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1 LOGÍSTICA REVERSA 2 Sumário INTRODUÇÃO 4 Questões ambientais 5 O processo de logística reversa e o conceito de ciclo de vida 6 Caracterização da Logística Reversa 8 Fatores críticos que influenciam a eficiência do processo de logística reversa 10 Uma breve história da Logística Reversa 12 Conceito de Logística Reversa 14 A importância da Logística Reversa 15 Logística Reversa para Empresa 18 Alguns fatores para a aplicação da Logística Reversa 19 A Logística Reversa está relacionada somente com meio ambiente? 23 A Logística Reversa no Brasil 24 Influência da Logística Reversa no desempenho empresarial 28 Medição de desempenho na Logística Reversa 30 Modelo de Gerenciamento da Logística Reversa 32 Como projetar um sistema de Logística Reversa 34 Fluxos de distribuições reversas 39 Rede de distribuição reversa 40 Impactos da Logística Reversa na Gestão da Logística 41 Tendências 42 CONCLUSÃO 44 REFERENCIAS 45 3 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia-se com a ideia visionária e da realização do sonho de um grupo de empresários na busca de atender à crescente demanda de cursos de Graduação e Pós-Graduação. E assim foi criado o Instituto, como uma entidade capaz de oferecer serviços educacionais em nível superior. O Instituto tem como objetivo formar cidadão nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em diversos setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e assim, colaborar na sua formação continuada. Também promover a divulgação de conhecimentos científicos, técnicos e culturais, que constituem patrimônio da humanidade, transmitindo e propagando os saberes através do ensino, utilizando-se de publicações e/ou outras normas de comunicação. Tem como missão oferecer qualidade de ensino, conhecimento e cultura, de forma confiável e eficiente, para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. E dessa forma, conquistar o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos de qualidade. 4 INTRODUÇÃO O termo Logística Reversa - LR, assim como os estudos iniciais desta temática, podem ser encontrados já na literatura dos anos 70 e 80, tendo seu foco principal relacionado com o retorno de bens para serem processados em reciclagem dos materiais, sendo denominados e analisados como canais de distribuição reversos. Segundo Rogers e Tibben-Lembke (1999), a LR pode ser definida como a área da Logística Empresarial responsável pelo planejamento, operação e controle dos fluxos reversos de matérias-primas, estoques de processo, produtos acabados e as respectivas informações desde o ponto de consumo até o ponto de origem, com o propósito de recapturar valor ou adequar seu destino, podendo gerar diversos benefícios que originam ganhos de competitividade e se refletem nas esferas econômica, social e ambiental. Usualmente pensamos em logística como o gerenciamento do fluxo de materiais do seu ponto de aquisição até o seu ponto de consumo. No entanto, existe também um fluxo logístico reverso, do ponto de consumo até o ponto de origem, que precisa ser gerenciado. Este fluxo logístico reverso é comum para uma boa parte das empresas. Por exemplo, fabricantes de bebidas têm que gerenciar todo o retorno de embalagens (garrafas) dos pontos de venda até seus centros de distribuição. As siderúrgicas usam como insumo de produção em grande parte a sucata gerada por seus clientes e para isso usam centros coletores de carga. A indústria de latas de alumínio é notável no seu grande aproveitamento de matéria prima reciclada, tendo desenvolvido meios inovadores na coleta de latas descartadas. Existem ainda outros setores da indústria onde o processo de gerenciamento da logística reversa é mais recente como na indústria de eletrônicos, varejo e automobilística. Estes setores também têm que lidar com o fluxo de retorno de embalagens, de devoluções de clientes ou do reaproveitamento de materiais para produção. Este não é nenhum fenômeno novo e exemplos como o do uso de sucata na produção e reciclagem de vidro tem sido praticado há bastante tempo. Por outro lado, tem-se observado que o 5 escopo e a escala das atividades de reciclagem e reaproveitamento de produtos e embalagens têm aumentado consideravelmente nos últimos anos. Questões ambientais Existe uma clara tendência de que a legislação ambiental caminhe no sentido de tornar as empresas cada vez mais responsáveis por todo ciclo de vida de seus produtos. Isto significa ser legalmente responsável pelo seu destino após a entrega dos produtos aos clientes e do impacto que estes produzem no meio ambiente. Um segundo aspecto diz respeito ao aumento de consciência ecológica dos consumidores que esperam que as empresas reduzam os impactos negativos de sua atividade ao meio ambiente. Isto tem gerado ações por parte de algumas empresas que visam comunicar ao público uma imagem institucional “ecologicamente correta”. Concorrência – Diferenciação por serviço Os varejistas acreditam que os clientes valorizam as empresas que possuem políticas mais liberais de retorno de produtos. Esta é uma vantagem percebida onde os fornecedores ou varejistas assumem os riscos pela existência de produtos danificados. Isto envolve, é claro, uma estrutura para recebimento, classificação e expedição de produtos retornados. Esta é uma tendência que se reforça pela existência de legislação de defesa dos consumidores, garantindo-lhes o direito de devolução ou troca. Redução de Custo As iniciativas relacionadas à logística reversa têm trazido consideráveis retornos para as empresas. Economias com a utilização de embalagens retornáveis ou com o reaproveitamento de materiais para produção têm trazido ganhos que estimulam cada vez mais novas iniciativas. Além disto, os esforços em desenvolvimento e melhorias nos processos de logística reversa podem produzir também retornos consideráveis, que justificam os investimentos realizados. Nas seções seguintes deste artigo serão apresentados conceitos básicos relacionados à 6 logística reversa e discutidos alguns dos fatores críticos que influenciam a eficiência dos processos de logística reversa. O processo de logística reversa e o conceito de ciclo de vida Por traz do conceito de logística reversa está um conceito mais amplo que é o do “ciclo de vida”. A vida de um produto, do ponto de vista logístico, não termina com sua entrega ao cliente. Produtos se tornam obsoletos, danificados, ou não funcionam e deve retornar ao seu ponto de origem para serem adequadamente descartados, reparados ou reaproveitados. Do ponto de vista financeiro, fica evidente que além dos custos de compra de matéria-prima, de produção, de armazenagem e estocagem, o ciclo de vida de um produto inclui também outros custos que estão relacionados a 7 todo o gerenciamento do seu fluxo reverso. Do ponto de vista ambiental, esta é uma forma de avaliar qual o impacto que um produto sobre o meio ambiente durante toda a sua vida. Esta abordagem sistêmica é fundamental para planejar a utilização dos recursos logísticos de forma contemplar todas as etapas do ciclo de vida dos produtos. Neste contexto, podemos então definir logística reversa como sendo o processo de planejamento, implementação e controle do fluxo de matérias-primas, estoque em processo e produtos acabados (e seu fluxo de informação) do ponto de consumo até o ponto de origem, com o objetivo de recapturar valor ou realizar um descarte adequado. O processo de logística reversa gera materiais reaproveitados que retornam aoprocesso tradicional de suprimento, produção e distribuição, conforme indicado na figura. Este processo é geralmente composto por um conjunto de atividades que uma empresa realiza para coletar, separar, embalar e expedir itens usados, danificados ou obsoletos dos pontos de consumo até os locais de reprocessamento, revenda ou de descarte. Existem variantes com relação ao tipo de reprocessamento que os materiais podem ter, dependendo das condições em que estes entram no sistema de logística 8 reversa. Os materiais podem retornar ao fornecedor quando houver acordos neste sentido. Podem ser revendidos se ainda estiverem em condições adequadas de comercialização. Podem ser recondicionados, desde que haja justificativa econômica. Podem ser reciclados se não houver possibilidade de recuperação. Todas estas alternativas geram materiais reaproveitados, que entram de novo no sistema logístico direto. Em último caso, o destino pode ser a seu descarte final (Figura). Caracterização da Logística Reversa A natureza do processo de logística reversa, ou seja, quais as atividades que serão realizadas dependem do tipo de material e do motivo pelo qual estes entram no sistema. Os materiais podem ser divididos em dois grandes grupos: produtos e embalagens. No caso de produtos, os fluxos de logística reversa se darão pela necessidade de reparo, reciclagem, ou porque simplesmente os clientes os retornam. Na tabela 1 abaixo mostra taxas de retorno devido a clientes, típicas de algumas indústrias. Note que as taxas de retorno são bastante variáveis por indústria e que, em algumas delas, como na venda por catálogos, o gerenciamento eficiente do fluxo reverso é fundamental para o negócio. 