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Episódio - A Apuração da Notícia IV (a pauta)

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INTRODUÇÃO AO 
JORNALISMO 
Guaracy Carlos
Revisão técnica:
Deivison Campos
Bacharel em Filosofia
Mestre em Sociologia da Educação
Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB -10/2147
S581i Silveira, Guaracy Carlos da.
Introdução ao jornalismo / Guaracy Carlos da Silveira,
Letícia Sangaletti, Cristina Wagner ; [revisão técnica: 
Deivison Campos]. – Porto Alegre : SAGAH, 2018.
258 p. : il. ; 22,5 cm
ISBN 978-85-9502-336-9
1. Jornalismo. I. Sangaletti, Letícia. II. Wagner,
Cristina. III. Título.
CDU 070
U N I D A D E 4
A apuração da notícia IV: 
a pauta
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Explicar as principais características da pauta.
 � Reconhecer a diferença entre pautas frias e factuais.
 � Sintetizar a atuação do pauteiro.
Introdução
Neste capítulo, vamos entender mais sobre a pauta e o profissional que 
a elabora, o pauteiro. A pauta é um roteiro mínimo fornecido ao repórter 
que busca enfoques diferenciados acerca do tema e persegue ângulos 
novos de abordagem. Para Bonner (2009), “[...] as pautas boas de verdade 
são as que afetam a vida das pessoas [...]”. E o pauteiro é o profissional 
que tem a missão de propor os temas a serem discutidos na reunião de 
pauta. Dessa forma, alguns assuntos podem ou não virar notícia. Vamos 
entender como se dá esta relação?
A pauta: conceito e características
Sabemos que a função do jornalismo é informar. As pessoas acessam os meios 
de comunicação, como rádio, televisão, jornal impresso, revista e portais de 
internet para ficarem por dentro das informações do cotidiano. Nesse sentido, 
os jornalistas e veículos decidem o que será ou não noticiado. 
As principais características da notícia que fazem com que o conteúdo 
retrate a realidade devem evidenciar aspectos como: atualidade, veracidade, 
regularidade, interesse público, proximidade, importância, curiosidade, con-
flito, sentimento e consequência. Vale lembrar que esses aspectos são deno-
minados valor-notícia, ou critérios que indicam o grau de noticiabilidade de 
um acontecimento. É certo que a notícia nem sempre vai reunir todas essas 
características. Porém, a apresentação do maior número delas irá facilitar a 
veiculação. De acordo com Bonner (2009, p. 119), 
Quando uma equipe de reportagem é designada para sair às ruas apenas em 
busca da comprovação de uma tese, o trabalho jornalístico de investigação 
está em risco. O ideal (e o que devemos buscar é sempre o ideal) é que uma 
reportagem seja aberta à investigação, à descoberta, à constatação – e que 
contemple uma pluralidade de opiniões, de pontos de vista. 
Ainda segundo o autor, “[...] as pautas boas, de verdade, são as que afetam 
a vida das pessoas [...]” (BONNER, 2009, p. 119). Partindo deste conceito, 
podemos entender a pauta como a antecipação dos caminhos e resultados que 
iremos atingir na notícia.
A pauta é o direcionamento do assunto a virar notícia. É o conjunto de 
informações que orientam o repórter no processo de apuração dos fatos. 
Pode-se dizer que é a distância entre a notícia e a reportagem. E essa distância 
corresponde ao planejamento e organização do assunto. O Manual de Redação 
e Estilo de O Estado de S. Paulo define pauta da seguinte forma: 
Chama-se pauta tanto o conjunto de assuntos que uma editoria está cobrindo 
para determinada edição do jornal como a série de indicações transmitidas 
ao repórter, não apenas para situá-lo sobre algum tema, mas, principalmente, 
para orientá-lo sobre os ângulos a explorar na notícia. A pauta constitui um 
roteiro mínimo fornecido ao repórter. A pauta não deve ser só uma agenda. 
Precisa se preocupar em levantar enfoques diferenciados sobre os temas, 
buscar ângulos novos de abordagem, mostrar agilidade na identificação de 
novas tendências (MARTINS FILHO, 1997, p. 214).
