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MUST UNIVERSITY A CONTRIBUIÇÃO DAS TECNOLOGIAS EMERGENTES NO APERFEIÇOAMENTO DA GESTÃO ORGANIZACIONAL, POR MEIO DO PROCESSO DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL Por: Fátima Nélia Magalhães Castelo Junho/2019 2 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISBD 370 Castelo, Fátima Nélia Magalhães A contribuição das tecnologias C348c emergentes no aperfeiçoamento da gestão organizacional, por meio do processo de avaliação institucional / Fátima Nélia Magalhães Castelo – 2019 55 f.: il. color. Dissertação (Mestrado) – Must University, Curso de Tecnologias Emergentes em Educação, Miami, 2019. Orientador (a): Profa. Dra. Maria Elisa Ehrhardt Carbonari. 1. Ensino superior. 2. Autoavaliação institucional. 3. Tecnologia educacional. I. Carbonari, Maria Elisa Ehrhardt. (orient.). II. Título. 3 MUST UNIVERSITY A CONTRIBUIÇÃO DAS TECNOLOGIAS EMERGENTES NO APERFEIÇOAMENTO DA GESTÃO ORGANIZACIONAL, POR MEIO DO PROCESSO DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL Fátima Nélia Magalhães Castelo 1 Orientadora: Profa. Dra. Maria Elisa Ehrhardt Carbonari Trabalho de Conclusão Final apresentado à MUST University, referente ao Mestrado em Tecnologias Emergentes em Educação, na área de concentração em Educação, e linha de pesquisa em Educação mediada por Tecnologia, para obtenção do título de Mestre. Junho/2019 1 Especialista: nelia.castelo@fbuni.edu.br 4 DEDICATÓRIA Ao meu marido Nivardo, pelo apoio incondicional, sempre acreditando no meu potencial e incentivando a minha formação, me ajudando e contribuindo com excelentes ideias para redação de minha dissertação. Sem você nenhuma conquista valeria a pena. A ele dedico meu trabalho. 5 RESUMO O objetivo desta pesquisa é contribuir para o aperfeiçoamento do modelo de avaliação institucional hoje utilizado na IES onde colaboramos, com foco na autoavaliação institucional como instrumento de melhoria da qualidade, através dos recursos tecnológicos. Nosso envolvimento profissional com o tema advém da experiência vivenciada em três Instituições de Ensino Superior privadas de médio porte, localizadas em Fortaleza – CE. Ao longo desses quinze anos, convivemos com essa atividade enquanto membro efetivo das diversas Comissões Próprias de Avaliação, tanto por meio de métodos tradicionais, como com a utilização das novas e recentes práticas. Em ambos os casos, foram observadas muitas peculiaridades específicas. Contudo, foi possível constatar que a avaliação em todas elas, é valorizada não só como uma etapa do processo de gestão, mas também como um instrumento de melhoria e de aperfeiçoamento contínuo, possibilitando um planejamento estratégico de qualidade. Essa pesquisa concentrou-se no processo de autoavaliação institucional buscando compreender tanto a origem e a lógica da autoavaliação como a contribuição das tecnologias emergentes que passaram a ser importantes neste processo. Conforme argumentam Laurindo et al. (2001), a tecnologia de informação “evoluiu de uma orientação tradicional de suporte administrativo para um papel estratégico dentro da organização” permitindo a viabilização de novas estratégias. Concluiu-se que o processo da autoavaliação institucional com a utilização das tecnologias emergentes, favorece a participação da comunidade acadêmica. Ressalte-se que as TIC’s são dotadas de recursos que facilitam essa participação, daí o uso generalizado de email´s, celulares, chats e outras ferramentas, proporcionando credibilidade e transparência, contribuindo de forma decisiva para a melhoria da qualidade dos processos de gestão. Palavras-Chaves: Autoavaliação Institucional, Ensino Superior, Tecnologia Educacional. 6 ABSTRAT The objective of this research is to contribute to the improvement of the institutional evaluation model now used in HEI, where we collaborate, focusing on institutional self- assessment as an instrument for improving quality through technological resources. Our professional involvement with this theme stems from the experience of three medium-sized private higher education institutions, located in Fortaleza - CE. During these fifteen years, we have lived with activity as an active member of the various Evaluation Committees, both through traditional methods and through the use of new and recent practices. In both cases, many specific peculiarities were observed. However, it was possible to verify that the evaluation in all of them is valued not only as a step in the management process but also as an instrument of improvement and continuous improvement, enabling strategic quality planning. In this research, it focused on the process of institutional self-evaluation seeking to understand both the origin and logic of self-assessment and the contribution of emerging technologies that have become important in this process. According to Laurindo et al. (2001), information technology "evolved from a traditional orientation of administrative support to a strategic role within the organization," allowing the viability of new strategies. It was concluded that the process of institutional self-evaluation with the use of emerging technologies favors the participation of the academic community. It should emphasize that ICTs are endowed with resources that facilitate such engagement, hence the widespread use of email, cell phones, chat rooms, and other tools, providing credibility and transparency, contributing decisively to improving the quality of management processes. Keywords: Institutional Evaluation, Higher Education, Educational Technology. 7 LISTA DE SIGLAS ABMES - Associação Brasileira de Mantenedores do Ensino Superior ACG – Avaliação de Cursos de Graduação AVALIES - Avaliação de Instituições de Ensino Superior CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CNE - Conselho Nacional de Educação CONAES - Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior CPA - Comissão Própria de Avaliação CPC – Conceito Preliminar de Curso EAD – Ensino a Distância ENADE - Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes ENC - Exame Nacional de Cursos ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio GERES - Grupo Executivo para a Reformulação do Ensino Superior GIF - Graphics Interchange Forma GTRU - Grupo de Trabalho Universitário HTML - HyperText Markup Language ICP – Brasil – Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira IES - Instituição de Ensino Superior IGC – Índice Geral de Cursos INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira ITI - Instituto Nacional de Tecnologia da Informação LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional MEC – Ministério de Educação e Cultura ODBC - Open Database Connectivity PAIUB - Programa de Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras PARU - Programa de Avaliação da Reforma Universitária PDI – Projeto de Desenvolvimento Institucional PHP - Hypertext Prepocessor PNE - Plano Nacional da Educação PPC – Projeto Pedagógico de Curso 8 PPI - Projeto Político Institucional SESu – Secretaria de Ensino Superior SINAES - Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior SQL - Structured Query Language TICs - Tecnologias da Informação e Comunicação UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura URL - Uniform Resource Locator 9 Sumário INTRODUÇÃO ......................................................................................................................11 1. AVALIAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR: CONCEITO, ORIGEM E TRAJETÓRIA ........................................................................................................................ 15 1.1. CONCEITOS DE AVALIAÇÃO .............................................................................. 16 1.1.1 – Conceituação Geral............................................................................................... 16 1.1.2 – Conceituação Específica ....................................................................................... 17 1.2. ORIGEM E TRAJETÓRIA ....................................................................................... 18 1.2.1 – Origem .................................................................................................................. 18 1.2.2 – Trajetória .............................................................................................................. 19 Gráfico 1 - “TIMELINE” DA AVALIAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL ... 19 1.3. O SINAES E SUA IMPORTÂNCIA ................................................................................. 20 Figura 1 – Princípios do SINAES ............................................................................................... 21 Figura 2 – Demonstrativo da composição da CPA .................................................................. 22 2. O NOVO CENÁRIO DA AVALIAÇÃO ...................................................................... 25 2.1. INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR ................... 26 2.2. A AUTOAVALIAÇÃO INSTITUCIONAL ............................................................. 29 2.2.1. Objetivos ............................................................................................................. 30 2.2.2. Eixos Avaliativos ................................................................................................ 31 2.2.3. Procedimentos para Coleta de Informações ....................................................... 31 2.2.4. Metodologia da Autoavaliação ........................................................................... 32 2.2.5. Etapas da Autoavaliação ..................................................................................... 