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INTRODUÇÃO AO JORNALISMO Guaracy Carlos Teorias do jornalismo Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar as principais escolas teóricas da comunicação. � Relacionar as teorias com a prática jornalística. � Diferenciar as formas como o jornalismo é pensado pelas escolas. Introdução O campo de estudos da ciência da comunicação é vasto e complexo, em parte pela multiplicidade de enfoques e concepções acerca do processo comunicacional e a interação em sociedade. Em comum, seus estudos tentam entender o processo da comunicação a partir de um objeto co- mum: o homem, o ser comunicativo, inserido em uma estrutura complexa, organizada como sociedade. Estudar comunicação pressupõe entender o homem e seus vínculos coletivos. Neste capítulo iremos conhecer as principais correntes teóricas e es- colas de comunicação e seus estudos. Esse entendimento é fundamental para que o jornalista possa exercer sua função de forma crítica e ética. Estudos acerca da prática jornalística O primeiro estudo acerca do jornalismo data de 1690. A tese De Relationibus Novellis, de Tobias Peucer, defendida na Universidade de Leipzig, Alemanha, era composta por 29 parágrafos. Traçava uma comparação entre jornalismo e história, analisando os tipos de relatos utilizados pela cultural ocidental desde a Antiguidade, identificando o jornalismo sob a perspectiva do singular. Discutia questões como autoria, noticiabilidade, verdade, credibilidade e propunha critérios de seleção e restrições ao que deveria ser publicado, avaliando a forma e os estilos dos periódicos. Segundo o autor, a vontade do escritor de periódicos deve estar relacionada à credibilidade e ao amor à verdade, não sendo possível que preso a um afã partidário, misture ali alguma coisa de falso ou escreva coisas insuficiente- mente exploradas sobre temas de grande importância (PEUCER, 2004[1690]). Os estudos a respeito do jornalismo e o surgimento de um campo teórico a partir do século XIX articulavam-se em torno de dois eixos: o fazer jorna- lismo (práticas e procedimentos) e seus efeitos na sociedade, em especial na formação da opinião pública. Mais tarde, com o crescimento da comunicação de massa, dos efeitos sobre a audiência. Grande parte das teorias do jornalismo tem suas raízes nos estudos chama- dos Mass Communication Research. Dado o avanço do jornalismo sob uma perspectiva empresarial, bem como o caráter pragmático dos norte-americanos, o papel do jornalismo na formação da opinião pública e a prática produtiva da notícia, foram estudados com enfoques empiristas. Tendo uma orientação mais política do que científica e sendo oriundos do (e muitas vezes financiados pelo) Estado, pelas Forças Armadas e pelos grandes monopólios da comunicação de massa. Tudo com o propósito de entender melhor o processo e otimizar seus resultados. Desde que surgiram os primeiros estudos teóricos sobre o jornalismo, em meados do século XIX, três perguntas têm pautado as teorias do jornalismo: o que são notícias? Por que as notícias são como são? Quais são os efeitos das notícias? A trajetória do estudo do jornalismo brasileiro O ensino e pesquisa sobre jornalismo no Brasil têm uma trajetória de mais de seis décadas. As primeiras reivindicações de uma escola para a formação de repórteres foram feitas pelo fundador da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Gustavo de Lacerda. Em seguida, houve o breve funcionamento do primeiro curso de jornalismo no país fundado por Anísio Teixeira, em 1935. O curso foi fechado por Getúlio Vargas, dois anos depois. As primeiras escolas só foram autorizadas em São Paulo, em 1947, e no Rio de Janeiro, no ano seguinte. O modelo de ensino brasileiro de jornalismo é por assim dizer único, pois mescla duas concepções acerca da formação do jornalista, uma predomi- nantemente teórica (modelo europeu) e outra prática (padrão norte-americano). Tratando-se de teoria, a disciplina só foi introduzida na academia em meados de 1980. Foi na virada do século, porém, “que a teoria do jornalismo começou a ser conhecida e adotada por parte significativa dos cursos de jor- Teorias do jornalismo2 nalismo do Brasil, já então contados às centenas” (MEDITSCH, 1997, p. 12), e incluída pelo Ministério da Educação – MEC, como disciplina