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1 Cir����a + Uro����a Blo�� I Aul� 01- Cir����a Vas����r- In�ufi��ên�i� Ven��� Crôni�� –Aspectos Venosos Anatômicos As veias dos MMII podem ser divididas em dois sistemas: a-)Veias Superficiais: localizam-se acima da fáscia profunda no interior do tecido subcutâneo, se iniciam no pé. ● Veia Safena Magna: se forma na junção do arco venoso do hálux; ● Veia Safena Acessória: principal comunicação da veia safena magna com a veia safena parva; ● Veia Safena Parva. b-)Veias Profundas: localizam-se abaixo da fáscia profunda, acompanhando o trajeto das artérias de mesmo nome e geralmente aos pares. ● Veias Tibiais anterior e posterior; ● Veia Fibular. As veias comunicantes são responsáveis pela comunicação das veias superficiais com as veias profundas sem atravessar a fáscia profunda. Já as veias perfurantes atravessam a fáscia profunda da perna e da coxa e conectam o sistema venoso superficial com o profundo. Os três pontos de comunicação entre o sistema venosos superficial e profundo são: ● Junção safenofemoral; ● Junção safenopoplítea; ● Veias perfurocomunicantes. Obs: Os músculos da panturrilha e as artérias são os maiores influenciadores facilitadores do retorno venoso. –Insuficiência Venosa Crônica A Insuficiência Venosa Crônica (IVC) dos membros inferiores consiste em alterações decorrentes da dilatação das veias dos membros inferiores, determinadas pela hipertensão venosa secundária a lesões primárias da parede das veias e das válvulas ou secundárias à trombose venosa. Em outras palavras, tem como principais mecanismos incompetência vascular, alterações definitivas na parede das veias e aumento patológico da pressão nas veias dos membros inferiores. –Fatores de Risco ● Idade > 50 anos; ● Sexo feminino; ● Hereditariedade; ● Causas hormonais (estrogênio e progesterona); ● TVP; ● Postura durante atividade profissional. –Fisiopatologia a-)Função inadequada da bomba muscular; b-)Válvulas venosas incompetentes (refluxos); c-)Aumento da pressão venosa no MMII; d-)Alterações nas paredes das veias; Quando há, por exemplo, uma hipertensão arterial sustentada, é possível que ocorra um enfraquecimento da parede vascular o que leva, consequentemente, ao escape de líquido para o terceiro espaço e assim, provocando edema. Além do escape de células de defesa. O extravasamento contínuo de hemácias para o interstício leva à deposição de hemoglobina na pele e no tecido subcutâneo. A hemoglobina é convertida em hemossiderina pelos macrófagos, que precipita e agrava a reação inflamatória exsudativa. Nesse ponto, exacerba-se a melanogênese, evoluindo com a coloração acastanhada Maríli� Mir���� San���� 2 Cir����a + Uro����a da pele, a chamada dermatite ocre, em geral perimaleolar e no terço distal da perna. O quadro pode evoluir para lipodermatoesclerose, definida como fibrose da pele e do tecido subcutâneo. Nesse estágio, a pele fica fina, rígida, brilhante, com coloração acastanhada sobre o subcutâneo endurecido. Qualquer trauma superficial ou até mesmo o ato de coçar para aliviar o prurido pode ser fator desencadeante para úlcera varicosa. O estágio final da IVC é a úlcera de estase venosa crônica. A ferida pode iniciar-se de forma espontânea ou traumática, com tamanho e profundidade variáveis. Geralmente se localiza no maléolo medial ou lateral e é pouco dolorosa. São frequentes as curas e recidivas. A IVC pode ser classificada em primária e secundária: a-)Primária A primária decorre da degeneração primária da parede venosa. Esses processos degenerativos levam à diminuição das fibras de colágeno e elastina, bem como da musculatura lisa da parede, enfraquecendo e favorecendo sua dilatação. Com a dilatação as válvulas venosas perdem a sua função, determinando insuficiência valvular e refluxo venoso. Essa degeneração é primária e não há relação causal com outros processos mórbidos, como a trombose venosa ou fístula arteriovenosa adquirida. b-)Secundária Decorre de alterações do sistema profundo (refluxo e/ou obstrução), levando à sobrecarga do sistema superficial. Essas alterações podem ser: congênitas, pós-trombóticas ou pós-traumáticas. Uma causa secundária de IVC pode ser a síndrome de May-Thurner, ou síndrome de Cockett, que é a compressão da veia ilíaca comum esquerda pela artéria ilíaca comum, que pode causar sintomas unilaterais no membro inferior esquerdo, associado ou não ao aparecimento de varizes. –Manifestações Clínicas ● A maior parte dos pacientes com insuficiência venosa crônica de membros inferiores não apresenta sintomas ou é oligossintomática; ● A dor, a sensação de peso e queimação que pioram com a postura ereta ou sentada, sendo pior ao final do dia, e diminuem com os pés elevados ou ao deambular; ● São piores na fase perimenstrual, com uso de contraceptivos orais e reposição hormonal; ● O principal elemento do quadro de IVC são as veias varicosas. Conceitua-se as veias como veias dilatadas, tortuosas e alongadas (alterações permanentes), que se apresentam com elevação em relação ao plano da pele e têm pelo menos 3 mm de diâmetro. ● As varizes normalmente surgem na topografia das veias insuficientes: face medial da perna e coxa (veia safena magna) e face lateral da perna (veia safena parva); Varizes ● Também, faz parte do quadro as microvarizes as quais consistem Maríli� Mir���� San���� 3 Cir����a + Uro����a em pequenas veias de trajeto tortuoso ou retilíneo, com calibre menor do que 3mm e em geral não exibem elevação em relação ao plano da pele.Apresentam coloração azulada ou esverdeada, causam incômodo estético; Microvarizes ● As telangiectasias são pequenos vasos, bastante finos, que podem aparecer isoladamente ou ser confluentes. Localizados na derme, em geral não produzem danos à saúde nem sintomas importantes. Telangiectasia ● Com a progressão da insuficiência venosa crônica e a instalação de hipertensão venosa crônica, ocorre eczema varicoso o qual consiste em uma inflamação da derme decorrente do extravasamento de hemácias para o interstício devido à hipertensão das vênulas. Caracteriza-se por vermelhidão e prurido; ● Cãibras, urticárias, irritação cutânea; ● É comum o prurido; –Exame Físico a-)Alterações Vasculares ● Dermatite ocre; ● Telangiectasias; ● Veias reticulares; ● Úlceras; ● Eczema varicoso; ● Tromboflebite, erisipela de repetição. b-)CEAP: tem a função de estratificar a doença venosa, ou seja, quantificar sua gravidade. As fases tem aspecto evolutivo. Classificação Definição C Clínica C0 Paciente assintomático C1 Presença de telangiectasia e veias reticulares C2 Presença de varizes, mas sem edema C3 Presença de varizes e com edema C4 Presença de alterações tróficas C4a Hiperpigmentação, eczema C4b Lipodermatoesclerose, atrofia branca C5 Presença de úlcera varicosa cicatrizada C6 Presença de úlcera Maríli� Mir���� San���� 4 Cir����a + Uro����a varicosa ativa E Etiologia Ec Congênita Ep Primária Es Secundária En Não identificada A Anatomia As Veias superficiais Ad Veias profundas Ap Veias perfurantes P Fisiopatologia Pr Refluxo Po Obstrução Pro Refluxo e obstrução Pn Não identificada –Diagnóstico e avaliação A história clínica caracteriza-se por dor (tipo peso, cansaço ou queimação) nos membros inferiores, vespertina, que pode estar acompanhada de varizes, edema, prurido e cãibras, lipodermatoesclerose e dermatite ocre, além de úlceras venosas. a-)Anamnese ● SIntomas; ● Comorbidades; ● Histórico familiar; ● Atividade laboral; ● Características da dor. b-)Exame físico O exame físico é realizado, inicialmente, com o paciente na posição ortostática. A inspeção e a palpação revelam os trajetos venosos dilatados e tortuosos e demonstram o grau de alteração da pele provocado pela estase venosa crônica, hipercromia, presença de eczema e úlcera. É muito importante a palpação dos pulsos com o objetivo de avaliar se há doença arterial associada. É importante, então, avaliar: ● Presença de varizes; ● Presença de edema; ● Presença de úlceras. c-) Exame complementar ● USG Doppler Venoso: Permite o diagnósticoanatômico e topográfico dos refluxos venosos, sendo padrão-ouro atualmente para investigação dos pacientes com insuficiência venosa crônica. Outro papel importante do exame é excluir trombose venosa concomitante; ● Flebografia: é utilizado em segundo plano quando o doppler não for possível de utilizar. Entretanto, é sempre utilizado em pacientes que já fizeram o uso de doppler, que estão diante de uma cirurgia de reconstrução e são pacientes grau 1. –Complicações da IVC ● Flebite superficial; ● Eczema varicoso; ● Erisipela de repetição; ● Úlcera varicosa; ● Varicorragia; –Tratamento O tratamento pode ser somente clínico ou clínico e cirúrgico. É importante lembrar que pacientes com maiores riscos de desenvolver insuficiência venosa devem ser orientados a seguir medidas para a prevenção da doença. São medidas preventivas o uso de meias de compressão, realização de exercícios físicos regulares, perda de peso, elevar os membros inferiores e evitar períodos longos em pé. –Opções de tratamento: a-)Tratamento conservador: uso de meias elásticas, elevar os membros, deambulação e atividade física, bota unna; Maríli� Mir���� San���� 5 Cir����a + Uro����a Obs: Bota de Unna: é um tipo de curativos muito usado em úlceras avançadas. A terapia compressiva com bota de Unna atinge pressões de interface superiores às meias elásticas e é mais eficaz no tratamento da úlcera varicosa. b-)Tratamento por substâncias esclerosantes. c-)Tratamento cirúrgico é realizado diante de questões estéticas, sintomas refratários, lipodermatofibrose, sangramento de uma variz, tromboflebite superficial e úlcera de estase venosa. –Principais técnicas cirúrgicas ● Safenectomia; ● Valvuloplastia; ● Ablação venosa; 1.Escleroterapia 2.Ablação térmica Obs: Os