33 2.3. EXAME DAS PRÁTICAS DE AUTOAVALIAÇÃO INSTITUCIONAL OBSERVADAS NAS IES PESQUISADAS ................................................................... 34 2.3.1 – Conceituação Específica ....................................................................................... 34 Quadro I – Comparativo da Participação Discente .................................................................. 37 Quadro II – Comparativo da Participação Discente % ............................................................. 38 Gráfico 2 – FLUXO DO PROCESSO DE AUTOAVALIAÇÃO ....................................... 41 Gráfico 3 – Comparativo da Sensibilização no Processo de Autoavaliação ...................... 42 Gráfico 4 - FLUXO AUTOAVALIAÇÃO INSTITUCIONAL COM AUXÍLIO DE TECNOLOGIAS .................................................................................................................... 43 3. CARACTERÍSTICAS DAS TECNOLOGIAS EMERGENTES - INOVAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO ............................................................................................................. 44 3.1 IMPACTOS NA EDUCAÇÃO EM GERAL ............................................................ 45 3.2. O IMPACTO NO PROCESSO DE AUTOAVALIAÇÃO INSTITUCIONAL ........ 47 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 51 10 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 54 Anexo I: TABULAÇÃO MELHORIAS EFETUADAS/ PENDENTES RESULTANTES DA AUTOAVALIAÇÃO ............................................................................................................... 57 Período: 2016 - 2018 ............................................................................................................... 57 Anexo II: TABULAÇÃO GERAL - QUESTIONÁRIOS INSTITUCIONAIS 2018 .............. 58 a) AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL CORPO DISCENTE ................................... 58 b) AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL CORPO DOCENTE .................................... 64 c) AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL CORPO TÉCNICO- ........................................ 65 ADMINISTRATIVO .......................................................................................................... 65 d) AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL EGRESSOS .................................................. 66 11 INTRODUÇÃO “Os analfabetos do século XXI não serão aqueles que não sabem ler e escrever, mas aqueles que não sabem aprender, desaprender e reaprender”. A sociedade brasileira vem passando, nas últimas décadas, por um processo de reconhecimento da importância da educação como equalizador de oportunidades e uma possível solução para a desigualdade. De início, afirma-se que a avaliação aqui estudada está associada a um referencial de padrão de qualidade. Os diferentes modos de compreensão fazem parte, inclusive, das lutas do Movimento de Docentes das Universidades Brasileiras, desde a década de 1960. Contudo, a questão que se levanta é: “o que é avaliação”? O entendimento, buscado pelas IES e orientado pelo MEC define, em síntese: analisar sistematicamente a prática pedagógica utilizada; corrigir distorções encontradas; repensar novas formas de gestão, tudo com o objetivo de que a aprendizagem ocorra. Os discentes, ao avaliarem as IES, estão avaliando concomitantemente a prática dos docentes, a gestão da IES, o curso com seu currículo e a infraestrutura oferecida (inclusive a tecnológica). Em suma, avalia-se o ensino como um todo. Mas, avaliar, também se refere a uma concepção de qualidade como ação formativa e democrática que contemple as dimensões estabelecidas pela Lei n o . 10.861/2004 do SINAES, conforme abaixo descrita: “A melhoria da qualidade da educação superior, a orientação da expansão da sua oferta, o aumento permanente da sua eficácia institucional e efetividade acadêmica e social e, especialmente, a promoção do aprofundamento dos compromissos e responsabilidades sociais das instituições de educação superior, por meio da valorização de sua missão pública, da promoção dos valores democráticos, do respeito à diferença e à diversidade, da afirmação da autonomia e da identidade institucional”. (SINAES, 2004, p.01) 12 Tudo isso foi estabelecido para atingir as finalidades educacionais de acordo com os princípios da legislação específica do Ensino Superior. Para a UNESCO, na Conferência Mundial sobre Ensino Superior em 2009, a qualidade e diversidade são os eixos das políticas educativas. A qualidade se transformou em um conceito dinâmico que deve se adaptar permanentemente a um mundo que experimenta profundas transformações sociais e econômicas. Faz-se necessário então perguntar: 1. O que é um ensino superior de qualidade? 2. Como vem sendo avaliada a qualidade do ensino oferecido pelas instituições? 3. A que nos referimos quando falamos em qualidade da Educação Superior? 4. Seria a qualidade, neste âmbito, aproximada aos princípios adotados pelas empresas cuja gestão é ditada pelas demandas de mercado? Ou, qualidade diz respeito ao processo educativo de excelência a ser revertido em bem comum? 5. Como as tecnologias digitais podem contribuir e aprimorar os processos de autoavaliação das IES? Embora não haja respostas explícitas para essas questões, há pistas a serem explicadas, sobretudo em relação a um aspecto essencial recorrente, qual seja: o conceito abrangente do termo “qualidade”. Como a qualidade só pode ser medida por comparação, o papel da autoavaliação institucional é medir a qualidade do ensino prestada na forma instituída pela Lei do SINAES. É anorma principal para parametrizar os índices correspondentes aos coeficientes de qualidade prevista em cada dimensão de ensino. Avaliar uma IES implica desenvolver sistemas que considerem tanto os elementos quantitativos quanto os qualitativos, de forma contínua, valorizando a variedade de objetivos e a diversidade das ações que realizam, contribuindo para a formação integral do aluno. Uma vez que o foco desta pesquisa é a contribuição das tecnologias emergentes no aperfeiçoamento da gestão, e que tais tecnologias por serem digitais, além de contribuírem para o desenvolvimento de novos meios e métodos de conectividade o seu uso, facilitarão tanto o processo de ensino-aprendizagem como os processos administrativos de forma a serem efetivados com uma maior precisão. Em meio à abundância dos avanços tecnológicos, conhecer e avaliar todas as inovações que certamente podem e devem ser usadas no processo de Avaliação Institucional, 13 requer uma dedicação permanente, ou seja, testar sistematicamente, os novos métodos, acolhendo os oportunos e redefinindo ou eliminando os supérfluos. A autoavaliação institucional, ao se tornar uma atividade permanente, requer preparo e conhecimento técnico, elevada capacidade de observação, de forma a possibilitar mudanças institucionais e pedagógicas. Os indicadores indutores de qualidade como um instrumento de construção e consolidação de uma cultura de avaliação consolida as mudanças identificadas por necessárias. Conforme apontado por Azevedo (2005), emerge cada vez mais nesse cenário a necessidade de se estabelecer um processo de gestão desses resultados avaliativos. Para a abordagem metodológica, foram utilizados quatro tipos de pesquisa, respeitando as peculiaridades próprias de cada instituição examinada, tais como: Pesquisa Explicativa: segundo Silva e Menezes (2001, p.20), “objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática, dirigidos à solução de problemas específicos. Envolve verdades e interesses locais”. Pesquisa Bibliográfica, “desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos” (GIL, 1991, p.48). Este delineamento é necessário para conhecer e analisar as contribuições científicas existentes sobre o assunto. Pesquisa Descritiva: uma das características mais relevantes da pesquisa descritiva é o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados: questionário e observação sistemática. Assume, geralmente, a forma de levantamento, porque é preciso entender e encontrar um formato para o aproveitamento dessas ferramentas. Pesquisa Exploratória: como o próprio nome indica, a pesquisa exploratória permite uma maior familiaridade entre o pesquisador e o tema pesquisado, visto que este ainda é pouco conhecido, pouco explorado. Nesse sentido, será necessário que o pesquisador inicie um processo de sondagem, com vistas a aprimorar ideias, descobrir intuições e, posteriormente, construir hipóteses. O presente trabalho está sistematizado da seguinte forma: No primeiro capítulo é apresentado o conceito, a origem e a trajetória da avaliação no ensino superior de forma sequenciada. Ainda no capítulo inicial destaca-se a importância do SINAES como marco efetivo do sistema de avaliação do Ensino Superior. 14 No segundo capítulo apresenta-se o novo cenário da avaliação atualmente tratando, de forma detalhada, os diversos instrumentos de avaliação e autoavaliação, especificando desde os objetivos iniciais até as etapas de cada fase e anexando cópia da tabulação dos resultados da autoavaliação. Na pesquisa, comparamos as práticas de quatro IES a partir de conhecimento próprio. O terceiro capítulo trata das características das tecnologias emergentes – inovação e transformação, no qual apresenta-se os impactos tecnológicos tanto na educação em geral como no processo de autoavaliação institucional, em especial os ocorridos nas IES no final do ano de 2017 e implantados em 2018. Por fim, o capítulo IV apresenta as considerações finais com base na análise de experiências vivenciadas pela autora durante 11 anos, em quatro IES diferentes. A razão de ser do sistema de autoavaliação institucional, como executado nos moldes atuais, está constatada com advento das novas tecnologias de informação e comunicação, que oferecem a oportunidade de se obter dados mais rápidos, precisos e confiáveis, possibilitando o desenvolvimento do processo de forma científica, transparente, com dados confiáveis e com credibilidade. . 