As pautas ganham vida na reunião de pauta, momento em que os assuntos 
são levantados pelos pauteiros e equipe de produção (produtores, diretor, 
coordenador de produção, editor, etc.). É durante a reunião de pauta que as 
sugestões de assuntos e enfoques são debatidos. O perfil do programa ou linha 
editorial do veículo é que vai delimitar qual tema pode render uma boa matéria 
e como pode ser produzido. Geralmente os profissionais do veículo já conhe-
cem o perfil do meio que trabalham e assim já sugerem pautas apropriadas.
A reunião de pauta é um dos momentos mais importantes da pré-produção. 
Porque é nessa etapa que se inicia o direcionamento do assunto, o enfoque 
A apuração da notícia IV: a pauta180
a ser dado, as possíveis fontes a serem consultadas. Em suma, é o momento 
do debate de ideias.
Após a reunião inicia-se o processo de produção da notícia. Os produtores 
saem à procura de personagens, fontes, autorizações e mais pesquisas sobre 
o assunto, “[...] a produção é a primeira parte da reportagem e significa como 
a matéria deve ser feita. Para isso, é importante que se entenda todo o pro-
cesso do jornal [...]” (CRUZ NETO, 2008, p. 21). É por esta razão que o bom 
profissional deve exercer diariamente o hábito da leitura. Ler precisa ser uma 
atividade cotidiana do pauteiro, pois este profissional “precisa ter visão sobre 
o que desperta interesse e saber repercutir acontecimentos” (CRUZ NETO, 
2008, p. 21).
Você deve se perguntar: como se escolhe uma pauta? É simples, as pautas 
surgem da observação do cotidiano. Os jornalistas observam o comportamento 
da sociedade e extraem temas considerados de interesse público. Muitas vezes 
esses assuntos surgem de conversas com amigos e familiares, da experiência de 
vida de cada um, de colegas de áreas distintas, da opinião pública, de leituras 
e da observação de outros meios de comunicação. Um conteúdo abordado em 
um jornal impresso pode virar pauta para um noticiário de telejornal e vice-
-versa. A definição mais simplista de notícia é dada por Bahia (1990): “[...] 
Notícia é tudo o que o jornal publica [...]”. De fato, esta é a principal definição. 
Entretanto, notícia também é sinônimo de acontecimento, dado, certeza, etc.
A notícia é a base do jornalismo, seu objeto e seu fim. Através dos meios do 
jornalismo ou dos meios de comunicação direta ou indireta, a notícia adquire 
conteúdo e forma, expressão e movimento, significado e dinâmica para fixar 
ou perenizar um acontecimento, ou para torná-lo acessível a qualquer pessoa.
A notícia tem no jornalismo o seu instrumento mais organizado, mais com-
petente, mais ágil e mais eficiente de difusão. O fato de que o jornalismo tem 
por finalidade primária informar tão amplamente quanto possível dá à notícia 
uma função tão social quanto a da mídia (BAHIA, 1990, p. 35).
Buscar pautas em outros meios é comum no jornalismo que, muitas vezes, 
se reinventa, se reinterpreta. É esse poder de reinventar que torna o jornalismo 
uma profissão fascinante, pois apresentar um mesmo assunto de diferentes 
formas, com nova roupagem é algo extraordinário. 
As pautas também surgem por intermédio das assessorias de imprensa 
(e-mails, releases e telefonemas), amigos, em uma fila de supermercado entre 
outras. Já se foi o tempo em que as redações corriam atrás das matérias. Atu-
almente, a redação se tornou um grande centro de informações, pois recebe 
diariamente pautas com assuntos diversos. 
181A apuração da notícia IV: a pauta
Por exemplo, a preocupação com a saúde é um assunto que atende a demanda 
de todos, sejam crianças, jovens, adultos e idosos. Independentemente de classe 
social e gênero, é comum vermos matérias sobre o tema como mudança de 
hábito alimentar, qualidade de vida, atividade física, alterações na previdên-
cia, alternativa de viagens, descobertas tecnológicas em benefício da saúde. 
