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CURSO EAD NOÇÕES BÁSICAS DE NEGOCIAÇÃO NOÇÕES BÁSICAS DE NEGOCIAÇÃO NOÇÕES BÁSICAS DE NEGOCIAÇÃO 2 Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução parcial ou total deste material. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução parcial ou total deste material. ÍNDICE Introdução Locador é aquele que detém o direito de dispor de um imóvel Qual parte pode usar os serviços de um corretor de imóveis Quem pode ser locador Quem pode ser Locatário Diferença entre Locação e Empréstimo 7 artigos do Código Civil sobre comodato Jurisprudência nº 504 sobre Contrato de Comodato Obrigações do Locador e do Locatário Locação, Sublocação e Cessão do imóvel a terceiros Sublocação Cessão da Locação Fluxo para determinação da Relação Jurídica (locação, comodato, sublocação, cessão) Exemplos de cláusula vetando sublocação e afins em contrato de locação O Aluguel O cálculo do reajuste Índices mais comuns Definição de Ato Ilícito Consequências do Ato Ilícito O Prazo da Locação e as multas Cláusula penal moratória Cláusula penal compensatória Dispensa de multa Garantias Locatícias Caução Fiança Seguro de Fiança Locatícia Cessão Fiduciária de Quotas de Fundo de Investimento Dupla Garantia Locatícia é Contravenção Penal Locação Sem Garantia Inadimplência do locatário e Ações de Despejo Executando a Garantia Locatícia de Caução Executando a Garantia Locatícia de Fiança Executando a Garantia Locatícia de Seguro de Fiança Locatícia Executando a Garantia Locatícia de Cessão Fiduciária de Quotas de Fundo de Investimento Análise do locatário Vistoria antes, durante e depois da locação Termo de Vistoria Locação não residencial Contrato “built to suit” – locação com construção ajustada Ação Renovatória Locação para temporada Ação Revisional de Aluguel Ação de Despejo .................................... 03 ....................................... 03 ............................................................................................ 04 ......................................................................................... 04 ........................................................................... 05 .............................................................................................................. 10 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.................................................................................................................... 03 ........................................................................ 05 ......................................................... 07 ............................................................................. 08 ......................................................... 10 MO DE LO 3Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução parcial ou total deste material. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução parcial ou total deste material. NOÇÕES BÁSICAS DE NEGOCIAÇÃO – Modelo HARVARD Esse modelo de Negociação foi desenvolvido e divulgado no livro Como chegar ao sim, de Roger Fi- sher, William Ury e Bruce Patton. É uma metodologia que nasceu na Harvard Business School e foi batiza- da de “negociação baseada em princípios”. Antes de entrarmos neste modelo vamos conhecer um pouco o que há na literatura sobre o assunto. Na verdade, a literatura sobre o assunto definem 04 estratégias, ou estilos, como preferem alguns au- tores, de negociações que são: • Perde-Perde; • Perde-Ganha; • Ganha-Perde; • Ganha-Ganha. No estilo PERDE-PERDE – normalmente há diver- gências entre os negociadores, os dois preferem perder à ceder, ou ver o outro ganhando algo. Há muitas vezes sentimentos como raiva, mágoa, e um não se impor- ta em perder, desde que o outro perca também. Esse tipo de negociação é comum acontecer em divórcios por exemplo, ou partilhas de heranças, onde há mui- tas questões pessoais envolvidas no acordo. Este estilo leva ambas as partes a terem prejuízos significativos. Há ainda uma outra interpretação para esta es- tratégia como define Lewick (2014) – que esta estra- tégia acontece quando uma parte quer muito evitar conflitos, então age de maneira passiva não se preo- cupando em negociar ou ver seus interesses atendi- dos, nem tampouco da outra parte. O estilo PERDE-GANHA é meio comum de veri- ficarmos em relações com clientes novos, onde para se cativar ou fidelizar um cliente o fornecedor abre concessões onde ele tem algumas perdas a curto pra- zo. No entanto, está visualizando o fortalecimento de uma relação duradoura onde haverá ganhos futuros. Para conseguir este objetivo ele se propõe a perder numa negociação inicial abrindo concessões, dando muitos descontos ou flexibilizando as condições de pagamento demasiadamente. Como o nome diz um sai perdendo em função da contraparte ganhar. O estilo GANHA-PERDE é o mais comum, pois é o estilo onde as partes querem obter o máximo de vantagem e pensam em seus interesses próprios, não pensam a longo prazo, mas sim em obter o me- lhor resultado imediato. Normalmente estas negociações são as mais comuns no mercado imobiliário, sabendo-se que o bem imóvel é um bem de alto valor, essa crença muitas vezes, faz com que o corretor de imóveis acre- dite que a oportunidade davenda será única. O estilo GANHA-GANHA é um estilo que atual- mente tem se provado ser mais sustentável e que dá melhores resultados a todas as partes. Neste estilo o foco é que ambas as partes saiam satisfeitas com confiança e soluções de problemas para ambos os lados. É o estilo onde um entende o interesse do ou- tro, se coloca no lugar o outro e ambos buscam pon- tos de congruência para se chegar a um bom acordo. As partes buscam alternativas e soluções em conjun- to visando maximizarem seus objetivos. Entendido estes quatro estilos ou estratégias, vale a pena entendermos uma outra visão de alguns estudiosos, que divide a matéria de negociação em duas abordagens: • Distributiva; • Integrativa. A negociação distributiva é aquela que se de- senvolve em torno de uma questão central, e todas as partes envolvidas tentam tirar o melhor proveito possível, com uma postura competitiva, cujo objeti- vo é abocanhar a maior fatia possível do bolo – bolo esse que é visto como algo fixo. Simplificando : Come mais quem tem a boca maior. E como o nome DISTRIBUTIVA já diz – os resulta- dos envolvem