15 1. AVALIAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR: CONCEITO, ORIGEM E TRAJETÓRIA Os estudiosos do campo da avaliação vêm destacando a indiscutível importância de se avaliar, de forma sistematizada, uma IES objetivando-se a construção de um conceito de qualidade de ensino mais condizente com a pós-modernidade. Os aspectos normativos, a dinâmica e a lógica processual que orientam a educação superior brasileira, no que se refere às avaliações de instituições e cursos de graduação, apontam a vinculação entre avaliação, regulação e supervisão 2 . Significa dizer: os resultados do SINAES, no seu conjunto ou em cada uma das dimensões que o integram, podem atender a finalidades diferenciadas, a depender das ações que serão implementadas com base nos seus resultados. De outra forma, independentemente do fim a que se destinam, as avaliações realizadas pelo INEP objetivam subsidiar o aprimoramento de instituições e cursos, além de informar a sociedade em geral. Esse aprimoramento, como resultado das avaliações, é um diferencial competitivo. Proporciona elementos para as correções e os ajustes necessários e evita o descumprimento dos objetivos institucionais. As próprias IES reconhecem e exploram os resultados das avaliações quando dão ênfase, por meio de propagandas/publicidades, que o bom índice alcançado é fator decisivo para a escolha dos alunos. A maioria deles opta pela IES de nível mais elevado. Trata-se de uma tendência, não só vista no Brasil. Universidades americanas, por exemplo, exploram os benefícios obtidos pelos alunos que frequentam universidades de qualidade reconhecida, ou seja, melhor avaliadas, conforme dados divulgados do Instituto Brookings e citado pela Revista VEJA “três vezes maior é o benefício financeiro trazido ao longo da vida pelo diploma de uma das faculdades mais disputadas dos Estados Unidos em relação às menos disputadas, na pesquisa em 850 escolas americanas”. (VEJA. 2015) 2 De acordo com o Decreto nº 9.235/2017 (MEC), a regulação será realizada por meio de atos autorizativos administrativos do funcionamento de IES e de cursos de graduação. Já a supervisão realiza-se por meio de ações preventivas ou corretivas, zelando pela regularidade e pela qualidade da oferta dos cursos de graduação e de pós- graduação lato sensu e das IES que os ofertam. Ações são de responsabilidade exclusiva do MEC e efetivadas pela SERES. 16 A avaliação passou a ocupar cada vez mais o centro das discussões no ambiente acadêmico das IES quando da implementação de ações para atender às exigências do MEC. Na discussão de propostas para amenizar e enfrentar as resistências e as críticas por parte dos docentes, discentes, e dos técnicos, constatou-se um maior envolvimento de todos, inclusive gestores, objetivando tornar a avaliação fiável, eficiente e mais eficaz. 1.1. CONCEITOS DE AVALIAÇÃO 1.1.1 – Conceituação Geral Para Kraemer (2006), avaliação vem do latim a + valere, ou seja, atribuir valor e mérito. Avaliar, de forma geral, segundo o dicionário Houaiss, ano 2001 p. 353 significa “ter ideia de, conjecturar sobre ou determinar a qualidade, a extensão, a intensidade etc.de”. Sendo assim, a avaliação revela os objetivos de ensino já atingidos num determinado ponto de percurso e também as dificuldades no processo de ensino/aprendizagem.Segundo o professor Cipriano Carlos Luckesi, citado por LIBÂNEO (1991, p.196) "a avaliação é uma apreciação qualitativa sobre dados relevantes do processo de ensino e aprendizagem que auxilia o professor a tomar decisões sobre o seu trabalho." Sob a ótica de Sant’Anna (1995, p.29-30), avaliação é: “um processo pelo qual se procura identificar, aferir, investigar e analisar as modificações do comportamento e rendimento do aluno, do educador, do sistema, confirmando se a construção do conhecimento se processou, seja este teórico (mental) ou prático”. Partindo desse pressuposto, avaliação não consiste, apenas, em avaliar o aluno, mas o contexto escolar na sua totalidade, permitindo fazer um diagnóstico para sanar as dificuldades do processo de aprendizagem, nos sentidos teórico e prático. A avaliação, na concepção de Both (2007), vem atrelada ao processo em que se direciona a qualidade do desempenho sobre a quantidade de atividades propostas, tanto para o aluno quanto para o professor, resultando em um processo comparativo. O autor destaca que o foco principal é a qualidade do ensino, ultrapassando os limites da verificação. A avaliação deve ser considerada parte integrante do processo ensino-aprendizagem, e não uma etapa isolada, por ser um elemento importante na organização escolar, estruturando o trabalho dos professores, alunos e direção. 17 Em síntese, a importância da avaliação nos diferentes ambientes educacionais é vista, dentro de uma perspectiva, como agregadora das tendências educacionais, representando um dos aspectos fundamentais do processo educacional. 1.1.2 – Conceituação Específica Ao focar particularmente nas IES, a avaliação institucional está diretamente ligada à autoavaliação ou avaliação interna, constituindo-se no passo fundamental para a busca da qualidade. Requer permanente diálogo, com a participação de todos que compõem a comunidade educativa. Examinando a literatura disponível, embora haja variadas concepções e interpretações, o consenso mais recente menciona que “a avaliação é a identificação, esclarecimento e aplicação de critérios defensáveis para determinar o valor (ou mérito), a qualidade, a utilidade, a eficácia ou a importância do objeto avaliado em relação a esses critérios” (Worthen, Sanders e Fitzpatrick, 2004, p.35) De acordo com essa assertiva, a avaliação institucional comporta três grandes momentos estruturantes, essenciais ao processo: O primeiro é a busca de informações de qualidade que denominamos de diagnóstico – Nesta etapa a utilização das TICs favorece uma maior participação da comunidade, englobando um volume considerável de informações. Os questionários são aplicados em ambiente virtual, possibilitando um número mais abrangente das informações; O segundo momento envolve o levantamento, a organização e a análise dos dados que servirão de subsídios para a tomada de decisão em relação ao processo sob avaliação, no qual se determina o valor ou mérito. Sem o uso dessas tecnologias, o processo poderia se arrastar por semanas ou meses. Atualmente a tabulação desses resultados gravados no banco de dados, envolve questão de minutos, favorecendo a CPA com informações rápidas e precisas para esta análise; O terceiro momento envolve além da análise dos dados quantitativos, os comentários e as sugestões da própria comunidade. Muitas dessas sugestões são aproveitadas ensejando a tomada de decisões no sentido da melhoria do processo. 18 A utilização das tecnologias de informação e comunicação, associadas à captação, armazenamento, tratamento e divulgação de dados é de extrema importância, cuja colaboração possibilita as mudanças necessárias, num curto espaço de tempo. A avaliação de uma Instituição de Ensino Superior permite identificar as potencialidades e fragilidades, destacando-se os pontos fortes e fracos nos processos acadêmicos e administrativos, tendo como referenciais os indutores de qualidade educacional, a legislação, os atos normativos e os documentos institucionais, quais sejam: Regimento, Estatuto, Planos, Projeto Político Pedagógico, Projeto de Desenvolvimento Institucional, incluindo-se ainda os relacionados como os Projetos Pedagógicos dos cursos. 1.2. ORIGEM E TRAJETÓRIA 1.2.1 – Origem A partir das discussões sobre a condução do ensino educacional brasileiro, tema sempre presente entre os profissionais envolvidos, chegou-se à conclusão de que, no caso das IES, o melhor método é o de avaliar de forma científica. A tecnologia colabora por meio de sistemas interconectados através de links, aumentando em larga escala as informações nos bancos de dados e nas redes Nos anos 60, com as demandas advindas da fase do capitalismo, deu-se início à racionalização das práticas universitárias como meio de obtenção da eficiência, da produtividade e do controle de processos e resultados. Nos anos 70, no polo tecnológico localizado no estado da Califórnia, conhecido como “Vale do Silício”, iniciou-se, nos Estados Unidos, uma revolução tecnológica, modificando de forma repentina os diversos aspectos da vida cotidiana. Em resumo, essas tecnologias mudaram a quantidade, a qualidade e a velocidade das informações nos dias. Essa evolução tecnológica resulta da influência de vários fatores institucionais, econômicos e culturais. Segundo Lévy (1996), a era atual das tecnologias da informação e comunicação estabelece uma nova forma de pensar sobre o mundo que vem substituindo princípios, valores, processos, produtos e instrumentos que mediam a ação do homem com o meio. Inicialmente, as primeiras avaliações institucionais para o ensino superior se voltaram para o controle das universidades, com foco voltado para a qualidade. Buscava-se prestar 19 contas à sociedade para justificar sua função social. O Plano Atcon constitui uma das primeiras experiências de avaliação do ensino superior sob a égide do governo militar. (FÁVERO, 2006). O consultor norte-americano Rudolph Atcon apresentou um documento, em 1966, com sugestões e recomendações, adequando as instituições universitárias às necessidades do capitalismo. A maioria dessas recomendações foi absorvida no projeto da Reforma Universitária. Segundo Tenório e ArgolIo (2009), em se tratando de avaliação institucional, a comparação do Brasil com a experiência de outros países demonstra que, apesar de ser estudada desde os anos 70, o processo passou por longos períodos de estagnação. Nesse lapso de tempo, observa-se a ocorrência de apenas ações isoladas que não contribuíram para a consolidação de um sistema nacional de avaliação educacional. 