Por conta dos constantes avanços na área científica é que o setor da saúde 
sempre está em pauta. Os resultados obtidos nas pesquisas científicas são de 
interesse público, pois envolvem emoção, mexem com a esperança e com a 
qualidade de vida da população. Por exemplo: quando a ciência encontra um 
novotratamento para o câncer, ou um medicamento para amenizar os efeitos 
do Alzheimer, ou para a cura da Aids. Nesse contexto, Barbeiro e Lima (2005, 
p. 90) nos alertam:
Tudo o que for relevante para a sociedade é objeto de interesse jornalístico e 
de pautas: política, economia, cultura, ciência, religião, comportamento, meio 
ambiente, esporte, os problemas da cidade, etc. O que deve ser avaliado é a 
importância dos assuntos, a partir da ótica do interesse público.
A pauta é o acesso a uma informação precisa que, por sua vez, é o bem 
mais precioso do fazer jornalístico. “E por meio dela as pessoas têm condi-
ções de desenvolver o espírito crítico e entender a sociedade em que vivem” 
(BARBEIRO; LIMA; 2005, p. 89–90).
Modelo tradicional de lauda de pauta:
1. Cabeçalho: deve conter o nome do redator (pauteiro); editoria ou programa; a 
retranca (duas palavras que identifiquem o tema); a data em que foi elaborada e 
o deadline. 
2. Histórico/Sinopse: resumir em poucas linhas (entre 3 e 5 linhas) os fatos que levaram 
a esse tema. As informações contidas na lauda da pauta são muito importantes 
para situar o repórter durante a apuração dos fatos. Saiba que a informação contida 
aqui será utilizada pelo repórter para compor o lead da notícia.
3. Enfoque/Encaminhamento: qual é o direcionamento a ser dado à matéria. Aqui o 
pauteiro descreve o que exatamente quer que o repórter desenvolva, qual o foco 
da pauta. Tenha sempre em mente que este item é que vai definir as sugestões 
de perguntas a serem feitas ao entrevistado.
A apuração da notícia IV: a pauta182
Independentemente do meio de comunicação – rádio, televisão, jornal, 
revista ou internet –, a pauta precisa conter informações importantes para o 
melhor desenvolvimento da notícia e organização do trabalho jornalístico. 
Dessa forma, tenha sempre em mente que uma lauda de pauta deve conter: 
a) um resumo dos acontecimentos que permeiam o objeto da reportagem; b) 
indicar de que maneira o assunto vai ser abordado (o enfoque: jornalístico, 
político, econômico, social, cultural, etc.); c) que tipo e quantas ilustrações 
estarão destacadas; d) fornecer os dados dos entrevistados, cargo/função, 
telefones, horário e local da entrevista, relação da equipe envolvida; e) infor-
mações adicionais caso existam.
4. Fontes: a pessoa que será entrevistada. Precisa conter nome e sobrenome, cargo/
função, deve constar o endereço e horário da entrevista e todos os telefones 
possíveis para contato com a fonte.
Geralmente o pauteiro deve fazer um prévio contato com a fonte para garantir a 
entrevista e constatar se a pessoa vai estar disponível para falar sobre o assunto. Assim, 
ele agenda dia, local e horário para a entrevista.
5. Equipe: relação de nomes e funções da equipe envolvida na matéria, bem como 
telefone de contato.
* Ter a relação dos profissionais envolvidos vai ajudar durante a apuração dos fatos. 
Caso ocorram imprevistos, isso pode facilitar a comunicação entre a equipe.
6. Sugestões de perguntas: como o nome já diz são sugestões a serem seguidas 
pelo repórter. 
* O repórter tem liberdade para elaborar outras perguntas conforme o andamento 
da entrevista. 
7. Anexos: apresenta qualquer tipo de informação extra que o pauteiro conseguiu 
levantar, seja por meio de pesquisa ou recorte de jornal/revista, ou texto extra 
sobre o assunto.
* Serve como uma informação a mais para o repórter.