obrigatória nos cursos de graduação por exigência do Exame Nacional de Cursos. Nos últimos anos, o MEC elevou suas exigências no tocante à formação do profissional de jornalismo, agora reconhecido como bacharelado próprio e não mais como uma habilitação da comunicação social. Não se faz mais jornalista como antigamente. Em texto para a Revista Brasileira de Ensino de Jornalismo, a doutora em comunicação da USP Karenine da Cunha (2015) discute as novas diretrizes curriculares para os cursos de jornalismo, a formação deste profissional e sua atuação em contextos de hipermídia. Confira: https://goo.gl/WDgR2T Principais teorias do jornalismo Teoria do Espelho Considerada a teoria mais antiga do jornalismo, desenvolvida a partir de 1850, surgiu no cenário das transformações passadas da imprensa dos Estados Unidos decorrentes do desenvolvimento industrial e do início da cultura de massa. Opondo-se ao jornalismo praticado até àquele momento, apareceram novos profissionais que sustentavam a ideia de a imprensa ser um espelho do real, as notícias sendo o que eram por refletirem a realidade. A teoria propunha que o jornalista fosse um mediador desinteressado, ob- servador isento e imparcial, que descrevesse objetivamente os acontecimentos, guiado pelo princípio básico da separação entre os fatos e as opiniões. Consi- derava que assim como a recém-inventada fotografia, a palavra escrita poderia refletir a realidade, e para tal o jornalismo deveria usar métodos científicos de modo a evitar a subjetividade. De forte cunho positivista, o surgimento desta teoria coincidiu historicamente com o nascimento do jornalismo informativo, que buscava separar opinião de informação. 3Teorias do jornalismo https://goo.gl/WDgR2T Teoria do Gatekeeper Criada pelo psicólogo Kurt Lewin, em 1947, surgiu no campo da psicologia. Em seus estudos acerca dos problemas envolvendo a mudança de hábitos alimentares em grupos de pessoas, ele avaliava as decisões sobre alimentos a serem adquiridos para consumo em família. O psicólogo identificou que nem todos os membros do grupo tinham igual prestígio no processo da escolha, detectando a existência de canais que desembocavam em um filtro (ou gate) que tinha o poder de decidir quem poderia passar, o gatekeeper. Em 1950, David Manning White utilizou o termo referindo-se ao jornalismo e seu poder, em estudo sobre o fluxo de notícias dentro de uma redação. O objetivo da pesquisa era individualizar os pontos que atuavam como cancelas (gates) no processo de seleção das notícias. White contou com a ajuda de um jornalista que durante uma semana relatou os motivos que o levaram a rejeitar ou aceitar as notícias. Ao final da pesquisa, apurou que a maioria das notícias eram descartadas pela falta de espaço nas editorias, pela pouca importância, por relatos repetidos, pela falta de qualidade da escrita e, até mesmo, por terem ocorrido em locais muito distantes. Dessa maneira, White concluiu que o processo de construção da infor- mação era subjetivo e tendencioso, o fluxo de notícias tinha que passar por diversos gates até a sua publicação. Em uma redação, os gatekeepers seriam os editores, aqueles que definiam quais fatos ganhariam status de notícias e quais seriam descartados. Para entender mais como se dá a articulação entre esta teoria e o processo jornalístico, leia o livro Teoria do gatekeeping: seleção e construção da notícia, de 2011, escrito por Pamela Shoemaker e Tim Vos, da editora Penso. Teoria Organizacional Os primeiros estudos acerca da teoria organizacional surgiram em 1955, com o sociólogo Warren Breed, especialista na pesquisa das relaçõesde trabalho e controle nas redações. Para ele, seria o diretor de redação ou o editor-chefe Teorias do jornalismo4 (publisher) o responsável pelas diretrizes que os jornalistas deveriam seguir (os staffers, como ele chamava). A teoria organizacional inseria o jornalista no seu contexto mais imediato: a organização em que ele trabalhava. Articulava-se com a ideia de mercado, na qual a notícia aparecia como um produto à venda. Nesse contexto, a produção da notícia sairia do âmbito individual para o campo da organização jornalística. As normas da organização colocavam-se acima dos valores pessoais do jornalista. Para o sociólogo norte-americano, “o jornalista acaba por ser socializado na