1.2.2 – Trajetória Conquanto a Avaliação do Ensino Superior tenha se concentrado no estabelecido na Lei do SINAES – considerado o efetivo marco regulatório da avaliação institucional – é possível verificar, no gráfico 1, abaixo, a cronologia dos principais eventos relacionados ao tema. Gráfico 1 - “TIMELINE” DA AVALIAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL Fonte: Elaboração própria, com base nas diversas avaliações no Brasil, 2019. 20 Faz-se necessário registrar que a regulação ao longo do tempo se efetiva por atos autorizativos, com pouca participação dos realmente interessados. Daí a ênfase em avaliar e regular ao mesmo tempo. Com efeito “aspectos normativos, a dinâmica e a lógica processual que orientam a educação superior brasileira, no que se refere às avaliações de instituições e cursos de graduação, apontam a vinculação entre avaliação, regulação e supervisão” (SINAES, 2008, vol. IV, p. 16.) Contudo, os resultados da avaliação institucional estabelecida pelo SINAES, em seu conjunto ou em cada uma das dimensões que o integram, visavam atender a finalidades diferenciadas e dependiam das ações que eram implementadas a partir dos seus resultados. Objetiva-se subsidiar o aprimoramento das IES, dos cursos e levar as informaçõesà sociedade geral. Com isso, pode-se dizer que, o principal alicerce da política de avaliação do ensino superior tem no tripé “avaliação – regulação – supervisão” a busca de uma contribuição para a qualidade do ensino. Como não se garantiu, como desejado, a qualidade do ensino, que caminhou em sentido inverso, surgiu questionamentos sobre a qualidade dos resultados, gerando a necessidade de políticas de “acompanhamento e controle” do que se avaliava. A partir do século XXI, a avaliação ganhou um papel relevante num cenário de grande expansão da oferta, elevada diversificação de cursos e aumento positivo do acesso ao ensino superior predominantemente no setor privado. Em 2014, após a implantação da Lei n o . 10.861, de 14.04.2004 – denominada de Lei do SINAES, a avaliação institucional passou a ser vista como uma das ações estratégicas mais relevantes a serem desenvolvidas nas IES. 1.3. O SINAES E SUA IMPORTÂNCIA O Sistema de Avaliação Nacional do Ensino Superior, mais conhecido como SINAES, enquanto sistema, avalia de forma global e integrada as atividades acadêmicas a partir de três grandes pilares: Avaliação de Instituição de Ensino Superior, Avaliação de Desempenho de Estudante e Avaliação de Cursos de Graduação. 21 Esses elementos integrados são constitutivos do ciclo avaliativo, conforme mostra a figura 1. Figura 1 – Princípios do SINAES Fonte: Elaboração própria com base no SINAES, 2004. Partes de um mesmo sistema de avaliação, cada um desses processos é desenvolvido em situações e momentos distintos, fazendo uso de instrumentos próprios, mas articulados entre si. Aborda dimensões e indicadores específicos com o objetivo de identificar as potencialidades e insuficiências dos cursos e instituições, promovendo a melhoria da sua qualidade e relevância – e, por consequência, da formação dos estudantes – e, ainda, fornecendo à sociedade informações sobre a educação superior no país. Nesse entendimento, destaca-se que a maior contribuição emanada pela lei é a obrigatoriedade de criação de uma Comissão Própria de Avaliação – CPA. Essa comissão é responsável pela coordenação dos processos internos de autoavaliação, de sistematização e de prestação das informações solicitadas pelo INEP, com autonomia e constituída por representantes de todos os segmentos da comunidade acadêmica (docente, discente e técnico- administrativo) e de representantes da sociedade civil organizada, paritariamente, de acordo com a figura 2. 22 Figura 2 – Demonstrativo da composição da CPA Fonte: Elaboração própria, com base na Lei do SINAES, 2019. A partir da sua criação, o processo avaliativo passa a constituir um sistema que permite a integração das dimensões avaliadas, assegurando as coerências conceitual, epistemológica e prática, bem como o alcance dos objetivos dos diversos instrumentos e modalidades. Os resultados são o principal indicador de qualidade dos serviços educacionais prestados, sendo utilizados no recredenciamento da IES e reconhecimento dos cursos feitos pelo MEC. Tal prática provoca mudanças de comportamento nas instituições. Por sua vez a utilização das tecnologias emergentes permitiu o acesso dos alunos ao site da CPA ou da IES para responder a autoavaliação institucional on line por meio de aplicativos móveis ou computadores de uso pessoal desde que o local disponha de rede WiFi, permitindo uma maior participação da comunidade acadêmica. As referidas tecnologias oferecem ferramentas para repensar e acompanhar os progressos institucionais, modernizando o sistema de mensuração dos resultados como um instrumento de busca incessante de inovação e da qualidade. Podemos citar, como exemplo, o gerenciador de dados utilizado para gerenciamento de portais, conhecido de forma abreviada como SQL. Por ser um banco mais robusto, trabalha com grandes volumes de dados de forma eficiente e rápida. 23 Mudanças, contudo, geram resistências, e essas resistências podem ser percebidas até mesmo nas organizações que a preconizam. “As pessoas resistem à mudança quando consideram que suas consequências são negativas. Embora as pessoas sejam diferentes em termos de sua disposição em antever consequências negativas, e mesmo quando suas razões pareçam lógicas ou até equivocadas a quem está de fora, as pessoas não resistem automaticamente às mudanças. As pessoas resistem às mudanças por alguma razão e a tarefa do gerente é tentar identificar essas razões e, quando possível, planejar a mudança de modo a reduzir ou eliminar os efeitos negativos e corrigir as percepções errôneas” (COHEN & FINK, 2003, p. 350). De modo geral, as mudanças têm caráter semelhante para as pessoas, embora em cada profissão alguma coisa peculiar seja requerida. Não parece restar dúvida de que com a avaliação institucional não foi diferente. As necessidades de uma mudança cultural envolvendo todos os segmentos universitários: corpo docente, corpo discente e corpo técnico-administrativo quando bem administrada, reduz as resistências e cria adeptos. Nas palavras de Schein 3 , cultura organizacional “é a união das características que diferenciam uma empresa ou instituição da outra. Assim a cultura representa para grupos e organizações o mesmo que caráter para indivíduos”. (SCHEIN, 2009, pág. 16) Nas universidades, sempre se conviveu com as divisões: as disciplinas estudadas eram segmentadas e o início do uso da tecnologia se concentrava nas áreas de exatas com evidentes prejuízos para as demais. As necessidades oriundas da avaliação institucional continuam desencadeando estudos, reflexões e propostas numa busca de modelos e programas educacionais apropriados, em consonância com o contexto a que se destinam e agora voltados para a utilização das tecnologias de informação e comunicação. A relevância que as instituições de educação superior assumem, em virtude de sua vinculação com o desenvolvimento tecnológico, econômico e cultural, somada à responsabilidade de formar o homem cidadão e profissionalmente competente, exige o comprometimento com os princípios da qualidade. 3 Edgar Schein foi um professor e escritor famoso por seu apoio à área de gestão de pessoas e desenvolvimento organizacional. Ficou mundialmente conhecido por ser um dos principais precursores da definição de cultura organizacional. 24 A tendência mundial da avaliação in causo é valorizar a autonomia e, por conseguinte, a liberdade acadêmica das instituições de ensino, incentivando a criatividade e a inovação. Isso propicia a formação de profissionais com competências e habilidades tecnológicas e culturais para atuarem como protagonistas de forma sustentável e igualitária no mundo globalizado. A avaliação institucional divide-se em duas vertentes: interna e externa: 1. Avaliação Interna (autoavaliação) – Coordenada pela Comissão Própria de Avaliação de cada instituição, seguindo as diretrizes e os roteiros da autoavaliação institucional da CONAES. 2. Avaliação externa – Realizada por comissões designadas pelo INEP. A avaliação externa vai comparar os objetivos, resultados e dificuldades declarados pela instituição em sua auto-avaliação e o que os avaliadores externos observarem acerca da realidade institucional. Os mesmos dez quesitos considerados pela auto-avaliação — que envolvem desde infra-estrutura, gestão, corpo docente, pesquisa e até responsabilidade social da instituição na região onde atua — serão verificados pela avaliação externa. 