183A apuração da notícia IV: a pauta
Figura 1. Modelo de pauta televisiva
A apuração da notícia IV: a pauta184
Os tipos de pautas 
O factual
A maior parte das pautas nos veículos de comunicação surge de fatos do 
cotidiano. As editorias policiais ainda são os atrativos para a audiência. As 
pautas factuais aparecem de um fato que acaba de acontecer, por exemplo: 
a queda de um avião ou o desabamento de um prédio. Ou seja, a pauta é 
concebida a partir de fatos recentes. Já as pautas frias partem de assuntos 
diversos, podendo ser desenvolvidas a qualquer momento. Na maioria das 
vezes, as pautas frias já estão produzidas e separadas para serem publicadas, 
mas acabam abrindo espaço para as factuais. Porém, Bahia (1990, p. 35-36) 
nos alerta para a definição da pauta: 
Toda notícia é uma informação, mas nem toda informação é uma notícia. 
Diariamente, os veículos de jornalismo recebem de suas fontes toneladas de 
informações que passam por um crivo de seleção, tratamento e coordenação 
para só então tornarem-se notícias para o consumo.
Em relação às pautas factuais é preciso atenção, pois quando o pauteiro tem 
acesso às informações do factual tudo fica mais fácil. No entanto, na maioria 
das vezes, quando o repórter chega ao local dos fatos a polícia já se encontra 
lá e dificilmente passa informações aprofundadas sobre o ocorrido. É preciso 
ressaltar que a pauta é elaborada dentro da redação. Assim o pauteiro não 
tem acesso a certas informações no que diz respeito a uma pauta factual. Isso 
porque até o repórter chegar ao local do acontecimento, diversas mudanças 
podem acontecer. Vale lembrar também que as informações que chegam por 
telefone podem sofrer distorções que apenas serão identificadas quando a 
equipe de produção chegar ao local.
Além disso, a pauta não deve aprisionar o repórter. Se perceber que a 
realidade não corresponde ao que está descrito na pauta, ele pode mudar o 
enfoque e fazer a matéria de acordo com o que estiver acontecendo no momento. 
A pauta não é uma camisa de força que aprisiona e sufoca o trabalho de 
execução do repórter. Se o repórter no momento em que estiver realizando a 
matéria perceber que a realidade não é a bem descrita na pauta, ele pode, sim, 
mudar o gancho e fazer a matéria de acordo com o que ele está percebendo na 
rua. Ele deve, apenas, comunicar à chefia de redação ou ao editor-chefe do 
telejornal para o qual vai enviar a matéria, uma vez que o editor tem que estar 
ciente de como a matéria está sendo executada (CRUZ NETO, 2008, p. 25).
185A apuração da notícia IV: a pauta
Esse tipo de situação acontece corriqueiramente quando se trata de uma 
pauta quente. O motivo é que a circunstância de um incidente pode mudar a 
todo instante dependendo da dimensão do ocorrido.
Pautas frias
Nem sempre um jornalista vai se deparar com notícias factuais, pois o dia não 
tem constantemente acidentes, assassinatos, denúncias ou fatos inesperados. 
Nesse contexto, a maioria dos veículos de comunicação preenche suas edi-
torias com as pautas frias. Ou seja, aquelas que podem ser produzidas para 
serem exibidas ou publicadas a qualquer momento. Geralmente exploram o 
cotidiano, comportamento, curiosidade, cultura, humor, saúde e bem-estar. 
Uma característica da pauta fria é que ela pode ser produzida a qualquer 
momento, com maior tempo de produção e aprofundamento. 
Eventos programados como feiras, congressos, coletivas, datas comemo-
rativas, Dia das Mães, Dia dos Pais, Natal, Dia das Crianças, entre tantos 
outros, são excelentes possibilidades de pautas para serem produzidas. Pautas 
genéricas como esportes radicais, roteiro de viagem e tendências podem ser 
feitas e mantidas em stand-by para serem utilizadas sempre que necessário.
