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RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS

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Prévia do material em texto

Prof. Esp. Flavia Luzia de Oliveira
RECURSOS TERAPÊUTICOS 
OCUPACIONAIS
REITORIA Prof. Me. Gilmar de Oliveira
DIREÇÃO ADMINISTRATIVA Prof. Me. Renato Valença 
DIREÇÃO DE ENSINO PRESENCIAL Prof. Me. Daniel de Lima
DIREÇÃO DE ENSINO EAD Profa. Dra. Giani Andrea Linde Colauto 
DIREÇÃO FINANCEIRA Eduardo Luiz Campano Santini
DIREÇÃO FINANCEIRA EAD Guilherme Esquivel
COORDENAÇÃO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO Profa. Ma. Luciana Moraes
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE ENSINO Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE PESQUISA Profa. Ma. Luciana Moraes
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE EXTENSÃO Prof. Me. Jeferson de Souza Sá
COORDENAÇÃO DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal
COORDENAÇÃO DE PLANEJAMENTO E PROCESSOS Prof. Me. Arthur Rosinski do Nascimento
COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA EAD Profa. Ma. Sônia Maria Crivelli Mataruco
COORDENAÇÃO DO DEPTO. DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS Luiz Fernando Freitas
REVISÃO ORTOGRÁFICA E NORMATIVA Beatriz Longen Rohling 
 Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante
 Caroline da Silva Marques 
 Eduardo Alves de Oliveira
 Jéssica Eugênio Azevedo
 Marcelino Fernando Rodrigues Santos
PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Bruna de Lima Ramos
 Hugo Batalhoti Morangueira
 Vitor Amaral Poltronieri
ESTÚDIO, PRODUÇÃO E EDIÇÃO André Oliveira Vaz 
DE VÍDEO Carlos Firmino de Oliveira 
 Carlos Henrique Moraes dos Anjos
 Kauê Berto
 Pedro Vinícius de Lima Machado
 Thassiane da Silva Jacinto 
 
FICHA CATALOGRÁFICA
 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP
O48r Oliveira, Flavia Luzia de 
 Recursos terapêuticos ocupacionais / Flavia Luzia de
 Oliveira. Paranavaí: EduFatecie, 2023.
 76 p. : il. Color.
 
 1.Terapia ocupacional. I. Centro Universitário UniFatecie.
 II. Núcleo de Educação a Distância. III. Título.
 CDD: 23. ed. 615.8515
 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577
As imagens utilizadas neste material didático 
são oriundas dos bancos de imagens 
Shutterstock e Freepik
2023 by Editora Edufatecie. Copyright do Texto C 2023. Os autores. Copyright C Edição 2023 Editora Edufatecie.
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva
dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permitido o download da 
obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la 
de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.
https://www.shutterstock.com/pt/
3
AUTORA
Prof. Esp. Flavia Luzia de Oliveira.
●Tecnóloga em Turismo e Lazer (IFAL);
●Bacharel em Terapia Ocupacional (UNCISAL);
●Especialista em Psicopedagogia Escolar (CEAP);
●Profissional habilitado Método Pediasuit Básico e Avançado (ABRAPPPE);
●Especialista em Acupuntura (IBRATE);
●Mestranda em Ciências Aplicadas à Saúde (UNIOESTE);
●Pós-graduanda em Análise do Comportamento Aplicada (PUC-PR).
Terapeuta Ocupacional em atuação desde 2011 em serviços de saúde públicos 
(Associação de Pais e Amigos; Órgãos Governamentais de Saúde e Segurança Pública) e 
privados (Clínicas particulares e Planos de Saúde). Experiência nas áreas de neuroreabilitação 
infantil; saúde mental; cuidados paliativos e acupuntura. Em pesquisa científica apresentou 
melhor identificação com as Práticas Integrativas e Complementares; Estratégias em Saúde 
Mental; Avaliação em agravos do Neurodesenvolvimento; Síndromes Raras.
CURRÍCULO LATTES: https://lattes.cnpq.br/3591477249354702 
https://lattes.cnpq.br/3591477249354702
4
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Olá, aluno (a). Seja muito bem-vindo (a) a mais uma etapa desta linda jornada que 
é a Terapia Ocupacional!
Gostaria de expressar minha imensa alegria pela oportunidade deste nosso encontro 
acadêmico. Tenho plena confiança em seu potencial e compreendo o quão desafiador pode 
ser, em certos momentos, seguir este caminho acadêmico. No entanto, tenho certeza de 
que, ao término desta bela jornada, você colherá os frutos de todo o seu esforço, e a 
recompensa será verdadeiramente grandiosa.
A Terapia Ocupacional nos preenche enquanto profissional e enquanto pessoa. 
Estará nas suas mãos o processo evolutivo de desempenho ocupacional de diversas 
pessoas. A maioria descobrirá sua importância e contribuição apenas quando esta for 
imprescindível, ao mesmo tempo, você poderá sentir o quão gratificante é ser reconhecido 
e ser parte desse processo evolutivo.
Essa disciplina se configura como uma das mais importantes bases da nossa prática 
profissional; é preciso saber como, quando e o porquê utilizar um recurso terapêutico. Será 
preciso produzi-lo? Será comprado? Quem compra, o T.O. ou a família? Posso adaptar um 
recurso? O mesmo recurso pode ser utilizado por vários pacientes? Todo recurso terapêutico 
é físico, material concreto? Existe recurso terapêutico abstrato? Quantas perguntas, não é 
mesmo? Vamos aprender juntos a respondê-las.
Na Unidade I vamos estudar como deve ser a relação terapeuta-paciente e a 
organização do Setting terapêutico para um bom uso dos recursos terapêuticos ocupacionais, 
incluindo as técnicas de avaliação desses recursos. Já na Unidade II discutiremos a relação 
entre atividade humana e recursos terapêuticos no brincar, na arteterapia e na musicoterapia. 
Na sequência, na Unidade III, compreenderemos o conceito de práxis e a contribuição 
dos recursos terapêuticos. Finalizaremos com a Unidade IV, tratando da relação entre os 
recursos terapêuticos e a prática da Terapia Ocupacional (T.O) na saúde mental.
Bons estudos!
5
SUMÁRIO
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
Plano de Estudos
• Relação Terapeuta-Paciente e o Setting Terapêutico;
• Noções de Transferência e Contratransferência no Processo Terapêutico 
Ocupacional;
• Avaliação Qualitativa em Terapia Ocupacional;
• Avaliação das Atividades Produtivas e de Trabalho.
Objetivos da Aprendizagem
• Conhecer a relação terapeuta-paciente e sua conexão com a organização do 
Setting terapêutico e identificação dos recursos terapêuticos adequados;
• Compreender os tipos de relação terapeuta-paciente e associar com as 
situações de transferência e contratransferência;
• Estabelecer a importância da avaliação qualitativa em Terapia Ocupacional, 
por meio da análise da avaliação das atividades produtivas e de trabalho;
• Discutir a importância dos recursos terapêuticos.
Prof. Esp. Flavia Luzia de Oliveira
BASES CONCEITUAIS BASESCONCEITUAIS 
DOS RECURSOS DOS RECURSOS 
TERAPÊUTICOS TERAPÊUTICOS 
OCUPACIONAIS SOB A OCUPACIONAIS SOB A 
RELAÇÃO TERAPEUTA RELAÇÃO TERAPEUTA 
– PACIENTE– PACIENTE1UNIDADEUNIDADE
INTRODUÇÃO
7
Olá, querido (a)!
Seja bem-vindo (a) a nossa Primeira Unidade da disciplina de Recursos Terapêuticos 
Ocupacionais. Imagino que a expectativa seja grande para adentrar em mais uma etapa no 
seu processo de formação acadêmica. Então se preparem que lá vamos nós!
Quando se fala em Recursos Terapêuticos o que vêm em sua mente? Tudo pode 
ser considerado um recurso, mas, o que irá torná-lo terapêutico será o objetivo pelo qual foi 
escolhido e qual desfecho ocupacional oportuniza.
Com base nisso, em nosso primeiro tópico iremos abordar a relação terapeuta-
paciente, compreendendo o momento exato em que essa relação teve início e quais os 
conflitos de interesse e de relacionamento que podem emergir se você não estiver preparado, 
e completaremos com a discussão sobre a organização do setting terapêutico conforme o 
perfil de clientela, a especialidade e o ambiente disponibilizado.
No segundo tópico, aprofundaremos nosso conhecimento para identificar as noções 
de transferência e contratransferência que influenciam os resultados do plano terapêutico 
ocupacional. E pensando nesses resultados, nos deparamos com o terceiro tópico, os 
resultados para serem comprovados precisam ser analisados por uma ótica qualitativa, 
quantitativa ou quali-quantitativa; a análise científica dos resultados obtidos a partir do 
acompanhamento terapêutico irá fortalecer a relação terapeuta-paciente e oportunizar uma 
assistência de qualidade.
O quarto e último tópico irá permitir que você identifique a melhor avaliação das 
atividades produtivas e de trabalho considerando os recursos terapêuticos desenvolvidos 
para cada caso.
Preparado? Então vamos juntos!
Bons estudos!
UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE
RELAÇÃO TERAPEUTA-PACIENTE 
E O SETTING TERAPÊUTICO1
TÓPICO
8
O terapeuta ocupacional é intermediador de relações humanas e facilitador do 
fazer humano. Rui Charmone Jorge, em um congresso, em 1986, já dizia que a relação 
terapeuta-paciente é humana pura, com as implicações que quaisquer outras relações, 
em quaisquer outras situações, tenham, em que pesem as posturas técnicas exigidas para 
esse encontro.
Somos reabilitadores de corpos e almas, e partindo desse pressuposto, vamos à 
exposição e discussão dos elementos iniciais da relação terapeuta paciente.