política editorial da organização por meio de uma sucessão muito discreta de recompensa e punição” (TRAQUINA, 2004, p. 71). Nesta teoria, as notícias não seriam determinadas apenas pela subjetividade do jornalista, mas sim por forte influência da estrutura das organizações, que faziam desde a seleção até o enquadramento dado à notícia. Dessa forma, eram raros os jornalistas que não se colocavam a favor da política editorial da empresa. Segundo Breed, isso acontecia porque o sistema imposto pelas organizações baseava-se em punições ou recompensas. Assim o jornalista articulava-se no sentimento de estima com os superiores, no desejo de crescer profissionalmente e no prazer da atividade diária. Deve ser considerado ainda o tempo que o jornalista dispunha para produzir as matérias, que deixavam a desejar (seja por falta de dados ou pela pouca profundidade das notícias). Quanto mais o jornalista se aproximava do deadline, maior era a cobrança da organização sobre ele. A pesquisadora Cremilda Medina trouxe esta proposta para a realidade brasileira em seu livro Notícia um produto à venda. Jornalismo na sociedade urbana e industrial. Cremilda Medina. Editora Summus. 1988. Teoria do Agendamento ou Agenda Setting Os fundamentos para esta teoria remontam à publicação do livro Public Opi- nion, do jornalista Walter Lippmann, em 1922. Lippmann propunha que a notícia não era um espelho das condições sociais, mas sim um relato de um aspecto que se impunha. Assim, relacionava-se a notícia com a opinião pública. 5Teorias do jornalismo A teoria do agendamento ou agenda setting surgiu na década de 1970 com o pesquisador Maxwell McCombs. Inspirada na proposta de Lippmann, baseava-se na proposição de que o público dava mais importância aos assuntos de maior exposição nos meios de comunicação, concluindo, assim, que a mídia determinava sobre o que falar, ler e ouvir. Ainda de acordo com a teoria, as pessoas incluíam ou excluíam de seus próprios conhecimentos aquilo que a mídia repercutia. Inevitavelmente, a mídia contribuía para estruturar no público a imagem da realidade social, a formar opiniões e novas crenças. No entanto, essa teoria não defendia que a mídia aspirava persuadir o público. Ao contrário, a “influência” da mídia decorria da atividade organiza- cional das empresas de comunicação que se utilizavam de sua própria cultura e critérios de noticiabilidade. O real entendimento de uma teoria muitas vezes está relacionado à leitura de sua proposta nas palavras de seu autor. A Editora Vozes em sua coleção Clássicos da co- municação social, disponibiliza estes dois textos em português: Opinião Pública, de Walter Lippmann (2008). A teoria da agenda. A mídia e a opinião pública, de Maxwell McCombs (2009). Teoria da Espiral do Silêncio A Teoria da Espiral do Silêncio foi proposta pela socióloga e cientista política, Elisabeth Noelle-Neumann. Tinha como base as pesquisas sobre os efeitos dos meios de comunicação de massa na vida das pessoas. O conceito da teoria surgiu em 1972, em Tóquio, durante um congresso internacional de psicologia. Apenas em 1984, Noelle-Neumann publicou a teoria em forma de livro intitulado A Espiral do Silêncio. Essa teoria da opinião pública considerava que os indivíduos omitiam seu ponto de vista quando em conflito com a tese dominante, devido ao medo do isolamento, crítica ou zombaria. As pessoas analisavam o ambiente ao seu redor, e ao identificarem que pertenciam a uma minoria, preferiam calar-se para evitar impasses. Este comportamento gerava uma tendência progressiva de silêncio. Dessa maneira, a autora denominou tal conduta de espiral. Ou Teorias do jornalismo6 seja, para não se expor, o indivíduo compactuava com a maioria. Assim outras pessoas que poderiam compartilhar da mesma opinião que ele, também não a verbalizavam. Quanto menos integrantes do grupo assumissem uma posição divergente, maior era o ônus social em expressá-la. O livro A Espiral do Silêncio, lançado em 1982, ganhou uma versão em língua portuguesa pela Editora Danúbio em 2017: A Espiral do Silêncio. Opinião pública: nosso tecido social, de Elisabeth Noelle-Neumann. Teoria do Newsmaking Esta teoria tem entre seus defensores o italiano Mauro Wolf e o português Nelson Traquina. E de certa forma se opõe a teoria do gatekeeper na qual o jornalista (editor) seria