9 O fluxo reverso de produtos também pode ser usado para manter os estoques reduzidos, diminuindo o risco com a manutenção de itens de baixo giro. Esta é uma prática comum na indústria fonográfica. Como esta indústria trabalha com grande número de itens e grande número de lançamentos, o risco dos varejistas ao adquirir estoque se torna muito alto. Para incentivar a compra de todo o mix de produtos algumas empresas aceitam a devolução de itens que não tiverem bom comportamento de venda. Embora este custo da devolução seja significativo, acredita-se que as perdas de vendas seriam bem maiores caso não se adotasse esta prática. No caso de embalagens, os fluxos de logística reversa acontecem basicamente em função da sua reutilização ou devido a restrições legais como na Alemanha, por exemplo, que impede seu descarte no meio ambiente. Como as restrições ambientais no Brasil com relação a embalagens de transporte não são tão rígidas, a decisão sobre a utilização de embalagens retornáveis ou reutilizáveis se restringe aos fatores econômicos. Existe uma grande variedade de containeres e embalagens retornáveis, mas que tem um custo de aquisição consideravelmente maior que as embalagens oneway. Entretanto, quanto maior o número de vezes que se usa a embalagem retornável, menor o custo por viagem que tende a ficar menor que o custo da embalagem oneway. 10 Fatores críticos que influenciam a eficiência do processo de logística reversa Dependendo de como o processo de logística reversa é planejado e controlado, este terá uma maior ou menor eficiência. Alguns dos fatores identificados como sendo críticos e que contribuem positivamente para o desempenho do sistema de logística reversa são comentados abaixo: Bons controles de entrada No início do processo de logística reversa é preciso identificar corretamente o estado dos materiais que retornam para que estes possam seguir o fluxo reverso correto ou mesmo impedir que materiais que não devam entrar no fluxo o façam. Por exemplo, identificando produtos que poderão ser revendidos, produtos que poderão ser recondicionados ou que terão que ser totalmente reciclados. Sistemas de logística reversa que não possuem bons controles de entrada dificultam todo o processo subseqüente, gerando retrabalho. Podem também ser fonte de atritos entre fornecedores e clientes pela falta de confiança sobre as causas dos retornos. Treinamento de pessoal é questão chave para obtenção de bons controles de entrada. 11 Processos padronizados e mapeados Uma das maiores dificuldades na logística reversa é que ela é tratada como um processo esporádico, contingencial e não como um processo regular. Ter processos corretamente mapeados e procedimentos formalizados é condição fundamental para se obter controle e conseguir melhorias. Tempo de Ciclo reduzidos Tempo de ciclo se refere ao tempo entre a identificação da necessidade de reciclagem, disposição ou retorno de produtos e seu efetivo processamento. Tempos de ciclos longos adicionam custos desnecessários porque atrasam a geração de caixa (pela venda de sucata, por exemplo) e ocupam espaço, dentre outros aspectos. Fatores que levam a altos tempos de ciclo são controles de entrada ineficientes, falta de estrutura (equipamentos, pessoas) dedicada ao fluxo reverso e falta de procedimentos claros para tratar as “exceções” que são, na verdade, bastante frequentes. Sistemas de informação A capacidade de rastreamento de retornos, medição dos tempos de ciclo, medição do desempenho de fornecedores (avarias nos produtos, por exemplo) permite obter informação crucial para negociação, melhoria de desempenho e identificação de abusos dos consumidores no retorno de produtos. Construir ou mesmo adquirir estes sistemas de informação é um grande desafio. Praticamente inexistem no mercado sistemas capazes de lidar com o nível de variações e flexibilidade exigida pelo processo de logística reversa. Rede Logística Planejada Da mesma forma que no processo logístico direto, a implementação de processos logísticos reversos requer a definição de uma infraestrutura logística adequada para lidar com os fluxos de entrada de materiais usados e fluxos de saída de materiais processados. Instalações de processamento e armazenagem e sistemas de transporte devem desenvolvidos para ligar de forma eficiente os pontos de consumo onde os materiais usados devem ser coletados até as instalações onde serão utilizados no futuro. Questões de escala de movimentação e até mesmo falta 12 de correto planejamento podem levar com que as mesmas instalações usadas no fluxo direto sejam utilizadas no fluxo reverso, o que nem sempre é a melhor opção. Instalações centralizadas dedicadas ao recebimento, separação, armazenagem, processamento, embalagem e expedição de materiais retornados podem ser uma boa solução, desde que haja escala suficiente. Relações colaborativas entre clientes e fornecedores No contexto dos fluxos reversos que existem entre varejistas e indústrias, onde ocorrem devoluções causadas por produtos danificados, surgem questões relacionadas ao nível de confiança entre as partes envolvidas. São comuns conflitos relacionados à interpretação de quem é a responsabilidade sobre os danos causados aos produtos. Os varejistas tendem a considerar que os danos são causados por problemas no transporte ou mesmo por defeitos de fabricação. Os fornecedores podem suspeitar que está havendo abuso por parte do varejista ou que isto é consequência de um mal planejamento. Em situações extremas, isto pode gerar disfunções como a recusa para aceitar devoluções, o atraso para creditar as devoluções e a adoção de medidas de controle dispendiosas. Fica claro que práticas mais avançadas de logística reversa só poderão ser implementadas se as organizações envolvidas na logística reversa desenvolverem relações mais colaborativas. Uma breve história da Logística Reversa Nas últimas décadas o mundo vivencia uma ânsia de lançamento de produtos e modelos em todos os setores do mercado, o que é fortemente influenciadopelos ideais capitalistas e pelo fortalecimento da economia e maior poder de compra da população menos favorecida. Para agradar os milhões de consumidores, as empresas põem em circulação grande variedade de produtos, com características diversas e especificações diferenciadas para atender os mais variados segmentos de consumo. Também abordará que com o pedido inicia-se o ciclo de vida do produto final que será entregue ao consumidor final, cujo retorno possibilitará a criação de um mesmo ou um novo produto. Será abordado que entre os componentes da empresa 13 varejista, o estoque, a armazenagem e a distribuição do produto são agilizadas pela logística, que também cuida do seu transporte, escolhendo o melhor modal, para um produto embalado de maneira peculiar e com atenção especial aos cuidados pós- utilização, pois com seu retorno haverá a criação de um mesmo ou um outro conforme dito. A origem da palavra logística vem do grego logistikos, do qual o latim logisticus é derivado, que significa razão, cálculo, pensar e analisar. Segundo o Dicionário Aurélio, o termo logístico vem do francês logistique e tem como uma de suas definições: parte da arte militar que trata do planejamento e da realização de projetos de desenvolvimento, obtenção, armazenamento, transporte, distribuição, reparação, manutenção e evacuação de materiais para fins operativos ou administrativos. Novaes (2014, p.35) adota o conceito de logística do Council of Logistics Management norte americano, que defini logística como: “Logística é o processo de planejar, implementar e controlar de maneira eficiente o fluxo e a armazenagem de produtos, bem como os serviços e informações associados, cobrindo desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de atender aos requisitos do consumidor. ” (NOVAES, 2014 p.35) A logística reversa é algo que vem chamando atenção de diferentes estudiosos nos dias atuais. De Brito e Bekker (2012) realizaram um estudo para destacar pontos táticos, estratégicos e operacionais da Logística Reversa, bem como para destacar seus conceitos e definições, de modo a clarear a compreensão do assunto. Conforme Brito e Ballou (2011) a logística reversa está relacionada a algumas atividades de tratamento e gestão de equipamentos, produtos, componentes, materiais ou até mesmo todo o sistema técnico a ser recuperado, o que pode simplesmente compreender a revenda de um produto ou então o recolhimento, inspeção, separação e outros relacionados a remanufatura e reciclagem. 