1.1 Definição
A relação terapeuta-paciente é aquela que busca reabilitar o ser, holisticamente, 
para si mesmo e em seguida para a sociedade. Nessa relação não é possível observar 
tão somente a limitação, seja ela, física, psíquica, social, arquitetônica e/ou cultural, é 
imprescindível vincular ao processo terapêutico todas as áreas de desempenho afetadas, 
oferecendo escuta ao paciente, fazendo a leitura minuciosa de suas intenções e desejos, 
para que esta relação seja de fato terapêutica e de fato resulte em bom prognóstico.
Castro (2005) nos sugere uma reflexão sobre a relação terapeuta-paciente no 
campo da terapia ocupacional na contemporaneidade, em que podemos identificar práticas 
e conceitos que estabelecem inovações e acontecimentos, que abrem espaços numa 
multiplicidade de territórios da vida. O autor ainda afirma que, na Terapia Ocupacional, a 
relação terapeuta-paciente está inscrita num campo de complexidades em que questões 
relacionadas ao sofrimento humano exigem estudos e conhecimentos interdisciplinares.
UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE
9UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE
Nossos pacientes sempre nos trarão questões relacionadas a algum sofrimento e 
serão os nossos conhecimentos interdisciplinares, técnicos e científicos que nos permitirão 
ultrapassar as barreiras que impedem a plenitude em nossos pacientes. Parece assustador 
para você? Imaginava que o terapeuta ocupacional pode tanto? Não se assuste, este 
caminho está sendo construído por você.
Lembre-se que irá acompanhar o movimento de seres humanos com histórias 
complexas que irão lhe remeter em sua prática a um campo criativo e singular e que se 
relacionam com diferentes áreas, como, por exemplo, a reabilitação física, social e mental, 
a educação. Em virtude desta prática, a disposição técnica e acadêmica do terapeuta 
ocupacional precisa se manter em renovação e atualização.
1.2 Atenção, acolhimento e vínculo
Para iniciar essa relação, dois momentos são cruciais: a atenção e o acolhimento. A 
atenção e o acolhimento determinam o receber, a receptividade do receber o outro como 
relação ética. Além disso, depende, essencialmente, do sim do outro, não menos que o 
sim ao outro (DERRIDA, 2008).
Na atenção e no acolhimento, momentos iniciais dessa relação, todas as 
singularidades que marcaram e marcam a vida do paciente são expostas, características 
biológicas, condições fisiológicas, saúde psíquica, crenças e valores, experiências sociais, 
religiosas e culturais. E são essas singularidades que fazem o terapeuta ocupacional 
compreender que cada indivíduo demanda um acolhimento único, para um direcionamento 
único, ainda que a proposta de tratamento envolva a coletividade.
Dada a atenção e o acolhimento, vamos ao vínculo. O processo de vinculação é o 
que permitirá a confiança e credibilidade que o paciente terá com o terapeuta ocupacional. 
Ela precisa ser bem estabelecida, quando não, os objetivos e metas criados para a 
terapia migram lentamente para o bom prognóstico. Terapeuta ocupacional e o paciente, 
ao formarem o vínculo terapêutico, compartilharão de uma singular experiência, em que 
recortes especiais da vida do paciente são apresentados e formam a base do processo 
terapêutico. Se pensarmos na experiência do vínculo terapêutico, ela abre para o paciente 
a possibilidade de se recolocar na posição de protagonista de sua história na busca por 
atingir seus objetivos.
O terapeuta, segundo Castro (2005), está sempre manejando a intensidade dos 
estímulos, acertando o pulso na possibilidade do paciente, construindo experiências 
compartilhadas de diferentes ritmos, de diversas qualidades, ajustando o próprio 
comportamento e ações a outras temporalidades, engendradas pelas potencialidades do 
paciente.
10UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE
Logo, no desenvolvimento da relação terapeuta-paciente, a presença física e 
psíquica assume uma tonicidade afetiva-emocional, dada a possibilidade do terapeuta estar 
em contato com o paciente e em alguns contextos, também com a família do paciente, numa 
atitude empática. E essa atitude empática se refere à estabilidade e constância presentes 
nas atitudes do terapeuta ocupacional, e também para a possibilidade de se estar atento às 
necessidades do paciente ao longo do processo terapêutico, seja em curto, médio ou longo 
prazo (BARRETO, 2000).
Realizar intervenções terapêuticas, que forneçam elementos ao paciente para 
substituir os modos do passado pelas necessidades do presente, corresponde às 
situações potencializadoras de mudanças dentro do processo terapêutico ocupacional. 
Essas situações são frequentes e explícitas no fazer da terapia ocupacional, expressando 
a construção de novas experiências de vínculo social, possibilitando ou refazendo 
experiências representativas, permitindo a evolução do processo de compreensão de 
mundo, desmistificando processos vivenciados e que resultaram em marcas traumáticas, 
gerando demandas de vida e construindo novas redes de convívio e de existência.
1.3 Setting terapêutico
Se você precisar ir ao médico, ao psicólogo, ou qualquer outro serviço de saúde, 
é inevitável observaros detalhes ao entrar na sala desses profissionais. Há ambientes que 
você desejaria nunca mais precisar estar lá novamente. Mas, há outros que parecem tão 
acolhedores que lhe fazem desejar ter um espaço desses dentro de sua casa, não é mesmo?
Então, sempre que imaginamos uma relação terapêutica, supomos que ela 
ocorrerá em um ambiente acolhedor, com cores neutras e suaves, que sugere discrição e 
tranquilidade. Mas, se nos imaginamos entrando pela primeira vez em um setting terapêutico 
ocupacional, fantasias e observações diferentes costumam ser feitas. Talvez pela confusão 
que o pensamento coletivo produz sobre o que significa o termo Terapia Ocupacional, ou 
também pela ideia de crianças sendo atendidas e, por isso, ambientes lúdicos e coloridos 
seriam ideais, ou até mesmo pela ideia de adultos sendo atendidos em grupos terapêuticos 
em que as gargalhadas e atividades coletivas acontecem.
11UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE
E de fato, alguns ambientes da terapia ocupacional precisam ser amplos, bem 
iluminados, que permitiram o barulho e pode conter forte odor de tintas e óleos, etc. Qual 
contexto ocupacional você imagina sendo trabalhado neste tipo de setting? Seria mais 
adequado para adultos ou a crianças? Atendimento individual ou de grupo? Saúde mental 
ou Reabilitação física? E se eu te disser que todas as respostas possíveis estão corretas? 
Sim. A anamnese minuciosa, a análise dos componentes de desempenho prejudicados, o 
planejamento e análise das atividades e dos recursos terapêuticos que serão adotados irão 
nos dizer qual o setting mais adequado para que se atenda cada demanda.
Por isso, por mais que fujam à fantasia padrão de uma sala “clean” (limpa), isso 
não significa que nesses ambientes não se consigam níveis profundos de relaxamento, 
confidências e vínculo terapêutico. Tais características praticamente inexistem em outros 
ambientes terapêuticos, são próprias do setting terapêutico ocupacional, que ao se 
permitirem perceber o paciente holisticamente, se permitem também moldar o ambiente de 
atendimento às necessidades e objetivos do paciente.
NOÇÕES DE TRANSFERÊNCIA 
E CONTRATRANSFERÊNCIA 
NO PROCESSO TERAPÊUTICO 
OCUPACIONAL2
TÓPICO
12
Começamos este assunto com uma reflexão trazida do livro de Safra (1995), 
“Momentos mutativos em Psicanálise. Uma visão Winicottiana”, onde o autor diz que, 
para que as funções apresentadas e desenvolvidas na relação terapeuta-paciente sejam 
possíveis, o terapeuta não deve usar seu paciente para realizar identificações projetivas ou 
satisfazer os seus próprios desejos reprimidos.
Partindo dessa reflexão, compreendemos que, enquanto terapeutas, somos um 
objeto subjetivo de intermediação para que o paciente vislumbre suas aspirações e desejos 
e planeje como alcançá-las. Os pacientes irão vivenciar conosco um processo terapêutico 
com começo, meio e fim; em que a manutenção do serviço prestado será condicionada a 
abertura e encerramento de ciclos, cada ciclo com um objetivo terapêutico, podendo haver 
interligação entre os objetivos ou não.
2.1 Transferência
O que te vem ao pensamento ao escutar o termo transferência? Se formos buscar 
essa resposta lá no dicionário, nesse caso a consulta foi do dicionário Michaelis em sua 
versão online, encontraremos o seguinte:
UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE
13UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE
QUADRO 1 - CONCEITOS DE TRANSFERÊNCIA
TRANSFERÊNCIA
1. Ação ou efeito de transferir-se;
2. Transmissão de propriedade ou de direito a outrem;
3. Remoção de funcionário ou empregado para outro 
departamento, cargo ou carreira;
4. Envio de um valor de uma conta bancária à outra;
5. Processo pelo qual o psicanalista vira alvo dos sentimentos 
do paciente em tratamento;
6. Deslocamento de um aluno de uma escola para a outra;
7. Passagem de dados de uma área de armazenamento para 
outra.
Fonte: elaborado pela autora com base em Risco (2023).
Ao analisarmos o quadro acima, já é possível identificar sobre qual tipo de 
transferência estamos tratando nesta unidade. Em nossa prática terapêutica, a empatia, 
o carinho, a gentileza e o respeito estão sempre presentes e são fundamentais para uma 
boa relação terapeuta-paciente. Porém, precisamos ter consciência de que lidaremos com 
pessoas que se encontram em seu maior momento de fragilidade física, psicológica e/ou 
social e que, popularmente falando, lhes oferecemos nesse momento a “tábua de salvação”.
