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GRAMÁTICA Editora Exato 18 ARTIGO/PRONOME/VERBOS/ADVÉRBIO 1. ARTIGO Artigo é a palavra variável que serve para substantivar as palavras, caracterizando-as como se- res determinados ou indeterminados e indicando-lhes o gênero e o número. Classificação do artigo Os artigos podem ser: � Definidos: determina o substantivo de mo- do preciso. São eles: o, a, os, as. Exemplos: O menino resolveu a questão. As flores estão bonitas. � Indefinidos: determina o substantivo de modo vago, impreciso. São eles: um, uma, uns, umas. Exemplos: Um menino resolveu uma questão. Umas flores estão bonitas. Propriedades dos artigos A anteposição do artigo pode substantivar qualquer palavra. Exemplos: A menina recebeu um não como resposta (não=advérbio substantivado). O jantar será servido em dez minutos. (jan- tar=verbo substantivado). O artigo permite reconhecer o gênero e o nú- mero do substantivo. Exemplos: O pianista – (masculino e singular) A pianista – (feminino e singular) Uma gramática – (feminino e singular) Uns lençóis – (masculino e plural) O artigo pode aparecer unido com preposições. Exemplos: Ele estava no (em+o) jardim. Ela precisava do (de + o) apoio dos amigos. Deixou a carteira numa (em + uma) loja. O artigo pode distinguir os homônimos, defi- nindo sua significação. Exemplos: O capital – a capital O guarda – a guarda O artigo indefinido anteposto a um número re- vela quantidade aproximada. Exemplos: Faltaram uns dez alunos. Repeti a explicação umas vinte vezes. Emprego dos artigos Usa-se, obrigatoriamente, o artigo definido: � Após o pronome indefinido todo, no senti- do de totalidade, inteiro. Exemplo: O jovem leu todo o romance de Cla- rice Lispector. � Antes de nomes de estado, países, continen- tes, rios, terras e de outros nomes próprios geográficos. Exemplo: a Mata Atlântica e a Floresta Ama- zônica sofrem constantes queimadas. Não se usa o artigo definido: � Antes de nomes de pessoas, se não houver relação de familiaridade ou intimidade. Exemplo: Luis Inácio Lula da Silva é presiden- te do Brasil. � Após o pronome relativo cujo. Exemplo: Aquele é o menino cujo amigo mor- reu. � Antes de pronomes de tratamento Exemplo: Vossa Excelência chegará hoje. Exceções: senhor, senhora, senhorita, dona. � Antes do pronome oNutro e de seus deriva- dos. Exemplo: Uns chegaram, outros saíram cedo. � Antes de substantivos usados em sentido geral e indeterminado. Exemplo: Pobreza não é defeito. � Em máximas e provérbios. Exemplo: Tristezas não pagam dívidas. � Antes da maioria dos nomes das cidades. Exemplo: Curitiba é contagiante. � Antes de formas de adjetivos superlativos relativos. Exemplo: Conheci os professores mais compe- tentes da cidade. � Nos vocativos Exemplo: Alunos! Prestem atenção nas expli- cações. � Antes de datas, desde que não apareça a pa- lavra dia. Exemplo: Nasci em 14 de setembro de 1956. � Antes das palavras terra (no sentido de terra firme) e casa (no sentido de moradia). Exemplos: A mulher está sempre em casa. Os pescadores ficaram em terra. Atenção: As palavras terra e casa aceitarão ar- tigo quando vierem modificadas ou especificadas. Exemplo: visitei a terra de meus avós. GRAMÁTICA Editora Exato 19 2. MORFOSSINTAXE DO ARTIGO O artigo sempre estará se referindo a um subs- tantivo. Justamente por isso, exerce na oração a fun- ção sintática de adjunto adnominal do substantivo a que estiver se referindo. 3. PRONOMES Palavras que podem substituir os substantivos ou acompanhá-los, considerando-os como pessoas do discurso, não se referindo às suas propriedades ou ca- racterísticas. Exemplo: Maria chegou. (substantivo) / Ela chegou. (pronome). O pronome pode ser substantivo ou adjetivo. a. Pronome Substantivo - Substitui o substantivo. Exemplo: João chegou. (substantivo) / Ele chegou. (pro- nome). b. Pronome Adjetivo - Acompanha o substantivo. Exemplo: Meu casaco (Pronome Adjetivo + Substanti- vo). O pronome refere-se às pessoas do discurso. Discurso - Mensagem transmitida. Exemplo: Fogo! / Vou à missa. / Quero sair. Pessoa - Ser a que se refere no discurso (a mensagem transmitida) o emissor. Existem três pessoas no singular e plural. 