métodos endovasculares, vem ganhando cada vez mais força, com destaque para a termoablação endovenosa com laser (TELV) de safenas insuficientes, no CEAP 2 (sintomático) e CEAP 3 a CEAP 6. Obs: Não é feita antibioticoprofilaxia em pacientes com insuficiência venosa, apenas antibioticoterapia. –Tratamento e CEAP ● Paciente CEAP 1: meias elásticas, escleroterapia; ● Pacientes CEAP 2: meias elásticas >20mmHg, cirurgia. É importante garantir que o paciente não tem TVP; ● Paciente CEAP 3: Meias elásticas > 35 mmHg, medicamentos venoativas (diosmina, dobesilato de calcio, rutina e extrato de castanha da índia) e, se o paciente tiver refluxo venoso, faz-se a cirurgia; ● Paciente CEAP 4: meias elásticas>35mmHg e a cirurgia é a ligadura das veias perfurantes; ● Paciente CEAP 5: cirurgia e meias elásticas >40mmHg; ● Paciente CEAP 6: bandagens elásticas, não utilizar antibioticoprofilaxia. Questões SanarFlix Comentário: Alternativa A: correta Alternativa B: incorreta. A dermatite ocre se deve ao depósito de hemossiderina na pele. Alternativa C: incorreta. A erisipela é sim complicação da insuficiência venosa crônica Alternativa D: incorreta. O tratamento clínico deve ser fornecido a todos os doentes, independentemente do grau da doença, com meias elásticas compressivas, elevação dos membros inferiores duas a três vezes ao dia e deambulação com exercícios de panturrilhas. A indicação cirúrgica é subjetiva, baseando-se nas questões estéticas e sintomas. Os métodos mais empregados são escleroterapia venosa (para CEAP C1) e safenectomia. O tratamento da úlcera se baseia na compensação clínica e comorbidades do doente. A antibioticoterapia (ciprofloxacino e clindamicina) não está recomendada de rotina, nem mesmo se houver infecção local. Fica reservada para casos graves ou repercussão sistêmica, não tendo indicação de terapia tópica. Por conta da úlcera, o paciente não pode usar meias elásticas. A alternativa é a confecção seriada de curativos compressivos e medicados (óxido de zinco – “bota de Unna”). Após cicatrizada a úlcera, o uso de meias é imperativo. Resposta: A Maríli� Mir���� San���� 6 Cir����a + Uro����a Comentário: CEAP: C0 - sem sinais visíveis ou palpáveis de doença venosa C1 - telangiectasias e/ou veias reticulares C2 - veias varicosas C3 - veias varicosas mais edema C4(a) - hiperpigmentação ou eczema C4(b) - lipodermatoesclerose ou atrofia branca C5 - classe 4 com úlcera cicatrizada C6 - classe 4 com úlcera ativa (aberta). Comentário:A questão traz um caso clínico típico de mulher de meia idade, obesa, com dor em queimação nas pernas. Mesmo sem o exame físico já podemos imaginar que se trata de uma insuficiência venosa, hipótese que é reforçada pela descrição de varizes e dermatite ocre no membro, além da exclusão e alterações arteriais. Vamos analisar as alternativas em busca da incorreta: Alternativa A: Correto, a chamada dermatite ocre é causada pela estase e hipertensão venosas, que resultam em extravasamento de sangue e deposição de hemossiderina nos tecidos. Alternativa B: Correto, esse aumento da pressão hidrostática nos membros inferiores leva à estase e dilatação venosa, que geram os sintomas apresentados. Alternativa C: Incorreta. Esta alternativa exige um conhecimento um pouco mais aprofundado do estudante, mas felizmente as outras alternativas são mais fáceis, o que permite deixar essa como "única opção". Na USG, o doppler mede a velocidade do fluxo venoso por meio da detecção da mudança ou variação na frequência do feixe de ultra-som refletido pelas células sanguíneas. A medida do refluxo não é direta, mas sim calculada a partir tempo de fluxo de sangue no sentido contrário ao esperado. Alternativa D: Correto. Na trombose venosa o sangue fica represado no sistema venoso, determinando o surgimento de varizes, além de levar a lesão direta de veias e suas valvas. Resposta correta, letra C. Maríli� Mir���� San���� 7 Cir����a + Uro����a Aul� 02- Cir����a Vas����r- Pé di��éti�� –Introdução A hiperglicemia crônica associa-se a um expressivo aumento do risco de complicações crônicas microvasculares, que incluem a retinopatia, a neuropatia e a doença renal do diabetes. Esse risco parece começar a aumentar com níveis de hemoglobina glicada a partir de 6,5-7% e quanto mais elevados são a HbA1c e a glicemia média do paciente, pior a evolução do paciente. →Pé diabético O pé diabético é definido como úlcera, infecção ou destruição de tecidos moles associadas a alterações neurológicas e vários graus de doença arterial periférica nos membros inferiores. Assim, uma complicação importante da neuropatia diabética é a úlcera neuropática, que constitui a principal causa de internação de pessoas com diabetes nos EUA. O diabetes mellitus é a principal causa de amputação de membro inferior não traumática. Isso ocorre devido à insensibilidade provocada pela lesão de fibras nervosas submetidas à exposição prolongada à hiperglicemia associada a fatores de risco cardiovasculares. Quando as fibras grossas (A-beta, A-alfa) são comprometidas, ocorre perda da propriocepção, do movimento articular e do feedback da percepção de posição pelos receptores das pernas e dos pés. Em estágios avançados, ocorrem fraqueza muscular e alterações estruturais dos pés pelo comprometimento motor. Um indivíduo diabético apresenta um risco de desenvolvimento de úlcera de pé ao longo da vida até 25%, e a infecção relacionada ao pé diabético é responsável por 80% dos casos de amputação não traumática .–Etiologia ● Tem causa multifatorial; ● Em suma, pode-se dizer que ocorre uma morte axonal decorrente da uma perda da vascularização do sistema nervoso devido à prolongada exposição à hiperglicemia; ● A etiologia interliga três causas: a-)Neuropatia ● Polineuropatia distal simétrica: perda da sensibilidade, com início na região plantar do pé; ● Neuropatia autonômica: ocorrência de anidrose nos pés (secura podal), o que predispõe o aparecimento de fissuras nos pés, ou seja, uma porta de entrada para ocorrência de infecções; ● A neuropatia autonômica associada com a alteração proprioceptiva, altera o formato do pé distribuindo desigualmente o peso sobre o pé; em geral, Maríli� Mir���� San���� 8 Cir����a + Uro����a acomete com maior predominância a base do hálux. b-)Vasculopatia ● Doençaarterial periférica (DAP): acomete sobretudo paciente diabéticos tabagistas; ● Favorece a isquemia e, consequentemente, reduz a capacidade de cicatrização de feridas. c-)Disfunção leucocitária ● Deficiência do sistema de defesa, o que favorece a não cicatrização do ferimento. →Gangrena diabética Possui causa multifatorial, relacionada com as três supracitadas. Se for possível palpar o pulso pedioso do membro acometido, provavelmente a principal causa desencadeante da lesão não foi vascular, mas, sim, neurológica. A neuropatia diabética tem um papel primordial, pois impede que o paciente note que apareceu uma calosidade ou ferida no pé, que acaba por ulcerar e infectar-se. A infecção aliada à isquemia distal pode levar à gangrena úmida. –Classificação de Wagner O pé diabético é classificado em seis degraus de lesão. A classificação foi instituída para avaliar a possibilidade de evolução para gangrena e para auxiliar na terapêutica. a-)Grau 0 ● Apresenta neuropatia e isquemia, mas sem úlcera no pé; ● Risco elevado; b-)Grau 1 ● Presença de úlcera superficial, que só pega a parte da derme, semelhante a uma queimadura; ● Úlcera superficial não infectada em termos clínicos. c-)Grau 2 ● Presença de úlcera profunda com infecção, mas sem abscesso ou osteomielite. d-)Grau 3 ● Presença de úlcera profunda associada a osteomielite, celulite ou formação de abscesso; ● Pode haver gangrena de subcutâneo; e-)Grau 4 ● Presença de gangrena úmida em parte do pé. f-)Grau 5 ● Gangrena difusa no pé. –Avaliação do pé ● O acompanhamento deve ser anual em todo paciente diabético; ● Os sinais clínicos que indicam infecção de uma úlcera diabética são: secreção purulenta, odor forte e celulite nos bordos da úlcera (MedCurso 2022); a-)Anamnese É imprescindível investigar fator de risco para pé diabético, pois pode sugerir Maríli� Mir���� San���� 9 Cir����a + Uro����a que o paciente já possui alterações glicêmicas há muito tempo. →Fatores de risco ● Amputação prévia; ● História prévia de úlcera em MMII; ● Neuropatia diabética; ● Deformidades nos pés; ● Distúrbios visual; ● Doença vascular periférica; ● Nefropatia diabética; ● Baixo controle glicêmico; ● Tabagismo. b-)Exame físico →Inspeção geral do pé ● Paciente deve ficar descalço, em local arejado; ● Avaliação dermatológica (análise da coloração, sudorese, leito ungueal e fâneros); ● Avaliação musculoesquelética (deformidade óssea, atrofia, sinal de fratura). →Avaliação neurológica Baseada no uso de estesiômetro ou monofilamento de náilon de 10g associado a mais 1 dos testes abaixo: ● Diapasão; ● Martelo; ● Pino ou palito; ● Bioestesiômetro. Obs: Na alteração de ao menos 1 dos testes, já considera-se uma perda neurossensorial; →Teste do monofilamento de náilon ● Não tem como objetivo o diagnóstico, apenas avaliar o grau de perda neurossensorial do paciente; ● Locais de avaliação: Hálux, 1,3 e 5ª metatarsos, arcos plantares lateral e medial, calcâneo e região dorsal entre 1º e 2º metatarso; ● Deve-se pressionar com força suficiente apenas para encurvar o monofilamento, sem que ele deslize sobre a pele; ● A percepção da sensibilidade protetora está presente se duas respostas forem corretas das três aplicações e alterada se estiver incorreta em duas de três; ● Na ausência de sensibilidade de 2 dos 5 locais, já considera-se com perda neurossensorial. ● Só pode ser realizado o teste em até 10 pessoas com o mesmo monofilamento, sendo que após isso o aparelho deve ficar em desuso por no mínimo 24 horas. →Diapasão 128 Hz ● Avalia