crase

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GRAMÁTICA 
 
Editora Exato 23 
CRASE 
1. DEFINIÇÃO 
A palavra crase significa “mistura, fusão, jun-
ção”. Em Português, ocorre a crase com as vogais i-
dênticas (a+a), indicada, na escrita, pelo acento grave 
(`). 
É fundamental atentar que, embora idênticas, 
estas vogais pertencem a classes gramaticais diver-
sas: o primeiro a é sempre uma preposição; o segun-
do pode ser: 
Artigo feminino a ou as 
Fui a + a feira 
Fui à feira. 
Retornamos a + as praias. 
Retornamos às praias. 
O a que inicia os pronomes demonstra-
tivos aquele(s), aquela(s), aquilo 
Fui a + aquele monumento. 
Fui àquele monumento. 
O a do pronome relativo a qual ou as 
quais 
A cidade a + a qual nos referimos fica longe. 
A cidade à qual nos referimos fica longe. 
O pronome demonstrativo a ou as 
Esta caneta é semelhante a + a que me deste. 
Esta caneta é semelhante à que me deste. 
 
O a e as são pronomes demonstrativos quando 
equivalem a aquela e aquelas. 
Apresentamos o estudo da crase imediatamente 
após o capítulo sobre regência, já que a identificação 
da ocorrência ou não da crase depende fundamental-
mente dos conceitos de termo regente e de termo re-
gido, estudados no capítulo anterior. 
2. REGRA GERAL PARA A OCORRÊNCIA DA 
CRASE COM O ARTIGO A/AS 
Haverá crase sempre que o termo regente exi-
gir a preposição a e o termo regido admitir o artigo 
a(s). 
Eu me referi a + a diretora. 
Eu me referi à diretora. 
Fui a + a cidade. 
Fui à cidade. 
Nesses casos, é fácil comprovar a ocorrência 
de crase. Ao trocarmos o termo regido por um mas-
culino, correlato, obteremos a combinação ao (prepo-
sição a mais artigo masculino o), o que confirma a 
presença da preposição e do artigo. Observe: 
Eu me referi ao diretor. 
Fui ao bairro. 
Note que, para que ocorra crase, é necessário 
que o termo regente exija a preposição a e o termo 
regido venha determinado pelo artigo feminino a. se 
um desses fatos não ocorrer, não haverá crase. 
Eu conheço a diretora. 
 Regente artigo regido 
 