25 2. O NOVO CENÁRIO DA AVALIAÇÃO Ao se considerar a promulgação da Lei do SINAES como o marco regulatório da avaliação das IES, o momento atual constitui-se como o início de um novo cenário para a educação superior no Brasil, fornecendo ao egresso competências, habilidades e atitudes indispensáveis para o perfildo profissional atual, voltados para uma formação acadêmica que promove a autonomia com responsabilidade ética, com currículos flexíveis e inovadores. As metodologias ativas devem compor os modelos pedagógicos criativos e inovadores que integram, articulam e conjugam as modalidades presencial, semipresencial e a distância. A utilização das tecnologias como ferramentas aliadas aos princípios da aprendizagem multidisciplinar centrada no aluno e com a profissionalização da gestão exige o incremento dos recursos digitais. As demandas da sociedade por uma educação de qualidade inserem-se na era do conhecimento. Incorporam inovações científicas e tecnológicas, empreendedorismo, empregabilidade e sustentabilidade, vindo ao encontro dos desafios da legislação renovada em 2017. As instituições do século XXI, efetivamente comprometidas com os princípios da qualidade e flexibilidade dos processos de aprendizagem, permitem a experimentação concreta de construção do conhecimento por meio das interações virtuais com laboratórios, acervos, conteúdos digitais e outros. Na revista ESTUDOS publicada pela ABMES (ano 31 número 43 de junho/2019) Conforme DINIZ at al (2018, p.39) esse novo marco regulatório trouxe impactos nas políticas públicas do setor, entre os quais podemos mencionar: o aperfeiçoamento dos procedimentos e a desburocratização dos fluxos; os incrementos na utilização de bônus regulatório e o aumento de autonomia às IES; a previsão de acervos acadêmicos e bibliotecas digitais; e o maior equilíbrio entre critérios objetivos e subjetivos das avaliações in loco (DINIZ, at al 2018, p.39). Com a chegada das novas tecnologias de informação e comunicação, a difusão da internet surge um novo modelo de comunicação no qual todos podem ser ouvidos, interagir, 26 fazer parte do processo e produzir informação gerando opinião. O uso das TICs nos processos humanos, quer sejam sociais, econômicos, políticos, legais ou afetivos, tomaram um ritmo progressivo com impactos observados em todos os campos sociais, desde o judiciário até as relações familiares. As TICs são consideradas vias de mão dupla permitindo que todos escutem e sejam ouvidos. Paradoxalmente, o sistema educacional revelou-se um dos espaços mais refratários às mudanças, continuando e resistindo a essas transformações. Por isso, concluiu-se que as alterações no marco regulatório podem vir a representar uma transformação com impactos expressivos na gestão logística e financeira das IES. A inserção dos cursos de EAD, ainda embrionário em muitas IES, tende a se fortalecer e competir de forma igualitária. Consolidado, o EAD exige uma tecnologia bem mais efetiva que o ensino presencial. A herança do modelo anterior precisa dar lugar a um novo jeito de pensar, para vencer no futuro. “o atual currículo, com sua divisão em compartimentos estanques, não se baseia em nenhuma concepção bem refletida sob as necessidades humanas contemporâneas. Baseia-se ainda menos em alguma observação do futuro, alguma compreensão de que técnicas um menino precisará para viver no olho do furacão das mudanças. Ele se baseia na inércia e num desacordo infernal entre as associações acadêmicas, cada qual tentando aumentar seu orçamento, seus níveis salarias e seu status” (Toffler, 1970 p.329) A composição dos acervos de biblioteca, o sistema híbrido no EAD, laboratórios e equipamentos digitais diversos com seus ganhos e benefícios serão estendidos para toda a IES, ampliando os recursos didáticos na formação dos discentes, reduzindo barreiras que hoje separam a educação a distância da presencial. Os perfis dos discentes recebidos atualmente nos cursos de graduação são diferentes dos de há cerca de três anos. São mais conectados, mais independentes e questionadores dos modelos. 2.1. INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR 27 Até a consolidação dos novos instrumentos, existiam doze instrumentos de avaliação externa vigentes para o ensino superior, sendo cinco para autorizações de funcionamento, seis para reconhecimentos de cursos e um para as renovações de reconhecimentos de cursos. Embora possuísse cada instrumento uma lógica própria, eram pautados na concepção que apontava para linha de punição e controle, baseando-se em dimensões valorativas e utilizando-se de “pesos” indiferenciados. Na dimensão institucional, o valor mais elevado vinculava-se aos métodos pedagógicos clássicos de transmissão do conhecimento e dos conteúdos descontextualizados, priorizava a memorização, a sala de aula como cenário principal e distante dos problemas reais existentes. A gestão era verticalizada e centrada nas estruturas hierarquizadas, com sua missão restrita ao ensino. O egresso era preparado exclusivamente para atuar no mercado profissional. As avaliações externas realizadas pelas comissões de avaliação in loco nomeadas pelo MEC, gerava tensão. É possível que tal postura advinha de orientações ultrapassadas e da subjetividade dos instrumentos anteriores. Em dezembro/2017, o MEC alterou a forma (concepção) do sistema de avaliação, publicando novos instrumentos, em busca de uma maior efetividade. Esses instrumentos, “de avaliação externa, institucional e de curso, possuem caráter matricial, que agrega em cada um deles as condições pertinentes a cada ato, as modalidades e a organização acadêmica e administrativa permitindo a apreensão geral dos resultados ligados à identificação das instituições de educação superior e dos cursos de graduação”. (MEC, 2017, p. 01) Na Nota Técnica, ressalta: “Sem desconsiderar essa forma de organização e seus benefícios, os instrumentos que ora se apresentam mantêm o mesmo caráter, porém divididos de acordo com a natureza do ato autorizativo: atos de entrada (credenciamento; autorização) e atos de permanência (recredenciamento e transformação de organização acadêmica; reconhecimento e renovação de reconhecimento).” (MEC, 2017, p. 01) Com essa legislação, foram criados quatro instrumentos: 1) Instrumento de Avaliação de Cursos de Graduação – Presencial e a Distância – Autorização; 28 2) Instrumento de Avaliação de Cursos de Graduação – Presencial e a Distância – Reconhecimento e Renovação de Reconhecimento; 3) Instrumento de Avaliação Institucional Externa – Presencial e a Distância – Credenciamento; 4) Instrumento de Avaliação Institucional Externa – Presencial e a Distância – Recredenciamento e Transformação de Organização Acadêmica. Por meio dos métodos adotados surge a utilização de tecnologias emergentes associadas à tecnologia para gestão. A inovação tornou-se o caminho para desenvolver algo que fará a diferença para a qualidade e a produtividade. Pode-se afirmar a mudança clara na postura dos avaliadores recebidos na IES a partir do ano de 2018, após a implantação dos novos instrumentos. Foram quatro comissões, conduzindo todo o processo avaliativo com ética e seriedade, contribuindo para que toda a avaliação transcorresse num ambiente transparente e harmônico, com caráter formativo, como deve ser. Os novos instrumentos mudaram a linha de concepção formativa, síntese integradora das modalidades avaliativas e do SINAES, com base nos Indicadores de Qualidade, e respeitando a identidade e a diversidade das instituições e dos cursos. Valorizando a sua evolução, o ensino/aprendizagem pautou-se em competências, habilidades e atitudes. Os novos métodos pedagógicos ativos e críticos, conteúdos contextualizados e problematizados, priorizaram o raciocínio e a dúvida. O conceito da “sala de aula invertida” reflete muito bem uma das diversidades de cenários utilizados atualmente. Como sugere o nome, é o método de ensino que consiste em inverter por completo a sala de aula. O aluno absorve inicialmente o conteúdo da aula por meio virtual e a sala de aula presencial se torna num espaço de interação professor-aluno.Propicia grande integração da teoria e da prática com foco nos problemas reais da Sociedade e do Estado, contribuindo positivamente no processo de ensino-aprendizagem. O aluno ao adquirir capacidade crítica de análise e reflexão, participa da autoavaliação institucional, entendendo que suas críticas e sugestões, estarão contribuindo para melhoria contínua da IES. O aluno assume uma postura ativa em seu processo de aprendizagem. A inclusão das metodologias que oportunizam a capacidade crítica, de análise e de reflexão nos discentes. é um processo de mudança lento. Seu reflexo embora lento permite a incorporação da empregabilidade, do empreendedorismo e da internacionalização nos 29 documentos institucionais ajustou-se à gestão institucional centrada nas lideranças e nas estruturas em formato de redes com forte apoio tecnológico, com sistemas que utilizam algoritmos, permitindo em curto espaço o aperfeiçoamento contínuo de seus instrumentos de autoavaliação. Os aplicativos para dispositivos móveis tem sido uma saída bastante eficiente para garantir maior engajamento dos alunos. Assim, a Missão Institucional abrangente, contextualizada, voltada para transformação e para a cidadania e dirigida à aprendizagem, resulta num perfil de egresso generalista, ético, crítico, humanista e com formação profissional cidadã. O tripé ensino, pesquisa e extensão ganha força no ensino/aprendizagem articulando o PDI com a missão institucional e sua coerência com as Políticas Institucionais. As novas políticas de avaliação, estão em perfeita harmonia com questões relativas à diversidade, ao meio ambiente, à memória cultural, à produção artística, ao patrimônio cultural, à responsabilidade e inclusão social, à promoção dos direitos humanos, à igualdade étnico-racial e à internacionalização, tudo em prol do desenvolvimento econômico e social da região em que a IES está inserida. Tal política, busca também, a existência de reflexos tanto internos quanto externos em projetos de responsabilidade social, quer por meio de disciplinas ou em ações transversais, envolvendo todos os cursos ofertados pela instituição. O diferencial é a mobilização de toda a organização acadêmica em prol do cumprimento do PDI e, suas metas numa visão sistêmica e de inovação. A utilização das tecnologias em metodologias que privilegiem a interdisciplinaridade resulta numa construção com resultados efetivos na comunidade acadêmica, tanto de formação quanto de transformação social. Os resultados dos processos de avaliação produzem autoconhecimento acerca da Instituição, uma vez que, nos relatórios que elabora, são identificados pontos positivos e oportunidades de aprimoramento. Por meio dos relatórios elaborados pela CPA, a gestão da IES promove a melhoria, e a eficiente destinação orçamentária atende às necessidades da comunidade interna. 