as fibras grossas sensitivas, permitindo a avaliação da sensibilidade vibratória; ● É feito na proeminência óssea do hálux, o “joanete”; ● Considera-se positivo quando o paciente refere não sentir a vibração quando o avaliado ainda consegue sentir na sua mão. →Martelo ● Avalia fibras grossas motoras e deve ser utilizado para a pesquisa do Reflexo de Aquiles; Maríli� Mir���� San���� 10 Cir����a + Uro����a ● Considera-se positivo quando o paciente não realiza uma flexão plantar. →Pino ou palito ● Avalia fibras finas sensitivas; ● Deve ser aplicado no hálux. →Bioestesiômetro ● Quantifica a sensibilidade em volts a sensibilidade vibratória do paciente; ● Não é realizado no Brasil. →Avaliação vascular a-)Palpação dos pulsos tibial posterior e pedioso de ambos os pés; b-)Índice tornozelo-braquial ● Se o paciente apresenta algum sinal ou sintoma de DAP é importante realizar o índice, sendo esses: ○ Pacientes com alteração de coloração, alteração ungueal, perda de fâneros, úlceras dolorosas na região ou pele/úlcera seca; ○ >50 anos. ● O cálculo é feito baseado na maior pressão encontrada no tornozelo (artéria pediosa ou tibial posterior) e divide pela maior pressão encontrada nas braquiais; ● Normal quando está > 0,8; <0,8 representa DAP; quando <0,4 há isquemia em repouso; >1,3 há rigidez arterial ( o teste perde a qualidade); –Classificação de risco e referência/ seguimento a-) Nível 0 ● Sem risco; ● Sem perda de sensibilidade e sem DAP; ● Medidas educativas; ● Seguimento deve ser anual, por médico generalista ou especialista. b-)Nível 1 ● Com perda de sensibilidade com ou sem deformidade; ● Considerar o uso de sapatos especiais, cirurgia profilática (se não for possível o uso dos sapatos em decorrência de alguma deformidade do pé); ● Permanecer com as medidas educativas; ● O seguimento deve ser feito a cada 3-6 meses com o especialista; c-)Nível 2 ● Com DAP associada ou não a perda de sensibilidade; ● Considerar uso de sapatos especiais e consulta com o especialista para seguimento conjunto; ● Seguimento a cada 2-3 meses com o especialista. d-)Nível 3 ● História de úlcera ou amputação; ● Considerar o uso de sapatos especiais, consulta com o especialista se DAP estiver presente; ● O seguimento deve ser feito a cada 1-2 meses com o especialista; →Pé de Charcot Surge por volta do 10º ano após o estabelecimento da diabetes, sobretudo em paciente na 5-6ª década de vida. Os sinais da patologia são: hiperemia, edema, elevação de temperatura quando comparada ao outro pé (>2º), anidrose e neuropatia sensitiva. É uma destruição não infecciosa do osso e da articulação associada à neuropatia. Ou seja, relaciona-se com uma deformação da arquitetura plantar Maríli� Mir���� San���� 11 Cir����a + Uro����a (perda do arco plantar) devido a múltiplas fraturas e traumas que o pé foi exposto. Isso é um forte indício de que o paciente apresenta maior probabilidade de ter úlceras, já que ele pode ter alguma doença vascular associada. –Sinais clínicos ● Os sinais clínicos que indicam infecção de uma úlcera diabética são: secreção purulenta, odor forte e celulite nos bordos da úlcera (MedCurso 2022); ● Avaliar se a úlcera é superficial ou profunda; –Agentes infecciosos a-)Gram-positivos ● Estreptococos e estafilococos ● Úlceras mais superficiais; ● Grau 0 e 1; b-)Gram-negativos ● E.coli, Klebsiella e Enterobacter ● Úlceras mais profundas, associadas à celulite; ● Acima ou igual ao grau 2; –Tratamento ● Gram-positivos nos casos leves, utilizando-se, por exemplo, uma cefalosporina de primeira ou segunda geração, a amoxicilina/clavulanato ou a clindamicina; ● Nas infecções profundas, que ameaçam o membro, a antibioticoterapia deve ser de amplo espectro (ampicilina/sulbactam, ceftriaxona + clindamicina, ciprofloxacina + clindamicina) e o debridamento cirúrgico dos tecidos desvitalizados torna-se parte essencial da terapia; ● Não é preciso esperar o resultado da análise do debridamento para iniciar a antibioticoterapia, após o início do tratamento pode fazer um escalonamento do antibiótico após a análise do resultado. –Como realizar o desbridamento ● Retirar todo o tecido morto e infectado, às vezes sendo necessário debridar até o ossos (osteomielite por contiguidade–geralmente no calcâneo); ● A amputação só é realizada nos graus IV e V, sendo sempre o último recurso; ● A osteomielite é identificada pela radiografia e pelo desbridamento; sendo a biópsia óssea o padrão ouro, podendo serfeito com a ressonância magnética; caso não haja exposição óssea, é possível fazer a análise por uma sonda metálica introduzida no fundo da ferida (tocar no osso é altamente sugestivo para osteomielite), sendo positivo solicita-se a ressonância para confirmar; ● O tratamento da osteomielite é feita com antibioticoterapia de amplo espectro associada a cirurgia ortopédica com o paciente internado; ● Quando há isquemia, o pulso não é palpável, sendo solicitada uma arteriografia para avaliar a necessidade de revascularização do membro ou a amputação. –Prevenção ● Na presença de qualquer alteração do pé, procurar o especialista; ● Não andar descalço; ● Não colocar os pés de molho em água quente ou usar compressas quentes; ● Cortas as unhas de forma reta; ● Não usar calçados apertados, de bico fino, com sola dura ou tira entre os dedos; ● Não usar remédios para os calos, nem cortá-los; Maríli� Mir���� San���� 12 Cir����a + Uro����a ● Enxugar bem os pés, inclusive entre os dedos após o banho; ● Inspecionar o interior dos calçados antes de usá-los; ● Só usar sapatos com meias, trocando-as diariamente. Usar as meias com costura para fora ou sem costura; ● Examinar os pés diariamente e procurar atendimento na presença de lesões; ● Exame regular dos pés por profissional de saúde. Aul� 03- Cir����a Vas����r- Tro���s� Ven��� Pro���d� –Introdução A trombose venosa profunda (TVP) é a formação aguda de trombo nas veias do sistema venoso profundo, denotando obstrução parcial ou até oclusão.As trombose venosas profundas costumam acometer com maior frequência os membros inferiores. A TVP ocorre com frequência, mas, em razão de muitas vezes apresentar sintomatologia escassa, nem sempre é reconhecida em sua fase aguda. A mais temível de suas complicações, o tromboembolismo pulmonar (TEP), é uma das causas mais comuns de morte evitável em ambiente hospitalar, além de fonte importante de morbidade para as vítimas não mortais. O TVP e TEP são espectros diferentes de uma mesma doença (tromboembolismo venoso), a maioria dos pacientes que tiveram TEP são decorrentes de TVP. A TVP difere em gravidade e manejo clínico das tromboses venosas superficiais, também chamadas de tromboflebites superficiais e cujo tratamento envolve o uso de anti-inflamatórios e sintomáticos tópicos, exceto quanto atingem topografia de junções safenofemoral ou safenopoplítea, situações em que o tratamento deve ser semelhante ao da TVP. –Fisiopatologia Os fatores responsáveis pelo desencadeamento de qualquer trombose foram descritos por Rudolf Virchow há cerca de um século. Sendo ele, toda trombose está relacionada a pelo menos um desses três fatores: lesão endotelial, hipercoagulabilidade e estase venosa. a-)Lesão Endotelial: Na presença de lesão endotelial, há exposição do subendotélio, que determina a aderência de plaquetas e glóbulos brancos sobre este e consequente ativação de mecanismo de coagulação. Ocorre a liberação de ADP e tromboxano A2 pelas plaquetas, que implica a adesão de mais plaquetas. Também há a liberação de fatores teciduais que, por sua vez, ativam o fator VII, ativando os fatores IX e X, que, na presença dos cofatores VIII e V, levam à formação de trombina, que contribui para a aderência de novas plaquetas e a formação de fibrina, conferindo consistência ao trombo. A principal causa de TVP em região cervical e MMSS é o implante de cateteres venosos. b-)Hipercoagulabilidade: Está relacionada a situações em que existem processos metabólicos, fisiológicos ou patológicos os quais determinam aumento dos níveis sanguíneos dos fatores de Maríli� Mir���� San���� 13 Cir����a + Uro����a coagulação e diminuição dos níveis de anticoagulantes naturais, inibidores da ativação dos mecanismos de coagulação. Causas de hipercoagulabilidade: gestação, puerpério, uso de anticoncepcional, reposição hormonal, neoplasias, septicemia e trombofilia. c-)Estase Sanguínea: Em condições de diminuição do fluxo sanguíneo no interior das feias, o turbilhonamento de sangue nos seios valvares leva à formação de redemoinhos, com acúmulo local de células sanguíneas, progressivamente estabilizadas no local com a formação de fibrina. Esse processo leva à agregação de mais fibrina, com aderência do núcleo do trombo à parede da veia e crescimento dele, com obstrução venosa e formação de trombo secundário. Situações clínicas que predispõem hipo ou imobilidade e, assim, a estase: imobilizações, paralisias, anestesia geral prolongada, obesidade, gestação de terceiro trimestre, IC e insuficiência venosa dos membros inferiores. –Classificação da TVP ● Proximal: acomete veias ilíacas e/ou femoral e/ou poplítea; ● Distal: veias abaixo da poplítea; Obs: Pacientes com TVP proximal têm maior risco de evoluir com TEP. Já pacientes com TVP distal têm risco de evoluir para TVP proximal. –Fatores de risco ● Restrição prolongada ao leito; ● Cirurgia recente; ● Tromboembolia prévia; ● Trombofilias; ● Neoplasias e quimioterapia; ● Obesidade; ● Trauma, infecções e varizes nos membros inferiores; ● Gestação e puerpério; ● Idade; ● AVE. Tabela do livro Medicina de Emergência USP 2022 –Manifestação clínica ● Os sinais e sintomas mais frequentes são: dor, edema, rubor, sensação de peso nas pernas, em especial na panturrilha, calor local (manifestação questionável), empastamento de panturrilha (aumento da consistência da