Castro (2005) explica muito bem esse conceito ao nos trazer que, na clínica da 
terapia ocupacional a transferência pode facilmente ocorrer quando a relação interpessoal 
é aprofundada entre paciente e terapeuta ocupacional, ou quando o próprio processo 
terapêutico necessita fornecer um ambiente em que os conflitos intra-subjetivos do paciente 
possam se manifestar, situação essa muito apreciada quando se atua com saúde mental.
E ela não é ruim em sua completude, o paciente em determinados momentos e por 
determinados objetivos precisará ter o movimento de transferência, ele faz parte do vínculo 
terapeuta-paciente, cabe ao terapeuta compreender como mediar as situações e extrair os 
benefícios.
2.2 Contratransferência
A contratransferência é complementar à transferência. Refere-se à autoanálise 
do terapeuta ocupacional a partir das transferências do paciente, isso porque a 
contratransferência é o conjunto das reações e sentimentos que o terapeuta experimenta 
em relação ao seu paciente.
Ela é extremamente relevante em nossa prática, pois nos induz a autoanálise 
permanente, trazendo elementos para que se compreenda a força da relação terapeuta-
paciente e medie nosso trabalho clínico.
14UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE
 Além disso, auxilia-nos a identificar o momento do término do processo terapêutico, 
que deve ser definido em comum acordo entre terapeuta e paciente, ou entre terapeuta 
e família, tendo em vista se os objetivos terapêuticos foram alcançados e se o paciente 
ou a família consegue prosseguir de forma autônoma e independente seu desempenho 
ocupacional no lar e na sociedade.
AVALIAÇÃO QUALITATIVA EM 
TERAPIA OCUPACIONAL3
TÓPICO
15
Quando falamos de qualitativo, pensamos em algo que não pode ser mensurado 
com números ou porcentagem, associamos a situações discursivas e dissertativas. Pois 
bem, partindo desse pressuposto, vamos estudar sobre a Avaliação Qualitativa na Terapia 
Ocupacional, quais os seus princípios, seus métodos e técnicas para podermos coletar 
qualitativamente os dados.
Ao analisar a Terapia Ocupacional enquanto profissão, vemos que esta ocupa 
simultaneamente dois campos dos saberes, as ciências humanas e as ciências biológicas, 
tratamos o ser, que é holístico (corpo e mente).
Primeiro é preciso compreender a necessidade de interpretar e analisar os 
significados que os indivíduos de modo geral atribuem às suas ações cotidianas e 
compreender a existência de vínculos entre as ações cotidianas particulares e as ações 
cotidianas sociais e os contextos em que ocorrem.
O terapeuta ocupacional, para fazer uso de avaliações qualitativas, precisa saber 
ler a comunicação não-verbal e verbal apresentada pelo sujeito avaliado. Para isso, será 
fundamental ouvir a história de vida de cada sujeito, que vai muito além de uma doença, de 
uma deficiência ou de qualquer problema, ouvir quais os significados atribuídos para que 
suas vidas façam sentido, e desse modo, fazer com que a avaliação qualitativa forneça 
base para o planejamento, direcionado às reais necessidades do paciente.
UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE
16UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAISSOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE
Iremos discorrer sobre quatro tipos de avaliação qualitativa:
1. Entrevista aberta;
2. História de vida;
3. Observação,
4. Estudo de caso.
3.1 Entrevista Aberta
Também conhecida como não diretiva. É uma forma de coletar informações durante 
um discurso livre do paciente, dando a ele todo o tempo necessário para discorrer sobre 
suas necessidades de acordo com o grau de importância que lhe é conferido. A principal 
característica é que ocorre a partir da interação social de duas ou mais pessoas, interessante 
para grupos terapêuticos.
Segundo Rocha e Brunello (2007), na entrevista, se espera que o paciente 
comunique e expresse questões de sua vida, revelando tanto as singularidades quanto a 
historicidade das suas ações, concepções e ideias.
Neste momento, o terapeuta ocupacional assume o papel de entrevistador e deve 
manter uma escuta ativa, concentrando sua atenção em todas as informações fornecidas 
pelo paciente. Quando necessário intervir, essa intervenção deve ser delicada, evitando 
direcionar ou influenciar a fala do entrevistado. Além disso, é importante estar atento 
à maneira como as informações são registradas e à quantidade de detalhes, para que 
possam ser avaliadas com precisão e utilizadas para desenvolver propostas terapêuticas 
adequadas.
Haguette (2003), sugere que as informações sejam organizadas no modelo de 
roteiro, com uma lista de pontos ou temas previamente estabelecidos e que tenham relação 
com a problemática central. O estado emocional, as opiniões, atitudes e valores devem ser 
levados em consideração para fundamentar as falas do paciente.
É um modelo de avaliação bem simples, mas que requer empatia e boa capacidade 
de escuta e atenção direcionada, e saber bem o porquê de optar por esse tipo de avaliação.
3.2 História de Vida
É uma técnica que se caracteriza pela pouca interferência do terapeuta durante a 
avaliação, o paciente é quem decide o que irá falar e o quanto é relevante o assunto. Toda 
a fala é importantíssima, e dificilmente se finaliza em apenas um encontro, uma vez que 
serão colhidas as informações da trajetória de vida do paciente.
17UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE
É uma avaliação que tem por base um discurso livre de percepções subjetivas. Ao 
paciente é dado espaço de fala para poder relatar suas percepções pessoais e de mundo, 
bem como os sentimentos que marcaram sua vida e os acontecimentos importantes, 
diferente da avaliação apresentada no tópico anterior, na Coleta da História de Vida, o 
terapeuta ocupacional, ainda que pouco, tem permissão para questionar e fundamentar a 
interpretação dos fatos com o paciente.
3.3 Observação
A observação de um paciente durante a avaliação começa na recepção da clínica, 
é preciso observar como ele se comporta no ambiente, como interage com o parente que 
o acompanha, com as outras pessoas do ambiente; se faz uso do banheiro; se consome 
de forma autônoma e independente uma água ou um café que esteja à disposição. Ao 
convidá-lo para a sua sala, observe se há dificuldade, ansiedade ou medo no seu caminhar, 
o modo como ele senta e se apoia sobre quem o acompanha, ou sobre a sua mesa, ou 
ainda se ignora o terapeuta, o familiar, a mesa e faz busca dos recursos que estão visíveis.
Esta observação pode ser livre ou estruturada. Para Rocha e Brunello (2007), a 
observação livre satisfaz melhor a abordagem qualitativa, uma vez que, a caracterização 
do que pode ser observado será um processo a se realizar posteriormente, após a análise 
dos dados coletados. E o máximo de informações deve ser registrado.
3.4 Estudo de Caso
Para um estudo de caso, foca-se em uma análise profunda sobre os aspectos que 
envolvem o paciente e as hipóteses que se pretende confirmar ou descartar. No processo 
avaliativo, o estudo de caso favorece a definição de prioridades na intervenção terapêutica.
Essa modalidade de avaliação se utiliza de diversos instrumentos para a coleta de 
dados: as anteriormente descritas nesta unidade, a história clínica e institucional, análise 
do território do paciente e o levantamento das atividades de vida diária e de vida prática.
Sua análise segue o seguinte roteiro: análise dos dados, definição dos problemas, 
estabelecimento de intervenções e modos de reavaliação.
Estes são os principais instrumentos quando temos o intuito de avaliar 
qualitativamente o nosso paciente, nossa intervenção e nossos resultados. O profissional 
deverá definir, baseado em suas habilidades e no perfil de cada paciente, qual instrumento 
será melhor aplicado.
AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES 
PRODUTIVAS E DE TRABALHO4
TÓPICO
18
É importante reconhecer que a entrada no mercado de trabalho está intrinsecamente 
ligada a aspectos cognitivos, psicomotores e psicoemocionais, os quais variam segundo as 
demandas específicas da função a ser desempenhada. Essa integração desses fatores 
constitui um elemento essencial do papel ocupacional.
Recursos terapêuticos podem ser necessários para favorecer a preparação, 
inserção e manutenção do indivíduo no ambiente laborativo, dadas as suas condições 
cognitivas, motoras ou emocionais, e lá vamos nós encontrar a Terapia Ocupacional fazendo 
a diferença.
Neste tópico vamos discorrer sobre os procedimentos de avaliação, mensuração, 
capacidade funcional e qualidade de vida no trabalho. Então, vamos lá!
4.1 Procedimentos de Avaliação
Para avaliarmos um posto de trabalho e o perfil do trabalhador que irá exercê-lo, é 
preciso termos ciência que é possível analisar a atividade produtiva a partir do indivíduo, da 
atividade e do contexto do trabalho. Na análise desta atividade, tem-se a relação entre as 
exigências de capacidades e de comportamentos relacionados a todos os itens envolvidos 
em cada etapa da execução dessa atividade.
É preciso identificar quais as barreiras e quais as facilidades no desempenho de 
cada atividade relacionando com o indivíduo que a irá exercer. Não esquecendo da análise 
ergonômica.
UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE
19UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE
A avaliação se dará em etapas, iniciando com a aproximação da realidade individual 
e coletiva da função, formalizando-se em contato direto com o indivíduo “trabalhador”, 
seja no local onde o trabalho será desempenhado ou no setting terapêutico. Seguida 
da observação direta do desempenho do indivíduo “trabalhador” no local de trabalho, 
averiguando e comparando discurso do indivíduo com a observação in loco.
Quando se fala em instrumentos padronizados, podemos recorrer à Medida 
Canadense de Desempenho Ocupacional - COPM, do Papel de Entrevista com Trabalhador 
- WRI e do Modelo de Performance Ocupacional - OPM. Destes a COPM é a única que 
encontramos com facilidade para download.