2.2. A AUTOAVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 30 O processo de autoavaliação institucional, coordenado pela CPA, busca conduzir a IES ao aprimoramento de suas atividades, participativas, geradoras de novas ideias atreladas a ações de melhoria constante. A autoavaliação constitui um processo por meio do qual um curso ou uma instituição analisa internamente o que é e o que deseja ser, o que de fato realiza, como se organiza, administra e age, buscando sistematizar informações para analisá-las e interpretá-las com vistas à identificação de práticas exitosas, bem como a percepção de omissões e equívocos, a fim de evitá-los no futuro. É importante que os referidos processos avaliativos internos estejam institucionalizados e consolidados no Plano de Autoavaliação Institucional e de acordo com as orientações da CONAES (BRASIL, 2004) para a autoavaliação. 2.2.1. Objetivos Respeitadas as diferentes missões institucionais, a autoavaliação institucional tem como objetivos: a – Melhorar a qualidade do ensino; b – Conhecer, numa atitude diagnóstica, como se realizam e se inter-relacionam na IES as tarefas acadêmicas em suas dimensões de ensino, pesquisa, extensão, serviços e administração; c – Identificar as potencialidades e fragilidades nas atividades da instituição, estabelecendo estratégias de superação dos problemas e aprimoramento de suas ações, coletivamente; d – Impulsionar o processo de autocrítica da instituição, proporcionando a seus atores uma cultura de avaliação; e – Subsidiar as várias instâncias da comunidade acadêmica na redefinição de prioridades, visando à melhoria da qualidade da formação, da produção de conhecimento e da extensão na IES; f – Construir conhecimentos sobre sua realidade e sua função social. 31 O pressuposto básico é a compreensão de que o êxito da instituição está condicionado pelo investimento que faz na avaliação de si mesma, de seus resultados e do realismo dos objetivos a que se propõe, respondendo às necessidades presentes e projetando caminhos para o futuro. As TIC’s são uma excelente contribuição para que esse processo ocorra de forma fidedigna, rápida e modernizada, em todo o desenvolvimento do processo de avaliação, desde a elaboração dos instrumentos até a tabulação dos resultados e publicação. 2.2.2. Eixos Avaliativos Para construção do processo de autoavaliação, os questionários avaliativos englobam as dez dimensões do SINAES, distribuídas em cinco eixos: Eixo 1: Planejamento e Avaliação Institucional - Dimensão 8: Planejamento e Avaliação Eixo 2: Desenvolvimento Institucional - Dimensão 1: Missão e Plano de Desenvolvimento Institucional - Dimensão 3: Responsabilidade Social da Instituição Eixo 3: Políticas Acadêmicas - Dimensão 2: Políticas para o Ensino, a Pesquisa e a Extensão - Dimensão 4: Comunicação com a Sociedade - Dimensão 9: Política de Atendimento aos Discentes Eixo 4: Políticas de Gestão - Dimensão 5: Políticas de Pessoal - Dimensão 6: Organização e Gestão da Instituição - Dimensão 10: Sustentabilidade Financeira Eixo 5: Infraestrutura Física - Dimensão 7: Infraestrutura Física 2.2.3. Procedimentos para Coleta de Informações Com a finalidade de obter informações fidedignas e representativas em cada um dos cinco eixos que envolvem as dez dimensões, as IES pesquisadas adotaram os procedimentos de coleta abaixo discriminado: 32 a) Análise documental, por meio dos documentos institucionais, como: Estatuto, PDI, PPI, PPC dos cursos, entre outros; b) Uso de dados do Censo de Educação Superior, relatórios fornecidos pela Ouvidoria e pelo Fale Conosco, pesquisas de empregabilidade com os egressos, além dos relatórios resultantes das avaliações in loco; c) Dados das autoavaliações contendo os resultados da aplicação dos questionários eletrônicos, realizada semestralmente em cada segmento da comunidade e suas observações. Para atender a nova legislação educacional e adaptar-se aos novos instrumentos de avaliação, as IEs promoveram a revisão do PDI, PPCs e demais documentos institucionais. Para dar cumprimento a essas medidas, emanadas no ano de 2017, procedeu-se um processo de análise e avaliação das metas e objetivos previstos nos PDIs então em vigor. As alterações foram feitas com base nas pesquisas e divulgação dos relatórios elaborados pela CPA, com decisões tratadas em reuniões com os colegiados dos diversos cursos, colegiado superior da IES e mantenedores. Todas as revisões foram propostas pelos Núcleos Docentes Estruturantes (NDEs), e aprovados pelos colegiados dos respectivos cursos. Para essas atualizações o uso das TICs através dos formulários já utilizados pela CPA foi decisivo. Como envolver toda comunidade acadêmica, num curso espaço de tempo para cruzamento das informações da IES, dos resultados das avaliações in loco e dos resultados do ENADE, visando, a melhoria da qualidade dos cursos. 2.2.4. Metodologia da Autoavaliação A metodologia utilizada no processo de autoavaliaçãoé composta por questionários estruturados, com base nos dez indicadores previstos pela lei do SINAES. Ocorre de forma contínua em todas as atividades pedagógicas e administrativas, contemplando as condições de ensino, a avaliação dos professores, a avaliação das instalações e a avaliação da imagem externa da IES. Os discentes avaliam os professores, os funcionários e a própria instituição; os docentes e técnicos-administrativos avaliam a instituição, as condições de ensino, a oferta de atividades, a coordenação e os serviços de apoio administrativo e acadêmico. 33 Esse tipo de avaliação, conhecida como avaliação em 360 graus, que abrange todos os segmentos, é aplicado por meio de questionários, com atribuições de “excelente”, “ótimo”, “bom”, “regular” e “ruim” para perguntas referentes ao curso, sob exame do discente, ao desempenho dos docentes, ao desempenho dos funcionários, às instalações físicas e, principalmente, se os objetivos do curso foram atingidos. Para o bom andamento da IES, faz- se necessário e importante a integração da comunidade, atuando harmonicamente para a consecução desses objetivos. 2.2.5. Etapas da Autoavaliação As etapas do processo de autoavaliação para acompanhamento e avaliação, interna e externa, das atividades de ensino, pesquisa, extensão, planejamento e a gestão da instituição são descritas a seguir: Sensibilização: realização de palestras, workshops e reuniões sobre o conteúdo da avaliação, seu adequado preenchimento, a utilização dos resultados e uma conscientização ética sobre essa avaliação; Planejamento participativo: realização de reuniões envolvendo os gestores da instituição, visando definir as linhas gerais do processo de avaliação institucional a ser implementado; Aplicação dos questionários: etapa da coleta de dados, por meio da aplicação dos questionários e do recolhimento das respostas fornecidas pelos diversos agentes da avaliação; Tratamento e análise dos dados: etapa de tabulação e tratamento estatístico dos dados, que deve resguardar os procedimentos científicos e imparciais exigidos por esse processo; Elaboração de relatório: deverá refletir por escrito a realidade da instituição e conter uma análise crítica, com a finalidade de identificar os pontos fortes e pontos fracos a serem trabalhados, refletindo sobre a relevância social dos cursos e o nível adequado de desempenho; Diagnóstico: análise descritiva da realidade de cada curso, a partir do levantamento de informações existentes na Instituição e sua adequação ao Projeto Pedagógico, aos procedimentos didáticos, às disciplinas 34 ministradas, aos gestores, aos coordenadores, ao corpo docente, aos discentes e aos técnico-administrativos; Propostas de ações de melhoria: ações para direcionar o processo decisório de melhoria do desempenho institucional; Implementação: execução das ações propostas, contendo prazos e responsáveis. A avaliação, no seu todo, deve refletir o compromisso com a sociedade e com as mudanças do mundo moderno, participando com ações que propiciem novas realidades, garantam o cumprimento de sua missão. Partindo da sensibilização da comunidade, o processo avaliativo torna-se claro para todos. A CPA deve elaborar um esquema que garanta a transparência do processo, a informação clara e fidedigna e as orientações necessárias aos responsáveis diretos pelas ações. O diagnóstico consiste na sondagem do ambiente interno. Identificam-se áreas vulneráveis, como, falta de docentes capacitados, inexistência de regime de dedicação e laboratórios defasados, entre outros. A construção de um modelo de ensino competente não se resolve artificialmente. Exige projeto de longa duração e impõe seriedade na leitura da realidade vigente. A reflexão, desencadeada pela avaliação, leva a instituição a assumir a responsabilidade efetiva da gestão política e da gestão acadêmica e científica. Ao se conhecer, a instituição volta-se sobre si própria, tomando o seu destino nas próprias mãos, longe das pressões externas ou das políticas que afetam suas prioridades e o seu cotidiano. 