distribuição – sempre que um ganha o outro perde. Nesta abordagem se encaixam os estilos acima GANHA-PERDE e PERDE-PERDE (RAIFFA, 2002). Neste modelo a persuasão é a maior aliada, ba- seada no GANHA-PERDE (o bom negociador vai ga- nhar e o outro vai perder). É um método que hoje já está sendo questionado e superado. Em termos de comportamentos nesta aborda- gem vemos a utilização de truques, ameaças, “pega- dinhas”, armadilhas, pois o que interessa são os fins e não os meios. No modelo de abordagem integrativa, o bolo não é considerado fixo, mas algo que pode crescer. De for- ma que todos trabalhem cooperando para aumentar o bolo. Ou seja, outros valores ou objetos são adiciona- dos ao objetivo central, o que faz ampliar os recursos a serem divididos, possibilitando a satisfação de am- bas as partes, de forma igualitária. (WATKINS, 2004). Tendo sucesso todo mundo ganha uma fatia do tamanho que desejava e fica satisfeito com o resultado das tratativas. É um modelo mais aceitável, mais sustentável MO DE LO 4 Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução parcial ou total deste material. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução parcial ou total deste material. Onde há conflito, há a necessidade de se negociar – e nas negociações normal- mente surgem os conflitos. RESUMINDO... A negociação é um caminho • A principal maneira de satisfazer nossos interesses • É uma oportunidade de criar algo totalmente novo • É um processo e NÃO um EVENTO! • É UM PROCESSO PARA ALCANÇAR QUALQUER OBJETIVO pois integra todos os interesses e todos ganham. Hoje se fala que esta abordagem é baseada em princípios baseada na premissa GANHA-GANHA, em que todas as partes saem satisfeitas e o acordo feito entre elas é bom para todos. É um método mais recente que tem sido estu- dado, especialmente na Universidade de Harvard, e por isso focaremos nele. Agora que entendemos as diferentes estratégias e também as abordagens de alguns estudiosos – va- mos refletir sobre o que é negociação. Podemos dizer que negociação é um caminho que pode fazer você alcançar todos seus objetivos e metas, mas não é um balão apagado que cai no seu colo do nada, você tem que trabalhar para isso, tem que buscar e estar preparado. A Capacidade de Negociar é uma habilidade que Há muitas definições mas encontramos uma bem simples e clara, segundo a Sociedade Brasileira de Co- aching, que é: “A negociação é basicamente um pro- cesso de troca em que duas ou mais partes procuram chegar a um acordo mutuamente satisfatório. Sendo assim, é um processo de comunicação com o objetivo de se chegar a um acordo bom para todas as partes, e parte da necessidade de alinhar interesses conflituosos.” Para ACUFF (1993): “a negociação é o processo de comunicação com o propósito de atingir um acor- do agradável sobre diferentes ideias e necessidade”. Para WANDERLEY (1998) “negociação é o proces- so de alcançar objetivos por meio de um acordo nas situações em que existam conflitos, isto é, divergên- cias e antagonismos, de interesses, ideias e posições. O que diferencia a negociação de outras formas de se alcançar objetivos é que, na negociação, isto é feito se aprende e que se aprimora. Quanto mais treina- mos e negociamos melhores tendemos a ficar. No entanto para desenvolver essa capacida- de teremos também que treinar outras habilidades como: • A nossa comunicação; • A arte de ouvir; • A arte de fazer perguntas; • A empatia; • A diplomacia; • O compartilhamento de informações; • O entendimento dos gestos, da linguagem cor- poral do outro; • A resolução de conflitos, enfim, para negociar bem temos que exercitar várias outras competências. por meio de um acordo, ou seja, um ajuste, um pac- to, uma combinação”. Segundo os autores do livro “Como chegar ao SIM” Fisher, Ury e Patton – pode-se conceituar a negociação como: “Um meio básico de conseguir o que se quer de outrem. É uma comunicação bidirecional concebida para chegar a um acordo, quando você e o outro lado têm alguns interesses em comum, e outros opostos.” A negociação é um processo que exige planeja- mento, execução e controle e está situada no passa- do, presente e futuro. É normalmente originada de uma situação ou problema ocorrido no passado, visando uma solução para o presente ou futuro. Tudo começa quando uma das partes sente a ne- cessidade de resolver um determinado problema ou solucionar um conflito. CONCEITOS DE NEGOCIAÇÃO 5Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução parcial ou total deste material. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução parcial ou total deste material. Há possíveis fontes que podem gerar conflitos e que podem estar presentes nas negociações que são: • Disputa de poder; • Desejo de Sucesso; • Falta de Recursos; • Diferenças Culturais; • Mudanças; • Ambiente Hostil; • Acomodação; • Manipulação; • Necessidades insatisfeitas; • Preconceitos; • Falta de informação; • Objetivos muito divergentes; • Valores; • Pressupostos. Muitas são as variáveis geradoras de conflitos. Acreditamos que já nascemos negociando, usa- mos o poder de nosso choro para negociar com a mamãe o horário da mamadeira. Negociamos com os pais, filhos, chefes, cônjuges, amigos, clientes, for- necedores, prestadores de serviços, enfim, a arte de negociar está presente em todos os momentos e fa- ses de nossas vidas. E é comum as pessoas em papéis diferentes te- rem interesses diferentes e, quando há divergência é comum haver conflitos. Uma negociação não ocorre com todos concordando ou não concordando com as propostas feitas, sempre há divergências a serem re- solvidas. Onde há divergências de ideias, resistência, pode surgir o conflito, e quando as possibilidades de negociação são baixas, as chances de ocorrer confli- to aumentam. E QUANDO NEGOCIAMOS? DE ONDE SURGEM OS CONFLITOS? ESPIRAIS CONSTRUTIVAS E DESTRUTIVAS Em relações conflituosas há um círculo de ação e reação em escalada progressiva. Um círculo vicioso onde ofensor e vítima trocam papéis e se alternam. Numa negociação isso pode acontecer, mesmo que de forma mais branda. Para cada ação vai haver uma reação não espera- da, polarizada, e pode ser destrutiva – criando uma espiral de conflito. São as espirais de conflitos que podem ser construtivas e destrutivas. Mas o importante é que nem toda espiral é to- talmente negativa. Um conflito pode fazer com que as partes se movimentem para um ponto de conver- gência, no qual um acordo seja possível, dessa forma podemos criar espirais construtivas que levem à um bom acordo. A colaboração produz espirais construtivas e a competição a espirais destrutivas. Portanto, sempre que houver COLABORAÇÃO nas negociações as pos- sibilidades de sucesso são bem maiores. Comumente os estudiosos do assunto dizemque existem duas formas básicas de negociar: 1. A primeira, evita o conflito e para isso conta com a com a benevolência do negociador através da empatia, realizando concessões, o que nos remete à abordagem Integrativa. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução parcial ou total deste material. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução parcial ou total deste material. 2. A segunda, provoca comportamentos mais ás- peros, pois se deseja vencer a qualquer custo, sem abrir mão da sua posição, o que prejudica a realiza- ção do acordo e futuros relacionamentos entre os negociadores. Esta segunda estimula o conflito e está mais ligada à abordagem distributiva Diante de um conflito, temos que primeiro en- tender os interesses reais dos envolvidos na negocia- ção e buscar espirais construtivas, através de pontos de convergência, sempre através da empatia. O método da negociação baseada em princí- pios, desenvolvido no Projeto de Negociação de Harvard quis conciliar duas maneiras de negociar, uma maneira baseada em condescendência pelos negociadores que querem evitar o conflito e a se- gunda com rigor e competitividade, pois se dese- ja levar a melhor parte da negociação. No modelo HARVARD desenvolveu-se uma nova uma nova for- ma de agir, muito mais assertiva e sustentável : o conceito do “ganha-ganha”. Este conceito promove a busca de benefícios mútuos numa negociação, e se os interesses de uma das partes entrarem em conflito, o ideal é insistir em padrões justos, equivalentes, independente da von- tade de qualquer dos lados. O método da negociação baseada em princípios é rigoroso quanto aos méritos, e suave com as pessoas. Este método sugere a busca de um resultado que agrade e satisfaça ambas as partes, sem arma- dilhas, sem jogos antiéticos, sem truques. As partes devem se tratar como parceiros que estão em busca de um bom acordo para ambos. Mas para isso faz- -se necessária a colaboração de todos os envolvidos e muitas vezes a busca desta colaboração se constrói num processo, que perdura ao longo das tratativas. Não é algo pronto ou que já se tenha de antemão. O processo dessa busca de consenso, reciprocidade, benefícios mútuos é o que se constrói para finalmen- te conquistar um bom negócio para as partes envol- vidas numa negociação. É comum nos estudos sobre negociação a metá- fora com um bolo a ser dividido, e se afirmar que se deve aumentar o bolo, para só então, cortá-lo e dis- tribuí-lo. Assim, quanto maior o bolo, maior a possi- bilidade de satisfação entre os participantes e maior a chance de se chegar a um acordo. Numa mesa de negociação deve-se focar nos interesses e seus pontos congruentes e não em po- sições. Ser firme nos argumentos, porém ser brando com os clientes, com as pessoas. Para tanto, deve-se, desde o início, partir das se- guintes premissas: • Separar PESSOAS dos PROBLEMAS; • Não negociar por POSIÇÕES , e sim por INTERESSES; • Busca de OPÇÕES para ganhos mútuos; • Insistir em CRITÉRIOS objetivos de avaliação. É muito fácil confundirmos o problema com a pessoa envolvida nele e, não raras vezes, o proble- ma parece ser a própria pessoa. Porém, um bom negociador deve ser capaz de fazer a distinção entre o conflito e as pessoas nele envolvidas. Por isso, os autores, Fisher e Ury, defendem que é importante manter o foco nas questões que devem ser tratadas e não nas pessoas envolvidas. É comum a parte ter 2 tipos de interesses : 1) NO PROBLEMA E NO RELACIONAMENTO Portanto, concentre-se no seu objetivo, no alvo a ser conquistado e para isso é necessário construir uma atmosfera favorável ao diálogo, para haver mais chances de um acordo. Recomenda-se ser duro com relação ao problema e afável com as pessoas, para que fique claro que o problema não são os indivíduos, nem as possíveis di- ferenças entre eles, mas sim a questão que deve ser resolvida com a participação das partes envolvidas. Nesse momento a empatia é muito importante pois é através de um clima amistoso e afável que se constrói confiança, no entanto, o problema, os con- flitos devem ser tratados com seriedade e firmeza. 2) A NEGOCIAÇÃO É BASEADA EM POSIÇÃO OU INTERESSE? De forma mais convencional as pessoas nego- ciam tomando uma posição, ou seja, a de vendedor, ou comprador; de pai e filho; de chefe, ou subor- dinado, o que normalmente gera desvantagem para um lado. Se focarmos em posições será fácil perce- ber que nas relações há posições mais frágeis que outras, mais vulneráveis, o que facilita termos pos- síveis vencedores e perdedores. Nesta situação as negociações não são boas para todas as partes pois não se descobre o que de fato, a outra parte deseja, MAS que estão em posições diferentes. Por isso devemos sempre questionar qual é a ra- zão da posição tal? E dessa forma sair dessa situação e focar nos interesses. Posições diferentes levam à divergências, desequilíbrio e distanciamento. Se vol- tarmos aos interesses caminhamos para um ponto em comum, congruência, consenso. Na negociação por interesses perguntamos às partes: dilfe Highlight 7Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução parcial ou total deste material. