 
para a obtenção da amostra; obtenção da amostra, acondicionamento, 
transporte e preservação da mesma, sendo finalizada ao se iniciar a 
análise propriamente dita (fase laboratorial analítica). 
EXEMPLO: 
Para a realização do hemograma não é necessário que o paciente 
fique em jejum desde que tenha ingerido uma refeição leve. Entretanto, se 
o paciente tiver feito uma refeição recente rica em gordura e carboidratos, 
o recomendável é realizar jejum de, pelo menos, quatro horas, visto 
Hematologia Clínica
30
que se o plasma não estiver límpido (estiver lipêmico) pode haver 
alguma interferência na determinação das plaquetas e na dosagem da 
hemoglobina. Em um exame como a determinação da glicemia, o jejum 
de, pelo menos, oito horas é obrigatório, se não o resultado liberado 
não será confiável, a não ser que o médico esteja querendo avaliar as 
respostas do metabolismo no estado alimentado.
O andamento de todas as etapas que envolvem essa fase exige 
muita atenção dos profissionais executores, especialmente devido a 
ser um trabalho bastante manual. Embora os avanços tecnológicos e 
implementação de programas de qualidade nos laboratórios tenham 
reduzido significativamente a ocorrência de erros na execução dos 
procedimentos, equívocos ainda ocorrerem em qualquer fase laboratorial, 
principalmente na fase pré-analítica. Segundo a Sociedade Brasileira 
de Patologia e Medicina Laboratorial, a fase pré-analítica é responsável 
por cerca de 60-70% dos erros ocorridos nos laboratórios. Desse modo, 
é uma das fases que merece grande atenção de todos os profissionais 
envolvidos nos processos. 
O hemograma é o exame realizado em maior número no setor 
de Hematologia e é um dos mais solicitados por profissionais da saúde 
em todo mundo, devido ao número de informações que consegue 
transmitir sobre a saúde do paciente. Por meio desse exame é possível 
identificar casos de deficiências nutricionais (anemia ferropriva) ou por 
perda de sangue (anemias crônicas), policitemia, infecções, leucemias, 
desidratação etc. Para que você possa compreender sobre os erros que 
podem ocorrer ao longo do percurso de realização desse exame e assim 
resultar em prejuízo no diagnóstico real do paciente, é importante que 
tenha conhecimento básico sobre o tipo de amostra sanguínea que deve 
ser coletada para a realização do hemograma.
Hematologia Clínica
31
SAIBA MAIS:
Caso você tenha interesse em saber mais sobre os passos 
para a coleta de sangue venoso e como evitar erros e 
possíveis interferentes, não deixe de ler as recomendações 
da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina 
Laboratorial para coleta de sangue venoso. 2. ed. Barueri: 
Minha Editora, 2010. Acesso aqui. 
Amostra Sanguínea para a Realização do 
Hemograma
Figura 5 – Células do sangue
Fonte: Freepik
Hematologia Clínica
http://www.sbpc.org.br/upload/conteudo/320090814145042.pdf
32
Como o hemograma é um exame em que são avaliados os 
elementos celulares do sangue: glóbulos vermelhos (eritrócitos ou 
hemácias), glóbulos brancos (leucócitos) e trombócitos (plaquetas); 
é necessária a obtenção de amostra de sangue total. Para isso, o tubo 
utilizado para a coleta com o sistema a vácuo ou para ser colocado o 
sangue após uma coleta com seringa e agulha, é o tubo de tampa roxa. 
Esse tubo contém o anticoagulante ácido etilenodiamino tetra-acético 
(EDTA - do inglês ethylenediamine tetraacetic acid) com sais de potássio 
(EDTA). O EDTA é um composto orgânico que age como agente quelante, 
formando complexos muito estáveis com diversos íons metálicos. Dentre 
os íons, destaca-se o cálcio. Ao ocorrer a quebra do cálcio da amostra, 
não há a possibilidade de haver a formação de coágulo, visto que o 
cálcio é um elemento fundamental no processo da coagulação. Mas 
para que isso seja possível, esse tubo contendo a amostra precisa ser 
homogeneizado suavemente por inversão (8 a 10 vezes) assim que a 
coleta é finalizada e antes de colocar o curativo no paciente, garantindo a 
completa solubilização do anticoagulante e a correta anticoagulação da 
amostra. Desse modo, terá sido obtido o sangue total. 
REFLITA:
No caso de amostras para realização de exames bioquímicos, 
como o perfil lipídico, renal, hepático, eletrólitos, ou exames 
imunológicos como imunoglobulinas (IgM, IgG, IgE) ou ainda 
os hormônios, a amostra a ser obtida é o soro. Quando são 
solicitados testes de coagulação (tempo de protrombina, 
tempo de tromboplastina, fibrinogênio), a amostra obtida 
é o plasma citratado. Isso porque nessas amostras os 
elementos a serem dosados estarão preservados e em 
quantidades conhecidas.
Hematologia Clínica
33
EXPLICANDO MELHOR:
O sangue é tecido conjuntivo líquido composto por uma 
parte líquida, chamada de plasma (contém fatores de 
coagulação) ou soro (não contém fatores de coagulação) e 
uma porção de elementos figurados (células e fragmentos 
celulares). Cada tipo de análise laboratorial exige uma 
amostra diferente que pode ser: sangue total, o qual é 
coletado com diferentes tipos de anticoagulantes (os mais 
utilizados em Hematologia são: EDTA - tubo de tampa roxa, 
citrato de sódio - tubo de tampa azul claro ou preta, heparina 
de lítio – tubo de tampa verde); plasma que também é uma 
amostra coletada com anticoagulante, mas passa por um 
processo de centrifugação após a coleta e amostra de 
soro que é coletada em tubo sem anticoagulante ou com 
ativador de coágulo (tubo de tampa vermelha ou amarela) 
e que é centrifugada após a formação do coágulo.
Veja na Figura 6 exemplos dos tubos citados acima e demais 
materiais utilizados para a coleta sanguínea. Da direta para esquerda 
observa-se: suporte para coleta à vácuo, agulha de coleta a vácuo, 
garrote, tubo de tampa vermelha, algodão, tubo de tampa preta, tubo de 
tampa azul claro, recipiente com álcool 70%, tubo de tampa roxa e tubo 
de tampa verde.
Figura 6 – Materiais utilizados para a coleta sanguínea
Fonte: Pixabay
Hematologia Clínica
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Agora que você já conhece a amostra utilizada para a realização 
do hemograma, já está preparado para conhecer alguns dos erros 
mais comuns que podem ocorrer na fase pré-analítica desse exame. É 
importante que os erros sejam conhecidos para que possam ser evitados.
Erros da Fase Pré-Analítica do 
Hemograma
O hemograma pode ser dividido em: eritrograma, que avalia a 
quantidade, qualidade e conteúdo dos eritrócitos; leucograma, que 
determina o número e características dos leucócitos (classificados 
em –Nneutrófilos bastonados, neutrófilos seguimentados, linfócitos, 
monócitos, eosinófilos, basófilos); e o plaquetograma, que avalia o número 
de plaquetas e suas características. 
Os erros que ocorrerem com mais frequência nos laboratórios 
relacionados ao hemograma ou a alguma etapa desse exame são os 
seguintes:
- Informações do paciente cadastradas erradas: para avaliação do 
resultado do hemograma, é muito importante se ter conhecimento sobre 
a idade e gênero do paciente, os quais apresentam valores dereferência 
diferentes. 
EXEMPLO: 
Os recém-nascidos apresentam valores do eritrograma mais 
elevados do que um paciente adulto, assim como o número de linfócitos 
que se apresenta aumentado no nascimento e permanece alto em crianças 
de até quatro anos de idade; já no adulto a célula que se apresenta em 
maior número é o neutrófilo. Devido à função de cada célula, o aumento 
do seu número no hemograma pode indicar a ocorrência de alguma 
patologia ou situação clínica que precisa ser acompanhada e/ou tratada.
Hematologia Clínica
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EXPLICANDO MELHOR:
Se ao avaliar o resultado do eritrograma de um recém-
nascido não se observar a idade, pode-se pensar que é um 
caso de policitemia de um adulto. Do mesmo modo, se não 
for considerado o gênero em um eritrograma com níveis 
mais baixos, pode-se pensar que o paciente está com 
anemia se for considerado do gênero masculino, já que 
as mulheres apresentam valores de referência mais baixos 
para os parâmetros do eritrograma do que homens. 