1a - é a que fala: eu, nós 2a - é a com quem se fala: tu, vós 3a - é a de quem se fala: ele, ela, eles, elas Há seis tipos de pronomes: 1. Pessoais 2. Possessivos 3. Demonstrativos 4. Indefinidos 5. Relativos 6. Interrogativos 4. PRONOMES PESSOAIS Referem-se diretamente às pessoas do discur- so, sendo sempre substantivos. Podem ser Retos (e- xercem a função de sujeito ou predicativo) ou Oblíquos (exercem a função de complementos). N.º Pes. Reto Oblíquo Átono Oblíquo Tôni- co 1a Eu Me mim, comigo Singular 2a Tu Te ti, contigo 3a Ele(a) o, a, lhe, se si, ele, ela, con- sigo 1a Nós Nos nós, conosco Plural 2a Vós Vos vós, convosco 3a Eles(as) os, as, lhes, se si, eles, elas, consigo Observações: 1 Os pronomes oblíquos podem ser Átonos (nunca aparecem precedidos de preposição) ou Tônicos (usados com preposição). Se a preposição é COM, empregamos as formas COMIGO, CON- TIGO, CONSIGO, CONOSCO, CONVOSCO. O emprego de COM NÓS e COM VÓS é pos- sível apenas quando seguidos de MESMOS, PRÓ- PRIOS, TODOS, ORAÇÃO ADJETIVA OU NUMERAL. Exemplo: Queremos falar com vós todos! 2 Pronome oblíquo diz-se REFLEXIVO quando o complemento verbal é da mesma pessoa do sujei- to. São exclusivamente REFLEXIVOS: se, si e consigo. Exemplo: João falava consigo (=com ele mesmo). 3 Pronome oblíquo diz-se RECÍPROCO quando traduz a idéia de UM ao OUTRO ou RECIPRO- CAMENTE. Exemplo: Ana e Paulo beijaram-se. (se= um ao outro, mutuamente) 4 ATENÇÃO: Os pronomes oblíquos átonos da 3a pessoa: o, a, os, as tomam as formas: a) LO, LA, LOS, LAS: quando vêm depois de formas verbais terminadas em R, S e Z (as quais, en- tão, são suprimidas). Exemplos: Você deve levá-la para casa. A verdade, pessoal, enfrentemo-la com digni- dade! O trabalho, fá-lo-ei com esmero. b) NO, NA, NOS, NAS: quando se liga a for- mas verbais terminadas em ditongo nasal. Exemplos: Tragam-na aqui. 5 Os pronomes de tratamento fazem parte dos pes- soais. Levam o verbo para a 3a pessoa (do singu- lar ou do plural). Exemplos: Vossa senhoria falou com seus filhos. Vossa santidade rezou sua missa? GRAMÁTICA Editora Exato 20 - VOCÊ, VOCÊS são originalmente pronomes de tratamento com características de 2a pessoa, mas levam o verbo para a 3a pessoa, assim como todos os outros pronomes de tratamento. Exemplo: Você é estudioso. Vocês são estudiosos. Principais Pronomes de Tratamento Vossa Alteza Príncipes, arquiduques, duques, Carde- ais Vossa Eminência Cardeais Vossa Excelência Altas autoridades do governo e das classes armadas Vossa Magnificência Reitores de Universidades Vossa Majestade Reis, Imperadores Vossa Excelência Re- verendíssima Bispos, Arcebispos Vossa Paternidade Abades, superiores de convento Vossa Reverendíssima Sacerdotes em geral Vossa Santidade Papas Vossa Senhoria Funcionários públicos graduados, ofi- ciais até coronel, pessoas de cerimônia VOCÊ é classificado como pronome de trata- mento por algumas gramáticas e como simples pro- nome pessoal por outras. Em tempos passados, você foi um pronome de tratamento (=vossa mercê), mas hoje não o é mais. Quando nos referimos às pessoas, usamos o possessivo SUA em vez de VOSSA. Exemplos: Sua Excelência está acamado (em referência à pessoa). Os senhores me desculpem, mas Sua Senhoria não pode atendê-los hoje (em referência à pessoa). 6 Os pronomes EU e TU só funcionam como sujei- to e como predicativo. Exemplos: Eu saí carregado. Tu cantavas quando cheguei. Ele não é tu. Tu não és ele. a) Esses pronomes nunca podem vir regidos de preposição. Devem-se empregar, em tais casos, as formas oblíquas MIM e TI. Exemplos: Nunca houve nada entre mim e ti.Entre mim e ti não houve nada. Sem mim não irás; sem ti, não irei. b) Não obstante, em se tratando de sujeito, usa- se a forma reta. Exemplos: Livro para eu ler (e não para mim ler). Doce para tu comeres (e não para ti comeres). 7 Nenhuma carta, nenhum discurso, nenhum escri- to poderá ter tratamentos diferentes. A uniformi- dade de tratamento é de rigor. Não podemos começar uma carta usando pronome de 2a pessoa, depois mudar para terceira ou vice-versa. Exemplos: Espero que compareças ao meu baile. Você vai gostar. Deve ser: Espero que compareças ao meu baile. Vais gos- tar. ou Espero que compareça ao meu baile. Vai gostar. 