14 Conceito de Logística Reversa Logística Reversa pode ser classificada como sendo apenas uma versão contrária da Logística como a conhecemos. O fato é que um planejamento reverso utiliza os mesmos processos que um planejamento convencional. Ambos tratam de nível de serviço, armazenagem, transporte, nível de estoque, fluxo de materiais e sistema de informação. No entanto a Logística Reversa deve ser vista como um novo recurso para a lucratividade. Na verdade, todas as empresas trabalham com o conceito de logística reversa, porém nem todas encaram esse processo como parte integrante e necessária para o bom andamento ou para o aumento nos custos das empresas. Apenas utilizam o processo e não dispensem maior importância e nem investem em pesquisas para o mesmo. Uma empresa que recebe um produto como fruto de devolução por qualquer motivo já está aplicando conceitos de logística reversa, bem como aquela que compra materiais recicláveis para transformá-los em matéria-prima novamente. 15 Esse interessante processo pode ser visto pelas empresas com enfoques diferentes, ou seja, para algumas, esse processo trará benefícios diversos, a começar pela redução de custos, enquanto que para outras pode ser um grande problema, pois representa custos que precisam ser controlados. No segundo caso, observamos que, nas empresas onde o processo de logística reversa representa custos, existe uma grande preocupação com o processo, para que ele seja extremamente controlado, a fim de que esses custos sejam reduzidos, uma vez que a extinção do processo de logística reversa numa empresa é praticamente impossível. A logística reversa é a área da logística que trata dos aspectos de retornos de produtos, embalagens ou materiais ao seu centro produtivo. Mesmo sendo considerado um tema extremamente atual, esse processo já ocorria a alguns anos em indústrias de bebidas, de forma continua cessando aparentemente a partir do momento em que as embalagens passaram a ser descartáveis. Quando falamos em logística imaginamos um fluxo de produtos, desde o momento em que é gerada a necessidade de atendimento de um produto até sua entrega ao cliente que estará aguardando a sua chegada. Mas é importante ressaltar que existe um fluxo reverso, do ponto de consumo até o ponto onde este produto teve seu início de produção. No entanto notamos que a logística reversa traz novos desafios e oportunidades, sendo uma atividade básica principalmente quando cita-se empresa de grande porte industrial. A importância da Logística Reversa O avanço tecnológico acelerou a introdução de novos produtos no mercado, levando a maiores condições de consumo e ao crescimento do descarte de produtos usados, aumentando o lixo urbano, principalmente em países com menor desenvolvimento econômico e social. Isto ocorre porque os canais reversos de distribuição, normalmente, não estão estruturados, havendo desequilíbrio entre as quantidades de material descartado e reaproveitado. Como exemplo, pode-se citar o 16 Brasil, onde a coleta seletiva do lixo urbano não é prática comum, dificultando o estabelecimento de um canal de distribuição reverso, porque produtos recicláveis, como as embalagens de PET, vidro, papelão, são descartados junto a quaisquer outros tipos de lixo, inviabilizando parte destes produtos para reaproveitamento. Os produtos descartados no meio ambiente trazem o que denomina-se poluição, fato gerador dos custos para a sociedade em termos de gastos para destinação final e, para as empresas como custo da repercussão negativa em sua imagem corporativa. Mas, para LEITE (2003), em uma análise mais profunda, revela um custo que ultrapassa essas duas dimensões: os custos ecológicos, gerados pelo impacto dos produtos no meio ambiente. O autor discorre sobre a revalorização ecológica dos bens de pós-consumo, como “a eliminação ou a mitigação desse somatório de custos dos impactos no meio ambiente provocados pela ação nociva de produtos perigosos à vida humana ou pelos excessos desses bens”. De modo que se agrega valor ecológico ao bem em fim de vida, através da logística reversa, no intuito de resgatar o valor correspondente a esses custos. Valor este nem sempre tangível. Para controlar este cenário de grande impacto ambiental, as empresas, o governo e a sociedade devem somar esforços para aplicar programas de reciclagem e, deste modo, conscientizar a população sobre sua importância. O governo vale-se de legislações ambientais que regulamentam o descarte e depósitos em aterros sanitários e, ainda, o regulamentam o uso de matérias-primas secundarias, entre outros. Os consumidores estão mais sensíveis a problemas ecológicos, principalmente em países desenvolvidos, onde consumidores estão dispostos a pagar mais por produtos manufaturados com tecnologias que não agridam o meio ambiente. Enquanto as empresas procuram elaborar canais reversos, no intuito de adequarem-se as exigências legislativas e dos consumidores, além de visarem um diferencial estratégico para imagem corporativa e alcançar novos mercados. Cabe mencionar que as atividades da LR para obter o reaproveitamento de produtos usados por meio da utilização do fluxo reverso podem agregar valor ao produto no mercado, pela imagem corporativa associada ao respeito ao meio ambiente,além de captar oportunidades econômicas para o processo produtivo, 17 como a redução de compra de matéria-prima virgem. Outros pontos a serem lembrados e que podem impulsionar a aplicação da Logística Reversa são: Os custos de descarte em aterros sanitários têm aumentado; Considerações econômicas e ambientais estão forçando as empresas a utilizarem embalagens retornáveis; Maior consciência das empresas com relação a todo o ciclo de vida de seus produtos, ou seja, ser legalmente responsável pelo seu destino após a entrega dos produtos ao cliente, evitando a geração de impacto negativo ao meio ambiente; A matéria-prima nova está se tornando menos abundante, e consequentemente, mais cara; Economias geradas para a empresa devido ao reaproveitamento de materiais e componentes secundários. Além de apresentar diferenciação em serviço ao cliente a medida que o fabricante tem políticas mais liberais de retorno de produtos, apresentando uma vantagem em relação a concorrência; Eliminação de produtos que se tornam obsoletos devido ao alto grau de desenvolvimento tecnológico. Face as regulamentações, muitas empresas são obrigadas a recolherem seus produtos quando os mesmos atingem o final da vida útil; As empresas devem desenvolver produtos “amigáveis ao meio ambiente”; Técnicas para recuperação de produtos e gerenciamento do desperdício devem ser desenvolvidas. No Brasil, o governo federal está empenhado em estabelecer regulamentações para os segmentos que apresentam risco ao meio ambiente. Porém, algumas empresas e parte da sociedade brasileira, mesmo antes de imposições governamentais, estão se conscientizando quanto a importância da preservação do meio ambiente e dos ganhos que todos os envolvidos podem obter, sejam eles econômicos, sociais ou de imagem corporativa. 18 Logística Reversa para Empresa Cada vez mais a logística reversa tem se tornado importante para empresa, uma vez que as mercadorias devolvidas oferecem oportunidades para recuperação do valor, bem como economias de custo em potencial. Certamente o objetivo estratégico econômico, ou de agregação de valor monetário é o mais evidente na implementação da logística reversa nas empresas e varia entre os setores empresariais e em seus diversos segmentos de negócios tendo sempre como fator dominante a competitividade e o ecológico. Observando a Logística de pós-venda e pós-consumo notamos com relação aos custos envolvidos, toma-se a prática de: 1. Reutilização de embalagens, que geralmente agrega alguns custos adicionais decorrentes da classificação, administração e transporte de retorno, mas que, por outro lado, pode implicar a redução dos custos de aquisição de embalagens; 2. Utilização da reciclagem que reduz o custo de coleta e processamento, permitindo um avanço no mercado de produtos reciclados. O valor econômico movimentado pela logística reversa na cadeia do ferro/aço, por exemplo, é de mais de 30% do valor de venda do produto do setor (mais de US$2 bilhões por ano), cerca de 20% na indústria de alumínio e plástico. 