o responsável pela seleção da notícia. A teoria do newsmaking considerava que embora a produção da notícia pudesse parecer um procedimento simples, ela seria organizada como uma práxis industrial. De acordo com a socióloga Gaye Tuchman, a teoria do newsmaking articulava-se em três vertentes: a cultura profissional do jornalista, a organização de seu trabalho e a ordenação dos processos produtivos. Dessa forma, o processo de produção da notícia era dividido entre a equipe de produção, pauteiros, repórteres, redatores, editores, diretores, coordenadores e outros agentes da redação. Já os critérios sobre o que seria notícia e o destaque de cada uma eram definidos pela equipe envolvida no sistema produtivo. Neste panorama, ficava minimizado o suposto fator de “manipulação da notícia” que propunha o gatekeeper. A notícia em seu ponto-final seria o resultado da aprovação de todos os participantes da equipe, que atuavam baseados em critérios profissionais de noticiabilidade. Por exemplo: o impacto social que a notícia causaria, nacional e internacionalmente, baseada em seu ineditismo, interesse público, proximidade do acontecimento, possibilidade de personalização entre outros. Para Felipe Pena (2005), a teoria do newsmaking baseava-se no para- digma da construção social da realidade. Ou seja, era tributária à sociologia do conhecimento, compreendendo a realidade humana como socialmente 7Teorias do jornalismo construída. Segundo o autor, era preciso avaliar os aspectos de interação com esse paradigma. Pode-se dizer que a teoria do newsmaking surgiu como oposição à teoria do espelho. Dessa forma, se na teoria do espelho o jornalismo refletia a realidade, na hipótese do newsmaking esta seria socialmente construída. Para o pesquisador Adriano Messias de Oliveira (2004), o filme Todos os Homens do Presidente, de Alan Pakula, ganhador de quatro Oscars, é paradigmático para o estudo das teorias do jornalismo contemporâneo, principalmente se analisado a partir das hipóteses do agenda setting e do newsmaking. Confira o estudo dele em: https://goo.gl/Mi9q1w E aproveite também para assistir ao filme. Fonte: Todos (2012). Sinopse: Em 1972, o repórter Bob Woodward (Robert Redford) e seu rival Carl Bernstein (Dustin Hoffman), que trabalham para o Washington Post, iniciam uma investigação sobre a invasão de cinco homens à sede do Partido Democrata, fato que dará origem ao escândalo de Watergate e culminará na queda do presidente Richard Nixon. Direção: Alan J. Pakula. Elenco: Robert Redford, Dustin Hoffman, Jack Warden. Gênero: Drama, Policial. Nacionalidade: EUA, 1976. Teorias do jornalismo8 https://goo.gl/Mi9q1w Princípios jornalísticos e ética profissional Todas as teorias apresentadas possuem um eixo comum na qual se estruturam na tentativa de compreender “por que as notícias são como são”. Com base na história do jornalismo, podemos afirmar que este se constituiem campo ideológico. Ou seja, diz respeito à prestação de serviço público e econômico correspondendo ao negócio e à organização noticiosa. Tal estrutura era co- nhecida desde o século XIX, mantendo sua base até os dias de hoje. Mas, a mídia contemporânea assume diariamente aspectos complexos e dinâmicos em decorrência da variedade das notícias e das novas tecnologias de comu- nicação e informação. Sendo assim, os princípios jornalísticos e a ética profissional ganham destaque, pois o jornalismo contemporâneo é caracterizado pela rapidez de sua produção e enfrenta desafios no que tange a uma ética própria, pouco definida, e a seu ethos. [...] ser jornalista implica a partilha de um ethos que tem sido afirmado há mais de 150 anos. Mas ser jornalista também implica a crença numa constelação de valores, a começar pela liberdade. [...] Inúmeras afirmações apontam para esta relação simbiótica, em que a liberdade está no centro do desenvolvimento do jornalismo (TRAQUINA, 2008, p. 130–131). Uma das concepções fundamentais para a atividade jornalística é a da liberdade. Este valor permite que os jornalistas sejam livres para exercer a atividade, a fim de evitarem que seu trabalho fique comprometido, ou até mesmo inviabilizado. Dessa forma, o próprio exercício da profissão está diretamente atrelado à defesa da liberdade de expressão e de manifestação de pensamento. Em outras palavras, esse é um