Para analisar o estado geral de saúde ou de bem-estar do indivíduo que estamos 
auxiliando na inserção ou reinserção no mercado de trabalho, temos os seguintes 
instrumentos padronizados:
 ● Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde - CIF;
 ● Questionário de Qualidade de Vida - SF-36;
 ● Perfil de Saúde de Nottinggam - PSN.
FIGURA 1 – MEDIDA CANADENSE DE DESEMPENHO OCUPACIONAL (COPM).
Fonte: Law et al. (2000).
20UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE
FIGURA 2 – VERSÃO BRASILEIRA DO QUESTIONÁRIO DE QUALIDADE DE VIDA 
Fonte: Qualipes (2023).
21UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE
FIGURA 3 - PERFIL DE SAÚDE DE NOTTINGHAM (PSN)
Fonte: Teixeira-Salmela (2004).
22UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE
4.2 Mensuração, Capacidade Funcional e Qualidade de Vida no TrabalhoQuando falamos em mensuração, compreendemos que ocorrerão medidas de 
precisão, empíricas, e de fato, podemos fazer uso de instrumentos como o goniômetro para 
mensurar a amplitude de movimento, o dinamômetro para mensurar a força muscular; os 
monofilamentos para mensurar a sensibilidade; e volúmetros para mensurar os edemas. E 
por que mensurar?
Imagine que chega ao consultório um paciente afastado do trabalho por um 
acidente, por meio do qual causou a amputação de um dos dedos da mão direita. Diante 
disso, considere que este indivíduo é destro e trabalha em uma fábrica onde é responsável 
por inserir matéria-prima em um forno. Sabemos que o pós-cirúrgico envolve dor, edema, 
limitação de movimento e possivelmente sensibilidade. E que este indivíduo recebeu a 
autorização do médico para retornar ao trabalho, mas ao retornar, o ele percebe que está 
tendo muita dificuldade para realizar a função. O que você precisará avaliar?
Compreendemos então que, mesmo sem avaliar, há uma redução da capacidade 
funcional. Com uso dos instrumentos de mensuração, conseguimos identificar as questões 
físicas que o impedem de realizar sua atividade laborativa; podemos então analisar o posto 
de trabalho para identificar se é necessário adaptar o ambiente com recursos no maquinário 
ou no paciente, ou até se será preciso analisar e treinar um novo posto de trabalho.
Uma adaptação eficaz do local de trabalho, uma avaliação completa das condições 
físicas e emocionais do paciente, juntamente a uma análise dos recursos terapêuticos 
necessários para reintegrar ou inserir o indivíduo no ambiente de trabalho, contribuirão 
significativamente para melhorar a qualidade de vida desse indivíduo.
23UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE
Já conhecia o Manual de Goniometria? é um valioso instrumento, principalmente para quem for atuar na 
reabilitação física.
Saiba mais acessando: www.acegs.com.br/. 
24
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro (a) aluno (a), chegamos ao fim da Unidade I. Agradeço a sua companhia até 
aqui e vamos às nossas considerações.
Ao compreender os fundamentos conceituais dos recursos terapêuticos ocupacionais 
na relação terapeuta-paciente, torna-se evidente que o profissional deve possuir um sólido 
embasamento teórico para guiar sua atuação. Isso envolve a superação de quaisquer 
obstáculos que possam surgir e a criação de condições propícias para a promoção de 
transformações individuais significativas.
O objetivo é proporcionar aos pacientes a oportunidade de se conhecerem 
melhor, desenvolverem suas habilidades de reflexão sobre suas experiências de vida, 
estabelecerem um contato mais profundo com suas necessidades e aprenderem a atendê-
las, inicialmente com o auxílio do terapeuta ocupacional. Gradualmente, esse processo visa 
capacitar os pacientes a assumirem o controle de suas vidas, fortalecendo sua autonomia 
e independência.
 
UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE
25
LEITURA COMPLEMENTAR
ARTIGO CIENTÍFICO
Como leitura complementar segue como sugestão a leitura do artigo “Contribuições 
do esporte adaptado: Reflexões da Terapia Ocupacional para a área da saúde”, o artigo 
objetivou caracterizar, pela percepção dos paratletas de handebol, os benefícios e as 
limitações na prática esportiva, e discutir as ações do terapeuta ocupacional nesse âmbito. 
O instrumento metodológico utilizado foi a entrevista estruturada. E os sujeitos da pesquisa 
destacaram, dentre os benefícios da prática esportiva, a melhoria de aspectos sociais, 
controle emocional e controle motor, além de compreenderem a atividade como promotora 
de benefícios para a saúde. Então, fica a sugestão, vale muito ampliarmos nossa ótica 
frente às inúmeras possibilidades de uso dos recursos terapêuticos.
FERREIRA, N. R.; CARRIJO, D.; SILVA, E. S.; RAMOS, M. C.; CARNEIRO, C. L. 
Contribuições do esporte adaptado: Reflexões da terapia ocupacional para a área da 
saúde. Revista Interinstitucional Brasileira de Terapia Ocupacional - REVISBRATO, 1(1), 
52 - 66. 2017. Disponível em: https://doi.org/10.47222/2526-3544.rbto4281. Acesso em: 31. 
ago. 2023.
UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE
https://doi.org/10.47222/2526-3544.rbto4281
26
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO 
Título: Terapia Ocupacional.
Autor: Berenice Rosa Francisco.
Editora: Papirus.
Sinopse: Esse livro tem como preocupação fundamental 
discutir as contradições dos modelos de terapia ocupacional, 
apontando diretrizes para sua superá-las. Quando pensamos em 
terapia ocupacional, devemos nos reportar à sua característica 
interdisciplinar. Dessa forma, a autora optou por discutir os 
fundamentos da terapia ocupacional, procurando mostrar 
seu papel como instrumento mantenedor ou transformador 
da sociedade. Para tanto, considera como e para que este ou 
aquele modelo é pensado e utilizado. Nessa obra, a terapia 
ocupacional é entendida como uma entre as demais práticas 
sociais capazes de criar as condições necessárias para a 
realização da transformação social, sendo essencial para tal 
compreensão questionar como existe na sociedade e em que 
condições é praticada: contra ou a favor de qual homem ou 
classe social.
FILME/VÍDEO
Título: Nise: O coração da loucura.
Ano: 2015.
Sinopse: Nos anos 1950, uma psiquiatra contrária aos 
tratamentos convencionais de esquizofrenia da época é isolada 
pelos outros médicos. Inconformada com o tratamento de 
esquizofrênicos à base de eletrochoques e lobotomia, Nise 
revolucionou o atendimento psiquiátrico. Seu método obteve 
reconhecimento internacional. Ela então assume o setor de 
terapia ocupacional, onde inicia uma nova forma de lidar com 
os pacientes, pelo amor e a arte.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=-m4F6HA-
1gyE.
UNIDADE 1 BASES CONCEITUAIS DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS SOB A RELAÇÃO TERAPEUTA – PACIENTE
https://www.youtube.com/watch?v=-m4F6HA1gyE
https://www.youtube.com/watch?v=-m4F6HA1gyE
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
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Plano de Estudos
• Princípios norteadores da relação entre atividade humana e 
recursos terapêuticos;
• O brincar como recurso terapêutico;
• A música como recurso terapêutico;
• A arteterapia como recurso terapêutico.
Objetivos da Aprendizagem
• Conceituar e contextualizar a atividade humana enquanto objeto da 
Terapia Ocupacional;
• Compreender os tipos de recursos terapêuticos;
• Estabelecer a importância de cada segmento de recurso terapêutico.
Prof. Esp. Flavia Luzia de Oliveira
ATIVIDADE ATIVIDADE 
HUMANA HUMANA 
VERSUS RECURSO VERSUS RECURSO 
TERAPÊUTICOTERAPÊUTICO2UNIDADEUNIDADE
INTRODUÇÃO
28
Caro (a) aluno (a), vamos retomar à nossa jornada?
A Terapia Ocupacional é um campo em constante expansão, no qual quanto mais 
nos aprofundamos, mais descobrimos para explorar. Isso ocorre porque nossa ferramenta 
principal de estudo e intervenção é o amplo espectro das atividades humanas, e o ser 
humano, em suas ações, atitudes, pensamentos e emoções, é inesgotável em sua 
capacidade de renovação.
Dessemodo, discutiremos nesta unidade a relação existente entre a atividade 
humana e o recurso terapêutico. Recursos são utilizados para praticamente tudo e 
diariamente pelas pessoas; mas, a partir de qual momento e por que, ele passa a ser 
terapêutico?
Brinquedos e brincadeiras, música e a arte em geral se transformam em recursos 
terapêuticos, sendo utilizados pela Terapia Ocupacional e também por outros profissionais 
da educação e da saúde. Então, discutiremos e aprenderemos como e quando fazer uso 
desses recursos para podermos alcançar objetivos e trazer a autonomia e a independência 
aos nossos assistidos.
Desejo de coração, que ao final você se sinta ainda mais preparado e consciente do 
papel que irá desempenhar. Você está se preparando para transformar vidas, para resgatar 
vidas, para desempenhar propósitos bem maiores.
Bons estudos!
UNIDADE 2 ATIVIDADE HUMANA VERSUS RECURSO TERAPÊUTICO
29
PRINCÍPIOS NORTEADORES DA 
RELAÇÃO ENTRE ATIVIDADE 
HUMANA E RECURSOS 
TERAPÊUTICOS
1
TÓPICO
UNIDADE 2 ATIVIDADE HUMANA VERSUS RECURSO TERAPÊUTICO
O Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO, s.d) nos define 
como uma profissão de nível superior, voltada aos estudos, à prevenção e ao tratamento 
de indivíduos portadores de alterações cognitivas, afetivas, perceptivas e psico-motoras, 
decorrentes ou não de distúrbios genéticos, traumáticos e/ou de doenças adquiridas, 
através da sistematização e utilização da atividade humana como base de desenvolvimento 
de projetos terapêuticos específicos, na atenção básica, média complexidade e alta 
complexidade.