perna devido ao edema), manifestações sistêmicas; ● Cerca de 50% dos casos podem ser assintomáticos; ● Os sintomas, quando presentes representam quadros agudos; ● Alguns pacientes já abrem o quadro com TEP franco; ● Os sintomas não necessariamente guardam relação com a localização e extensão da TVP; –Sinais clássicos no exame físico ● Sinal de Homans: dor à dorsiflexão do pé; ● Sinal de Lowenberg: dor à compreensão da panturrilha com esfigmomanômetro; ● Sinal de Moses: dor a palpação da panturrilha contra estrutura óssea; ● Sinal da veia sentinela de Pratt: presença de veias superficiais visíveis na face anterior da perna e do pé (sistema profundo comprometido faz regurgitamento para o sistema superficial); ● Sinal de Duque: retificação do oco poplíteo; ● Manobra de Perthes: presença de dor à deambulação e veias Maríli� Mir���� San���� 14 Cir����a + Uro����a ingurgitadas quando obstrui-se as veias superficiais. Obs: Achados como eritema, calor local e o sinal de Homans têm pouco valor diagnóstico. –Manifestações Clínicas ● Milk Leg: cianose femoral importante; dor, edema intensa; ● Gangrena azul de grégoire: síndrome compartimental faz com que o paciente evolua para cianose bilateral; considerada uma emergência vascular. –Avaliação e diagnóstico a-)Critérios de Wells para TVP O diagnóstico leva em consideração a anamnese e a clínica do paciente, sempre associado a exames de imagem. Em casos de suspeita, faz-se uso dos critérios de Wells para avaliar a probabilidade de quadro de TVP. De acordo com a pontuação do teste, tem-se: ● 0: baixa probabilidade; ● 1-2: intermediária probabilidade; ● > 3: alta probabilidade. b-)Exames ● D-dímero: <350: negativo, 350-500: risco intermediário e >500 positivo; ● USG doppler: não é a melhor a ser utilizada em veias dos MMSS, veias distais e TVP assintomática; o não fechamento da veia é o que prediz a TVP; é o que é mais utilizado na vida real; ● Venografia/ flebografia (padrão- ouro): é contraindicada em pacientes com insuficiência renal ou com alergia a contraste; tem sido cada vez mais utilizada; ● Angiotomografia; ● Angio RM: solicitada quando não for possível solicitar o USG. –Na prática ● Se o Wells indicar alta probabilidade, envia para o doppler, se positivo, confirma TVP. Se o doppler der normal, não descarta a possibilidade e repete-o em 5-7 dias; ● De baixa a moderada probabilidade, solicita d-dímero, se positivo, faz o doppler e se der negativo, exclui-se o diagnóstico de TVP; ● Todo paciente com alta probabilidade no Wells inicia-se a anticoagulação plena enquanto espera o USG. Obs: Se o paciente estiver hospitalizado já é considerado em alto risco. –TratamentoEm alta suspeita, já se inicia o tratamento com heparina não fracionada ou de baixo peso molecular. →Qual a dose? ● HNF 80U/Kg (bolus) e infusão continuada iniciada a 18u/kg/h; tem que dosar o TTPA (tem que estar entre 1,5 e 2,5) Maríli� Mir���� San���� 15 Cir����a + Uro����a ● HBPM: enoxaparina (clexane), SC, 1 mg/kg de 12/12 horas; ● Reduz a dose da HBPM pela metade se o paciente tiver um clearance de creatinina menor que 30mL/min; ● Outras opções: Dalteparina 200 U/Kg/dia em duas tomadas; ● Fator X ativado: importante para avaliar condições como insuficiência renal, obesos e gestantes. Espera-se que esteja entre 0,6 a 1 após 4 horas do uso da heparina. Em caso de uso de clexane ou dalteparina em única tomada o valor pode ficar entre 1 e 2; →Novos anticoagulantes ● Fondaparinux; ● Clabigatrana; ● Rivaroxabana; ● Apixabana. a-)Por quanto tempo deve-se manter a anticoagulação? ● Por no mínimo 3 meses; warfarin (5 mg/dia)+ heparina por 5 dias; só suspende a HNF quando o INR estiver entre 2 e 3, em dois dias seguidos; em casos de alta probabilidade (neoplasia) pode manter a heparina por 10 dias; ● Anticoagulantes da nova geração: xarelto (15mg, 2x/dia por 3 semanas); ao final do período, dosa-se INR do paciente para avaliar; ● Se INR mantido por 2 dias acima de 2, suspende-se a heparina; b-)Quando o paciente deve voltar a deambular? ● Quando o paciente tiver melhora dos sinais e sintomas do TVP e medicações ajustadas; ● Meias de compressão: não há evidências de melhora da síndrome pós-trombótica e nem de diminuição de risco de recorrência; ● Paciente com DAOP e/ou com úlcera nas pernas não podem usar meias. →Trombolíticos ● Paciente com gangrena azul, TVP maciça do segmento íleo-femoral ou sem melhora sintomatológica, vai para o trombolítico; ● Só podem ser prescritos em menos de 14 dias e sem risco elevado de sangramento; ● Faz uma lise mais rápida e completa, tem menor risco de TEP, taxa de recorrência e mortalidade semelhantes aos anticoagulantes, além do maior risco de sangramentos graves; ● Pode ser feita de forma sistêmica ou guiada. →Perguntas ● Paciente com TVP distal, a anticoagulação deve ser igual a de um paciente com proximal, desde Maríli� Mir���� San���� 16 Cir����a + Uro����a que ele seja sintomático; em casos de não anticoagulação, deve-se repetir o doppler em 2 semanas; ● A anticoagulação do paciente com TVP deve ser, no mínimo, por 3 meses. Diante de outras comorbidades associadas, paciente jovem, com TVP em locais não convencionais ou com histórico familiar, deve-se investigar trombofilia; ● Paciente de alto risco a partir do 2º episódio de TVP faz anticoagulante para sempre; ● Em contra indicação de anticoagulação, faz-se o filtro de veia cava, o qual impede a passagem do trombo; é indicado em sangramento ativo, TCE e/ou grande cirurgia, AVE hemorrágico (<30 dias), recorrente (já fez a anticoagulação plena e contínua como formador de trombo); ● Contra-indicação de filtro de veia cava: coagulopatia incorrigível grave, trombose de veia cava, evidência de bacteremia/sepse, veia cava maior do que 3,5 cm; ● Pode remover o trombo? Pode, principalmente em TVP proximal extensa; Aul� 04- Cir����a Vas����r- Tro���fl�bi�� Sup��fi��al –Introdução É um processo inflamatório que envolve a formação de trombos nas veias superficiais, predominantemente, dos MMII. Geralmente acomete as veias varicosas ou por lesão na camada das veias (procedimentos). –Quadro clínico ● Geralmente agudo (duração média de 1-3 semanas); ● Resolução espontânea; →Diagnóstico ● Clínico + ecodoppler. –Tratamento ● Compressa morna; ● Elevação dos membros; ● Meias compressivas; ● Algumas literaturas colocam as pomadas heparinoides (Hirudoid, Reparil); ● Medicações: AINES (até 5 cm) e anticoagulantes (entre 5-10 cm); não se deve associar as medicações; ● Esses pacientes têm risco de TVP. Blo�� I� Aul� 05- Cir����a Vas����r- Ane����ma de Aor�� Ab�o��n�� –Revisando Fisiologia Sistema Arterial (Guyton) a-)Distensibilidade vascular Uma característica importante do sistema vascular é a de que todos os vasos sanguíneos são distensíveis. A natureza elástica das artérias permite que acomodem o débito pulsátil do coração, impedindo os extremos de pressão das pulsações. Essa capacidade proporciona um fluxo de sangue suave e contínuo através dos vasos sanguíneos muito pequenos dos tecidos. Obs: As veias são muito mais distensíveis do que as artérias. b-)Complacência Vascular Em estudos hemodinâmicos é usualmente muito mais importante conhecer a quantidade de sangue total, que pode ser armazenada em determinada região da circulação para cada mmHg de aumento da pressão, do que conhecer as distensibilidades dos vasos individuais. Esse valor é referido Maríli� Mir���� San���� 17 Cir����a + Uro����a como complacência ou capacitância do respectivo leito vascular. Um vaso muito distensível que apresente pouco volume pode ser muito menos complacente que o vaso muito menos distensível que apresente grande volume, porque a complacência é igual à distensibilidade multiplicada pelo volume. c-) Complacência Tardia (Estresse-Relaxamento) dos vasos O tempo complacência tardia ou retardada significa que o vaso submetido a aumento de volume apresenta, logo de início, grande aumento da pressão, mas o estiramento tardio progressivo do músculo liso na parede vascular permite que a pressão retorne ao normal dentro de minutos ou horas. Efeito sobre a pressão intravascular da injeção de volume de sangue em segmento venoso e depois da remoção do sangue em excesso, demonstrando o princípio da complacência tardia. Em outras palavras, o volume de sangue injetado provoca distensão elástica imediata do vaso, mas suas fibras musculares lisas começam então pouco a pouco a “engatinhar” para maior comprimento, e suas tensões diminuem na mesma proporção de modo correspondente. Esse efeito é chamado de estresse-relaxamento. –Anatomia da aorta a-) Aorta Ascendente b-)Aorta Abdominal –Fisiopatologia A fisiopatologia do aneurisma de aorta abdominal (AAA) é complexa e envolve vários processos interligados e mutuamente regulados. Pistas fornecidas por amostras de aneurismas humanos correspondentes a fases terminais da doença ou por modelos pré-clínicos indicam que o AAA é uma doença inflamatória crônica associada à regulação positiva local de proteinases, responsável pela destruição progressiva dos componentes estruturais da parede vascular, elevada produção de espécies reativas de oxigênio (ROS) e depleção de células musculares lisas vasculares mediais (CMLV). O AAA humano é caracterizado por um importante infiltrado inflamatório Maríli� Mir���� San���� 18 Cir����a + Uro����a que produz proteases, responsáveis pela degradação da MEC (matriz extracelular), e libera citocinas e espécies reativas de oxigênio (ROS) levando à perda de células musculares por apoptose e necroptose parede arterial e degradação da elastina. Comumente, um trombo intraluminal (ILT) não oclusivo e multicamadas cobre o saco aneurismático humano, permitindo que o sangue flua através de um lúmen preservado (L) e fornecendo uma fonte adicional de EROs e mediadores proteolíticos. –Introdução ● Aneurisma é a dilatação de um vaso com diâmetro transverso maior do que 50% do diâmetro do vaso; ● Se <50% é chamado de ectasia; ● Alguns pacientes podem ter dilatações difusas e muitas vezes contínuas das artérias, sem apresentar um ponto focal desse aumento, situação a qual denomina-se de arteriomegalia; –Classificações a-)Anatômica ● Fusiformes: dilatação circunferencial mais suave (é mais comum); ● Saculares: dilatação mais localizada; desenvolvem-se quando há fraqueza focal em uma porção da parede arterial, resultando em dilatação assimétrica; b-)Verdadeiro ou falso ● Verdadeiro:a parede do aneurisma compreende todas as três camadas arteriais (íntima, média e adventícia) alteradas e dilatadas; ● Falso (pseudoaneurisma): hematoma pulsátil não contido por todas as camadas, confinado por uma cápsula fibrosa e só a adventícia está comprometida(pseudoaneurisma pós punção, por exemplo). –Etiologia a-)Degenerativa: ● É o tipo mais comum; ● Recentemente, verificou-se a relação das enzimas, como a elastase, na participação da degradação de fibras elásticas nos indivíduos com aneurisma; ● O aumento da elastase acontece pela deficiência na produção de fatores teciduais que inibem as metaloproteases, grupo do qual a enzima elastase faz parte; ● A patologia mais associada é a aterosclerose; ● Provavelmente os aneurismas são decorrentes da degeneração arteriosclerótica em indivíduos que, por constituição genética, carregam deficiência em inibir elastase; ● O processo degenerativo é frequentemente atribuído à aterosclerose, porém ela falha na tentativa de explicar algumas alterações arteriais nos pacientes (MedCel 2022). b-)Infecciosos (MedCel 2022) ● Qualquer aneurisma associado diretamente à infecção, Maríli� Mir���� San���� 19 Cir����a + Uro����a evidenciada por cultura positiva ou sinais da presença de microrganismos, pode ser denominado micótico ou infeccioso; ● O aneurisma surge em função da destruição da camada média ou por contiguidade a processos infecciosos nos tecidos vizinhos; ● Os mais frequentes são decorrentes da endocardite bacteriana e da septicemia por bacilos Gram Negativos; c-)Traumáticos (MedCel 2022) ● As lesões traumáticas são as mais relacionadas ao aparecimento dos pseudoaneurismas; ● As principais causas são ferimentos penetrantes por armas brancas ou de fogo, ou relacionadas a traumas fechados por movimento de desaceleração; ● O extravasamento sanguíneo relacionado à lesão traumática é contido pelos tecidos ao redor, formando uma cavidade que se perpetua e cuja parede interna desenvolve endotelização; ● Assim, é um aneurisma sem a presença de todas as camadas arteriais. a-)Doença Aneurismática ● A aorta é o vaso mais acometido por aneurismas degenerativos; ● Em seguida, temos: A.ilíacas, poplíteas, femorais, esplênicas, hepáticas, mesentérica superior e pulmonares; ● Na aorta, os segmentos mais acometidos são: Abdominal infrarrenal (85%), a.justarrenal, a.pararrenal. Obs: Pacientes com aneurisma infrarrenal têm maior probabilidade de desenvolver aneurisma de ilíacas. →Classificação de Aneurisma Abdominal Tipo I ● Aneurisma infrarrenal; ● Tipo mais comum; ● Origem na aorta abdominal infrarrenal, com diminuto segmento da aorta. Tipo II ● Aneurisma Justarrenais; ● Se originam em um segmento da aorta imediatamente após a emergência das artérias renais. Tipo III ● Aneurisma Pararrenais; ● Tem origem exatamente nas emergências das artérias renais. Tipo IV ● Aneurisma Toracoabdominal; ● O aneurisma envolve a aorta abdominal em um segmento tanto abaixo quanto acima das origens das artérias renais; ● Requerem abordagem toracoabdominal para correção cirúrgica. –Aneurisma da Aorta Abdominal (AAA) ● Aproximadamente 85% dos AAA são infrarrenais, o tipo mais fácil de correção por reparo endovascular; ● 40% dos pacientes com AAA apresentam também aneurismas de artérias ilíacas; ● O diâmetro normal da aorta é de 1,4 a 2,4 cm; Maríli� Mir���� San���� 20 Cir����a + Uro����a ● Quando, no homem, o diâmetro está > 3 cm, diz-se que há um aneurisma; ● Quando, na mulher, o diâmetro está > 2,6 cm,diz-se que há um aneurisma; –Fatores que podem contribuir para maior vulnerabilidade desse segmento da aorta ● Fatores estruturais: uma lâmina elástica mais delicada e ausência de vaso vasorum na aorta; ● Fatores hemodinâmicos: estresse pulsátil intenso devido à própria geometria do paciente ou rigidez local; ● Rigidez local. Obs: Os vasa vasorum são pequenas artérias que penetram na parede arterial tanto por sua superfície luminal (vasa vasorum interna) como pela adventícia (vasa vasorum externa). –Fatores de risco para o desenvolvimento ● Sexo masculino; ● Tabagismo; ● Idade avançada; ● DPOC; ● HAS; ● Hipercolesterolemia; ● História familiar positiva; ● Raça branca; ● Relação com hérnia inguinal. –Fatores de risco de expansão e ruptura ● Tabagismo; ● VEF1 reduzido; ● HAS; ● Transplante renal ou cardíaco; ● Diâmetro de base aumentado; ● Rápido crescimento do aneurisma (crescimento maior que 0,5 cm em 6 meses ou mais de 1 cm ao ano); ● Sexo feminino; ● Aneurisma sacular. –Fatores de proteção ● DM; ● Sexo feminino; ● Raça negra. →Estudo de 2023 Diabetes como fator protetor: O benefício associado ao diabetes é específico do gênero, circunscrito exclusivamente aos homens, enquanto nenhuma diferença na incidência de AAA entre mulheres diabéticas e não diabéticas foi detectada. –Clínica ● A maioria é assintomática, sendo, geralmente, um achado clínico; ● No exame físico: massa pulsátil, geralmente fusiforme na linha média do abdome; ● Em pacientes sintomáticos: o quadro pode ser inespecífico com dor abdominal vaga ou dor lombar; ● Algumas complicações podem estar presentes: isquemia dos MMII, embolização de microcristais de colesterol com isquemia e cianose de pododáctilos (síndrome do dedo azul); ● Em caso de ruptura tem-se uma clínica mais clássica. Maríli� Mir���� San���� 21 Cir����a + Uro����a –Diagnóstico ● Eventualmente diagnosticados com exames complementares como USG ou radiografia simples. a-)USG ● Precisão nos diâmetros transverso e longitudinal dos vasos e na detecção de trombos murais; ● Sensibilidade de 95% e especificidade de 100%; ● Permite o acompanhamento ao longo do tempo; ● Não é um bom exame para diagnosticar ruptura. b-)TC e Angio TC ● É o método de imagem mais preciso para delinear a anatomia do aneurisma; ● É fundamental na avaliação pré-operatória, na cirurgia aberta ou intervenção endovascular; ● Identifica toda a área de extensão do aneurisma e sua relação com vasos renais e ilíacas; ● Identifica lesões em outras artérias e anomalias vasculares; ● Avalia o retroperitônio; ● Identifica trombos e calcificações no aneurisma; ● Tem maior precisão para avaliação no diâmetro do lúmen aórtico (avalia o quanto o diâmetro está comprometido); c-)Arteriografia (padrão-ouro) ● Tem a vantagem da ausência de radiação ionizante; ● Gadolínio e pacientes renais crônicos é um alerta pois a substância pode causar fibrose sistêmica nefrogênica; ● A principal limitação: impossibilidade de identificar áreas de calcificação na parede da aorta; ● Menos disponível, maior custo e mais demorada. d-) Angio-RM ● É útil para detectar envolvimento de outras artérias; ● Não identifica bem presença de trombos no lúmen; ● Tem risco de nefrotoxicidade e possibilidade de lesão arterial ou embolização devido à punção da artéria para a realização dos exames. –Existe rastreio de AAA? →Triagem em larga escala em pacientes de 64-74 anos com fator de risco para AAA reduziu mortalidade em 42%; →De acordo com a literatura norte-americana: a. Homens com 65 anos ou mais: USG pelo menos uma vez; b. Homens com 55 ou mais e história familiar positiva e/ou tabagista: Maríli� Mir���� San���� 22 Cir����a + Uro����a USG de abdome pelo menos uma vez; c. Mulheres: não há recomendação. (Medcare americano: USG em mulheres com história familiar de AAA/ou tabagismo e >65 anos). Obs: No Brasil não faz rastreio!! –Seguimento Pacientes que a princípio não necessitam de intervenção devem se submeter a USG seriada quando: ● Menor que 2,6 cm: nenhuma triagem; ● Entre 2,6-2,9 cm: a cada 5 anos; ● Entre 3,0-3,4 cm: a cada 3 anos; ● Entre 3,5-4,4 cm: a cada 12 meses; ● Entre 4,4-5,4 cm: a cada 6 meses; ● > 5,5cm: cirurgia. Obs: Limiar de indicação de intervenção corretiva: diâmetro dos AAA de 5,5cm. –Tratamento ● Suspender tabagismo; ● Acompanhamento com USG; ● Controle de HAS e dislipidemia; ● Doxiciclina. Obs: Estudo de 2023 a-) Estatinas: Além da atividade hipolipemiante das estatinas, é agora bem reconhecido que algumas das suas respostas benéficas são derivadas dos seus efeitos pleiotrópicos, tais como a melhoria da função endotelial, a redução da inflamação e do estresse oxidativo e a atenuação da trombose. Assim, vários pesquisadores levantaram a hipótese de que as estatinas poderiamlimitar o desenvolvimento de AAA através de suas propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes, apoiadas ainda por dados pré-clínicos em modelos animais. Revisões sistemáticas e meta-análises de estudos observacionais que avaliaram o efeito da terapia com estatinas nos resultados de crescimento levaram a conclusões discordantes. No entanto, as evidências de que as estatinas reduzem a mortalidade a longo e curto prazo em pacientes após a correção cirúrgica do AAA, melhorando a sobrevida por todas as causas, sustentam a prescrição de estatinas para o tratamento desta doença, de acordo com as diretrizes atuais. b-) Medicamentos anti-hipertensivos: ainda faltam evidências conclusivas que apoiem sua aplicação clínica. Inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA), bloqueadores dos receptores tipo 1 da angiotensina II (BRA) e propranolol foram os agentes hipotensores mais extensivamente estudados. No entanto, os estudos não