8 Os pronomes o, a, os, as sempre funcionam co- mo objeto direto. Os pronomes lhe, lhes, como objeto indireto. Me, te, nos, vos, se como objeto direto ou indireto. Exemplos: Ninguém o quis. (O o é objeto direto). Ninguém lhe deu esmola. (O lhe é objeto indi- reto). Ninguém te quis ( O te é objeto direto). Ninguém te deu esmola. (O te é objeto indire- to). 9 Não se empregam formas retas em vez das oblí- quas. Exemplos: Vi ele; olhe eu. São construções comuns ao povo. Deve-se dizer: Vi-o; olhe-me. Os objetos são representados por pronomes o- blíquos. 5. PRONOMES DEMONSTRATIVOS Apontam os seres, indicando sua proximidade ou afastamento, espacial ou temporal, em relação ao falante. 1ª pessoa: este, esta, isto (proximidade em re- lação ao falante). 2ª pessoa: esse, essa, isso (proximidade em re- lação ao ouvinte). 3ª pessoa: aquele, aquela, aquilo (afastamento do falante e do ouvinte). O, A, OS, AS - pronomes demonstrativos, quando equivalem a aquilo. Mesmo, próprio, semelhante, tal - pronomes demonstrativos quando indicam identidades ou se re- ferem a seres e idéias já expressas anteriormente. Equivalem a: esse, aquele, este etc. 1 - O, A, OS, AS � Serão demonstrativos quando equivalentes a: aquele, aquela, aquilo (ge- ralmente vêm seguidos de um que - pronome relati- vo). GRAMÁTICA Editora Exato 21 Ex.: Não sei o que falei. � aquilo 2 - Uso do ESTE, ESSE, AQUELE (e deriva- dos): a) Em relação ao espaço: -ESTE � Perto de quem fala. -ESSE � Perto de com quem se fala. -AQUELE � DISTANTE de ambos. b) Em relação ao tempo: -ESTE � Tempo presente ou futuro próxi- mo. -ESSE � Qualquer passado ou futuro. -AQUELE � Passado ou futuro distantes (ênfase). c) Em relação ao contexto: -ESTE � Refere-se ao último termo men- cionado. -AQUELE � Refere-se ao primeiro termo mencionado. Exemplo: Vasco e Palmeiras são times de futebol. Aque- le é do Rio; este, de São Paulo. d) - Se já disse, usa-se ISSO Exemplo: Eu te amo, guarde isso. Se ainda vai dizer, usa-se ISTO. Exemplo: Digo-te isto: eu te amo. 6. PRONOMES INDEFINIDOS Pronomes indefinidos são aqueles que se refe- rem à 3ª pessoa, dando-lhe sentido vago, impreciso ou quantidade indeterminada. Exemplos: Alguém bateu à porta. Ninguém saiu da sala. Está claro que a terceira pessoa está com senti- do vago, representada pelos pronomes “alguém” e “ninguém”. Os principais pronomes indefinidos são: alguém ninguém algo (alguma coisa) cada algum alguns alguma algumas certo certos certa certas todo todos toda todas fulano sicrano beltrano tudo vários várias muitos muitas Locuções Pronominais Indefinidas Locução pronominal indefinida: duas ou mais palavras equivalentes a um pronome indefinido. Cada qual age como quer. Qualquer um tem o direito de pensar, aqui. Quem quer que seja morreu. 1 - Todo (a) Seguido de artigo � = inteiro Sem artigo � = qualquer 2 - Todos (as) Ligado a substantivo deve ser, sempre, seguido de ar- tigo. Ex.: Todas as mulheres. 3 - Algumas palavras podem ser pronomes indefini- dos e podem ser também advérbio de intensidade (quando ligadas a verbo, adjetivo ou advérbio). Exemplo: Ele fala muito. (advérbio). Muito arroz no prato. (pronome). 7. PRONOMES RELATIVOS São aqueles que se referem a um termo ante- cedente (nome ou pronome), evitando sua repetição; iniciam uma oração adjetiva, exercem função sintáti- ca (não são meros conectivos). São eles: QUE, QUEM, QUAL, CUJO, ONDE, COMO (antecedi- do de maneira), QUANTO (antecedido de tudo). Exemplo: Vi a mulher, a mulher me deixou. Vi a mulher que me deixou. a) Pode aparecer preposição antes do pronome relati- vo (dependerá de sua função sintática). Exemplo: A mulher a que me refiro é linda. b) Não se usa artigo antes ou depois de CUJO, que concordará com o termo posterior. Exemplo: Eis o homem cujas filhas eu conheço. GRAMÁTICA Editora Exato 22 c) A língua culta recomenda o uso do QUE ao QUAL. Este, porém, deve ser usado para evitar ambigüidade ou após preposição não- monossilábica. Exemplos: Este é o motivo contra o qual luto. Vi o carro da moça que sumiu (ambíguo). Vi o carro da moça - o qual / a qual sumiu 8. PRONOMES POSSESSIVOS São os que se referem às pessoas gramaticais, atribuindo-lhes