E sobre a atividade humana, ainda completa que, o terapeuta ocupacional 
compreende a atividade humana como um processo criativo, criador, lúdico, expressivo, 
evolutivo, produtivo e de alto manutenção e o Homem, como um ser práxico interferindo 
no cotidiano do usuário comprometido em suas funções práxicas objetivando alcançar uma 
melhor qualidade de vida (COFFITO, s.d).
Francisco (2008) ressalta que, a atividade humana precisa ser compreendida 
enquanto espaço para criar, recriar e produzir um mundo humano. Ultrapassando a linha do 
biológico, alcançando o simbolismo envolvido em cada atividade humana, com intenções, 
vontades e necessidades.
E para que o fazer humano, por si só, seja transformador, se faz presente a análise 
e intervenção do terapeuta ocupacional. O fazer humano com propósito e resultado ocorrerá 
por meio do processo de identificação das necessidades, da problematização deste fazer 
e inclusive, pela superação do obstáculo que impede o fazer naturalizado. Somado a isso, 
esperamos um profissional capacitado que se disponha também como recurso terapêutico 
na busca pela superação e aquisição de habilidades.
30UNIDADE 2 ATIVIDADE HUMANA VERSUS RECURSO TERAPÊUTICO
FIGURA 1 - ATIVIDADES HUMANAS, QUE PODEM NECESSITAR OU NÃO DE UM RECURSO 
TERAPÊUTICO
Fonte: https:/br.freepik.com/vetores-premium/icone-de-atividade-humana-em-estilo-de-contorno-
preenchido_20516124.htm.
A imagem acima nos apresenta 25 atividades humanas, que podem necessitar ou 
não de um recurso terapêutico, os recursos terapêuticos irão atuar como um facilitador para 
o desempenho autônomo e independente da atividade ou para preservar o gasto energético 
durante a execução da atividade.
Considerando que utilizamos a atividade humana com o propósito de alcançar 
determinados objetivos, sugere-se que se sigam alguns procedimentos/protocolos para 
um prognóstico bem-sucedido. A sequência de procedimentos/protocolos inclui a análise 
da atividade, a adaptação da atividade, a seleção e graduação da atividade, a atividade 
como produção, a atividade como expressão e a atividade como criação e transformação 
— Práxis. (FRANCISCO, 2008)
Após avaliar o quadro do paciente e identificar suas necessidades, os recursos 
necessários, adaptações e processos de avaliação e reavaliação, devemos apresentar 
a proposta e reconhecer, junto ao paciente, o que é relevante e o que é secundário às 
necessidades. Analisando psicologicamente, a pirâmide das necessidades de Maslow nos 
orienta nessa identificação de necessidades.
31UNIDADE 2 ATIVIDADE HUMANA VERSUS RECURSO TERAPÊUTICO
FIGURA 2 - PIRÂMIDE DAS NECESSIDADES
Fonte: Pirâmide das Necessidades de Maslow. Disponível em: https://www.faberhaus.com.br/a-hierarquia-
das-necessidades-de-maslow. Acesso em: 31. ago. 2023.
O exemplo acima faz referência ao ambiente laboral, mas podemos manter o 
comparativo com os ambientes doméstico e acadêmico. Nesse mesmo parâmetro, vamos 
agora discutir sobre como o brincar, a música e arte se inserem nesse processo, funcionando 
como recursos terapêuticos e favorecendo o preenchimento das necessidades indicadas.
https://www.faberhaus.com.br/a-hierarquia-das-necessidades-de-maslow
https://www.faberhaus.com.br/a-hierarquia-das-necessidades-de-maslow
32
O BRINCAR COMO RECURSO 
TERAPÊUTICO2
TÓPICO
UNIDADE 2 ATIVIDADE HUMANA VERSUS RECURSO TERAPÊUTICO
O brincar e a brincadeira são essenciais no processo de desenvolvimento mental, 
físico e psicomotor de todo ser humano. Pode-se afirmar que é a partir do lúdico que 
aprendemos a explorar o mundo real e o mundo imaginário e colocar em prática nossas 
potencialidades.
Matsukura (2001) enfatiza que, o terapeuta ocupacional necessita conhecer as 
especificidades de todas as etapas do desenvolvimento humano, em especial, da infância, 
para melhor desenvolver potencialidades por meio de brinquedos e brincadeiras. A 
comunicação, o pensamento e a cognição mediante o brincar devem possibilitar o processo 
evolutivo e favorecer o vínculo terapêutico.
O brincar é uma atividade espontânea e prazerosa, que envolve oportunidades de 
descoberta, mistério, criatividade e autoexpressão, que possibilita o desenvolvimento da 
coordenação motora, da cognição, da linguagem e das interações sociais, contribuindo 
assim com o desenvolvimento infantil (PFEIFER e MITRE, 2007).
33UNIDADE 2 ATIVIDADE HUMANA VERSUS RECURSO TERAPÊUTICO
FIGURA 4 - IDOSOS ATIVOS
Mas será que o brincar só pode ser relacionado ao desenvolvimento infantil? O que 
dizer de indivíduos adultos com cognitivo compatível com o de uma criança? O que dizer de 
um idoso com Alzheimer ou outra doença senil e que retorna aos comportamentos infantis? 
E o adulto, será que brinca?
De fato, no campo de atuação da Terapia Ocupacional, temos o brincar como 
intervenção de valor respaldada pelas teorias do desenvolvimento humano. Uma das 
perspectivas da utilização do brincar enquanto recurso terapêutico, transparece quando a 
terapeuta ocupacional utiliza o brinquedo como recurso para a criança manusear o objeto, 
para chamar sua atenção, para distraí-la ou motivá-la. Muitos componentes de desempenho 
podem ser trabalhados nessa situação, como postura, concentração, coordenação motora, 
interação com objetos humanos e não humanos, entre outros (REZENDE, 2008).
 Em outra perspectiva, a intervenção terapêutica ocupacional pode estar focada 
na habilidade de brincar, sendo utilizada com indivíduos que apresentam um repertório 
pobre de habilidades sociais, de linguagem e psicomotoras. O brincar é, então, associado 
às habilidades motoras, psicossociais, capacidade de escolha, resolução de problemas, 
autoexpressão e, além disso, é utilizado de modo a estimular componentes de desempenho 
que são importantes diante da autopercepção e também da percepção do profissional. 
Como tal, para poder se transformar em um recurso terapêutico, o brincar precisa 
estar inserido em um processo avaliativo e se configurar como instrumento para aquisição 
de habilidades. Esse processo avaliativo envolve a anamnese, a aplicação de testes e 
escalas e o planejamento terapêutico.
34
A MÚSICA COMO RECURSO 
TERAPÊUTICO3
TÓPICO
UNIDADE 2 ATIVIDADE HUMANA VERSUS RECURSO TERAPÊUTICO
Takatori (2010) afirma que, na Terapia Ocupacional, as atividades, instrumentos 
de nossas ações, são indicadas, sugeridas,propostas para serem vivenciadas como 
experiências criativas para pessoas que deixaram ou sempre tiveram dificuldades de fazer 
suas atividades criativamente. Dessa forma, é pessoal e saudável, por isso podemos 
compreender a música enquanto recurso terapêutico.
A Federação Mundial de Musicoterapia define a musicoterapia como o uso da 
música e/ou de seus elementos musicais por parte do musicoterapeuta e do cliente/paciente 
ou grupo terapêutico, num processo estruturado. Esse processo tem o objetivo de facilitar e 
promover a comunicação, o relacionamento, a aprendizagem, a mobilização, a expressão e 
a organização (física, emocional, mental, social e cognitiva), visando desenvolver potenciais 
e recuperar ou desenvolver funções no indivíduo. Isso permite que ele alcance uma melhor 
integração intra e interpessoal, resultando, consequentemente, em uma melhor qualidade 
de vida (BRUSCIA, 2000).
Ribeiro e Batista (2016), realizaram um estudo científico com os usuários do 
CAPSad de uma capital brasileira sobre a influência da música enquanto recurso terapêutico 
ocupacional. A pesquisa evidenciou que a música promove a ressignificação de lembranças, 
expressão de emoções e percepção da realidade e a sua utilização no contexto terapêutico 
favorece o equilíbrio interno e facilita espaços de trocas nos grupos, na cultura e nos 
territórios onde se transita ou se quer transitar.
35UNIDADE 2 ATIVIDADE HUMANA VERSUS RECURSO TERAPÊUTICO
A formação do musicoterapeuta é independente da formação do Terapeuta 
Ocupacional, nada impede que o indivíduo adquira formação nas duas áreas, mas é 
preciso ter consciência de que se configuram como profissões distintas, com processos 
formativos distintos.
O uso terapêutico da música é capaz de proporcionar um estado de relaxamento e 
produzir efeito positivo na melhoria da comunicação e do bem- estar emocional, pelo poder 
de influenciar sobre hormônios como o cortisol (STEEN et al., 2017).
O terapeuta ocupacional recorrerá à música para acessar memórias, desenvolver 
ou reabilitar habilidades e competências definidas em um plano terapêutico ocupacional e 
pode fazer uso deste recurso durante todo o processo ou apenas quando se fizer necessário.
Podemos perceber que tanto na musicoterapia como na terapia ocupacional, 
existe a preocupação com a saúde humana, objetivando desenvolver os aspectos físicos, 
cognitivos, emocionais e sociais do indivíduo, buscando a integração do indivíduo com o seu 
ambiente e, dispondo, uma melhor qualidade de vida. A musicoterapia usa a música como 
recurso terapêutico, da mesma forma, a terapia ocupacional também utiliza-se de atividades 
e recursos como elemento fundamental da proposta terapêutica e como estratégia para 
atingir os objetivos propostos.