Eu me refiro a ela. 
 Regente artigo regido 
No primeiro exemplo, não ocorre crase porque 
o termo regente (conheço) não exige preposição a 
(conhecer alguém ou alguma coisa: verbo transitivo 
direto); portanto, ali está presente apenas um a (artigo 
que determina o termo regido diretora). 
No segundo exemplo, também não ocorre cra-
se, porque temos tão-somente a preposição a, exigida 
pelo termo regente me refiro (referir-se a alguém ou a 
alguma coisa). Observe que diante do temos regido 
(ela) não se emprega o artigo. 
Se adotarmos o procedimento de trocar o ter-
mo regido por um masculino correlato, não obtere-
mos a combinação ao. Substituindo o termo regido 
por um masculino correlato, teremos: 
Eu conheço o diretor. (Não ocorre a preposi-
ção, mas tão somente o artigo a). 
Eu me refiro a ele. (Não ocorre o artigo, mas 
tão-somente a preposição a). 
3. DIANTE DE NOMES DE LUGAR 
Haverá crase diante de nomes de lugar se o 
termo regente exigir a preposição a e o termo regido 
(o nome do lugar) admitir a anteposição do artigo a. 
Para verificar se um nome de lugar admite ou 
não o artigo, podemos utilizar o seguinte artifício: se, 
ao formularmos uma frase com um nome de lugar 
precedido do verbo vir, obtivermos a contração da, 
fica claro que diante daquele nome de lugar cabe o 
artigo a, uma vez que da é a contração da preposição 
de com o artigo a. 
Se, por outro lado, obtivermos simplesmente a 
preposição de, claro está que aquele nome de lugar 
não admite a anteposição do artigo. 
Viajamos à Argentina no mês passado. (Vie-
mos da Argentina). 
Vou à Itália. (Venho da Itália). 
Retornou a Roma. (Venho de Roma). 
Vou a Curitiba (Venho de Curitiba). 
Se o nome de lugar que não admite o artigo vi-
er determinado, passará a admiti-lo e, conseqüente-
mente, ocorrerá a crase. 
Vou à Roma antiga. (Venho da Roma antiga). 
Retornamos à agradável Curitiba. (Venho da 
agradável Curitiba). 
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É evidente que em: 
Conheço a Bahia. 
Visitamos a Itália. 
Não ocorre a crase, uma vez que os termos re-
gentes (conheço e vistamos) não exigem a preposição 
a, pois são verbos transitivos diretos. Nesses exem-
plos, os a são artigos. 
4. DIANTE DAS PALAVRAS CASA E TERRA 
As palavras casa (no sentido de lar, moradia) e 
terra (no sentido de chão firme) não admitem a ante-
posição do artigo a; por isso, diante delas, não ocorre 
crase. 
Voltamos cedo a casa. 
Os marinheiros desceram a terra. 
Se, no entanto, tais palavras estiverem especi-
ficadas, passarão a admitir artigo e, conseqüentemen-
te, ocorrerá crase (desde que, é claro, o termo regente 
exija a preposição a). 
Iremos cedo à casa deles. 
Os marinheiros desceram à terra dos anões. 
5. DIANTE DE PRONOMES RELATIVOS 
� A(s) qual (is): ocorrerá crase com o prono-
me relativo a(s) qual(is) quando ele vier 
precedido de uma preposição a, exigida pe-
lo termo da oração que tal pronome intro-
duz. Ex.: A cidade à qual iremos possui 
praias às quais chegaremos. 
Observe que, nesse exemplo, os termos iremos 
e chegaremos exigem a preposição a, que migra para 
antes dos pronomes relativos e com eles deve se fun-
dir. É fácil constatar a ocorrência da crase nesses ca-
sos, utilizando o artifício de trocar os termos 
femininos por masculinos correlatos. Observe: O país 
ao qual iremos possui recantos aos quais chegaremos. 
� Quem e cuja: esses pronomes não admitem 
a anteposição do artigo; portanto, diante de-
les, não ocorre crase. Ex.: Esta é a mulher a 
quem obedeço. 
Nesse caso, o a é simplesmente preposição, 
observer a frase no plural: Ex.: Estas são as mulheres 
a quem obedeço. 
� Que: diante do pronome relativo que nor-
malmente não há crase, uma vez que esse 
pronome não admite a anteposição do arti-
go. Ex.: Esta é a faculdade a que aspiro. 
Nesse caso, ocorre apenas a preposição a. No 
entanto, ocorrerá crase diante do pronome relativo 
que quando antes dele tivermos o pronome demons-
trativo a ou as (=aquela, aquelas). Ex.: Esta camisa é 
igual à que comprei. 
Em caso de dúvida, pode-se verificar se ocorre 
ou não crase substituindo o termo feminino por um 
masculino correlato. Ex.: Esta é a faculdade a que 
aspiro. (Este é o curso a que aspiro). 
6. CASOS ESPECIAIS 
Expressões adverbiais, prepositivas e 
conjuntivas 
O a inicial das expressões adverbiais, preposi-
tivas e conjuntivas formadas por palavras femininas 
(à noite, à tarde, à vista, às duas horas, à meia-noite, 
às vezes, às pressas, às escondias, à moda de - mes-
mo que a palavra moda fique subentendia -, à medida 
que, à proporção que, à exceção de, à beira de, etc) 
deve receber o acento grave. 
Ex.: 
Chegou às duas horas e só saiu à noite. 
Às vezes caminhava às pressas pela rua. 
É importante notar que nessas expressões ocor-
re o acento grave (`), mesmo que não tenha ocorrido 
a crase, isto é, a fusão de duas vogais idêntica. Em 
“Saímos à meia-noite”, o acento grave indica a fusão 
de dois a. Verifique que, se substituirmos o termo re-
gido (meia-noite) por um correlato (meio-dia), obte-
remos a combinação ao: “saímos ao meio-dia”. 
Já em: “Vendi à vista o relógio que ganhei 
numa rifa”, o acento grave não está indicando a fusão 
de dois a. Se substituirmos o termo regido (vista) por 
um masculino correlato (prazo) não obteremos a 
combinação ao: “Vendi a prazo o relógio que ganhei 
numa rifa.” 
O a das expressões adverbiais femininas de 
instrumento e das expressões formadas por palavras 
repetidas (cara a cara, frente a frente, gota a gota, etc) 
não deve receber o acento grave. 
Ex.: 
Eles escreveram a máquina. 
Saíram num barco a vela. 
Contava as moedas uma a uma. 
Ficou cara a cara com os inimigos. 
 