obtiveram evidências de melhora quanto à progressão da expansão. c-)Doxiciclina: A doxiciclina é uma tetraciclina que além de sua atividade antibiótica se comporta como inibidor de metaloproteases em dose sub-antimicrobiana. No entanto, os estudos não evidenciaram melhora quanto ao uso das doxiciclinas na progressão do aneurisma. d-) A resposta imunoinflamatória como alvo terapêutico: A infiltração de células inflamatórias vasculares é um achado consistente em lesões aneurismáticas humanas e experimentais. As células inflamatórias contribuem para a remodelação destrutiva da parede arterial e a apoptose das CMLV através da liberação de citocinas e enzimas proteolíticas e do aumento do estresse oxidativo vascular. Embora alguns estudos sugiram que a imunossupressão possa exacerbar o crescimento do aneurisma e promover sua ruptura, questionando a segurança de intervenções anti inflamatórias nesses pacientes, foi relatado que a depleção de células B, mastócitos, neutrófilos e células T assassinas naturais em roedores melhora desenvolvimento de AAA, Maríli� Mir���� San���� 23 Cir����a + Uro����a enquanto Tregs parece desempenhar um papel protetor contra esta doença. →Quando indicar intervenção eletiva nos AAA? ● Diâmetro > 5,5 cm (mulher > 5cm tem bom risco cirúrgico); ● Crescimento rápido do aneurisma; ● Aneurisma sintomático; ● Aneurisma roto; ● Associação com outros aneurismas periféricos ou viscerais; ● Presença de saculações. –Intervenções a-)Reparo aberto: transperitoneal ou retroperitoneal; ● Pacientes com história de cirurgias abdominais prévias, radioterapia no abdome, diálise peritoneal, rim em ferradura ou ascite, se beneficiam do acesso retroperitoneal; ● Complicação do reparo aberto: IAM (principal causa de óbito), IRA, isquemia colônica transmural, infecções da prótese, hérnia incisional; ● Mortalidade em 30 dias de aproximadamente 2%, com tempo médio de internação hospitalar de 9 dias. Obs: Diante de uma infecção de prótese, prescreve-se ATB e faz-se laparotomia para a retirada do enxerto. b-)Reparo endovascular ● Através do acesso femoral (endoprótese dentro do aneurisma); ● Principal vantagem: evitar reparo aberto, beneficiando pacientes com comorbidades e risco cirúrgico elevado; ● É o procedimento de escolha, realizado em 70% dos casos; ● Exige anatomia favorável, a qual é a avaliada pela angio TC; ● Caso exista aneurisma em AIC, fixa-se a endoprótese na AIE. Obs: Diz-se que o paciente tem anatomia favorável quando há presença de colo infrarrenal > 15mm livre de trombo e aneurisma. Além disso, as ilíacas comuns devem ter uma extensão de cerca de 20 mm ou mais livre de oclusão, calcificação e/ou trombo. Correção endovascular →Complicações da intervenção ● As mais frequentes são no sítio da artéria femoral: hematomas, sangramentos, pseudoaneurismas; ● Embolização distal dos MMII; ● A causa de falha mais comum é o chamado endoleak que exige uma colocação de uma nova endoprótese ou dilatação da endoprótese com um balão ou retirada da endoprótese e conversão para cirurgia aberta; ● A mortalidade em 30 dias é de 1% e o tempo de permanência no hospital é de 3 dias. Maríli� Mir���� San���� 24 Cir����a + Uro����a –EndoLEAK É o vazamento de sangue por meio da prótese. É evidenciado no intra operatório imediato, na observação de contrastação do saco aneurismático fora da endoprótese ou no seguimento pós-operatório. ● Tipo I: falha na fixação da endoprótese ou proximal ou distal; para esse caso pode ser colocada uma nova prótese ou um balão aórtico; ● Tipo II: preenchimento contínuo do saco aneurismático pelos vasos lombares. É o mais comum. Sangramento retrógrado de artérias lombares; nem sempre tem indicação cirúrgica, tendo em vista que a embolização de vasos lombares pode resolver o problema; ● Tipo III: Defeito na estrutura da própria endoprótese. Dissociação entre os módulos da endoprótese permitindo o vazamento para o saco aneurismático; precisa de intervenção cirúrgica; ● Tipo IV: Aumento da porosidade da prótese; nem sempre tem indicação cirúrgica; ● Tipo V: Estado de hipertensão entre o saco aneurismático e a endoprótese. Obs: Os endoleaks tipos I, III e V requerem tratamento imediato, pois podem causar aumento do saco aneurismático e rotura do aneurisma. Os endoleaks tipos II e IV, por sua vez, podem ser observados e tratados em caso de expansão do saco aneurismático. Cada tipo de endoleak tem um tratamento específico, podendo ser cirúrgico aberto ou endovascular (MedCel 2022). –Qual das técnicas é melhor? ● Cada vez usa-se mais técnicas menos invasivas; ● No pós operatório imediato a c.endovascular é mais vantajosa em termos de morbimortalidade precoce; ● A morbimortalidade a longo prazo é igual para as duas cirurgias; ● Desvantagens da cirurgia endovascular: maior taxa de reinternação e reoperação; 20-30% desenvolvem endoleak em 6 anos; ● Seguimento rigoroso: USG e angio TC 1 mês após o procedimento, 12 meses após o procedimento e anualmente a partir de então; ● A cirurgia aberta sugere a angio-TC a cada 5 anos. –Ruptura do aneurisma ● É a complicação mais temida; ● Sintomas: dor abdominal aguda e intensa, frequentemente irradiada para a região lombar e eventualmente para região inguinal. Apresenta fácies de dor aguda e sudorese profusa; ● Tríade clássica: massa abdominal pulsátil, dor abdominal súbita e choque hipovolêmico; ● A ruptura requer intervenção imediata (emergência vascular). →Manejo ● Na presença de estabilidade hemodinâmica: angio-TC helicoidal (terapia endovascular); ● Pacientes hemodinamicamente estáveis com anatomia favorável: terapia endovascular; ● Pacientes com instabilidade hemodinâmica: terapia Maríli� Mir���� San���� 25 Cir����a + Uro����a endovascular pode ser determinada no intraoperatório; controle do sangramento com balão inserido por acesso femoral reposição volêmica: arteriografia; anatomia favorável: balão vai sendo desinflado na medida que progride a endoprótese; ● Converte-se para cirurgia aberta: não há controle do sangramento com o balão de oclusão aórtico, incapacidade de se posicionar a endoprótese, sangramento continuado mesmo com a colocação da endoprótese. ● Reparo aberto: Realiza o acesso transperitoneal, estabilização e controle do sangramento. Aul� 06- Cir����a Vas����r- DA�� –Fisiopatologia da DAOP A aterosclerose é caracterizada por lesões na túnica íntima chamadas de ateromas, ou placas ateromatosas. São lesões elevadas compostas por centro mole e grumoso de lipídeos, cobertas por uma cápsula fibrosa. As placas ateromatosas podem obstruir mecanicamente o lúmen vascular e se romper, evoluindo para uma trombose dos vasos. Elas também enfraquecem a camada média subjacente e levam à formação de aneurismas. A aterosclerose é uma doença sistêmica das artérias de grande e médio calibre que causa estreitamento luminal, provocando a DAOP. O paciente com DAOP tem restrição energética no local de obstrução (pernas). Por isso, um sintoma predominante é a claudicação intermitente, e isso ocorre porque embora o suprimento de sangue seja suficiente para atenderàs demandas do músculo inativo, ocorre uma incompatibilidade entre o suprimento de sangue e o aumento da demanda induzida pela atividade. –Introdução ● Caracterizada por oclusão ou semioclusão de um ou mais segmentos arteriais que nutrem os MMII; ● Os fenômenos ateroscleróticos são o que desencadeiam a doença, sobretudo nas artérias poplíteas e femorais (90%), artérias tibiais e fibulares e aorta abdominal e artérias ilíacas; ● Embora outros processos patológicos possam levar ao estreitamento das artérias dos membros, como a inflamação e a trombose, e sintomas de insuficiência arterial, a aterosclerose é a etiologia mais prevalente da DAOP; ● Geralmente as áreas mais acometidas são as de bifurcação por serem mais estreitas; ● O indivíduo com perfil para a doença é o idoso entre a 6ª e 7ª década de vida; ● A principal causa de morte por DAOP é o IAM. –Fatores de risco ● Aterosclerose; ● Tabagismo; Maríli� Mir���� San���� 26 Cir����a + Uro����a ● Hipercolesterolemia; ● Dislipidemia; ● HAS; ● Hiperhomocisteinemia; ● DM; ● Raça negra. –TASC II- Consenso Transatlântico Internacional Ele estabelece fatores de risco que estão relacionados a uma maior probabilidade de desenvolver DAOP ao longo da vida. ● < 50 anos associado a DM e outro fator de risco adicional; ● 50-69 anos associado a tabagismo ou DM; ● >70 anos; ● Pulsos anormais ou ausentes nos MMII; ● Sintomas causados pelo esforço ou dor isquêmica em repouso; ● Aterosclerose coronariana e/ou carotídea e/ou renal conhecida. –Sinais e Sintomas Pacientes com DAOP geralmente são assintomáticos, no entanto se o suprimento de sangue não for suficiente para atender os requisitos metabólicos contínuos como consequência do estreitamento arterial, ocorrerão sintomas. A gravidade dependerá do grau de estreitamento arterial, número de artérias afetadas e nível de atividade dos pacientes. a-)Sintomas ● Claudicação intermitente: dor desencadeada pela deambulação e que melhora com repouso. É sempre importante caracterizar distância que caminha, para avaliar o grau de obstrução; ● Claudicação na panturrilha (restritas a elas ou não); ● Distância útil de marcha: se está encurtando, doença em evolução, se aumentou o tratamento está sendo eficaz; ● Em doença avançada, o paciente mesmo em repouso sente dor. É uma dor que piora em posição de decúbito, tendo melhora do quadro quando o membro está inclinado; ● Independente do segmento arterial acometido, a dor é sempre referida nas panturrilhas associada ou não a outro local; ● Diagnóstico diferencial: neuropatia periférica; diferencia-se quando o paciente melhora quando está sentado (DAOP); ● Síndrome de Leriche: quadro de doença oclusiva da aorta, afetando as ilíacas, manifestada com uma tríade clássica