valor que dá sentido e até finalidade à atividade. A ética profissional é o guia para todas as práticas profissionais. Médicos, advogados, professores, jornalistas, entre outras profissões, possuem seus próprios códigos de ética com o objetivo de difundir as boas práticas aos demais, sejam eles de sua área de atuação ou não. 9Teorias do jornalismo Além da liberdade de expressão e manifestação de pensamento, faz parte dos princípios fundamentais da profissão, o compromisso com a verdade. Apurar os fatos de modo a não prejudicar outra pessoa, nem ferir sua honra sem causa comprovada ou justificada. A prática jornalística é algo arriscado e merece total atenção do profissional para não motivar a discórdia entre pessoas e instituições. O jornalista deve sempre respeitar as leis do país, ser democrático e permitir que suas ideias possam ser contestadas por outras pessoas. Deve manter a coerência de suas opiniões e dos fatos apurados e divulgados, sem deixar de ser crítico. Outro princípio jornalístico é a investigação. O espírito investigativo é uma das características que não pode faltar no exercício da profissão. É dever do jornalista apurar os fatos, ser curioso, buscar fontes seguras e legítimas, não ser sensacionalista, investigar e, sobretudo, ser sigiloso e honesto. Não com- prometer suas fontes, mantendo-as em segurança, conforme prevê o Código de Ética: “Art. 8º Sempre que considerar correto e necessário, o jornalista resguardará a origem e identidade das suas fontes de informação” (NEVES, 2000, p. 138). Uma das mais relevantes tarefas da ética jornalística é estabelecer procedi- mentos que aproximem o relato dos fatos da maior objetividade e imparcialidade possíveis, mesmo que a total eliminação da subjetividade seja impossível. O principal capital social do jornalismo é sua credibilidade, entendida não apenas como reconhecimento por seus pares, mas sim como processo construído pelo reconhecimento social. Assim a credibilidade recai sobre organizações singulares. Tê-la ou não depende de cada empresa individual- mente. A confiabilidade não se limita às organizações, mas pode ser pensada também em relação aos sujeitos jornalistas e aos produtos produzidos por sua atividade. A credibilidade pode ser entendida a partir de duas dimensões: a do conteúdo e a do mediador. Logo ela se aplica tanto aos fatos narrados pelo jornalismo como pelas instâncias que os produzem (jornalistas e organizações). Cabe ao jornalista, acima de tudo, respeitar o público, colaborando para que os meios de comunicação promovam a divulgação da informação precisa e correta, independentemente da natureza de sua propriedade, conforme está no Art. 2º, inciso I do já referido Código. Teorias do jornalismo10 O capítulo II do Código de Ética do Jornalista Brasileiro trata de conduta profissional. Destacamos os seguintes artigos: Art. 4° O compromisso fundamental do jornalista é com a verdade no relato dos fatos; ele deve pautar seu trabalho na precisa apuração dos acontecimentos e na sua correta divulgação. Art. 6° É dever do jornalista: I – opor-se ao autoritarismo e à opressão; II – divulgar os fatos e as informações de interesse público; III – lutar pela liberdade de expressão; IV – defender o livre exercício da profissão; V – honrar a profissão; VI – não colocar em risco suas fontes; VII – combater e denunciar todas formas de corrupção; VIII – respeitar o direito à intimidade, à privacidade, à honra; XIII – denunciar as práticas de assédio moral no trabalho às autoridades; XIV – combater a prática de perseguição ou discriminação por motivos sociais, econômicos, políticos, religiosos, de gênero, raciais, de orientação sexual, condição física ou mental, ou de qualquer outra natureza. Fonte: Federação Nacional dos Jornalistas (2007). 1. Esta teoria afirma que quem define o que é ou não notícia é a empresa ou a estrutura a qual o jornalista está subordinado, considerando a notícia como um produto a venda para o mercado. O nome desta teoria é: a) Teoria do Newsmaking. b) Teoria do Agendamento. c) Teoria Organizacional. d) Teoria do Gatekeeper. e) Teoria do Espelho. 2. Segundo esta teoria, as pessoas analisam o ambiente ao seu redor. Ao identificar que pertencem a uma minoria, preferem calar-se para evitar impasses. Este comportamento tende a se disseminar entre semelhantes. Estamos nos referindo a: a) Teoria da Espiral do Silêncio. b) Teoria do Espelho. c) Teoria do Gatekeeper. d) Teoria do Newsmaking. e) Teoria do Espelho. 