3. Produtos refabricados, ou de outra forma, convertidos em novos, mais uma vez o valor irá ser menor do que os dos produzidos pela primeira vez, entretanto, seu valor será substancialmente maior do que o dos produtos que são vendidos para refugo ou reciclagem. Ex.; computadores cujas peças são caras vão para desmanche e são reaproveitadas em outros computadores voltando ao mercado como novos. Contudo não podemos deixar de mencionar os problemas gerados pelos retornos: A quantidade de produtos que retorna é maior que a produzida na indústria; · Os produtos retornáveis ocupam espaço nos armazéns, o que gera custos, principalmente se a quantidade for grande; Retornos não identificados ou desautorizados – ou seja, embalagens de plástico, por exemplo, quando retornam, são acompanhadas de outros materiais 19 como pregos, pedaços de madeira, que precisam ser separados, no caso de uma reciclagem; O custo total do fluxo reverso é desconhecido, de difícil avaliação. (LIMA) Custos de transporte e armazenagem de produtos tóxicos; O custo de transporte a tarifa é a mesma para entregar e para buscar o produto; Os custos da operação de troca são elevados. Apesar dos problemas citados acima, se as empresas se estruturarem para as práticas reversas na cadeia de suprimentos e buscarem parceiros, a relação custo benefício será vantajosa. A estruturação das empresas no sentido de melhorar o atendimento aos clientes é de grande importância. A implantação de tecnologias de informação na logística reversa, centros de distribuição, faz com que as empresas obtenham enormes economias pela redução de perdas e pela possibilidade de redistribuição. A redução crescente da diferenciação entre produtos concorrentes faz com que a decisão de compra por parte do cliente fique influenciada não só pela relação entre o valor percebido do produto e seu preço, mas também pela comparação entre o valor do serviço oferecido e seu custo ao cliente. A satisfação que um produto proporciona não é relacionada apenas ao produto em si, mas também ao pacote de serviços que o acompanha e manter um bom relacionamento com os clientes é, hoje em dia, um fundamento básico no mundo dos negócios. Alguns fatores para a aplicação da Logística Reversa Existem alguns fatores que levam à aplicação da logística reversa. FULLER & ALLEN (1995) apresentam cinco: Econômicos: relacionam-se com o custo da produção, por necessidade de adaptação dos produtos e processos para evitar ou diminuir o impacto ao meio ambiente; Governamentais: relacionam-se à legislação e à política de meio ambiente; 20 Responsabilidade Corporativa: relacionam-se ao comprometimento das empresas fabricantes com a coleta de seus produtos ao final da vida útil; Tecnológicos: ligam-se aos avanços tecnológicos da reciclagem e projetos de produtos com finalidade de reaproveitamento após descarte pela sociedade; Logísticos: relacionam-se aos aspectos logísticos da cadeia reversa, como por exemplo, a coleta de produtos. Além destes fatores, existem, ainda, os fatores sociais, que abrangem o governo, as empresas, os intermediários no processo e as pessoas em geral. ECONÔMICOS A LR pode trazer ganhos diretos às empresas por meio da recuperação de produtos e redução de custos com o descarte adequado de materiais usados. Como exemplo, os equipamentos eletrônicos, que, normalmente, têm vida útil bastante curta, devido ao acelerado avanço tecnológico. Seus componentes, no entanto, podem ser reutilizados. A competição de mercado tem levado as empresas a desenvolverem o processo de recuperação de produtos objetivando evitar que terceiros tomem ciência sobre sua tecnologia de produção ou, até mesmo, para afastar a possibilidade de surgimento de novos competidores no mercado, situação que pode levar a redução do faturamento. Um exemplo, são as empresas de telefonia móvel situadas no Brasil, que por meio de suas revendas, oferecem a troca do aparelho telefônico usado por um novo, pagando o cliente somente a diferença de preço entre os aparelhos. Segundo o CLM (1993), a estruturação de um canal de distribuição reverso para o reaproveitamento de metais ferrosos e não ferrosos, papéis e gorduras de restaurantes foi realizada devido aos ganhos apresentados aos agentes envolvidos. 21 Algumas empresas estão praticando o processo de recuperação de produtos para prevenir-se contra futuras imposições governamentais. Deste modo, não estarão despreparadas ao ter que cumprir alguma lei, e, consequentemente, não irão efetuar gastos inesperados para atender às exigências impostas. Conforme menciona STOCK (1998), toda empresa, independentemente do ramo, tamanho, tipos de produtos ou localização geográfica,pode beneficiar-se do planejamento, implementação e controle de atividades da Logística Reversa, mesmo que não haja imposição governamental. Como pode ser observado, os fatores econômicos apresentam-se por meio de ganhos diretos e indiretos. São eles: Ganhos Diretos: reaproveitamento de materiais, redução de custos, adição de valor na recuperação. Ganhos Indiretos: antecipação a imposições legislativas, proteção contra a competição de mercado, imagem corporativa associada à proteção ambiental, melhora de relacionamento fornecedor/cliente. GOVERNAMENTAIS Referem-se a qualquer imposição governamental para que as empresas recuperem seus produtos ou os recolham ao final da vida útil ou após o descarte, objetivando evitar a degradação do meio ambiente. A legislação de diversos países, principalmente da Europa, tem sido bastante rigorosa com os fabricantes, impondo obrigações quanto ao recolhimento de seus produtos para que sejam recuperados ou descartados adequadamente. Para YOUNG (1996) as empresas que produzem ou distribuem produtos devem ser responsáveis por limpar o que foi produzido ou distribuído por elas mesmas. RESPONSABILIDADE CORPORATIVA Está relacionada ao conjunto de valores ou princípios que levam a empresa a se tornar responsável perante a logística reversa. Por exemplo, as empresas que mantêm extensivo programa de recolhimento de seus produtos após o descarte - priorizando as responsabilidades social e ambiental. 22 De acordo com LEITE (2003) tem se observado, por pesquisas diretas, que empresas líderes em seus setores já apresentam posicionamento de acréscimo de valor a seus produtos e suas imagens corporativas por meio da logística reversa. SOCIAIS Envolvem os governos por meio de imposições governamentais, provimento de coleta seletiva urbana de resíduos sólidos – o que contribui para a geração de empregos - e instituição de incentivos para empresas praticantes da LR, as empresas por meio da preocupação em dar um destino adequado a seus produtos no final da vida útil e a sociedade em geral que praticando a rotina do descarte de forma adequada estará contribuindo para a preservação do meio ambiente e para a obtenção da melhoria contínua da qualidade de vida. 23 A Logística Reversa está relacionada somente com meio ambiente? Em todo o mundo, os elos entre desempenho ambiental, competitividade e resultados financeiros finais estão crescendo a cada dia. Empresas de ponta estão transformando o desempenho ambiental superior numa poderosa arma competitiva. O aumento da preocupação social está levando ao desenvolvimento de produtos ecologicamente corretos e à certificação nas normas internacionais, como ISO14000. Exigências de certificação estão transformando a relações entre ambiente e negócio. Constata-se que funcionários e acionistas sentem-se melhor por estarem associados a uma empresa ambientalmente responsável, e essa satisfação pode até 24 mesmo resultar em aumento de produtividade da empresa. Tal postura implica reduções de custos, uma vez que a poluição representa materiais mal aproveitados devolvidos ao meio ambiente, ou seja, a maior parte da poluição resulta de processos ineficientes, que não aproveitam completamente os materiais. Bancos e principalmente agências de fomento ( BNDES, BID, etc.) oferecem linhas de crédito específicas, maior prazo de carência e menores taxas de juros a empresas com projetos ligados ao meio ambiente. Resumidamente, a Logística