a posse de alguma coisa. Quando digo, por exemplo: - meu livro - a pa- lavra grifada diz que o livro pertence à primeira pes- soa (eu). Teu livro, indicaria pertencente ao ouvinte e seu livro, o mesmo objeto pertencente a alguém que não estaria participando do colóquio. Quadro dos Pronomes Possessivos Um Possuidor Vários Possuido- res um objeto vários objetos um objeto Vários objetos 1ª pessoa masculina meu meus nosso nossos feminina minha minhas nossa nossas 2ª pessoa masculina teu teus vosso vossos feminina tua tuas vossa vossas 3ª pessoa masculina seu seus seu seus feminina sua suas sua suas 9. PRONOMES INTERROGATIVOS Pronomes interrogativos são os pronomes: que, quem, qual (e flexão) e quanto (e flexões), usados em orações interrogativas. Exemplo: Que mal fiz eu? Qual é a sua opinião? Quem chegou? Quantas moedas tens? A interrogativa pode ser direta ou indireta. A interrogativa direta termina sempre com ponto de in- terrogação; a indireta é constituída de verbos próprios para interrogar, tais como: perguntar, saber, ver etc. Exemplo: Não sei quem é você (indireta). 10. MORFOSSINTAXA DOS PRONOMES Pronomes pessoais � Os pronomes pessoais retos (eu, tu, ele/ela, nós, vós, eles/elas) devem ser empregados na função sintática de sujeito, de predicati- vo ou de vocativo. Eu cheguei atrasado. (o pronome eu desempe- nha a função de sujeito). Mas ela não é você! (o pronome você desem- penha a função de predicativo do sujeito). Tu, que és a rainha do meu lar, não fujas. � Na função de complemento verbal, usam-se os pronomes oblíquos, e não os pronomes retos. Convidei ele. (construção não aceita pela nor- ma culta) – Convidei-o. (construção aceita). Chamaram nós. (construção não aceita pela norma culta). – Chamaram-nos (construção aceita). � Os pronomes retos (exceto eu e tu), quando precedidos de preposição, funcionam como pronomes oblíquos. Nesse caso, seu empre- go é aceito pela norma culta nas funções de complemento verbal ou agente da passiva. Informaram a ele os reais motivos. Eles gostam muito de nós. Emprestaram a nós os livros. O trabalho foi feito por nós. � As formas retas eu e tu só podem funcionar como sujeito ou predicativo. Seu emprego como complemento não é aceito. Nunca houve desentendimentos entre eu e tu. (não aceito). – Nunca houve desentendimentos entre mim e ti. (aceito). Como regra prática, propomos a seguinte ori- entação: quando precedidas de preposição, não se u- sam as formas retas eu e tu, mas as formas oblíquas mim e ti. Ninguém irá sem eu. (não aceito). – Ninguém irá sem mim. (aceito). Nunca houve discussões entre eu e tu (não a- ceito) – Nunca houve discussões entre mim e ti. (a- ceito. Há, no entanto, um caso em que se empregam as formas retas eu e tu mesmo precedidas por prepo- sição: quando essas formas funcionam como sujeito de um verbo no infinitivo.Deram o livro para eu ler (sujeito) Deram o livro para tu leres (sujeito) Verifique que, nesse caso, o emprego das for- mas retas eu e tu é obrigatório, já que tais pronomes exercem a função sintática de sujeito. � As formas oblíquas o, a, os, as são sempre empregadas como complemento de verbos transitivos diretos, ao passo que as formas lhe, lhes são empregadas como complemen- to de verbos transitivos indiretos. O menino convidou-a (verbo transitivo direto) O filho obedece-lhe (verbo transitivo indireto) Não são aceitas pela norma culta construções em que o pronome (e flexões) aparece como com- plemento de verbos transitivos indiretos, assim como as construções em que o pronome lhe (lhes) aparece como complemento de verbos diretos. Eu lhe vi ontem. (não aceito) – Eu o vi ontem (aceito). GRAMÁTICA Editora Exato 23 Nunca o obedeci (não aceito) – Nunca lhe o- bedeci (aceito). � Há pouquíssimos casos em que o pronome oblíquo pode funcionar como sujeito. Isso ocorre com os verbos deixar, fazer, ouvir, mandar, sentir, ver, seguidos de infinitivo; o pronome oblíquo será sujeito desse infini- tivo. Deixei-o sair (sujeito) O professor deixou-me sair da sala (sujeito) É fácil perceber a função de sujeito dos pro- nomes oblíquos, desenvolvendo as orações reduzidas de infinitivo. Deixei-o sair. – Deixei / que ele saísse. O professor