Relembrar acontecimentos que completam anos ou meses é outra opção de 
pauta fria. Por exemplo, o desabamento do edifício Palace II vai completar 20 
anos dia 22 de fevereiro de 2018. Oito pessoas morreram no desabamento do 
prédio na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. As últimas informações datadas de 
meados de 2013 informavam que as indenizações das vítimas estavam paradas 
havia quatro anos. Desde então nada foi noticiado. Nesse tipo de pauta fria, o 
pauteiro procura informações atuais sobre o fato. Deve descobrir como estão 
os sobreviventes passados 20 anos do ocorrido. Precisa ver se as indenizações 
já foram pagas. Buscar como fontes não apenas as vítimas e seus advogados, 
mas também órgãos oficiais como o Ministério Público.
Assuntos de repercussão nacional são os preferidos dos veículos de comu-
nicação, pois geram audiência e exploram o comportamentoda população. 
Extrair depoimento de populares abre espaço para opiniões polêmicas e de 
indignação. Isso porque a reação do público registra diferentes perfis (social, 
econômico e cultural) e estimula novas formas de analisar o fato. Por sua vez, 
o pauteiro que acompanhou os desdobramentos do ocorrido durante o passar 
do tempo, tem maior facilidade em dar um novo rumo à abordagem proposta. 
O que também pode ser resolvido com uma profunda pesquisa.
A apuração da notícia IV: a pauta186
Segundo o Manual de Redação da Folha de S. Paulo, a prática de reuniões é importante 
no processo de produção jornalística (MARTINS FILHO, 1997). 
Na Folha, elas devem ser rápidas, objetivas e eficientes. Para isso:
 � agende-se para as reuniões assim que for convocado;
 � chegue ao local no horário marcado;
 � limite suas intervenções aos temas da pauta;
 � procure só falar quando o coordenador lhe der a palavra;
 � compareça com todo o material necessário para sua participação. 
Rumor/boato/fofoca: a Folha só publica rumor (notícia não confirmada) mediante 
consulta prévia à secretaria de redação, quando não há tempo de comprovar a exatidão 
de informação que possa vir a ser relevante. Nesses casos, indique sempre que se trata 
de notícia não confirmada. Boatos (informações falsas) só podem ser publicados quando 
geram notícia, por exemplo: o boato da morte de Saddam Hussein fez despencar 
os preços do petróleo. Neste caso, deixe claro para o leitor que a morte de Saddam 
Hussein é notícia falsa. Fofoca significa mexerico, intriga.
Fonte: Folha da Manhã S/A (1996).
O pauteiro: conceito e características
Como o próprio nome diz, pauteiro é o profissional que elabora a pauta. Tem 
a missão de propor temas que gerem pautas a serem discutidas na reunião 
dos editores e, consequentemente, virem notícias. Além disso, o pauteiro tem 
autonomia para derrubar uma pauta, desde que justificada conforme apresenta 
Barbeiro e Lima (1990, p. 89):
O pauteiro atua decisivamente na construção da reportagem sugerindo per-
guntas e caminhos para o repórter. Este tem liberdade de interpretar a pauta, 
mudá-la no meio do caminho, ou simplesmente comunicar que ela é inexequível 
por motivos que devem ser explicados à chefia.
Entre as atividades do pauteiro está a apuração das informações na matéria. 
Cabe ao pauteiro coletar dados complementares para a execução e organização 
do trabalho jornalístico. Em se tratando de produção para TV, o pauteiro 
deve, num primeiro contato com a fonte, procurar saber sobre o ambiente 
que abarca o assunto. Essa informação deverá ser utilizada por ele para su-
187A apuração da notícia IV: a pauta
gerir imagens para um VT por exemplo. “O pauteiro deve fazer a proposta 
de encaminhamento da matéria com informações complementares, como, 
por exemplo, o tipo de imagem que o cinegrafista deve fazer e especificar o 
equipamento que a equipe de reportagem deve levar” (BARBEIRO; LIMA; 
2005, p. 89). Em uma reportagem para televisão, o VT deve ser utilizado para 
tornar a reportagem menos cansativa aos olhos do telespectador. Também 
para enriquecer a abordagem, além de prender o telespectador. Vale ressaltar 
que uma reportagem sem imagens para cobrir os offs se torna uma sequência 
de depoimentos.