O uso de medicamentos deve ser solicitado e registrado no 
cadastro, pois também pode causar alterações hematológicas. Outras 
variáveis fisiológicas, como: exercício físico, ritmo circadiano, altitude, 
gestação, estilo de vida (hábito de ingerir bebidas alcoólicas ou fumar), 
anticorpos endógenos etc. podem provocar alterações fisiológicas no 
hemograma, mas essas informações normalmente não são solicitadas no 
momento do cadastro do paciente. 
 • Erro de identificação: esse tipo de erro é muito fácil de acontecer. 
Quem realiza as coletas deve estar seguro de que a amostra a 
ser coletada realmente é do respectivo paciente, confirmando 
os dados em requisição médica e em algum documento de 
identificação com foto. Trocas de amostras ou identificações 
erradas são casos sérios, pois poderá ser liberado o resultado 
de um paciente doente para um paciente normal e vice-versa, 
resultado em prejuízo importante para a saúde de ambos.
 • Mudanças posturais: alteração na postura no momento da coleta, 
principalmente quando o paciente estava deitado e passa para a 
posição em pé ou sentado, pode provocar deslocamento da água 
corporal do interior dos vasos sanguíneos para o espaço intersticial, 
resultando em hemoconcentração e, consequentemente, um 
resultado irreal a situação clínica do paciente. 
 • Tubo errado utilizado para a coleta: amostra de sangue coletada 
em tubo impróprio impossibilita a realização do hemograma. 
Hematologia Clínica
36
IMPORTANTE:
O hemograma não pode ser realizado com amostras 
coletadas em nenhum outro tipo de tubo que não seja o 
com o anticoagulante EDTA.
 • Quantidade desproporcional de sangue versus anticoagulante: 
proporção incorreta entre quantidade de sangue e anticoagulante, 
ou seja, a amostra de sangue no tubo apresenta-se em quantidade 
inferior ou superior ao limite recomendado.
EXPLICANDO MELHOR:
Amostras coletadas com volume inferior ao recomendado 
serão diluídas pelo anticoagulante e, desse modo, não 
representará a situação real do paciente. Já a amostra 
coletada com volume superior poderá coagular 
parcialmente ou por completo, impossibilitando a realização 
do exame.
 • Problemas com a homogeneização da amostra: ausência de 
homogeneização ou homogeneização insuficiente do tubo 
contendo a amostra de sangue resultará em amostra coagulada 
(seja parcialmente ou com coágulo muito pequeno). O hemograma 
não pode ser realizado com a presença de coágulo por menor que 
Hematologia Clínica
37
ele seja e, em hipótese alguma, o coágulo pode ser removido para 
que o exame seja realizado.
 • Amostras de pacientes infundidos: em pacientes que estão 
recebendo algum tipo de infusão de medicamentos, soro 
fisiológico ou glicosado, as amostras de sangue devem ser 
obtidas de um local distante da infusão e de preferência no braço 
oposto, caso contrário a amostra estará diluída não representando 
a situação real do paciente.
 • Tempo elevado de duração do garroteamento (aplicação de 
garrote/torniquete): não deve ser maior do que um minuto para 
evitar hemoconcentração, hemólise e ativação dos fatores de 
coagulação, entre outros, que podem comprometer o resultado. 
 • Transporte da amostra e armazenamento da amostra: o transporte 
da amostra do local em que foi coletado até a área em que ela 
será analisada deve ser o mais rápido possível para garantia da 
estabilidade da amostra e qualidade das células. Caso o local de 
análise seja distante, a amostra deve ser transportada refrigerada. 
Nunca se deve congelar uma amostra para a realização do 
hemograma. 
A amostra pode ser armazenada em temperatura ambiente (de 18 
a 25 °C) por até oito horas após a coleta. Em até 24 horas os resultados 
sofrem pouca interferência em temperatura ambiente, mas o melhor é 
manter a amostra refrigerada (de 2 a 8 ºC). A determinação do número de 
leucócitos é estável por 24 horas em temperatura ambiente e por até 48 
horas a temperatura média de refrigeração de 4 °C.
Hematologia Clínica
38
NOTA:
Na fase pré-analítica é muito difícil mensurar os erros, por 
isso, é uma fase que exige que os profissionais atuantes 
nos processos recebam treinamentos, aperfeiçoamento 
constante e seja desenvolvida alguma forma de 
monitoramento dos erros ocorridos para evitar ao máximo 
a recorrência deles.
Controle de Qualidade do Hemograma
Figura 7 – Tubos de ensaio
Fonte: Freepik
Hematologia Clínica
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DEFINIÇÃO:
O controle de qualidade é uma medida adotada nos 
laboratórios de análises clínicas e demais organizações 
com o objetivo de se ter melhoria contínua e padronização 
dos procedimentos realizados na rotina, assegurando a 
qualidade de seus serviços ou produtos. 
Para a garantia da qualidade do laboratório é necessário se ter bem 
estabelecida a visão, a missão, a política da qualidade, metas e diretrizes 
da empresa. Toda documentação deve estar em dia, como: alvará sanitário, 
programa de gerenciamento de resíduos, responsável técnico, programa 
de prevenção de riscos ambientais, programa de controle médico de 
saúde ocupacional, entre outros. É importante também ser acreditado por 
algum programa de qualidade.
EXEMPLO
 Como exemplo de certificadoras da qualidade há a ISO 9001 
(Organização Internacional para Padronização) e a PALC (Programa de 
Acreditação para Laboratórios Clínicos). A ISO é aplicada em diversos 
ramos empresariais, já o PALC é mais específico para laboratórios de 
análises clínicas.
SAIBA MAIS:
Para adquirir maior entendimento e conhecimento sobre 
as normas estabelecidas por programas de qualidade, não 
deixe de ler as normas da PALC 2016 aqui.
Deve se ter medidas de controle de qualidade, as quais são 
exigidas pelos programas citados em todas os setores laboratoriais 
independente da fase que cada setor represente. Para isso deve-se ter 
procedimentos operacionais padrões para cada atividade realizada e 
Hematologia Clínica
http://www.sbpc.org.br/upload/conteudo/norma_palc_2016_web.pdf
40
devem ser executadas por todos os profissionais atuantes no laboratório 
sem modificação. 
EXEMPLO 
No procedimento operacional padrão de atendimento deve estar 
descrito como a atendente/recepcionista deve se portar e se uniformizar 
para atender ao paciente. Ela deve solicitar: documento de identificação 
com foto, requisição do exame e carteirinha do plano de saúde ou cartão do 
SUS. Questionar sobre endereço, telefone e demais dados determinados 
no programa do laboratório. Perguntar se faz uso de medicação. Informar 
o prazo de entrega dos resultados e o que é necessário para retirá-los 
ou visualizá-los em caso de ser possível o acesso pela internet, entre 
outros passos. Todos devem estar muito bem descritos no POP e todas as 
atendentes do laboratório devem agir de forma padronizada.
A qualidade deve sempre ser avaliada a partir de critérios padrões/
requisitos de aceitação e medidas de determinação da satisfação dos 
clientes (pacientes ou profissionais que fizerama solicitação do exame). 
Se o desempenho observado é significativamente diferente dos critérios 
estabelecidos, se faz necessário uma ação corretiva com abertura 
de planos de ações pelo profissional ou equipe envolvida. Devem ser 
estabelecidas metas e determinados indicadores dos resultados obtidos 
para que seja possível monitorar o andamento de todos os processos e 
corrigidas as possíveis falhas que surgirem.
EXEMPLO
Muitos laboratórios têm indicadores de recoletas, desse modo, 
estabelecem metas para recoletas de exames, ou seja, determinam que o 
índice de recoleta seja inferior a 1% de todas as amostras coletadas para o 
hemograma. Os números das recoletas geradas são plotadas em gráficos 
indicadores e o motivo de recoletas (amostra coagulada, insuficiente, para 
confirmação de resultado) deve ser sempre registrado para que medidas 
corretivas possam ser estabelecidas.
Hematologia Clínica
41
SAIBA MAIS:
Para saber mais sobre requisitos de boas práticas para 
funcionamento de serviços de saúde, qualidade, cuidados 
com o paciente, entre outros, leia a Resolução da diretoria 
colegiada - RDC Nº. 63 de 25 de novembro de 2011, que 
você pode acessar aqui. 