2.3. EXAME DAS PRÁTICAS DE AUTOAVALIAÇÃO INSTITUCIONAL OBSERVADAS NAS IES PESQUISADAS 2.3.1 – Conceituação Específica Considerando a familiaridade da autora com o tema pesquisado, ainda, que as quatro IES demonstradas, situam-se na região nordeste, especificamente na cidade de Fortaleza, 35 foram encontradas realidades próximas, possibilitando assim a presente pesquisa, com uma análise crítica dos atos e fatos praticados por trás da temática. Foi possível constatar os principais recursos utilizados e o foco dado por cada IES. Em todas, a utilização de questionários semiestruturados resultava na base de dados atinente. Inicialmente eram formulados questionários impressos, muitas vezes não respondidos e descartados. Mesmo disponíveis para alunos nos computadores localizados nos laboratórios de informática, esses formulários eram off line, e, em sua totalidade, as tabulações eram feitas manualmente, com o auxílio de algumas tabelas em Excel. Em 2008, aqueles instrumentos passaram a ser predominantemente formulários contendo questionários on line, apoiados no uso de ferramentas tecnológicas desenvolvidas especificamente para avaliação institucional. A partir de então, esses questionários informatizados e utilizando-se de portais, os instrumentos de coleta passaram a ser enviados a professores e alunos, atingindo um número maior de pessoas da comunidade acadêmica. Tornando a avaliação mais abrangente, as tecnologias se constituíram em um instrumento eficaz na autoavaliação institucional. Apesar do uso das TIC’s como ferramentas, que proporcionaria melhores condições de operacionalização dos dados coletados e possibilitaria maior agilidade e economia de tempo, a ausência de suporte tecnológico, ainda precário, dificultava essa atividade. Alguns aplicativos, a exemplo do “google docs”, onde ficavam hospedados os questionários institucionais e coletados os dados do processo eram utilizados com frequência, pouco contribuíam para a formação de um banco de dados permanentemente atualizados. Links enviados para o presidente da CPA era produto de um trabalho demorado, oneroso e de resultados duvidosos, com pouca consistência. Considerando que a Comissão Própria de Avaliação tem como objetivo o aperfeiçoamento institucional sugerindo ações para a melhoria da qualidade do ensino- aprendizagem, produção de conhecimento e da extensão dos processos de formação e de gestão da IES, a maioria dos integrantes não tinham perfeita clareza para fazer uma coleta direcionada. Sua existência devia-se muito mais para o atendimento à legislação do que cumprir com esses objetivos. Atualmente é possível adequar a CPA nos moldes previstos nas leis do SINAES, de forma que os membros partícipes sejam capacitados, entendam e valorizem a importância da Comissão. 36 O exigido para composição de qualquer CPS é contar com participantes de todos os segmentos da comunidade escolar, entendida como o entorno da IES, para a obtenção de uma colaboração plural. As experiências pessoais, profissionais e culturais advinda de todos é que justifica e legitima qualquer CPA em face de sua formação multifacetada passa a ser um forte componente subjetivo do processo avaliatório. O Quadro I, apresenta-se os resultados aplicados em 4 IES diferentes consideradas como IES A, IES B, IES C e IES D). Na amostra foi apresentado apenas o segmento corpo discente, considerado sem dúvida, a razão de ser de uma Ies e o que apresenta maior representatividade. Este segmento sem dúvida é o maior desafio para a realização de uma autoavaliação. No quadro I, o comparativo refere-se as quatro IES examinadas, por número de participação discente nas autoavaliações institucionais - questionários impressos versus questionáriosvia web). A IES “A”, uma pequena instituição com 860 alunos (IES A) cuja aplicação foi efetuada em duas oportunidades, através de instrumento distintos. Via questionários manuais: Participação total dos dissentes: 205 – representatividade: 23,8 Via questionários eletrônicos: Participação total dos dissentes: 695 – representatividade: 80,8% Obs. Com a aplicação mediante formulários eletrônicos o crescimento da participação foi da ordem de 57% As IES “B” e “C”, por apresentarem, cada uma, números próximas da IES A, não justifica maior destaque. A IES “D”, embora possua uma quantidade de alunos bem superior ao das demais instituições (1.890 alunos), no resultado, nota-se determinada padronização na participação discente na autoavaliação. Apenas questionários informatizados: Participação total dos dissentes: 1.690 – representatividade: 89,4% No quadro II, o demonstrativo é apresentado por IES, demonstrando o percentual de participação discente nos questionários de autoavaliação. Na IES D, a aplicação desses questionários foi unicamente informatizados. 37 Quadro I – Comparativo da Participação Discente (Questionários manuais x questionários eletrônicos) Fonte: elaboração própria, com base nas informações das IES pesquisadas No quadro II, apresenta-se apenas o percentual de participação discente nos questionários de autoavaliação, nas IES “A”, IES “B”, IES “C” E IES “D” considerando o universo de alunos pesquisados em cada IES, destacando-se que na IES “D”, foram aplicados apenas questionários informatizados. 860 690 980 1890 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000 IES A IES B IES C IES D COMPARATIVO PARTICIPAÇÃO DISCENTE AUTOAVALIAÇÃO Comparativo Participação Discente Autoavaliação CPA Comparativo Participação Discente Autoavaliação CPA Comparativo Participação Discente Autoavaliação CPA 38 Quadro II – Comparativo da Participação Discente % (Questionários por IES) Fonte: elaboração própria, com base nas informações das IES pesquisadas 860 23,835 80,81395 IES A Total de Alunos IES A Manual % WEB % 690 25,36231 78,26086 IES B Total de Alunos Manual % WEB % 980 9,693877 83,16326 IES C Total de Alunos Manual % WEB % 1890 0 89,4 IES D Total de Alunos Manual % WEB % 39 No início da implantação da CPA no Brasil, não era percebida, no geral, o a suja importância, considerando que as sugestões e as críticas formuladas pela comunidade acadêmica não eram devidamente acolhidas pelos administradores, nada obstante o envolvimento dos membros. Este o motivo porque as propostas de melhorias não eram incorporadas às ações das IES. A partir de 2013, começou-se a perceber mudanças de postura das IES em relação aos trabalhos desenvolvidos pelas CPAs. Nas pequenas IES, Empresas foram contratadas para executar a coleta e o processamento de dados de forma eletrônica. Essas empresas forneciam o suporte tecnológico necessário para que a autoavaliação fosse realizada de forma eletrônica, de acordo com os instrumentos de avaliação de cada segmento fornecido pela CPA, além da disponibilização dos resultados tabulados. Entretanto, o sistema não oferecia a flexibilidade e independência necessárias para que a autoavaliação fosse conduzida com total transparência. Além dos custos financeiros com a empresa contratada, a dependência da CPA em relação aos “terceirizados” interferia negativamente na qualidade final do resultado da autoavaliação. Podem-se citar como impactos negativos: a CPA não acompanhava as avaliações em tempo real, a limitação dos relatórios fornecidos, ainda demandando tempo e esforço adicional na produção de novos relatórios. Outro aspecto negativo, aumentando as dificuldades, era a ausência de mecanismos para a divulgação e socialização dos resultados. O efetivo reconhecimento da importância da CPA ocorreu a partir do ano de 2015. Os Núcleos de Tecnologia da Informação das IES passaram a oferecer o suporte tecnológico necessário e a capacitação dos seus membros resultou exitosa. A partir de então, os procedimentos para a coleta de informações foram sistematizados, dando como resposta informações válidas e confiáveis. A ferramenta eletrônica para coleta e processamento de dados, por ser uma ferramenta web completa disponibilizada para a CPA, em tempo real, na condução do processo avaliativo, surtiu efeitos positivos nos resultados. Realizada em dois momentos, nos finais do 1º e 2º semestre, procede-se a coleta, adotando-se a seguinte sistematização: a) Avaliação documental; b) Uso dos dados primários; c) Uso dos dados secundários. 