7. PODE OU NÃO OCORRER CRASE 
Há três casos em que pode ou não ocorrer a 
crase: 
� Diante de nomes de pessoas do sexo femi-
nino. Ex.: Ele fez referência a(à) Sandra. 
� Diante de pronomes possessivos femininos. 
Ex.: obedeço a(à) minha irmã. 
Diante de tais palavras, pode ou não ocorrer 
crase,porque a presença do artigo é facultativa. 
Se optarmos por utilizar o artigo e o termo an-
tecedente exigir a preposição a, ocorre a crase. 
� Depois da preposição até. Ex.:Fomos até 
a(à) feira. 
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Nesse caso, pode ou não ocorrer crase, pois 
podemos indiferentemente usar a proposição até ou a 
locução prepositiva até a. Em “Fomos até a feira”, 
ocorre a preposição até seguida do artigo a, portanto 
temos a locução prepositiva até a, cujo a vai se fundir 
com o artigo que antecede a palavra feira. 
EXERCÍCIOS 
1 (UEL-PR) Ainda _____ pouco, o professor refe-
ria-se ____ questões interligadas _____ prática de 
ensino. 
a) a – à – a. 
b) há – a – à. 
c) à – à – à . 
d) há – a – à. 
e) a – a – a. 
 
2 (FUVEST-SP) Assinale a alternativa que preen-
che adequadamente as lacunas do texto. 
“Chegar cedo ____ repartição. Lá ____ de estar 
outra vez o Horário conversando ____ uma das 
portas com Clementino.” 
a) à – há – a. 
b) à – há – à. 
c) a – há – a. 
d) à – a – a. 
e) a – a – à. 
 
3 (UEL-PR) Foi ____ Brasília aprender ____ artes 
políticas, mas retornou ____ terra natal sem 
grandes conhecimentos. 
a) a – as – à. 
b) à – as – a. 
c) a – às – à. 
d) a – as – a. 
e) à – às – à. 
 
4 (UFRS) O grupo obedece ____ comando de um 
pernambucano, radicado ____ tempos em São 
Paulo, e se exibe diariamente ____ hora do almo-
ço. 
a) o, a, à. 
b) ao, há, à. 
c) ao, a, a. 
d) o, há, a. 
e) o, a, a. 
 
5 (EFOA-RS) O acento gráfico indicativo da ocor-
rência da crase está corretamente empregado em: 
a) À família compete obedecer às leis que garan-
tem à criança o direito à vida. 
b) À justiça compete garantir à todas as crianças 
o cumprimento das leis que as protegem. 
c) Daqui à algumas semanas, iremos às urnas à 
fim de elegermos nosso representantes. 
d) À noitinha, todos se reúnem à beira da foguei-
ra alimentada à fogo brando. 
e) Todo mundo vive à reclamar mudanças, pois o 
país está às portas do caos. 
 
6 (FURG-RS)____ muitos anos, o gaúcho era livre 
para percorrer ____ cavalo largas distâncias, 
pondo ____ prova suas qualidades de cavaleiro. 
Selecione a alternativa que preenche corretamen-
te as lacunas da frase apresentada. 
a) há – à – a. 
b) a – a – à. 
c) à – à – a. 
d) há – a – a. 
e) há – a – à. 
 
7 (PUC-RS) Em todas as frases deve ser utilizado 
o acento indicativo da crase, exceto em: 
A) É preciso resistir a violência. 
b) Nem sempre se sobrevive a violência. 
c) A dor do agredido sucede a violência. 
d) É necessário desaprovar a violência. 
e) Não se pode ceder a violência. 
 
8 (UFSCAR-SP) Leia as frases abaixo: 
A conclusão do inquérito foi prejudicial ____ to-
da categoria. 
Mostrou-se insensível ____ qualquer argumenta-
ção. 
Este prêmio foi atribuído ____ melhor aluna do 
curso. 
Faço restrições ____ ter mais elementos no gru-
po. 
Indique a alternativa que, na seqüência, preenche 
as lacunas acima corretamente. 
a) a – a – à – a. 
b) à – à – à – à. 
c) à – à – a – a. 
d) à – à – a – à. 
e) a – a – à – à. 
 
9 (UFV-MG) Indique a alternativa em que o sinal 
indicativo de crase é facultativo: 
a) Voltou à casa do juiz. 
b) Chegou às três horas. 
c) Voltou à minha casa. 
d) Devolveu as provas àquela aluna. 
e) Voltou às pressas. 
 
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10 (UCDB-MT) Assinale a opção que completa 
corretamente as lacunas. 
____ dois dias, ele pegou ____ sacola, disse a-
deus ____ filha e saiu ____ cavalo. 
a) A – a à – à 
b) A – à – a – a 
c) Há – a – a – à 
d) Há – a – à – a 
e) Há – a – à – à 
 
GABARITO 
1 D 
2 A 
3 A 
4 B 
5 A 
6 E 
7 D 
8 A 
9 C 
10 D