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução parcial ou total deste material. POSIÇÃO – Por que você quer isso? Pra que você quer isso? Temos que identificar o INTERESSE de cada um para criar uma situação convergente, de ganha-ga- Normalmente posições são fixas, racionais, men- suráveis, quantitativas. • Números (volumes); • Cotas (metas); • Pessoas (equipes); • Produtos (mix); • Descontos (percentuais); • Dinheiro (preços). INTERESSE Normalmente interesses são emocionais, imen- suráveis, qualitativo, intangível. • Necessidades; • Aspirações; • Esperanças; • Desejos; • Receios; • Temores. Para negociar baseado em interesses, é impor- tante ter em mente a sua real motivação para a ne- gociação e conhecer os objetivos a curto, médio e longo prazos. Os objetivos de vida, pessoais e profissionais vão guiar suas decisões sobre haver ou não acordo. Não hesite em perguntar POR QUE/PARA QUE? ✓ Você quer vender sua casa. Por quê? ✓ Para ganhar dinheiro. Para quê? ✓ Para comprar outra casa. Por quê? ✓ Para mudar de bairro. Por quê? ✓ Porque quero uma vida tranquila no interior. ✓ Aí você descobre o real interesse – “mudar para o interior para ter vida tranquila”. É como descascar uma cebola, vai se aprofun- dando até chegar ao cerne da questão e descobrir o real interesse. Muitas vezes para buscar o real interesse temos que fazer a pergunta: – POR QUE NÃO? Assim buscaremos por impedimentos à aceita- ção do acordo e conhecendo o que está impedindo podemos trabalhar estes aspectos. Numa negociação você pode encontrar muitos interesses bem diferentes em seus clientes que estão negociando. Muitas vezes, para um é importante a garantia em algum aspecto, para o outro, o impor- tante são as condições do financiamento, enfim... Estando diante de interesses bem diferentes, o importante é criar valor e atender aos interesses de ambos sem conflitar. Sabendo que há diferentes interesses em ambos os lados, reiteramos que algumas concessões serão imprescindíveis, é onde entra a sua arte e maestria em descobrir a régua de prioridades ou de valoração de cada interesse. Para entender essas prioridades você deverá fazer boas perguntas e ir a fundo nos interesses dos seus clientes. Na intermediação as concessões devem ser bem valorizadas e aquele que ganhou com a concessão deve enxergar isso, assim como aquele que abriu a concessão tem que ver algum valor agregado nisso. Ambos precisam se sentir valorizados. Criar valor é justamente mostrar o que um aspec- nha. É fazer com que as duas partes saiam satisfei- tas, sem uma tirar nada da outra. Para isso vamos entender melhor o que caracte- riza POSIÇÃO e o que caracteriza INTERESSE. 8 Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução parcial ou totaldeste material. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução parcial ou total deste material. to, uma concessão, uma convergência vai ajudar no interesse das partes. Você que está intermediando uma operação entre clientes deve mostrar às partes o que uma concessão ajuda, o que ela cria de valor e tentar equilibrar isso a ponto de chegarem num bom acordo. Se você trabalhar bem valorizando as con- cessões, para quem ela é importante, vai criar valor para chegar a um bom acordo. Sabendo que há diferentes interesses em ambos os lados, reiteramos que algumas concessões serão imprescindíveis, é onde entra a sua arte e maestria em descobrir a régua de prioridades ou de valoração de cada interesse. Para entender essas prioridades você deverá fazer boas perguntas e ir a fundo nos interesses dos seus clientes. Na intermediação as concessões devem ser bem valorizadas e aquele que ganhou com a concessão deve enxergar isso, assim como aquele que abriu a concessão tem que ver algum valor agregado nisso. Ambos precisam se sentir valorizados. Criar valor é justamente mostrar o que um aspec- to, uma concessão, uma convergência vai ajudar no interesse das partes. Você que está intermediando uma operação entre clientes deve mostrar às partes o que uma concessão ajuda, o que ela cria de valor e tentar equilibrar isso a ponto de chegarem num bom acordo. Se você trabalhar bem valorizando as con- cessões, para quem ela é importante, vai criar valor para chegar a um bom acordo. 3) BUSCA DE OPÇÕES PARA GANHOS MÚTUOS Talvez um dos elementos que toma maior tempo na negociação baseada na doutrina de Harvard é a geração de opções. Este é o momento em que de- vemos exercitar nossa criatividade para construir o caminho para alcançar os interesses de que tratamos no item anterior. Devemos nos lembrar de que a geração de op- ções deve buscar como foco os interesses já desen- volvidos e identificados de ambas as partes, com o objetivo de atender a uma proposta mútua de GANHA-GANHA. Esse é o momento de colocar fermento no bolo e fazê-lo crescer. Fisher e Ury recomendam que não sejamos muito críticos no momento de criação (de opções), pois se criticarmos as ideias criadas pode- mos inibir a imaginação, e deixar a oportunidade de uma GRANDE IDEIA ir embora. Nessa fase o senso crítico em demasia não ajuda, só atrapalha. Supomos que o objetivo de uma negociação seja chegar a um acordo entre vendedor e comprador so- bre o valor de determinado bem, então, é interessan- te pesquisar o valor de mercado e, também, contar com a avaliação de um especialista. Para se obter uma negociação equilibrada, sem que uma das partes saia se sentindo lesada ou frus- trada, o intermediador tem que observar os inte- resses de todos os envolvidos e buscar aumentar a gama de opções. Não devemos ficar preso à uma única opção ou algum julgamento prematuro, ou analisar só os inte- resses de uma das partes ou, ainda, acreditar que, se alguma parte ganha, a outra tem que perder. Presos à esses paradigmas não conseguiremos ampliar os horizontes e obter mais opções. Para isso é preciso estar preparado para cená- rios diferentes e, portanto, incluir diversas opções. Ao considerar diversas alternativas é mais prová- vel que se atinja um ponto de benefício mútuo com maior facilidade. Para gerar opções podemos utilizar a técnica de BRAINSTORMING. O que é isso? É você imaginar TUDO que poderia ser uma op- ção e listar, sem questionar nada, se é viável ou não, obtendo o máximo de opções possíveis. Depois, num segundo momento, você verifica dentre todas as opções que veio à mente, o que é viável e o que não é, fazendo uma triagem. O BRAINSTORMING acontece com a criativida- de, a liberdade de se pensar em muitos caminhos, muitas soluções, depois é que analisamos uma a uma, e excluímos o que não é possível. Isso ajuda o processo criativo, além de facilitar as avaliações das melhores opções para formar uma proposta ou contraproposta. Ao buscar esta geração de opções é muito im- portante que você conheça também os aspectos ju- rídicos, documentais, leis que envolvem o negócio, contratos – pois às vezes, uma opção esbarra em al- gum impedimento legal ou contratual. 4) INSISTIR EM CRITÉRIOS OBJETIVOS DE AVALIAÇÃO As partes não podem experimentar o sentimen- to de injustiça, assim será difícil prosseguir e chegar a um bom acordo, neste momento começam os con- flitos. Portanto, todos os pontos devem ser esclare- cidos, as dúvidas resolvidas e para isso precisamos 9Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução parcial ou total deste material. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução parcial ou total deste material. utilizar critérios. E o ideal é que estes critérios sejam visivelmente justos, imparciais e facilmente aceitos por todos. É, portanto, fundamental que sejam utilizados padrões objetivos, com referências verificáveis facilmente pe- las partes, para que a tomada de decisões fique “con- fortável” para ambos. Por isso, é aconselhável buscar algumas alternativas padrões que possam ser aplicadas em diferentes situações. Para definir critérios claros podem-se usar: • Valor de mercado • Precedentes • Estudo científicos • Casos semelhantes • Padrões profissionais • Tradição, costumes, cultura • Leis • Índices • Custos • Jurisprudências Os padrões de equidade, critérios científicos e matemáticos, devem ser utilizados para obtermos um resultado melhor, pois são difíceis de serem contes- tados. Quanto mais utilizarmos estes padrões, mais embasamento teremos para possibilitar futuros negó- cios. Com a utilização destes critérios o estresse é re- duzido e o relacionamento entre as partes se garante. Lembrando que para um critério ser objetivo e legítimo deve ser independente das vontades das partes e ter embasamento. Os três passos seguintes são guias poderosas para o exercício de uma negociação baseada em prin- cípios, a serem exercitados com os lados envolvidos: 1) Buscar conjuntamente os critérios objetivos para resolver a questão, de preferencia com transpa- rência (ambos os lados devem sugerir, concordando sobre os princípios ou padrões a serem aplicados); 2) Argumentar e estar aberto a contra argumen- tações (em caso de cada lado propor um padrão di- ferente, a solução deve ser adotada igualmente com base objetiva: Ex.: meio-termo entre o custo de de- preciação e o valor de mercado); 3) Não ceder às pressões (ser contra o suborno, ameaça, apelo manipulativo à confiança ou à simples recusa arbitrária). ALTERNATIVAS Você já ouviu falar em BATNA (do inglês Best Al- ternative To a Negotiated Agreement) ou traduzido para o português - MAPAN (Melhor Alternativa para um Acordo Negociado) ? O termo (BATNA/MAPAN) foi criado em 1981 por Roger Fisher, William Ury, e Bruce Patton e refe- re-se a uma ESTRATÉGIA DE NEGOCIAÇÃO COLABO- RATIVA e representa o poder de barganha de cada uma das partes numa mesa de negociação. O cliente tem que ter um plano B numa nego- ciação, caso contrário como ele saberá a hora de sair de uma negociação sem prejudicar o orçamento ou a base de custo do produto ou serviço? O BATNA ou MAPAN foi criada com o intuito de aumentar o poder de negociação do cliente e propor um limite na negociação. Com isto, qualquer valor fora deste limite não deve ser considerado. Saber o momento certo de não seguir com uma negociação é um passo importante que o cliente tem que dar para não fazer uma má negociação. No conceito do BATNA ou MAPAN, sempre deve haver um limite para uma negociação parar. 10 Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução parcial ou total deste material. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução parcial ou total deste material. Elaborar sua BATNA/MAPAN significa determi- nar quais opções você tem e qual o melhor para você, caso você não consiga alcançar um acordo. Você vai definir qual é a proposta minimamente aceitável para fecharo acordo. Neste caso, você terá que sa- ber do seu cliente qual a MAPAN dele, ou seja qual o valor mínimo que ele aceitaria numa negociação. Para gerar opções de MAPAN são necessárias 3 operações: 1) Criar uma lista de opções; 2) Aperfeiçoar suas melhores ideias e transfor- mar as mais promissoras em alternativas reais; 3) Selecionar a melhor alternativa entre as disponíveis. Devemos ter em mente que a sua melhor alter- nativa a um acordo negociado (BATNA ou MAPAN) é sua fonte de poder durante uma negociação. Sua BATNA/MAPAN permite que você se afaste, se o outro lado não lhe der um acordo melhor do que sua melhor alternativa. Para desenvolver seu poder, responda às seguin- tes perguntas: 1. Qual é a minha BATNA/MAPAN? (Essa deve ser a primeira pergunta que você se faz ao se prepa- rar para as negociações. Se o que o outro lado pode oferecer está abaixo da sua BATNA/MAPAN talvez o ideal é deixar a negociação, pois ela não será produ- tiva para você) 2. Devo abrir a minha BATNA/MAPAN para o outro lado durante as negociações? (Como regra ge- ral, você desejará divulgar uma BATNA/MAPAN for- te, porque isso indica sua força e você desejará ocul- tar uma BATNA fraca.) 3. Eu sei o qual é a BATNA/MAPAN do outro lado? Como posso encontrar a BATNA/MAPAN de- les? (É dessa maneira que você determinará a força do outro lado. Decida quais perguntas fazer durante a negociação para encontrar o BATNA/MAPAN do outro lado.) 4. Como posso enfraquecer a BATNA/MAPA do outro lado? (Em outras palavras, como você pode en- fraquecer o poder do outro lado? Antes da negocia- ção, tente prever a BATNA deles e pense em como você pode enfraquecê-lo.) 5. Como posso fortalecer minha BATNA/MA- PAN? (Em outras palavras, como você pode fortale- cer seu poder durante a negociação? Ao definir sua BATNA/MAPAN se atente para al- guns riscos como ser condescendente demais com a visão da outra parte e já ir concordando com tudo muito rapidamente. Isso pode ser um grande erro, é um dos maiores perigos da negociação. Outro ponto de atenção é ao adotar um valor final arbitrário (limite de valor para fechamento do acordo), você pode até evitar de aceitar um acordo muito ruim, mas também poderá limitar sua capaci- dade de propor soluções criativas e de chegar a um entendimento mais sensato. Outro risco é estar muito comprometido emo- cionalmente para chegar a um acordo, sem ter de- senvolvido sua MAPAN. Melhor do que estabelecer um limite de valor, é utilizar esses limites como sistema de alerta para comparar a proposta oferecida pela outra parte com a sua MAPAN. Pedir um tempo ao outro lado, se for o caso, para essa análise. É igualmente importante conhecer as alterna- tivas da outra parte para saber quais as chances de aceitação das opções que você apresentar. Se a sua MAPAN for fraca, se suas alternativas são fracas mantenha segredo, no entanto, se for forte, então você pode deixar que saibam qual é a sua MAPAN. Descobrir a MAPAN da outra parte é uma boa es- tratégia, pois você saberá até onde pode chegar e fa- zer uma análise prévia deste limite. Forçar o limite ou não, dependerá de outra série de variáveis que você deve pesar para entender até onde poderá chegar. Concluindo a MAPAN ou BATNA – é o seu limi- te numa negociação. Você deve entender até que o ponto é interessante é chegar e partir de onde o ide- al é sair da negociação. Deve ter isso claro para que não insista em um acordo ruim e da qual venha se arrepender. 11Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução parcial ou total deste material. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução parcial ou total deste material. ZOPA A seguir veremos um outro conceito interessante nesta metodologia de Harvard que é a ZOPA (Zone of possible Agreement) que é a Zona de Acordo Possível. Exemplo, quero vender meu imóvel por 500 mil , mas meu preço reserva é 480 mil e a pessoa interes- sada pode pagar até 490 mil nesse imóvel, não mais do que isso. Essa margem de 480 mil até 490 mil é a zona de acordo possível, ou seja, a ZOPA. Como não co- nhecemos o limite do outro lado – o jogo se torna dinâmico, pois você faz a proposta e vem a contra proposta para um possível acordo. Ter a ZOPA definida é importante, porque se não tiver o encontro de possibilidades, não existe nego- ciação. A ZOPA é o intervalo de intersecção entre os dois interesses. A BATNA/MAPAN e a ZOPA são ferramentas para serem utilizadas nesta metodologia que pode- rão fortalece-lo para chegar a um bom acordo. O Programa de Negociação de Harvard destaca 5 fases da negociação: a preparação, a criação, a nego- ciação, o fechamento e a reconstrução. Veremos a seguir cada uma destas fases. ETAPAS DA NEGOCIAÇÃO 1. PREPARAÇÃO 2. CRIAÇÃO 3. NEGOCIAÇÃO ou DISTRIBUIÇÃO 4. FECHAMENTO 5. RECONSTRUÇÃO 1) PREPARAÇÃO Uma das coisas mais importantes na hora da pre- paração para uma negociação é saber quais são os meus interesses (ou do seu cliente, se vai interme- diar uma negociação para ele). Temos que descobrir quais são os reais interesses. • Quais são os interesses que estão em jogo? • O que eu desejo obter, que só possa ser conse- guido com a colaboração da parte adversa? • E o que eu possuo ou posso fazer, que a outra parte pode desejar? Sabido quais são os reais interesses, o próximo passo é estudar a outra parte, procurar saber com quem vai negociar, que perfil essa pessoa tem, se é a tomadora de decisão. O ideal é mapear e escrever os pontos fortes e fracos dos negociadores Prever quais as perguntas que podem ser feitas na mesa de negociação e verificar essas respostas an- tecipadamente. Definir os limites aceitáveis MAPAN e ZOPA , para que se prossiga com a negociação. Qual o valor mínimo aceitável, qual o plano B, qual o valor ideal que se quer buscar. É igualmente desejável tentar identificar qual é a MAPAN da outra parte. Até onde ela chega? Qual será o plano B dela? É razoável se supor que o outro negociador so- mente irá aceitar o acordo se a nossa proposta for superior à MAPAN dele. Assim, é necessário que o negociador, durante a preparação, coloque-se no lu- gar do outro e tente enxergar, sob o seu ponto de vista, quais alternativas ele tem à sua disposição. Manter a calma e uma certa frieza que advém de uma maior racionalidade é o ideal quando entramos numa negociação, o fator emocional pode dificultar o processo de tomada de decisão. Pode ser que a negociação exija, ainda, a elabo- ração de estudos técnicos, como a realização de cál- culos, simulações, perícias, estudo de mercado, ou mesmo de consultas informais à área técnica, como a jurídica, por exemplo. Isso permitirá visualizar os pontos que são pos- síveis de negociação e auxiliar na elaboração de pro- postas, opções e alternativas, as quais poderão ser debatidas ao longo da negociação. A parte que pos- sui mais conhecimento possui uma significativa van- tagem na negociação. A coleta de informações úteis facilitará a fixação dos limites da negociação. Pontos importantes que devem ser registrados são: • Interesses (do representado e da parte adversa); • BATNA/MAPAN (sua e se possível da outra parte); • ZOPA; • Informações a serem levantadas; • Proposta (se houver) e opções; • Critérios de legitimidade de eventual proposta; • Tópicos a serem destacados na comunicação; • Oportunidades para a criação de valor; • Partes interessadas que devem ser consultadas. 12 Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução parcial ou total deste material. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução parcial ou total deste material. A preparação para uma negociação envolve pla- nejar as opções de acordo que possam satisfazer os interesses da outra parte. Pode ser necessário co- lher algumas informações antes de decidir por efe- tivamente apresentar uma proposta (ancoragem). Levando em consideração que cada negociação é única, o negociador deve estudar o caso e verificarquais as particularidades de cada um, e quais as op- ções viáveis para a situação. Tão importante quanto estudar as opções possíveis, é planejar a forma de comunicar essas opções (framing). A forma como se comunica faz toda a diferença e o momento em que se comunica também. Portanto a comunicação é algo importante numa mesa de negociação. O negociador deve se preocupar em apresentar critérios e justificativas que possam fundamentar, ra- cionalmente, as propostas apresentadas (legitimida- de). Esses critérios podem ser precedentes jurispru- denciais, estudos de mercado, avaliações mercado- lógicas, legislação vigente, parâmetros utilizados em outras propostas, estudos técnicos, resultados de pe- rícias, ou parâmetros de reciprocidade e equidade. Assim, é importante que na fase de preparação o negociador considere os interesses da parte e mos- tre que as opções apresentadas atendem da melhor forma possível aos interesses da outra parte na nego- ciação. Apresentar a proposta justificando-a nos pró- prios interesses é um erro grosseiro de negociação. Será difícil a outra parte aceitar um acordo onde só se atende aos interesses daquele que fez a proposta, obviamente vai se sentir lesada ou injustiçada. Na fase da PREPARAÇÃO, uma das coisas mais importantes é fazer perguntas. As perguntas devem ser construídas na conversa inicial, conforme vão falando do negócio. Com certeza também deve haver reciprocidade ou seja, a contraparte também fará perguntas e você deverá responde-las. Em perguntas abertas devemos utilizar as palavras: • Onde? • O que? • Como? • De que forma? • Me diga... • Fale a respeito... Já a pergunta POR QUE? Nem sempre ajuda e pode ser mais desafiadora. Portanto, temos que ter muito cuidado com perguntas que se iniciam com POR QUE... talvez PARA QUÊ seja mais interessante para se chegar ao objetivo da pessoa. Essas perguntas fazem parte de uma sondagem que vai norteá-lo a intermediar uma boa negociação entre as partes. Lembre-se que esta sondagem deve ser feita, se possível, com as duas partes. Você deve conhecer bem o vendedor e o comprador, locador e locatário pois vai lidar com as duas pontas. 