Reversa relaciona-se com os seguintes aspectos do negócio: 1. Proteção ao meio ambiente - uma vez que há aumento de reciclagem e reutilização de produtos há uma diminuição de resíduos; 2. Diminuição dos custos – retorno de materiais ao ciclo produtivo; 3. Melhora da imagem da empresa perante o mercado – empresas ambientalmente responsáveis, representa uma forte publicidade positiva; 4. Relação custo/benefício vantajosa – apesar dos custos com a estruturação de uma logística reversa os benefícios (ambientais, boa imagem no mercado, etc.) são positivos; 5. Aumento significativo nos lucros da empresa – uma vez bem estruturada a prática de reutilização de materiais (alumínio, aço, computadores, etc.) acarreta na redução de custos de compra de matéria-prima. A Logística Reversa no Brasil Em 1998, surgiu no Brasil o Programa Brasileiro de Reciclagem, criado pelo Ministério da Indústria, Comércio e Turismo, cujo o objetivo é estudar o quadro da coleta de lixo domiciliar no Brasil e propor as linhas mestras para organizar e estimular a coleta seletiva, contemplando as cidades com mais de 50 mil habitantes com um sistema de gerenciamento integrado de seus resíduos sólidos, incluindo a separação 25 na fonte de triagem dos resíduos sólidos reaproveitáveis. Seu intuito é, também, oferecer consultoria e apoio técnico para a instalação de cooperativas de catadores. Existe no Congresso Nacional um projeto sobre resíduos sólidos a ser promulgado. Aborda diversos aspectos relacionados à logística reversa: classificação para os diversos tipos de resíduos sólidos como industriais, de saúde, perigosos, etc.; instituição da coleta seletiva domiciliar obrigatória em municípios com mais de 150 mil habitantes; tributação diferenciada às atividades de reciclagem de materiais; tributação diferenciada aos produtos em diferentes fases dos canais reversos, entre outros. Porém, enquanto este projeto não é promulgado, cabe aos fabricantes e à população conscientizarem-se dos benefícios oferecidos pela reciclagem ao País. No Brasil não há uma lei federal que trate da gestão ambientalmente segura dos resíduos sólidos, líquidos e gasosos. O arcabouço legal federal da área de resíduos sólidos não se encontra consolidado em um único diploma, mas distribuído em leis, decretos, portarias, resoluções do CONAMA e da ANVISA. O CONAMA, por exemplo, vem, nos últimos anos, editando resoluções referentes a coleta e tratamento de resíduos sólidos de construção civil, pilhas e baterias, pneumáticos, lâmpadas de mercúrio e construção de aterros sanitários, estabelecendo obrigações diversas para a sociedade. Entretanto, esses diplomas são apenas resoluções, não leis e como tais não podem imputar obrigações. Muitas indústrias brasileiras vêm praticando a reciclagem de materiais, porque através desta prática podem obter grande economia de custos de produção, principalmente em relação a insumos como energia elétrica, matéria-prima e mão-de- obra, o exemplo mais evidente é o da lata de alumínio que é 100% reciclável e pode ser reciclada inúmeras vezes. O Brasil, em 2005, reciclou 96% das latas de alumínio produzidas, superando os Estados Unidos, que as reciclam há mais de 30 anos. ABAL (2006). 26 A Figura abaixo apresenta as razões para aplicação da logística reversa no Brasil: Como pode ser observado na Figura o atendimento das exigências legais somado as devoluções de produtos por problemas de qualidade totalizam 49 % das razões para aplicação da logística reversa. Cabe lembrar que, muitas vezes, o lucro vem como consequência da aplicação do processo de reciclagem. Muitos são os exemplos de benefícios trazidos pela reciclagem e reaproveitamento dos materiais como insumos. A indústria de alumínio, por exemplo, tem tido grandes vantagens com a reciclagem das latas de alumínio, utilizadas para conter bebidas. A energia utilizada para a produção de alumínio reciclado chega a ser menor que 5% da energia usada na fabricação do alumínio primário, o que correspondeu, no ano de 2002, a uma economia próxima dos 1700 GWh. Além disso, para cada tonelada de alumínio que se recicla, poupa-se também aproximadamente 5 toneladas do minério bruto (bauxita). Por poderem ser totalmente reaproveitadas inúmeras vezes, as latas de alumínio são bastante valorizadas na reciclageme pelos catadores. Na produção nacional de latas de alumínio são 27 utilizadas 64% de latas recicladas. No entanto, em termos ambientais, ela equivale apenas a 1,5% do lixo produzido nas cidades. No caso dos papéis de escritório os números de reaproveitamento são menos significativos, dos 75% dos papéis circulantes no país que podem ser reciclados, apenas 36% em média retornam à produção. Esse número talvez seja explicado pela falta de incentivo à reciclagem, pois o país é um dos maiores produtores de celulose virgem. Já no caso do papelão usado na confecção de caixas para transportar produtos, a reciclagem é cerca de 71% do que é consumido. De todo papel reciclado, 18% é utilizado para a fabricação de papéis sanitários e 8% para papel de impressão e escrita. Os plásticos rígidos usados em recipientes para produtos de limpeza, potes de alimentos e garrafas plásticas têm um retorno como matéria-prima à produção de apenas 15%. Essa é também a porcentagem de reciclagem da resina PET usada em garrafas de refrigerantes e água. Esse valor corresponde a 30 mil toneladas da resina que retornam como matéria-prima. Além disso, 1000 toneladas por ano são recuperadas pela coleta seletiva e catadores. Além das vantagens econômicas trazidas com o fluxo reverso, existem os benefícios sociais. São mais de 152 mil pessoas que vivem exclusivamente da coleta de latas, vasilhames de vidro, garrafas PET, plástico rígido de produto de limpeza, papel de escritório, jornais velhos e papelão. 28 Influência da Logística Reversa no desempenho empresarial São vários os direcionadores estratégicos que justificam a implementação de programas de LR: fatores econômicos, legislações, cidadania corporativa, aspectos ambientais (ROGERS; TIBBEN-LEMBKE, 1999). Leite (2006) identifica cinco direcionadores e, a partir daí, estabelece cinco programas de LR adotados pelas empresas brasileiras: os programas econômicos (PE); de imagem (PI); cidadania (PC); serviço ao cliente (PS); e legais (PL). Inúmeros estudos práticos realizados dentro e fora do Brasil corroboram com o anteriormente dito: Dowlatshahi (2000) aponta que ganhos de 40% a 60% no custo são reportados por empresas que utilizam remanufatura de componentes utilizando somente 20% do esforço de fabricação de um produto novo; Mitra (2007) analisa diferentes estudos que reportam a economia de energia com processos de remanufatura se comparados com processos 29 de manufatura de novos produtos, evidenciando a diminuição de custos e os ganhos ao meio ambiente; Souza, Vasconcelos e Pereira (2006) analisam o sistema de LR na reciclagem das latas de alumínio, mostrando os resultados econômicos alcançados, assim como a geração de empregos e renda mediante o desenvolvimento de projetos de caráter social voltados para a educação ambiental; Cruz e Ballista (2006) fazem referência ao papel da LR na gestão eficaz dos resíduos sólidos como forma de satisfazer necessidades da sociedade na perspectiva socioambiental, sem perder de vista a eficiência, evitando desperdícios e o mau uso dos recursos; Braga Junior, Merlo e Nagano (2008) demonstram como a LR pode ser fonte alternativa de renda, contribuindo para a sustentabilidade do negócio, reduzindo os desperdícios e os impactos social e ambiental; e Hernández et al. (2007) analisam como a criação de um consórcio para a gestão de resíduos industriais melhorou indicadores de desempenho empresarial relacionados com aspectos econômico-financeiros devido à diminuição de despesas, mas também influenciou de forma positiva a imagem das empresas envolvidas frente à comunidade e governo, oferecendo emprego e melhores condições de vida à população. Embora sejam reconhecidos os benefícios de programas de LR, a realidade de muitas empresas, incluídas as brasileiras, mostra que, às vezes, é difícil verificar todas suas vantagens, porque existe a ideia de que o fluxo reverso somente representa custos e, como tal, recebe pouca ou nenhuma prioridade nas empresas (QUINN, 2001), e há dificuldade em medir seu desempenho (ROGERS; TIBBEN- LEMBKE, 1999). Portanto, devem ser identificadas as formas de mensurar o impacto da LR por meio de indicadores de desempenho; sendo estes os parâmetros mais utilizados, pois fornecem informações sobre a atividade que se deseja monitorar e os padrões de comparação para tal fim (CHAVES; ASSUMÇÃO, 2008). 