3. Esta teoria propõe que o jornalista deve apresentar a realidade de forma fidedigna, como uma fotografia, narrando os fatos de forma imparcial e objetiva e recorrendo, 11Teorias do jornalismo CUNHA, K. Não se faz mais jornalistas como antigamente: reflexões sobre a formação do profissional hipermídia. Revista Brasileira de Ensino de Jornalismo, Brasília, DF, v. 5, n. 17, 2015. Disponível em: <http://www.fnpj.org.br/rebej/ojs/index.php/rebej/article/ view/414>. Acesso em: 19 dez. 2017. FEDERAÇÃO NACIONAL DOS JORNALISTAS. Código de Ética dos Jornalistas Brasilei- ros. Brasília, DF: FNAJ, 2007. Disponível em: < http://fenaj.org.br/wp-content/uplo- ads/2016/08/codigo_de_etica_dos_jornalistas_brasileiros-1.pdf>. Acesso em: 19 dez. 2017. MEDITSCH, E. O jornalismo é uma forma de conhecimento? Arrábida: Universidade de Verão, 1997. NEVES, R. J. Vade Mecum da Comunicação Social. São Paulo: Rideel, 2000. OLIVEIRA, A. M. Todos os homens do presidente: uma aula de jornalismo contemporâ- neo. Covilhã: Biblioteca Online de Ciências da Comunicação, 2004. Disponível em: <http://www.bocc.ubi.pt/pag/oliveira-adriano-homens-presidente.pdf>. Acesso em: 19 dez. 2017. PENA, F. Teorias do jornalismo. São Paulo: Contexto. 2005. para tanto, a métodos científicos. Estamos falando da: a) Teoria do Gatekeeper. b) Teoria do Espelho. c) Teoria do Agendamento. d) Espiral do Silêncio. e) Teoria do Newsmaking. 4. Segundo esta teoria, ao escolher os assuntos que irá noticiar, a mídia efetivamente acaba por determinar o que as pessoas irão ler, falar e comentar, em última instância influenciando a opinião pública. Estamos falando da: a) Teoria Organizacional. b) Teoria da Espiral do Silêncio. c) Teoria do Newsmaking. d) Teoria do Espelho. e) Teoria do Agendamento. 5. Segundo esta teoria, no processo de produção da notícia, existem instâncias responsáveis por filtrar as notícias, bloqueando sua passagem. Assim, a definição do que é ou não notícia não depende do jornalista, mas sim de quem aprova as matérias. Estamos falandoda: a) Teoria do Espelho. b) Teoria do Agendamento. c) Teoria da Espiral do Silêncio. d) Teoria do Gatekeeper. e) Teoria do Newsmaking. Teorias do jornalismo12 http://www.fnpj.org.br/rebej/ojs/index.php/rebej/article/ http://fenaj.org.br/wp-content/uplo- http://www.bocc.ubi.pt/pag/oliveira-adriano-homens-presidente.pdf PEUCER, T. Os Relatos jornalísticos. Traduzido por Paulo Rocha Dias. Estudos em Jorna- lismo e Mídia, Florianópolis, v.1, n. 2, 2004 [1690]. Disponível em: <https://periodicos. ufsc.br/index.php/jornalismo/article/view/2070/1812>. Acesso em: 19 dez. 2017. TODOS os homens do presidente. Ventura Filmes, 2012. Disponível em: <https:// venturafilmes.wordpress.com/2012/05/16/54-todos-os-homens-do-presidente/>. Acesso em> 19 dez. 2017. TRAQUINA, N. Teorias do jornalismo. Florianópolis: Insular, 2004. v. 1. TRAQUINA, N. Teorias do jornalismo. Florianópolis: Insular, 2008. v. 2. Leituras recomendadas SCHUDSON, M. A política da forma narrativa: a emergência das convenções noticiosas na imprensa e na televisão. In: TRAQUINA, N. (Org.). Jornalismo: questões, teorias e estórias. Lisboa: Vega, 1993. p. 10 -293. SOUSA, J. P. As notícias e os seus efeitos: as “teorias” do jornalismo e dos efeitos sociais dos media jornalísticos. Covilhã: Biblioteca Online de Ciências da Comunicação, 1999. Disponível em: <http://www.bocc.ubi.pt/_esp/autor.php?codautor=13>. Acesso em: 23 nov. 2017. SOUSA, J. P. Por que as notícias são como são? Construindo uma teoria da notícia. Covilhã: Biblioteca Online de Ciências da Comunicação, 2002. Disponível em: <http://www. bocc.ubi.pt/pag/sousa-jorge-pedro-construindo-teoria-da-noticia.html>. Acesso em: 24 nov. 2017. WOLF, M. Teorias da Comunicação. Lisboa: Presença, 1995. 13Teorias do jornalismo http://ufsc.br/index.php/jornalismo/article/view/2070/1812 http://venturafilmes.wordpress.com/2012/05/16/54-todos-os-homens-do-presidente/ http://www.bocc.ubi.pt/_esp/autor.php?codautor=13 http://bocc.ubi.pt/pag/sousa-jorge-pedro-construindo-teoria-da-noticia.html Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo:
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