Na fase analítica além de tudo que foi citado, pode ser 
realizado controle de qualidade interno e externo. O controle interno 
mais comumente realizado é do controle diário, o qual é adquirido 
comercialmente junto ao fabricante do equipamento e se refere a passar a 
respectiva amostra controle no analisador, como se fosse uma amostra de 
paciente. Geralmente há duas amostras controle que podem ser normais, 
alta e/ou baixa com valores conhecidos (registrados normalmente na 
bula) para garantia na confiabilidade (exatidão e precisão) do analisador. 
Os resultados apresentados normalmente geram gráficos no próprio 
analisador no caso do hemograma ou podem ser criados em planilhas no 
computador para facilitar a análise. 
Quando o controle de qualidade interno “fica fora”, ou seja, não 
apresenta os resultados esperados conforme estabelecidos pelo 
fabricante, algumas medidas precisam ser tomadas para correção. Essas 
medidas devem ser previamente estabelecidas.
EXEMPLO
As medidas normalmente tomadas pelos analistas quando o 
controle não apresenta resultado adequado é – a conferência da validade 
de todos os insumos utilizados, substituição de reagente ou da água 
destilada que estão em uso, alguma manutenção diária pode ser feita 
(limpeza ou alguma lavagem automática do equipamento), verifica-se a 
temperatura ambiente (normalmente analisadores de hemograma não 
funcionam muito bem em ambientes muito frios) ou pode ser feita a 
calibração do equipamento, entre outros. 
Calibração nada mais é do que o conjunto de processos sob 
condições especificadas que estabelecem a  relação  entre os valores 
Hematologia Clínica
http://portal.anvisa.gov.br/documents/33880/2568070/rdc0063_25_11_2011.pdf/94c25b42-4a66-4162-ae9b-bf2b71337664
42
indicados por um calibrador e os valores representados por um material 
de referência ou os correspondentes das grandezas determinadas 
por padrões. O calibrador serve resumidamente para padronizar o 
equipamento e é adquirido com o fabricante do equipamento.
O controle externo é realizado por meio da participação em 
programas de qualidade externos, como a Controllab (Controle de 
Qualidade para laboratórios) ou o PNCQ (Programa Nacional de Controle 
de Qualidade), onde mensalmente ou trimestralmente, de acordo 
com contratos estabelecidos, amostras são recebidas pelo laboratório 
participante para análise. Após analisada a amostra, o resultado é, 
normalmente, enviado via página da internet ao programa contratado. 
ACESSE:
 Acesse o site da Controllab para ter mais informações 
sobre esse programa de controle externo muito utilizado 
pelos laboratórios de análises clínicas aqui. Há também o 
site do PNCQ aqui. 
Outra maneira de realizar o controle de qualidade externo é entre 
laboratórios, ou seja, interlaboratorial ou entre analisadores. Nesse caso, o 
analista pode fazer a avaliação microscópica de um número estabelecido 
de esfregaços sanguíneos, e os resultados encontrados devem ser 
concordantes com resultados obtidos por outros profissionais que 
realizaram a mesma análise. Os profissionais de um mesmo laboratório 
precisam obrigatoriamente avaliar o resultado do hemograma ou de 
qualquer exame, com os mesmos critérios de classificação. Para isso, 
precisam ser muito bem treinados e participarem de programas de 
educação continuada.
Hematologia Clínica
https://controllab.com/
43
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo 
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você 
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, 
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido 
no que consite a fase pré-analítica, estudou a amostra 
sanguínea para a realização do hemograma e os erros na 
fase pré-analítica do hemograma bem como o controle de 
qualidade do hemograma. 
Hematologia Clínica
44
Fase Analítica não Automatizada e 
Automatizada do Hemograma 
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo você será capaz de entender 
como funciona a fase analítica que corresponde à etapa 
propriamente dita de realização do hemograma ou de 
qualquer outro exame laboratorial. Em geral, essa fase 
costuma ser mais automatizada do que a fase pré-analítica. 
Isto será fundamental para o exercício de sua profissão. 
E então? Motivado para desenvolver esta competência? 
Então vamos lá. Avante!
Fase Analítica do Hemograma
A fase analítica inclui os procedimentos, reagentes, corantes e 
equipamentos que serão necessários para o processo, juntamente com 
a descrição específica de cada passo, metodologia e demais orientações 
que se obtém junto a bulas e manuais do fabricante. 
Na fase analítica dificilmente ocorrem erros como você viu na fase 
pré-analítica e isso se deve à automatização do processo e ao controle 
de qualidade. Os erros mais comuns que podem ocorrer são: falhas no 
equipamento (lote de reagentes com alguma contaminação ou problema 
na composição, temperatura ambiente inadequada para o funcionamento 
do equipamento, falhas na pipetagem da amostra pelo equipamento, 
insumos insuficientes), perda da amostra no setor de análise, troca na 
identificação da amostra, corantes com coloração inadequadas para a 
análise, entre outros. 
NOTA:
A escolha do tipo de análise não automatizada ou 
automatizada por um laboratório está relacionada à 
quantidade de hemogramas que ela realiza por dia.
Embora atualmente a maioria dos laboratórios no mundo realizem o 
hemograma de modo semiautomatizado ou automatizado, é importante 
Hematologia Clínica
45
que você conheça como esse exame pode ser realizado com o mínimo 
de equipamentos, ou seja, não automatizado, ou metodologia manual, 
como também é conhecido. 
Esse conhecimento lhe consentirá um melhor entendimento sobre 
a determinação dos parâmetros hematológicos, além de permitir que 
você possa realizar a técnica em casos de necessidade de calibrar ou 
avaliar a confiabilidade dos resultados apresentados pelos equipamentos 
eletrônicos. Ou, ainda, há a possibilidade de realização do hemograma de 
forma não automatizada caso algum dia ocorra um problema técnico que 
o equipamento não possa ser utilizado.
IMPORTANTE:
Independente se o hemograma será realizado de modo 
automatizado ou não, algumas avaliações básicas ocorrem 
em ambas as metodologias nas diferentes etapas desse 
exame. No eritrograma é realizada a avaliação do número 
total de eritrócitos, concentração de hemoglobina, 
hematócrito, índices hematimétricos e características 
morfológicas. No leucograma é realizada a contagem total 
e diferencial de leucócitos, além da avaliação morfológica 
das células. No plaquetograma é avaliado o número total 
de plaquetas e as características morfológicas.
O Hemograma não Automatizado
Figura 8 – Microscópio óptico
Fonte: Pixabay
Hematologia Clínica46
Na realização do hemograma com metodologia não automatizada 
são necessários três equipamentos: microscópio óptico, centrífuga (ou 
microcentrífuga) e espectrofotômetro (ou fotocolorímetro). O microscópio 
é utilizado para as contagens gerais do número de eritrócitos, leucócitos 
(total e diferencial) e de plaquetas, usando câmara de Neubauer e esfregaço 
sanguíneo corado. A centrífuga é necessária para a determinação do 
hematócrito e o espectrofotômetro para a medição da concentração de 
hemoglobina. 
A seguir, você vai conhecer como são realizadas cada uma dessas 
determinações. 
REFLITA:
A desvantagem da metodologia não automatizada é que 
apresenta alto grau de variação (aproximadamente 16%) 
quando comparada aos resultados de equipamentos 
automatizados.
Contagem não Automatizada do Número Total 
das Células Sanguíneas 
A contagem total de células sanguíneas é feita com microscópio 
óptico e câmara de Neubauer. Essa câmera tem cavidades milimétricas 
que permitem os cálculos de correção do sangue diluído e, com isso, 
a expressão dos valores obtidos em milhares no caso dos leucócitos e 
milhões para os eritrócitos por milímetro cúbico de sangue. 
A amostra de sangue a ser analisada precisa ser diluída a 1:200 
para os eritrócitos e 1:20 para os leucócitos. As pipetas mais utilizadas 
e recomendadas são as de Thoma, onde são feitas microdiluições, nas 
quais a proporção é 1:101 (eritrócitos) e 1:11 (leucócitos). 
Hematologia Clínica
47
NOTA:
A diluição para a contagem de eritrócitos deve ser maior 
do que para a de leucócitos devido ao número que 
encontramos dessas células no sangue periférico. A 
proporção de elementos celulares no nosso sangue é de 
500 eritrócitos a cada 30 plaquetas e um leucócito.
Como diluentes podem ser adquiridas soluções comerciais ou se 
usa soro fisiológico para os eritrócitos (preserva as células) e água com 
ácido acético glacial para os leucócitos (lisa as hemácias e preserva 
os leucócitos). É chamado de líquido de Thoma o diluente contendo 1 
mL de ácido acético glacial, 1 mL de azul de metileno (opcional) e água 
completando o volume de 100 mL. A diluição pode variar de acordo com 
a patologia. Quanto mais células forem encontradas, maior terá que ser a 
diluição, quanto menos células, menor a diluição. Em casos de anemia, 
em que o número total de eritrócitos é menor que o normal, deve-se diluir 
a amostra 1:100.