30 Medição de desempenho na Logística Reversa A LR, se devidamente gerenciada, pode se constituir numa forma de criação de valor para a empresa (HERNÁNDEZ et al., 2007). No entanto, os mecanismos até o momento utilizados buscam essa agregação de valor de forma isolada e não integrada à estratégia global da empresa. No cenário atual, caracterizado por ambiente de alta competitividade, as empresas precisam satisfazer interesses de diferentes agentes, acionistas, funcionários, clientes, governo, comunidade local e outros (stakeholders) específicos que requerem estratégias contraditórias. A LR insere-se neste contexto de satisfação de múltiplos interesses estratégicos. Seus programas devem ser desenvolvidos tendo como base diferentes direcionadores, mas com o objetivo comum de satisfazer os diversos agentes envolvidos, e para agregar valor à empresa (LEITE, 2006). Este valor agregado não precisa ser definido apenas por indicadores de desempenho financeiros, mas também pode incluir indicadores ou medidas não financeiras. A etapa de definição dos indicadores de desempenho é a mais crítica do processo, pois define a eficiência do processo de medição. Determinar quais as medidas que devem ser utilizadas dependem da complexidade do processo que se deseja avaliar e da sua importância em relação às metas estabelecidas pela empresa, assim como da expectativa de uso desses dados por parte da gerência. Muitas são as variáveis que podem ser medidas e avaliadas (CHAVES; ASSUMÇÃO, 2008), portanto, depende-se do bom senso e experiência dos gerentes, mas, principalmente, do método utilizado. Embora existam pesquisas sobre análise de desempenho, não existe uma definição única sobre as melhores medidas ou metodologia mais adequada para avaliar o desempenho de uma atividade (CHAVES; ASSUMÇÃO, 2008). A tendência atual no mundo empresarial é incluir aqueles indicadores que agregam valor por fornecer informações sobre o relacionamento da empresa com o meio ambiente, como seus clientes e a comunidade em geral, além dos indicadores sobre os aspectos econômicos que garantem a sobrevivência das empresas. 31 Neste sentido, o Balanced Scorecard (BSC) tem-se mostrado uma ferramenta útil e muito usada (KAPLAN; NORTON, 2001) e pode ser uma boa escolha determinar os indicadores de desempenho da LR, seguindo a lógica do BSC, o que significa estabelecer medidas de desempenho associadas às diferentes perspectivas - financeira, clientes, processos internos e aprendizado e crescimento (CASTRO et al., 2010). Além disso, o BSC reúne um conjunto de vantagens, destacando-se a flexibilidade para selecionar os atributos que devem ser gerenciados, o que faz dele uma ferramenta adequada para tratar a sustentabilidade empresarial - aspecto este importante na LR (MACEDO; QUEIROZ, 2007), além de ele poder ser utilizado em conjunto com outras ferramentas que auxiliem no processo da tomada de decisão, aspecto este importante para a presente pesquisa. Sobre isto há importantes trabalhos correlatos, como: Hervani, Helms e Sarkis (2006) relatam estudos realizados sobre gestão e medição do desempenho em operações internas da organização com ênfases na cadeia de suprimentos direta, utilizando o BSC. Além disso, estabelecem que pesquisas futuras devam contemplar aspectos relevantes sobre a gestão ecológica das cadeias com fluxos diretos e reversos, sendo esta ferramenta útilpara este fim; e Ravi, Shankar e Tiwari (2005) têm usado o BSC de forma conjunta com o Analytic Network Process (ANP) de Saaty (1996), para definir atuações estratégicas de LR no que se refere às parcerias e relacionamentos no canal reverso, estabelecendo também as vantagens do ANP com respeito a outra ferramenta, o Analytic Hierarchy Process (AHP) de Saaty (1980). 32 Modelo de Gerenciamento da Logística Reversa A seguir, passa-se a detalhar cada parte do modelo e seu funcionamento: Canais de distribuição reversos – são as portas de entrada ao modelo. A literatura identifica, basicamente, os canais reversos de pós-venda, os de pós- consumo e outros, mais gerais, conhecidos como canais de resíduos industriais, que incluem as atividades internas que a empresa faz para reaproveitar materiais, recuperar valor ou diminuir a contaminação de seu próprio processo produtivo. Estes canais devem ser projetados para atender aos objetivos específicos da organização, portanto, deve-se medir o resultado das atividades desenvolvidas neles, que é onde começa a funcionar a parte interna do modelo. Indicadores de desempenho de LR – Como resultado das entrevistas realizadas, foi obtido um conjunto de indicadores de desempenho de LR que, depois de uma análise criteriosa, foi reduzido a um número menor. Este aspecto foi importante na aplicação dos métodos de MCDM para estabelecer a importância, ou peso, de cada um dos indicadores nos programas de LR. Formaram-se assim grupos de indicadores genéricos que possibilitassem a incorporação de aspectos mais específicos (que podem ser definidos posteriormente nas métricas). Métricas de desempenho da LR – variam em número e tipo em função das estratégias da organização e dos indicadores de desempenho de LR selecionados. Correspondem à energia necessária para o funcionamento do modelo de gerenciamento. Uma empresa deve estabelecer metas ou padrões de comparabilidade para estas métricas, como, por exemplo, a evolução histórica, benchmarking, a forma como a empresa está em relação à média do mercado e em relação aos concorrentes. Recomenda-se que as métricas a serem adotadas pela empresa levem em conta a disponibilidade e facilidade de acesso às informações. Sob a ótica do BSC, o processo de formular metas deve estar dirigido a quantificar os resultados desejados em longo prazo e estabelecer referenciais de curto prazo para as medidas financeiras e não financeiras. 33 Programas de LR – com a medição do desempenho de LR ativada, métricas e indicadores exerceram influência em determinados programas de LR que foram classificados na pesquisa como: econômicos, de imagem, cidadania, serviço ao cliente e legais. Indicadores de desempenho empresarial – são a principal saída do modelo e estão representados num conjunto de indicadores, agrupados nas perspectivas do BSC. Estes indicadores foram definidos durante o desenvolvimento da pesquisa, com base tanto em critérios da bibliografia consultada como na experiência dos entrevistados. Neste trabalho, preocupou-se em identificar apenas aqueles indicadores de desempenho empresarial que podiam ser influenciados por práticas de LR, considerando que todos tenham a mesma importância e que representem práticas sustentáveis por parte das empresas. Métodos MDCM – são a chave do funcionamento ou execução do modelo proposto. A seleção dos indicadores de desempenho de LR - com suas respectivas métricas - é feita a partir do peso ou influência que estes exercem sobre os indicadores de desempenho da organização, o que é calculado por métodos MDCM, sendo que, especificamente, foi utilizado o ANP. Relações com o ambiente: Ambiente externo – o funcionamento correto da LR envolve relacionamentos com diversos stakeholders, assim, precisa de relações de alianças e de compromissos. Dois pontos chaves para conseguir este relacionamento são: Considerar a LR como um problema estratégico das organizações; e Estabelecer políticas de retorno coerentes e liberais de maneira formalizada e documentada para evitar conflitos no canal reverso de distribuição. Neste ambiente externo também estão identificadas as regulamentações e legislações que obrigam as empresas a desenvolver atividades de LR, relações com organizações e comunidade local onde estão inseridas as empresas, e que são de vital importância para o seu bom funcionamento. 