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A CONTRIBUIÇÃO DA HISTÓRIA ESCRITA A CONTRAPELO PARA A HISTORIOGRAFIA DA REVOLUÇÃO MEXICANA MACARENA CAVALCANTE MAIRATA RESUMO O presente trabalho faz uma breve analise da pesquisa sobre os novos personagens da Revolução Mexicana apontados no artigo “A historiografia da Revolução Mexicana no limiar do século XXI: tendências gerais e novas perspectivas” de Carlos Alberto Sampaio Barbosa e Maria Aparecida de Souza Lopes que mostra a forma simplória que tais personagens foram descritos e em algumas pesquisas historiográficas sobre o tema, suas contribuições tornaram-se inexistentes. Como a história escrita a contrapelo indicada por Walter Benjamim pode contribuir com essa historiografia, é o objetivo deste trabalho. PALAVRAS-CHAVE: Revolução Mexicana; Walter Benjamin; historiografia. INTRODUÇÃO No artigo “A historiografia da Revolução Mexicana no limiar do século XXI: tendências gerais e novas perspectivas” de autoria de Carlos Alberto Sampaio Barbosa e Maria Aparecida de Souza Lopes, os autores citam pelo menos três pesquisadores - Jesús Silva Herzog, Frank Tannenbaum e Ramón Eduardo Ruíz, que abordaram de forma “sumária” ou “eliminaram” a participação de personagens que puseram em marcha a Revolução Mexicana como Emiliano Zapata, Francisco Villa e Ricardo Flores Magón. Em alguns trabalhos historiográficos alguns desses personagens foram abordados de forma simplória, “Os principais protagonistas revolucionários são descritos de forma muito sumária por Tannenbaum” (Barbosa & Lopes, 2001, p.171). E em outros, os trabalhos historiográficos, com os registros da participação e contribuição dos principais protagonistas da Revolução Mexicana foram eliminados “[…] aquelas figuras que propuseram as transformações sociais mais radicais, como Emiliano Zapata e Ricardo Flores Magón, foram praticamente eliminadas […]” (Barbosa & Lopes, 2001, p.176). Foi em 1920, que mediante a trabalhos historiográficos que buscavam contar a história de personagens esquecidos da Revolução Mexicana, como a de Francisco Villa, que o caráter revolucionário da Revolução Mexicana foi retomado tendo como referência o trabalho de Friedrich Katz (1998). Nessa mesma linha de argumentação, novos estudos começaram a buscar as causas das limitadas mudanças sociais no México durante a década de 1920, no fato de que as vozes revolucionárias mais radicais foram caladas prematuramente. Umas das tendências mais importantes de um grupo destacado de trabalhos revisionistas se concentrou na “recuperação” de alguns personagens “esquecidos” da Revolução Mexicana e numa revalorização dos projetos vencidos. O exemplo é absolutamente claro para as figuras de Francisco Villa e Emiliano Zapata. (Barbosa & Lopes, 2001, p.177) Segundo Wasserman, “Na segunda metade do século XIX, apareceram os primeiros “historiadores”, intelectuais ligados a academias de história ou centros e institutos de pesquisa histórica. (Wasserman, 2011, p.96). E uma das hipóteses que contribuem para entender o porquê da exclusão de personagens como Zapata e Villa da historiografia da Revolução Mexicana, está na ausência da construção de uma identidade, até então, inexistente (Wasserman, 2011, p.97). A autora traz um breve panôrama sobre a construção da identidade no campo da historiografia: Diante do padrão estrangeiro, ao se deparar com a realidade latino-americana e com as dificuldades de implantação de ordenamentos políticos estáveis em todo o subcontinente, estes intelectuais acabavam acreditando que a América Latina tinha desvios e deformações no processo de formação nacional, ou que esses processos estavam ainda inacabados. Estas características do pensamento latino-americano em relação à questão nacional – existência ontológica de nações, atração por modelos externos, identificação de desvios e deformações no processo de formação das nações e as ideias de incompletude e de frustração – estão presentes em toda a história do subcontinente e trouxeram consequências no campo da historiografia, bem como, implicações político-sociais. (Wasserman, 2011, p.97). PERSONAGEM A HISTÓRIA ESCRITA A CONTRAPELO “O momento destruidor: demolição da história universal, eliminação do elemento épico, nenhuma identificação com o vencedor. A história deve ser escovada a contrapelo. A história da cultura como tal é abandonada: ela deve ser integrada à história da luta de classes” (Benjamin, 1981: 1240). CONCLUSÃO REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBOSA, Carlos Alberto Sampaio & LOPES, Maria Aparecida de Souza, A historiografia da Revolução Mexicana no limiar do século XXI: tendências gerais e novas perspectivas. São Paulo: História, Revista do Departamento de História UNESP, vol. 20, 200. p.163-198. RAMPINELLI, W. J. A Revolução Mexicana: seu alcance regional, precursores, a luta de classes e a relação com os povos originários. Revista Espaço Acadêmico, v. 11, n. 126, p. 90-107, 8 set. 2011. WASSERMAN, C. A primeira fase da historiografia latino-americana e a construção da identidade das novas nações. História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, Ouro Preto, v. 4, n. 7, p. 94–115, 2011. DOI: 10.15848/hh.v0i7.338. 1