PASSO A PASSO
Para fazer a diluição, primeiramente a amostra precisa ser 
homogeneizada, independente da pipeta que você for utilizar. Após esse 
procedimento, siga os seguintes passo:
1. Microdiluição - Usando a pipeta de Thoma.
a. Para a contagem de eritrócitos:
1. Aspirar o sangue até a marca de 0,5 e limpar o sangue que ficou 
por fora da pipeta.
2. Aspirar o diluente até a marca de 101.
3. Agitar por cinco minutos manualmente ou por dois minutos em 
agitador. 
b. Para a contagem de leucócitos: 
1. Aspirar o sangue até a marca de 0,5 e limpar o sangue que ficou 
por fora da pipeta.
Hematologia Clínica
48
2. Aspirar o diluente até a marca de 11.
3. Agitar por cinco minutos manualmente ou por dois minutos em 
agitador. 
2. Macrodiluição em tubo de ensaio - usando pipetas automáticas.
a. Para contagem de eritrócitos (4000/20 = 200, ou seja, 1:200): 
1. Pipete em um tubo de ensaio 20 µL de sangue.
2. Pipete 4000 µL de diluente.
3. A solução final deve ser homogeneizada por inversão do tubo.
b. Para contagem de leucócitos (400/20 = 20, ou seja, 1:20): 
1. Pipete em um tubo de ensaio 20 µL de sangue.
2. Pipete 400 µL de diluente.
3. A solução final deve ser homogeneizada por inversão do tubo.
Observação: caso queira utilizar outras proporções, lembre-se que 
se deve obter sempre a diluição 1:20 e 1:200. 
Após a diluição da amostra, deve-se preencher a câmara de 
Neubauer. Para isso deve ser colocada uma lamínula sobre os retículos 
da câmera (há dois retículos em cada câmara) e com uma micropipeta 
lentamente o líquido deve ser desprezado em um dos cantos, sendo assim 
preenchidos os devidos espaços. Os retículos possuem 0,1 mm de altura 
e são divididos em 9 quadrantes de 1 mm2 cada. Os eritrócitos devem ser 
contados no quadrante central que é dividido em 25 quadradinhos, desses 
25 devem ser contados 5, que são os 5 da ponta e o central. A contagem 
de leucócitos deve ser realizada nos quatro cantos do retículo, os quais 
são divididos em 16 quadradinhos. A contagem deve ser feita em L, não 
considerando as células que estiverem fora do L (fora dos quadrantes). 
Hematologia Clínica
49
SAIBA MAIS:
Para ver imagens e entender melhor sobre a Câmara de 
Neubauer, acesse aqui. 
Ao término da contagem das células, é necessário realizar os 
cálculos para a determinação do número de cada célula por µL ou mm3 
(que é o volume total do retículo). O número de células contado deve ser 
multiplicado pelo volume total do retículo, depois deve ser dividido pelo 
volume dos quadrantes contados. O resultado deve ser multiplicado pela 
diluição realizada. Segue um exemplo abaixo de como deve ser feito.
EXEMPLO: 
Se você contou 50 leucócitos no primeiro quadrante, 54 no segundo, 
51 no terceiro e 53 no quarto, obteve no total, 208 leucócitos contados em 
0,4 mm3. Mas você precisa saber quantos tem em 1 mm3. Faça uma regra 
de três:
O valor obtido deve ser multiplicado pela diluição que foi 20. Então, 
520 x 20 = 10.400 leucócitos/mm3. Esse é o valor final.
Podem ser contados mais ou menos quadrantes, mas sempre tem 
que ser lembrado de calcular em relação ao volume contado e multiplicar 
pela diluição inicial. Entretanto, quanto mais quadrantes forem contados, 
menores são as chances de erro. Outras causas comuns de erro são: 
erro na diluição da amostra, dificuldade na identificação das células, o 
preenchimento da câmara transbordando ou incompleto, presença de 
eritrócitos imaturos (eritroblastos), cansaço óptico do microscopista 
(quando há um número elevado de hemogramas para serem contados 
manualmente).
Hematologia Clínica
http://www.ufrgs.br/labvir/material/contagem_celulas.pdf
50
Determinação não Automatizada do Hematócrito 
DEFINIÇÃO:
O Hematócrito é a proporção de elementos figurados, no 
caso os eritrócitos, em relação ao conteúdo de líquido do 
sangue (plasma), sendo uma representação das alterações 
de eritrócitos e hemoglobina.
O hematócrito é determinado pelo volume ocupado pelos 
eritrócitos em uma coluna de sangue centrifugado, sendo expresso em 
valor percentual no laudo. Abaixo você conhecerá uma técnica que pode 
ser realizada para a determinação do hematócrito com tubo micro capilar.
PASSO A PASSO: 
Passos para a determinação do hematócrito não automatizado:
1. A amostra de sangue deve ser homogeneizada por inversão (em 
torno de 10 vezes).
2. Abra o tubo cuidadosamente.
3. Incline o tubo e coloque o capilar dentro preenchendo ¾ do 
volume do capilar com o sangue.
4. Tampe a extremidade com o dedo e limpe o exterior do capilar.
5. Feche a outra extremidade com massa de modelar.
6. Coloque o tubo na microcentrífuga (a extremidade com massa de 
modelar deve ficar para dentro).
7. Centrifugar a 12.000 RPM por 5 minutos.
A leitura deve ser feita em uma tabela própria indicada pelo 
fabricante para se obter o resultado.
Hematologia Clínica
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EXEMPLO: 
Um resultado de hematócrito de 50% indica que há 50 mL de 
eritrócitos contidos em uma amostra de sangue de 100mL.
Em casos de avaliação de hematócritos de pacientes que estão 
perdendo sangue de forma aguda ou em casos de transfusões de 
sangue, essa avaliação tem sua capacidade reduzida, pois irá apresentar 
valor normal devido à redução proporcional do conteúdo de eritrócitos e 
plasma.
Determinação não Automatizada da Hemoglobina 
Figura 9 – Hemácias 
Fonte: Pixabay
DEFINIÇÃO:
A hemoglobina é uma metaloproteína que contém ferro e 
é encontrada no interior dos eritrócitos. Essa proteína tem a 
função de transporte de oxigênio pelo organismo.
Paraa determinação do conteúdo de hemoglobina, os eritrócitos 
precisam ser rompidos (lisados), a proteína é dosada e medida 
espectrofotometricamente em comprimento de onda de 540 nm. A 
Hematologia Clínica
52
metodologia mais recomendada é a técnica ciano-meta-hemoglobina. 
Os resultados obtidos são expressos em g/dL. É um importante 
parâmetro para avaliação dos casos de anemia, em que se observa baixa 
concentração de hemoglobina.
Determinação não Automatizada dos Índices He-
matimétricos 
DEFINIÇÃO:
Os índices hematimétricos são parâmetros que se referem 
às características dos eritrócitos em relação ao tamanho e 
à distribuição da hemoglobina.
A importância dos índices hematimétricos no hemograma está 
especialmente na classificação das anemias.  Quando se tem o número 
de eritrócitos, a concentração de hemoglobina e o valor do hematócrito é 
possível calcular os seguintes índices: 
VCM (volume corpuscular médio) – Pode ser obtido com a fórmula 
a seguir.
FÓRMULA: 
VCM = (hematócrito x 10) ÷ número dos eritrócitos. 
Quanto menor forem os eritrócitos, menor será o valor do VCM 
(caracterizando microcitose); quanto maior forem os eritrócitos, maior 
o VCM (caracterizando macrocitose). Quando o VCM está dentro da 
normalidade, os eritrócitos são classificados como normocíticos. 
HCM (hemoglobina corpuscular média) – avalia o peso de 
hemoglobina dentro dos eritrócitos. Pode ser calculada a partir da fórmula 
a seguir. 
FÓRMULA: 
HCM = (concentração de hemoglobina x 10) ÷ número dos eritrócitos.
Hematologia Clínica
53
Valores baixos indicam microcitose e altos se referem a macrocitose. 
Quando os eritrócitos se apresentam normais são chamados de 
normocíticos. Quanto maior for a célula (VCM alto), mais pesada ela será 
devido ao maior conteúdo de hemoglobina.