36
A ARTE COMO RECURSO 
TERAPÊUTICO4
TÓPICO
UNIDADE 2 ATIVIDADE HUMANA VERSUS RECURSO TERAPÊUTICO
A Resolução COFFITO n.º 350 reconheceu a Arteterapia como recurso terapêutico 
da Terapia Ocupacional. E considera que os procedimentos clínicos da Terapia Ocupacional 
e os instrumentos da Arteterapia estão inseridos na aplicação de atividades corporais 
e expressivas por meio de recursos corporais, musicais, teatrais, plásticos, esculturais, 
audiovisuais, artesanais, dentre outros, favorecendo as relações interpessoais, o contato 
com conteúdos conscientes ou inconscientes, a autoexpressão, relação simbólica e 
imaginária com os objetos, com o seu corpo e sua história de vida.
A arteterapia nasce quando Carl Jung passou a trabalhar com o fazer artístico, em 
forma de atividade criativa e integradora da personalidade. Para o autor a arte é a expressão 
mais pura que há para a demonstração do inconsciente de cada um. É a liberdade de 
expressão, é sensibilidade, criatividade e é vida (JUNG, 1985).
A expressão maior da arteterapia e dos seus resultados terapêuticos foi com o 
trabalho de Nise da Silveira, embora fosse médica, fez uso do termo terapia ocupacional, 
fundamentando enquanto atuação laborativa.
Ao pesquisar os estudos já publicados sobre a temática, nos deparamos com todos 
os perfis nos quais se incluem o uso deste recurso. Nise o fez na saúde mental, mas enqua-
dra-se muito bem no atendimento geriátrico, nas brinquedotecas hospitalares, com pessoas 
em tratamento de doenças inflamatórias não transmissíveis, como por exemplo, o câncer.
37UNIDADE 2 ATIVIDADE HUMANA VERSUS RECURSO TERAPÊUTICO
Assim como na música, cabe também todo o processo avaliativo para identificação 
das necessidades e potencialidades, também para compreender quais atividades podem 
ser desenvolvidas sem gerar desconforto relacionado a religião, cultura, crenças ou gênero 
do indivíduo em tratamento.
Podemos recorrer à pintura de uma tela por diversas razões:
O paciente amava pintar e decorrente de um processo depressivo não consegue 
mais fazê-lo com prazer, o que lhe angustia ainda mais;
O paciente sofreu uma lesão com amputação do membro superior dominante, e 
no processo de transferência de dominância será preciso ganhar destreza para em outra 
etapa, se desenvolver a escrita, para tal a delicadeza no uso do pincel será de grande valia;
O paciente apresenta aversão sensorial com determinadas texturas ou cores e a 
pintura a dedo na tela o traz segurança.
Enfim, perceba que os três exemplos oferecidos acima discorrem sobre situações 
divergentes e podem se referir a indivíduos de qualquer faixa etária. Uma atividade realizada 
de formas diferentes, com objetivos diferentes e como resultado de queixas diferentes.
Essa capacidade de perceber as necessidades inseridas no fazer humano e ampliar 
as estratégias para outros domínios ocupacionais torna a Terapia Ocupacional única.
38
Num contexto de perdas, em que o indivíduo “fazia, podia, estava”, o objetivo principal da atuação 
terapêutica ocupacional deverá ser trazer os verbos para o presente — mesmo com a doença, é sempre 
possível fazer e estar, é possível ser um sujeito humano completo e feliz.
Fonte: Othero (2008).
Recomendo a leitura do artigo abaixo indicado, e sugiro que pesquise sobre as publicações acerca dos 
recursos terapêuticos mais utilizados na Terapia Ocupacional no Brasil e em outros países.
MARTINIE, J. M.T.; CARVALHO FILHA, M. T. J; MENTA, S. A. Arteterapia: recurso terapêutico ocupacional na terceira 
idade. Multitemas, (25). 2016. Disponível em: https://multitemas.ucdb.br/multitemas/article/view/843 Aces-
so em: 31. ago. 2023.
UNIDADE 2 ATIVIDADE HUMANA VERSUS RECURSO TERAPÊUTICO
https://multitemas.ucdb.br/multitemas/article/view/843
39
CONSIDERAÇÕES FINAIS
UNIDADE 2 ATIVIDADE HUMANA VERSUS RECURSO TERAPÊUTICO
O terapeuta ocupacional é um profissional essencial para a construção da atenção 
integral e humanizada em diversas enfermidades e adversidades em saúde, tendo como 
foco o fazer humano. Esse profissional da saúde objetiva acrescentar novos projetos de 
vida à experiência de limitações e rupturas dessas enfermidades e adversidades em saúde, 
auxiliando na ressignificação do processo humano.
Nessa etapa de nossos estudos, foi-lhe apresentado uma introdução dos recursos 
mais utilizados. Essa fonte de conhecimento é inesgotável, e novos conhecimentos são 
produzidos e reproduzidos diariamente. Compreenda, então, que a construção dessa 
ressignificação passeia pelo uso de diversos recursos e o que os torna terapêuticos é o 
objetivo pelo qual estão em uso.
Muito feliz em ver você traçando esse caminho e se aproximando cada vez mais de 
ingressar em um mundo de possibilidades para si e para seus futuros pacientes.
40
MATERIAL COMPLEMENTAR
UNIDADE 2 ATIVIDADE HUMANA VERSUS RECURSO TERAPÊUTICO
LIVRO 
Título: Atividades humanas e terapia ocupacional: Saber-fazer, 
cultura, política e outras resistências.
Autor: Carla Regina Silva.
Editora: HUCITEC.
Sinopse: Somos seres ativos no mundo e a expressão de nossa 
existência se imprime em nossas atividades humanas. Este livro 
valoriza o papel central das atividadeshumanas na Terapia 
Ocupacional, considerando-as a partir de cada sujeito-coletivo, 
sua ancestralidade e temporalidade, contextos, engajamentos, 
subjetividades e diversidades. Assim, a partir de perspectivas 
multioculares, são relatadas as possibilidades de reflexão, 
prática, cuidado, criação e ensino-aprendizagem integradas com 
os temas ao saber-fazer, cultura, política e outras resistências, 
expressos na potência e na pluralidade da atuação terapêutica-
ocupacional.
FILME/VÍDEO
Título: My Left Foot: The Story of Christy Brown — Meu pé esquer-
do.
Ano: 1990.
Sinopse: Christy Brown (Daniel Day-Lewis), filho de uma humilde 
família irlandesa, nasce com uma paralisia cerebral que lhe tira 
todos os movimentos do corpo, com exceção do pé esquerdo. 
Com o controle deste único membro, ele torna-se escritor e 
pintor.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=LOwCfPZ8ll8.
https://www.youtube.com/watch?v=LOwCfPZ8ll8
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Plano de Estudos
• Breve histórico da Fermentação;
• Conceitos de Leveduras;
• Tipos de Fermentação;
• Definição de Maturação.
Objetivos da Aprendizagem
• Conceituar e contextualizar a fermentação alcoólica;
• Compreender os tipos de leveduras cervejeiras;
• Compreender os tipos de fermentações;
• Estabelecer a importância da maturação na produção cervejeira.
Prof. Esp. Flavia Luzia de Oliveira
PLANEJAMENTO, PLANEJAMENTO, 
EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO 
DOS RECURSOS DOS RECURSOS 
TERAPÊUTICOS EM TERAPÊUTICOS EM 
ATENDIMENTOS ATENDIMENTOS 
INDIVIDUAIS E DE GRUPOINDIVIDUAIS E DE GRUPO
UNIDADEUNIDADE3
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INTRODUÇÃO
Caro (a) aluno (a), bem-vindo (a) à Unidade III. Mais uma importante etapa nesta 
jornada acadêmica que com certeza lhe transformará em um profissional de sucesso.
Nesse momento de nossos estudos, discutiremos sobre o uso dos recursos 
terapêuticos na atividade humana enquanto produção, geração de renda e inserção ou 
reinserção no mercado de trabalho, promovendo a inclusão social. Esta abordagem pode 
ocorrer tanto em atendimentos individuais como nos atendimentos em grupo, considerando 
os diversos setores/áreas em que Terapia ocupacional contribui e faz toda a diferença. 
Complementaremos nosso estudo sobre esta vertente, vislumbrando o uso dos 
recursos terapêuticos na atividade humana também enquanto expressão socioemocional. 
Muitas são as situações em que nossos pacientes na sua prática cotidiana apresentam 
prejuízos e estes prejuízos, emocionalmente, resultam em desmotivação, baixa autoestima, 
depressão, uso de entorpecentes e/ou desenvolvimento de transtornos psiquiátricos; a 
expressão por meio dos recursos visa restabelecer a saúde mental e equilibrar o emocional 
para a redescoberta do prazer e da motivação no desempenho das ações cotidianas.
Daremos seguimento identificando o que seria a práxis e qual sua relação com os 
recursos terapêuticos com objetivo de produção e de expressão e como aplicar no nosso 
dia a dia.
Por fim, fechamos essa unidade conhecendo os processos de avaliação qualitativa 
e quantitativa dos recursos terapêuticos, que são de extrema relevância para a produção 
científica e para mensurarmos nossa prática profissional.
Vamos juntos e bons estudos!
UNIDADE 3 PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS EM ATENDIMENTOS 
 INDIVIDUAIS E DE GRUPO
ATIVIDADE ENQUANTO 
PRODUÇÃO EM ATENDIMENTOS 
INDIVIDUAIS E DE GRUPO1
TÓPICO
43
Querido (a) aluno (a), cabe aqui enfatizarmos que a definição de nossa atuação 
profissional é holística, alcança o sujeito e tudo que o rodeia, inclusive os grupos sociais 
aos quais pertence.