34 Ambiente interno – refere-se aos processos internos da organização relacionados com a LR. O maior sucesso da LR envolve o trabalho de outras áreas funcionais, como compras, vendas, operações, logística, marketing e meio ambiente, e, dentre estas, as mais importantes são: As áreas de Logística, pelas atividades que desenvolvem; e As de Compras, por ter interface direta com outras áreas, e, especificamente, com o sistema de gestão ambiental, na procura por materiais amigáveis com o meio ambiente. Controle das atividades: Controle interno – a bibliografia consultada destaca que, geralmente, quando o canal reverso tem relevância do ponto de vista econômico, as atividades de LR passam a ter importância e são geridas de forma independente, em caso contrário, as áreas de Compras, Vendas e de Logística são as encarregadas pelo controle da atividade. Terceirização – Rogers e Tibben-Lembke (1999) discutem as vantagens de se terceirizar a área de LR da empresa. Eles apresentam razões estratégicas para a terceirização de operações da logística tradicional (direta) que são válidas para a LR. Segundo Vick (2009), sempre que possível, a decisão deve ser terceirizar, porque, mesmo que os custos iniciais pareçam elevados a longo prazo, isto permite benefícios. Em pesquisa realizada por Leite (2009) em empresas brasileiras, ficou evidente que a prática mais comum, quando utilizada a terceirização, é dividir o canal reverso por atividades, algumas delas terceirizadas e outras não. Como projetar um sistema de Logística Reversa A Logística Reversa não é nenhum fenômeno novo e exemplos como o do uso de sucata na produção e reciclagem de vidro tem sido praticado há bastante tempo. Entretanto, observa-se que a complexidade dos projetos de Logística Reversa tem aumentado consideravelmente pelos aspectos ambientais envolvidos. 35 O processo de logística reversa gera materiais reaproveitáveis ou não que retornam ao processo tradicional de suprimento, produção e distribuição, e geralmente é composto por um conjunto de atividades que uma empresa realiza para coletar, separar, embalar e expedir itens usados, danificados ou obsoletos ou descartes, dos pontos de consumo até os locais de reprocessamento, revenda, consumo ou destino final. Existem variantes com relação ao tipo de reutilização que os materiais podem ter – retorno ao fornecedor, revenda, recondicionamento ou reciclagem, dependendo das condições em que estes entram no sistema de logística reversa. Todas estas alternativas geram materiais reaproveitados, que entram de novo no sistema logístico direto, posteriormente. Em último caso, o destino pode ser a seu descarte final. O projeto de Logística Reversa deve seguir as mesmas etapas de qualquer projeto de Logísticas tais como: Objetivos a serem atingidos; Definição do escopo; Sequência das atividades; Orçamento; Planejamento dos recursos; Planejamento das etapas; Cronograma; Mapeamento dos riscos. Com as particularidades da coleta dos materiais, riscos ambientais e de saúde e higiene. No planejamento do projeto é necessário caracterizar corretamente as atividades que serão realizadas em função do tipo de material e do motivo pelo qual estes entram no sistema de logística reversa. Fatores críticos que influenciam o projeto de logística reversa. O sucesso do projeto depende de como o processo de logística reversa foi projetado e os controles disponíveis.36 Alguns dos fatores identificados como sendo críticos e que contribuem positivamente para o desempenho do sistema de logística reversa são comentados abaixo: a) Bons controles de entrada É necessário identificar corretamente o estado dos materiais que serão reciclados e as causas dos retornos para planejar o fluxo reverso correto ou mesmo impedir que materiais que não devam entrar no fluxo o façam. Por exemplo, identificando produtos que poderão ser revendidos, produtos que poderão ser recondicionados ou que terão que ser totalmente reciclados. Treinamento de pessoal é questão chave para obtenção de bons controles de entrada. b) Tempo de Ciclo reduzidos Tempo de ciclo se refere ao tempo entre a identificação da necessidade de reciclagem, disposição ou retorno de produtos e seu efetivo processamento. Tempos de ciclos longos adicionam custos desnecessários porque atrasam a geração de caixa (pela venda de sucata, por exemplo) e ocupam espaço, dentre outros aspectos. A consideração correta deste item é fator de redução de custos e melhoria do nível de serviço. Fatores que levam a altos tempos de ciclo são controles de entrada ineficientes, falta de estrutura (equipamentos, pessoas) dedicada ao fluxo reverso e falta de procedimentos claros para tratar as "exceções" que são, na verdade, bastante frequentes. c) Processos padronizados e mapeados Uma das maiores dificuldades na logística reversa é que ela é tratada como um processo esporádico, contingencial e não como um processo regular. Efetuar corretamente o mapeamento do processo e o estabelecimento de procedimentos formalizados são condições fundamentais para se obter controle e a melhor performance do projeto. d) Sistemas de informação A capacidade de rastreamento de retornos, medição dos tempos de ciclo, medição do desempenho de fornecedores (avarias nos produtos, por exemplo) permite obter informação crucial para negociação, melhoria de desempenho e identificação de abusos no retorno de produtos. Projetar estes sistemas de informação é um grande desafio, devido a inexistência no mercado de sistemas capazes de lidar com o nível de variações e flexibilidade exigida pelo processo de logística reversa. 37 e) Rede Logística Planejada Ao contrário da Logística normal, cuja filosofia é consolidar os centros de distribuição, a logística reversa tem de ampliar a rede de coleta e ter capilaridade, porque essa é a essência da logística reversa. A implementação de processos logísticos reversos requer a definição de uma infraestrutura logística adequada para lidar com os fluxos de entrada de materiais usados e fluxos de saída de materiais processados. Instalações de processamento e armazenagem e sistemas de transporte devem ser desenvolvidos para ligar de forma eficiente os pontos de fornecimento, onde os materiais a serem reciclados devem ser coletados, até as instalações onde serão processados. Questões de escala de movimentação e até mesmo falta de correto planejamento devem ser enfocadas na fase do projeto. Instalações centralizadas dedicadas ao recebimento, separação, armazenagem, processamento, embalagem e expedição de materiais retornados podem ser uma boa solução, desde que haja escala suficiente. Deverão ser aplicados também os mesmos conceitos de planejamento utilizados no fluxo logístico direto, tais como estudos de localização de instalações e aplicações de sistemas de apoio à decisão (roteirização, programação de entregas etc.) f) Relações Colaborativas Um tópico a ser explorado na fase de projeto de logística reversa é a utilização de prestadores de serviço e de estabelecimento de parcerias ou alianças com outras organizações envolvidas em programas ambientais e/ou de logística reversa. Como esta é uma atividade onde a economia de escala é fator relevante e onde os volumes do fluxo reverso são normalmente menores, uma opção viável dar-se-á através da terceirização e alianças. Deste modo, a concepção de um projeto eficiente de Logística Reversa deve levar em consideração os seguintes pontos: Viabilidade Linhas de crédito específicas para projetos ligados ao meio ambiente; Análises dos fatores Competitividade e Ecologia; Identificação de possíveis parceiros ou alianças; 38 Coleta A localizações atuais e alternativas dos postos de recepção, das centrais de reciclagem, incineradores e recicladores; Quantidade de produtos que retorna; Identificação e quantificação de retornos de materiais não identificados ou desautorizados; Rede consistente de coleta; Otimização de fretes. Processamento Sistema de gerenciamento Ambiental; Processamento do material coletado; Aspectos de Saúde e Higiene no manuseio e transporte dos materiais; · Automação do processo de separação dos materiais (secundários e de descarte) Programas educacionais para os membros da cadeia de abastecimento e para as comunidades envolvidas; Levantamento do ciclo de vida dos produtos ou embalagens envolvidas no projeto; Nível de reciclagem desejado no projeto; Legislação Ambiental (classificação do material reciclado, disposição de materiais perigosos). Reutilização Destino a ser dado aos materiais gerados no reprocessamento; Identificação do mercado consumidor e dos canais de comercialização; Divisão de responsabilidade quanto ao destino entre governo, consumidores e a cadeia produtiva. 