CHCM (concentração de hemoglobina corpuscular média) – 
refere-se à concentração de hemoglobina dentro do eritrócito. O valor 
pode ser determinado pela fórmula a seguir. 
FÓRMULA: 
CHCM = (concentração de hemoglobina/hematócrito) x 100.
Com esse parâmetro é possível determinar a presença de 
hipocromia (CHCM baixo) e hipercromia (CHCM alto). Eritrócitos normais 
são normocrômicos. 
O Hemograma Automatizado
O hemograma automatizado ou semiautomatizado é realizado por 
meio de equipamentos hematológicos que avaliam todos ou quase todos 
os parâmetros referentes ao eritrograma (número total de eritrócitos, 
concentração de hemoglobina, hematócrito, VCM, HCM, CHCM, RDW), 
leucograma (número total e diferencial) e plaquetograma (número total). 
Além disso, a maioria emite alertas/observações (“flags”) quando há 
algum tipo de alteração, como presença de células imaturas, agregação 
plaquetária, alteração no tamanho ou coloração das células etc. 
Os equipamentos automatizados apresentam uma enorme variação 
tecnológica eletrônica associada à informática. Desse modo, facilitam o 
desempenho da rotina diária nos laboratórios de análises clínicas. 
EXEMPLO: 
Há equipamentos que permitem análises de 30 hemogramas por 
hora até mais de 100 por hora, no quais comparados com os sistemas não 
automatizados, pode-se levar mais de uma hora para realização de um 
único ou um pequeno número de hemogramas. 
O princípio da metodologia dos equipamentos hematológicos mais 
simples é a impedância, que consiste na formação de corrente elétrica 
Hematologia Clínica
54
entre dois eletrodos e, quando uma célula atravessa a corrente elétrica, é 
gerado um impulso elétrico que é quantificado de acordo com o diâmetro 
pré-estabelecido dos elementos celulares (eritrócitos, leucócitos ou 
plaquetas). Equipamentos automatizados avançados adicionaram a 
essa função recursos, como: citometria de fluxo, citoquímica e citologia 
diferencial que conseguem distinguir células imaturas, tais como 
reticulócitos (hemácias imaturas) e blastos (leucócito imaturo).
IMPORTANTE:
Ao escolher o analisador hematológico, é importante que 
seja considerado o público-alvo a ser atendido, tanto em 
número quanto em características (população hospitalar ou 
ambulatorial).
Após serem definidas as demandas do laboratório, podem ser 
considerados os equipamentos que façam a contagem diferencial dos 
leucócitos em pelo menos três parâmetros (neutrófilos, linfócitos e 
outros leucócitos) ou cinco parâmetros (neutrófilos, linfócitos, monócitos, 
eosinófilos, basófilos), que é o ideal. 
Outro fator que pode ser considerado é se o equipamento 
homogeneíza a amostra, pois há analisadores que homogeneízam 
a amostra antes de aspirá-la, não tendo assim a necessidade de 
homogeneizá-las de modo manual ou deixá-las em homogeneizadores 
antes de serem processadas. 
É importante também que o analisador libere o RDW (amplitude 
de distribuição dos eritrócitos), que é determinado a partir do VCM. 
O RDW representa a variação do tamanho da população eritrocitária. 
Não é possível determinar o número desse parâmetro de modo não 
automatizado, embora se possa verificar sua existência observando o 
esfregaço sanguíneo. 
Os analisadores automatizados podem mostrar o RDW-CV 
(amplitude de distribuição dos eritrócitos medido como coeficiente de 
variação) que é a relação da curva de distribuição com um desvio-padrão, 
dividida pelo VCM e RDW-SD (amplitude de distribuição dos eritrócitos 
Hematologia Clínica
55
sendo medido como desvio padrão) que é a medida da largura da curva 
de distribuição ao nível da frequência de 20%. RDW-SD aumentado indica 
a presença de anisocitose, ou ainda, dependendo do valor e visualização 
das células microscopicamente, caracteriza dupla população eritrocitária. 
No caso das plaquetas os equipamentos costumam liberar o 
volume plaquetário médio (VPM) e o PDW (Platelets Distribution Width – 
distribuição das plaquetas por tamanho). A maioria dos laboratórios não 
libera esses valores no laudo do paciente.
Também é muito importante que sejam avaliados os custos e 
benefícios da metodologia a ser implantada, em relação custo dos 
reativos, dos controles de qualidade interno de uso diário, calibradores, 
manutenção preventivas, assistência técnica etc. 
Após o analisador ser escolhido e implantado na rotina do setor 
de Hematologia, é importante que os profissionais que manipularão o 
equipamento sejam devidamente treinados. Também é primordial que 
seja determinada a inexatidão, imprecisão, especificidade, linearidade, 
estabilidade, determinação de interferentes, correlação com avaliação 
microscópica. Podem também ser realizados testes interensaios, entre 
outros, para que o equipamento esteja validado e possa realmente ser 
utilizado. 
Outro ponto positivo da automação é a possibilidade de 
interfaceamento dos resultados, a qual não existe em sistemas não 
automatizados. 
Avaliação Morfológica das Células Sanguíneas
Independente se o hemograma for não automatizado, 
semiautomatizado ou automatizado, em algum momento, pode ser 
necessária a avaliação morfológica dos elementos celulares.
A avaliação morfológica das células sanguíneas é realizada a partir 
de análise de esfregaço sanguíneo corado em microscópio óptico com 
auxílio das objetivas de aumentos de 40x e 100x. O esfregaço sanguíneo 
manual deve ser preparado em lâmina de vidro limpa e seca (pode 
ser usado gaze e álcool 70% para limpeza) com auxílio de uma lâmina 
Hematologia Clínica
56
extensora (pode ser de acrílico e deve possuir uma região bem lisa, sem 
ranhuras e ter largura de preferência um pouco mais estreita que a lâmina 
de vidro a ser preparada ou com bordas um pouco mais arredondadas). 
Um bom esfregaço é composto por três partes, sendo elas: uma região 
espessa (chamada de cabeça do esfregaço), uma medial (chamada de 
corpo do esfregaço) e uma fina (chamada de cauda do esfregaço). Observe 
a seguir o passo a passo para a realização do esfregaço sanguíneo.
PASSO A PASSO: 
Para realizar a confecção de um bom esfregaço sanguíneo corado, 
siga os seguintes procedimentos:
1. Pingueuma pequena gota de sangue (quanto maior a gota, 
mais espesso será o esfregaço, quanto menor, mais fino), 
aproximadamente 10 a 20 µL, em um dos lados de uma lâmina 
de vidro.
2. Coloque a lâmina extensora na frente do sangue em um ângulo 
de em torno de 45º.
3. Puxe levemente a extensora para trás esperando que o sangue se 
espalhe por toda superfície de contato da extensora.
4. Execute o movimento de extensão, ou seja, deslize a extensora 
até a próxima borda em velocidade moderada. 
5. Espere o esfregaço secar naturalmente.
6. Core o esfregaço com os corantes de sua preferência. Normalmente 
os corantes utilizados são Leishman e Wright. Eles são compostos 
basicamente por azul de metileno e eosina. A coloração escolhida 
deve seguir o passo a passo recomendado pelo fabricante.
A análise do esfregaço sanguíneo permite que seja avaliada a 
morfologia dos elementos celulares e seja feita a contagem diferencial 
dos leucócitos. No caso de equipamentos automatizados que liberam 
observações ou que o próprio analista observa que o resultado não 
está normal, principalmente em relação aos índices hematimétricos ou 
à imaturidade celular, os resultados podem ser confirmados. É nessa 
análise que é conferido se existe ou não alterações na cor, no tamanho, 
Hematologia Clínica
57
na forma das células ou se há a presença de algum tipo de inclusão, 
como grânulos, pontilhados ou alguma outra estrutura (hemoparasitas), 
presença de células imaturas, como casos de desvio à esquerda 
ou leucemias, neutrófilos hipersegmentados, atipias, vascularização 
citoplasmática, entre outros. 
Os leucócitos devem ser diferenciados em neutrófilos (bastão 
e segmentado), linfócitos, monócitos, eosinófilos e basófilos. A maior 
parte dos equipamentos automatizados faz essa diferenciação na qual 
milhares de células são contadas, entretanto, muitas vezes é necessária a 
confirmação no esfregaço sanguíneo. 