deixou-me sair da sala. – O pro- fessor deixou / que eu saísse da sala. � Os pronomes oblíquos se, si, consigo de- vem ser empregados somente como reflexi- vos. Ele feriu-se. Cada um faça por si mesmo a redação. O professor trouxe as provas, consigo. Não são aceitas quaisquer construções em que esses pronomes não sejam reflexivos. Portanto, quando estivermos nos dirigindo a um interlocutor (segunda pessoa), empregaremos pronomes de trata- mento e não pronomes reflexivos. Querida, gosto muito de você (e não: Querida, gosto muito de si). Preciso muito falar com você. (e não: Preciso falar consigo). � Muitas vezes, os pronomes oblíquos equi- valem a pronomes possessivos, exercendo a função sintática de adjunto adnominal Roubaram-me o livro (=Roubaram o meu li- vro). Escutei-lhe os conselhos (=Escutei os seus conselhos). Pronomes possessivos O pronome possessivo surge mais comumente como pronome adjetivo, ou seja, acompanhando um substantivo. Nesse caso, desempenha a função sintá- tica de adjunto adnominal. Entreguei trabalho ao professor.teu Objeto direto prossessivo substantivo (adjunto adnominal) (núcleo do objeto) Representando um substantivo, o possessivo desempenha a função sintática típica de substantivo (núcleo do sujeito, do complemento verbal, do predi- cativo, etc). Nesses casos, normalmente teremos no período uma estrutura paralelística na qual o substan- tivo em questão aparece inicialmente junto a outro pronome possessivo adjetivo: Este é o livro. O , o professor já levou.meu teu Pronome adjetivo (adjunto adnominal) Pronome substantivo (núcleo do objeto direto) Pronomes demonstrativos Os pronomes demonstrativos variáveis podem desempenhar funções próprias do substantivo (sujei- to, objeto direto, objeto indireto etc) ou do adjetivo (adjunto adnominal e predicativo). Já, os pronomes demonstrativos invariáveis (isto, isso, aquilo) neces- sariamente desempenham funções próprias do subs- tantivo. Este livro é de ; aquele é de .Geografia Matemática Pronome adjetivo (adjunto adnominal) Pronome substantivo (objeto direto) Isto é o que pensa! Pronome substantivo (sujeito) Ela disse o?aquil Pronome substantivo (objeto direto) Pronomes relativos Os pronomes relativos introduzem orações su- bordinadas adjetivas, nas quais sempre desempenham uma função sintática. Ouço a voz do vento, varre a tarde.que Oração adjetiva pronome relativo, sujeito do verbo varrer Ouço a voz o vento traz.que Oração adjetiva pronome relativo, objeto do verbo trazer Pronomes indefinidos Os pronomes indefinidos podem acompanhar ou substituir um substantivo. Serão, respectivamente, pronomes adjetivos ou pronomes substantivos e de- sempenharão funções sintáticas típicas dessas classes de palavras. Os pronomes alguém, ninguém, ou- trem, algo e nada sempre têm valor de substantivo: GRAMÁTICA Editora Exato 24 Alguém roubou a minha caneta! Pronome substantivo desempenhando a função de sujeito simples Pronomes interrogativos O pronome quem é sempre empregado como substantivo, desempenhando, portanto, funções subs- tantivas: Quem chamou? Sujeito O pronome qual é, em geral, empregado como adjetivo e exerce a função de adjunto adnominal: Qual caneta é a minha? Adjunto adnominal 11. VERBO Verbo é a palavra variável que exprime ação, estado, fenômeno ou transformação. Exemplo: Ele trabalha. Ela está alegre. Anoiteceu. Ana tornou-se mulher. Estrutura das Formas Verbais Radical é a unidade indivisível em unidades menores que indica o significado do verbo. Exemplo: comp - é o radical do verbo comprar. beb - é o radical do verbo beber. dorm - é o radical do verbo dormir. Vogal temática é o elemento que, acrescenta- do ao radical, possibilita a ligação entre o radical e a desinência. Exemplo: comprAr, bebEr, dormIr. Tema é o radical acrescido da vogal temática. Exemplo: COMPRAr, BEBEr, DORMIr. Desinências: são elementos que se acrescen- tam ao radical (ou ao tema) para indicar as categorias gramaticais de tempo e modo (desinência modo- temporal) e de pessoa e número (desinência número- pessoal). Exemplo: r vt dmt dnp compr- a va ∅ compr- á va mos compr- á sse m Formas Rizotônicas e Arrizotônicas Dá-se o nome de rizotônica à forma verbal cu- jo acento