40 Essa ferramenta permite o armazenamento de vários instrumentos de avaliação, iniciando e encerrando mais de uma avaliação simultaneamente, acompanhando a taxa de participação dos segmentos em tempo real, gerando estatísticas, gráficos e relatórios customizáveis, com base nas dimensões avaliadas. Com isso, a CPA libera o acesso para a avaliação de acordo com o perfil específico (docente, discente, técnico-administrativo). A implementação no site das informações da CPA, permitindo a divulgação dos resultados, e melhorias apresentadas como resultado das autoavaliações configuram-se inovações no âmbito da IES. A tecnologia empregada no desenvolvimento do programa de autoavaliação institucional para programação dos códigos é a linguagem PHP. Por ser uma linguagem bastante conhecida e pela facilidade em aprendê-la e manuseá-la, tornou-se bastante utilizada por ser compatível com quase todos os sistemas operacionais existentes, tornando o custo menor. É uma linguagem comumente utilizada por programadores e desenvolvedores para construir sites dinâmicos, extensões de integração de aplicações e agilizar no desenvolvimento de um sistema. No caso do portal, foi utilizado o gerenciador de dados SQL. Trata-se de uma linguagem padrão, concebida para permitir que os usuários criem Bancos de Dados, adicionem novas informações, manipulem e recuperem partes selecionadas. Especificamente mais robusto, trabalha com maior volume, com respostas mais confiáveis. A atual ferramenta oferece um ambiente de relatórios, no qual a CPA libera os resultados para que sejam analisados e sirvam de subsídios para o aprimoramento dos trabalhos desenvolvidos em cada setor. Os coordenadores acessam as informações dos professores de seu curso, subsidiando o aprimoramento das práticas pedagógicas, visando a um planejamento mais eficaz das práticas pedagógicas, ofertando capacitações necessárias ao corpo docente, visando aos ajustes necessários para a qualidade do curso. Apesar de a avaliação ser absolutamente sigilosa, ao acessar o sistema, faz-se necessário acessar uma página onde deve ser respondida a avaliação, de acordo com o segmento ao qual pertence. Desta forma evidencia-se que as TICs, são utilizadas de forma recorrente em quase todos os momentos. Facilita a obtenção das devolutivas e acompanhamento em tempo real pela comissão, fato impossível de ocorrer sem a sua 41 utilização. Após a autenticação, o acesso aos itens dos instrumentos fornece suas respostas, que são armazenadas no banco de dados de forma totalmente anônima. As ferramentas usadas são agrupadas em dimensões e o participante do processo pode navegar por elas, sair do ambiente de avaliação e retornar depois, alterar suas respostas, deixar comentários, críticas e sugestões, desde que dentro do período de avaliação. Após todo o processo avaliativo, é feito um relatório síntese. O documento é importante para fornecer subsídios sobre a visão que as pessoas envolvidas têm sobre os processos realizados em cada setor da instituição e para apontar os caminhos e descaminhos. Ele é resultado do trabalho dos diferentes setores envolvidos no processo avaliativo, Reitoria, diretor-geral, diretor acadêmico, coordenadores doscursos, professores e funcionários técnico-administrativos, e é uma das ferramentas que os gestores utilizam para direcionar o planejamento e mostrar as ações prioritárias. Atualmente, podemos afirmar que os resultados dos processos de autoavaliação oferecem sugestões de melhorias, utilizada no processo decisório da direção, contribuindo para a qualidade e melhoria constante da IES. Afinal, qualquer processo decisório é considerado como ponto crítico na gestão das organizações. Graficamente, podemos sintetizar o fluxo do processo como demonstrado abaixo: Gráfico 2 – FLUXO DO PROCESSO DE AUTOAVALIAÇÃO Fonte: CPA IES D, 2019 42 A seguir, no gráfico 3, a título de exemplo, apresentamos um comparativo entre um dos processos (etapa de sensibilização) através da comunicação tradicional versus inserção de dados obtidos com a participação das TICs. Gráfico 3 – Comparativo da Sensibilização no Processo de Autoavaliação Fonte: CPA IES D, 2019 O uso das tecnologias emergentes favorece: • Agilidade e organização do processo em todas as suas etapas: desde a sensibilização, coleta de dados, análise e socialização de resultados. • Confiabilidade e transparência. • Cruzamento de informações de múltiplas fontes em curto espaço de tempo, possibilitando a correção imediata dos problemas. No gráfico 4, o fluxo da autoavaliação institucional é demonstrado com o auxílio das TIC’s, observa-se que ainda resta muito a ser inserido por meio da tecnologia, permitindo-nos deduzir o que se ganharia com o seu completo envolvimento. 43 Gráfico 4 - FLUXO AUTOAVALIAÇÃO INSTITUCIONAL COM AUXÍLIO DE TECNOLOGIAS Fonte: CPA da IES D, 2018 Legenda: CPA Direção Setores Comunidade TIC's 44 3. CARACTERÍSTICAS DAS TECNOLOGIAS EMERGENTES - INOVAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO O conceito de tecnologia vai além dos aparelhos digitais que utilizamos para acessarmos a informação, facilitando nossa comunicação, mas “é toda e qualquer produção que envolve um conhecimento e/ou um aprimoramento técnico, com o objetivo de viabilizar ou otimizar um processo”. (MUST, 2018) Os recursos computacionais são de extrema importância, considerando a grande influência da informática em qualquer ramo de atividade e em diferentes pessoas, independentes da classe social e escolaridade. Entretanto o computador não é ele em si mesmo, a dimensão mais importante, mas a capacidade de interligação, de formação de rede. Com o surgimento da internet no final dos anos 60, as ideias de liberdade e imaterialidade passam a revolucionar a leitura e a comunicação em rede, possibilitando arquivar, copiar, desmembrar, recompor, deslocar e construir textos, exibi-los e ter acesso a todo tipo de informação, de qualquer variedade, a todo instante. Hoje é comum que muitas informações e registros sejam efetuados em tempo real. Como as transformações pelas quais o mundo do trabalho vem passando são muitas, e a revolução digital está no meio dessas mudanças, aprender a lidar com a transformação digital e com este mundo de informação envolve uma adaptação do pensamento. Com a tecnologia digital, é possível descentralizar a informação, aumentar a segurança dos dados fundamentais e criar muitas outras tecnologias. Temos a tecnologia mediando praticamente tudo nas nossas vidas diárias. Somos pequenos universos centrados em nossos smartphones, na maior parte do tempo. O uso de celulares, através de aplicativos e outros recursos, já são usados na maior parte das IES. A maioria dos sistemas acadêmicos das IES divulgam: frequência, notas, materiais de aulas utilizados através das tecnologias digitais, tudo para facilitar e promover a interação com os alunos. A transformação digital e as tecnologias emergentes andam de mãos dadas e as tecnologias emergentes estão sempre em evolução. Para se compreender a importância da 45 influência das Tecnologias Emergentes, não só na educação, mas na sociedade como um todo, é fundamental que se compreenda seu conceito. Tecnologias emergentes são novas técnicas ainda não consolidadas, mas com capacidade de criar ou transformar aspectos relacionados a nossa vida, pelo seu rápido crescimento. São avanços contemporâneos e inovações. Embora ainda não haja um consenso sobre a definição de tais tecnologias, considerando a diversidade de aplicações nos negócios em geral. O uso das tecnologias emergentes e os serviços a elas associadas no meio acadêmico podem ser um fator diferenciador criativo e inovador. O próprio desenvolvimento dessas tecnologias permitem que num futuro próximo o processo de ensino-aprendizagem seja desenvolvido com maior precisão. Insisto que pode-se perceber seu conceito de uma maneira mais nítida no meio acadêmico, principalmente no EAD. Qualquer dispositivo dispositivo portátitil como laptop, tablet ou telefone celular que forneça acesso ao conteúdo educacional através de uma conexão com fio ou sem fio (Internet, 2G, 3G, 4G ou wifi fornece uma aprendizagem à distância utilizando-se de dispositivos móveis, ou seja por meio de tecnologias emergentes. Entre as tecnologias emergentes na educação e seus avanços podemos citar a flipped classroom, também conhecida como sala de aula invertida, que une a proposta do EAD (educação a distância) e o ensino tradicional em sala de aula, a utilização de impressoras 3D e por fim, o gamification uma grande tendência no aprendizado”. Se o uso da tecnologia, conquanto não represente o ideal, como mostrado no gráfico anterior, já nos permite visualizar sua efetiva importância por meio das TICs, não havendo como questionar o tamanho de sua contribuição vier a ser utilizada com todo o seu potencial, notadamente no processo avaliativo com o auxílio das tecnologias emergentes. Além das linguagens já citadas é importante mencionar, de igual forma, a BIG DATA e a ANALYT. São “plataformas que reúne, organiza e estrutura grandes volumes de dados para construir e retornar informações qualificadas e de apoio à tomada de decisão”, cujas soluções, devem ser aplicadas no setor educacional. 3.1 IMPACTOS NA EDUCAÇÃO EM GERAL As tecnologias são recursos importantes, sendo um diferencial para as IES que visam aprimorar, avaliar e garantir uma qualidade na gestão e sua autonomia. Essas tecnologias http://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2014/03/21/1090080/infografico-sala-aula-invertida-e-tendencia-cada-vez-mais-proxima.html http://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2014/03/20/1089598/infografico-entenda-forma-as-impressoras-3d-estimulam-aprendizado.html http://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2013/05/29/1026728/4-coisas-todo-professor-deve-saber-conceito-gamification.html 46 revolucionaram a indústria, a economia, a sociedade. Formas de armazenamento e divulgação de informação foram alteradas, gerando debates relacionados à humanidade, com seu passado, seu presente e seu futuro. Em 2015, o INEP lançou uma coleção organizada em cinco volumes, onde apresenta analiticamente os resultados do 2º. Ciclo Avaliativo do SINAES, a partir dos dados do ENADE 2005 a 2008. Através dos resultados apresentados indica a utilização das ferramentas de tecnologia de informação como elemento facilitados de implementação da autoavaliação institucional nas Instituições de Ensino Superior. Atualmente, o ambiente digital está abrangendo cada vez mais todos os setores do ensino. Por conta desse cenário e de todas as suas vantagens e seus benefícios, foi publicado o Decreto n o 9.235, que entrou em vigor em 15.12.2017, impactando na forma como as IES geram seus processos e documentos. O Decreto determina que “os documentos que compõem o acervo acadêmico das IES na data de publicação deste Decreto serão convertidos para o meio digital, mediante a utilização de métodos que garantam a integridade e a autenticidade de todas
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