composta por claudicação, dor em nádegas, coxa e pernas associada à impotência sexual. Obs: Na síndrome de Leriche, amenorreia secundária já pode ser um sinal de impotência sexual. b-)Sinais ● Úlcera isquêmica ou úlcera arterial: é distal, de bordas bem definidas, muito dolorosas, com fundo seco, dolorosas e exibem pouco sangramento e sem tecido de granulação; ● É importante diferenciar de úlcera venosa que é geralmente perimaleolar, bordas pouco Maríli� Mir���� San���� 27 Cir����a + Uro����a delimitadas, pouco dolorosa e com fundo exsudativo e bastante tecido de granulação; ● Quando o paciente apresenta úlcera isquêmica, geralmente também apresenta diminuição ou ausência da amplitude dos pulsos, pele fina (seca, brilhante e sem pêlos), unhas mais frágeis e hipertróficas (alterações na temperatura e coloração) e palidez (até mesmo discreta cianose cutânea/diminuição da temperatura). Obs SanarFlix Úlcera Isquêmica: Não cicatrizam porque o suprimento de sangue é insuficiente para atender às necessidades do tecido cicatrizante. As úlceras isquêmicas que envolvem o pé podem ser infectadas e levar à osteomielite. →Isquemia Crítica ● Dor isquêmica em repouso: uma redução severa na perfusão dos membros pode resultar em dor isquêmica em repouso. Esta é tipicamente localizada no antepé e nos dedos dos pés e não é facilmente controlada por analgésicos; ● O paciente refere uma piora da dor com a elevação do membro. →Teste de Buerger ● É utilizado para avaliação de doença arterial; ● Pode ser realizado de maneira ativa ou passiva; ● O paciente em decúbito dorsal, eleva o membro suspeito e, junto com a elevação, faz-se flexão do membro inúmeras vezes; ● Quando o membro está elevado, tende a ficar pálido; ● Quando o membro fica pendente, o membro fica avermelhado, chamado de hiperemia reativa. –Avaliação e Diagnóstico a-)Fontaine ● I: Assintomático ● IIa: Claudicação leve ● IIb: Claudicação moderada a grave ● III: Dor isquêmica em repouso ● IV: Úlcera isquêmica extensa. b-)Rutherford ● 0: Assintomático; ● I: Claudicação leve; ● II: Claudicação moderada; ● III: Claudicação grave; ● IV: Dor isquêmica em repouso; ● V: Necrose pequena; ● IV: Necrose extensa. –Anamnese e exame físico ● Anamnese e exame físico compatível são o suficiente para realizar o diagnóstico; →Avaliação de gravidade a-)Índice Tornozelo-Braquial (ITB): Classificação Valor Normal 1,1 DAOP 0,5-0,9 Isquemia crítica <0,4 Calcificação >1,4 Obs: ITB >1,4 fala a favor de calcificação arterial; perdendo a eficácia para avaliação de gravidade da DAOP; Obs:Os pacientes com claudicação intermitente com ITB normal em repouso, faz-se o ITB após a realização de exercícios. Maríli� Mir���� San���� 28 Cir����a + Uro����a –Teste da esteira ● Indicado para pacientes com claudicação intermitente associado a ITB de repouso normal; ● Consegue avaliar a magnitude da limitação funcional e guiar a resposta ao tratamento; ● Padrão de exercícios fixos ou graduados e esteira monitorizada, medindo a distância da dor e a distância máxima de caminhada. –Exames de Imagem Geralmente a imagem vascular não é necessária para estabelecer o diagnóstico de DAOP, no entanto pode ser indicada para diferenciá-la de outras doenças vasculares e para identificar o local do vaso acometido em caso de indicação de intervenção. a-)USG Doppler Arterial ● Exame de rotina para os pacientes com DAOP; ● Consegue avaliar o grau de estenose na artéria, mas não tem boa precisão; ● Consegue avaliar o fluxo sanguíneo. Se aumentar o fluxo, é indicativo de estenose; ● É um exame que possibilita avaliar a presença de estenose das artérias nativas e também de enxertos de revascularização, por isso é o exame de escolha para vigilância de rotina em paciente que foi submetido a revascularização; ● Tem a desvantagem de ser operador dependente e não consegue mostrar a extensão e a natureza da lesão, além de perder a qualidade em pacientes obesos e com calcificação arterial. b-)Angio-TC ● Apresenta uma qualidade superior a angiografia por possibilitar a avaliação do diâmetro e grau de comprometimento do vaso; ● Consegue apontar a luz do vaso, mas tem a desvantagem da contraindicação em pacientes com IR, calcificação vasculares e implantes metálicos. c-)Angio- RNM ● Possibilita a avaliação dos vasos tibiais; ● Tem a desvantagem de superestimar a estenose; ● Não é feito em pacientes com DRC pelo risco de fibrose sistêmica nefrogênica (reação ao gadolínio). d-) Angiografia ou Arteriografia ● É o padrão-ouro; ● Permite fazer o diagnóstico e tratamento simultaneamente; ● Deve ser usado com cautela pelo risco de nefrotoxicidade em pacientes renais crônicos, diabéticos e portadores de mieloma múltiplo e proteinúria. –Tratamento a-)Tratamento Conservador ● Modificações dos hábitos de vida; ● É obrigatória interrupção do tabagismo; ● Tratamento do HAS, devendo ser inferior a 130 x 80 mmHg; estudos apontam que o controle da pressão exacerba os sintomas da DAOP, o tratamento para HAS é para reduzir desfechos cardíacos; alguns estudos apontam que o tratamento com Maríli� Mir���� San���� 29 Cir����a + Uro����a IECA reduz a mortalidade dos pacientes e tratamento de DAOP junto com doenças coronarianas com BB não apontaram exacerbação de DAOP; ● Controleda DM (HbA1c <7%); ● Controle da dislipidemia (LDL<100 e, se já em uso de estatinas <70); ● Uso de antiplaquetários é necessário para evitar desfecho cerebrovasculares, sendo usado o AAS e ,em alergia a este, o clopidogrel; não se observou benefícios do uso de heparina nesses pacientes; ● Atividade física supervisionada; ● Cilostazol, inibidor da fosfodiesterase-3, que promove atividade antiplaquetária e vasodilatadores; sendo contraindicado para pacientes com IC. Obs: Não pode fazer associação de AAS com clopidogrel em pacientes com DAOP. Obs SanarFlix: Paciente com Claudicação Intermitente: O tratamento consiste em mudança dos hábitos de vida, associada a atividade física e cilostazol. Em contraindicação de cilostazol, faz-se uso do AAS. b-)Tratamento Intervencionista ● Indicação: isquemia crítica; paciente com sintomas significativos ou incapacitantes que não respondem a medidas conservadoras; isquemia ameaçadora com úlceras que não cicatrizam; pacientes com ITB <0,4; ● O tratamento intervencionista exige a arteriografia e, de acordo com a natureza arterial e TASC II, decide-se se o tratamento vai ser endovascular ou cirúrgico; ● O tratamento endovascular tem menor risco e durabilidade em relação à cirurgia; ● As diretrizes recomendam cada vez mais pela revascularização percutânea inicial; ● A intervenção endovascular consiste na retirada do trombo e a colocação de um stent. A falha do método é um critério para a cirurgia; a-)Lesões Desfavoráveis ao tratamento endovascular ● Estenose de segmento longo; ● Estenose multifocal; ● Estenose excêntrica e calcificada; ● Oclusão de segmento longo. b-)Terapia Endovascular- ATP ● Tem uma taxa de sucesso maior na ilíaca comum do que na poplítea e na femoral; ● Com stent, a taxa de patência é 85%; colocação de stent: lesões pequenas e bem delimitadas, doença supra-patelar (doença ilíaca, femoral e poplítea), lesão abaixo do joelho são candidatas a cirurgia; ● Indicada também para lesões pequenas e bem delimitadas da A.femoral. c-)Cirurgia de Revascularização (by-pass) →Doenças Aorto-Ilíacas ● By-pass aortobifemoral; ● O material utilizado é o enxerto de dacron; Maríli� Mir���� San���� 30 Cir����a + Uro����a ● Patência do enxerto em 10 anos é de cerca de 80%; ● Mortalidade operatória é de 1-3%; →Doença Femoropoplítea ● By-pass femoropoplíteo: enxerto da veia safena ou enxerto de politetrafluoretileno (PTFE); ● Patência em 5 anos da safena em relação ao PTFE; ● Para vasos distais utiliza-se os by-pass com veia safena; ● É indicado para salvar o membro criticamente isquêmico. →Amputação ● 5% pacientes com claudicação, sem acompanhamento, evoluem para isquemia de 5-10 anos; ● Doentes que continuam a fumar; ● Presença de múltiplos fatores de risco para doença aterosclerótica e claudicação após curta distância; ● Cerca de 5-10% dos pacientes chegam com isquemia crítica em repouso e, para esses, já vão para a amputação; ● No restante, é indicada quando a revascularização por uma razão ou outra pode ser indicada; ● Pacientes com infecção extensa da perna também são candidatos a cirurgia. Aul� 07- Cir����a Vas����r- Oc�u�ão Ar�e���l Agu�� –Introdução ● É a interrupção súbita do fluxo sanguíneo de uma artéria, levando à diminuição da perfusão do tecido irrigado por ela e causando isquemia e repercussões sistêmicas variáveis; ● Qualquer diminuição aguda do suprimento arterial do membro inferior que o comprometa ou o coloque em risco; ● O atraso no diagnóstico da OAA pode resultar em uma série de eventos com danos irreversíveis ao membro acometido, por isso, é considerada uma emergência vascular; ● É uma patologia muito similar a IAM, pois ocorre de forma súbita a oclusão do vaso comprometendo a vitalidade do membro; ● Há duas principais causas: embolia arterial ou trombose. –Causas a-)Embólica ● Causa mais comum; ● Tendo a principal origem em um trombo transmural, na maioria das vezes, no coração que impacta nas artérias de menor calibre; ● O fator emboligênico mais comum é o coração; ● É comum ocorrer nas áreas de bifurcação; ● A bifurcação da femoral comum é a mais acometida; ● Quando há oclusão da bifurcação da aorta tem pior prognóstico, chamado de êmbolo em sela; ● Tem um pior prognóstico pois não houve tempo para neovascularização; ● A oclusão embólica é progressiva. →Principais causas de Embolia Cardíaca: ● FA; ● Pós-IAM; ● Doenças valvares; Maríli� Mir���� San���� 31 Cir����a + Uro����a ● Embolia paradoxal; ● Endocardite bacteriana; ● Tumores cardíacos (mixoma atrial). →Principais causas de Embolia Não Cardíaca: ● Arterioembolismo: ocorre por detritos ateroscleróticos em artéria proximal; ● Trombos murais aórticos. b-)Trombóticas ● Resulta da coagulação sanguínea dentro de uma artéria; ● A principal causa é a aterosclerose preexistente; ● Os sintomas são menos intensos; por ser resultado de uma DAOP mal tratada, resultando em circulações colaterais para manter algum grau de perfusão; ● Tem melhor prognóstico por ter uma circulação colateral distal; ● Outras causas trombóticas: oclusão de enxertos de revascularização prévia ou estágios de hipercoagubilidade. –Apresentação clínica ● Pode ser assintomático, pois depende do vaso que foi obstruído, se o paciente tinha alguma doença no vaso e se havia vasos colaterais; ● O perfil do paciente é idoso, com mais de 50 anos, com fator de risco para doença aterosclerótica ou emboligênica; ● A isquemia aguda pode afetar nervos sensitivos, motores, pele e músculo; ● O paciente pode sofrer com claudicação leve até dor incapacitante; ● Diferente do coração e do SNC, o paciente pode evoluir para isquemia irreversível com 6-8 horas. →Manifestações Clínicas 6 P´s Obs: A presença de pulso não exclui OAA. –Classificação de Rutherford –Avaliação e Diagnóstico ● O diagnóstico é baseado na anamnese e exame físico; ● Nenhuma medida diagnóstica complementar deve atrasar a intervenção; ● Angio-TC: exame excelente pela boa acurácia para avaliar o diâmetro do lúmen arterial; ● Arteriografia infra-arterial (transfemoral): padrão-ouro e é sempre realizada em pacientes Maríli� Mir���� San���� 32 Cir����a + Uro����a que serão submetidos ao tratamento intervencionista; ● Angio-RM: não possui superioridade em relação a angio-TC. –Tratamento da OAA 1. Proteção térmica com algodão ortopédico; 2. Heparinização sistêmica: HNF em bolus e em seguida em infusão contínua; 3. Analgesia. –Conduta Cat I ou IIa ● Heparinização plena; ● Localização da trombose por arteriografia; ● Exame físico é insuficiente para a localização; ● O tratamento recomendado costuma ser o uso de trombolítico; ● A técnica cirúrgica é o by-pass; ● Na situação em questão não adianta fazer fogarty. Cat IIB ● Heparinização plena e localização do êmbolo; ● Exame físico: é suficiente na maioria dos casos para localizar os êmbolos; a arteriografia é realizada apenas na incerteza no exame físico; ● A intervenção cirúrgica é a arteriotomia seguida de tromboembolectomia; ● Outra técnica é o cateter de Fogarty; ● Trombolíticos intra-arteriais: uroquinase recombinante; é feita quando há lesão distais à bifurcação femoral, como na artéria tibial. Cat III ● Amputação. Resumindo… Categoria Conduta Grupo I Membro sem ameaça Grupo IIa Membro ameaçado, mas com resolução pelo tratamento Grupo IIb Membro ameaçado, mas com resolução de emergência Grupo III Membro inviável Obs: Se o paciente está classificado entre I e IIa, geralmente a causa é por trombose e nesses casos, realiza-se a arteriografia e faz-se a trombólise. Obs: Se o paciente está classificado entre IIb e III, geralmente a causa é embólica. No exame físico já é possível localizar onde está a obstrução. No paciente IIb faz a exploração cirúrgica imediata e no III em rigidez, a amputação. –Síndrome da Reperfusão ● Isso acontece quando o fluxo sanguíneo é restaurado para um tecido que estava isquêmico (sem suprimento sanguíneo adequado). Esse restabelecimento do fluxo sanguíneo pode levar a um dano tecidual exacerbado, mais doque a isquemia inicial teria causado; ● Pela reperfusão, ocorre um aumento da pressão na musculatura e a cápsula muscular não consegue manter as pressões, fazendo com que o músculo passe por isquemia; ● Tem como causas a alterações mecânicas (síndrome compartimental) e alterações celulares (hipercalemia, acidose lática e mioglobinúria); hipercalemia resulta em onda T apiculada; ● A resolução da síndrome de reperfusão é pela fasciotomia dos quatro compartimentos. Maríli� Mir���� San���� 33 Cir����a + Uro����a Aul� 08- Cir����a Vas����r- Dis���ção de Aor�� –Introdução ● Existem duas condições que precisam estar presentes para que a dissecção ocorra, a primeira é uma lesão na íntima da aorta e a segunda é uma degeneração da túnica média (necrose cística da túnica média); ● Uma vez que a parede tem falha e a parede está lesionada, o sangue penetra no defeito na íntima e ganha a túnica média, provocando uma fenda longitudinal, formando um falso lúmen; ● O comprometimento pode formar um aneurisma, que pode ser falso e verdade; ● A lesão na íntima ocorre com frequência na parede lateral direita da aorta ascendente (força de cisalhamento). Outro sítio comum é a aorta torácica descendente. –Fisiopatologia ● O falso lúmen formado pode ter progressão anterógrada, que comprime ou oclui ramos arteriais importantes, ou progressão retrógrada que podem comprometer as valvas da aorta, causando insuficiência aórtica valvar grave; ● A parte externa da aorta pode se romper, formando um hemopericárdio ou um hemotórax (depende do local da ruptura). –Fatores de risco 1. HAS; 2. Aterosclerose; 3. Aneurisma aórtico pré-existente; 4. Uso de cocaína e crack; 5. Atividade física extenuante; 6. Doença do tecido conjuntivo; 7. Gestação (associada entre Síndrome de Marfan e Dissecção de Aorta no terceiro trimestre de gravidez). –Classificação É classificada de acordo com o sítio acometido Tipo A: Dissecções que acometem a aorta ascendente e se estende por toda a aorta Tipo B: Dissecções que acometem a aorta descendente. Distalmente à artéria subclávia esquerda. –Clínica a-)Stanford A ● Dor torácica de início súbito em região retroesternal associado a náuseas e sudoreses; ● Após alguns minutos ou horas ocorre redução na intensidade e migração em região dorsal de tórax descendente (Ao.torácica descendente); ● Se comprometer a Ao.abdominal a dor pode migrar para a região lombar e/ou abdome; ● A dor é rasgante ou cortante ou idêntica à do IAM; ● Dor tipo pontada. Obs: A dor do IAM tem caráter progressivo e não migratório b-)Stanford B ● A dor é súbita em região dorsal torácica ou toracolombar; ● Tem maior incidência de dores lombares e abdominal; ● Em alguns casos a evolução pode ser arrastada; Maríli� Mir���� San���� 34 Cir����a + Uro����a ● Principais sinais: Diferença pulso e/ou PAS (>20 mmHg) entre os MMSS, déficit neurológico focal ou sopro carotídeo intenso e sopro (sisto diastólico) de IAA. Esses sinais são mais comuns em Stanford tipo A; ● Pode ocorrer envolvimento da artéria espinhal levando a paraplegia; ● DA abdominal pode comprometer as artérias renais, devido à hipertensão grave renovascular; ● Em alguns casos pode causar IAM (A.coronária direita, com bloqueio AV total). –Complicações ● Tamponamento cardíaco (principal causa de óbito, sobretudo em mulheres); ● Compressão do mediastino; ● Choque hemorrágico franco. –Diagnóstico a-)ECO transtorácico ● Sensibilidade de 60-85%; ● Melhor para avaliar a aorta ascendente; ● Menor sensibilidade para lesões de arco aórtico e de aorta torácica descendente; ● Solicitado para paciente estável. b-)ECO transesofágico ● Sensibilidade de 98% e especificidade de 90% (aorta ascendente e torácica descendente); ● É o exame solicitado para paciente instável; ● Não visualiza com clareza o arco aórtico; ● Fornece informações sobre a presença ou não de regurgitação aórtica ou de derrame pericárdico. c-)Angiotomografia Helicoidal e RNM ● Tem grande acurácia na identificação de solução de continuidade da túnica íntima; ● Delimitam com precisão a extensão da dissecção e o comprometimento dos principais ramos arteriais; ● Altas sensibilidades e especificidades; ● Sinal do duplo lúmen aórtico; ● Solicitado para paciente estável. –Tratamento a-)Medidas Gerais ● Internar em unidade intensiva; ● Analgesia de forte intensidade; ● Controle e redução da PA e da força contrátil do miocárdio. Obs SanarFlix: Como se trata de dor intensa, que gera ansiedade e mal-estar para o paciente, geralmente é utilizado opioide para analgesia, sendo a morfina a principal droga. b-)Medicamentoso →Alvo ● PAS <120 mmHg; ● FC< 60bpm. →Betabloqueadores ● Propranolol 1-10mg, com manutenção de 3mg/H; Maríli� Mir���� San���� 35 Cir����a + Uro����a ● Labetalol 20mg e manutenção de 20 a 80mg a cada 10 min; dose máxima 300mg; tem um efeito alfa-bloqueador; ● Metoprolol e esmolol. →Nitroprussiato de Sódio ● 0,25-0,5 ug/Kg/min; ● É preciso fazer monitorização da PA com medidas invasivas; ● Exige controle adequado da FC para ser utilizado (taquicardia reflexa); ● A FC tem que ser maior que 60 bpm para fazer sua administração. Obs: Em casos de contraindicação, utiliza-se BCC não dihidropiridínicos. →Vasodilatadores ● São contraindicados. a-)Stanford A ● Tratamento cirúrgico imediato, pelo risco elevado de tamponamento cardíaco e de ruptura de aorta; ● Ressecção do segmento acometido e sua substituição por enxerto; ● Faz circulação extracorpórea; ● É possível fazer troca de valva aórtica em alguns casos. b-)Stanford B ● Se estável, pode fazer tratamento medicamentoso e acompanhar; ● É preciso fazer TC e RM antes da alta e a cada 6-12 meses para avaliação de progressão para sempre. –Quando indicar tratamento intervencionista ● Dor persistente; ● Dilatação aneurismática da aorta; ● Envolvimento de vasos arteriais com isquemia de órgãos ou de membros inferiores; ● Propagação distal; ● Evidência de dissecção retrógrada até a aorta ascendente. –Tratamento ● Principais causas de mortalidade: IAM perioperatório, paraplegia, hemorragia, tamponamento cardíaco e sepse; ● Terapia endovascular (DA tipo B): morbimortalidade inferior à cirurgia. Tem a vantagem de fazer cobertura da área de rasgo da íntima, despressurização do falso lúmen, expansão do lúmen verdadeiro e desenvolvimento de trombose do falso lúmen; ● O paciente faz uso de BB + IECA ou BCC de forma contínua. Maríli� Mir���� San���� 36