2) CRIAÇÃO No modelo GANHA-GANHA na fase de criação buscamos o foco na cooperação entre as partes. O negociador deve estar atento, para explorar oportunidades, discutir opções, buscar oportunida- des de cooperação, identificar soluções criativas e, se tudo mais falhar, obter informações estratégicas, que poderão auxiliar na construção de uma boa proposta para todas as partes. Nessa fase, o negociador deve- rá procurar identificar: • Interesses comuns; • Opções de ganhos mútuos; • Trocas de baixo custo/fáceis; • Preferências distintas Esta fase é chamada de criação pois é nesta parte que o negociador deve tentar criar valor ao acordo. Então aqui entram novas opções, verificação dos interesses para ver em que poderemos melhorar para ambas as partes. Claro que existem negociações em que não have- rá oportunidade de se criar valor à nenhuma parte. Contudo, em negociações complexas, as oportunida- des de criação de valor podem tornar um acordo em uma oportunidade de negócio extremamente atrati- vo e lucrativo. 3) NEGOCIAÇÃO OU DISTRIBUIÇÃO Após a fase da criação , responsável por agregar valores à negociação e aumentar as possibilidades de satisfação dos interesses envolvidos, é chegada a hora de “dividir o bolo”. Nesta fase alguns dos conceitos mais importan- tes da teoria da negociação, delineados pela Escola de Harvard, tomam corpo. É nela, por exemplo, que o conceito de BATNA/MAPAN assume protagonis- mo. Conhecer bem a sua melhor alternativa lhe dará segurança suficiente para buscar seu alvo ou, se for o caso, abandonar a negociação em busca de uma alternativa que melhor lhe convenha. Ao mesmo tempo, conhecer bem as alternativas da outra par- te, em especial a melhor delas, pode representar o 13Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução parcial ou total deste material. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução parcial ou total deste material. salto de um bom acordo, para um excelente acordo. A chave para um bom acordo pode estar em saber o quanto determinado bem vale para o outro, e não para si mesmo. De posse desta informação você poderá obter um excelente acordo ao invés de um apenas satisfatório. Um passo muito importante numa negociação é a primeira proposta a ser colocada sobre a mesa. Chama-se a isso de ancoragem. Vamos explicar melhor o que é uma ancoragem em negociação. Este termo tem a ver com um princípio psicológi- co de não ser capaz de ignorar a primeira informação que você recebeu, ou seja somos muito influencia- dos em formar nossas referências baseados nas pri- meiras informações/impressões que tivemos. Sendo a negociação um processo que lida com tomada de decisões e via de regra, incidem sobre nú- meros, que podem estar envolvidos em contextos de incertezas, a ancoragem surge como um elemento que passa a fazer parte deste processo num determi- nado momento. Segundo GALINSKY e MUSSWEILER, 2001, o pri- meiro lance de uma negociação é considerado um valor âncora, independentemente de quem o realize. O que significa que o primeiro a fazer uma proposta terá a atenção voltada à resposta da mesma. Existem várias pesquisas que mostram que a téc- nica da ancoragem afeta até mesmo negociadores experientes. Hoje o Marketing digital utiliza ampla- mente esta técnica onde expõem os produtos, cur- sos, serviços sempre com um valor bem mais alto, e aos poucos vão apresentando vários bônus e descon- tos até uma oferta bem mais viável. Sendo assim, apresentar a primeira propos- ta pode ser algo interessante pois você tem mais chances de que as negociações de valores girem em torno do referencial dado na primeira oferta. Porém, ancorar envolve riscos, se a sua proposta for inade- quada, estiver muito fora do real valor de mercado ou em condições muito agressivas, – você pode per- der credibilidade e a negociação não evolui para um bom final. Quando a ancoragem é feita com embasamen- to técnico, ou seja, uma boa avaliação de mercado, comparativos com produtos semelhantes, e outros indicadores objetivos, a ancoragem permite ao ne- gociador uma boa condução a seu favor pois se torna crível e sustentável. Tem momentos em que NÃO negociar pode ser um bom negócio. Neste momento dizer NÃO à uma proposta pode estar sendo um melhor acordo para um negociador, e essa é uma condição que deve ser considerada. Portanto, é preciso entendermos o limite para estar numa negociação e o porque aquela negocia- ção não é interessante para uma das partes. Nesta fase da Negociação também é importan- te ter claro qual a ZOPA que envolve o negócio, até mesmo para ser capaz de reconhecer até quando permanecer na negociação é interessante. Relembrando em todas as negociações há uma margem de negociação admissível, seria o espaço entre a melhor proposta possível e a pior proposta aceitável. Essa margem de uma negociação aceitá- vel entre aquilo que se deseja obter chamamos de preço-alvo, e o que aceitam obter do acordo, o valor ideal, chamamos de preço de reserva. E essa mar- gem entre o preço alvo e o preço de reserva chama- mos “Zona de Possível Acordo “, a ZOPA. Dentro dessa zona há a possibilidade de se con- cluir um acordo. Importante lembrar que se a proposta estiver fora da ZOPA talvez seja o momento de desistir ou então partir para outras estratégias. Ainda nesta fase da negociação ou distribuição William Ury aponta as três reações mais comuns num processo de negociação que não contribuem em nada para uma boa conclusão: o revide, a con- cessão e a ruptura. • O revide é baseado na filosofia de “olho por olho, dente por dente”. É a postura de tratar o outro como oponente, e a negociação como um jogo, onde