tônico está no radical. Exemplo: Falo, estudam Dá-se o nome de arrizotônica à forma verbal cujo acento tônico está fora do radical. Exemplo: falamos, estudarei. Conjugações 1ª → Vogal Temática - a. Exemplo: amar 2ª → Vogal Temática - e. Exemplo: beber 3ª → Vogal Temática - i. Exemplo: partir Pôr (e derivados) pertence à 2ª conjugação (forma latina poer). Formas Nominais a) Infinitivo. � Impessoal → não flexionado. Exemplo: amar, beber, partir � Pessoal → flexionado. Exemplo: amar (eu) amar ES (tu) amar (ele) amar MOS (nós) amar DES (vós) amar EM (eles) b) Gerúndio → final - NDO. Exemplo: amar → amando / beber → bebendo c) Particípio � Regular → Final - ado (1ª conjugação) e - ido (2ª e 3ª conjugações) Exemplo: amar → amado / beber → bebido / partir → partido � Irregular → pôr → posto / abrir - aberto Alguns verbos apresentam as duas formas. matar → matado e morto aceitar → aceitado e aceito ganhar → ganhado e ganho Usa-se a forma regular na voz ativa, após os verbos TER e HAVER. Exemplo: O juiz tem expulsado jogadores. Usa-se a forma irregular na voz passiva, após os verbos SER e ESTAR. GRAMÁTICA Editora Exato 25 Exemplo: O jogador foi expulso pelo juiz. Tempo Composto e Locução Verbal Dois ou mais verbos que funcionam como um só. O 1º é o auxiliar (sofre as flexões); o último é o principal (forma nominal e indica a transitividade). � Tempo Composto → ter ou haver + parti- cípio. Exemplo: Tenho contado. � Locução Verbal → qualquer outra combi- nação. Exemplo: Estou sonhando. Tipos Verbais Os verbos classificam-se em: a) Regulares: são os que possuem as desinên- cias normais de sua conjugação e cuja flexão não provoca alterações no radical. Exemplo: canto, cantei, cantarei, cantava, cantasse. b) Irregulares: são aqueles cuja flexão provo- ca alterações no radical ou nas desinências. Exemplo: faço, fiz, farei, fizesse. c) Defectivos: são os que não apresentam con- jugação completa, como os verbos falir, abolir, e os verbos que indicam fenômenos naturais, como cho- ver, trovejar etc. d) Abundantes: são os que possuem mais de uma forma com o mesmo valor. Geralmente, essa característica ocorre no particípio. Exemplo: matado, morto. enxugado,enxuto. e) Anômalos: são os que incluem mais de um radical em sua conjugação. Apenas SER e IR. Exemplo: verbo ser: sou, fui, era. verbo ir: vou, irei, fui. Flexão Verbal futuro pretérito tesenpre :empot imperativo subjuntivo indicativo :modo terceira,segunda,primeira:pessoa plural/singular:número Modos e Tempos I - Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo verbo na expressão de um fato. Em portu- guês, há três modos: a) Indicativo: expressa um fato ou estado con- siderado indubitável. Exemplo: Estou feliz. Ele canta bastante. Nós vamos a pé. b) Subjuntivo: expressa a possibilidade ou de- sejo de realização de um fato ou a incerteza sobre o estado de um ser. Exemplo: Se você vier, avise-me. Desejo que você seja o vendedor. c) Imperativo: expressa ordem, advertência ou pedido. Exemplo: Não fale alto! Fique quieto! II - Tomando-se como referência o momento em que se fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer no presente (ação simultânea ao ato de fala), no passado ou pretérito (ação anterior ao ato de fala) ou no futuro (ação posterior ao ato de fala). GRAMÁTICA Editora Exato 26 Indicativo Presente - canto Pretérito Imperfeito - eu cantava Perfeito Simples - eu cantei Composto - eu tenho (hei) cantado Mais-que-perfeito Simples - eu cantara Composto - eu tinha (havia) cantado Futuro Do presente Do pretérito Simples - eu cantarei Composto - eu terei cantado Simples - eu cantaria Composto - eu teria (haveria) cantado Subjuntivo Imperativo Presente - que eu cante Pretérito Futuro Afirmativo Negativo Imperfeito - se eu cantasse Perfeito - que eu tinha (haja) cantado Mais-que-perfeito - se eu tivesse (houvesse) cantado Simples - quando eu cantar Composto - quando eu tiver (houver) cantado Canta tu, cante você, cantemos nós, cantai vós, cantem vocês Não cantes tu, não cante você, não cantemos nós, não canteis vós, não cantem vocês Número e Pessoa 1ª pessoa → Quem fala (eu/nós). 2ª pessoa → Com quem se fala (tu/vós). 