Para metodologias não automatizadas do hemograma, essa 
avaliação é obrigatória. Na contagem não automatizada são contados 100 
leucócitos, diferenciando-os no esfregaço sanguíneo corado com auxílio 
do microscópio óptico. São liberados valores: absoluto (número por µL 
de sangue) e relativo (%) de cada leucócito por meio de um cálculo com 
base no número total de leucócitos. A fórmula é a seguinte: número do 
leucócito encontrado x número de leucócitos total ÷ 100.
EXEMPLO: 
Em um paciente em que tiver o número total de leucócitos de 
9.000/µL e na contagem de 100 células forem observados: quatro 
bastões, 56 segmentados, 34 linfócitos, quatro monócitos, um eosinófilo 
e um basófilo, o resultado final será (relativo-absoluto): Bastões: 4% - 360/
µL; Segmentados: 56% - 5040/µL; Linfócito: 34% - 3060/µL; Monócito: 4% 
- 360/µL; Eosinófilo: 1% - 90/µL; Basófilo: 1% - 90/µL. Some o valor em 
percentual e verá como resultará em 100% e o valor em /µL resultará em 
9000/µL.
Em relação ao plaquetograma, podem ser avaliados se o número 
total de plaquetas está dentro da normalidade e a morfologia das 
plaquetas. Em um campo microscópico bom, com a objetiva de aumento 
de 100 vezes, devem ser observadas de 8 a 20 plaquetas para ser 
considerado um número plaquetário normal. As plaquetas são fragmentos 
celulares que não sofrem alterações significativas, o que normalmente é 
observada é a presença de agregado plaquetário, satelitismo plaquetário, 
macroplaquetas ou mais raramente megacariócitos. 
Hematologia Clínica
58
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu 
mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de 
que você realmente entendeu o tema de estudo deste 
capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter 
aprendido no que consite a fase analítica não automatizada 
e automatizada do hemograma. Estudou a fase analítica 
em que o hemograma não é automatizado, o hemograma 
automatizado e a avaliação morfológica das células 
sanguíneas.
Hematologia Clínica
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Fase Pós-Analítica do Hemograma
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo você será capaz de entender 
como funciona a fase pós-analítica de qualquer exame 
laboratorial que é a que ocorre depois da fase analítica e, 
por ser a última etapa, depende muito das fases anteriores 
(pré-analítica e analítica). De qualquer modo, os processos 
pós-analíticos, em geral, não apresentam muitos equívocos 
quando comparados com a fase pré-analítica. Um dos 
problemas mais sérios que pode acontecer é um laudo 
perdido ou a demora em registrar um resultado crítico que 
pode colocar em risco a saúde do paciente. Ao longo desse 
item, você conhecerá as etapas que compreendem a fase 
pós-analítica especialmente associada à emissão do laudo 
e interpretação dos resultados. Além disso, como o analista 
de laboratório pode contribuir com a conclusão segura 
do diagnóstico e confiabilidade do laboratório para com 
seus clientes. E então? Motivado para desenvolver esta 
competência? Então vamos lá. Avante! 
Fase Pós-Analítica do Hemograma
A fase pós-analítica tem início logo após a fase analítica ser 
finalizada com a obtenção de resultados válidos e termina com a emissão 
do laudo conforme legislação vigente, para a interpretação do profissional 
da saúde (médico, nutricionista, fisioterapeuta etc.) que fez a solicitação.
Na fase pós-analítica os problemas mais comuns são ter que lidar 
com:
 • Validação errada – equipamentos e resultados validados de forma 
errada na fase analítica comprometem o resultado final do exame 
e consequentemente a sua interpretação.
Hematologia Clínica
60
EXPLICANDO MELHOR:
Devem ser determinadas a inexatidão e a imprecisão do 
equipamento com testes de interensaio, especificidade, 
linearidade, estabilidade, interferentes, correlação com 
avaliação microscópica etc. Se for cometido algum tipo 
de erro nessas avaliações correspondentes à validação, o 
resultado do exame do paciente não será fiel a situação 
clínica vivida.
 • Resultados atrasados – problemas podem ocorrer na análise, 
como equipamento analítico com falhas ou falta de reagente, não 
permitindo realizar o processo. Isso pode gerar atraso na entrega 
do laudo e, consequentemente, um transtorno ao paciente que 
pode ir buscar o exame e ele não estar pronto. Esse fator pode até 
mesmo gerar prejuízos relacionados à saúde dele. Essa situação 
pode ser minimizada se for entrado em contato com o paciente 
assim que percebido que a liberação do resultado irá atrasar.
 • Resultados por algum motivo não reportados ou reportados de forma 
incorreta por causa de erro de dados ou de transcrição de informações, 
entre outros. Também irá causar prejuízos no diagnóstico.
 • Entrega de laudo de um paciente para outro. Esse erro pode ser 
reduzido com a solicitação de documento de identificação no 
momento da entrega do laudo ou comprovante de retirada. Além 
disso, a atendente deve ler o nome do paciente em voz alta, 
confirmando que aquele laudo é dele mesmo. Pode ser entregue 
também o resultado do paciente de uma data anterior. Para evitar 
essa situação, é de extrema importância a conferência dos dados 
do paciente.
Os erros aqui citados e outros que podem ocorrer nessa fase podem 
ser minimizados com profissionais treinados ou que recebam treinamento 
de aperfeiçoamento continuamente, uso de sistema de interfaceamento 
de boa qualidade, análise de indicadores de todas as fases laboratoriais, 
valores de referência bem estabelecidos, plano de contingência para ser 
colocado em ação caso ocorra algum intercorrente, entre outros.
Hematologia Clínica
61
EXPLICANDO MELHOR:
O sistema de interfaceamento permite que os resultados 
liberados pelo analisador não precisem ser digitados e 
sim, sejam transmitidos direto para o sistema informatizado 
(software) do laboratório. Esse processo evita erros de 
digitação e promove maior rapidez na liberação do 
resultado.
A relação entre o sistema automatizado e o interfaceamento permite 
ainda a possibilidade de liberação automática dos resultados conformevão ficando prontos, mas para isso é necessário que os parâmetros de 
normalidade estejam bem definidos dentro do sistema informatizado e 
frequentemente seja revisado ou testado pelos profissionais responsáveis. 
Isso permite agilidade na liberação do laudo e facilita o andamento do 
fluxo de trabalho em laboratórios com grande demanda.
Emissão de Resultados e Comentários Técnicos
Os resultados podem ser emitidos em laudos impressos ou de 
modo online, normalmente disponibilizados no site do laboratório de 
análises clínicas que realizou a análise. O profissional que liberou o exame 
precisa assinar o laudo, seja com caneta após a impressão ou pode ser 
com assinatura eletrônica (impresso ou online). Independente da forma 
de emissão, o laudo precisa ser bem projetado, desenhado e legível, 
garantindo que a visualização do mesmo ocorra sempre conforme o 
planejado e atenda corretamente as necessidades clínicas do solicitante 
e do paciente.
IMPORTANTE:
Laudos desorganizados e ilegíveis podem resultar na 
interpretação equivocada do resultado do exame do 
paciente e, consequentemente, atraso no tratamento ou 
tratamento errado, podendo resultar em complicações 
graves na saúde ou até mesmo levar o paciente a óbito.
Hematologia Clínica
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A Resolução de Diretoria Colegiada – RDC nº 302, de 13 de outubro de 
2005, preconiza que o laudo, além de legível como citado anteriormente, 
não contenha rasuras de transcrição, seja escrito em Língua Portuguesa 
(no caso de laboratórios brasileiros) e contenha pelos menos as seguintes 
informações: dados de identificação do laboratório (incluindo nome, 
endereço e telefone), identificação de quem é o responsável técnico e 
do profissional (bioquímicos, biomédicos, médicos) que liberou o exame 
(nome e número de registro do profissional no respectivo conselho de 
classe), número de registro do laboratório clínico no respectivo conselho 
de classe profissional, nome e identificação do cliente (paciente), data 
da coleta da amostra (normalmente também consta o horário da coleta 
que é importante para a avaliação de muito parâmetros) e da emissão 
do laudo, nome do exame, tipo de amostra utilizada para a análise (no 
caso do hemograma é sangue total), método analítico utilizado para 
avaliação (como: citometria de fluxo ou automatizado com microscopia 
complementar), resultado do exame, unidade de medição (como o 
hemograma apresenta várias análises, mais de uma unidade é liberada, 
mas sempre correspondente ao parâmetro determinado), valores de 
referência e demais observações pertinentes a avaliação do exame 
(limitações técnicas da metodologia e dados para interpretação do 
resultado). 