Características do pauteiro
Atenção, organização e planejamento são características primordiais para 
um bom pauteiro. Durante a apuração das informações, este profissional 
deve se atentar para o tempo de execução da pauta. Estar atento a logística 
da produção é fundamental. Se o primeiro entrevistado está em um bairro da 
zona norte, o segundo na zona sul e o terceiro na região central da cidade, o 
pauteiro deve calcular o tempo de deslocamento. Lembre-se, o fator “tempo” 
é um dos limites para a produção jornalística. Em função disso, o pauteiro 
deve sempre estar atento para planejar a produção da matéria da melhor forma 
possível. Procurar agendar as entrevistas de forma coerente (partindo da 
localização mais próxima uma da outra), evitando assim um deslocamento 
desproporcional. Dessa forma, ele vai compreender e antecipar detalhes do 
cenário e assim produzir uma pauta clara e sucinta para o repórter.
Ser um jornalista bem-informado também é uma importante característica 
de um pauteiro. Ler diferentes jornais, revistas e sites de notícias, assistir 
a variados programas de televisão e ouvir programas de rádio devem ser 
atividades diárias do pauteiro. Isso porque é comum os veículos cobrirem os 
mesmos assuntos de diferentes formas. Assim sendo, o pauteiro deve conhecer 
o que já foi publicado. De acordo com Bourdieu (1997, p. 32), “esse é um dos 
mecanismos pelos quais se gera a homogeneidade dos produtos propostos [...]”. 
A homogeneização citada pelo autor é estabelecida pela concorrência entre 
os veículos de comunicação. Por isso, a notícia que é veiculada no noticiário 
da manhã também é repetida no da noite. Porém, deve-se ter uma abordagem 
diferenciada, mais detalhada e atualizada. É o que acontece com assuntos 
polêmicos e factuais de grandes proporções, que são levados à exaustão de 
tanto que são noticiados. Nesse sentido, Bourdieu (1997, p. 77) nos alerta para 
a relação audiência versus interesse econômico no jornalismo: 
A apuração da notícia IV: a pauta188
O universo do jornalismo é um campo, mas que está sob a pressão do cam-
po econômico por intermédio do índice de audiência. E esse campo muito 
heterônimo, muito fortemente sujeito às pressões comerciais, exerce, ele 
próprio, uma pressão sobre todos os outros campos, enquanto estrutura. Esse 
efeito estrutural, objetivo, anônimo, invisível, nada tem a ver com o que se 
vê diretamente, com o que se denuncia comumente, isto é, com a intervenção 
de fulano ou sicrano [...].
Sobre essa relação é preciso compreender que a audiência está intimamente 
ligada à credibilidade. E, em se tratando de produções jornalísticas audiovi-
suais, ter um grande volume de telespectadores representa credibilidade do 
produto. Comercialmente, isso reverte em publicidade. Não podemos fazer vista 
grossa para o fato de que um produto jornalístico (seja em rádio ou televisão) 
necessita de retorno para se manter na grade de programação. E retorno vem 
da publicidade. Assim, a pauta também sofre esse tipo de intervenção.
O campo jornalístico age, enquanto campo, sobre os outros campos. Em 
outras palavras, um campo, ele próprio cada vez mais dominado pela lógica 
comercial, impõe cada vez mais suas limitações aos outros universos. Atra-
vés da pressão do índice de audiência, o peso da economia se exerce sobre 
a televisão, e, através do peso da televisão sobre o jornalismo, ele se exerce 
sobre os outros jornais, mesmo sobre os mais “puros” e, sobre os jornalistas, 
que pouco a pouco deixam que problemas de televisão se imponham a eles. 
E, da mesma maneira, através do peso do conjunto do campo jornalístico, ele 
pesa sobre todos os campos de produção cultural (BOURDIEU, 1997, p. 81).
Ciente de que o jornalismo divulga histórias e assuntos do cotidiano, a 
pauta é a organização dos temas selecionados pelo pauteiro na reunião de 
pauta. Dessa forma, deve-se atentar que o processo de produção de um veículo 
de comunicação é arcado pela publicidade. O assunto da pauta, em alguns 
casos, pode criar novos objetivos, outros enfoques quando tratamos desses 
agentes econômicos.