A atividade é e sempre será nossa razão. As ocupações nos interessam, quer seja 
no acompanhamento individual ou em grupo. A atividade precisa resultar em um produto 
final, que pode ser abstrato ou concreto. Nesta unidade, discutiremos a importância da 
criação de algo concreto ou abstrato como objetivo, evolução ou conclusão do processo 
terapêutico.
Para Maximino e Liberman (2015), a terapia ocupacional é, portanto, uma profissão 
sensível aos traços, pistas, desejos e memórias de cada um. Por trabalhar diretamente 
com a relação existente entre as pessoas e suas ocupações, a terapia ocupacional não 
consegue predeterminar o que, de fato, pode se tornar projeto ou recurso terapêutico. Essa 
impossibilidade é nossa força, é o que nos organiza de fato na especificidade do trabalho 
com as relações cotidianas entre pessoas e ações/ocupações.
O termo “produções de vida” tem sido muito utilizado na literatura da Terapia 
Ocupacional e como estamos discutindo sobre a produção como recurso em nossa prática, 
vamos explanar sobre esse termo.
Segundo Albuquerque, Cardinalli e Bianchi (2021) esse termo se relaciona com 
temáticas da saúde mental; campo social; artes e cultura; saúde coletiva; fundamentos da 
terapia ocupacional e campo do trabalho. E a análise de sua compreensão indicou quatro 
categorias: trabalho como emancipação social; ampliação de ações em saúde; experiência 
UNIDADE 3 PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS EM ATENDIMENTOS 
 INDIVIDUAIS E DE GRUPO
44UNIDADE 3 PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS EM ATENDIMENTOS 
 INDIVIDUAIS E DE GRUPO
criativa e transformação cultural; e manutenção da própria existência. Ressaltando a 
produção consistente nas últimas décadas sobre “produção de vida”, concluíram que a 
expressão envolve sentidos na construção de saberes-fazeres mais conectados com o 
mundo, com as diferentes formas de existir e de protagonizar a vida.
As questões laborativas se relacionam com a terapia ocupacional desde sua origem, 
porém sua compreensão se modifica junto às revisões da nossa profissão ao longo dos anos, 
centrando na expressão da condição humana e também nos modos de organização social.
O produto resultante de uma sessão ou de uma sequência de sessões pode 
ser desenvolvido tanto individualmente quanto em um grupo terapêutico. O que afeta 
essa dinâmica é a escolha do produto e a abordagem prática para sua conclusão. Em 
atendimento individual, essa caracterização se baseia nas aspirações individuais e na 
análise da atividade em relação à queixa individual. Por outro lado, em grupos, é essencial 
compreender as aspirações comuns e, ao analisar a atividade, buscar a equivalência no 
nível de compreensão da atividade e no grau de dificuldade. Isso ajuda a evitar desencadear 
gatilhos emocionais ou psicológicos, já que, ao trabalhar com grupos, existe o risco de 
frustração individual caso alguém não consiga desempenhar a atividade com a mesma 
habilidade que outros membros do grupo.
Esse produto pode ser algo comercializável, gerando renda para os indivíduos 
assistidos ou para a manutenção do grupo, mas também, pode ter objetivo de produção 
intelectual, e se transformar em um produto que será apresentado em feiras, eventos, 
exposições, sem função comercial; o produto pode, ainda, ser o resultado de uma nova 
função laborativa. E não podemos esquecer que, o produto não necessita obrigatoriamente 
ser disseminado fora do ambiente terapêutico,se for definido em comum acordo, o produto 
pode ter função social e resultar no fortalecimento de vínculo entre os membros do grupo 
terapêutico e oportunizar a troca de experiências e vivências.
A atividade enquanto produção passa também pela economia solidária, 
principalmente quando a terapia de grupo objetiva a geração de renda. A economia solidária 
oferece oportunidades de renda e trabalho e participação social, através de novas formas 
de produção de trabalho fundamentado por princípios que parte dos meios de produção 
coletivos, da gestão e do processo de trabalho (MARTINS, 2011).
O terapeuta ocupacional que atua no ambiente da saúde mental, ao considerar 
que a reabilitação psicossocial e a economia solidária possuem a ocupação humana 
como ferramenta, compreende ser possível priorizar o exercício da cidadania por meio de 
iniciativas de geração de trabalho e renda (MORATO e LUSSI, 2015).
45UNIDADE 3 PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS EM ATENDIMENTOS 
 INDIVIDUAIS E DE GRUPO
Borges, Rezende e Ferrari (2022) destaca que durante as oficinas de geração de 
renda, em que o objetivo é a formação de autonomia dos usuários/pacientes, pode ser 
necessário incentivá-los quanto à participação no processo de escolha de quais atividades 
devem ser executadas. Esse processo de busca pela autonomia e estimulação de habilidades 
para ampliar possibilidades foi pode ser um desafio para o terapeuta ocupacional também . 
A compreensão desse processo se faz necessária para diminuir as frustrações do terapeuta 
em meio a dificuldades que podem surgir na busca da oficina ser conduzida exclusivamente 
pelos usuários/pacientes, de modo que, pode ser necessária a participação no processo 
junto a esses usuários.
Dessa forma, compreendemos que, seja em atendimento individual ou de grupo, ao 
se tratar de uma produção/produto final, o terapeuta buscará a autonomia e independência 
do assistido, tornando-o autor dessa produção/produto final. Sempre que a participação do 
terapeuta ocupacional seja de direção da oficina, progressivamente deverá ir se colocando 
em posições que permitam maior autonomia e independência do assistido, colocando-se, 
por fim, em posição de auxiliar do processo ou orientador.
ATIVIDADE ENQUANTO EXPRESSÃO 
EM ATENDIMENTOS INDIVIDUAIS E 
DE GRUPO2
TÓPICO
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Sobre o ato de realizar atividades, De Carlo e Bartalotti (2001), nos traz que a atividade 
é capaz de promover mudanças e atitudes, pensamentos e sentimentos nos indíviduos; e 
restabelece, de maneira sutil, o equilíbrio emocional além de atuar na estruturação – tempo 
– espaço. Deste modo, a atividade, ainda de acordo com esses autores, é um fenômeno 
de envolvimento orgânico e um mecanismo orientador relacionado ao processo real de 
percepção, pensamento, sentimento, intuição e ação.
As práticas artísticas em terapia ocupacional, assim como precursores à sua 
institucionalização no país, estiveram inicialmente associadas à expressão de emoções 
e conteúdos inconscientes. Com as lutas sociais pela redemocratização brasileira e pelos 
direitos, por exemplo, das pessoas com deficiências, a promoção de práticas corporais e 
artísticas ganharam novos sentidos sob contexto de desconstrução e reconstrução material 
e simbólica da vida e da subjetividade. Estas são associadas à reorientação de conceitos 
como saúde, reabilitação, cidadania e atividade, que passaram a conduzir experimentações 
teórico-práticas na profissão (CASTRO, 2000).
Liebmann (2000) enfatiza que ao se utilizar a atividade enquanto expressão, 
deve-se considerar os seguintes objetivos: criatividade e espontaneidade; construção 
da autoconfiança; validação pessoal; percepção do seu próprio potencial; aumento de 
autonomia e motivação pessoal; desenvolvimento individual; liberdade para tomar decisões; 
fazer experiências e testar ideias; expressar sentimentos, emoções e conflitos; trabalhar 
com a imaginação e o inconsciente; autoconsciência, reflexão; organização visual e verbal 
de experiências; relaxamento.
UNIDADE 3 PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS EM ATENDIMENTOS 
 INDIVIDUAIS E DE GRUPO
47UNIDADE 3 PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS EM ATENDIMENTOS 
 INDIVIDUAIS E DE GRUPO
Muitos objetivos sociais precisam ser também considerados, tais como, a 
consciência, o reconhecimento e apreciação do grupo terapêutico; bem como o nível 
de cooperação e envolvimento nas atividades que são propostas; a possibilidade de 
externalizar experiências positivas e negativas; fortalecer os relacionamentos sociais e 
familiares; ser uma rede de apoio e confiança social; e permitir a análise e reanálise das 
questões psicossociais e funcionais do grupo terapêutico.
Por meio do resultado expressivo da prática da terapia ocupacional, é possível 
rastrear o estado emocional de crianças em atendimento. Esse público, em especial, 
costuma ter muita dificuldade de expressar sentimentos e expor fatos cotidianos, mas na 
produção artística declaram muito sobre seu interior.
E deste modo, compreendemos que seja pela expressão ou por produção, o íntimo 
do indivíduo será externalizado, e dessa maneira poderá ser transformado ou aprimorado.
PRÁXIS: PLANEJAMENTO — 
ORGANIZAÇÃO — EXECUÇÃO3
TÓPICO
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Hagedorn (2003) citou quatro processos centrais que se combinam e fundamentam 
a formação da prática da terapia ocupacional, explanar para vocês sobre eles:
O primeiro é o uso terapêutico de si próprio, que seria o processo de relação 
terapêutica ocorrendo por meio de uma tríade (terapeuta/ indivíduo–grupo/ ocupação-
atividade) para alcance dos objetivos traçados; o segundo é o uso das habilidades e 
necessidades individuais, onde há necessidade de compreender o que o indivíduo ou 
o grupo é capaz de produzir e avaliar a performance ocupacional e potencialidades nas 
áreas do trabalho, estudo, lazer e no autocuidado; o terceiro é a análise e adaptação 
das ocupações, neste caso, refere-se à análise das ocupações ou das atividades e sua 
prescrição como terapia ocupacional, assim como, o processo de adaptação objetivando 
ganhos na performance ocupacional dos indivíduos em acompanhamento; o quarto 
processo central é a análise ambiental e adaptação, embora a terminologia se assemelhe 
ao processo apresentado anteriormente. Nessa situação, ocorre a análise do conteúdo do 
ambiente – no trabalho, em casa, na escola, em instituições, em locais externos, em locais 
públicos – e pode prover informação sobre as causas dos problemas do indivíduo, explicações 
referentes ao comportamento, ideias ou sugestões para modificações terapêuticas.