NOTA:
Quando for aceita a amostra de paciente com algum 
tipo de restrição, esta informação deve ser incluída no 
laudo como observação a ser analisada pelo profissional 
solicitante do exame. As restrições que mais costumam 
ocorrer em grande parte dos exames é jejum insuficiente, 
mas dificilmente acontece com o hemograma.
Hematologia Clínica
63
Retificação de Laudos
DEFINIÇÃO:
Retificação de laudo refere-se à correção de um laudo 
já emitido e muitas vezes visualizado pelo paciente ou 
profissional que fez a solicitação do exame.
Quando é identificada a necessidade de retificação de laudo 
emitido, o Laboratório deve emitir novo laudo e entrar em contato com 
o paciente ou profissional que solicitou o exame para justificar o ocorrido, 
esclarecendo os motivos que levaram a acontecer o erro e as correções 
feitas. Se o paciente ou o solicitante ficar em dúvida em relação ao 
resultado, por ser discordante do primeiro apresentado, o laboratório 
pode se oferecer para repetir o exame sem ônus. 
SAIBA MAIS:
Para saber mais sobre as fases laboratoriais e as 
particularidades estabelecidas por fase, leia a Resolução 
de Diretoria Colegiada – RDC Nº 302, de 13 de outubro de 
2005, disponível aqui. 
Valores de Referência do Hemograma
Valor de referência é um intervalo que inclui a maioria dos indivíduos 
com características semelhantes às do grupo de referência (população 
saudável de uma determinada região) e exclui os demais. Normalmente 
os dados são plotados em um histograma e considera-se incluídos 95%.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a Federação 
Internacional de Química Clínica (IFCC) e o Instituto de Padronização Clínica 
e Laboratorial (CLSI) os valores de referência são obtidos pela observação 
ou mensuração quantitativa de um analito em indivíduos considerados 
saudáveis, com base em critérios bem definidos de inclusão e exclusão 
(indivíduos sem doença, que não tem o hábito de fumar ou ingerir bebidas 
Hematologia Clínica
http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/2718376/RDC_302_2005_COMP.pdf/7038e853-afae-4729-948b-ef6eb3931b19
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alcoólicas, com índice de massa corporal dentro da normalidade, entre 
outros) pelos pesquisadores em questão. 
Os valores de referência acabam sendo instrumentos de tomada 
de decisões médicas (ou de outros profissionais da saúde) disponíveis no 
laudo de um laboratório de análises clínicas para auxiliar o profissional a 
diferenciar os pacientes que apresentam alguma patologia dos indivíduos 
saudáveis, facilitando a determinação do diagnóstico e da decisão 
terapêutica. 
IMPORTANTE:
Em torno de 80% das decisões médicas baseiam-se em 
informações fornecidas pelos resultados dos exames 
comparados com os valores de referência disponibilizados 
no laudo.
Os valores de referência do hemograma podem ser obtidos na 
literatura, fornecidos pelos fabricantes dos reagentes e equipamento 
hematológico, ou ainda, cada laboratório pode determinar seus próprios 
valores de referência seguindo protocolos como o preconizado pela CLSI. 
REFLITA:
O CLSI recomenda que cada laboratório estabeleça 
seus próprios valores de referência. A justificativa dessa 
recomendação se deve ao fato de cada nacionalidade 
ou região apresentam indivíduos com características 
fisiológicas distintas, diferentes hábitos de vida e alimentares 
que podem resultar em valores de normalidade diferentes.
O laudo do hemograma normalmente é dividido pelos laboratórios 
em eritrograma, leucograma e plaquetas. Os resultados são descritos em 
uma mesma página, primeiro todos os valores encontrados na análise 
e na sequência os valores de referência deles. Caso não tenha espaço 
Hematologia Clínica
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suficiente devido ao hemograma ser um exame rico em informações, 
ou o laboratório tenha o hábito de cadastrar plaquetas separadas do 
hemograma, elas acabam muitas vezes sendo liberadas em uma nova 
página de laudo. A seguir você encontrará os valores de referência com 
os devidos comentários por série.
Os valores de referência para o eritrograma de adulto do gênero 
masculino e feminino são, respectivamente: 
 • Eritrócitos (milhões/mm3) – 4,30-5,70 e 3,90-5,00;
 • Hemoglobina (g/dL) – 13,5-17,5 e 12,0-15,5;
 • Hematócrito (%) – 39-50 e 35-45;
Os índices hematimétricos não apresentam diferenças por gênero. 
Observe a seguir:
 • HCM – 26-34 pg
 • VCM – 80-99 fL
 • CHCM – 31-36 g/dL
 • RDW – 12,0-14,9
Costuma-se liberar no laudo observações sobre a forma hemática 
(que se espera que seja normal). 
NOTA:
Um eritrócito normal apresenta formato arredondado 
em forma de disco bicôncavo, ou seja, apresentam centros 
mais finos e bordas mais espessas. Parece com a “bala soft”.
EXEMPLO: 
Um exemplo que aparece nos laudos, referente à forma hemática 
com grande frequência, devido à alta prevalência de anemia ferropriva 
principalmente em crianças e mulheres, são: presença de eritrócitos 
microcíticos (tamanho menor que a normalidade) e hipocrômicos (menor 
conteúdo de hemoglobina) com anisocitose (variação no tamanho dos 
Hematologia Clínica
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eritrócitos). Também pode aparecer: pecilocitose (que se refere a alterações 
variadas na forma das células), célula em alvo, policromatocitose 
(eritrócitos arroxeados ou azulados que indicam que ainda há resquíciosde material genético, ou seja, são células mais imaturas), drepanócitos 
(eritrócitos em forma de foice, característicos da anemia falciforme) etc.
Os valores de referência do eritrograma para o recém-nascido são: 
eritrócitos de 3,90 a 5,50 milhões/mm3; hemoglobina de 13,5 a 22,5 g/dL; 
hematócrito de 42 a 60%; HCM de 31 a 37 pg; VCM de 98 a 120 fL; CHCM 
de 30 a 36 g/dL e RDW de 12,0 a 14,9. 
REFLITA:
Repare como são diferentes os valores do eritrograma por 
gênero e por idade. Crianças e adolescentes podem ainda 
apresentar outros valores disponibilizados no laudo.
O laudo do leucograma é liberado com valores relativos (%) e 
absolutos (µL) dos leucócitos. Para avaliação da normalidade, sempre 
devem ser observados os valores absolutos. O leucograma também não 
apresenta diferença por gênero, apenas por idade, seguem os valores de 
referência de adultos:
 • - Leucócitos totais – 3500-10500/µL
 • Neutrófilos segmentados – 1700-8000/µL
 • Linfócitos – 900-2900/µL
 • Monócitos – 300-900/µL
 • Eosinófilos – 50-500/µL
 • Basófilos – 0-100/µL
Os laudos dessa série geralmente apresentam uma observação 
relatando que o item dos neutrófilos engloba segmentados e bastonetes. 
Os bastonetes só são quantificados quando estiverem acima de 5% 
(independente de gênero ou idade). As demais células imaturas (blasto, 
mielócitos, metamielócitos) observadas em casos como infecção 
Hematologia Clínica
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bacteriana importante ou leucemias também são liberadas no laudo 
quando presentes em valores relativos e absolutos. Para liberação da 
presença de blastos, deve-se ter muita segurança em garantir que 
realmente é essa célula, devido ao diagnóstico correspondente (leucemia). 
Observações gerais de alterações nos leucócitos também podem ser 
incluídas no laudo.
EXEMPLO: 
Exemplo de alterações observadas no laudo em casos de infecções 
por microrganismos, leucemias, e demais patologias: neutrófilos 
hipersegmentados, granulação tóxica, células atípicas, vacuolização 
citoplasmática etc.
Os valores de referência do leucograma para o recém-nascido são: 
leucócitos totais de 9000 a 30000/µL; neutrófilos segmentados de 6000 
a 26000/µL; linfócitos de 2000 a 11000/µL; monócitos de 400 a 1800/µL; 
eosinófilos de 20 a 850/µL e basófilos de 0 a 600/µL. Em geral, crianças 
de um a cinco anos apresentam valores de linfócitos superiores ao de 
neutrófilos e demais valores podem sofrer variações conforme a idade 
atingida. 
REFLITA:
Repare como, em geral, o leucograma do recém-nascido 
apresenta valores superiores de normalidade quando 
comparados ao leucograma do adulto.
Os valores de referência de plaquetas para indivíduos acima de seis 
meses são de 140 a 450 mil/µL, não havendo diferença por gênero. Para 
criança abaixo de seis meses de idade considera-se como normalidade o 
intervalo 140 a 350 mil/µL. Essa série também pode conter observações 
no laudo.