3ª pessoa → De quem se fala (ele/eles). � SINGULAR → Um só ser pratica a ação. � PLURAL → Mais de um ser pratica a a- ção. 12. MORFOSSINTASE DO VERBO Inicialmente, é importante atentar para os se- guintes detalhes: � Toda oração se estrutura em torno de um verbo ou de uma locução verbal; � Sabemos quantas orações um período tem contando o número de verbos e locução verbais que apresenta; � O verbo sempre integrará o predicado. A maioria dos verbos são significativos, isto é, informam alguma coisa a respeitos do sujeito a que se referem. Há, no entanto, alguns verbos cuja função é a de estabelecer um elo entre o sujeito e um atributo dele (o predicativo do sujeito): são os chamados ver- bos de ligação. Os verbos de conteúdo significativo (que indi- cam ação, fenômeno da natureza, existência, desejo, conveniência) formam o núcleo do predicado verbal ou um dos núcleos do predicado verbo-nominal. Ob- serve: Marcos recebeu os presentes. (o verbo funcio- na como núcleo do predicado verbal). Marcos recebeu os presentes triste. (o verbo funciona como um dos núcleos do predicado verbo- nominal; o outro núcleo é o adjetivo triste). Os verbos de ligação não funcionam como nú- cleo do predicado. Dessa forma, nos predicados em que aparecem, o núcleo será sempre um nome. Daí poder-se afirmar que, quando ocorrer verbo de liga- ção, o predicado será, sem dúvida, predicado nomi- nal. Veja: Os convidados ficaram insatisfeitos. (O nú- cleo do predicado é o adjetivo insatisfeitos). Aquelas pessoas eram alegres. (O núcleo do predicado é o adjetivo alegres). 13. ADVÉRBIO O advérbio é a palavra invariável que modifica o verbo, o adjetivo ou ainda outro advérbio, expri- mindo determinada circunstância. Editora Exato 27 Exemplos: Cheguei cedo. Eles agiram mal. Eram alunas muito bonitas. Eles chegaram bastante cedo. Classificação dos advérbios Conforme a circunstância que expressam, os advérbios classificam-se em: � De afirmação: sim, certamente, efetivamen- te, realmente, etc. � De dúvida: talvez, quiçá, possivelmente, provavelmente, etc. � De Intensidade: muito, pouco, bastante, demais, menos, tão, etc. � De lugar: aqui, ali, aí, cá, lá, atrás, perto, abaixo, acima, dentro, fora, além, adiante, etc. � De tempo: agora, já, ainda, amanhã, cedo, tarde, sempre, nunca, etc. � De modo: assim, bem, mal, depressa, deva- gar e grande parte dos vocábulos em – mente: calmamente, afobadamente, alegre- mente, etc. � De Negação: Não, tampouco, etc. Advérbios interrogativos As palavras onde, como, quanto, quando e por que, usadas em frases interrogativas (diretas ou indiretas) são chamadas advérbios interrogativos. Onde – Expressa circunstância de lugar. Exemplo: Onde você mora? (interrogativa di- reta). Como – Expressa circunstância de modo (de que maneira). Exemplo: Não sei como ele fez isso. (interro- gativa indireta). Quando – Expressa circunstância de tempo. Exemplo: Quando você volta? (interrogativa direta). Por que – Expressa circunstância de causa. Exemplo: queria saber por que ela não veio. (interrogativa indireta). Quanto – (e flexões, quanta, quantos, quantas) expressa circunstância de quantidade (número, fre- qüência, preço). Exemplo: Quanto custou a mercadoria? (inter- rogativa direta). Locução adverbial Freqüentemente o advérbio não é representado por uma única palavra, mas por um conjunto de pala- vras, que se denomina locução adverbial. Esse con- junto de palavras é geralmente formado por: substantivo preposicão adjetivo adverbio exemplo: Ele resolveu o problema com calma. (=calmamente) Algumas locuções adverbiais: à direita, à es- querda, à frente, à vontade, de cor, em vão, por acaso, frente a frente, de maneira alguma, de manhã, em breve, de súbito, de propósito, de repente, ao léu, etc. 14. MORFOSSINTAXE DO ADVÉRBIO Os advérbios e as locuções adverbiais desem- penham, sintaticamente, a função de adjuntos ad- verbiais. A exemplo dos advérbios, os adjuntos adverbi- ais também são classificados a partir da circunstância que exprimem. Veja dois exemplos: Hoje eu quero a rosa mais linda que houver. (Dolores Duran). O advérbio hoje funciona sintaticamente como adjunto adverbial de tempo. Entre e fique à vontade. A locução adverbial à vontade desempenha a função sintática de adjunto adverbial de modo. EXERCÍCIOS 1 (FAU-SANTOS) “O policial recebeu o ladrão a bala. Foi necessário apenas um disparo; o assal- tante recebeu a bala na cabeça e morreu na hora.” No texto os vocábulos destacados são respecti- vamente: a) preposição e artigo. b) preposição e preposição. c) artigo e artigo. d) artigo e preposição. e) artigo e pronome indefinido. 