189A apuração da notícia IV: a pauta
Rotina do pauteiro:
 � sempre estar a par de todos os acontecimentos do dia;
 � ler todos os jornais e revistas concorrentes e ouvir o maior número possível de 
noticiários de rádio e TV;
 � ler o que é enviado para o pauteiro, fax, e-mails, releases;
 � ter uma agenda diária e do mês com anotações sobre os acontecimentos, sempre 
atualizada;
 � verificar a repercussão na cidade ou estado de acontecimentos nacionais e inter-
nacionais, como, por exemplo, o aumento do preço do petróleo;
 � pautar as matérias já com datas conhecidas, como Dia das Mães. Essas matérias 
podem e devem ser preparadas com antecedência;
 � manteratualizados dados históricos e estatísticos sobre os mais variados assuntos 
que possam virar matérias.
Fonte: Fleming (2010).
1. Pauta é o conjunto de informações 
que tem por finalidade:
a) orientar o repórter no processo 
de apuração dos fatos.
b) reunir informações subjetivas 
a respeito do tema.
c) orientar o repórter na escolha 
da fonte ideal para a matéria.
d) situar a equipe de produção 
sobre o possível assunto a 
ser abordado na matéria.
e) comunicar um acontecimento 
ao maior número 
possível de pessoas.
2. De acordo com o jornalista William 
Bonner (2009), as boas pautas são:
a) as que falam de política 
e economia.
b) as que comovem e geram 
repercussão mundial.
c) as que geram audiência.
d) as que afetam a vida das pessoas.
e) as que abordam assuntos 
factuais.
3. Quais são as principais características 
de um bom pauteiro?
a) Informalidade, imediatista 
e premeditação.
b) Senso de justiça, falácia 
e autopromoção.
c) Organização, premeditação 
e senso de justiça.
d) Imediatista, planejamento 
e falácia.
e) Atenção, organização 
e planejamento.
4. Em se tratando das informações 
importantes que devem conter 
na lauda da pauta, o que é 
enfoque ou encaminhamento?
a) É um resumo sobre os fatos 
que levaram a esse tema.
A apuração da notícia IV: a pauta190
b) É o direcionamento a 
ser dado na matéria.
c) É qualquer tipo de 
informação extraoficial.
d) É um resumo do perfil 
dos entrevistados.
e) É a relação de fontes que 
devem ser entrevistadas.
5. Em se tratando de apuração 
jornalística, a pauta é o conjunto de 
informações que vai resultar em uma 
notícia. De acordo com a definição 
dada por Bahia (1990), notícia é:
a) um resumo do cotidiano.
b) um acontecimento factual.
c) tudo o que o jornal publica.
d) um conjunto de informações.
e) informação de interesse público.
BAHIA, J. Jornal, história e técnica: as técnicas do jornalismo. São Paulo: Ática, 1990.
BARBEIRO, H.; LIMA, P. R. Manual de telejornalismo: os segredos da notícia. Rio de 
Janeiro: Elsevier. 2005.
BONNER, W. Jornal nacional: modo de fazer. Rio de Janeiro: Globo, 2009.
BOURDIEU, P. Sobre a televisão. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.
CRUZ NETO, J. E. Reportagem de televisão: como produzir, executar e editar. Petrópolis: 
Vozes, 2008.
FLEMING, A. Elaboração de pauta para telejornal. [S.l.: s.n.], 2010. Disponível em: <http://
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MARTINS FILHO, E. L. Manual de redação e estilo de O Estado de S. Paulo. 3. ed. São 
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Leituras recomendadas
GOMES, I. M. M. Das utilidades do conceito do modo de endereçamento para análise 
do telejornalismo. In: DUARTE, E. B.; CASTRO, M. L. D. (Org.). Televisão: entre o mercado 
e a academia. Porto Alegre: Sulina, 2006.
MARTIN-BARBERO, J.; REY, G. Os exercícios do ver: hegemonia audiovisual e ficção 
televisiva. São Paulo: Senac, 2001.
191A apuração da notícia IV: a pauta
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http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_producao_r.htm
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