EXEMPLO: 
Exemplo de alterações observadas no laudo de plaquetas: 
presença de – macroplaquetas, satelitismo plaquetários, ou ainda, 
Hematologia Clínica
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agregados plaquetários. Normalmente aparecem com resultados baixos 
de plaquetas. Macroplaquetas podem confundir o equipamento, e elas 
serem contadas como eritrócitos devido ao tamanho apresentado.
Tomada de Decisão
Quando o paciente procura um médico ou outro profissional da 
saúde com algum desconforto, dor, queixas em geral, nem sempre o 
profissional consegue definir o diagnóstico munido apenas de informações 
e do exame clínico. 
EXPLICANDO MELHOR:
Há muitas patologias que apresentam os mesmos tipos de 
sinais e sintomas, como: febre, mal-estar, cansaço, dor de 
cabeça etc. Desse modo, constantemente há a necessidade 
de solicitar um exame laboratorial para confirmação de 
alguma suspeita ou descarte de algum diagnóstico. O 
hemograma é um dos exames mais solicitados pela 
abrangência no conteúdo de informações que pode revelar 
sobre a saúde do paciente.
Com a solicitação do exame o profissional espera que, o mais breve 
possível, ele receba um resultado confiável seja online (muitos pacientes 
enviam o resultado via whatsapp, e-mail ou há usuário e senha do médico 
e/ou do paciente para acesso no site do laboratório) ou impresso (ou 
ainda podem pedir para que o resultado seja passado via telefone, mas 
para isso deve-se confirmar os dados do paciente). 
O resultado emitido pelo laboratório terá a finalidade de orientar o 
profissional na sua tomada de decisão. As etapas de cada fase laboratorial 
que existem entre a requisição do exame e recebimento do resultado final 
fogem ao seu conhecimento e são bastante complexas. O laboratório, 
por sua vez, armazena um vasto campo de recursos e informações, cuja 
compreensão escapa aos que não atuam diretamente nos seus processos. 
Muitas vezes, o profissional precisará de ajuda do laboratório 
para tomada de uma decisão. E, então, o laboratório deve ter alguma 
forma de prestar esse serviço. Muitos laboratórios, especialmente os 
Hematologia Clínica
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de grande porte, têm um setor específico de assessoria científica. Os 
menores acabam dando essa assistência de modo mais direto, ou seja, o 
profissional que realizou o exame conversa diretamente com o clínico que 
o solicitou. O analista também pode entrar em contato com o profissional 
para transmissão de algum resultado crítico que não pode esperar até que 
o paciente retire o laudo e o encaminhe para o médico. O que costuma 
acontecer com frequência em relação ao hemograma é o paciente estar 
com os valores muito baixos e assim precisar realizar transfusão de 
sangue imediatamente.
É entendido como resultado crítico o valor do exame muito acima 
ou muito abaixo da normalidade, que necessita de uma ação imediata do 
médico assistente para com seu paciente, evitando danos mais graves, ou 
até mesmo, óbito. Esses valores são estabelecidos pelo laboratório com 
base em informações obtidas na literatura ou conforme acordado com a 
classe médica.
EXEMPLO: 
Em relação ao hemograma, normalmente consideram-se como 
valores críticos os seguintes resultados: hematócrito (para adultos) inferior 
a 20% ou superior a 61%, hemoglobina inferior a 7 g/dL ou superior a 
19,9 g/dL, leucócitos totais inferiores a 2.000/µL e superior a 20.000/µL, 
plaquetas inferiores a 40 mil/mm3 e superiores a 1 milhão/mm3. Casos 
identificados de leucemias, anemia falciforme ou aplásica também podem 
ser comunicados. Em relação a outros exames do setor de Hematologia, 
os que podem apresentar valores mais críticos são os que avaliam a 
coagulação do sangue (tempo de protrombina superior a 40 segundos, 
tempo de tromboplastina superior a 75 segundos, fibrinogênio inferior a 
100 mg/dL ou superior a 700 mg/dL).
As situações em que o laboratório mais participa são para confirmar 
ou rejeitar um diagnóstico ou, ainda, para obtenção de parâmetros para 
orientar o clínico referente ao tratamento. O solicitante pode ainda pedir 
a repetição do exame, adicionar algum exame extra na mesma amostra, 
questionar sobre a metodologia utilizada, verificar se o laboratório 
recomenda algum teste adicional para complementação diagnóstica, 
Hematologia Clínica
70
entre outros. Por isso, deve-se guardar a amostra refrigerada no laboratório, 
para garantir a sua estabilidade.
Ao receber o laudo e interpretá-lo o profissional precisa ter em mãos 
o melhor produto que o laboratório pode entregar. E assim, decisões 
importantes serão tomadas. 
EXEMPLO: 
O laudo precisa ter os dados completos do paciente, todo 
eritrograma, leucograma e plaquetograma, com observações quando 
necessárias e os respectivos valores de referência. Casos de anemia 
falciforme por exemplo, são diagnosticados ao observar valores diminuídos 
dos parâmetros do eritrograma e presença de alteração na morfologia 
dos eritrócitos, especialmente, em forma de foice (drepanócitos). Se no 
laudo estiverem essas informações o médico poderá tratar o paciente 
adequadamente.O laudo encerra um ciclo de todos os esforços exercidos pela 
equipe laboratorial especializada, com alta tecnologia e conhecimento 
para contribuir com a saúde da comunidade e reduzir ao máximo os 
agravos ao paciente.
A fase pós-analítica e a fase pré-analítica são as únicas em que 
os profissionais do laboratório têm contato direto com o paciente, desse 
modo, precisam prestar um bom atendimento e transmitir confiança.
Hematologia Clínica
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RESUMINDO:
Você deve ter aprendido que a fase pós-analítica é a última 
fase laboratorial. Devido a isso, erros que aconteceram nas 
fases anteriores podem interferir nessa etapa e comprometer 
a saúde do paciente. Medidas devem ser tomadas para 
a redução dos erros em todas as fases laboratoriais. 
As informações no laudo devem estar muito claras e 
sempre devem ser disponibilizados valores de referência 
para que o profissional solicitante compare o resultado 
apresentado com um intervalo de normalidade encontrado 
na população. O profissional que fez a análise do exame 
sempre deve estar à disposição do profissional solicitante 
para esclarecimento de dúvidas e discussão do resultado 
para facilitar a tomada de decisão. A preocupação com a 
qualidade dos serviços prestados, agilidade e melhora 
contínua na execução dos processos pelos profissionais do 
laboratório em todas as fases laboratoriais é fundamental 
para a confiabilidade nos serviços prestados, satisfação 
dos clientes (pacientes, médicos e demais profissionais) e, 
consequentemente, continuidade da empresa (laboratório).
Hematologia Clínica
72
REFERÊNCIAS
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Resolução 
RDC Nº 302, de 13 de outubro de 2005. Dispõe sobre Regulamento 
Técnico para funcionamento de Laboratórios Clínicos. Brasília, DF, 2005. 
Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/2718376/
RDC_302_2005_COMP.pdf/7038e853-afae-4729-948b-ef6eb3931b19. 
Acesso em: 18 nov. 2018.
GUYTON, J. E.; HALL, A. C. Tratado de fisiologia médica. 13. ed. Rio 
de Janeiro: Elsevier, 2017.
HOFFBRAND, A. V.; MOSS, P. A. H. Fundamentos em Hematologia 
de Hoffbrand. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2018.
SILVA, P. H. et al. Hematologia laboratorial: teoria e procedimentos. 
Porto Alegre: Artmed, 2016.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PATOLOGIA CLÍNICA/MEDICINA 
LABORATORIAL. Recomendações da Sociedade Brasileira de Patologia 
e Medicina Laboratorial (SBPC/ML): coleta e preparo da amostra 
biológica. Barueri: Manole, 2014. Disponível em: http://www.sbpc.org.br/
upload/conteudo/livro_coleta_biologica2013.pdf Acesso em: 18 nov. 
2018.
Hematologia Clínica
http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/2718376/RDC_302_2005_COMP.pdf/7038e853-afae-4729-948b-ef6eb3931b19
http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/2718376/RDC_302_2005_COMP.pdf/7038e853-afae-4729-948b-ef6eb3931b19
http://www.sbpc.org.br/upload/conteudo/livro_coleta_biologica2013.pdf
http://www.sbpc.org.br/upload/conteudo/livro_coleta_biologica2013.pdf
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