2 (FESP) Assinale a opção em que o a é, respecti- vamente, artigo, pronome pessoal e preposição. a) Esta é a significação a que me referi e não a que entendeste. b) A dificuldade é grande e sei que a resolverei a curto prazo. c) A escrava declarou que preferia a morte à es- cravidão. d) Esta é a casa que compre e não a vendi a ele. e) A que cometeu a falta receberá a punição. Editora Exato 28 3 Assinale a alternativa em que o uso do artigo de- finido está substantivando uma palavra. a) A liberdade vai marcar a poesia social de Cas- tro Alves. b) Leitor perspicaz é aquele que consegue ler as entrelinhas. c) A navalha ia e vinha no couro esticado. d) Haroldo ficou encantado com o andar de baila- rina de Joana. e) Bárbara dirigia os olhos para a lua encantada. 4 Levando em conta que alguns nomes de lugar admitem a anteposição do artigo, assinale a alter- nativa em que a crase foi empregada corretamen- te. a) Ele nunca foi à Belém. b) Ele nunca foi à Paris. c) Ele nunca foi à Portugal. d) Ele nunca foi à Roma. e) Ele nunca fioà China. 5 (VUNESP-SP) Considere os enunciados a se- guir: a) O senhor não deixa de comparecer. Precisamos do seu apoio. b) Você quer que te digamos toda a verdade? c) Vossa Excelência conseguiu realizar todos os vossos intentos? d) Vossa majestade não deve preocupar-se uni- camente com os problemas dos seus auxiliares diretos. Verifica-se que há falta de uniformidade no em- prego das pessoas gramaticais nos enunciados: a) b e d. d) a e c. b) c e d. e) b e c. c) a e d. 6 Complete as lacunas com uma das opções entre parênteses: a) Foi maravilhoso para ______ conhecer você. (eu/mim) b) _____ avião que passa sobre nós, viaja a fé. (neste/naquele) c) _____, todos estudarão. (Com nos/Conosco) d) O amor é a base da vida, guarde bem ____. (isso/isto) e) O livro, tu tem-_____ lido(lo/no) f) Entre ______ morrer e você, que seja você. (eu/mim) g) Ana falou ______ todos sobre o fato. (com nós/conosco) h) Ana não vai para a cama sem _______ dar um beijo nela. (eu/mim) i) Ana, você quer _____ folha aqui? (esta/essa) j) Não ______ digo tudo que sei. (lhe/a) 7 (UCDB-MT) Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas. Orientaram - ... corretamente. Roubaram - ... todas as jóias. Cumprimentei- ... afetuosamente. Informaram- ... que a reunião será amanhã. a) nos – nas – lhes – nos. b) nos – lhes – os – lhes. c) lhes – lhes – os – nos. d) nos – nas – lhes – lhes. e) lhes – nas – lhes – nos. 8 (FGV-RJ) Assinale o item em que há erro quan- to à análise da forma verbal cantávamos. a) cant- radical b) a- vogal temática c) canta- tema d) va- desinência de pretérito imperfeito do sub- juntivo e) mos- desinência de 1º pessoa do plural 9 (MACK-SP) I. Embora o jogo estivesse monótono, a torcida se exaltou muito. II. O torcedor gritou tanto que ficara rouco. III. É preciso que se evita gritar muito. Com relação ao uso dos tempos verbais, a) somente a I está adequada. b) II e III estão adequadas. c) somente a II está adequada. d) somente I e II estão adequadas. e) I e III estão inadequadas. 10 (PUC-RS) Assinale a seqüência que substitui, corretamente, as formas verbais dos parênteses. Se tu (ver) seu amigo em dificuldade, (ajudar) – o! Ele (reaver) algumas das provas. Se você (saber) de alguma notícia, (telefonar) – me! Eu leio, mas eles (ler) melhor. (Crer) no poder de tua mente! a) veres – ajuda – reouve – souber – telefona – lêm – crê. b) veres – ajuda – reviu – saberes – telefone – lê- em – creia. c) vires – ajude – reouve – saber – telefona – lem – crês. d) veres – ajude – reviu – souber – telefone – le- em – creia. e) vires – ajuda – reouve – souber – telefone – lê- em – crê. GABARITO Editora Exato 29 1 A 2 B 3 D 4 E 5 E 6 a) mim. b) naquele. c) conosco. d) isso. e) lo. f) eu. g) com nós. h) eu. i) esta. j) lhe. 7 B 8 D 9 A 10 E