39 Fluxos de distribuições reversas Tendo como ponto de partida os bens finais para se iniciar a análise do fluxo reverso, Leite (2002) dividiu esses bens em dois tipos: bens de pós-consumo e bens de pós-venda. A distribuição física de ambos se utiliza dos mesmos canais, tendo como origem a cadeia de distribuição e como destino o consumidor. Os fluxos reversos desses dois tipos de bens retornam do consumidor (origem) à cadeia de distribuição (destino), porém, por meio de diferentes canais intermediários. O fluxo de retorno dos bens de pós-venda e dos bens de pós-consumo pode ser realizado por diferentes motivos: Bens de Pós-Venda: ° Retorno por qualidade ou por garantia: recall e devolução; ° Redistribuição de produtos: prazo de validade próximo ao vencimento e sazonalidade de venda; ° Lançamento de novos produtos: retorno dos produtos obsoletos do mesmo ramo dos novos; ° Liberação de espaço em área de loja: limpeza (retorno) de estoques nos canais de distribuição. Bens de Pós-Consumo: 40 ° Reaproveitamento de componentes/materiais: reutilização e reciclagem de produtos/ componentes ou materiais constituintes dos mesmos; ° Incentivo à nova aquisição: benefício proposto na troca de um bem usado para aquisição de um novo; ° Revalorização ecológica: decisão de responsabilidade ética empresarial a fim de promover sua imagem vinculada ao destino final adequado dos seus produtos. A escolha da maneira através da qual um fluxo de retorno irá seguir dependerá do negócio em que a empresa atua e dos seus objetivos. Rede de distribuição reversa A rede de distribuição reversa pode ser entendida como o mapeamento dos fluxos reversos, ou seja, que caminhos os produtos irão percorrer até a sua reintegração ao ciclo produtivo ou o seu descarte final. O desenvolvimento dessa rede requer a análise de alguns aspectos importantes citados por Leite (2000) como: vida útil do bem disponibilizado, ciclo, nível de integração da empresa e objetivo. Vida útil do bem disponibilizado ° Durável: vida útil de alguns anos a algumas décadas; ° Semidurável: vida útil de alguns meses a dois anos; ° Descartável: vida útil de algumas semanas. Produtos duráveis poderão ter seus componentes ou materiais constituintes aproveitados ou serem reaproveitados em uma extensão de sua utilidade. Os bens descartáveis apresentam interesse na reciclagem dos materiais constituintes dos mesmos. Bens semiduráveis possuem característicasintermediárias entre os duráveis e os descartáveis. Além do tipo de bem disponibilizado, é preciso identificar o estado atual dos bens para que esses possam seguir o fluxo reverso correto ou mesmo impedir que 41 materiais que não devam entrar no fluxo o façam, facilitando o controle de entrada e evitando assim o retrabalho (Lacerda, 2002). Ciclo ° Aberto: reintegração do produto ao ciclo produtivo, substituindo o uso de matérias-primas; ° Fechado: os materiais servem para a fabricação de produtos similares. Nível de integração da empresa ° Integrada: a empresa é responsável por todas as etapas do canal de distribuição reverso; ° Não-Integrada: a empresa participa de algumas etapas do processo ou utiliza outros agentes para a consecução dessas. Segundo Lacerda (2002) já é comum no Brasil a operação de empresas que prestam serviço de gerenciamento do fluxo de retorno de pallets. Objetivo ° Econômico: ganho financeiro na operação; ° Mercadológico: diferenciação no serviço; ° Legislação: obediência à legislação existente ou futura; ° Ganho de imagem corporativa; entre outros. Impactos da Logística Reversa na Gestão da Logística O processo de logística reversa gera impactos na gestão da logística; pois muitos materiais são reaproveitados e retornam ao processo tradicional de suprimento, produção e distribuição. Este processo geralmente é composto por um conjunto de atividades que uma empresa realiza para coletar, separar, embalar e expedir itens usados, danificados ou 42 obsoletos dos pontos de consumo até os locais de reprocessamento, revenda ou descarte. Vários são os tipos de reprocessamento que os materiais podem ter, dependendo das condições que estes entram no sistema de logística reversa. Os materiais retornam ao fornecedor quando houver este acordo. Podem ser revendidos se ainda estiverem em condições adequadas de comercialização. Podem ser reciclados se não houver possibilidade de recuperação. Todas estas alternativas geram materiais reaproveitados, que entram de novo no sistema logístico direto. Em último caso, o destino pode ser a seu descarte final. Alguns dos processos de descarte final, como por exemplo, incineração de madeira, exige o serviço de empresa credenciada. Isto, além de demandar tempo na contratação de tal empresa, gera custo adicional no processo. Existe uma complexidade a verificar no que diz respeito a estoque de material. As empresas não têm a previsão da demanda, não sabem como o consumidor vai se comportar. E um evento externo, interfere no processo de armazenagem e distribuição em uma área limitada de estocagem. Significando, então, ocupação de área que não estava prevista e assim elevando o custo de estoque. É necessário monitorar diariamente o comportamento da coleta, para dar maior agilidade as operações e assim diminuir custos. O frete, também é um item importante e deve ser otimizado. Deve-se estudar uma maneira para que um mesmo transporte passe em diferentes lugares para coleta. Tendências A logística reversa, por ser ainda pouco estruturada, é uma área que há muito o que explorar. Algumas empresas já deram início a essas atividades e continuam a se desenvolver nesse ramo. Algumas tendências relevantes que foram identificadas deverão contribuir para o desenvolvimento desta prática são: 43 ° Identificação dos intermediários do fluxo reverso: quais os canais que participam deste fluxo, atribuindo as responsabilidades e o seu grau de cooperação na cadeia; ° Profissionalização das parcerias: aumentar a eficiência das funções de coleta, armazenagem, manuseio, processamento e transporte. ° Aplicação de conceitos do planejamento da distribuição direta: estudos de localização das instalações, aplicação de sistemas de apoio à decisão - como a roteirização e programação de entregas – entre outros. ° Novos mercados para a demanda de recicláveis: com a mudança de comportamento do consumidor, ele passará a ter uma nova percepção sobre a importância do desenvolvimento sustentável além das legislações ambientalistas e responsabilidades ecológicas. ° Cada vez mais empresas multinacionais e locais estão introduzindo sistemas de gerenciamento ambiental e obtendo certificações na norma ambiental ISO 14001. 44 CONCLUSÃO A logística reversa é ainda, de maneira geral, uma área com baixa prioridade. Isto se reflete no pequeno número de empresas que tem gerências dedicadas ao assunto. Pode-se dizer que estamos em um estado inicial no que diz respeito ao desenvolvimento das práticas de logística reversa. Esta realidade, como vimos, está mudando em resposta a pressões externas como um maior rigor da legislação ambiental, a necessidade de reduzir custos e a necessidade de oferecer mais serviço através de políticas de devolução mais liberais. Esta tendência deverá gerar um aumento do fluxo de carga reverso e, é claro, de seu custo. Por conseguinte, serão necessários esforços para aumento de eficiência, com iniciativas para melhor estruturar os sistemas de logística reversa. Deverão ser aplicados os mesmos conceitos de planejamento que no fluxo logístico direto tais como estudos de localização de instalações e aplicações de sistemas de apoio à decisão (roteirização, programação de entregas etc.) Isto requer vencer desafios adicionais visto ainda a necessidade básica de desenvolvimento de procedimentos padronizados para a atividade de logística reversa. Principalmente quando nos referimos à relação indústria - varejo, notamos que este é um sistema caracterizado predominantemente pelas exceções, mais do que pela regra. Um dos sintomas desta situação é a praticamente inexistência de sistemas de informação voltados para o processo de logística reversa. É possível verificar que a preocupação com a preservação do meio ambiente, junto a razões econômicas, governamentais, sociais e de responsabilidade corporativa, contribuiu para o crescimento da importância da LR. A aplicação da logística reversa oferece diversas vantagens à sociedade: preservação do meio ambiente, economia de energia e geração de empregos, mesmo sendo, em sua maioria, informais como catadores de lixo. Isso decorre do fato da logística reversa conseguir diminuir a descartabilidade de produtos implicando em uma redução dos custos para as empresas, amenizando impactos ambientais e diminuindo o consumo de matérias-primas. 45 REFERENCIAS STOCK, JAMES R., DEVELOPMENT AND IMPLEMENTATION OF REVERSE LOGISTICS PROGRAMS, OAK BROOK, IL: COUNCIL OF LOGISTICS MANAGEMENT; 1998. ROGERS, DALE S.; TIBBEN-LEMBKE, RONALD S. GOING BACKWARDS: REVERSE LOGISTICS PRACTICE; IL: REVERSE LOGISTICS EXECTUVE COUNCIL, 1999. 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