você quer ser o ganhador e luta para isso. Qualquer ponto que você não concorde vai querer revidar e isso se tornaum círculo vicioso que gera ação e re- ação. Uma jogo de queda de braços que não leva a bons negócios. • A concessão - É uma atitude que pode acon- tecer decorrente de estratégias mais duras e agressi- vas, ou simplesmente pelo fato de recebermos uma primeira proposta que supere a expectativa, preci- pitando a aceitação de uma oferta sem que a ZOPA fosse explorada adequadamente. Essa atitude pode apressar um negócio que não será um bom negócio. A atitude da concessão em exagero pode quebrar confiança e a legitimidade de um possível acordo. • A ruptura – Vem de uma má compreensão onde uma das partes, pode ocorrer por questões emocionais onde um se sente ofendido, lesado, in- justiçado, por interpretação equivocada que leva a contraparte romper e deixar a negociação. Sim, um mal entendido coloca tudo a perder. E a ruptura pode acontecer a partir de detalhes, de uma narrati- 14 Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução parcial ou total deste material. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução parcial ou total deste material. va, de uma colocação em hora errada. É preciso es- tar bem atento! Essas reações podem até gerar resultados po- sitivos também, mas via de regra, seus impactos são altos e “caros” – ou seja, podem acabar com a legitimidade à sua proposta. Esses critérios como já mencionamos anteriormente, tornam a proposta crí- vel, bem menos vulnerável à oposições, dão robustez às tratativas. O contrário, que significa a falta de critérios téc- nicos, concretos, objetivos e táticas agressivas po- dem levar à perda de credibilidade do negociador. 4) FECHAMENTO O fechamento é o momento de construir o com- promisso com todos os esforços que foram emprega- dos nas fases anteriores. O bom negociador quando chegar aqui, no momento do fechamento – vai con- trolar as emoções e conflitos que já foram resolvidos lá trás, para agora firmar um acordo bom, minima- mente para as todas as partes. No fechamento às vezes há a necessidade de re- visar os reais interesses de ambas as partes, princi- palmente os convergentes, que sejam comuns para fortalecer os benefícios do fechamento. Porém, re- discutir pontos que já foram discutidos anteriormen- te poderão levar à um retrocesso bem perigoso nesta hora. O que já foi discutido, vendido, argumentado deve ser apenas resumido se necessário. É importan- te deixar bem claro nesta hora todas as informações que compõem as propostas e o contrato, e dirimir as dúvidas que ainda restam – principalmente, no to- cante à parte financeira. E finalmente solicitar o com- promisso de ambas as partes. Nesta fase do processo é importante: • Ouvir atentamente todas as partes e envolvidos na negociação. • Colocar-se no lugar do outro, mostrando-se capaz de compreender os seus interesses. • Dirimir todas as dúvidas, confirmando aquilo que está sendo proposto. • Procurar não fazer uso de palavras ou expressões negativas, que possam tra- zer um “peso” desnecessário. • Ser transparente e objetivo ao colocar seus interesses. • Não solicitar algo em troca de qualquer concessão de sua parte. • Se ater ao PRAZO do processo. 5) RECONSTRUÇÃO Depois de fechado o negócio algumas atitudes podem contribuir para a consolidação de bons rela- cionamentos, e criar boas pontes para negociações futuras: elogiar, encorajar a outra parte com um discurso positivo, afirmar a legitimidade do acordo e oferecer um aperto de mão, um almoço, um brinde que seja pertinente ao perfil do cliente, ou simples- mente um sorriso e votos de felicidades com o novo negócio. O ideal é valorizar o desfecho e empoderar os clientes, dando a certeza que fizeram um excelen- te negócio. É o momento de investir no relacionamento que às vezes se desgastou durante o processo, de pedir um feedback ou até falar sobre os pontos positivos da negociação. Nesta fase será apenas a consolidação do que já passou de forma positiva, portanto, cuide de todo o processo de negociação, estude suas fases, estude as ferramentas, treine, quando tiver um cliente em tratativa anote alguns pontos importantes. Faça per- guntas abertas que te levarão a conhecer os verda- deiros interesses do seu cliente, descubra A BATNA/ MAPAN de seus clientes, assim como a ZOPA – gere opções de valor para o seu cliente, valorize conces- sões feitas. Assim municiado de todas as ferramen- tas que aprendeu poderá conduzir seus clientes à um bom acordo e realizar uma negociação que trará muitos frutos à você corretor de imóveis. perspectiva de um bom acordo e levar a negociação água abaixo. Nesta fase outro ponto de extrema importância é a legitimidade das propostas colocadas na mesa. O que significa encontrar critérios objetivos que deem 15Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução parcial ou total deste material. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução parcial ou total deste material. E para você se aperfeiçoar ainda mais indicamos na tela algumas palestras sobre negociação que es- tão na TV CRECI. Acesse tv.crecisp.gov.br e busque por alguns destes títulos : • Negociação Estratégica: O xeque mate para o sucesso REFERÊNCIAS FISHER, Roger; URY, William e PATTON, Bruce – Como chegar ao SIM - Editora Sextante – 2018 ACUFF, F. L. How to negotiate anything with anyone anywhere around the world. New York: American Ma- nagement Association, 1993. WANDERLEY, José Augusto; Negociação Total, 1998 Edit. Gente Curso Negociation Secrets for Master Negociators, Por Dr. Claudia Winkler- LLM. Harvard Lead Negotiation Trainer | The Negotiation Academy https://www.udemy.com/course/negotiation-secrets-for-master-negotiators/ Manual de Negociação segundo a Teoria de Harvard – AGU – Escola da Advocacia Geral da União – Mi- nistro Vitor Nunes Leal – Brasília, 2017.Acessado através do link: http://www.mpsp.mp.br/portal/page/ portal/documentacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/bibli_servicos_produtos/BibliotecaDigital/BibDigi- talLivros/TodosOsLivros/Manual-de-negociacao-baseado-na-teoria-Harvard.pdf • Técnicas de Negociação e alta Performance • Quebrando Paradigmas nas negociações • Técnicas Avançadas de Negociação • Negociações em tempos de crise • Técnicas de Negociação e suas abordagens • A comunicação na nova negociação do Ganha-Ganha