Quando dissertamos sobre a práxis, é importante estar ciente de que podemos nos 
deparar com pessoas que apresentam uma condição conhecida como dispraxia. Portanto, 
compreenderemos o que é práxis, o que envolve a dispraxia e como a terapia ocupacional 
se insere nesse contexto.
UNIDADE 3 PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS EM ATENDIMENTOS 
 INDIVIDUAIS E DE GRUPO
49UNIDADE 3 PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS EM ATENDIMENTOS 
 INDIVIDUAIS E DE GRUPO
A Práxis é a competência que o cérebro tem de conceber, planejar, organizar e 
realizar uma sequência de ações motoras desconhecidas e permite respostas adaptativas 
no ambiente (AYRES, 1985). A capacidade cognitiva de conceituar e gerar essas ações 
motoras é conhecida por ideação e irá depender, em grande parte, da eficiente integração 
de inputs sensoriais a nível neurológico e do conhecimento prévio de possíveis ações que 
o corpo possa desempenhar (GIBSON, 2004).
O planejamento motor ou práxis é o processo cognitivo que precede um comportamento; 
envolve a organização do timing e sequência das ações (PARHAM e FAZIO, 1997).
Esmiuçando a temática, veja que a ideação como sendo a capacidade de 
conceitualizaruma ideia do movimento que o indivíduo pretende fazer, estabelecendo uma 
interação positiva com o meio que o circunda. Após ter ciência sobre qual movimento se 
deseja realizar, o indivíduo formula um plano para poder executar esse movimento, o que 
inclui o modo como deve organizar as ações no espaço e tempo, ou seja, planejamento. 
E só, enfim, realiza o movimento, ou seja, o executa. Durante todo o processo de práxis, 
ocorrem mecanismos de feedback neuronal.
Diante disso, a dispraxia seria a incapacidade de completar esse roteiro (ideação — 
planejamento — execução). O indivíduo pode ser incapaz de realizar uma ou mais partes 
da práxis, cabe ao terapeuta ocupacional analisar, avaliar e aplicar testes para identificar 
em quais etapas da práxis o indivíduo está falhando e o porquê. E essa será à base do 
tratamento, corrigir esta falha em etapas da práxis e tratar deste modo a dispraxia. Claro 
que, quanto mais etapas estejam deficientes, maior será a dificuldade do indivíduo de 
executar ações; porém, nem toda dificuldade em executar ações se deve à dispraxia. Por 
isso, a relevância de avaliar corretamente.
AVALIAÇÃO QUALITATIVA E 
QUANTITATIVA EM TERAPIA 
OCUPACIONAL TENDO COMO 
OBJETO O RECURSO TERAPÊUTICO
4
TÓPICO
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Como saber se a avaliação que irá realizar será qualitativa ou quantitativa? Qual 
das duas formas é a melhor na prática da Terapia Ocupacional? E a resposta é: use 
sempre as duas formas de avaliação; trabalhamos com a subjetividade do ser humano, 
mas também com aquisição de habilidades ou reabilitação. Por isso, devemos usar as 
avaliações qualitativas e quantitativas.
Geralmente quando se deseja avaliar repertórios comportamentais e psicossociais, 
costuma-se lançar mão de avaliações qualitativas, o que é de grande valia, ao permitir 
que o terapeuta tenha acesso a informações que a avaliação quantitativa não forneceria. 
Contudo, como mensurar e apresentar graficamente e/ou em dados numéricos a evolução 
do seu paciente apenas com avaliações qualitativas?
Sobre a avaliação qualitativa, Günther (2006) relata que a primazia do “compreender 
a vida mental” reaparece em todas as discussões sobre a natureza da pesquisa qualitativa. 
E questiona: qual então é a natureza da pesquisa qualitativa? Quais os pressupostos dessa 
abordagem?
Em resposta, nos traz, por meio da referência de Flick, Von Kardorff e Steinke 
(2000), quatro bases teóricas para a avaliação qualitativa: primeiro, a realidade social é 
vista como construção e atribuição social de significados; segundo, a ênfase no caráter 
processual e na reflexão; terceiro, as condições “objetivas” de vida tornam-se relevantes 
por meio de significados subjetivos; e quarto, o caráter comunicativo da realidade social 
permite que o refazer do processo de construção das realidades sociais torne-se ponto de 
partida da pesquisa.
UNIDADE 3 PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS EM ATENDIMENTOS 
 INDIVIDUAIS E DE GRUPO
51UNIDADE 3 PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS EM ATENDIMENTOS 
 INDIVIDUAIS E DE GRUPO
Em complemento, as avaliações quantitativas permitem mensurar deficits, atrasos, 
falhas, avanços, progressos, aquisições de habilidades, desempenho ocupacional. Um bom 
relatório terapêutico ocupacional deve se valer de avaliações qualitativas e quantitativas. 
Desse modo, mensuram-se, graficamente, necessidades e resultados, mas também, 
permite-se ter acesso a informações que não são mensuráveis e de extrema relevância 
para o terapeuta poder ter um “retrato” do caso e de sua evolução.
Você conhece o CID-11?
A CID-11 fornece uma linguagem comum que permite aos profissionais de saúde compartilhar informações 
padronizadas em todo o mundo. É a base para identificar tendências e estatísticas de saúde em todo o 
mundo, contendo cerca de 17 mil códigos únicos para lesões, doenças e causas de morte, sustentados por 
mais de 120 mil termos codificáveis. Usando combinações de códigos, mais de 1,6 milhão de situações 
clínicas podem agora ser codificadas.
Comparada com as versões anteriores, a CID-11 é totalmente digital, tem um novo formato e recursos 
multilíngues que reduzem a chance de erro. A Classificação foi compilada e atualizada com informações de 
mais de 90 países e envolvimento sem precedentes de prestadores de serviços de saúde, permitindo a evo-
lução de um sistema imposto aos médicos para um banco de dados de classificação clínica e terminologia 
verdadeiramente capacitador, que atende a uma ampla gama de usos para registrar e relatar estatísticas 
na saúde.
OPAS (Organização Pan-americana da Saúde). Versão final da nova Classificação Internacional de Doenças da OMS (CID-11) é publicada. Dis-
ponível em: https://www.paho.org/pt/noticias/11-2-2022-versao-final-da-nova-classificacao-internacional-doencas-da-oms-cid-11-e. Acesso 
em: 31 ago. 2023.
https://www.paho.org/pt/noticias/11-2-2022-versao-final-da-nova-classificacao-internacional-doencas-da-oms-cid-11-e
52UNIDADE 3 PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS EM ATENDIMENTOS 
 INDIVIDUAIS E DE GRUPO
A Terapia Ocupacional não é ocupar para ocupar. É potencializar recursos para “ocupar-se” [cliente e 
ambiente] é utilizar o “ocupar” [significativo] para conhecer, transformar, treinar, aprender, adaptar-se 
e ganhar novas habilidades para promover a independência e autonomia na realização “ocupacional” do 
cotidiano em toda sua complexidade. É uma arte!
João Paulo Charles Albino
Fonte: o Pensador (2023).
https://www.pensador.com/autor/joao_paulo_charles_albino/
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
UNIDADE 3 PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS EM ATENDIMENTOS 
 INDIVIDUAIS E DE GRUPO
Percebem que lindo caminham está trilhando? Quanto conhecimento está chegando 
até você! Sim, de fato, estudar Terapia Ocupacional é estudar um mundo novo, pleno de 
oportunidades e adaptações. Nesta unidade você teve a oportunidade de adentrar um 
pouco mais no processo de uso e adaptação dos recursos terapêuticos e das vertentes que 
os rodeiam.
Compreendemos como a expressão dos sentimentos e emoções pode ser trabalhada 
por meio dos recursos terapêuticos ocupacionais, favorecendo o resgate psicossocial dos 
sujeitos acolhidos pelo nosso serviço. 
Vimos também que além da expressão, os recursos também podem ser utilizados 
como produção, uma vez que, em âmbito social, podemos resgatar o papel social do 
indivíduo reinserindo na sociedade com função social de valor para sua independência.
Oportunizar a discussão sobre a práxis, ou seja, as etapas envolvidas no fazer 
humano e sua relevância para a nossa prática. E por fim, discutimos os alicerces das 
nossas práticas baseado em evidências, considerando a relevância de mensurarmos os 
progressos qualitativa e quantitativamente, fornecendo assim um respaldo para a prática e 
produzindo ciência.
Tenho certeza que a árvore do conhecimento, plantada em você, torna-se cada vez 
mais forte, resistente e alta, logo veremos flores e frutos.
Ótimo que tenha chegado até aqui, e nos vemos na próxima unidade!
 
54
LEITURA COMPLEMENTAR
Gostaria de sugerir a você, querido (a) aluno (a), a leitura do artigo: “Avaliações 
quantitativa e qualitativa de um menino autista: uma análise crítica”, de autoria de 
Caroline Lampreia. O estudo aborda muito bem sobre as avaliações mais utilizadas no 
diagnóstico e acompanhamento da pessoa autista sob um olhar crítico.
O artigo está disponível na base de dados SciELO, e facilmente pode ser acessado 
pelo doi: https://doi.org/10.1590/S1413-73722003000100008.
Boa leitura!
UNIDADE 3 PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS EM ATENDIMENTOS 
 INDIVIDUAIS E DE GRUPO
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-73722003000100008&lang=pt
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-73722003000100008&lang=pt
https://doi.org/10.1590/S1413-73722003000100008

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